david barbalho pereira - programa de mestrado profissional ... · diretor de administraÇÃo e...
TRANSCRIPT
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David Barbalho Pereira James Batista Vieira
(Organizadores)
ANAIS DO IV ENCONTRO BRASILEIRO DE ADMINISTRAO PBLICA Volume 1
Joo Pessoa / PB SBAP 2017
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[FICHA CATALOGRFICA]
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PRESIDENTE Fernando Souza Coelho VICE-PRESIDENTE Thiago Dias DIRETOR DE ADMINISTRAO E FINANAS Hironobu Sano DIRETORA DE RELAES INSTITUCIONAIS Eliane Salete Filippim DIRETOR DE RELAES INTERNACIONAIS Leonardo Secchi DIRETOR DE PUBLICAO E COMUNICAO Marco Aurlio Ferreira DIRETOR DE EVENTOS James Vieira COORDENADORA DO FRUM DE PS-GRADUAO Suylan de Almeida Midlej CONSELHEIROS FISCAIS Caio Csar de Medeiros Costa Lindomar Pinto da Silva Sandro Trescano Bergue
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COMIT ORGANIZADOR
Emmanuelle Arnaud (IFPB) Jacqueline Echeverria Barrancos (UEPB) James Batista Vieira (UFPB) Lus Antnio Colho da Silva (UFCG) Ricardo Soares (UNIP)
COMIT CIENTFICO
Antnio Srgio Fernandes (UFBA) Caio Csar de Medeiros Costa (UCB) Eliane Salete Filippim (UNOESC) Fernando de Souza Coelho (USP) Hironobu Sano (UFRN) James Vieira (UFPB) Leonardo Secchi (UDESC) Lindomar Silva (UNIFACS) Marco Aurlio Marques Ferreira (UFV) Sandro Trescastro Bergue (UCS) Suylan de Almeida Midlej (UnB) Thiago Dias (UFRN)
EQUIPE DE APOIO
CAGESP - Centro Acadmico dos Estudantes de Gesto Pblica da UFPB LIDERI - Empresa Jnior de Relaes Internacionais
ORGANIZAO DOS ANAIS ELETRNICOS
David Barbalho Pereira James Batista Vieira
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APRESENTAO
Os Encontros Brasileiros de Administrao Pblica, realizados pela
Sociedade Brasileira de Administrao Pblica (SBAP), so reconhecidos como
um importante momento de interao e coordenao entre acadmicos e
profissionais dedicados pesquisa, o ensino e a gesto da Administrao
Pblica brasileira.
O IV Encontro Brasileiro de Administrao Pblica, orientado pelo tema
A Construo da Administrao Pblica do Sculo XXI, reconhece a
necessidade de transformao da gesto no setor pblico brasileiro. O modelo
tradicional que predominou ao longo do sculo XX vem sendo substitudo,
desde a redemocratizao, por formas mais transparentes, participativas e
orientadas ao cidado. Esta no uma simples reforma ou mudana de estilo,
mas uma transformao radical no papel do Estado em sua relao com a
sociedade. A Administrao Pblica vem sendo provocada a realizar mudanas
em prol da eficincia e da desburocratizao, buscando, dentre outros
aspectos, humanizar e melhorar o acesso da sociedade aos servios pblicos.
Este momento exige o desenvolvimento de novos modelos de gesto,
profissionalizados, baseados na eficincia tcnica e na adoo de um
planejamento estratgico que possa expandir a capacidade institucional do
Estado - possibilitar as condies financeiras, tcnicas e gerenciais para
formular e implementar com excelncia as polticas pblicas do Estado, sejam
elas executadas diretamente pelas organizaes pblicas ou indiretamente,
pelas organizaes da sociedade civil ou empresarial, por meio de parcerias ou
de novos instrumentos de regulao.
O momento exige inovao, reflexo e troca de experincias para
desenvolver e implementar esse novo paradigma de gesto. Nesse sentido, o
IV Encontro Brasileiro de Administrao Pblica representa uma iniciativa
oportuna e qualificada de interao acadmica e profissional em favor desta
nova e necessria Administrao Pblica.
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SUMRIO
Transparncia, Governo Aberto e Participao
| 16
Accountability e participao popular na Era da Informao e do Conhecimento Abeilard Bello Pereira Neto Tiago Moreira Borges
| 17
Desafios da participao e controle social no municpio de Santana do Livramento RS Gustavo Segabinazzi Saldanha Rogrio Machado Bianca Bigolin Liszbinski
| 32
Elementos que caracterizam a participao popular no contexto das iniciativas de Governo Aberto: reviso sistemtica da literatura Cristiane Sinimbu Sanchez Patrcia Zeni Marchiori
| 50
Governo Aberto: um estudo de caso sobre o Instituto Federal da Paraba Jssyka Pereira de Lima Silvan Freire da Cunha
| 73
Lei de Responsabilidade Fiscal: um estudo nos municpios da mesorregio do Alto Paranaba/Tringulo Mineiro MG Gabriella Silva Melo Gustavo Henrique Dias Souza Rosiane Maria Lima Gonalves
| 89
O Governo Aberto e o seu princpio: a transparncia Diogo Henrique Helal Sabrina de Melo Cabral Srvulu Mrio de Paiva Lacerda
| 107
Panorama do nvel de accountability das unidades gestoras de RPPS de Minas Gerais Bruno Tavares Joo Paulo de Oliveira Louzano Thiago de Melo Teixeira da Costa
| 122
Participao Popular na gesto pblica de Mossor RN Adna Raquel de Morais Barreto Ester Medley Bezerra Teixeira
| 139
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Poltica de Informao expressa nas decises colegiadas da UFRN: um estudo de caso Gilvan Bernardo da Costa
| 153
Transparncia Ativa nos Institutos Federais de Educao, Cincia e Tecnologia Antnio Alves Filho Luzivan Jos da Silva
| 169
Transparncia nos Portais dos Municpios Mais Populosos do Estado do Pernambuco Edjane Esmerina Dias da Silva Jos Honorato da Silva Neto Jos Ribamar Marques de Carvalho
| 186
Governana e Cooperao no Setor Pblico
| 202
Anlise do Projeto Mais Mdicos Para o Brasil luz de estudos em federalismo brasileiro David Barbalho Pereira
| 203
Barreiras do desempenho em cooperativas da agricultura familiar e suas implicaes para o acesso s polticas pblicas Ana Paula Teixeira de Campos Luana Ferreira dos Santos Marco Aurlio Marques Ferreira
| 219
Blame Avoidance & Credit Claiming: desafios para a Governana e a Cooperao no Setor Pblico Ana Tereza Ribeiro Fernandes
| 236
Estado e Terceiro Setor: a Educao Complementar como um caso de coproduo de um bem pblico Karla Bezerra de Souza Sobral Rezilda Rodrigues Oliveira
| 250
Gerenciamento colaborativo de pequenas cidades: propostas de reformas administrativas para a cidade de Portalegre - RN Fernando Porfrio Soares de Oliveira Moiss Mark Porcinio da Silva
| 265
Gesto municipal consorciada: a experincia do Consrcio de Informtica na Gesto Pblica Municipal - CIGA Andr Luiz Caneparo Machado Gilsoni Lunardi Albino Slvia Maria Bert Volpato
| 279
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Governana e participao: o Ambiente Interagncias nas Operaes Militares no Complexo da Mar Fbio da Silva Pereira
| 294
Governana pblica e a EBSERH: a anlise de uma empresa pblica criada para resgatar a efetividade dos Hospitais Universitrios Fbio Moita Louredo Fernanda de Souza Gusmo Louredo
| 311
Marco terico sobre a agricultura familiar na Amrica Latina: estudo comparativo sobre a produo cientfica e os Relatrios da FAO Cludia Souza Passador Lucas Baracat Pedroso Marco Antonio Catussi Paschoalotto
| 327
Oportunidades de desenvolvimento em Instituies Pblicas de Ensino Superior: a capacidade de cooperar dos Mestrados Profissionais Danilo Monteiro Gomes
| 342
Polticas pblicas culturais no Brasil: um estudo de caso do Consrcio Intermunicipal Culturando Clara Augusto Musa Cludia Souza Passador Marco Antonio Catussi Paschoalotto
| 357
Anlise de Polticas Pblicas
| 373
Minha Casa, Minha Vida oferta pblica e o dficit habitacional: avaliao de sua eficcia em Minas Gerais Fillipe Maciel Euclydes Suely de Ftima Ramos Silveira Vinicius de Souza Moreira
| 374
A experincia paraibana do Programa de Aquisio de Alimentos (PAA): uma avaliao pela perspectiva dos agricultores beneficirios Atos Dias Jenifer Santana Julia Rensi
| 392
A Implementao da Educao Alimentar e Nutricional no Contexto do PNAE em Belo Horizonte MG Samuel Rodrigo da Silva Nina Rosa da Silveira Cunha Suely de Ftima Ramos Silveira
| 408
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A Importncia das Polticas Pblicas de Incentivo aos Arranjos Produtivos Locais: um estudo exploratrio do Programa de Fomento aos Arranjos Produtivos Locais do Estado de So Paulo Marco Antonio Catussi Paschoalotto Joo Henrique Paulino Pires Eustachio Joo Luiz Passador
| 424
As mudanas decorrentes do recebimento da Previdncia Rural pelos Beneficirios: o caso da Comunidade do Vale do Catimbau Buque/PE Jucimar Cassimiro de Andrade Letcia Alves de Melo Romilson Marques Cabral
| 440
Avaliao da Avaliao de Programas Governamentais: Uma Proposta de Meta-avaliao dos Resultados da Pesquisa Avaliativa da Ouvidoria-Geral do SUS Larissa Cristina Frana Santos Suylan Almeida Midlej e Silva
| 456
Avaliao do Impacto Financeiro para os Beneficirios do Programa Minha Casa Minha Vida em um Municpio na Regio Sul do Brasil Eliane M. S de Souza Simone Portella Teixeira de Mello
| 477
Avaliao do Programa Bolsa Famlia no municpio de Campina Grande/PB: a efetividade da ao estatal no atendimento s demandas Sociais Guda Anazile da Costa Gonalves Jlio Vitor Menezes dos Santos Lizandra Kelly de Arajo Santana
| 491
Determinantes socioeconmicos da longevidade: um estudo em municpios de Minas Gerais Antnio Carlos Brunozi Junior Evilzio Viana dos Santos Fernanda Cristina Da Silva
| 514
Educao para Sustentabilidade e Gesto Pblica em uma Escola Municipal da Cidade de Joo Pessoa - PB Arthur William Pereira da Silva Helaine Cristine Carneiro dos Santos Las Anulino da Silva Arajo
| 531
Efeitos das Recriaes da SUDAM e da SUDENE sob o Desenvolvimento Socioeconmico Municipal Fernanda Maria de Almeida Tarrara Alves Horsth Wesley de Almeida Mendes
| 548
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Indicadores Sociais de Gesto Pblica: Uma Anlise nos Maiores Municpios da Paraba Jos Eduardo Lacerda Coura Jos Ribamar Marques de Carvalho
| 565
Liderana e Sustentabilidade na esfera pblica Eduardo Antonio Moslinger Eliane Salete Filippim
| 579
Minha Casa, Minha Vida em nmeros: quais concluses podemos extrair? Fillipe Maciel Euclydes Suely de Ftima Ramos Silveira Vinicius de Souza Moreira
| 594
O Discurso do Sujeito Coletivo como mtodo de investigao e aprendizagem em avaliao do impacto das tecnologias digitais nas polticas pblicas educacionais Denise Ribeiro de Almeida Fabrcio Nascimento da Cruz
| 614
O Impacto do PROUNI e do FIES no desempenho acadmico Cristiana Tristo Rodrigues Franciele Michele dos Santos Sabrina Olimpio Caldas de Castro
| 632
O processo de monitoramento de polticas pblicas de sade: o caso do Ncleo Estratgia Sade da Famlia / RN David Barbalho Pereira
| 649
Poltica Pblica de Combate Dengue e os Condicionantes Socioeconmicos Daiane Medeiros Roque Fernanda Maria de Almeida Vincius de Souza Moreira
| 665
Precariedade do Transporte Pblico e o Reflexo Socioeconmico na Dinmica Municipal de Acopiara, Cear Estvo Arrais Ives Tavares Raniere Moreira
| 681
Programas pblicos de Microcrdito Produtivo Orientado: as prticas discursivas subjacentes ao seu marco regulatrio Fernando Gomes de Paiva Jnior Rosivaldo de Lima Lucena Sabrina de Melo Cabral
| 695
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Qualidade do Ensino Superior em Universidades Federais e Sistema de Cotas Fernanda Maria de Almeida, Franciele Michele dos Santos Sabrina Olimpio Caldas de Castro
| 712
Um Olhar sobre a Poltica Educacional Brasileira a partir dos Municpios Paraibanos de Bananeiras e Dona Ins Josu Pereira dos Santos
| 728
Vestibular X SISU: uma anlise das mudanas nos cursos de Administrao e Cincias Contbeis da UFV/CRP Rosiane Maria Lima Gonalves Sabrina Cssia Sousa Gustavo Henrique Dias Souza
| 742
Gerenciamento de Organizao Pblicas
| 758
A gesto da tica inserida na Poltica de Gesto de Pessoas: uma proposta para minimizao dos conflitos ticos em universidades federais Clsia Maria de Oliveira Irineu Manoel de Souza Salezio Schmitz Junior
| 759
A Percepo dos servidores acerca do contexto de trabalho no mbito do Instituto Federal de Educao Cincia e Tecnologia da Paraba Anna Cecilia Chaves Gomes Bruna Lyra Alves Rayanne Santana da Silva
| 775
Anlise da rede de custeio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Claudio Zancan Dartagnan Ferreira de Macdo Joo Antnio da Rocha Ataide
| 786
Anlise dos principais fatores de reteno dos servidores tcnicos-administrativos do Instituto Federal de So Paulo Cristina Loureno Ubeda Joo Augusto de Campos Avaristo
| 801
Anlise quantlica dos fatores de influncia na arrecadao do Regime Geral de Previdncia Social em Minas Gerais Aline Gomes Peixoto Gouveia Tarrara Alves da Silva Walmer Faroni
| 818
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Avaliao da gesto da Estratgia Sade da Famlia: uma anlise na perspectiva de gestores pblicos Antonio Carlos Silva Costa Dartagnan Ferreira de Macdo Joo Antnio da Rocha Ataide
| 835
Burocracia na construo da Administrao Pblica do Sculo XXI: uma reflexo terica Wagner Marques Cordeiro
| 851
Causalidade e ordenamento entre arrecadao e despesas nos estados brasileiros Joo Paulo de Oliveira Louzano Luiz Antnio Abrantes Walmer Faroni
| 868
Comprometimento organizacional dos servidores do Instituto Federal de Educao Cincia e Tecnologia da Paraba Anna Cecilia Chaves Gomes Bruna Lyra Alves de Almeida Joclia da Hora Oliveira Barbosa
| 885
Condicionantes do Desenvolvimento Humano nos municpios mineiros Luiz Antnio Abrantes Marco Aurlio Marques Ferreira Wesley de Almeida Mendes
| 899
Contribuies da Teoria Institucional para Anlise de Disseminao de Inovao na Gesto Pblica Alex Bruno F. M. do Nascimento Hironobu Sano Yuri de Lima Padilha
| 917
Custos no Setor Pblico: reflexes sobre a incidncia na literatura nacional veiculada em peridicos acadmicos Mariana Carazza Alves Caroline Miria Fontes Martins Pablo Luiz Martins
| 934
Demonstrao do resultado econmico: um estudo sobre a eficincia dos gastos pblicos em uma universidade pblica federal Aline Kelly de Menezes Antnio Erivando Xavier Jnior Ranieire Paula Ribeiro
| 952
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Diagnstico sobre a Influncia dos Diferentes Modelos de Seleo sobre a Diferenciao de Candidatos em Concursos Pblicos Isabel de S A. da Costa Roberto Pimenta Vivian Raunheitti
| 965
Estrutura de funcionamento dos Conselhos de Administrao dos RPPS municipais de Minas Gerais como rgos mitigadores de conflitos de agncia Aline Gomes Peixoto Gouveia Bruno Tavares Thiago de Melo Teixeira da Costa
| 983
Gesto de processos na anlise da execuo oramentria da Universidade Federal de Pernambuco Alexandre A. Ferreira David M. Santana Nadi H. Presser
| 1000
Gesto e mapeamento de processos nas instituies pblicas: um estudo de caso em uma Universidade Federal Elzeni Alves Moreira Maria Teresa Pires Costa
| 1018
Heterogeneidade e Transferncias Intergovernamentais: Estudo da Zona da Mata MG Jssica Natlia da Silva Marco Aurlio Marques Ferreira
| 1033
Identificao das Receitas e Custos na Prestao de Servio em uma Unidade de Pronto Atendimento de Sade UPA Lus Humberto S. Simes Paulo Csar Pereira da Silva
| 1051
Indicadores de desempenho aplicados ao acompanhamento da produtividade nos Laboratrios de Balstica Forense do Instituto de Polcia Cientifica da Paraba Ana Lcia Carvalho de Souza, Arturo Rodrigues Felinto Gabriella Henriques da Nbrega
| 1067
O desenvolvimento das compras pblicas sustentveis na Administrao Pblica brasileira Allan Barreto Joo Victor M. Fialho
| 1084
Perfil de liderana dos gestores e modelo estratgico em uma IFES Denise Ribeiro de Almeida Leonardo Ribeiro de Almeida
| 1103
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Por um Sistema nico de Administrao Pblica no Brasil Vitor Cndido Leles de Paulo
| 1121
Prticas de gerenciamento de projetos como indutores da governana de TI no Setor Pblico brasileiro Ariadna Mikaelly de Lima Silva Bruno Campelo Medeiros
| 1136
Prestaes de Contas dos rgos Pblicos de Previdncia Municipal do Estado de Pernambuco Um Estudo sobre as Irregularidades Encontradas pelo TCE-PE no Perodo de 2008 a 2009 Letcia Alves de Melo Magna Regina dos Santos Lima Romilson Marques Cabral
| 1154
Qualidade na Segurana Pblica municipal na percepo dos guardas municipais: um estudo de caso na Guarda Municipal de Caruaru/PE Alessandra Carla Ceolin Cristiane Ana da Silva Lima
| 1170
Rotatividade de Pessoal no Servio Pblico Federal Brasileiro: Breve Reviso da Literatura Carlos Alano Soares de Almeida Elainy Danielle Guedes Pereira
| 1187
Casos de Ensino em Administrao Pblica
| 1202
Anlise de Redes Sociais na Produo Cientfica de Programas de Ps-Graduao em Administrao Pblica no Brasil Donizetti Calheiros Marques Barbosa Neto Joo Antnio da Rocha Atade Claudio Zancan
| 1203
Formao do Gestor Pblico e Desenvolvimento Municipal: Uma Anlise Exploratria nos Municpios Baianos Daisy Lima de Souza Lindomar Pinto da Silva Miguel Rivera Castro
| 1219
Reestruturao Organizacional: o que fazer com as pessoas? Carla Oliveira de Souza
| 1236
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Grupo Temtico 1
Transparncia, Governo Aberto e Participao
Aborda as instituies
participativas formais e informais de
governana democrtica e os
mecanismos de controle social,
dentre outros.
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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ACCOUNTABILITY E PARTICIPAO POPULAR NA ERA DA
INFORMAO E DO CONHECIMENTO
Abeilard Bello Pereira Neto1 Tiago Moreira Borges1
RESUMO O presente artigo trata da relao entre accountability e participao popular na gesto governamental, sob o prisma do modelo da nova governana pblica e no contexto da sociedade da informao e do conhecimento. Procura evidenciar que uma preocupao constante da governao tem sido a funo de controle das suas aes e que tal noo est intrinsecamente relacionada s ideias de responsabilidade e prestao de contas pelos atos praticados. Nesse diapaso, sugere-se que o potencial da nova governana pblica de conseguir seu objetivo est umbilicalmente ligado ao desenvolvimento e uso das tecnologias da informao e comunicao para a abertura dos governos e a disponibilizao de seus dados aos indivduos que, de posse deles, podero participar ativamente da esfera pblica. Palavras-chave: accountability. Governo aberto. Nova governana pblica. Participao popular. Transparncia.
1 Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Tringulo Mineiro (IFTM).
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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1 INTRODUO
A Administrao Pblica tem passado por importantes reformas estruturais
desde a ascenso dos Estados modernos. Nos vrios contextos em que est
inserida, a tnica no parece ser outra seno a evoluo da forma de governar
motivada pelo prprio desenvolvimento das sociedades nos respetivos espaos
nacionais e, na dinmica atual, tambm nos espaos internacionais.
Neste artigo, os esforos se concentraram nas caractersticas do novo modelo
estrutural da governao, o New Public Governance ou Nova Governana Pblica.
Esta forma de pensar a Administrao Pblica prescreve a interao colaborativa
entre governos, cidados e suas redes sociais na prossecuo dos interesses
comuns e na criao das polticas pblicas.
De incio, apresenta-se um histrico evolutivo da Administrao Pblica por
meio dos modelos predominantes de organizao estrutural, cada qual relacionado a
um determinado contexto sociopoltico e cultural.
Em seguida, so revisitadas as noes de responsabilidade e accountability e
a importncia desses valores na efetivao da prestao de servios pblicos.
Por derradeiro, o artigo debrua-se sobre a teoria do governo aberto (open
government) e da participao popular na era da informao e do conhecimento
para ento, em sede de concluso, indicar que a conjugao de um novo ambiente
de participao democrtica com as tecnologias da internet e das mdias sociais
podem ser fator de efetivao da cidadania e do zelo pela coisa pblica.
2 A EVOLUO DA ADMINISTRAO PBLICA
2.1 O modelo burocrtico
O modelo burocrtico, tambm referido como administrao pblica clssica
ou teoria burocrtica, um paradigma organizacional que serviu como balizador da
administrao pblica nos Estados modernos a partir do sculo XX. Segundo Hood
(1995), na tradio inglesa o modelo burocrtico recebe ainda o nome de
progressive public administration, uma vez que influenciou as reformas da chamada
era progressista nos Estados Unidos da Amrica, com contribuio de tericos
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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como W. Wilson, que defendia a separao entre as esferas de planeamento e
execuo das polticas pblicas, e F. Taylor, cujas proposies nortearam a diviso
do trabalho dentro das organizaes.
Os princpios bsicos da teoria burocrtica so a formalidade, o
profissionalismo e a impessoalidade (SECCHI, 2009). Para Mozzicafreddo (2002), o
modelo assenta-se na integrao das atividades, em que so imperativos o controle
hierrquico, a continuidade, a estabilidade e a carreira, os regulamentos internos e a
conformidade com as normas. Nele ocorre, portanto, uma distribuio horizontal e
vertical das funes do Estado e o desenho hierrquico toma a forma piramidal. No
topo, os altos dirigentes e na base, os funcionrios. A estrutura sustentada pela
coordenao e pelo controle das atividades dos variados nveis organizacionais.
Araujo (2013) refere que as principais vantagens do modelo burocrtico so a
reduo dos custos operacionais, a facilidade de superviso das tarefas pelos
dirigentes, a uniformidade na oferta de bens e servios, a reduo do nmero de
funcionrios que se reportavam aos polticos (papel reservado aos dirigentes) e o
estmulo coordenao de atividades interligadas. Para o autor, a eficincia
organizacional refletir-se-ia na prestao adequada de servios pblicos ao permitir
um nvel maior de controle sobre a sua produo, tornando-se uma preocupao
central do modelo.
2.2 O New Public Management (ou nova gesto pblica)
As crticas ao modelo burocrtico e a busca de alternativas levaram ao
desenvolvimento de um novo paradigma: o New Public Management (NPM), ou
Nova Gesto Pblica ou New Public Government, cujas orientaes so a busca da
economia nos gastos com a mquina administrativa, eficincia e eficcia das
organizaes, instrumentos e programas pblicos, alm de maior qualidade dos
servios entregues aos cidados. A ideia por trs da nova teoria, que influenciou
tanto pases desenvolvidos quanto pobres, era a de que os governos funcionariam
melhor se fossem gerenciados como as organizaes do setor privado, guiadas pelo
mercado e no pela hierarquia (PETERS, 1997).
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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Hood (1995) relata que h variadas doutrinas encapsuladas na formao do
NPM, adstritas a um conjunto de mudanas propostas que permitem sua
identificao como um modelo. So elas:
1. Mudana no sentido de maior competio entre as organizaes pblicas,
e entre estas e as organizaes privadas;
2. Modernizao dos mtodos especficos de gesto do modelo burocrtico
em favor de prticas gestionrios semelhantes quelas adotadas pelo setor
privado;
3. Tnica na disciplina e parcimnia na utilizao dos recursos, bem como na
busca de alternativas para a diminuio do custo de oferta dos servios, o
que contrasta com a nfase burocrtica na continuidade institucional;
4. Maior controle das organizaes pelos dirigentes das unidades
organizacionais, dotados de maior poder discricionrio;
5. Adoo de padres de desempenho mais explcitos e mensurveis no que
concerne ao nvel, abrangncia e ao contedo dos servios fornecidos;
6. Mudana de nfase da formulao de polticas para as habilidades de
gesto, caracterizada pela desagregao das organizaes pblicas em
unidades menores especializadas cada qual em um determinado servio,
com centro de custos separados, identidade prpria e maior delegao das
decises, o que contrasta com a organizao burocrtica em que os
servios so agrupados nos Ministrios;
Peters (2001), ao discorrer sobre o significado nas reformas, explicita os
principais contributos do NPM para a organizao do setor pblico: mudanas
estruturais, com a adoo de organismos descentralizados e dotados de maior
autonomia administrativa que flexibilizaram a rigidez hierrquica do modelo
burocrtico; capacitao dos funcionrios, com a atribuio de mais poder aos
agentes dos vrios nveis organizacionais de forma que fossem tambm ouvidas as
suas ideias; modificao do processo de tomada de decises, devido participao
dos funcionrios e tambm dos clientes com suas ideias e aspiraes;
desregulamentao da Administrao Pblica, com regras mais flexveis de
contratao e recompensa dos trabalhadores e a sua equiparao ao mercado, que
introduziu a lgica de produo de melhores servios com menores custos.
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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2.3 O New Public Governance
Como visto no item anterior, a prtica altamente empresarial (ou gestionria)
do NPM evidenciou problemas de ordem prtica ensejadores de uma busca por
nova reformulao da Administrao Pblica. O distanciamento entre os polticos e
os gestores, os resultados sobre o desempenho aqum do esperado, a necessidade
de mais prestao de contas dos atos praticados e de mais transparncia de gesto
so fatores preponderantes para o redesenho dos governos neste sculo. Para
Araujo (2013), enquanto a fragmentao das unidades ministeriais e a quebra da
rigidez hierrquica da Administrao Pblica foram a tnica do NPM, a coordenao
seria um processo natural do New Public Governance que se reflete, notadamente,
na forma do trabalho em equipas, na prestao de contas pelos funcionrios
(accountability) e na forma de fornecimento dos servios pblicos.
Kooiman (1994) apresenta os fatores que impulsionaram o advento da New
Public Gornernance: o primeiro seria os novos desafios colocados pela prpria
dinmica de evoluo das sociedades, cada vez mais complexas e diversas. O
segundo seria o propugnado esvaziamento do Estado (hollowing out of the state),
que prescreveu a reduo dos organismos nacionais em favor de organismos
internacionais e das organizaes no-governamentais ou ainda das agncias
autnomas. O efeito colateral de tal diminuio do papel do Estado foi a
fragmentao excessiva, as dificuldades de direo e de accountability das aes
dos governos (RHODES, 1996) que refletiram na formulao das polticas pblicas e
acabaram por se tornarem imperativos na busca de maior coordenao
interorganizacional.
O terceiro fator seria a prpria estrutura da Administrao Pblica, que se
mostra incapaz de solucionar de corresponder s necessidades dos cidados,
tornando-se inexorvel a participao destes como parceiros na busca conjunta de
alternativas.
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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3 ACCOUNTABILITY E RESPONSABILIDADE NO SETOR PBLICO
A responsabilidade o estado em que algum (o responsvel) se encontra,
pelo qual, por fora de um compromisso, de um contrato, de uma relao social, de
uma nomeao, fica sujeito a responder, a prestar contas pelos seus atos, com
todas as consequncias obrigao, mrito, sano (TAVARES, 2003:18).
Para Mozzicafreddo (2002), a ideia de responsabilidade assenta-se num
sistema de normas que a define como instrumento de prossecuo e proteo dos
direitos de cidadania. A responsabilidade no Estado de Direito apresenta-se, logo,
como elemento distintivo da administrao e da governao e implica a utilizao de
procedimentos e de mtodos de atuao, numa perspectiva da construo de uma
sociedade baseada na confiana e na associao de cidados e governo na
construo da democracia.
Segundo Tavares (2003), se hoje o princpio da responsabilidade basilar
para o Estado de Direito, sua evoluo se deu no bojo da prpria evoluo
sociocultural do Estado, de suas relaes de poder, dos direitos de cidadania e dos
modelos de governao de que tratamos no primeiro captulo.
A responsabilidade sobre os atos e as funes do sistema administrativo tem
vindo a ser equacionada em torno do conceito de accountability, interpretado como a
obrigao de responder pelos resultados, no sentido do controle oramental e
organizacional sobre os atos administrativos, do respeito pela legalidade dos
procedimentos e da responsabilizao pelas consequncias da execuo das
polticas pblicas (ARAJO, 2002).
A ideia contida na palavra accountability traz implicitamente a
responsabilizao pelos atos praticados e explicitamente a necessidade da
prestao de contas pela gesto de bens, valores e dinheiros pblicos (PINHO e
SACRAMENTO, 2009).
As teorias mais recentes sobre o desenvolvimento da Administrao Pblica,
notadamente a teoria da Nova Governana Pblica, apontam para a necessidade de
se fomentar a participao da sociedade na construo das polticas pblicas, um
processo que resulta de vrios fatores, mas principalmente da descrena dos
cidados em relao aos governos. Tal fator primordial tem demandado maior nvel
de prestao de contas por parte dos agentes pblicos (KING et al., 1998).
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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A consolidao da democracia em grande parte dos pases desenvolvidos e
tambm naqueles em desenvolvimento requer uma prestao de contas apropriada
dos agentes no que diz respeito utilizao de recursos pblicos. Os cidados se
preocupam cada dia mais com problemas como a corrupo e a ineficincia do
Estado na prestao de servios.
A democracia na sua forma representativa, contudo, parece j no mais
satisfazer os cidados que procuram meios de contornar a ineficincia dos polticos
em resolver os problemas sociais que se lhe impem. A parte positiva dessa
demanda tem sido o reforo do controle nas organizaes do setor pblico, de forma
ao desenvolvimento de um ambiente de accountability que intenta conferir mais
credibilidade aos programas e aes dos governos.
nesse contexto que Nino (2010) defende a existncia dos rgos de
fiscalizao externa independentes ou autnomos que possam, seno garantir, ao
menos suscitar o aprimoramento constante das prestaes de contas e do uso
eficiente dos recursos pblicos. Sugere ainda que tais instituies devam abordar
novos papis de interao com a sociedade, uma vez que so consideradas
eminentemente tcnicas. As entidades fiscalizadoras superiores, como os Tribunais
de Contas no Brasil ou os Auditores-Gerais nos modelos anglo-saxnicos, tm papel
fundamental na prossecuo de mais accountability por parte dos governos. O autor
considera de suma importncia o teor da declarao da INTOSAI Organizao
Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores publicado em 2007, que
indica a necessidade de se considerar o estabelecimento de relaes mais estreitas
dos organismos de fiscalizao com as organizaes sociais que participam
ativamente das atividades de desenvolvimento e uso de indicadores nacionais com o
intuito de se expandir a troca de informao e promover as vrias funes que os
Tribunais de Contas, por exemplo, devem desempenhar na tentativa de promover,
ainda que indiretamente, a transparncia, a accountability e a eficcia dos governos
por eles auditados.
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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4 OPEN GOVERNMENT E A PARTICIPAO POPULAR NA ERA DA
INFORMAO E DO CONEHECIMENTO
De acordo com documento da Organizao para a Cooperao e o
Desenvolvimento Econmico (OCDE), os cidados e a sociedade civil sero
instigados a assumirem maior responsabilidade e a estabelecer novas parcerias com
o setor pblico. Assim, a colaborao com os cidados e a sociedade civil ser o
alicerce das futuras reformas da Administrao Pblica (OCDE, 2011). Stios de
redes sociais, iniciativas de construo partilhada de solues, a reinterpretao dos
dados disponibilizados pelos governos abertos e a tecnologia dos media sociais tm
forado essa tendncia.
Nesse contexto de mudana de paradigma organizacional e de uma
sociedade cada vez mais vida por conhecimento e informao que se desenvolve
o conceito de governo aberto, ou open government em ingls. A expresso pode ser
interpretada como a mudana do modelo relacional entre os indivduos integrantes
de uma sociedade e seu governo. Muitos cidados no mais aceitam o papel
passivo que a democracia representativa lhes tem reservado. Eles demandam uma
abordagem mais ativa da cidadania por meio da colaborao com o governo na
definio de interesses comuns e de solues para suas necessidades e o fazem
cada vez mais por meio das tecnologias da informao e do conhecimento. Os
indivduos urgem por mais acesso ao conhecimento coletivo sobre eles armazenado
nos dados governamentais. No apenas no nvel local, estes cidados moldam a
agenda poltica. Assim, o open government deve ser visto no contexto dos direitos
de cidadania: o direito de participar ativamente do processo de formulao e
implementao de polticas pblicas (MAIER-RABLER et al, 2011).
A ideia do governo aberto no significa mera transparncia e accountability
das instituies pblicas. Ela est intimamente relacionada com a inovao das
formas de colaborao e governana. O direito dos cidados informao pblica
indispensvel nova ordem que se impe na governao e alguns tericos inclusive
reconhecem a necessidade de se incluir entre os direitos humanos o direito de
participar da sociedade da informao. Tal direito humano deveria garantir a
participao do indivduo nas decises pblicas e o acesso educao para que ele
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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pudesse ser capaz de utilizar a infraestrutura tecnolgica na interao com o
governo.
Em qualquer pas, o acesso aos dados dos governos fundamental para o
incremento da experincia cidad. Alm de ser uma questo de transparncia e
accountability, o acesso aberto pode favorecer tanto o Estado como a sociedade na
busca de mais eficincia na prossecuo de seus objetivos. Contudo, a atitude em
torno do acesso informao, na direo da transparncia das estruturas e
processos, do empoderamento do cidado e da liberdade de expresso tem razes
nas tradies e prticas de cada sociedade (MAIER-RABLER, 2011).
Os princpios do open government so a transparncia, a participao e a
colaborao entre governo e sociedade por meio das tecnologias da informao e
comunicao. A transparncia tem como essncia o fornecimento de informao aos
cidados. No governo aberto, o Estado compromete todos os seus organismos do
dever de fornecer todas as informaes relevantes e de maneira apropriada. Na
sociedade digital, tal tarefa facilitada pelas tecnologias da informao e da
comunicao (TIC), uma vez que grande parte dos dados armazenada
eletronicamente. Essa informao aberta a base da prpria teoria do governo
aberto. Ela permite aos cidados tomarem decises que ainda no foram
corrompidas pelas elites dominantes (PARYCEK, 2010).
Por sua vez, a participao objetiva incluir os cidados no processo de
formao do Estado, o que importa dizer que os indivduos de uma dada sociedade
so chamados a participarem do processo democrtico de forma ativa, e no mais
por meio exclusivo da escolha de representantes eleitos. Tal fenmeno de incluso
dos atores sociais na esfera deliberativa dos governos , de certa forma, novo e se
desenvolve no mbito da teoria da Nova Governana Pblica.
Quanto colaborao, cedio dizer que a Administrao Pblica pode se
tornar mais eficiente e se desenvolver mais proficuamente ao colaborar com os
cidados. O governo aberto d ao Estado a oportunidade de se valer do
envolvimento e do conhecimento dos cidados aos fornecer plataformas
colaborativas que promovam a interao entre os prprios cidados e entre estes e
a Administrao Pblica. Portanto, o objetivo maior desse princpio colocar todos
os atores, governo e indivduos, a trabalhar em conjunto por seus objetivos comuns.
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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Numa viso teleolgica, o fim prosseguido pelo governo aberto, notadamente
na sua verso eletrnica, a diminuio dos gastos com a mquina pblica ao
torn-la mais eficiente. Embora este mesmo fim tenha sido a tnica de modelos
anteriores de governao, como a nova gesto pblica, a primeira vez que se
intenta a eficincia por meio da contribuio tanto terica quanto prtica da
sociedade. tambm a primeira vez que essa nova forma de governao se
desenvolve num ambiente interligado e colaborativo, no qual a presena e a
influncia das mdias sociais assumem certa relevncia.
Bertot (2010) expe quatro dimenses do contexto de uso da tecnologia
dessas mdias sociais pelos governos que, embora no sejam exclusivas,
constituem-se tanto em oportunidade como em desafios na redefinio da interao
entre governo e sociedade. So elas:
Participao democrtica e engajamento do cidado. Os media sociais
podem envolver o pblico na tomada de deciso quanto s polticas a
serem criadas;
Coproduo dos servios, em que governos e cidados desenvolvem de
forma conjunta os servios pblicos;
Crowdsourcing, pelo qual o governo compartilha seus dados em busca de
inovao advinda do conhecimento e talento da populao;
Transparncia e accountability, pelos quais o governo procurar dar acesso
aos dados e cumprir seu mister de prestar contas de suas aes
sociedade.
A prtica cultural surgida com a comunicao em massa por meio da
televiso foi caracterizada pelo consumo passivo de informaes. Por outro lado, o
desenvolvimento e a popularizao da Internet tm incitado a mudana desse
padro comportamental, de forma que parte do tempo anteriormente gasto no
consumo de informaes prontas est agora redirecionado para a interao nos
media sociais (BENKLER, 2006 apud MAIER-RABLER et al, 2011).
Maier-Rabler et al. (2011) refere que essa produo cultural mais participativa
se comparada cultura de massa da era industrial corresponde mais
fidedignamente ao ideal de democracia. A autora identifica ainda um dfice
deliberativo nas democracias contemporneas que credita falta de espaos ou
ocasies para que os cidados se interajam de forma a influenciar as polticas
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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pblicas, o que poderia ser minimizado por meio da tecnologia dos media sociais,
por exemplo.
Essa a razo pela qual se assume que a tecnologia das mdias sociais tem
um grande potencial de transformar a governana pblica, fomentando a
transparncia e a capacidade de interao dos governos com os cidados. A
interatividade e a capacidade de penetrao dessa tecnologia no cotidiano dos
indivduos podem incitar a novas formas de participao democrtica, a presses
por novas estruturas institucionais e novos processos direcionados abertura de
dados e transparncia pblica.
Para Cardoso et al. (2006) os meios de comunicao tm exercido uma
relao muito prxima com o ambiente poltico, uma vez que no so apenas
instrumentos que auxiliam na tomada de decises, mas por constiturem-se num
sistema informacional que transformou a comunicao em uma caracterstica
dominante na existncia e vitalidade do Estado.
As relaes entre os meios de comunicao e os polticos so mais
complexas e capazes de oscilar temporariamente entre suporte mtuo e conflito
(CASTELLS, 2001 apud CARDOSO et al., 2006). Na era da informao, os atuais
sistemas polticos so limitados em sua lgica, organizao, processos e liderana
pelo funcionamento dos media eletrnicos que, nesse sentido, constituem uma das
maiores foras do processo democrtico.
Assim a Internet, sob os atuais mtodos de integrao poltico-institucional
dos meios de comunicao, no garante por si s o aumento da participao popular
na poltica. A participao popular na poltica face s instituies democrticas por
meio da rede mundial pode ser estimulada desde que se observem mudanas na
representao e na atitude dos polticos em relao ao seu pblico e vice-versa
(CARDOSO et al., 2006)
Inovaes tecnolgicas certamente aumentam a eficincia e a influncia das
TIC, sendo notadas medida em que alteram paradigmas sociais (PARYCEK,
2010). Nesse contexto, o acesso informao governamental parece ser a chave
para o empoderamento dos cidados. O fluxo da informao no mais controlado
por companhias ou autoridades. Os dados so facilmente alcanveis na Internet
por quaisquer indivduos e processados por seus pares. Alm disso, a rede mundial
possibilita a reduo dos custos de coleta, distribuio e acesso a informaes,
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servios e recursos pblicos. Isso propicia novas habilidades na interao entre
governos e sociedades. Por isso mesmo, os cidados esperam que os servios
estejam disponveis em ambientes virtuais e que a interao com os organismos da
Administrao Pblica possa se dar por meio digital. O que, em outras palavras,
significa que os cidados esperam que o governo esteja onde eles tambm
estiverem e em formato orientado diretamente a eles (BERTOT, 2010).
Essa inovao democrtica por meio das TIC depende, no entanto, de
mudana na relao da comunicao entre governantes e governados, entre a
Administrao Pblica e os cidados. A nova viso sobre a governao que se tem
desenvolvido no seio da nova governana pblica evidencia que as fronteiras entre
os governos e a sociedade esto cada vez mais permeveis.
Os organismos pblicos, por exemplo, devem se preocupar em disponibilizar
todas as informaes relevantes sobre sua atuao em meios eletrnicos e pela
Internet. Tal informao deve incluir as normas e as decises tomadas por eles, bem
como os arquivos de decises passadas de forma a estimular a demanda do pblico
por essas informaes o que, indiretamente, capacitaria esse mesmo pblico para a
colaborao ativa na formulao de polticas pblicas (PERRITT, 1997).
Maier-Rabler (2011) afirma que o estado da arte das tecnologias da
informao e comunicao no suporte participao cidad contrasta com a
organizao burocrtica tradicional das instituies pblicas. Segundo a autora, a
simples replicao online dos procedimentos burocrticos j vista pelos
funcionrios e servidores pblicos como inovao. Mas se a inteno mesmo
empoderar o cidado, este apenas um primeiro passo de uma longa jornada. Os
formuladores de polticas pblicas devem perceber que o desenvolvimento das TIC
na democracia s far sentido se isto significar a criao de um novo valor pblico.
Dunleavy et al. (2005) advertem, contudo, que apesar das incertezas e de
todas as possibilidades positivas, foroso mitigar os efeitos negativas do processo
de digitalizao dos governos, como a excluso daqueles tecnologicamente
iletrados. Os caminhos, ainda segundo os autores, apontam para uma transio
vigorosa para uma forma de governar genuinamente integrada, gil, holstica e
compreensvel a todos, desde os funcionrios do Estado aos cidados e seus
agrupamentos sociais.
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5 CONCLUSO
A nova viso sobre a coisa pblica, erigida com o modelo da nova
governana, tem incitado uma reordenao do processo burocrtico. A democracia
representativa parece no mais servir aos cidados que urgem por participao
direta no processo de construo social. E no h dvidas que tal mudana esteja
ocorrendo como fruto do advento da sociedade da informao e do conhecimento.
Os governos esto sendo obrigados a aceitar que o fluxo da informao
dentro da sociedade est se alterando e, a partir desta premissa, seus mecanismos
de atuao tendem a ficar mais transparentes e orientados ao cidado como
verdadeiro destinatrio de suas aes.
Os esforos de disponibilizao dos dados administrativos a que se
convencionou chamar de open government uma expresso direta dessa nova
ordem social que se instala, dessa era de governana digital. Os nativos da
sociedade da informao desejam participar ativamente da construo das polticas,
mas para tal preciso democracias livres de limitaes. So eles que tm feito os
governos abrirem os seus ficheiros. J acostumados a trabalharem em rede, estes
cidados tendem a confiar mais nos seus pares do que nas instituies formalmente
estabelecidas (PARYCEK, 2010).
Para Bertot (2010), esses indivduos da era digital consideram a si prprios
como parte ativa nas discusses dos problemas que atingem suas comunidades,
regies ou pases e o fazem frequentemente por meio das redes sociais, fruns de
discusso e outras ferramentas digitais. Por isso clara a noo de que a tecnologia
dos media sociais tem significante impacto na governao e nas interaes do poder
pblico e os indivduos. No contexto em que processos democrticos so capazes
de redesenhar a relao entre os governos e as comunidades, tornam-se menos
evidentes as fronteiras entre esses dois elementos da sociedade e aumenta-se a
necessidade de se considerar quais aes devem permanecer sob alcance direto do
Estado e quais outras teriam melhor desempenho se desenvolvidas em parceria
com os demais atores no-governamentais.
Parece apropriado o argumento de que uma democracia participativa
realmente efetiva demanda o engajamento das autoridades pblicas na colaborao,
na deciso conjunta, na coproduo e desenvolvimento de polticas com os demais
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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atores da sociedade. Segundo Cardoso et al. (2006), os polticos eleitos, mais do
que meros agentes pblicos, devem estimular esse processo de inovao para que
o verdadeiro potencial da ideia de governo aberto possa vir tona.
Castells (2008) assegura que a sociedade global j tem em mos os meios
tecnolgicos de que precisa para existir apartada das instituies polticas e dos
meios de comunicao de massa. Contudo, o autor adverte que a capacidade dos
movimentos sociais de mudarem as mentes em direo a essa cidadania alargada
depende, em grande extenso, da habilidade desses movimentos moldarem o
debate na esfera pblica.
A defesa que se faz a de que o atual arranjo organizacional da
Administrao Pblica pode promover o empoderamento do cidado por meio das
tecnologias da informao e comunicao rumo a uma cultura que, alm da
coproduo de polticas e servios pblicos, seja capaz de ir alm e combater as
doenas que ainda existem no seio do Estado, como a corrupo e o nepotismo. O
poder e o alcance dessa nova sociedade global, interligada pela tecnologia, ainda
no esto bem definidos, mas uma amostra do seu poder mobilizador nos foi dada
durante os recentes acontecimentos que puseram em causa regimes inteiros do
mundo rabe.
REFERNCIAS
ARAJO, Joaquim Felipe (2013), Da Nova Gesto Pblica Nova Governao Pblica: presses emergentes da fragmentao das estruturas da Administrao Pblica, em Hugo Conscincia Silvestre e Joaquim Felipe Arajo (coord.), Coletnea em Administrao Pblica, Lisboa, Escolar Editora. BERTOT, John et.al (2010), Social Media Technology and government transparency, Computer, 43, 11. CARDOSO, Gustavo et al. (2006), Bridging the e-democracy gap in Portugal, Information, Communication & Society, 9:4, 452-472, (Online). Disponvel em: . CASTELLS, Manuel (2008), The New Public Sphere: Global Civil Society, Communication Networks, and Global Governance, The Annals of The American Academy of Political and Social Science, 616.
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Grupo Temtico 1: Transparncia, Governo Aberto e Participao PEREIRA NETO, A. B.; BORGES, T. M.
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Grupo Temtico 1: SALDANHA, G. S.; MACHADO, R.; Transparncia, Governo Aberto e Participao LISZBINSKI, B. B.
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DESAFIOS DA PARTICIPAO E CONTROLE SOCIAL NO
MUNICPIO DE SANTANA DO LIVRAMENTO RS
Gustavo Segabinazzi Saldanha1 Rogrio Machado1
Bianca Bigolin Liszbinski2
RESUMO O presente artigo aborda o tema participao e controle social, tendo como objetivo geral identificar a percepo dos conselheiros quanto aos desafios dos Conselhos Municipais de Santana do Livramento RS. Trata-se de um estudo de caso realizado nos conselhos municipais, de carter qualitativo e descritivo, com coleta de dados realizada por meio de entrevista semiestruturada. Os resultados da pesquisa permitem afirmar que a participao e o controle social no municpio analisado ainda so muito limitados, o que confirma que estes no tm muita autonomia para propor aes que visem mudanas significativas na realidade social onde se encontram inseridos. Observou-se ainda, que apesar dos conselhos estarem ativos, em sua maioria no possuem o reconhecimento por parte dos gestores municipais, fato este, que dificulta o desenvolvimento de suas responsabilidades e inibe a participao e o controle social na gesto pblica municipal. Palavras-chave: Participao. Controle Social. Democracia. Conselhos.
1 Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).
2 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
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Grupo Temtico 1: SALDANHA, G. S.; MACHADO, R.; Transparncia, Governo Aberto e Participao LISZBINSKI, B. B.
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1 INTRODUO
O Brasil um pas de uma jovem democracia, que passa por um momento
histrico de questionamento do sistema de representatividade poltica e da prpria
gesto pblica, onde o cidado exige cada vez mais do poder pblico atitudes
ntegras em relao a administrao pblica. Diante deste contexto, aborda-se neste
artigo o tema da participao e controle social como uma alternativa para a
superao dos desafios apresentados Gesto Pblica brasileira.
Segundo Rocha (2013), a expresso participao social est atualmente em
toda parte e que anlises histrico-culturais mostram que este tipo de participao
sempre existiu no Brasil. A Constituio Federal de 1988, conhecida como
Constituio Cidad, garantiu a participao e controle social da administrao
pblica brasileira, alm de expressar avanos nos mecanismos de participao do
processo decisrio nos mbitos local e federal, especialmente pela participao
direta, seja por iniciativa popular ou plebiscito.
Entende-se como participao a interlocuo da sociedade com o Estado por
meio da ocupao dos espaos destinados a esse fim, sendo que o controle social
surge desta participao. Dessa forma, o Estado brasileiro institucionalizou espaos
de participao para que a sociedade de forma organizada exera seu direito.
Segundo Cunha (2003) estes espaos so: Conselhos Gestores de Polticas
Pblicas, Ministrio Pblico, Tribunal de Contas, Ao Civil Pblica, Mandado de
Segurana Coletivo, Mandado de Injuno, Ao Popular, Cdigo do Consumidor,
Defensoria Pblica, Legislativo, Comisses, Oramento Participativo, Audincia
Pblica e Monitoramento Autnomo.
Especificamente tratando-se dos Conselhos Municipais de Polticas Pblicas,
estes possuem grande relevncia nos debates locais, contudo, ocorrem limitaes
em sua atuao. Segundo Kleba et al. (2007), estes limites se relacionam s formas
tradicionais de conceber e operacionalizar a interveno no campo das polticas
pblicas, provocando a desarticulao interinstitucional e a falta de integralidade na
ateno ao conjunto de direitos sociais. Estes fatores fazem com que no sejam
respondidos os graves e complexos problemas sociais historicamente vivenciados
por uma parcela significativa da populao brasileira.
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Grupo Temtico 1: SALDANHA, G. S.; MACHADO, R.; Transparncia, Governo Aberto e Participao LISZBINSKI, B. B.
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Diante desta contextualizao, este estudo teve por objetivo geral identificar
os desafios da participao e controle social no municpio de Santana do Livramento
RS. Considerando os Conselhos Municipais deste municpio, buscou-se identificar
a percepo dos conselheiros quanto s limitaes ao funcionamento e os aspectos
de valorizao deste mecanismo de participao e controle social.
2 REFERENCIAL TERICO
2.1 Base Legal do Controle Social
A Constituio de 1988 propiciou a ampliao dos espaos de participao
popular, inclusive na elaborao da prpria Carta Magna, por meio de emendas
populares, permitindo a participao dos movimentos populares na gesto das
polticas pblicas. Com a presena desse direito, a norma precisou ser
complementada, surgindo ento, a Lei n 101 de 04 de maio de 2000 Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) a qual dedica uma seo especfica
transparncia na gesto fiscal, controle e fiscalizao. No entanto, o conceito de
transparncia e participao previsto na LRF estava restrito gesto fiscal. Dessa
forma, a implementao da Lei n 131 de 27 de maio de 2009 trouxe de forma mais
precisa a interao entre cidado e poder pblico, ou seja, o controle social.
Para Cunha (2011) os meios de controle social tm como pilar a fiscalizao
das aes pblicas, contudo, o seu papel pode ser considerado mais amplo. Visam
sobretudo, a indicao de caminhos, proposio de ideias e a promoo da
participao efetiva da comunidade nas decises de cunho pblico.
Desta forma a elaborao do planejamento governamental por meio do Plano
Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Oramentria (LDO) e da Lei do Oramento Anual
(LOA) deve ser um dos espaos de participao e controle social. O
acompanhamento dos recursos financeiros da gesto pblica permite sociedade
civil exercer um papel fundamental na identificao de fraudes (FIGUEREDO;
SANTOS, 2013). Segundo Rocha (2013), este acompanhamento permite um dilogo
sobre o anseio da populao brasileira no que se refere ao combate de atos de
corrupo.
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Grupo Temtico 1: SALDANHA, G. S.; MACHADO, R.; Transparncia, Governo Aberto e Participao LISZBINSKI, B. B.
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A legislao prev ainda, outro espao para a participao e controle social.
Trata-se do plano diretor dos municpios, que para Cabral et al. (2003) uma
legislao em mbito municipal de longo prazo que regulamenta as diretrizes que
devero ser adotadas para melhor gerenciamento e ordenamento do territrio dos
municpios.
Existem ainda os espaos de monitoramento legal, um instrumento que tem
por objetivo controlar a funo pblica, seja por meio de recursos a outros rgos
pblicos ou, movendo aes para se averiguar a situao pblica de determinado
setor. Cunha (2003) descreve estes espaos como: Ministrio Pblico; Tribunal de
Contas; Ao Civil Pblica; Mandado de segurana Coletivo; Mandado de Injuno;
Ao Popular; Cdigo do Consumidor; Defensoria Pblica; Legislativo; Comisses;
Oramento Participativo; Audincia Pblica e; Conselhos Gestores de Polticas
Pblicas.
Tratando-se dos Conselhos Gestores de Polticas Pblicas, estes se
caracterizam por espaos municipais onde o debate realizado pelos atores sociais
que vivenciam diretamente os problemas oferecidos como pauta. Conforme Tatagiba
e Teixeira (2016), estes conselhos constituem uma das principais experincias de
democracia participativa no Brasil, estando presentes na maioria dos municpios,
cobrindo uma ampla gama de temas como sade, educao, moradia, meio
ambiente, transporte, cultura, dentre outros. Para alm do aspecto legal, tem-se a
necessidade de compreender a participao e o controle social sob o ponto de vista
social, temtica abordada a seguir.
2.2 A Participao e o Controle Social
O controle social pode ser entendido como a participao do cidado na
gesto pblica, na fiscalizao, no monitoramento e no controle das aes da
Administrao Pblica. Trata-se de importante mecanismo de preveno da
corrupo e de fortalecimento da cidadania (CGU 2012).
Apesar do tema da participao ser discutido e reivindicado do Estado uma
abertura cada vez maior para que ela acontea, preciso compreender o seu
significado. Entender esta participao como um processo implica perceber que nele
h uma interao contnua entre os diversos atores que so partes: o Estado e
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Grupo Temtico 1: SALDANHA, G. S.; MACHADO, R.; Transparncia, Governo Aberto e Participao LISZBINSKI, B. B.
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outras instituies polticas e a sociedade. Estas relaes, complexas e
contraditrias, exigem determinadas condies, que no dizem respeito apenas ao
Estado, mas tambm aos demais atores e s condies estruturais e de cultura
poltica que podem favorec-la ou dificult-la. (TEIXEIRA, 2007).
Segundo Figueiredo e Santos (2013), a administrao gerencial conhecida no
Brasil como a nova Gesto Pblica tem como valores a transparncia, a capacidade
de resposta, inovao e orientao para o alcance dos objetivos e a busca pela
satisfao dos cidados com os servios prestados pela administrao pblica.
Tendo a transparncia como importante valor da Nova Gesto Pblica, Figueiredo e
Santos (2013, p. 2) afirmam que Uma administrao transparente permite a
participao do cidado na gesto e no controle da administrao pblica e, para
que essa expectativa se torne realidade, essencial que ele tenha capacidade de
conhecer e compreender as informaes divulgadas.
Tratando-se do mbito brasileiro, um dos desafios da anlise da democracia
buscar compreender as mediaes entre o Estado e a sociedade civil e, para tanto,
necessrio compreender os diversos arranjos e formas de participao
institucionalizada que surgiram e vm se consolidando desde os anos noventa do
sculo passado (ALLEBRANDT et al., 2011). Neste contexto, a participao tem sido
tema recorrente no discurso poltico mundial nas ltimas dcadas e uma de suas
premissas tm sido a implantao de conselhos gestores nos diversos nveis
governamentais em vrios pases (WENDHAUSEN et al., 2006), sendo assim, os
municpios brasileiros tm institudo seus Conselhos de Polticas Pblicas.
Os Conselhos Gestores de Polticas Pblicas apresentam-se como espaos
pblicos de composio plural e paritria entre Estado e sociedade civil, de natureza
deliberativa e consultiva (SANTOS; RAMALHO, 2011). Entendendo o significado e a
normatizao da participao e do controle social, aborda-se a seguir os desafios
que se apresentam ao funcionamento desses mecanismos disponibilizados a
populao brasileira.
2.3 Os Desafios do Controle Social
Segundo a CGU (2012), para que os cidados possam desempenhar de
maneira eficaz o controle social, necessrio que sejam mobilizados e recebam
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orientaes sobre como podem ser fiscais dos gastos pblicos. Exemplificadamente
no que se refere aos Conselhos Gestores, a sua efetividade tem sido condicionada
por inmeros fatores, desde a capacidade de formulao e negociao de
propostas, at o grau de autonomia dos atores que o constituem. O que se constata
que foram desconcentradas responsabilidades e no democratizado o poder
(KLEBA et al., 2007).
No que se refere aos mecanismos de controle social que carregam consigo
um papel relevante para que a sociedade possa encontrar confiana na gesto dos
recursos pblicos, necessrio que os atores sociais tenham conhecimento dos
temas debatidos nestes espaos: [...] tm-se como desafio que esses no se
tornem mecanismos de formao de consentimento ativo das classes subalternas
em torno da conservao das relaes vigentes de domnio da classe dominante
(BRAVO; CORREIA, 2012, p.8).
O controle social sobre o Estado um mecanismo de participao dos
cidados que para ser efetivo, deve ter como alvos no apenas os centros
perifricos do Estado, mas sobretudo, aqueles que se destinam s decises
estratgicas (TEIXEIRA, 2007). Neste contexto, espera-se que a sociedade se
aproprie do debate sobre o bem pblico, para que possa a partir da sua viso e de
suas necessidades, fazer o contraponto Gesto Pblica de forma qualificada.
Em tratando dos mecanismos de participao e controle social, a SEGEP
(2013) pondera sobre a questo da heterogeneidade do formato institucional dos
mecanismos existentes e suas capacidades de influir nas polticas pblicas, a falta
de articulao entre tais mecanismos e a gerao de expectativas antagnicas entre
os participantes desses espaos. J Cotta et al. (2011) observa que um dos
problemas mais frequentes e difceis de serem solucionados so as questes
relativas composio, representao e representatividade dos conselheiros.
Em um momento histrico de contestao do modelo de representatividade
na democracia brasileira, evidencia-se que a participao maior e mais efetiva se faz
indispensvel. Segundo Zambon e Ogata (2013), a atuao de parte dos
conselheiros tem se mostrado congruente com uma sociedade com baixa
capacidade participativa e necessita de movimentos consistentes buscando o
aperfeioamento dos processos de formao dos conselhos, garantindo a
legitimidade e representatividade nesses espaos.
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Na viso de Tatagiba e Teixeira (2016) os conselhos decidem sobre temas
relacionados s polticas pblicas, sem debate ou negociao, o que parece sugerir
uma forte despolitizao dessas instncias. Neste sentido, o aperfeioamento destes
mecanismos de participao e controle social dependem tambm do aprimoramento
da capacidade dos conselheiros por meio do conhecimento sobre a funo pblica
que exercem, para que possam contribuir para a qualificao dos conselhos.
Em tratando-se de suas atribuies, constata-se a necessidade de reviso do
papel dos conselhos gestores em nvel municipal. Este fato relaciona-se ao grande
nmero de atribuies voltadas aprovao, autorizao e fiscalizao de aes e
servios, em mbito setorial que lhes diz respeito, o que sobrecarrega os atores
engajados e praticamente inviabiliza que estes realizem e aprofundem debates
polticos (KLEBA et al., 2010).
Segundo Bravo e Correia (2012), os conselhos podem se constituir em
mecanismos de legitimao do poder dominante e cooptao dos movimentos
sociais, que em vez de controlar passam a ser controlados. Para que isso ocorra, os
organismos de governo devero dar apoio e suporte administrativo para a
estruturao e funcionamento destes conselhos tanto no mbito federal, como no
estadual, municipal e local, garantindo-lhes dotao oramentria (SILVA et al.,
2012).
3 MTODO DE PESQUISA
Esta pesquisa consiste em um estudo de caso realizado nos Conselhos
Municipais de Santana do Livramento RS, sendo que no se pretende estabelecer
generalizaes ou conhecer precisamente as caractersticas de uma populao. De
acordo com Gil (2010), anlise de um ou de poucos casos so suficientes para
proporcionar uma viso global do problema ou para identificar possveis fatores que
influenciam determinado fenmeno ou so por ele influenciados. Ainda em termos
de classificao, o estudo caracteriza-se pela sua abordagem qualitativa e
descritiva.
Tratando-se da seleo da amostra para o desenvolvimento do estudo,
utilizou-se a amostragem no probabilstica por julgamento ou intencional. Nestes
casos se enquadram as situaes em que o pesquisador deliberadamente escolhe
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certos elementos para pertencer amostra, por julgar tais elementos bem
representativos da populao (IBILCE, 2015).
Considerando que o estudo busca analisar caractersticas advindas dos
Conselhos Municipais de Santana do Livramento RS, a populao alvo desta
pesquisa foram os presidentes de todos os conselhos do municpio, os quais
totalizam-se em vinte e sete (27), em diferentes reas. Selecionou-se como amostra
final, por critrios de disponibilidade para participao nesta pesquisa, seis (06)
presidentes de Conselhos Municipais de Polticas Pblicas: Assistncia Social,
Direitos da Mulher, Educao, Habitao e Sade.
Em tratando-se da coleta dos dados, utilizou-se o mecanismo de entrevista
semiestruturada, considerando os objetivos e o tipo de abordagem do estudo. A
entrevista semiestruturada tem como caracterstica questionamentos bsicos que
so apoiados em teorias e hipteses que se relacionam ao tema da pesquisa
(TRIVIOS, 1987). O roteiro de entrevistas se deu a partir de um cronograma
previamente estabelecido, mas que pde ser complementado por questes
inerentes s circunstncias do momento da entrevista.
Para realizar a anlise dos dados coletados nesta pesquisa, foi utilizado o
mtodo de anlise de contedo. Segundo Moraes (1999), esta forma constitui-se em
uma abordagem metodolgica com caractersticas e possibilidades prprias. De
certo modo, a anlise de contedo uma interpretao pessoal por parte do
pesquisador com relao percepo que tem dos dados.
4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS
Conforme mencionado anteriormente os seis presidentes dos Conselhos
Municipais de Polticas Pblicas de Santana do Livramento RS participantes deste
estudo so os representantes de Assistncia Social, Sade, Educao, Meio
Ambiente, Habitao e dos Direitos da Mulher. O Quadro 1 traz a caracterizao do
perfil desses entrevistados.
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Quadro 01 Perfil dos entrevistados
CONSELHO SEXO PROFISSO
Educao Feminino Professora
Sade Masculino Empresrio
Assistncia Social Masculino Serv. Pblico Mun. Cargo em Comisso
Habitao Feminino Do Lar
Meio Ambiente Feminino Secretria
Direitos da Mulher Feminino Serv. Pblica Estadual Aposentada
Fonte: Dados da Pesquisa (2017).
importante destacar que dos conselhos acima citados, o conselho dos
Direitos da Mulher no est ativo. Conforme relatado por sua presidente, o motivo da
inatividade do conselho est na falta de participao, pois houve falta de entidades
interessadas em participar da composio do conselho.
Buscando compreender acerca da situao de funcionamento deste
mecanismo de participao e controle social em Santana do Livramento RS,
dividiu-se a anlise em quatro aspectos: a) estrutura fsica e administrativa; b)
composio do conselho; c) participao dos conselheiros; d) os desafios impostos
aos conselhos. Estes aspectos esto de acordo com os pressupostos de Teixeira
(2007), o qual afirma que os desafios impostos aos conselhos vo alm dos
estruturais ou formais, e Cotta et al. (2011) que observas que a composio,
representao e representatividade so os problemas mais frequentes e difceis de
solucionar nestes conselhos.
Constata-se que no aspecto estrutura, as condies fsicas e administrativas
para o funcionamento dos conselhos no so proporcionadas pelo poder pblico,
com as excees dos Conselhos de Sade e de Assistncia Social, os quais
possuem recursos prprios oriundo de fundos. Dessa forma estes conselhos tem a
possibilidade de adquirir patrimnio, facilitando a sua estruturao. Contudo, esta
situao poderia ser aperfeioada conforme relato:
[...] na verdade, o Conselho avanou muito n, a, hoje a estrutura que a gente tem ela, eu diria que ela no adequada na, mas ela , melhorou bastante, ultimamente no tinha sala no tinha nada, alis tnhamos uma sala que era chamada a Casa dos Conselhos, e a depois , foi extinta essa casa na, por condies financeiras do municpio e, mas hoje a gente no tem assim uma estrutura , completa [...] (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTNCIA SOCIAL).
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A presidente do Conselho de Educao considera ter melhorado a estrutura
do conselho no ltimo perodo, porm, ainda precria principalmente no que se
refere estrutura administrativa, como por exemplo, como material de expediente. A
presidente do Conselho de Meio Ambiente relata que por acordo das entidades, o
funcionamento do conselho no que se refere estrutura fsica e administrativa fica a
cargo da entidade que preside o conselho, visto que o poder pblico no
proporciona tal estrutura.
A presidente do Conselho dos Direitos da Mulher observa que quando do
funcionamento do conselho nunca foi proporcionada esta estrutura ao conselho,
devendo este se reunir em local emprestado por alguma Secretaria Municipal.
Segundo a presidente do Conselho de Habitao no existe estrutura fsica e
administrativa prpria para o funcionamento do conselho, sendo que este se
organiza na Secretaria na qual ligada, que por sua vez oferece por meio de seus
tcnicos o apoio necessrio para a realizao de seus trabalhos:
[...] nosso Conselho como eu te disse assim , ele comeou a funcionar diretamente esse ano, foi entre o ano passado e esse ano [...] mas o Conselho no tem sede, a gente t fazendo nossas reunies ali diretamente na Secretaria de Habitao [...] at agora ns no temos secretrio, por que como eles foram demitidos, ento temo sem secretrio, ento do prprio Conselho ns assumimos, um faz uma parte o outro faz outra, mas ns no temos computador ns no temo nada dessas coisas assim, no, ns no temos estrutura (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE HABITAO).
Dessa forma observa-se que a relao do poder pblico com os conselhos
deve ser melhorada, pois segundo Silva et.al (2012) seu dever dar o apoio
necessrio, garantindo inclusive dotao oramentria para tal. Percebeu-se na
coleta de dados, que os presidentes se ressentem em no contar com uma estrutura
prpria para os Conselhos, ainda que fosse compartilhada entre os demais
Conselhos, para realizar suas atividades com maior autonomia.
O segundo aspecto abordado na entrevista se refere a composio do
Conselho, que segundo Santos e Ramalho (2011) estes devem ser espaos
pblicos de composio plural e paritria entre estado e sociedade civil. Neste
aspecto, quanto percepo dos presidentes os conselhos em sua maioria contam
com a sociedade civil bem representada, com exceo do Conselho de Meio
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Ambiente que necessitou adequar sua composio para seguir funcionando,
conforme expresso:
Essa questo da participao nos Conselhos, eu represento uma entidade j faz uns 8 ou 9 anos [...] eu me lembro de que no comeo ns ramos vinte e tantas entidades que participavam do Conselho, e era aquele problema, por que, ou tinha suplente, a o suplente no ia, a o titular tinha outra atividade e acabava no indo, e aquela entidade ficava l cheia de faltas e no participava efetivamente [...] o nosso Conselho hoje ele, ele tem 14 entidades, ns j tivemos vinte e tantas, o que aconteceu, ns fizemos uma remodelao toda no Conselho, tanto na legislao como no regimento interno [...] se eu for pensar a nvel governamental ela est muito bem representada, por que ela tem os rgos ligados ao meio ambiente, tanto a nvel local quanto estadual. H [...] agora na parte da comunidade em geral, dos rgos no governamentais teria outras ONGs outras reas que poderiam estar representadas (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE).
Por outro lado, naqueles conselhos que possuem uma composio tcnica
(Conselhos de Educao, Sade e Assistncia Social) a percepo dos presidentes
de uma boa composio em seus conselhos, percebendo a sociedade bem
representada. Observou-se que esse aspecto causou certa confuso nos
presidentes, no sendo claro o seu entendimento de representatividade da
sociedade na composio do conselho, por vezes transparecendo a sua
preocupao quanto pergunta, de que esta pudesse ser uma crtica ao trabalho
realizado pelo seu Conselho.
Abordando o outro aspecto da entrevista, que se refere participao dos
conselheiros e o seu conhecimento sobre o tema que trata o conselho, estes foram
unanimes em afirmar que encontram dificuldades em efetiva participao, e da
necessidade de formao ou capacitao. Este fato vai de encontro ao que diz
Zambon e Ogata (2013) de que a baixa participao necessita de movimentos
consistentes para aperfeioar a formao dos conselhos, garantindo legitimidade e
representatividade. Este aspecto assim descrito por um presidente:
No nego que as pessoas no querem fazer parte dos Conselhos, cada vez que se fazem assembleia, que tem eleies, muito difcil que as pessoas queiram participar, imagina assim, as reunies so ordinrias, so as quartas feiras, na quarta feira voc vai pra l s 9 horas sabendo que no vai sair at o meio dia, quase ao meio dia, quase ao meio dia tu tem que estar l, , voc no ganha nada pra estar na reunio, voluntrio, no tem GETON para estar l, se tivesse teria muita gente para estar l [...] no significa que aqueles que aceitam participar so aqueles que tem um
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conhecimento enorme das coisas [...] (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAO).
Para alm da participao efetiva dos conselheiros das entidades
representantes da sociedade civil, a presidente do Conselho de Habitao percebe
que necessrio maior comprometimento dos representantes do poder pblico, os
quais acabam por no ter uma participao efetiva, fazendo-se presente apenas nos
dias em que a pauta de interesse do Executivo.
Os Conselhos que possuem uma legislao mais dinmica, ou seja, que
rotineiramente so emitidas portarias e normativas, como o caso dos Conselhos de
Sade, Educao e Assistncia Social, necessitam periodicamente realizar
atualizaes com seus conselheiros, em especial os representantes da sociedade
civil. Os presidentes desses conselhos relatam que por meio dos tcnicos que
compem o conselho ou a secretaria a que est ligado, realizam essas atualizaes
da legislao junto aos conselheiros.
Dessa forma evidencia-se que a valorizao dos conselhos passa pela pauta
de interesse do Executivo, relacionando-se com o que dizem Tatagiba e Teixeira
(2016) de que os conselhos reproduzem a lgica da gesto pblica, que comumente
organiza sua interveno sobre problemas pontuais. Observa-se contudo, o esforo
dos conselhos em desenvolver seu trabalho, mas este est limitado seja por
questes estruturais e administrativas ou da efetiva participao tanto do poder
pblico como da sociedade civil. Este segundo ponto est em acordo com o que
dizem os autores Zambon e Ogata (2013 p. 6), que a atuao de parte dos
conselheiros tem se mostrado congruente com uma sociedade com baixa
capacidade participativa.
O prximo aspecto a ser analisado trata dos desafios apresentados aos
conselhos municipais. Segundo Rocha (2013), o principal desafio de o Estado
responder as demandas formalizadas, tornando resolues, deliberaes,
sugestes, crticas e moes em polticas pblicas. Neste sentido, a percepo dos
presidentes dos Conselhos de Educao, Sade e Meio Ambiente de que um
grande desafio o de valorizao por parte do poder pblico, respeitando seus
pareceres, sua atuao, seu carter deliberativo e segurana na legislao:
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, eu estou presidente pela segunda vez, eu vou te dizer com a maior sinceridade assim, por muitos anos ns estivemos no Conselho Municipal, e ns at falvamos assim, ns brincamos de conselheiros, por que ns no temos legitimidade nenhuma como conselheiros certo [...] ento em 2009 passamos a ter legitimidade, ento o Conselho Municipal de Educao hoje ele normativo, deliberativo, fiscalizador e consultivo [...] antes da secretaria fazer qualquer coisa se se subentende que ela vai perguntar pro Conselho como vamos fazer isso, entende? E o maior desafio tem sido esse, que a secretaria faz as coisas como bem entende, sem perguntar pro conselho e sem consultar o Conselho, e fazendo as coisas erradas (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAO).
O presidente do Conselho de Assistncia Social percebe que o maior desafio
apresentado aos conselhos a segurana ou garantia de investimentos. Esse fato
garantiria que no houvesse retrocesso nas conquistas obtidas, sendo esta uma
opinio convergente de todos os entrevistados, ou seja, de que a melhora na
participao popular um desafio a ser superado:
A eu acho que o grande desafio do Conselho pensar o coletivo, os Conselhos so o desafio de desapegar do umbilicalismo, do individualismo, do egosmo e pensar no s pra frente da minha casa mas pra minha quadra, da minha quadra pro meu bairro, pra alm do meu bairro a minha cidade, esse despojamento ou essa ousadia, esse desafio de pensar alm do prprio interesse, esse um desafio, mas um desafio humano [...] (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER).
Percebe-se pelas respostas s perguntas da entrevista, que os maiores
desafios apresentados passam pela valorizao real dos conselhos, tanto no que se
refere a investimentos para sua estrutura funcional, quanto legal. Entendendo assim,
que a participao popular se qualifica com o seu reconhecimento do trabalho
realizado pelos conselhos.
Quanto aos aspectos que os conselheiros municipais percebem sobre a
valorizao deste mecanismo de participao e controle social em Santana do
Livramento RS, a presidente do Conselho de Educao observa que o trabalho
integrado e harmnico entre o conselho e poder pblico com respeito norma
resultaria em reconhecimento e transparncia. Os presidentes dos Conselhos de
Sade, Habitao, Meio Ambiente e dos Direitos da Mulher convergem no
entendimento de que a valorizao da atuao dos conselhos passa pelo
reconhecimento e compreenso por parte da sociedade civil, da importante funo
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dos conselhos e, pela motivao e valorizao da atuao do conselheiro, seja pela
sociedade civil ou poder pblico:
Eu creio que os conselhos seriam muito mais valorizados se eles se envolvessem mais com a comunidade [...] e tambm o poder pblico, o executivo tambm n, eu acho que se eles tivessem uma participao maior, por que vem representantes da prefeitura, dos rgos governamentais, mas s vezes eu acho que falta um pouco de envolvimento de eles levarem pros secretrios, quando no o secretrio que vem, levarem as demandas daqui [...] (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE).
Na percepo do presidente do Conselho de Assistncia Social, necessrio
o reconhecimento do poder pblico da importncia da atuao dos conselhos,
promovendo adequaes na legislao e reconhecendo o carter deliberativo para
estes espaos. De acordo com Figueiredo e Santos (2013), negativo para os
instrumentos de participao sua utilizao para atender determinaes legais,
apenas ratificando a opinio dos administradores, afastando-se da finalidade de
ouvir a sociedade promovendo a participao social. Este aspecto fica confirmado
conforme o seguinte relato:
[...] a gente sabe que alguns governos valorizam muito isso, do muita facilidade, do muita , apoio aos Conselhos, do toda sua legitimidade no sentido de deliberar, n, e a gente sabe que tem governos que aniquilam isso e tiram o poder deliberativo dos Conselhos [...] (PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTNCIA SOCIAL).
As respostas dos entrevistados quanto sua valorizao, passam pelos
desafios por eles apontados. Dessa forma, fica clara a identificao dos fatores que
os conselheiros municipais percebem para a valorizao deste mecanismo de
Participao e Controle Social em Santana do Livramento RS.
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5 CONSIDERAES FINAIS
A pesquisa atingiu seu objetivo principal pois se conseguiu identificar a
percepo dos conselheiros quanto aos desafios dos Conselhos Municipais de
Santana do Livramento RS. Os conselhos pesquisados demonstram realizar seu
trabalho com dedicao e comprometimento de seus conselheiros, visto que em
geral falta estrutura, formao de parte dos conselheiros, motivao e
reconhecimento.
A participao do cidado nos mecanismos de Participao e Controle Social
ainda muito tmida no municpio analisado, deixando os Conselhos de polticas
pblicas carentes de representao na sua composio. Este fato poderia provocar
falhas na elaborao das polticas pblicas, sendo que o entendimento da
importncia dessa participao se torna mais premente para o controle da
administrao pblica, podendo assim estar deixando espao para que sejam
implementadas polticas que no venham de encontro com os anseios da
comunidade local.
Entende-se dessa forma, que os desafios apresentados aos conselhos e a
valorizao dos conselhos se confundem. Isso porque se percebe na fala dos
entrevistados que a valorizao depende da boa atuao dos Conselheiros por meio
de uma participao maior e mais qualificada da sociedade civil e poder pblico,
sendo que esta participao depende da valorizao deste mecanismo por parte da
sociedade civil e do poder pblico.
Proporcionar estrutura fsica e administrativa aos Conselhos de Polticas
Pblicas, garantir a participao ativa dos seus representantes nos Conselhos,
valorizao da atuao dos conselhos e reconhecimento real da atuao dos
mesmos por meio de uma gesto colaborativa entre conselho e executivo fazem
parte dos desafios dos Conselhos Municipais de Santana do Livramento RS
quanto ao poder pblico municipal. J a manuteno de investimentos das esferas
pblicas, estadual e federal faz parte dos desafios dos conselhos no que se refere
s polticas pblicas que dependem dos investimentos destes entes.
Referente representao e a representatividade por parte da sociedade civil,
premente que se fortalea o entendimento de que, para a superao dos
problemas na execuo das polticas pblicas, necessria a ocupao dos
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mecanismos de Participao e Controle social pela sociedade civil. Dessa forma,
estaria sendo valorizado o trabalho voluntrio realizado pelos conselheiros.
Diante destas constataes, conclui-se que os desafios apresentados e a
valorizao dos Conselhos Municipais de Santana do Livramento RS dialoga com
o que diz Teixeira (1997) de que a Participao um processo de interao contnua
entre os diversos atores que so partes e precisam superar questes como a
apontada por Tatagiba e Teixeira (2016) de aprimorar a atuao dos Conselhos,
qualificando os debates e negociaes sobre as polticas pblicas em pauta, e de
sua prpria atuao.
Pretende-se a partir dos resultados deste estudo, colaborar com o
aprimoramento da participao e o controle social no municpio de Santa