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DANIEL PENA PEREIRA POTENCIAL DE REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR CAUSADA PELAS EMISSÕES DE MOTORES DIESEL, COM A IMPLEMENTAÇÃO DO USO DO BIODIESEL Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais, para obtenção do título de especialista em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais. Orientador Prof. Antonio Augusto Aguilar Dantas LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL 2007

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DANIEL PENA PEREIRA

POTENCIAL DE REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR CAUSADA PELAS EMISSÕES DE MOTORES DIESEL, COM A IMPLEMENTAÇÃO DO USO

DO BIODIESEL

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais, para obtenção do título de especialista em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais.

Orientador Prof. Antonio Augusto Aguilar Dantas

LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL

2007

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DANIEL PENA PEREIRA

POTENCIAL DE REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR CAUSADA PELAS EMISSÕES DE MOTORES DIESEL, COM A IMPLEMENTAÇÃO DO USO

DO BIODIESEL

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais, para obtenção do título de especialista em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais.

Aprovada em 5 de junho de 2007 Profº. Cláudio Milton Montenegro Campos Profª. Elizabeth Ferreira

Profº. Antonio Augusto Aguilar Dantas UFLA

(Orientador)

LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL

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A meu filho Rafael

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Agradeço a Deus, que me concedeu a dádiva da vida; a meus pais, que

me conduziram pelos caminhos certos da vida; e à minha preciosa família, minha esposa Cátia e meu filho Rafael, pelo apoio e compreensão nos momentos de ausência durante a fase do estudo.

Agradeço à Aracruz Celulose, pela disponibilização do meu tempo, como funcionário, para realizar minha especialização Lato Sensu. Aos gestores da Aracruz, Antônio do Nascimento Gomes, Jairo Dal´Col, Luciano Lisbão Júnior, Marcelo Santos Ambrogi, Rildo Almeida de Paula, Zoé Zandonatti; aos colegas de trabalho da Aracruz, Eloi Catani Júnior, Fabiano Garcia Testa, Gláucio Marcelino Marques, pelo valioso apoio. Aos pesquisadores do Centro de Pesquisa e Tecnologia (CPT) da Aracruz, grandes colaboradores para o desenvolvimento desta monografia, Gabriel Dehon, Alexandre Alves Missiagia e Júpiter Israel Muro.

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SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................... 7

1 INTRODUÇÃO......................................................................... 8

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................ 11 2.1 Poluição do ar.................................................................................. 11 2.2 Principais poluentes......................................................................... 12 2.2.1 Material particulado...................................................................... 12 2.2.2 Monóxido de carbono................................................................... 13 2.2.3 Dióxido de enxofre....................................................................... 13 2.2.4 Compostos orgânicos voláteis (COVs)........................................ 13 2.2.5 Óxidos de nitrogênio.................................................................... 13 2.2.6 Dióxido de carbono...................................................................... 14 2.2.7 Ozônio.......................................................................................... 14 2.2.8 Clorofluorcarbonos (CFCs) ......................................................... 14 2.3 Combustíveis não renováveis.......................................................... 15 2.3.1 Emissões de poluentes pelo consumo de óleo diesel.................... 15 2.4 Aquecimento global......................................................................... 16 2.4.1 Efeito estufa e Protocolo de Kioto................................................ 18 2.5 Mitigação dos impactos ambientais................................................. 20 2.5.1 Medidas sugeridas pelo IPCC....................................................... 22 2.5.2 Oportunidades na agricultura........................................................ 23 2.6 Combustíveis renováveis................................................................. 25 2.6.1 Biodiesel....................................................................................... 27 2.6.2 Benefícios do óleo vegetal como combustível............................. 29 2.6.3 Boom do biodiesel....................................................................... 30 2.6.4 Programa do Governo Federal e legislação.................................. 31 2.6.5 Preparo dos motores.................................................................... 33 2.6.6 Limites sócio-ambientais............................................................. 34 2.7 Produção de biodiesel..................................................................... 36 2.7.1 Estrutura fundiária....................................................................... 36 2.7.2 Fomento para grandes empresas................................................. 38 2.7.3 Cenários de redução da poluição com uso de biodiesel............. 41 2.7.4 Sistemas agro-florestais (SAF)................................................... 42

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 44

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 46

ANEXOS Lista de tabelas................................................................................ 50 Lista de figuras................................................................................ 55

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RESUMO

Esta monografia apresenta o resultado de uma revisão bibliográfica feita pelo autor nas possibilidades do biodiesel como um combustível alternativo, baseado em considerações estratégicas, para reduzir a poluição do ar. Abordou-se a poluição do ar desde tempos remotos até os dias atuais, esclarecendo os efeitos danosos à saúde humana dos principais gases poluentes. Em particular, os efeitos do aquecimento global e as medidas mundiais para reduzir os impactos da poluição, o efeito estufa e o Protocolo de Kioto foram abordados. Outras investigações foram devotadas para avaliar alguns aspectos ambientais do biodiesel: a possibilidade de redução na emissão de poluentes atmosféricos (CO2, CO, HC e NOx), benefícios do óleo vegetal como combustível e preparo de motores. Os limites sócio-ambientais foram averiguados, desse novo boom de produção de biocombustíveis. Finalmente, um suporte à produção de biodiesel foi estudado com base na estrutura fundiária do Brasil e do Estado do Espírito Santo, no consumo de duas grandes empresas nesse Estado e nos sistemas de produção tipo fomento e sistema agro-florestal.

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a consciência dos problemas ambientais e de energia

encorajou muitos pesquisadores para investigar a possibilidade do uso de

combustíveis alternativos ao petróleo e seus derivados. Entre eles, biodiesel,

produzido de diferentes óleos vegetais (soja, canola, mamona, pinhão manso e

girassol são exemplos), parecem muito interessantes por diversas razões: pode

substituir o óleo diesel em motores de combustão interna sem muitos ajustes;

somente um pequeno número de redução na performance é reportado; quase

zero emissão de enxofre; emissão de poluentes comparáveis com as do óleo

diesel. Por essas razões, muitas campanhas têm sido feitas em muitos países para

introduzir e promover o uso de biodiesel. Entretanto, algumas incertezas ainda

existem sobre as reais potencialidades do biodiesel como substituto do óleo

diesel.

Para esclarecer e gerar uma ampla visão nas vantagens e desvantagens

dos biocombustíveis, incluindo impactos ambientais globais, realizou-se uma

revisão de literatura sobre o assunto. Como resultado, a poluição do ar, com suas

diversas fontes de poluentes e seus gases lançados na atmosfera, afetam a saúde

humana, principalmente. O aumento do efeito estufa, afetando o clima de todo o

planeta e podendo ocasionar um aquecimento sem precedentes, já aparece hoje

em dia com secas e tempestades fora do normal, quedas na produção agrícola e

pesqueira e derretimento do gelo. E por acaso, o principal agente em todo esse

processo é o próprio homem.

A emissão de CO2 é consideravelmente menor do que a do óleo diesel e

são muitos os benefícios do uso do óleo vegetal como combustível. Entretanto, a

demanda mundial de energia cresce em ritmo acelerado, agravando o problema

do aquecimento global. Pelo nível atual de consumo global de combustíveis

fósseis, suas reservas estão perto do fim. O cenário das mudanças climáticas e o

Protocolo de Kioto fizeram o setor sucroalcooleiro enxergar grandes

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oportunidades de colocação de seu produto no mercado, surgindo com isso

algumas implicações ambientais, entre elas, a expansão da fronteira agrícola e o

desmatamento e a eliminação de fragmentos florestais. Se por um lado os

biocombustíveis ajudam a resolver o problema das mudanças climáticas, por

outro eles tendem a agravar problemas ambientais locais. A soja e a cana-de-

açúcar podem sobrepor outras culturas e empurrá-las em direção à região

amazônica. Isso pode fragilizar o compromisso de aumentar a inclusão social,

gerar emprego, atender e resolver questões do campo.

No Brasil, a distribuição do uso da terra mostra que ainda há muito para

melhorar. A maioria das terras rurais privadas está destinada para pecuária e

agricultura. Esses dois usos representam 64% das terras rurais privadas e

ocupam cerca de 30% do território nacional. No Estado do Espírito Santo, mais

de 60% das terras rurais poderiam se adequar a melhores índices de

produtividade com adoção de novas opções de produção. É necessário

conscientizar os produtores para a adoção de novas atividades de produção em

áreas de baixa produtividade. Os cafeicultores e pecuaristas, com produtividades

abaixo da média no Estado, estão em franco processo de descapitalização e

empobrecimento. A diversificação na produção nas propriedades agrícolas cria

novas frentes de trabalho e ajuda a fixar o homem no campo. Além disso, gera

impactos na economia regional: expectativa de geração de renda, impostos e

ocupação da mão-de-obra. Permite, indiretamente, criar novas vagas em setores

como o de serviços.

A produção do biodiesel pode utilizar grandes áreas ociosas ou mal

aproveitadas. Tendo em vista, o sucesso potencial na modalidade de fomento,

torna-se possível o abastecimento de biodiesel para grandes empresas, no Estado

do Espírito Santo, como a Samarco e Aracruz Celulose. Do montante total do

consumo de óleo diesel, a Samarco e Aracruz Celulose geraram cerca de 140 mil

ton CO2, em 2005. Assim, com a implementação da mistura de biodiesel ao

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diesel convencional, essas empresas reduziriam uma boa parte da emissão dos

gases poluentes. Utilizando a cultura do pinhão-manso, Jatropha curcas L., seria

necessário o cultivo de aproximadamente 3.200 ha, para substituir 10% do diesel

fóssil, para o consumo dessas duas empresas. Dentro do Estado do Espírito

Santo, representaria o uso de apenas 2,2% da área produtiva não utilizada. Isso

mostra o benefício de não afetar áreas produtivas de alimentos.

Finalmente, deve ser observado que a produção de biomassa em grande

escala é fortemente viável por diversas razões relacionado à disponibilidade de

terras e ao mau uso do solo e à oportunidade de geração de renda no campo.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Poluição do ar

A definição de poluição é a emissão de resíduos sólidos, líquidos e

gasosos em quantidade superior à capacidade de absorção do meio ambiente.

Esse desequilíbrio interfere na vida dos animais e vegetais e nos mecanismos de

proteção do planeta.

Existem diversos tipos de poluição, tais como: poluição atmosférica,

aquática, sonora, luminosa, visual. Destes, a poluição atmosférica ou poluição

do ar está constantemente na mídia devido aos problemas do aquecimento

global.

A poluição do ar não é um problema recente. A própria natureza tem na

sua constituição fenômenos geológicos que são grandes fontes de poluentes. São

exemplos, as erupções vulcânicas e os incêndios florestais. A participação

humana no processo de poluição do ar se iniciou quando o homem aprendeu a

utilizar o fogo e, desde então, só cresceu.

Antigamente, a poluição atmosférica era relacionada à fumaça. Era uma

poluição, basicamente de fumaça, vinda de pessoas queimando madeira ou

carvão para se aquecerem. O uso do carvão como combustível cresceu desde a

idade média até os séculos XV e XVI, na Inglaterra. Atingiu níveis alarmantes,

até surgirem os primeiros sinais de baixa qualidade do ar londrina. O número de

mortes era alto, crescente e atribuído ao famoso fog de poluição. Em 1952

morreram quatro mil pessoas. Foram necessárias medidas e leis drásticas para

resolver o problema.

Aqui no Brasil, crianças nasciam com problemas na formação do

cérebro, em Cubatão. A alocação de recursos e a mobilização da sociedade

foram imprescindíveis para o controle das emissões. Instalação de filtros e outras

medidas de controle de efluentes e emissões reduziram o impacto da poluição no

município de Cubatão, SP (Dantas, 2003).

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Poluentes atmosféricos são substâncias transportadas pelo ar (sólidos,

líquidos ou gases) que ocorrem na atmosfera terrestre em concentrações altas o

suficiente para comprometer a saúde de pessoas e animais, danificar plantas e

estruturas e contaminar o ambiente.

As principais atividades humanas que produzem poluição do ar estão

relacionadas às atividades industriais, à produção de energia, aos transportes, às

cidades e residências e às atividades agropecuárias. Na tabela 1, estão

relacionadas as principais fontes de poluição do ar e os principais poluentes

emitidos.

2.2 Principais poluentes

2.2.1 Material particulado

O material particulado é composto por um conjunto de partículas sólidas

e líquidas; pequenas o suficiente para permanecerem suspensas no ar. Podem ser

chamadas de aerossóis e não são necessariamente venenosos como a poeira, o

pólen, a fuligem e a fumaça. Alguns são muito nocivos como o arsênio e as

fibras de amianto. Partículas líquidas ou gotículas como o ácido sulfúrico, óleos

e vários pesticidas também são aqui incluídos.

O material particulado apresenta a característica de reduzir

eficientemente a visibilidade nas áreas urbanas. Assim, quando presente torna-se

alarmante, uma vez que o efeito visual é o que primeiro impressiona as pessoas.

As partículas, consideradas pesadas, tem diâmetro maior que 10 µm e tendem a

se depositar no chão em 24 horas. Partículas leves, menores que 10 µm podem

ficar suspensas por muitos dias. Estas partículas são as mais prejudiciais à saúde

humana, porque são inaláveis. Também são transportadas facilmente por

correntes de vento.

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2.2.2 Monóxido de carbono

Um dos maiores poluentes do ar das cidades é um gás sem cor nem odor.

Resultado da combustão incompleta do carbono constituinte dos combustíveis, o

monóxido de carbono (CO) é emitido por motores a combustão. Os veículos

automotivos são responsáveis por 50% das emissões desse poluente nas cidades.

Por sua vez, cerca de 55% da causa do aumento do efeito estufa é causado por

esse gás.

O monóxido de carbono é extremamente venenoso. Quando inalado,

passa a ser transportado pelo sangue no lugar do O2. Com a falta de oxigênio no

cérebro, a pessoa sente dor de cabeça, fadiga, sonolência e, por fim, morre.

Entretanto, o CO é eficientemente removido da atmosfera e fixado no solo por

microorganismos do solo.

2.2.3 Dióxido de enxofre

O dióxido de enxofre é um gás incolor que aparece a partir da combustão

de um combustível fóssil que contenha enxofre, como o carvão e o óleo

combustível. O dióxido de enxofre é um forte poluente de odor desagradável e

irritante. Quando inalado, causa problemas respiratórios como asma, bronquite e

enfisema.

2.2.4 Compostos orgânicos voláteis (COVs)

São compostos formados por hidrogênio e carbono, chamados

hidrocarbonetos. O mais abundante na natureza é o metano (CH4); outros COVs

são benzenos, formaldeídos e alguns clorofluorcarbonos. O benzeno e o

benzopireno (produtos da queima do carvão, madeira e tabaco) são

cancerígenos.

2.2.5 Óxidos de nitrogênio

Genericamente conhecidos por NOx, são o óxido nítrico (NO) e o

dióxido de nitrogênio (NO2). São gases que se formam quando o nitrogênio do

ar reage com o oxigênio no processo de queima de combustível em altas

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temperaturas. Os óxidos de nitrogênio em altas concentrações são prejudiciais às

pessoas, podendo causar problemas cardíacos e respiratórios. A longa exposição

a esses gases também causa a perda de resistência a infecções, principalmente no

aparelho respiratório.

2.2.6 Dióxido de carbono

Ao contrário do monóxido de carbono, o gás dióxido de carbono não é

venenoso, sendo necessário para vários processos fisiológicos nos seres vivos,

como por exemplo, para manutenção de um pH ótimo no sangue e a

fotossíntese. O grande problema no uso de combustível fóssil para quaisquer

finalidades como a produção de energia em termoelétricas, a alimentação de

motores de veículos, o aquecimento de ambientes e caldeiras, é que sempre

resultará em produção de CO2 e H2O.

2.2.7 Ozônio

O ozônio é uma variedade alotrópica do oxigênio que apresenta três

átomos. É um oxidante fortíssimo. Para as pessoas, o ozônio é um gás de odor

desagradável que irrita as mucosas e agrava doenças crônicas como asma e

bronquite. É importante ressaltar que o ozônio na troposfera é um poluente que

apresenta uma série de características que o torna prejudicial às pessoas, plantas

e animais. Na estratosfera, a cerca de trinta km de altitude, entretanto, o ozônio é

um gás que participa de uma série de reações químicas onde ocorre absorção de

radiação ultravioleta. Neste caso, a presença do ozônio, as reações químicas das

quais ele participa e os efeitos produzidos são benéficos para a vida aqui na

superfície da terra.

2.2.8 Clorofluorcarbonos (CFCs)

São compostos constituídos por três elementos: cloro, flúor e carbono.

Os mais importantes na indústria são conhecidos pelos nomes comerciais de

freon-11 e freon-12. Estas substâncias são compostos muito estáveis, não são

tóxicas e nem inflamáveis. São utilizados como solventes para limpeza de

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circuitos eletrônicos, gases para sistemas de refrigeração e condicionamento de

ar e gás propelente para tubos pressurizados. O problema com os CFCs é duplo:

além de participarem do ciclo de produção-destruição de ozônio na estratosfera,

impedindo a absorção da radiação ultravioleta, os clorofluorcarbonos também

participam da absorção seletiva da radiação de ondas longas que é emitida pela

terra, aumentando o efeito estufa na atmosfera (Dantas, 2003).

2.3 Combustíveis não renováveis

Com a crise do petróleo, na década de 1970, houve uma conscientização

do alto grau de poluição causado pelos combustíveis fósseis (petróleo/carvão

mineral) e intensificaram-se os estudos com combustíveis alternativos aos

derivados de petróleo (Saturnino et al., 2005).

Nabi et al. (2006) ilustram que, enquanto as fontes do petróleo do mundo

se estão tornando confinadas, a atenção foi dirigida a encontrar fontes

alternativas dos combustíveis para os motores. A natureza não renovável e os

recursos limitados de combustíveis do petróleo transformaram-se em uma

matéria de grande interesse. Após o embargo do óleo em 1973, tornou-se muito

importante estudar as fontes alternativas do combustível para o motor diesel, por

causa do interesse sobre a disponibilidade e o preço do petróleo. O reservatório

atual dos combustíveis usados nos motores internos da combustão, incluindo o

diesel, esgotará dentro de quarenta anos se consumido em uma taxa crescente

estimada na ordem de 3% por ano. Todos estes aspectos atraíram a atenção para

conservar e esticar as reservas do óleo com a pesquisa alternativa de

combustível.

2.3.1 Emissões de poluentes pelo consumo de óleo diesel

Em Bangladesh, o diesel é usado primeiramente para a geração do

transporte, da agricultura e de eletricidade. Bangladesh, que cresce indústrias

rapidamente, tem ainda um muito baixo consumo de energia per capita de 245

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quilogramas do óleo equivalente por ano, em comparação a 7.200 quilogramas

para EUA e a 670 quilogramas para a China (Nabi et al., 2006).

Nos últimos anos, diversos setores da economia do Brasil vêm

contribuindo para esse aumento nas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Um deles é o setor de transportes, grande consumidor de combustíveis fósseis.

Foram consumidos 84.074.421 m3 de combustíveis fósseis, em 2005. Destes,

39.137.364 m3 foram de óleo diesel. No Estado do Espírito Santo, o volume de

diesel consumido chegou a 741.141 m3 no mesmo ano, gerando emissões de

gases de efeito estufa correspondentes a 2.035.003,5 ton CO2 1 (Agência

Nacional do Petróleo, 2007).

Analisando o consumo de óleo diesel de duas grandes empresas no

Estado do Espírito Santo, Samarco e Aracruz Celulose, verificou-se a geração de

139.283,10 ton CO2 1 , referentes ao consumo de 50.726,44 m3 de óleo diesel em

suas operações, no ano base de 2005. (Aracruz Celulose, 2005; Samarco, 2005).

2.4 Aquecimento global

Segundo IPCC (2001), as concentrações de gases atmosféricos do efeito

estufa aumentaram no século XX em conseqüência das atividades humanas,

segundo estudos recentes do painel climático da ONU, Painel

Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC).

Quase todos os gases do efeito estufa alcançaram seus níveis gravados mais

elevados nos anos 1990 e continuam a aumentar (veja figura 1). O dióxido de

carbono atmosférico e o metano variaram substancialmente durante ciclos

glacial-interglacial nos 420.000 anos passados, mas mesmo o maior destes

valores primitivos é muito menor do que suas concentrações atmosféricas atuais.

_________________________ 1 As Emissões de GEE obedeceu ao protocolo de cálculo adotado pelo Greenhouse Gas Protocol

Initiative (2004) - Mobile Guide (21/3/05) v1. 3.

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O CO2 e CH4 são os primeiro e segundo mais importantes,

respectivamente, causados pela atividade humana. Dos anos 1750 a 2000, a

concentração do CO2 aumentada por 31±4%, e aquela de CH4 levantaram-se por

151±25%. Estas taxas de aumento são improcedentes. A queima do combustível

fóssil liberou-se na média 5,4 Gt C/ano (gigatoneladas de carbono) durante os

anos 1980, aumentando a 6,3 Gt C/ano na década subseqüente.

Aproximadamente três quartos do aumento no CO2 atmosférico durante os anos

1990 foram causados pela queima de combustíveis fósseis. Com a mudança do

uso da terra, o desmatamento é responsável pelo resto.

De acordo com Labeckas & Slavinskas (2006), a poluição ambiental do

ar aumentou drasticamente durante as últimas décadas por causa do número

crescente de trens pesados, tratores poderosos, modernas máquinas agrícolas e

carros pessoais. A comissão de política européia de papel prediz que, pelo ano

2010, as emissões do CO2 do transporte se terão levantado a aproximadamente

1.113 milhões toneladas anualmente com a responsabilidade principal sobre o

transporte rodoviário, que explica 84% das emissões de CO2 relacionadas ao

transporte.

Assim, no último século, as atividades humanas tiveram um papel cada

vez mais importante na mudança ambiental global. Os impactos humanos no

ambiente aumentaram enormemente enquanto a população do mundo cresceu e a

escala de atividades humanas tais como a indústria, a agricultura, e a extração de

recursos naturais aumentaram. As emissões industriais na atmosfera podem

influenciar o clima. As mudanças no uso de terra, como derrubar florestas para a

produção agrícola, podem quebrar ecossistemas naturais e afetar a química da

atmosfera. As atividades humanas afetam o ambiente e a vida e a sociedade

humana é afetada em muitas maneiras importantes por mudanças no sistema

ambiental global. Secas causam falhas nas colheitas, faltas do alimento, má

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nutrição e inanição. A seca persistente pode tornar a terra agrícola fértil em

deserto.

Os deslocamentos na circulação e na temperatura do oceano afetam a

produtividade da pesca. O derretimento do gelo polar pode levantar níveis do

oceano bastante para ameaçar cidades litorais. A variação do clima pode trazer

tempestades mais severas e aumento em perda de vidas, bens materiais a

algumas regiões e um tempo mais benigno a outras. A mudança ambiental

global é um dos desafios maiores na face da humanidade de hoje. Aqueles que

fazem política e decisões para nossa sociedade necessitam ferramentas melhores

para ajudar-lhes a enfrentar este desafio. Ferramentas que devem ser forjadas

com a compreensão melhorada do comportamento do sistema global que define

o ambiente de nosso planeta e as opções que estão disponíveis para responder às

mudanças neste sistema complexo (Interamerican Institute for Global Change

Research, 2007).

Recentemente, discussões são permanentes na mídia. Desde o protocolo

de Quebec, Canadá (1988) e a conferência internacional Rio 92, no Rio de

Janeiro, as propostas de controle ambiental das emissões globais tem sido

frequentemente ratificadas (Dantas, 2003).

2.4.1 Efeito estufa e Protocolo de Kioto

Conforme descrito por Aracruz Celulose S.A. (2007), presente em

discussões teóricas há cerca de duzentos anos e conhecido por esse nome há

mais de um século, o efeito estufa é um fenômeno natural da atmosfera terrestre

pelo qual o calor das irradiações solares é parcialmente retido. Não fosse assim,

o calor do sol se dissiparia no espaço e tornaria a Terra inabitável para a maioria

das espécies. No entanto, nos últimos anos observou-se uma perigosa

intensificação desse fenômeno, devido ao aumento da concentração dos gases de

efeito estufa na atmosfera causada pelas atividades humanas. Cientistas apontam

que a temperatura média global aumentou entre 0,3ºC e 0,6ºC desde o final do

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século XIX e de 0,2ºC a 0,3ºC nos últimos quarenta anos. Projeções do IPCC

estimam uma variação de cerca de 2ºC até 2100, que poderá alterar o equilíbrio

do sistema climático e trazer sérias conseqüências para a biodiversidade e o

equilíbrio dos ecossistemas do planeta.

O debate internacional sobre mudanças climáticas acarretadas pela

influência humana tem se intensificado desde 1988, com a criação do IPCC.

Dois anos depois, o IPCC divulgou seu primeiro relatório, confirmando a

ameaça das mudanças climáticas e recomendando um tratado global para

discussão do problema. Em 1992, no Rio de Janeiro, durante a Conferência Eco

92, foi realizada a chamada Cúpula da Terra, quando 175 países assinaram a

Convenção sobre Mudanças Climáticas, com o objetivo comum de reduzir a

níveis seguros as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

O Protocolo de Kioto, adotado em 1997 como um componente da

Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas, continha, pela primeira vez, um

acordo vinculante que obrigava os países industrializados a reduzir suas

emissões de GEE em 5,2% entre 2008 e 2012, em relação aos níveis verificados

em 1990. As negociações em torno do Protocolo se estenderam até 2004, quando

a Rússia ratificou o documento. Para entrar em vigor - passando a ser um

Tratado - era necessária a aprovação de um número de países que representasse

pelo menos 55% das emissões mundiais de carbono. O Tratado de Kioto entrou

em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005.

Com o Protocolo de Kioto, cria-se um mercado mundial de crédito de

carbono. Os países que não conseguirem reduzir suas emissões de GEE poderão

comprar créditos dos países que contribuem para retirar esses gases da atmosfera

em quantidade maior do que emitem. O Protocolo de Kioto abrange seis gases

de efeito estufa produzidos por atividades humanas: dióxido de carbono, metano,

óxido nitroso, hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e

hexafluoreto de enxofre (SF6).

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Controle (2007) relatou que o IPCC emitiu seu primeiro relatório em

fevereiro de 2007, dizendo que pelo menos 90% da culpa pelo aquecimento

podem ser atribuídos aos humanos. O segundo, em abril, advertiu para o perigo

de mais secas, fome, ondas de calor e elevação dos níveis do mar.

Ambientalistas alertam que acabou o tempo de contestação dos governos.

O relatório calcula que a estabilização das emissões nocivas custará entre

0,2% a 3% do produto interno bruto mundial até 2030, dependendo da rigidez

dos cortes. Afirma que as temperaturas subirão entre 2 e 2,4 graus centígrados

acima dos níveis pré-industriais, mesmo com as medidas dos cortes. A União

Européia deixa claro que a elevação de dois graus pode significar mudanças

perigosas para o sistema climático.

Teixeira Júnior (2006) alerta que o clima do planeta Terra nunca

registrou alterações tão dramáticas quanto agora. O aumento de dois graus

centígrados pode afetar um sexto da população do planeta. A emissão dos gases

do efeito estufa continua crescendo, apesar do Protocolo de Kioto e dos limites

impostos aos países ricos. China e Índia continuam queimando carvão para

empurrar sua economia adiante. O Brasil vive a situação ambígua de ser o país

das hidrelétricas e do etanol, mas também de ser visto como vilão do

desmatamento na Amazônia. Para estabilizar os níveis de CO2 na atmosfera a

níveis seguros amanhã, o trabalho precisa começar hoje. Cada vez mais,

consumidores, políticos e investidores acreditam que essa é uma tarefa que

também cabe às empresas.

2.5 Mitigação dos impactos ambientais

A popularidade crescente de combustíveis renováveis apóia-se na

intenção de criar novas oportunidades para uma agricultura multifuncional e

sustentável no desenvolvimento rural em mercados orientados de produção de

óleos vegetais não alimentares. O uso total dos biocombustíveis, como a energia

limpa e renovável no transporte em estradas, linhas de ferro, ônibus da cidade e

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os setores agrícola e florestal, com um respeito especial aos parques nacionais,

são a única maneira lidar com os desafios novos de problemas ambientais.

Assim, preserva-se a diversidade da natureza e protege-se a saúde dos povos e a

vida selvagem também (Labeckas & Slavinskas, 2006).

A tendência de redução de emissões está difundida nos setores de

negócios. Na Inglaterra, o Carbon Disclosure Project objetiva ver o que as

maiores empresas de capital aberto do mundo estão fazendo para reduzir

emissões de CO2: quantas toneladas de CO2 emitem e como anda sua matriz

energética. Empresas como a Wal Mart e a GE determinaram metas de

economia de energia e de vendas de equipamentos que não agridam o meio

ambiente. Os bancos ABN Amro Real e Bradesco adotaram o conceito neutro

em carbono. Analisaram o impacto de suas atividades, calculando o montante de

gases emitidos anualmente. Juntos, os dois bancos produzem 80 mil toneladas de

CO2 por ano (Teixeira Júnior, 2006).

Aqui no Brasil, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) testa o

desempenho de duas locomotivas movidas com mistura de 20% de biodiesel ao

diesel convencional (Companhia Vale do Rio Doce, 2005). A Aracruz Celulose

acompanha atentamente as discussões globais sobre mudanças climáticas e está

consciente da importância do controle das concentrações de gases de efeito

estufa na atmosfera como forma de prevenir os efeitos adversos dessa

concentração e garantir o equilíbrio climático do planeta.

A Aracruz aderiu à Bolsa de Carbono de Chicago (CCX) em 2005 e foi a

primeira empresa latino-americana a assumir metas de redução de emissões de

GEE. As metas assumidas pela Empresa na CCX estabelecem uma redução de

1% das emissões de 2003, 2% das emissões de 2004, 3% das emissões de 2005 e

4% das emissões de 2006 em relação à linha de base.

As estimativas de estoques de carbono nas áreas de plantios e de reservas

nativas da Aracruz podem ser visualizadas na figura 2 e na tabela 2.

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Nos últimos anos, diversas iniciativas da empresa vêm contribuindo para

esse objetivo. Uma delas foi a implantação do modal de transporte marítimo de

madeira, que possibilitou a redução, na rodovia BR 101, de aproximadamente

cem viagens diárias de caminhões - que levam madeira dos plantios até a

Unidade Barra do Riacho, no Espírito Santo (Aracruz Celulose S.A., 2007).

2.5.1 Medidas sugeridas pelo IPCC

Para mitigar todo o efeito maléfico do aquecimento global, Controle

(2007) divulgou as medidas sugeridas pelo IPCC. A utilização do chamado

preço do carbono seria uma das principais opções para reduzir as emissões dos

gases do efeito estufa. Quanto mais alto for esse preço, mais interessará aos

usuários de energias fósseis recorrerem a tecnologias e modos de consumo mais

sábios e mais rápida e abundante será a redução das emissões. Todos os setores

têm potencial significativo de redução de emissões até 2030, segundo o IPCC:

1. Reduzir o uso das energias fósseis (petróleo, gás, carvão). Diminuir as

subvenções às energias fósseis e impor uma taxa-carbono. Tecnologia ainda

experimental, a captura e armazenamento de CO2 consiste em captar as emissões

de CO2 das grandes instalações industriais e armazená-las sob a terra, em poços

de petróleo antigos ou cavernas. Isso oferece um potencial significativo dentro

de vinte anos.

2. Incentivar as energias renováveis. Incentivar e favorecer o

desenvolvimento eólico, solar, geotérmico e outras energias limpas com

subvenções, obrigações regulamentares ou tarifas impostas. Isso permitirá que as

energias renováveis sejam competitivas em relação às fósseis. A um preço de

carbono situado entre vinte e cem dólares a tonelada, as energias renováveis

poderão representar de 30% a 35% do abastecimento de eletricidade até 2030.

3. Reduzir a poluição dos transportes. Reforçar as restrições de emissão

de CO2 para os veículos, incentivar os transportes públicos e os meios de

transportes não motorizados, aumentar os impostos de compra de automóveis e

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combustíveis. A um preço de 25 dólares a tonelada de CO2, os biocombustíveis

representariam uma parte do mercado de 10%.

4. Edifícios mais ecológicos. Os edifícios são um dos maiores emissores

de CO2. Normas de construção mais severas, moradias melhor isoladas, sistemas

de calefação e ar condicionado mais sábios permitiriam importantes economias

energéticas. Cerca de 30% das emissões de CO2 devido ao setor da construção

poderia ser evitado dessa maneira, até 2020, com um maior benefício, levando

em conta a diminuição dos custos de calefação/eletricidade.

5. Reduzir as emissões da indústria. Subvenções, incentivos fiscais,

certificados de emissões de CO2 e mercados de permissões, como o mercado

europeu de carbono iniciado pelo Protocolo de Kioto, contribuem para reduzir as

emissões industriais.

6. Agricultura e florestas. Incentivos financeiros permitiriam modificar

as práticas agrícolas e preservar as florestas. A vegetação absorve o CO2 na fase

de crescimento, depois o armazena, enquanto que o desmatamento volta a

mandar quantidades importantes de CO2 para a atmosfera.

Em seu relatório mais recente, o IPCC (2007) diz que uma grande

variedade de políticas nacionais e de instrumentos está disponível aos governos

para criar os incentivos para mitigar as mudanças climáticas. Sua aplicabilidade

depende das circunstâncias nacionais e de uma compreensão de suas interações,

mas a experiência da execução em vários países e setores mostra que há

vantagens e desvantagens para cada instrumento.

2.5.2 Oportunidades na agricultura

Powlson et al. (2005) sugerem que a agricultura também pode contribuir

para cortar as emissões de gases de efeito estufa de diversas maneiras, incluindo:

1. Diminuir o uso do combustível fóssil ou das entradas que têm um

grande uso do combustível fóssil durante sua manufatura - inclui fertilizantes,

pesticidas e maquinaria;

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2. Usar terras agrícolas para produzir bioenergia e substituir

parcialmente combustíveis fósseis para a produção de energia, o aquecimento ou

o transporte da eletricidade;

3. Usar produtos agrícolas existentes como fontes de energia em vez de

seu uso atual;

4. Evitar desperdícios agrícolas para a produção de energia;

5. Adotar práticas que possibilitem o seqüestro do carbono (C) no solo

ou em plantas de ciclo longo a fim de removê-lo da atmosfera;

6. Adotar práticas que diminuem as emissões líquidas de GEE

(principalmente óxido nitroso e metano).

Um importante conceito, referenciado em Powlson et al. (2005), é a

geração de CO2 na indústria de fertilizantes. A manufatura do fertilizante do

nitrogênio (N) representa a maior emissão do CO2, devido a sua exigência de

energia elevada. Uma emissão de 0.86 quilogramas CO2-C/kg N é calculada.

Para o trigo de inverno, cultivado sob condições dos Estados Unidos (EUA),

com aplicações de N menores do que na Europa, as adubações de N representam

aproximadamente 60% de emissões totais do CO2.

Em vista da emissão elevada do CO2 associada com o fertilizante de N,

seu uso em culturas para produção de energia deve ser minimizado. De outra

maneira o benefício ambiental destas colheitas é reduzido severamente. Uma

possibilidade a ser investigada é se leguminosas podem ser consorciadas com as

culturas perenes de biomassa, como um método de se satisfazer suas exigências

modestas de N. Também, as emissões são diminuídas se N puder ser fornecido

das leguminosas ou da reciclagem de adubos orgânicos.

Há um alvo da Comunidade Européia (EU) para incremento no uso de

combustíveis renováveis no transporte de 2% em 2007 e por 5.75% em 2010.

Realizou-se a projeção de cenários possíveis para produção de energia a partir de

culturas de biomassa. Deve-se fazer um ajuste no uso da terra, sabendo-se que

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haveria modificações no uso de áreas de culturas de biomassa para a geração de

eletricidade. Uma outra possibilidade seria substituir os cereais cultivados em

locais que são de baixa produtividade ou aqueles cultivados em solos onde a

erosão é um risco principal. A conversão de uma cultura arável anual a um

perene diminuiria extremamente o risco da erosão.

A conversão às culturas de biomassa poderia ser economicamente

benéfica sobre as extensas áreas de gramíneas, áreas de terra não apropriadas

para a agricultura normal ou local anteriormente industrial (Powlson et al.,

2005).

2.6 Combustíveis renováveis

De acordo com as medidas sugeridas pelo IPCC, a ampla utilização dos

biocombustíveis traz alívio para o planeta, como uma atitude ambientalmente

mais amigável. Dentro deste aspecto, muitos estudos estão sendo feitos para

viabilizar a sua implementação.

Cem anos atrás, óleo vegetal foi testado por Rudolf Diesel como o

combustível para seu motor. Com o advento do petróleo barato, frações

apropriadas do óleo cru foram refinadas para servir como combustível. Nos anos

1930 e 1940, os óleos vegetais foram usados como combustível diesel, mas

somente em situações da emergência. Recentemente, por causa dos aumentos em

preços de óleo cru, dos recursos limitados do óleo fóssil e dos interesses

ambientais houve um foco renovado nos óleos vegetais e nas gorduras animais

para produzir biodiesel. O uso continuado e crescente do petróleo intensifica a

poluição de ar local e amplia os problemas do aquecimento global causado por

CO2.

Em um caso particular, a emissão dos gases em ambientes fechados de

minas subterrâneas, o combustível de biodiesel tem o potencial reduzir o nível

dos poluentes e o nível de elementos carcinogênicos potenciais ou prováveis

(Ma & Hanna, 1999).

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Segundo Miragaya (2005), consideram-se como biocombustíveis os

produtos originados da biomassa usados na produção de energia, os quais podem

se sólidos: lenha e carvão vegetal; gasoso: biogás; e líquidos: álcoois (etanol

produzido de cana-de-açúcar e metanol, de madeira), óleos e gorduras de origem

vegetal ou animal e o biodiesel. O uso de biocombustíveis apresenta várias

justificativas econômicas, sociais e ambientais, conforme as regiões de sua

fabricação e emprego. Dentre as vantagens ambientais do uso de

biocombustíveis líquidos destaca-se a diminuição das emissões, pelos veículos

automotores, de gases e/ou partículas prejudiciais à saúde humana ou ao meio

ambiente, como o monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de enxofre e

nitrogênio e de gases do chamado efeito estufa, principalmente o dióxido de

carbono.

A Embrapa Agroindústria de Alimentos, unidade da Empresa Brasileira

de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sediada no estado do Rio de Janeiro, está

desenvolvendo estudos para a produção do etanol a partir de enzimas extraídas

do bagaço da cana-de-açúcar e de outros resíduos agrícolas e florestais, como

madeiras. Para viabilizar a produção dos microorganismos que produzem essas

enzimas, a Embrapa está lançando também um grande projeto de florestas

plantadas energéticas. Será estudado o aproveitamento dos resíduos de florestas

de eucaliptos e pinhos para a produção de biocombustíveis (Agência Brasil,

2007).

Embora a maioria da população urbana associe combustível apenas ao

abastecimento de veículos, ônibus e caminhões, essa questão é muito mais

ampla e complexa. Implica no abastecimento de tratores e máquinas agrícolas,

navegação aérea, marítima e fluvial, funcionamento de motores estacionários,

tanto na geração de energia elétrica, como no funcionamento de muitas

máquinas de beneficiamento de produtos nas comunidades do interior sem

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acesso à energia elétrica. Também, na substituição da lenha e carvão mineral ou

vegetal no fogão doméstico (Saturnino et al., 2005).

2.6.1 Biodiesel

Biodiesel, um combustível diesel alternativo, é feito das fontes

biológicas renováveis tais como os óleos vegetais e as gorduras animais. É

biodegradável e não tóxico, tem perfis baixos da emissão e, assim, é

ambientalmente benéfico (Ma & Hanna, 1999).

O biodiesel é um combustível constituído de uma mistura de ésteres

metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação química de

transesterificação de qualquer triglicerídeo (óleos vegetais, óleos/gorduras

animais, reaproveitamento de óleos usados em frituras e de rejeitos da extração e

purificação de diversos óleos) com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol.

Há registros da utilização do combustível de óleos vegetais ou de seus ésteres,

conhecidos como biodiesel, desde a montagem dos primeiros protótipos de

motores de ignição por compressão por Rudolf Diesel, no final do século XIX

(Miragaya, 2005).

Labeckas & Slavinskas (2006) ressalta que a aplicação do óleo puro de

canola, como uma alternativa barata e conveniente nos motores diesel

convencionais, foi mal promovida por causa de alguns problemas técnicos

relacionados à densidade elevada, viscosidade, filtração deficitária e volatilidade

baixa. Na Europa, um dos combustíveis renováveis mais populares é o éster

metílico de canola (RME – biodiesel de canola) porque seu uso em motores

diesel contribui a uma redução da poluição de ar ambiental. Na Áustria e na

Alemanha, o biodiesel puro é usado extensamente, visto que na França, Itália,

Espanha, Suécia, República Tcheca e outros países europeus até 25-30%

misturas RME-Diesel do combustível convencional são populares.

Para solucionar os inconvenientes do uso direto de óleos vegetais nos

motores diesel, estudos iniciados na Bélgica em 1940 visaram a

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transesterificação. Foi feita produção em escala semi-industrial da mistura de

ésteres etílicos com o óleo de dendê, para utilização direta em motores diesel. O

processo industrial não apresentou dificuldades técnicas, sendo muito baixo o

consumo energético para sua obtenção (Martins, 1981). De diversos métodos

disponíveis para produzir o biodiesel, a transesterificação de óleos naturais e as

gorduras é atualmente o método escolhido. A finalidade do processo é abaixar a

viscosidade do óleo ou da gordura (Ma & Hanna, 1999).

A transesterificação melhora as propriedades técnicas do RME de modo

que se encontre com as exigências ser usado nos motores diesel modernos.

A vantagem principal relacionada ao uso de biodiesel de canola nos motores

diesel é o índice de oxigênio elevado dos ácidos graxos. Assim, causa uma

combustão mais completa e origina emissões mais baixas de espécies

prejudiciais, tais como material particulado e a fumaça. Como outros

combustíveis renováveis, RME são biodegradáveis, não-tóxicos e livres de

enxofre e, conseqüentemente, nenhum sulfato é formado e as emissões do

material particulado podem ser reduzidas em até 24%. Adição de biodiesel de

canola ao combustível diesel também melhora as propriedades lubrificantes das

misturas de combustível quando comparadas ao combustível diesel convencional

de baixo teor de enxofre (Labeckas & Slavinskas, 2006).

Nabi et al. (2006) testaram o efeito da mistura de biodiesel de neem ao

diesel em motores diesel, comparando os resultados com a performance do

combustível diesel convencional. A emissão de fumaça e de monóxido de

carbono foi reduzida em 4%, enquanto que a emissão de NOx foi aumentada em

5%. As reduções no CO e nas emissões de fumaça e o aumento na emissão de

NOx com misturas diesel-biodiesel de óleo de neem podem ser associados com

o índice de oxigênio no combustível.

Segundo Labeckas & Slavinskas (2006) e Carraretto et al. (2004), as

características da emissão dos motores diesel que operam em RME e das suas

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misturas com combustível diesel foram relatadas nos vários papéis de pesquisa.

Em muitas investigações, as reduções em monóxido de carbono,

hidrocarbonetos (HC) e emissões de fumaça e material particulado, junto com

um NOx mais elevado, nas exaustões foram determinadas. Testes conduzidos

em motor diesel operado com mistura de 20% biodiesel de soja com

combustível diesel provou que o índice de fumaça, os CO e os HC estiveram

diminuídos de 8% a 63%, 2% a 29% e 3% a 60%, respectivamente, enquanto

que as emissões de NOx aumentaram de 0.5% a 18% (Labeckas & Slavinskas,

2006).

Carraretto et al. (2004) observaram que a média de redução em CO e

HC, com uso de biodiesel a 30% em mistura, foi de 13,5% e 3%

respectivamente. Grande contribuição foi o teor de oxigênio presente no

biodiesel. Os valores de NOx, ao contrário, tiveram um aumento de 9%, sendo

de acordo com os muitos resultados na literatura.

2.6.2 Benefícios do óleo vegetal como combustível

As oleaginosas são representadas por diversas famílias botânicas. As

regiões tropicais do planeta possuem condições privilegiadas de adaptação e

com bons rendimentos para essas plantas. Além do óleo como principal

importância econômica, as plantas oleaginosas reúnem uma ampla diversidade

no seu aproveitamento. A torta de extração possui alto teor protéico, com

potencialidade para uso na alimentação humana ou animal e também como

adubo natural. Outras partes dos vegetais podem fornecer outros produtos úteis:

folhas (chás, medicamentos), frutos (corantes, bebidas), troncos (material para

construção, palmitos) e raízes (fontes de açúcar e álcool).

O plantio de muitas oleaginosas permite combate à erosão, recuperação

de solos em processo de degradação, manejo de água no solo, cerca-viva ou

fixação de nitrogênio no solo (no caso das leguminosas). Com esses interesses

primários do plantio, a produção paralela de óleo acaba sendo uma vantagem

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adicional, pois representa uma renda adicional no meio rural (tabela 3), assim

como uma diversificação de produtos (Empresa de Pesquisa Agropecuária de

Minas Gerais, 2005). A tabela 4 ilustra os rendimentos de algumas plantas

oleginosas.

Dentre as plantas oleaginosas, o pinhão-manso tem se destacado como

uma planta rústica, perene, adaptável a uma vasta gama de ambientes e

condições edafo-climáticas. É tolerante à seca e pouco atacado por pragas e

doenças, não é comido por vertebrados herbívoros, bovinos principalmente. Já é

conhecido e cultivado, quase sempre como cerca-viva. O pinhão-manso é uma

planta da família Euphorbiaceae, de cujas sementes se extrai um óleo inodoro

que queima sem emitir fumaça e possível de ser empregado na fabricação do

biodiesel. Seu óleo não é comestível e, portanto, não seria desviado para a

alimentação humana.

Estudos, sobre a cultura do pinhão-manso, feitos na África e Ásia visam

o aumento e a racionalização dessa cultura, a agricultura familiar, a geração de

emprego e renda para mulheres com fabricação de sabão, a melhoria das

condições de saúde pela diminuição da poluição da fumaça dentro das

habitações, a geração de energia para motores estacionários. (Saturnino et al.,

2005).

2.6.3 Boom do biodiesel

Na década de 1980, a Comissão Nacional de Energia (CNE) elaborou a

política de óleos vegetais para fins carburantes. O Governo, então, criou a

Política Nacional de Substituição do Óleo Diesel.

Para sustentar a crescente demanda de óleos vegetais no período de

1980-1990, a CNE estudou a adoção de uma série de medidas produtivas

incluindo:

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- introdução e ampliação de culturas oleaginosas tradicionais e novas,

com a utilização de áreas disponíveis nos períodos de entressafras ou em rotação

com outras culturas;

- desenvolvimento da assistência técnica e extensão rural aos produtores

de oleaginosas; e

- incentivo ao extrativismo de espécies nativas para aproveitamento dos

imensos povoamentos naturais, especificamente palmáceas.

Para êxito do programa de substituição do diesel por óleos vegetais,

deverá haver seleção de espécies oleaginosas com maior produtividade de

óleo/ha.ano (Martins, 1981).

Estamos vivendo o segundo boom do biodiesel. O primeiro ocorreu na

década de 1980, quando a motivação estava atrelada ao aumento do preço do

petróleo aliado à enorme dependência brasileira pelos combustíveis fósseis.

Hoje, vivemos em meio a uma conjuntura econômica bem diferente, em que a

questão social e os efeitos maléficos ao meio ambiente constituem-se em vetores

que, somados aos novos preços praticados para o ouro negro, contribuem para

uma resultante de desordem constatada por muitos estudiosos em diversas áreas

do conhecimento. Já foi possível a implantação de uma sólida plataforma para

produção de biocombustíveis, ou seja, o Programa do Álcool, mesmo com os

problemas sociais e ambientais advindos dessa nobre iniciativa. O sucesso do

Programa Alemão de Biodiesel, visitado exaustivamente por diversas

personalidades e pesquisadores brasileiros, deve ser imitado, visando à

consolidação dessa nova matriz energética como mais um exemplo a ser

mostrado para o mundo (Teixeira, 2005).

2.6.4 Programa do Governo Federal e legislação

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é um

programa interministerial do Governo Federal que objetiva a implementação de

forma sustentável, tanto técnica, como economicamente, a produção e uso do

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biodiesel. É forte o enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional,

via geração de emprego e renda (Governo federal, 2007).

Para tanto, o Governo Federal instituiu a Lei nº. 11.097, de 13 de janeiro

de 2005, que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética

brasileira. Com a Lei, é estabelecida a obrigatoriedade da adição de um

percentual mínimo de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor,

em qualquer parte do território nacional. Esse percentual obrigatório será de 5%

oito anos após a publicação da referida lei (ou seja, em 2013), havendo um

percentual obrigatório intermediário de 2% três anos após a publicação da

mesma, a partir de 2007 (Brasil, 2005).

Para estimular ainda mais esse processo, o Governo Federal lançou o

Selo Combustível Social, um conjunto de medidas específicas visando estimular

a inclusão social da agricultura, nessa importante cadeia produtiva. Além das

vantagens econômicas e ambientais, há o aspecto social, de fundamental

importância, sobretudo em se considerando a possibilidade de conciliar

sinergicamente todas essas potencialidades.

O cultivo de matérias-primas e a produção industrial de biodiesel, ou

seja, a cadeia produtiva do biodiesel tem grande potencial de geração de

empregos, promovendo, dessa forma, a inclusão social, especialmente quando se

considera o amplo potencial produtivo da agricultura familiar. No Semi-Árido

brasileiro e na região Norte, a inclusão social é ainda mais premente.

No Semi-Árido, por exemplo, a renda anual líquida de uma família a

partir do cultivo de cinco hectares com mamona e uma produção média entre

setecentos e 1,2 mil quilos por hectare, pode variar entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5

mil. Além disso, a área pode ser consorciada com outras culturas, como o feijão

e o milho (Governo Federal, 2007).

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2.6.5 Preparo dos motores

A Caterpillar Brasil, em 1980, usou em motores com câmara de pré-

combustão uma mistura do óleo vegetal de 10%. Com isso, manteve o poder

total sem nenhuma alteração ou ajuste no motor. Nesse ponto, não era prática

substituir o óleo vegetal em 100% para o combustível diesel, mas uma mistura

do óleo vegetal de 20% e do combustível diesel de 80% era bem sucedida.

Algumas experiências a curto prazo usaram até uma relação de 50/50 (Ma &

Hanna, 1999).

Na Alemanha, já existem carros andando com o B100, ou seja, 100%

biodiesel e o motorista nem sente a diferença. No Brasil, todas as montadoras

estão se preparando para a utilização do biodiesel. Ford, Mercedes-Benz e Volvo

prepararam os motores de seus caminhões e ônibus para receber o B2, atendendo

às especificações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O percentual de 2%

do biodiesel mostra tendências de redução entre 2% e 4% das emissões de

material particulado, hidrocarbonetos e monóxido de carbono. O uso de B2 não

alterou nenhum resultado tanto em performance, quanto em consumo ou

durabilidade do motor (Reis, 2006).

Algumas indústrias (Volkswagen, Audi, Mercedez-Benz) garantiram

seus motores para uso de biodiesel (Carraretto et al., 2004).

O desempenho de motor em RME e suas misturas com combustível

diesel, assim como as características de suas emissões, dependem das

características técnicas dos motores, tais como pressão na câmara de combustão

e ângulo de injeção. Conseqüentemente, os resultados de teste de diferentes

motores podem variar substancialmente. Adicionalmente, a maioria de emissões

reguladas, produzidas pelo biodiesel, depende das rotações do motor e das

condições de carga.

Labeckas & Slavinskas (2006) elucidaram que somente as misturas

baixas da concentração RME poderiam ser reconhecidas como as candidatas

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potenciais a serem certificadas para o uso em escala nos motores não

modificados. A concentração mais elevada mistura B20, B35 e RME puros

provaram-se como alternativas eficientes a ser usadas principalmente em

rotações baixas e em cargas pesadas. Em velocidades mais elevadas, o

desempenho de motor nas misturas B20, B35 e RME tiveram mudanças

significativas, gerando energia em média 8.7-8.0% mais baixa e um consumo

específico 4.7-6.4% mais alto. Em todas as velocidades, as emissões do

monóxido de carbono (CO) para todos os biocombustíveis permanecem até

51.6% mais baixos e a opacidade da fumaça em relação ao combustível diesel

em média 13.5-60.3% mais baixo.

Os resultados de teste indicam que devido ao custo completamente

comparável e às vantagens reais nos termos da eficiência do desempenho e

ambiental em emissões amigáveis, misturas do biocombustível de até 10%

poderia ser considerado como as candidatas preliminares a serem postas em

prática para o uso em escala nos motores diesel não modificados.

2.6.6 Limites sócio-ambientais

A demanda mundial de energia cresce em ritmo acelerado, agravando o

problema do aquecimento global. Sem revisão dos modelos de consumo,

sobretudo no setor de transporte, ausência de políticas e programas definidos

condena a sociedade a reproduzir erros ambientais e sociais do passado.

À medida que cresce a preocupação com os impactos do aquecimento

global, as discussões sobre mudança da matriz energética mundial ganham força.

Nesse cenário, os combustíveis à base de biomassa (biocombustíveis) assumem

a liderança.

Antes da popularização do fenômeno do aquecimento global, a maior

preocupação em relação à dependência de energia, em especial a derivada de

combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás), devia-se ao esgotamento dessas

fontes energéticas. Segundo alguns estudos, no nível atual de consumo global de

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combustíveis fósseis, as reservas de petróleo agüentariam mais quarenta anos, as

de gás natural, sessenta e as de carvão 220 anos.

De um lado, os altos preços do petróleo; do outro, os impactos

ambientais da queima desse combustível; no meio, a crescente demanda global

de energia. Para sustentar uma matriz energética menos nociva ao meio

ambiente e economicamente mais viável, o Brasil tem, como outras nações,

investido no biodiesel - considerado uma das formas mais eficazes de minimizar

a emissão de poluentes na atmosfera. Um dos motivos para a aposta no biodiesel

é a gama de matérias-primas que pode ser utilizada, como soja, mamona, dendê,

babaçu, girassol, algodão, amendoim, canola ou colza, maracujá, abacate,

oiticica, linhaça e tomate. Também podem ser usadas gorduras animais e

residuais.

O cenário das mudanças climáticas e o Protocolo de Kioto fizeram o

setor sucroalcooleiro enxergar grandes oportunidades de colocação de seu

produto no mercado, surgindo com isso algumas implicações: aumento do

consumo de água e de agrotóxicos, expansão da fronteira agrícola, contaminação

de lençóis subterrâneos e o desmatamento e a eliminação de fragmentos

florestais.

Se por um lado os biocombustíveis ajudam a resolver o problema das

mudanças climáticas, por outro eles tendem a agravar problemas ambientais

locais. A soja e a cana-de-açúcar podem sobrepor outras culturas e empurrá-las

em direção à região amazônica. Isso pode fragilizar o compromisso de aumentar

a inclusão social, gerar emprego, atender e resolver questões do campo.

A maioria dos cidadãos brasileiros desconhece a dimensão social e

ambiental da expansão do mercado de biocombustíveis. Sem essas informações

e revisão dos níveis de consumo, o erro da abundância poderá se repetir, mesmo

diante de tantos esforços para mudar a matriz energética (Victor, 2006).

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2.7 Produção de biodiesel

Segundo Governo Federal (2007), a área plantada necessária para

atender ao percentual de mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é

estimada em 1,5 milhões de hectares, o que equivale a 1% dos 150 milhões de

hectares plantados e disponíveis para agricultura no Brasil.

2.7.1 Estrutura fundiária

Conforme relatado em Tomaselli & Siqueira (2006), dados do IBGE

publicados em 2004 sobre o uso da terra no Brasil, em propriedades privadas,

mostram que o Governo (federal ou estadual) não tem atuado no setor produtivo

e na grande maioria, são as propriedades privadas que podem ser consideradas

para produção. Na tabela 5 e 6, visualiza-se a distribuição de terras rurais

privadas e seu uso no Brasil, segundo dados do IBGE. Nas figura 3 e 4,

apresenta-se de forma gráfica, a participação do uso das diversas categorias de

terras rurais privadas, considerando duas bases: área total das propriedades

privadas e área total de terras no país.

Como pode ser observado, a maioria das terras rurais privadas está

destinada para pecuária e agricultura. Esses dois usos representam 64% das

terras rurais privadas e ocupam cerca de 27% do território nacional. Outro uso

importante é o das florestas nativas que corresponde a 25% das terras rurais

privadas e ocupa cerca de 10% das terras do país. As florestas plantadas ocupam

apenas 0,6% da área total do país.

Conforme relatado anteriormente, para garantir a primeira fase do

Programa do Governo de Biodiesel, seria necessária uma área plantada de 1,5

milhões de hectares. Entretanto, para atender ao percentual de mistura de 2% de

biodiesel ao diesel de petróleo, essa área equivale a 3% dos 50,1 milhões de

hectares plantados e disponíveis para agricultura no Brasil, em terras privadas.

Para atender ao percentual de mistura de 5%, essa área subiria para o equivalente

a 7,5% da área agricultável no país.

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De acordo com o uso e ocupação do solo no Estado do Espírito Santo, há

grande potencial de uso da terra para produção de biomassa. De acordo com o

Censo Agropecuário - IBGE 1995/1996, existem 1.821.069 ha em áreas de

pastagem (39,4%) e 144.838 ha em áreas produtivas não utilizadas (3,1%). A

área destinada ao uso com agricultura abrange 828.522 hectares, representando

18% do uso total no Estado.

Na tabela 7 e na figura 5, visualiza-se a participação do uso das diversas

categorias de terras rurais, segundo dados do IBGE. No Estado do Espírito

Santo, mais de 60% das terras rurais poderiam se adequar a melhores índices de

produtividade com adoção de novas opções de produção. A avaliação sócio-

econômica feita para a eucaliptocultura por Floresta (2004), mostrou a

necessidade de conscientização dos produtores para a adoção de novas

atividades de produção em áreas de baixa produtividade. Os cafeicultores e

pecuaristas, com produtividades abaixo da média no Estado, estão em franco

processo de descapitalização e empobrecimento, podendo criar situações tipo:

ampliação do passivo da mão-de-obra familiar ou de empregos mal remunerados

e seus encargos e processo progressivo de queda do valor da terra pela falta de

uso das técnicas de conservação.

A diversificação na produção nas propriedades agrícolas cria frentes de

trabalho, permitindo a ocupação de mão-de-obra ociosa, e fixa o homem no

campo com novas perspectivas de trabalho. Além disso, gera impactos na

economia regional: expectativa de geração de renda, impostos e ocupação da

mão-de-obra. Permite, indiretamente, criar novas vagas em setores como o de

serviços (Floresta, 2004).

A análise feita por Tomaselli & Siqueira (2006), sobre o

desenvolvimento do setor industrial de base florestal, indica que as políticas de

desenvolvimento florestal atuais estão no risco porque o governo não tomou

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ações para resolver corretamente os assuntos relacionados à terra, um assunto

inteiramente sob sua responsabilidade.

Para o setor rural, de forma geral, também se o governo não tomar ações

responsáveis, o clima de investimento na economia do país irá deteriorar e isso

vai limitar os investimentos. Como resultado, os conflitos na área rural irão

continuar e o país irá perder uma importante opção de desenvolvimento, que

pode ter uma contribuição proeminente para a redução da pobreza.

2.7.2 Fomento para grandes empresas

Nas últimas décadas, o fomento florestal ganhou forma tecnológica e

opção de diversificação de produção acessível ao produtor. A exemplo disso,

esse tipo de modelo poderia se ajustar facilmente no setor de energia, facilitando

a mudança da matriz energética do Brasil. O biodiesel para abastecer grandes

indústrias como a Aracruz Celulose e a Samarco poderia também possuir uma

base semelhante.

De acordo com o diagnóstico ambiental feito por Floresta (2004), da

população residente na área de influência do Programa de Fomento Florestal da

Aracruz Celulose, 66,5% habitam na zona urbana e 33,5% habita na zona rural.

Fica evidente a necessidade de programas que incentive a fixação da população

na área rural, sendo o Programa de Fomento uma importante ferramenta para

atingir esse objetivo. Outro fator a ser considerado é a faixa etária daquela

população: 33% da população concentram-se na faixa etária de zero a 14 anos e

44% na faixa etária de 14 a 39 anos, o que evidencia o perfil jovem e de grande

potencial produtivo da população.

Alguns dos objetivos específicos do Programa de Fomento Florestal

implantado pela Aracruz Celulose S.A.:

- criação de alternativa de renda para os pequenos e médios proprietários

rurais;

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- permitir a geração de impostos, favorecendo a arrecadação dos

municípios envolvidos com o Programa de Fomento;

- promover a geração de empregos, direta e indiretamente reduzindo o

êxodo rural; e

- promover a educação preservacionista, através dos contatos realizados

pelo corpo técnico da Aracruz e cultura proporcionada pela implantação de

reflorestamentos.

No período de 1990-1998, a estrutura fundiária das propriedades que

participavam do Programa de Fomento Florestal implantado pela Aracruz

Celulose S.A. mostrou 75% das propriedades com área menos de dez hectares e

25% com área entre dez e cem hectares. Isso mostra que a grande maioria é

pequenos produtores.

Outro modelo de fomento no Brasil, a produção de fumo, também

mostra eficiência no sistema, pois 100% do abastecimento da indústria de fumo

no sul do Brasil advêm de áreas de pequenos produtores.

Conforme relatado por Souza Cruz (2007), pioneirismo e parceria com

os produtores de fumo, além de um moderno complexo de processamento,

trouxeram destaque mundial para a Souza Cruz na produção do fumo em folha.

Para obter a sua matéria-prima, a Souza Cruz atua de maneira integrada com

cerca de 45 mil famílias de agricultores, principalmente nos três estados da

região Sul do Brasil, em um sistema pioneiro de parceria que funciona desde

1918. A empresa fornece insumos e presta orientação aos produtores em todas as

fases da cultura de produção do fumo, além de garantir a compra de toda a

produção.

Os produtores típicos são minifundiários com propriedades que têm, em

média, vinte hectares de extensão, dos quais apenas 10%, ou seja, dois hectares

são empregados na produção de fumo, durante cerca de quatro meses ao ano.

Em geral, uma colheita rende aproximadamente dois mil quilos de fumo por

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hectare. No restante da propriedade o fumicultor diversifica, produzindo outras

culturas e criando animais – especialmente aves, suínos e bovinos.

A alta produtividade e estabilidade do mercado, onde os preços mínimos são

estabelecidos antes da safra, fazem desta a principal atividade econômica das

pequenas propriedades espalhadas por quase setecentos municípios, nos três

estados da região Sul. Grande parte do interesse dos agricultores na produção

vem do fato de que o fumo é, no Brasil, um dos poucos produtos agrícolas que,

devido ao sistema integrado de produção, têm a venda de toda a produção

garantida e apresenta altos níveis de sustentabilidade.

No Brasil, a Souza Cruz emprega, na época da safra, cerca de nove mil

pessoas e sua cadeia produtiva, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas,

gera cerca de 240 mil empregos e é responsável por mais de quatro bilhões de

reais em arrecadação de impostos e taxas por ano. Este estudo da Fundação

Getúlio Vargas, sobre a contribuição econômica da Souza Cruz ao

desenvolvimento do Brasil, mostra ainda que:

- A Souza Cruz está em 87% dos municípios produtores de fumo da

região sul.

- Mais de 22% da safra de fumo de 2003/2004 foram comprados pela

Souza Cruz.

- Em 2004, as compras da companhia geraram uma renda média de mais

de 17 mil reais por agricultor.

- O faturamento bruto das vendas da cadeia produtiva da Souza Cruz

superou 7,5 bilhões de reais em 2004.

- A produtividade do colaborador da Souza Cruz é 23 vezes maior que a

média brasileira.

- As despesas sociais da companhia somaram 1,1 bilhão de reais em

2004.

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- O total de impostos e contribuições da cadeia produtiva da Souza Cruz

ultrapassa quatro bilhões de reais por ano.

2.7.3 Cenários de redução da poluição com uso de biodiesel

Tendo em vista, o sucesso potencial na modalidade de fomento, torna-se

possível abastecimento de biodiesel para a Samarco e Aracruz Celulose. Os

cenários de redução da poluição do ar, com a implementação do uso do

biodiesel, podem ser vistos na tabela 8 e na figura 6.

Do montante total do consumo de 50.726,44 m3 de óleo diesel, a

Samarco e Aracruz Celulose geraram de 139.283,10 ton CO2, em 2005. Assim,

com a implementação da mistura de 20% de biodiesel ao diesel convencional,

essas empresas reduziriam a emissão dos gases nas seguintes proporções 3:

- índice de fumaça: 63%;

- hidrocarbonetos: 60%; e

- monóxido de carbono: 29%.

A contribuição na redução da poluição seria de 27.856 ton CO2 a menos,

com o uso de B20; à mistura de 30%, a redução da poluição seria de 41.784 ton

CO2 anuais, de acordo com o protocolo de cálculo adotado por Greenhouse Gas

Protocol Initiative (2004). Utilizando a cultura do pinhão-manso, Jatropha

curcas L., como cultura de biomassa e com produtividade considerada de 1.589

kg de óleo por hectare 4, seria necessário o cultivo de aproximadamente 3.200

ha, para substituir 10% do diesel fóssil, em volume, para o consumo dessas duas

empresas. Dentro do Estado do Espírito Santo, representaria o uso de apenas

2,2% da área produtiva não utilizada. Isso mostra o benefício de não afetar áreas

produtivas de alimentos ou carne.

Para metas mais arrojadas, de substituir 50% do diesel fóssil consumidos

pelas duas empresas, seriam necessários 15.960 ha, aproximadamente, de cultivo

em pinhão manso com finalidade energética. O uso dessa área no Estado do

Espírito Santo ocuparia aproximadamente 11% da área produtiva não utilizada.

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Outrossim, se toda a área produtiva não utilizada fosse convertida em

áreas de cultivo de biomassa, com a cultura do pinhão-manso, representaria uma

oferta de 230.148 m3 de biodiesel, produzidos em 144.838 ha. A produção de

energia, então, abasteceria 31% de toda a demanda de óleo diesel no Estado do

Espírito Santo, no ano de 2005 5. Outra grande fatia de produção de biomassa

seria o melhor aproveitamento de áreas com pastagens degradadas, que ocupam

parcela substancial na área do Estado, com 39,4% de ocupação 6.

2.7.4 Sistemas agro-florestais (SAF)

Um modelo de desenvolvimento regional podia ser composto de uma

única opção, ou da mistura das opções e acordo com as características

geográficas da terra e do uso da área da influência de uma empresa e da

aprovação da comunidade local. Estes modelos são diferentes dos modelos

tradicionais, desenvolvidos pelo governo, porque atende todos os produtores

rurais (pequenos, médios e grandes), que podem ter outras opções de produção,

aumentando a renda obtida com propriedade rural, contribuindo para o

desenvolvimento econômico da região e fixando o homem no campo

(Delespinasse et al., 2006).

Para o fomento com fins energéticos, o sistema poderia funcionar da

seguinte forma:

- Empresa compradora forneceria as mudas, via viveiros comunitários;

- Governo forneceria assistência técnica;

- Produtor produz as plantas oleaginosas, de acordo com o sistema de

produção em consórcio; e

_________________________ 3 Estimativa segundo Labeckas & Slavinskas (2006) 4 Segundo dados de Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (2005) 5 Segundo dados de Agência Nacional do Petróleo (2007) 6 Segundo dados do IBGE em Floresta (2004)

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- Empresa compradora garante o mercado com compra de 100% da

produção.

O sistema de cultivo das plantas oleaginosas poderia funcionar tipo um

Sistema Agro-florestal (SAF) e formar um ciclo fechado de um modelo

energético (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, 2005). Ver

figuras 7 e 8. Para compensar o espaço vazio entre as plantas principais, nos

primeiros anos, realiza-se o consórcio com plantas oleaginosas anuais e de porte

pequeno a médio, conforme visto na figura 7.

Para garantir que sejam alcançados níveis de competitividade, escala e

sustentabilidade, um modelo de Desenvolvimento Regional deve envolver

diferentes atores. De maneira geral, cabe ao setor público atuar como agente

regulador e promotor do desenvolvimento. Para tal o governo deverá

desenvolver políticas públicas e mecanismos que facilitem a ação do setor

privado, assegurando a sua competitividade no mercado.

Quanto ao setor privado é fundamental que seja competente no

desempenho de seu papel, planejando, investindo e adotando procedimentos e

tecnologias que garantam sua competitividade no mercado, gerando renda para a

garantia da sustentabilidade econômica da atividade (Delespinasse et al., 2006).

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados da investigação na literatura nas potencialidades do

biodiesel, como um combustível alternativo ao diesel de petróleo, foram

apresentados nesta monografia.

A poluição do ar tem causado sérios problemas ambientais, conforme

divulgado largamente pelo IPCC, painel de estudos de mudanças climáticas da

ONU. E o principal agente em todo esse processo é a atividade humana.

Biodiesel forma um ciclo fechado do uso do carbono, sendo captado do

ar pelas plantas oleaginosas e transformado em um combustível renovável. O

óleo vegetal traz muitos benefícios para o campo. Além do óleo como principal

produto, seus subprodutos podem ser usados na alimentação animal e humana e

como adubo orgânico. Além disso, como culturas perenes, permitem conservar

melhor o solo contra erosão.

Biodiesel parece ser uma promissora solução para motores diesel, desde

que pequenos ajustes forem feitos; a performance é comparável com a operação

com óleo diesel convencional. As investigações elucidaram que o

funcionamento de motores usando biodiesel puro e em mistura com óleo diesel

apresentou pequena redução na performance no consumo. Emissões de CO

foram reduzidas, mas as de NOx tiveram aumento. Entretanto, testes

preliminares com ângulo de injeção podem melhorar tanto o consumo quanto as

emissões.

Para solucionar os inconvenientes do uso direto de óleos vegetais nos

motores diesel, para produzir o biodiesel, a transesterificação de óleos naturais e

as gorduras é atualmente o método escolhido. A finalidade do processo é abaixar

a viscosidade do óleo ou da gordura.

O crescimento desordenado de plantio de culturas de biomassa pode

gerar impactos ambientais indesejáveis como a expansão da fronteira agrícola e

o desmatamento e a eliminação de fragmentos florestais.

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O uso adequado da terra no Brasil pode favorecer a geração de renda e a

fixação do homem no campo, evitando o êxodo rural. Grandes empresas podem

se beneficiar desse novo boom de produção de biodiesel e reduzir a emissão de

poluentes atmosféricos gerados em suas atividades.

Apesar de tudo, a promoção do biodiesel é justificada pelo fato de que as

emissões globais de CO2 são grandemente reduzidas. Adicionalmente, o uso de

biodiesel envolve uma apreciável redução na emissão de alguns poluentes. Isso

pode vir a ser solução-chave para reduzir a poluição urbana.

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SOUZA CRUZ. Apresenta informações sobre o programa integrado de produção de fumo no sul do Brasil. Disponível em: <http://www.souzacruz.com.br/nossonegocio> Acesso em: 5 mai. 2007.

TEIXEIRA JÚNIOR, S. Novo clima para os negócios. Exame, São Paulo, Edição 883, v. 40, n. 25, p. 22-30, dez. 2006.

TEIXEIRA, L. C. Produção de biodiesel. Informe Agropecuário, Belo Horizonte: EPAMIG, v. 26, n. 229, p. 79-86, 2005.

TOMASELLI, I.; SIQUEIRA, J.D.P. Gestão fundiária inadequada: principal problema do setor florestal brasileiro. Informativo STPC, Curitiba, n. 9, p. 4-11, 2005-2006.

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ANEXOS

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais fontes de poluição do ar e seus principais poluentes Tabela 2 - Estimativa de estoques de carbono nas áreas de plantios e de reservas

nativas da Aracruz Celulose Tabela 3 - Benefícios do uso do óleo vegetal para o campo e para o Brasil Tabela 4 - Valores médios de produtividade de óleo encontrados na literatura

mundial Tabela 5 - Distribuição de terras rurais privadas e seu uso no Brasil Tabela 6 - Propriedades rurais e uso da terra no Brasil Tabela 7 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais no Estado

do Espírito Santo Tabela 8 - Cenários esperados de redução da poluição do ar 2, com a

implementação do uso do biodiesel, para as empresas Samarco e Aracruz Celulose no ano base de 2005, com as misturas B10, B20, B30 e B50

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Tabela 1 - Principais fontes de poluição do ar e seus principais poluentes ATIVIDADES POLUENTES Queima de carvão Cinzas, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio Queima de óleo combustível

Monóxido de carbono, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio

Refinarias Hidrocarbonetos, óxidos de enxofre, monóxido de carbono Indústria do aço Poeiras, fumaça, fuligem, óxidos de metais, gases

orgânicos e inorgânicos Indústria química Óxidos de enxofre, ácido sulfúrico Indústria de fertilizantes Material particulado, gás fluorídrico Indústria de celulose Material particulado, óxidos de enxofre Indústria de plásticos Resinas gasosas Transportes Dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, compostos

orgânicos voláteis, material particulado Agropecuárias Dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, metano, óxido

nitroso, material particulado Residências Monóxido de carbono, material particulado Fonte: Dantas, 2003. Tabela 2 - Estimativa de estoques de carbono nas áreas de plantios e de reservas nativas da Aracruz Celulose Estimativa do estoque de carbono em reservas nativas – dezembro 2006

Ecossistema Biomassa (t/ha) Área (ha) Total de C (t) % Total C

Estágio avançado 1 384 12.400 2.383.280 46,0 Estágio médio 1 92 24.200 1.110.780 21,5 Estágio inicial 1 13 46.400 296.960 5,7 Várzeas 15 6.100 45.750 0,9 Restinga 40 5.100 102.000 2,0 Mussununga 47 14.500 340.025 6,6 Brejo 135 13.300 896.420 17,3 Total 122.000 5.175.215 100,0 1 Área de reservas de Mata Atlântica. Fonte: Aracruz Celulose S.A., 2007.

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Tabela 3 – Benefícios do uso do óleo vegetal para o campo e para o Brasil No campo No país como um todo Auto-suficiência energética Mecanização rural Conservação do solo Mecanização e mobilização local e

nacional Desenvolvimento da infra-estrutura rural Substituição do diesel fóssil Diversificação de atividades Economia de divisas Fixação do homem no campo Menor dependência de hidroeletricidade Incremento de produção Menor dependência de sistemas de

distribuição de eletricidade Melhoria das condições de vida no campo Desenvolvimento industrial Prosperidade Desenvolvimento da infra-estrutura rural Renda rural maior e mais segura Vantagens ecológicas Suprimento com alimentícios Valorização do solo Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, 2005. Tabela 4 - Valores médios de produtividade de óleo encontrados na literatura mundial Nome comum Nome científico Produção (kg/ha.ano de

óleo) Milho Zea mays L. 143 Soja Glycine max L. Merrill 379 Mamona Ricinus communis L. 1172 Amendoim Arachis hypogaea L. 935 Colza Brassica napus L. 1006 Pinhão manso Jatropha curcas L. 1589 Macaúba Acrocomia sp 3304 Dendê Elaeis guineensis Jacq. 7026 Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, 2005.

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Tabela 5 - Distribuição de terras rurais privadas e seu uso no Brasil, em relação ao total de terras privadas Uso da terra Área (milhões ha) Total de terras do país 851,5 Terras privadas 353,5 Agricultura 50,1 Pecuária 177,7 Florestas Nativas 88,9 Florestas plantadas 5,4 Não produtivas 16,3 Outras 15,1 Fonte: Tomaselli & Siqueira, 2006. Tabela 6 - Propriedades rurais e uso da terra no Brasil, em relação à área total de terras no país Uso da terra Ocupação (%)

6,0 20,9 10,4 0,6 1,9

Agricultura Pecuária Florestas Nativas Florestas plantadas Não produtivas Outras 1,8 Fonte: Tomaselli & Siqueira, 2006. Tabela 7 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais no Estado do Espírito Santo Uso da terra % Área (ha) Agricultura 18 828.522 Pecuária 39,4 1.821.069 Florestas Nativas 8,1 371.862 Florestas plantadas 3,8 173.934 Não produtivas 3,2 149.703 Outras 24,4 1.128.482 Produtivas não utilizadas 3,1 144.838 Fonte: Floresta, 2004.

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Tabela 8 – Cenários esperados de redução da poluição do ar 2, com a implementação do uso do biodiesel, para as empresas Samarco e Aracruz Celulose no ano base de 2005, com as misturas B10, B20, B30 e B50

Combustível Emissão total (ton CO2.ano-1)

Redução na emissão (ton CO2.ano-1)

B0 Óleo Diesel 139.283 0 B10 Biodiesel 10% 125.355 -13.928 B20 Biodiesel 20% 111.426 -27.857 B30 Biodiesel 30% 97.498 -41.785 B50 Biodiesel 50% 69.642 -69.642

2 Protocolo de cálculo adotado por Greenhouse Gas Protocol Initiative, 2004.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Indicadores da influência humana nos principais gases da atmosfera

durante o período industrial Figura 2 - Estimativa de estoques de carbono nas áreas de plantios e de reservas

nativas da Aracruz Celulose Figura 3 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais privadas,

considerando a área total das propriedades privadas no Brasil, em milhões de hectares

Figura 4 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais privadas,

considerando a área total de terras no Brasil, em % Figura 5 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais no Estado

do Espírito Santo, em % Figura 6 - Redução da poluição do ar 2, com a implementação do uso do

biodiesel, para as empresas Samarco e Aracruz Celulose, no ano base de 2005, com as misturas B10, B20, B30 e B50

Figura 7 - Estilo de consórcio para produção de oleaginosas Figura 8 - Ciclo fechado de um modelo energético

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Figura 1 – Indicadores da influência humana nos principais gases da atmosfera durante o período industrial

Fonte: IPCC, 2001.

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Figura 2 - Estimativa de estoques de carbono nas áreas de plantios e de reservas nativas da Aracruz Celulose

Fonte: Aracruz Celulose S.A., 2007.

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Figura 3 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais privadas, considerando a área total das propriedades privadas no Brasil, em milhões de hectares

50,1

177,7

88,9

5,4

16,3 15,1

Agricultura

Pecuária

Florestas Nativas

Florestas plantadas

Não produtivas

Outras

Fonte: Tomaselli & Siqueira, 2006. Figura 4 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais privadas, considerando a área total de terras no Brasil, em %

6

20,9

10,4

0,61,9 1,8

0

5

10

15

20

25

Agricultura Pecuária Florestas NativasFlorestas plantadas Não produtivas Outras

Fonte: Tomaselli & Siqueira, 2006.

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Figura 5 - Participação do uso das diversas categorias de terras rurais no Estado do Espírito Santo, em %

18

39,4

8,1

3,8 3,2

24,4

3,1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Agricultura Pecuária Florestas NativasFlorestas plantadas Não produtivas OutrasProdutivas não utilizadas

Fonte: Floresta, 2004. Figura 6 – Redução da poluição do ar 2, com a implementação do uso do biodiesel, para as empresas Samarco e Aracruz Celulose, no ano base de 2005, com as misturas B10, B20, B30 e B50

125.355

111.426

69.642

139.283

97.498

B0 B10 B20 B30 B50

Ton CO2/ano

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Figura 7 – Estilo de consórcio para produção de oleaginosas

Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, 2005. Figura 8 – Ciclo fechado de um modelo energético

Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, 2005.