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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 20

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1Cadernos PDE

VOLU

ME I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

PRODUÇÃO DE TEXTOS: AS TRANSFORMAÇÕES NO TRABALHO E AS

NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA

SERTANÓPLIS-2009

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MARIA AGUILERA

PRODUÇÃO DE TEXTOS: AS TRANSFORMAÇÕES NO TRABALHO E AS

NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA

Artigo desenvolvido através do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, na área de

História, com o tema de estudo da intervenção:

DESAFIOS DO MUNDO ATUAL: O TRABALHO E

AS NOVAS NECESSIDADES DO HOMEM

Orientador: Prof. Dr. Hérnan Ramiro Ramirez

SERTANÓPOLIS

2009

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ENSINANDO HISTÓRIA A PARTIR DE PRODUÇÃO DE TEXTOS: AS

TRANSFORMAÇÕES NO TRABALHO E AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO

DE HISTÓRIA COM ALUNOS DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO, NO MUNICÍPIO DE

SERTANÓPOLIS-PR.

Maria Aguilera1

Hérnan Ramiro Ramirez2

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar e refletir a experiência humana em

relação ao trabalho a fim de suprir as necessidades básicas para a satisfação

humana e a busca da sobrevivência. Estas atividades terão como ponto de partida o

as transformações provocadas por ele em diferentes circunstâncias. A ação histórica

deve ser entendida como produto da ação do homem que ao satisfazer uma

necessidade, provoca muitas transformações em sua própria vida e, isto leva ao

surgimento de novas obrigações e novas relações sociais. A introdução de novas

tecnologias desencadeou uma série de efeitos sociais que afetaram os

trabalhadores e sua organização.

Propõem-se ler, refletir e produzir textos como um caminho ao conhecimento de

história. Observando que os avanços tecnológicos tem impactado enormemente a

forma em que o trabalho está organizado e, na época atual esse panorama tem

mudado consideravelmente, demandando um olhar atento para compreender as

novas realidades, que também são as dos nossos alunos.

PALAVRAS – CHAVE: trabalho; transformação; sobrevivência; tecnologia.

1 Professora PDE da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná – [email protected]

2 Artigo orientado e revisado pelo Prof. Dr. Hérnan Ramiro Ramirez do Departamento de História da

Universidade Estadual de Londrina.

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SUMMARY

This article aims to analyze and reflect the human experience in relation to work

to meet basic needs for human satisfaction and the pursuit of survival. These

activities have as its starting point the work and transformations caused by it in

different circumstances. Historical action has to be understood as a product of man

`s work than to satisfy a need, causes more changes in their lives and this leads to

the emergence of new bonds and new social relations. The introduction of new

tecnologies has unleashed a series of social effects that affected workers and their

organization.

It is proposed to read, reflect and produce texts as a path to knowledge of

history. Knowing that technological advances have greatty impacted the way in which

work is organized and, at the present time this picture has changed considerably,

requiring special attention in understanding the new realities, which are also those of

our students.

KEYUVORDS: work; transformation; survival; technology.

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INTRODUÇÃO

Ensinar história às crianças e jovens da educação básica tem sido um desafio

para os educadores face às inúmeras dificuldades.Entretanto, também em algumas

outras disciplinas, os educandos têm dificuldades, além dos conteúdos até mesmo

em entender a sua significação.

A sociedade vê na escola um caminho para a formação do indivíduo capaz de

compreender e dar significado próprio à realidade. Entretanto, se faz necessária

uma pausa para refletir sobre os rumos que a educação vem desempenhando na

construção dos conhecimentos nas últimas décadas, uma vez que a luta pela

existência exige cada vez mais habilidades neste mundo globalizado.

Para Vigotski as origens e as explicações do funcionamento psicológico do

homem devem ser buscadas nas interações sociais. E é aí que o indivíduo tem

acesso aos instrumentos e aos sistemas de signos que possibilitam o

desenvolvimento de formas culturais de atividade e permitem estruturar a realidade

e o próprio pensamento.

A apropriação das relações sociais e dos sistemas culturais abarca a

internalização de sentidos intersubjetivos, tornando seu a possibilidade de (re)

significar o mundo e o outro. Significa dizer que ao apropriar-se das relações sociais,

o indivíduo se desenvolve de forma partilhada.

Vigotski considera que o desenvolvimento e aprendizagem são processos

distintos, mas que caminham juntos. Tudo aquilo que o sujeito aprende é elaborado

por ele, se incorpora a ele, transformando seus modos de agir e de pensar.

Na escola as relações de conhecimento são intencionais e planejadas sendo

que seu papel é possibilitar o contato sistemático, intenso dos indivíduos com os

sistemas organizados de conhecimento e fornece a eles instrumentos para elaborá-

los, mediatizando o seu processo de desenvolvimento.

Diante disso, toda a educação comprometida com o sucesso do aluno deve

criar condições para que ele consiga desenvolver sua competência e conviver com a

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diversidade. E, tomando como referencial o conceito de consciência histórica

elaborado por Rüsen, citado no artigo de Maria Lima (2007), para este autor, a ação

intencional do homem é fundamental a sua existência. Dialeticamente, ao satisfazer

uma necessidade, o ser humano cria outra que lhe é nova, desconhecida e que,

simultaneamente, o move no sentido de aprender a novidade. Assim, o processo de

compreender sua experiência no tempo é sempre novo e lhe possibilita a

constituição de um arsenal cognitivo que subsidia sua projeção no futuro.

A perspectiva do autor abre horizontes de análise para o ensino de história e

amplia o olhar sobre a aprendizagem na medida em que o estudante não é tomado,

a priori, como um ser, “sem consciência”, mas como alguém que possui uma

maneira própria de enxergar a relação entre o presente, o passado e o futuro. O

ensino de história passa, então, a ter como principal tarefa criar possibilidades de

desenvolvimento da consciência histórica do estudante. Rüsen afirmou:

Quando a consciência histórica é compreendida como aprendizagem, a

competência narrativa configura-se com o seu elemento essencial. Tal

competência é definida como habilidade de a consciência humana realizar

procedimentos que dão sentido ao passado, tornando efetiva uma orientação

temporal da vida prática no presente através da recordação da realidade

passada. (RÜSEN, 1992).

Segundo Maria Lima, a competência da experiência é a capacidade de um

ser humano compreender o passado em sua densa existência. É a possibilidade de

entender que pessoas viveram em outro tempo, fizeram opções, constituíram

experiências que são diferentes das nossas. Compreender a experiência do

passado significa diferenciá-la daquela do presente. O olhar para estas experiências

resulta na construção de interpretações sobre o passado que guiam à análise do

presente e as perspectivas do futuro que necessariamente emergem.

Para Smidt e Cainelli, no mundo atual, a preocupação com a importância do

conhecimento histórico na formação intelectual do aluno faz com que um dos

objetivos fundamentais do ensino seja o de desenvolver a compreensão histórica da

realidade social. Compreendendo a História como base nos procedimentos

históricos torna-se um dos principais desafios enfrentados pelo professor no

cotidiano da sala de aula. Esse desafio é um passo interessante na construção de

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uma prática de ensino reflexiva e dinâmica, podendo-se afirmar que ensinar história

é fazer o aluno compreender e explicar historicamente, a realidade em que vive.

(SMIDT e CAINELLI, 2004, p. 183).

Esse ensino da História pressupõe, fundamentalmente, que se tome a

experiência do aluno como ponto de partida para o trabalho com os conteúdos, pois

é importante que também o aluno se identifique como sujeito da história e da

produção do conhecimento histórico.

De acordo com as autoras esse trabalho baseado na experiência dos alunos

remete, de um lado, à compreensão de que uma das funções do ensino da História

e fazer com os alunos e professores, um diálogo entre presente e passado, poderem

identificar as possibilidades de intervenção e participação na realidade em que

vivem. Por outro lado, é importante superar a opinião de que trabalhar com base na

experiência do aluno significa valorizar sua aprendizagem espontânea. Na verdade,

Trata-se de buscar uma alternativa que produza um relacionamento

entre os dois extremos. (SACRISTAN e GOMES, 1998, p. 62).

Em nossa sociedade, o conhecimento é imprescindível em uma grande

diversidade de situações. Aprender de forma contextualizada, integrada e

relacionada a outros conhecimentos trazem em si o desenvolvimento educacional

que garantirá ao aluno plena inserção no contexto escolar e, consequentemente, na

vida social.

O professor é capaz de elaborar formas de atingir o seu trabalho e o

educando de modo a reconstruí-los como sujeitos do processo pedagógico e dos

processos sociais, capazes de produzir um projeto que não prescinde das pessoas,

que as inclui, que as forma pela capacidade que possuem de formar o outro e

inventar o futuro. Tendo em vista que:

O objetivo seja que o aluno aprenda a produzir e interpretar textos, não é possível

tomar como unidade básica de ensino nem a letra nem a palavra, nem a frase

descontextualizada, pouco tem a ver com a competência discursiva que é questão

central. Dentro desse marco, a unidade básica de ensino só pode ser o texto, mas

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isto não significa que não se enfoque palavras ou frases nas situações didáticas

específicas que o exijam. (PCNs, 1997, p.35).

Percebe-se que não se formam bons leitores devido à oferta de materiais de

leitura empobrecidos, seja na iniciação da criança no mundo da escrita ou no

decorrer de sua vida escolar. As pessoas aprendem a gostar de ler e produzir textos

quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a prática da

leitura.

Como acontece com todas as áreas de atuação do ser humano, também na

educação nunca houve tantas novidades como nos últimos anos. Teorias, conceitos,

práticas de sala de aula, há sempre um bom motivo para buscar o melhor jeito de

garantir a aprendizagem de todos os estudantes. Diante do imperativo de levar os

alunos a compreender o mundo em que vivem, é essencial ensiná-los a “ler” as

imagens que nos cercam.

Baseados na idéia de que a educação deve favorecer a transformação do

contexto social, optamos pela tendência crítica onde a escola é lugar de trabalho, o

aluno e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis. A

relação direta do homem com o mundo físico e social é feita pelo trabalho (atividade

coletiva) liberdade não é cada um fazer o que quer, mas, sim, o que decidirmos em

conjunto.

Dessa forma, foi elaborada uma proposta pedagógica com a finalidade de

delinear e apresentar princípios norteadores do nosso trabalho na escola. Esse

trabalho será desenvolvido e ampliado no Ensino Médio do Colégio Estadual

Machado de Assis de Sertanópolis, focalizando o tema “desafios do mundo atual: O

trabalho e as novas necessidades do Homem”, enfocando a leitura e a produção de

textos, explorando recursos lingüísticos, visuais, auditivos e musicais com a

finalidade de melhorar e ampliar a oralidade e a escrita.

Diante disso, estimular um ensino que possa despertar o interesse dos

alunos, que atrai a sua curiosidade pelo enfoque em aspectos mais próximos do seu

universo. Educar é crer na perfectibilidade humana, na capacidade inata de

aprender e no desejo de saber que há coisas (símbolos, técnicas, valores, memórias

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e fatos), o que podem ser sabidas e que merecem sê-lo e que, nós, homens,

podemos melhorar uns aos outros por meio do conhecimento.

Pretendia desenvolver um trabalho sob o eixo temático: As transformações

provocadas na sociedade pelo trabalho e sua influência no mundo globalizado, que

possa direcionar o estudo baseado numa bibliografia de fácil acesso, com recursos

disponíveis, para facilitar a compreensão do conteúdo, proporcionando maior

interesse do aluno pelo estudo e pela pesquisa.

Levamos como sugestão o trabalho e as transformações provocadas por ele

através da música “Mágoa de boiadeiro”, para ingressar no estudo da revolução

agrícola, revolução industrial e o ritmo do trabalho e do tempo em cada uma, às

transformações e as novas profissões, tecnologias e a educação.

A proposta é ler, refletir e produzir textos como um caminho ao conhecimento

de história, estudando e discutindo textos, analisando imagens diversas, buscando

facilitar a compreensão das transformações tecnológicas provocadas pelo trabalho

humano no tempo.

Refletindo sobre o ensino de História na atualidade, o desinteresse dos

alunos pelas aulas é preocupante devido à falta de recursos e metodologias

inovadoras, levaremos em consideração o conhecimento prévio do aluno,

valorizando seu desempenho, e considerando que neste contexto o processo de

aprendizagem da História pode ser melhorado e atualizado. A proposta dessa

pesquisa tem sua justificativa pautada na busca de novas referências, instrumentos

pedagógicos e filosóficos voltados a uma prática educacional de formação crítica do

indivíduo, em relação ao contexto político social, econômico e histórico em que o

mesmo se encontra inserido. O propósito é de atingir um melhor rendimento no

ensino de história bem como sua valorização, para que desta forma a aprendizagem

se torne mais atraente e motivadora para o aluno.

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Produção de texto: as transformações no trabalho e as novas tecnologias no

ensino de história.

O ato de construir-se e ser construído pelos outros é a própria Educação,

entendida de forma ampla, em situações que ocorrem dentro e fora da escola. É por

meio de suas experiências que a criança toma contato com as muitas maneiras de

aprender. Ela pode adquirir um saber especifico, no sentido de compreender um

conteúdo intelectual, pode dominar um objeto ou uma atividade e pode aprender

formas de se relacionar com os outros no mundo (saber como cumprimentar as

pessoas, ter boas maneiras à mesa, etc.).

Nesse ir-e-vir da relação com o mundo, com os outros e consigo mesmo,

toma forma o desejo de aprender. É esse desejo que propulsiona a criança em

direção do saber. Esse “direcionar-se para o saber” pressupõe um movimento de

mobilização e não simplesmente de motivação. “O conceito de mobilização se refere

à dinâmica interna, traz a idéia de movimento e tem a ver com a trama dos sentidos

que o aluno vai dando às suas ações”. “A motivação, por sua vez, tem a ver com

uma ação externa, enfatizando o fato de que se é motivado por alguém ou algo”.

O que se sabe é que, quanto mais significativo for o que está sendo ensinado,

mais o aluno se põe em movimento, se mobiliza para se relacionar com aquele

conteúdo. Mas essa situação, que seria a ideal, não é predominante. Os estudos de

Charlot apontam que a maioria dos estudantes ,quase 80% deles , só vê sentido em

ir à escola para conseguir um diploma, ter um bom emprego, ganhar dinheiro e levar

uma vida tranqüila. Nesse discurso, não há a menção ao fato de aprender. “Esses

jovens que ligam escola e profissão sem referência ao saber, estabelecem uma

relação mágica com ambos. Além disso, sua relação cotidiana com o estudo é

particularmente frágil na medida em que aquilo que se tenta ensinar a eles não faz

sentido em si mesmo, mas somente em um futuro distante”.

Para que o processo de conhecimento tenha avanços, vale ressaltar que é

preciso buscar nas representações dos alunos elementos que aproximem os dois

conhecimentos (cotidiano e científico), oportunizando-os a transformar seus

conceitos, ultrapassando-os e reelaborando seus significados a partir de sua

vivência. De acordo com Vygotsky (1993, p. 93), “O domínio de um nível mais

elevado na esfera de conceitos científicos também eleva o nível dos conceitos

espontâneos”. Portanto, no processo de construção do conhecimento o aluno, ao

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elaborar seus conceitos, amplia e passa por graus de generalização e abstração

cada vez maiores. Ou seja:

A partir de elementos levantados para o exame de uma determinada realidade histórica, espera-se que os alunos façam, em sala de aula, um trabalho de reflexão, fruto da sua experiência, observação e discussão de dados; espera-se que expressem suas reflexões, estabelecendo relações entre tudo o que foi trabalhado e talvez até avançado além do que já foi dito em classe. Espera-se também que façam passagem da fala à escrita, da discussão coletiva à sua individualização; e que, posteriormente, tenham a oportunidade de ler e confrontar as diferentes reflexões, tentando inferir, concluir, ou seja, avançar mais uma vez, na compreensão do objeto de estudo. (GAGLIARDI, 1990).

Recuperar o sentido do aprender e o prazer em estudar está entre os desafios

de hoje. A atividade escolar precisa se apresentar de forma significativa, prazerosa,

para merecer o esforço intelectual dos alunos no sentido de se apropriar de diversas

porções de saberes produzido pela humanidade.

Não há uma receita pronta para isso. O que não basta é dar a situação por

resolvida ao justificar o desinteresse ou o fracasso de alunos por causa da classe

social da família ou das carências culturais inerentes à origem deles. Uma leitura

positiva do individuo, levando em conta sua história de vida, seus desejos e suas

atividades cotidianas. (CHARLOT, 2001, p. 34).

Uma série de pesquisas realizadas, sobretudo nos Estados Unidos, mostrou

que não é possível medir a inteligência de maneira satisfatória e que, na realidade,

ser criativo é algo inato a todo ser humano.

Com as mudanças tecnológicas e sociais do mundo contemporâneo,

estimular o lado criativo das pessoas passou a ser vital e a escola acabou vista

como uma das principais responsáveis por esse trabalho. É importante ressaltar que

não se pode desenvolver a capacidade de criar lançando mão de qualquer tipo de

trabalho e que ninguém inventa algo de maneira espontânea.Os alunos necessitam

de um repertório amplo para que consigam desenvolver essa capacidade com

autonomia. Não é a inspiração que importa, mas o empenho e o trabalho realizado.

Cabe à escola, portanto, dar oportunidades para todos desenvolverem seu

percurso criador, promovendo a flexibilidade, a aberturara ao novo, a habilidade de

propor soluções inovadoras para enfrentar o inesperado. O educador pode trabalhar

atividades que não sejam tão fechadas a ponto de permitir somente uma resposta e

nem tão abertas para que qualquer coisa possa ser aceita. É preciso propor ações

transformadoras, por meio das quais sejam mobilizados novos saberes.

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Passado e presente, juntos, para ensinar.

Os estudantes só aprendem à disciplina quando relacionam fatos, confrontam

pontos de vistas e consultam diversas formas de pesquisa. História é uma disciplina

passível de múltiplas abordagens que há até pouco tempo não estavam em sala de

aula, mas que hoje devem ser vista com destaque. Por isso, tornou-se premente o

trabalho com diversas fontes e o relacionamento do passado com o presente para

que se entenda que contra fatos há, sim, argumentos. Tudo depende do olhar que

se lança sobre eles.

Os estudos de Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygotsky (1896-1934),

contudo, começaram a ser divulgados, trazendo teorias que influenciariam a

educação no geral, ao considerar as hipóteses prévias dos educandos sobre os

temas abordados na escola. Sendo assim, as aulas puramente expositivas não

funcionariam mais e a ideia de que aprender é decorar começou a mostrar sinais de

fragilidade.

Hoje não se concebe o estudo histórico sem que o professor apresente

diferentes abordagens do mesmo tema, fato ou conceito, iniciativa importante para

que o aluno perceba que, dependendo da visão e da intenção de quem conta a

historia, tudo muda. Basta pensar no exemplo de como entender o processo de

formação de um bairro: pode-se vê-lo sob a ótica dos trabalhadores da região e das

relações estabelecidas pelo modo de produção, dos que estiveram no poder, dos

grupos minoritários que habitam o local ou das manifestações culturais, entre outras

possibilidades. Durante as aulas, é impossível apresentar todas as maneiras de ver

a história, mas é fundamental mostrar que ela não é constituída de uma única

vertente e que, até mesmo dentro de uma delas, pode haver várias interpretações. O

professor deve favorecer o acesso a documentos oficiais reportagens de jornais e

revistas e a outras fontes. O contato com essa diversidade leva o estudante a ter

uma visão ampla e integrada da história. Além de textos, é recomendável que a

turma consulte sites confiáveis, assista a filmes e documentários, visite museus e

entreviste atores que vivenciaram os acontecimentos estudados. Tudo com

planejamento e registro para que seja possível fazer uma avaliação minuciosa do

processo. Sendo que:

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...ensinar e aprender História requer de nós, professores, a retomada de uma velha questão: o papel formativo do ensino de história. Devemos pensar sobre a possibilidade educativa da história, ou seja, a história como saber disciplinar que tem um papel fundamental na formação da consciência histórica do homem, sujeito de uma sociedade marcada por diferenças e desigualdades múltiplas. Requer assumir o ofício de professor de história como uma forma de luta política e cultural. A relação ensino-aprendizagem deve ser um convite a um desafio para alunos e professores cruzarem ou mesmo subverterem as fronteiras impostas entre as diferentes culturas e grupos sociais entre a teoria e a prática, a política e o cotidiano, a história, a arte e a vida. (FONSECA, 2003, p.37-38).

Hoje o professor pode explorar as diferentes formas de lidar com a

temporalidade e, assim, estimular a reflexão. O resultado é que, em vez de decorar

informações sem sentido, os jovens são estimulados a analisar o que aprendem e

memorizar conscientemente. O intuito é explorar as diferentes identidades que

existem dentro de uma nação, tornando os alunos sabedores da diversidade cultural

de sua época. Um desafio e tanto para os professores.

É responsabilidade do professor, munido de estratégias dinâmicas e

conteúdos significativos, fazer a mediação entre o que os alunos sabem e o

conhecimento produzido historicamente.

Por serem essenciais na formação escolar, à leitura e a escrita merecem

atenção especifica dos professores das diversas áreas. Desde que nascemos,

aprendemos a interpretar gestos olhares, palavras e imagens. Esse processo é

potencializado pela escola, por meio da leitura e da escrita, o que nos dá acesso a

grande parte da cultura humana. Isso envolve todas as áreas, pois, mais do que

reproduzir o som das palavras, trata-se de compreendê-las e, quem sabe, relacionar

termos aos seus significados faz uso de um letramento obtido em aulas de Língua

Portuguesa, Geografia, Historia e Ciências, respectivamente.

A competência de ler e escrever, segundo Paulo Freire, se desenvolve com a

de “leitura do mundo”. Para cumprir esse objetivo, é igualmente importante lançar

mão de vários meios e atender aos interesses de crianças e jovens, muitas vezes

relacionados às novas tecnologias. Buscas pelo conteúdo de enciclopédias ou por

letras de músicas podem ser feitas pela internet. “A escola deve criar um circulo

virtuoso, em que a leitura e a escrita melhorem e ajudem na aprendizagem de

qualquer conteúdo.” Por serem essências na formação escolar, a leitura e a escrita

merecem atenção especifica dos professores das diversas áreas. (MENEZES, 2009)

Rüsen adiciona a reflexão sobre os valores morais que estão na base dos

sentidos que se atribui a história e à ação, o que traz dois elementos a reter para a

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nossa discussão sobre o valor educativo da História: a História ensinada, derivada

da História vivida na prática e a História teorizada e disciplinarizada, está construída

com os materiais de reflexão sobre os interesses e valores e está constantemente

colocando em atenção o fato de que as escolhas que afetam o curso da História são

dependentes dos valores; a História ensinada é a organização educativa de um

princípio da vida prática, que é a busca de orientação humana no tempo tendo em

vista o agir. A consciência histórica é pré-requisito que faz a mediação, a nossa

ação, nossa personalidade e nossas orientações de valores. (Rüsen, 1992).

Entende-se que, dessa maneira estamos cumprindo os princípios das

Diretrizes Curriculares, visto que um dos eixos de seus conteúdos estruturantes diz

respeito à oportunização da compreensão das formas de organização dos

conteúdos históricos que trabalhamos partindo de conhecimentos prévios dos

alunos, é história de assuntos que a princípio interessam aos estudantes de uma

determinada realidade porque explicam a sua própria vida e os fenômenos que

interferem nela.

Passos da Aplicação do Projeto Pedagógico na Escola

Ao iniciar o trabalho em sala de aula foi constatado interesse por parte dos

alunos ao discutir o conceito de trabalho onde percebemos que para muitas pessoas

hoje em dia o trabalho está associado a cansaço, esforço ou sacrifício. Essa

associação explica o desânimo que se abate sobre muitas pessoas quando chegam

às segundas-feiras. Isso acontece apesar de em nossa época o trabalho ser

considerado uma das principais fontes de riqueza, dignidade e respeito, para a

sociedade e para o indivíduo.

Olhando para a história da humanidade percebemos que o trabalho

representa o poder humano de transformar a natureza para a satisfação de suas

necessidades e desejos. Um poder que as sociedades, em diferentes épocas e

espaços, tentaram e tentam organizar, reunindo conhecimentos e criando técnicas

de intervenção no ambiente. Na maior parte das vezes, não percebemos o quanto

as rotinas cotidianas dos profissionais estão ligadas a esse poder. Ou seja, podemos

não perceber que a rotina do trabalhador na caça, na semeadura ou na colheita, na

operação de uma máquina, no balcão de uma loja, no treinamento de futuros

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trabalhadores, etc., está ligada a esse poder humano de criação que se expressa no

trabalho. Por isso, precisamos refletir sobre o processo histórico de desenvolvimento

das relações do homem com o ambiente (natural ou social) por meio do trabalho.

A princípio houve a proposta de indagações prévias a serem socializadas com

os estudantes levando-os a refletir através de uma sondagem de vários aspectos da

problemática estudada. Fazer perguntas aos alunos na sala de aula é a forma mais

comum de interação do professor com sua classe e um dos métodos mais usados

para aprofundar o conhecimento sobre um determinado assunto. Por meio das

questões o professor pode avaliar como a turma acompanha seu raciocínio e, assim,

avançar nos conteúdos.

Os alunos responderam individualmente os seguintes questionamentos: o que

é trabalho para você? Por que trabalhamos? O trabalho pode ser criativo, instigante?

Como as sociedades diferenciam o trabalho intelectual do trabalho braçal? Tais

questionamentos constituem uma opção metodológica que busca a construção de

conceitos e conhecimentos necessários para o entendimento da realidade a partir

dos conteúdos trabalhados, onde o professor atua como mediador do processo do

ensino aprendizagem.

Objetivando trabalhar com a leitura e discussão de textos sobre a origem e

conceito de trabalho foi proposto em grupos de cinco alunos o estudo do documento

de Marx como contribuição para melhor entendimento do tema a ser estudado. A

leitura e discussão foi proposta a partir de questionamentos e atividades como:

comentário de alguns aspectos do pensamento de Marx, presentes no documento,

que contribuem para entendermos melhor o que é trabalho; quais as características

do trabalho humano que esse pensador destaca? Pesquisa do significado da palavra

trabalho no dicionário Aurélio e apresentação oral das conclusões dos grupos para

os colegas de classe.

É importante destacar, também, o grande interesse dos alunos com o estudo

da letra e música: “Mágoa de Boiadeiro“. Ao ler, ouvir, debater os versos da letra da

música houve a percepção que ao satisfazer uma necessidade, o homem provoca

mudanças em sua própria vida, sendo que é por meio do trabalho que as criaturas

humanas se transformam em criadores de uma nova realidade que permite

transformar e dar continuidade à nossa existência.

Após o primeiro contato com o material didático a realização de pesquisas e

estudos diversos como: o significado de palavras desconhecidas na letra da música;

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qual é a grande mágoa do boiadeiro retratada na música? Escrita de um texto sobre

as profissões que desaparecem junto com a de boiadeiro e a transformação na

forma de trabalho que surge com o novo transporte. Partindo de trabalho em grupo

foi elaborada uma lista de profissões diversas existentes em nossa sociedade.

Depois, utilizando jornais e revistas como suporte houve a pesquisa de alguns dados

sobre estas profissões, em especial o conhecimento que elas exigem, e o que uma

pessoa deve fazer para adquirir tais conhecimentos. Finalmente o registro e relato

das conclusões apreendidas.

O desafio é grande quando se trata de capacitar o aluno a trabalhar em

grupo, à leitura e interpretação de textos e imagens, numa sala numerosa, já que

essa atividade exige concentração por parte do indivíduo. Como proposta de

trabalho houve a sugestão da pesquisa em revistas e jornais imagens que mostrem

seres humanos exercendo várias atividades profissionais e que demonstrem o uso

da força muscular, a capacidade de lidar com máquinas e motores e com a

informação ou o conhecimento. Com o material obtido na pesquisa a montagem de

um painel que represente por meio de imagens o universo do trabalho humano no

mundo contemporâneo dividindo a história do trabalho humano em três fases: a das

formas, a da transformação e a da informação. Ainda, a análise de imagens que

mostram cenas do trabalho no Brasil e que foram produzidas no século XIX pelos

artistas Rugendas e Debret, identificando nelas o uso das forças do vento, das

águas e dos músculos de homens e animais para a realização de diferentes

trabalhos.

Com a leitura de vários textos os alunos foram percebendo as diferentes

formas, ritmo, produção e instrumentos para a realização de trabalhos feitos pela

humanidade no decorrer do tempo histórico com a Revolução Agrícola e a

Revolução Industrial.

A apresentação de peças teatrais elaboradas pelos alunos partindo de

entrevistas de diversos profissionais foi surpreendente pelo trabalho desempenhado

pela maior parte dos alunos. A participação foi muito boa, houve interação com os

colegas, apresentaram temas diversificados que foram discutidos de forma criativa

nas apresentações, trazendo a tona realidades do próprio cotidiano familiar.

Apesar das dificuldades, os resultados foram satisfatórios. Buscamos refletir

várias questões em relação ao tema proposto (trabalho). Discutimos que as

informações produzidas pelo trabalho humano e que são consideradas revoluções:

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dentre elas está a Revolução Agrícola, a Revolução Industrial e Tecnológica etc.,

refletindo que quando uma profissão desaparece, outras vão surgir como uma

necessidade historicamente produzida pelo homem.

A participação da maioria dos alunos foi boa embora alguns ainda

apresentem certa dificuldade por não estar acostumados a questionamentos que

requisitam raciocínio para expor suas ideias, escrever e interpretar, devido a isto as

reclamações por parte dos professores são muitas e este é o maior desafio a ser

superado. Na verdade, aprender (tal como ensinar) é difícil requer atenção e

dedicação, duas coisas que são incompatíveis com a distração. O tempo que o

professor dedica à elaboração das aulas tem de ser aproveitado ao máximo para

organizar atividades que garantam uma boa situação de aprendizagem e sejam

interessantes e desafiadoras por si próprias. É papel do professor fazer com que os

alunos coloquem em jogo o que já sabem e o que pensam sobre o conteúdo em

questão e desafiá-los a resolver problemas e tomar decisões a respeito do que é

preciso produzir. É igualmente importante que a organização da tarefa garanta a

máxima circulação de informações possível entre a turma e o professor e entre os

próprios estudantes.

O processo de conhecimento é a grande aventura, o grande desafio que o

educador enfrenta quando prepara as suas aulas e quando as desenvolve com seus

alunos. Ensinar é garantir que os conhecimentos façam um sentido amplo para

todos os estudantes, em sua vida para além da sala de aula, ou seja, para que

possam, efetivamente, construir e promover cultura. Visto que:

Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que enchem o panorama da história e são muitas vezes mais interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a história. (HOLANDA, 1985)

Nós, professores, temos obrigação de trabalhar para a escola ser um espaço

de convívio solidário, de vivência cultural, de participação social e de realização

pessoal para nós e para os nossos alunos. Proporcionar à turma a oportunidade de

debater e de pesquisar para que todos desenvolvam o senso crítico.

Para construir um futuro melhor, o maior desafio ao professor é ensinar bem.

Para isso, ele tem que dominar a didática, usando recursos variados e gerindo com

segurança os problemas da classe. É importante aprofundar-se nos conteúdos,

sempre estudando as matérias e os materiais de ensino (livros, programas de

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computador, vídeos, etc.), para tornar-se um profissional reflexivo e crítico. A ética

tem de orientar seu trabalho: o educador que age e pensa bem mostra

comprometimento com a prática do que é benéfico para a aprendizagem e com os

valores que dignificam o ser humano.

Os elementos apontados parecem dizer por si só. São todos, imensos

desafios. Para enfrentá-los, é de fundamental importância que o professor tenha

domínio dos fundamentos teóricos, dos processos de elaboração com a

implementação do currículo que, afinal, dizem respeito à natureza de sua função, ou

seja, a construção do conhecimento pedagógico.

A educação precisa ser um empreendimento coletivo e, para isso, precisamos

estar dispostos a descobrir em conjunto a relação dos fatos cotidianos com a

história. Todo educador sabe que não basta treinar os alunos para a apreensão da

realidade: é preciso motivá-los, surpreendê-los, assim, imersos em um clima de

aventura e descoberta, os alunos estarão prontos para assimilar informações e

sedimentar um conhecimento que não será apenas memorizado, mas que se tornará

simplesmente inesquecível.

CONCLUSÃO:

Buscou-se refletir várias questões em relação ao tema proposto (trabalho).

Além de levantar que todas as transformações em geral são produzidas pelo

trabalho humano, consideradas revoluções: Dentre elas está à descoberta e a

difusão agrícola, a revolução industrial e tecnológica, etc., refletindo que quando

uma profissão desaparece, outras vão surgir como uma necessidade historicamente

produzida pelo homem. A participação da maioria foi boa embora alguns ainda

tivessem muita dificuldade em escrever e devido a isto, as reclamações são muitas e

este é o maior desafio a ser superado.

A contribuição deste trabalho está na proposta de atividades diferenciadas

contemplando conteúdos de interesse dos alunos, por meio desta prática é possível

resgatar o gosto pela leitura e o prazer de escrever.

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