da escola pÚblica paranaense 2009 · irene de jesus andrade malheiros1 carlos eduardo pilleggi de...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
USO DE MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM DE
CONTEÚDOS BÁSICOS DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS.
Irene de Jesus Andrade Malheiros1
Carlos Eduardo Pilleggi de Souza2
RESUMO
A divulgação científica pode se apresentar na escola como um instrumento desafiador capaz de promover a incorporação de uma cultura científica entre os estudantes. Este projeto tem por finalidade construir coletivamente uma metodologia de leitura de textos de divulgação científica, atribuindo a tais textos a função de informar, ensinar e sensibilizar. Para tanto, buscamos junto aos professores e estudantes identificar a utilização de diferentes materiais de divulgação científica em suas práticas pedagógicas, como apoio pedagógico, para além do livro didático. Desta forma, pretendemos desenvolver uma maior familiarização dos estudantes, com as atividades de pesquisa científica, promovendo o desenvolvimento da comunicação oral e escrita em linguagem científica. A pesquisa é de natureza qualitativa, pois busca conhecer as perspectivas e os pontos de vistas dos professores e alunos sobre o uso ou não de materiais de divulgação científica nas aulas de Ciências. Através da análise de questionários semiestruturados dirigidos aos professores ficou evidente que eles já direcionaram suas práticas ao trabalho com materiais de divulgação científica. Percebemos que os estudantes já vivenciaram atividades com textos de divulgação científica. No entanto, há a necessidade de oportunizar mais atividades desta natureza. Embora, os entraves ainda sejam muitos e recorrentes nas escolas, o acesso aos meios de divulgação científica são insuficientes e precários, tanto para estudantes como para professores. Para tanto, precisamos somar esforços que viabilizem a socialização entre professores e estudantes do Ensino Fundamental de textos técnico-científicos sobre a Ciência, a Tecnologia e a Sociedade.
Palavras chave: Divulgação Científica; Ensino de Ciências; Leitura.
1 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná - UFPR, Especialista em Educação: Fundamentos e Métodos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, atua como professora de Ciências e Biologia no Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes em Curitiba, Paraná. 2 Pós Doutor pela UFSC, Doutor e Mestre pela USP, Graduado em Ciências Biológicas pela PUCCAMP. Professor Adjunto do Departamento de Teoria e Prática de Ensino – Setor de Educação – Área de Ciências da Natureza – Universidade Federal do Paraná. Orientador PDE.
ABSTRACT
The promotion of science at school may show itself as a challengeable instrument
able to promote scientific culture incorporation among the students. This project aims
to build collectively a methodology of reading scientific promoting texts. Where,
functions such as; informing, teaching and sensitivity will be its attributes. Hence,
was tried with teachers and students identify the different usages of scientific
promoting materials within their pedagogic practices, as a pedagogic support that
goes behold the didactics’ book. This way, the study intended to develop a students’
familiarization with scientific researches, thus promoting a development of oral and
written scientific language communication. The research is qualitative in nature. It
aims to know the teacher and students perspectives about adoption or not of
scientific promoting texts in science classes. Semi-structured questionnaires were
given to teachers and students, and after analysis it showed that they already have
their practices inclined for using scientific texts. It was noted as well, that students
have already experienced activities involving scientific materials. Many barriers in the
schools related to access the scientific promoting are still insufficient for students and
teachers. Therefore, it needs efforts that make the socialization between teachers
and fundamental education’s students and the texts about science, technology and
society.
Key words: promotion of science; science teaching; reading.
1 INTRODUÇÃO
Os professores do Ensino Médio relatam a dificuldade de leitura que os
estudantes enfrentam. Esta preocupação é recorrente também na disciplina de
Ciências no Ensino Fundamental, e deixa os profissionais da Educação muito
preocupados diante da situação que parece irreversível. No entanto, é uma
preocupação que os professores desta disciplina precisam administrar em suas
aulas, fundamentando-se teórico-metodologicamente, independentemente da
disciplina que ministram, podem contribuir para o desenvolvimento das habilidades
de ouvir, falar, ler e escrever.
Desta forma, os professores influenciam na construção das capacidades da
linguagem e na ampliação da visão de mundo dos estudantes, sem se limitar aos
saberes de sua disciplina.
Recomendações curriculares recentes, dentre elas as Diretrizes Curriculares
para a Educação Básica do Estado do Paraná, destacam o potencial informativo dos
textos de divulgação científica como recurso pedagógico. Assim, o contato com os
textos de divulgação científica relacionados à Educação em Ciências, tais como:
enciclopédias, folhetos de campanhas de saúde, artigos de jornais e revistas e
documentários científicos, constituem-se como uma tarefa complexa que envolve
várias operações cognitivas necessárias ao desenvolvimento dos sujeitos nesta
etapa da escolarização.
Esta perspectiva nos possibilitou entender que os estudantes
compreenderam e/ou ampliaram suas ideias em relação ao texto, à ciência, à
tecnologia, à sociedade e às pesquisas científicas. Para tanto, é importante que o
professor de Ciências vivencie sua experiência como profissional da linguagem,
pois, desta forma, poderá contribuir para o enriquecimento da capacidade linguística
dos estudantes.
Os materiais de divulgação científica estão presentes nas sociedades
contemporâneas, em diversos espaços sociais e em diferentes meios de
comunicação. Não há um único veículo ou mesmo um único suporte capaz de
disseminar a ciência. Ela está presente tanto nas revistas especializadas em
divulgação científica quanto na televisão, no cinema, nos museus, nas exposições,
nos jornais, nos livros, nas salas de aula e inclusive nas conversas do nosso
cotidiano.
Procuramos construir coletivamente uma metodologia de leitura de textos
técnico-científicos (de divulgação científica), atribuindo a tais textos a função de
informar, ensinar e sensibilizar. Pois, entendemos que a divulgação científica pode
estar aliada à prática pedagógica e contribui para a formação do leitor crítico. Este
trabalho pretende introduzir didaticamente textos diversificados de divulgação
científica que estejam relacionados a conteúdos do ensino de Ciências, assim como
apresentar veracidade do tema abordado e densidade discursiva; possibilitar o
ensino e a aprendizagem de conteúdos básicos da disciplina de Ciências a partir de
textos técnico-científicos; desenvolver a comunicação oral e escrita dos estudantes
em linguagem científica, bem como possibilitar aos estudantes a familiarização com
as atividades de pesquisa científica.
Assim, os estudantes poderão demonstrar interesse por se envolverem com
o saber científico e também por dialogar, através da leitura e do contato com estes
veículos, com cientistas renomados da modernidade.
2 CONTEXTUALIZANDO A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
O século XX foi marcado por inúmeras mudanças e transformações no modo
de viver das pessoas e nas relações humanas, devido principalmente, aos avanços
da ciência e da tecnologia. A inserção de imagens, diferentes formas de
comunicação e as informações que chegam a milhares de lugares a uma velocidade
espantosa permitem aos sujeitos ampliarem seus conhecimentos e acompanhar os
avanços científicos e tecnológicos.
No século XXI, continuamos vivendo momentos de grandes progressos e de
profundas transformações econômicas, políticas e sociais. Este cenário nos
possibilita acesso aos conhecimentos, às novas tecnologias e a sua rápida evolução,
favorecendo uma visão contemporânea do mundo. Isso se dá por intermédio das
publicações impressas, digitais e/ou eletrônicas que intensificam a disseminação dos
conhecimentos científicos e tecnológicos. Assim, os materiais de divulgação
científica estão invadindo nossos lares, trazendo consigo uma gama de informações,
ideias, conceitos, concepções, imagens e representações da ciência e do cientista
(SILVA, 2003). Segundo Silva e Kawamura ocorre uma proliferação de “revistas,
seções de jornais, programas multimídias, vídeos, filmes, exposições, palestras etc.,
com o objetivo de saciar os anseios de uma população, curiosa e angustiada, diante
de transformações espantosamente rápidas em seu modo de vida, que parecem
estar buscando, no conhecimento destas transformações, elementos para uma
melhor compreensão de sua realidade” (2001, p. 317).
A divulgação e a disseminação científica são conceitos que, de acordo com
Bueno (1985), expressam as diferentes manifestações da difusão científica. A
disseminação científica está voltada para a comunidade de especialistas de uma
determinada área ou de áreas correlatas, enquanto que a divulgação científica
direciona-se para o público em geral e à comunidade escolar em particular.
Neste sentido, vamos nos ater apenas à divulgação científica que, segundo
Zamboni:
é entendida, de modo genérico, como uma atividade de difusão, dirigida para fora do seu contexto originário, de conhecimentos científicos produzidos e circulantes no interior de uma comunidade de limites restritivos, mobilizando diferentes recursos, técnicas e processos de veiculação das informações científicas e tecnológicas ao público em geral (2001, p. 45-46).
No âmbito escolar, a divulgação científica constitui-se como um instrumento
desafiador capaz de promover a incorporação de uma cultura científica. Desde a
infância, conforme aponta Massarani (2005), é importante que a escola desenvolva
atividades que possibilitem a criança o interesse pela ciência. Essa premissa,
defendida pela autora, contribui com o processo de construção de conhecimentos
científicos, que são incorporados ao longo da escolarização dos sujeitos.
Martins, Gouvêa e Piccinini apontam que:
os meios de comunicação apresentam às crianças não só diferentes possibilidades representacionais, quanto informações a respeito de descobertas científicas que fornecem elementos para a construção de representações acerca, por exemplo, do que é ciência, de quem é o cientista e qual seu papel social (2005, p. 39).
A divulgação científica, para Bueno (1984, p.19), subentende um processo
de recodificação, ou seja, a transposição de uma linguagem especializada para uma
linguagem não especializada, a fim de tornar o conteúdo compreensível a um
público maior. Nesse ponto, vale ressaltar o que José Reis 3 (apud ZAMBONI, 2001,
p. 47) afirma sobre a importância de “comunicar ao público, em linguagem acessível,
os fatos e princípios da ciência, dentro de uma filosofia que permita aproveitar o fato
jornalisticamente relevante como motivação para explicar os princípios científicos, os
métodos de ação dos cientistas e a evolução das ideias científicas”.
Relevante é construir, gradativa e coletivamente uma metodologia de leitura
de textos técnico-científicos (de divulgação científica), atribuindo a tais textos a
3 Foi um dos mais destacados membros da comunidade científica brasileira, considerado o pai
da divulgação científica.
função de informar, ensinar e sensibilizar, conforme argumenta Peres e Caluzi:
a) informar é prerrogativa essencial do jornalismo científico: comunicar ao público, de forma compreensível, os progressos da Ciência e da Tecnologia; b) ensinar remete a preocupação de Reis (1967, p. 698) que recomenda “sempre que possível, partir dos fatos do dia para ensinar os princípios da Ciência. Ou, então, procurar nos fatos cotidianos a sugestão para ensinar o oposto daquilo que esses fatos a primeira vista sugerem”; c) sobre a função de sensibilizar, Reis (1956, p. 620) destaca que “A divulgação científica tem efeito emulador sobre a mocidade, estimulando interesses para essa carreira e fortalecendo nos adultos a compreensão do valor e do sentido da pesquisa científica (2006, p. 63).
O trabalho de leitura de textos técnico-científicos na disciplina de Ciências
permitirá uma maior familiarização dos estudantes com as atividades de pesquisa
científica e promoverá o desenvolvimento da comunicação oral e escrita em
linguagem científica. Os conhecimentos advindos desse processo contribuem para
reiterar “a crítica às contradições sociais, políticas e econômicas presentes nas
estruturas da sociedade contemporânea e propiciem compreender a produção
científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos contextos em que elas se
constituem” (PARANÁ, 2009, p.16).
Em pesquisas recentes, os professores apontam diferentes justificativas
para o uso de materiais de divulgação científica. Acreditam “que tais textos
apresentam conceitos científicos complexos de maneira mais efetiva”; apontam que
“esses artigos contêm conhecimentos mais contemporâneos do que os livros
didáticos”; e consideram os textos técnico-científicos no ensino de Ciências “como
mais atraentes e motivadores para seus estudantes do que aqueles dos livros
didáticos”(MARTINS, I.; NASCIMENTO, T. G.; ABREU, 2004, p.96). Como exemplo
citamos Gama (2005) que, em sua dissertação de mestrado, afirma que o uso de
materiais de divulgação científica em sala de aula desencadeou contextos de leitura
que contribuíram para a aquisição de novas capacidades de leitura e auxiliaram na
construção de novos repertórios.
Estes apontamentos podem, inclusive, trazer um redimensionamento para
os próximos índices do PISA4 e para o trabalho com materiais de divulgação
4 Programa Internacional de Avaliação de estudantes – PISA é um programa internacional de
avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais, avaliando o desempenho de estudantes na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. A avaliação internacional sobre o conhecimento dos estudantes é realizada pela Organização para
científica, uma vez que os resultados da edição 2007, não foram muito satisfatórios
ao ensino de Ciências, pois indicaram que uma “porcentagem significativa dos
estudantes não detém informações e conhecimentos científicos compatíveis com a
série em que estão matriculados”. Segundo Bueno (2009), este panorama é
preocupante, causando um “impacto negativo para o jornalismo cientifico e a
divulgação científica de modo geral, visto que cidadãos analfabetos cientificamente
têm sempre muita dificuldade para ler, assistir ou ouvir notícias, reportagens de
ciência e tecnologia, visto que não dominam conceitos ou termos básicos”.
Cabe enfatizar que é nesta perspectiva que a proposta de utilização de
materiais de divulgação científica, como recurso pedagógico para o ensino e a
aprendizagem de Ciências, alcança a escola, tendo em vista a interação entre os
recentes avanços científico-tecnológicos e a participação dos sujeitos em situações
decisórias que envolvam impactos desses avanços. Hoje na escola, segundo
Marcelo Valério, “não há mais espaço para práticas que tratem a ciência e a
tecnologia como a panaceia da humanidade; que releguem seus riscos e impactos
sociais; que desconsiderem o contexto de construção de suas inovações; que acabe
por fazer propaganda da ciência; enfim, que teçam uma caricatura do que é a
ciência sem jamais problematizá-la no contexto social” (2005, p.2).
Há, nos meios de comunicação, inúmeras informações disponíveis, além de
grande facilidade em acessá-las. No entanto, não se tem uma garantia de que todas
essas informações veiculadas pelos jornais, revistas, TV, Internet sejam
transformadas em conhecimento. (ARAÚJO; CALUZI; CALDEIRA, 2006). É
necessário que a escola reconheça e considere estes meios de divulgação e realize
um tratamento da informação por suas práticas pedagógicas, uma vez que a
divulgação científica estende uma ponte entre a ciência e o público em geral, com o
intuito de diminuir o abismo que possa existir entre o universo da pesquisa científica
e o homem comum.
No entanto, há de se considerar um desafio maior: o processo de
transposição ou recodificação dos conhecimentos científicos para um público
reconhecidamente leigo em ciência. O desafio passa a ser de caráter epistemológico
e comunicacional, desafio tal que o divulgador deve estar preparado para enfrentar.
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conhecida como Pisa. As avaliações do PISA incluem cadernos de prova e questionários e acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: Leitura, Matemática e Ciências. (Informações disponíveis em: http://www.inep.gov.br/internacional/pisa/)
Geralmente, para tornar compreensível a linguagem hermética e especializada da
ciência, e superar a dificuldade de transposição e recodificação da ciência, o
divulgador opta pela simplificação da linguagem científica, utilizando metáforas,
analogias, ilustrações e imagens.
Este ímpeto simplificador do conhecimento científico, acaba por apresentar
somente os resultados das pesquisas e desvirtua o tema científico, como se a
ciência se prestasse apenas a fornecer conclusões e verdades. Assim, “a divulgação
promove a espetacularização da ciência, incorrendo em um sensacionalismo que
contribui apenas para despertar curiosidade do público, conferindo pouco ou
nenhum significado à formação” (VALÉRIO, 2005, p. 6).
Para reafirmar essa questão, Tambosi (1999, apud VALÉRIO, 2005),
argumenta que a cobertura da ciência pela mídia, geralmente, é problemática,
porque ela se detém “(...) apenas nos resultados, ora espetaculares e maravilhosos,
ora apocalípticos e maléficos; jamais vê a ciência como processo de conhecimento,
submetido a conjecturas e refutações, sujeito a imprecisões e erros, como qualquer
atividade humana”.
No entanto,
Se a mídia resgatasse a imagem da Ciência como uma atividade humana, talvez a imagem da Ciência e do cientista ressurgisse e atraísse o jovem contemporâneo, despertando nele o gosto pela descoberta e pela carreira científica. Se a mídia resgatasse o sentido autêntico da ciência, como uma aventura humana, repleta de adrenalina, voltada para a descoberta e para a realização do talento humano, talvez a imagem da ciência e do cientista ressurgisse de outra forma para as novas gerações. Para isso, será necessário que o jornalismo científico se liberte dos seus equívocos (vinculação aos grandes interesses, sobretudo) e que, ao invés de fazer a apologia dos resultados, destaque o processo de criação. Numa atividade em que parece tudo dar certo, onde só há ganhadores de prêmios Nobel ou gênios da lâmpada, não há mesmo espaço, imagina o jovem, para ele, apenas um cidadão comum. Ele deve pensar que ciência é coisa para nerds (...). Logo, se a cobertura de ciência e tecnologia se encaminhasse para uma nova perspectiva, a imagem da ciência e do cientista poderia cativar os jovens e, com isso, prestaria um grande serviço tanto ao mundo da ciência como à sociedade. (BUENO, 2010)
Neste sentido, é relevante trazer para o debate - a ciência como construção
humana - sujeita a erros, imprecisões e incertezas, bem como a função do
jornalismo científico, conforme sugere Silva:
(…) alertar a população para os possíveis malefícios da ciência e da tecnologia, incentivá-la a reivindicar os direitos de participação ativa nas discussões e propostas sobre os rumos da C&T para o Brasil e suscitar discussões e debates sobre o posicionamento do nosso país no processo de globalização: manter o papel de mero importador de conhecimento científico e tecnológico ou almejar o papel de produtor destes conhecimentos? (2003, p. 4)
No espaço escolar, a aproximação dos estudantes com o discurso científico,
veiculado pela mídia, precisa ser questionado a partir de uma leitura crítica das
relações entre as aplicações e implicações sociais, políticas, econômicas e éticas
dos produtos que as diferentes ciências produzem. Caso contrário, o contexto da
divulgação científica fica comprometida, não só pelo caráter informativo, mas
também formativo, pois inviabiliza as intenções educativas que poderiam ser
contempladas (VALÉRIO, 2005).
De acordo com Souza, Bastos e Angotti, “os próprios currículos escolares
não contemplam o potencial das divulgações científicas nas práticas escolares”
(2009, p.1), mesmo que as políticas públicas em educação contemplem avanços na
melhoria e na qualidade da Educação Básica, ainda será preciso trabalhar para
aproximar os conhecimentos científico-tecnológicos da sala de aula.
Se há uma proposta de incorporação de materiais de divulgação científica no
Ensino Fundamental, há de se pensar num planejamento para tal. No
desenvolvimento das aulas, é importante que o professor, ao introduzir
didaticamente textos diversificados de divulgação científica, relacionados a
conteúdos básicos do ensino de Ciências, realize uma transposição didática
adequada dos referidos textos. Perez e Caluzi (2006, p.86) afirmam a necessidade
de se verificar o estabelecimento da relação do conteúdo do artigo com o conteúdo
escolar e a veracidade do tema abordado no material de divulgação científica com
bases históricas confiáveis, que sustentem seu desenvolvimento na Ciência e na
complexidade discursiva dos artigos a serem trabalhados, que podem ser de “alta”
e/ou “média” complexidade discursiva.
Sendo assim, os professores podem utilizar no planejamento de leitura:
“adaptações de textos originais, mais curtos e de caráter geral; introdução de
atividades de leitura (livre e dirigida); e utilização conjunta com textos didáticos”
(MARTINS; NASCIMENTO; ABREU, 2004, p.95). Tendo em vista esta perspectiva, a
leitura favorece o desenvolvimento do gosto pelo conhecimento científico, por novas
informações e impulsiona os estudantes a fazer uso dela com frequência e a
continuar a busca por informações sobre ciências mesmo fora da escola.
Quanto à linguagem utilizada nos materiais de divulgação científica, é
pertinente identificar se a linguagem é “clara, objetiva, científica; se [estimula] o
leitor; se [há] figuras de linguagem, generalizações e pressuposições”(SILVA, 2003,
p. 2).
Estudos e pesquisas apontam que é possível firmar um compromisso
político-pedagógico e realizar um trabalho consistente de leitura crítica dos materiais
de divulgação científica como recurso para o ensino e a aprendizagem de conteúdos
básicos de Ciências.
Algumas dessas pesquisas5 demonstram que materiais de divulgação
científica podem funcionar como elementos motivadores e/ou estruturadores da
aula, desencadeadores de debate e organizadores de ideias, argumentos e
explicações. Além disso, podem instituir relações com o cotidiano dos estudantes e
ampliar assim o universo discursivo deles, na medida em que estabelecem contextos
para a aquisição de novas práticas de leitura, favorecendo a “construção da história
de leitura” de cada sujeito. (ALMEIDA; CASSIANI, OLIVEIRA, 2008, p.7)
As práticas de leitura pensadas para o ensino de Ciências, aqui referidas,
pautam-se no entendimento de leitura como produção de sentido (ORLANDI, 1988).
Considera-se que todo o texto tem um contexto sócio-histórico e cada leitor possui
uma história de leitura. Assim, o sujeito leitor ao realizar a leitura de um texto de
divulgação científica mobiliza um conjunto de informações e estratégias de leitura
que determinam o nível de compreensão do texto. Isso, de fato, irá “contribuir para a
construção da história de leitura dos estudantes, estabelecendo relações
intertextuais e resgatando a história de sentido do texto” (ALMEIDA; CASSIANI,
OLIVEIRA, 2008, p.71).
Desta forma, fazer uso de um universo científico-textual, de artigos
presentes em reportagens de mídia até originais dos próprios cientistas, constitui um
passo importante na conquista de um espaço como participante da cultura científica.
(MARTINS; DAMACENO, 2002). Isto é apontado com muita propriedade por Silva
quando menciona que “compromisso com o desenvolvimento das habilidades
5 Citamos as pesquisas de ALMEIDA; RICON, 1993 - MARTINS; NASCIMENTO; ABREU, 2004-
PEREZ; CALUZI, 2006 - SILVA, 1998 - MARTINS; DAMASCENO, 2002 - FRANCISCO; ABREU; FERREIRA; QUEIROZ, 2008 - ALMEIDA; CASSIANI, OLIVEIRA, 2008.
linguísticas, em nosso país, não deve ser tratado com exclusividade pelo professor
de Língua Portuguesa, nem é problema que se deva dar por solucionado no Ensino
Fundamental” (2004, p. 103).
Esse compromisso, praticamente, fica à margem das atividades diárias dos
professores. Vale dizer que estimular a leitura é uma prática que, geralmente, é
esquecida no ensino de Ciências. Segundo Almeida & Ricón (1993): “É, por
pensarmos na construção social e gradual do conhecimento, que devemos enfatizar
a importância de práticas que, além de incorporarem o saber científico, contribuem
para a formação de hábitos e atitudes que permanecerão após o abandono da
escola. E a leitura de textos literários e de divulgação certamente tem lugar nessas
práticas” (apud SILVA ; KAWAMURA, 2001, p.319).
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
3.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa - seleção da amostra
Tendo em vista a importância da utilização de materiais de divulgação
científica nas aulas de Ciências e a construção coletiva de uma metodologia de
leitura de textos de divulgação científica, propusemos um Grupo de Trabalho em
Rede (GTR)6 intitulado: Uso de materiais de divulgação científica como recurso
pedagógico no processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Ciências,
no qual participaram dois professores, atuantes na Rede Pública Estadual de Ensino
do Estado do Paraná.
Os referidos professores inscreveram-se no grupo em questão pela
plataforma Moodle e realizaram o curso a distância.
Além dos professores do GTR temos como sujeitos da pesquisa – a
professora de Ciências e estudantes da 5ª série do Ensino Fundamental do Colégio
Estadual Professor Loureiro Fernandes, em Curitiba-PR.
6 O GTR, faz parte do PDE e integra o Programa de Formação Continuada, da Secretaria de
Educação do Estado do Paraná, caracterizando-se pela interação entre Professor PDE e os demais professores da Rede Estadual de Ensino, no qual o professor PDE é o tutor do curso e o professor da rede estadual, o cursista.
3.2 COLETA DE DADOS
3.2.1 Junto aos professores da disciplina de ciências
Foi aplicado um questionário semiestruturado que abordou questões sobre o
uso ou não de materiais de divulgação científica no planejamento das aulas de
Ciências e se estes professores já tiveram e/ou têm contato com esses materiais em
sua formação. A escolha dos professores, como sujeitos da pesquisa, foi realizada
aleatoriamente entre os professores de Ciências, ou seja aqueles que se
inscreveram no Grupo de Trabalho em Rede e o professor que estaria atuando na 5ª
série do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes. O
instrumento utilizado para coleta de dados com os professores continha 14 questões
subjetivas, as quais foram respondidas através da plataforma Moodle pelos
professores participantes do GTR e, presencialmente pela professora da escola.
3.2.2 Junto aos estudantes da disciplina de Ciências
Um questionário semiestruturado foi aplicado a 18 estudantes da turma de
5ª série do Ensino Fundamental. A opção pela 5ª série deveu-se ao fato de ser esta
uma etapa da escolaridade em que os sujeitos da aprendizagem são chamados a
compreender e/ou ampliar suas ideias em relação à Ciência, à Tecnologia e à
Sociedade, bem como às pesquisas científicas. A aplicação do referido instrumento
de coleta ocorreu na aula de Ciências, no Colégio Estadual Professor Loureiro
Fernandes, no mês de abril de 2010.
Para os estudantes foram propostas, 20 questões, objetivas e subjetivas,
abordando o interesse dos estudantes pela leitura de materiais de divulgação
científica e a presença destes nas aulas de Ciências.
.
3.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
A pesquisa em questão é de natureza qualitativa, pois busca conhecer as
perspectivas e os pontos de vistas dos professores sobre o uso ou não de materiais
de divulgação científica no planejamento de suas aulas. A pesquisa qualitativa,
segundo Asinelli-Luz (2000, p 118) “é formativa e permite compreender melhor as
atitudes, as crenças, motivos e comportamentos da população investigada,
interpretando os aspectos emocionais e contextuais do comportamento humano,
procurando responder ao por que de um determinado problema”. Assim, a pesquisa
qualitativa nos oferece razões expressivas para utilizá-la, uma vez que atende aos
interesses desta pesquisa.
Os dados coletados por meio dos questionários semiestruturados foram
analisados e posteriormente categorizados por meio de uma metodologia utilizada
na pesquisa qualitativa, denominada Análise de Conteúdo. Esta é uma “... técnica de
investigação que têm por objetivo ir além da compreensão imediata e espontânea,
ou seja, ela teria como função básica a observação mais atenta dos significados de
um texto, e isso pressupõe uma construção de ligações entre as premissas de
análise e os elementos que aparecem no texto” (RIZZINI, 1999, p. 91).
Os questionários analisados buscaram identificar particularidades da prática
pedagógica dos professores em relação ao uso ou não de materiais de divulgação
científica no planejamento de suas aulas, bem como evidenciar o interesse dos
estudantes pela leitura de materiais de divulgação científica, os seus temas de
interesse e a presença destes nas aulas de Ciências. Parte dos dados analisados
serviram para definir conteúdos de estudo a serem desenvolvidos numa Unidade
Didática elaborada e aplicada na implementação do projeto na escola, a qual não
será foco de análise neste momento.
A partir das respostas dos professores, obtivemos os fragmentos de
conteúdos, os quais foram constituindo unidades de análise que, posteriormente,
foram categorizados. A partir das unidades de análise, definimos as categorias para
utilização de materiais de divulgação científica pelo professor em sala de aula:
Acesso e utilização, Entraves, Visitas a Centros e Museus de Ciências.
Os professores sujeitos da pesquisa tiveram seus nomes reais omitidos e
identificados por letras maiúsculas do alfabeto. Desta forma, o primeiro professor a
responder foi identificado como professor A, o segundo como professor B e o
terceiro como professor C. Assim, organizamos a discussão dos resultados do
questionário semiestruturado, o qual nos propusemos a fazer a análise.
Ao analisarmos os questionários semiestruturados respondidos pelos
estudantes organizamos o conteúdo da coleta de dados em categorias que
pudessem apontar o interesse dos mesmos pela leitura de materiais de divulgação
científica, os seus temas de interesse e a presença destes nas aulas de Ciências.
Assim, tivemos as categorias: Leitura e Acesso, Concepção, Aulas de Ciências.
4 ANÁLISE E DISCUSSÕES
4.1 Questionário semiestruturado – Professores: o que nos revelaram
Para compreender se os professores fazem uso ou não de materiais de
divulgação científica no planejamento de suas aulas, estabelecemos a Categoria –
Acesso e utilização, que engloba quatro perguntas do questionário
semiestruturado. Primeiramente perguntamos - “Você tem assinatura de alguma
revista de divulgação científica ou periódico científico? Qual (ais)? Se não tem,
pretende adquirir? Por quê?”; em segundo lugar - “Você realiza leituras científicas
com frequência? Cite, pelo menos, três títulos que tenha lido recentemente”; a
terceira questão – “Utiliza outros recursos didáticos de divulgação científica (vídeos
por exemplo, documentários, textos avulsos)”; e a quarta pergunta - “Utiliza textos de
periódicos e/ou revistas científicas em suas aulas? De que forma?”.
De acordo com as respostas dos professores obtivemos na primeira questão
a informação de que o professor A tem assinatura da “revista de divulgação
científica – Superinteressante - e gostaria de ter assinatura da Galileu e da Ciência
Hoje”, os outros dois professores (B e C) responderam que no momento não
possuem assinaturas de revistas, e que acessam as versões eletrônicas delas,
sendo que o professor B afirma não ter a pretensão de assinar estas revistas. Isso
revela que os professores estão buscando de alguma forma, seja pela revista
impressa ou por suas versões eletrônicas, acompanhar o desenvolvimento e a
atualização da ciência. Nesse contexto, os diferentes meios de divulgação científica
contribuem para o processo de ensino aprendizagem, pois é preciso aproximar as
informações ou até mesmo confrontá-las com os conteúdos escolares e se
necessário redimensioná-los para uma formação emancipadora dos estudantes,
conforme aponta Araújo, Caldeira e Caluzzi ao dizer que
“... não podemos mais desconsiderar a enorme quantidade de informação que circula no espaço não escolar. Tentar blindar o ambiente escolar dessa avalanche de informações, sem que os conteúdos escolares não passem por drásticas transformações, é praticamente impossível, se o que queremos é a formação de um sujeito que tenha acesso as mais variadas formas de produção do conhecimento, de como transformá-los em tecnologia e de quais são os impactos que eles geram para a sociedade e para o ambiente ” (2006, p.21-22).
A utilização das revistas de divulgação científica com parcimônia e sabedoria,
é imprescindível num processo de escolarização que preocupa-se com a qualidade
do ensino e da aprendizagem. Pois, o professor, que em sua prática pedagógica faz
uso de notícias, textos, reportagens e documentários extraídos dessas revistas e os
contextualiza, dinamiza suas aulas e promove a atualização do conhecimento.
Em relação à segunda pergunta os professores B e C relataram que fazem
leituras científicas com frequência e citam, cada um deles, três obras que leram
recentemente: Ensino de Ciências: fundamentos e métodos; A ciência em ação; A
construção da ciência; Biodiversidade na Amazônia brasileira; Etnoconservação:
novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos e o Mito moderno da
natureza intocada. O professor A relata não ter realizado leituras recentemente por
falta de tempo. Dois terços dos professores que responderam ao questionário fazem
leituras científicas de temas relacionados aos conteúdos da disciplina que ministram.
Desta forma, os professores, além de serem produtores são também consumidores
de conhecimento. Pois, a busca constante por leituras específicas e científicas da
área viabilizam um enriquecimento em suas práticas cotidianas.
O professor em sua formação inicial e continuada qualifica-se, especializa-se.
No entanto, é humanamente impossível conhecer tudo o que é produzido, então a
leitura como uma prática social amplia o discurso científico e acompanha o
desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da sociedade, bem como sua
legitimidade e funcionalidade. Santos Filho reitera que:
“os mecanismos de obtenção de conhecimentos são tão variados, bem
como o número de pessoas que geram conhecimento é tão grande, que não existe no mundo alguém que tenha a noção superficial dos tipos de conhecimento que são gerados. Quanto mais dominá-los. O homem foi forçado a assumir suas limitações em termos de armazenamento de informações e a desenvolver mecanismos que lhe facilitassem a vida quando tivesse de procurar por informações que não sabia que existisse (2006, p. 116)”.
Os professores que realizam leituras científicas com frequência podem
ampliar cada vez mais seu repertório não só através dos artifícios da informática, tão
disseminados na contemporaneidade, mas também, por meio da leitura. Deste
modo, tudo que se adquiriu ao longo da história da humanidade em termos de
informação ou conhecimento pode ser preservado e transmitido às futuras gerações.
A terceira questão faz um levantamento dos recursos didáticos de
divulgação científica utilizados pelos professores em sala de aula. Os três
professores responderam que fazem uso de vídeos e filmes do tipo documentário e
utilizam textos avulsos de jornais e revistas. Santos Filho, afirma que “a divulgação
científica por meio de filmes educativos, se bem utilizada pelos professores de
qualquer nível de ensino, representa um instrumento muito poderoso e eficaz para a
transmissão do conhecimento de qualquer natureza (2006, p. 132)”. As metodologias
que utilizam vídeos e filmes (documentário) e textos de jornais e revistas são
relevantes no processo de ensino e de aprendizagem, pois conforme Silva, o
trabalho escolar com materiais de divulgação científica:
envolve várias operações cognitivas – buscar informações, colher dados, distinguir o que é conceito, argumento, pressuposto, fato, opinião ou juízo de valor; verificar se as relações entre argumentos e conclusões são pertinentes; discernir e comparar o tratamento do mesmo assunto em diferentes autores; comparar suas próprias ideias com as do autor e tirar conclusões; aplicar o conhecimento obtido à solução ou à discussão de um
problema, etc.(2004, p. 103).
Além dos benefícios relacionados, a utilização de materiais de divulgação
científica, como parte de atividades escolares, contempla a diversidade de
informações; a possibilidade de contrapor ideias e argumentos; a leitura e a
aproximação com terminologias e conceitos específicos à ciência.
A quarta pergunta instiga os professores a responder, se utilizam os textos
de periódicos e/ou revistas de divulgação científica em suas aulas, e a relatar de que
forma esses textos são utilizados. Os professores A e B admitiram que já fazem
uso de textos de divulgação científica em suas aulas de forma planejada para
determinado assunto (conteúdo). O professor A relata que além do trabalho
planejado tinha “o costume de deixar as revistas à disposição dos estudantes que
terminassem uma tarefa, antes dos outros”. Já o professor B aproveitava “essas
atividades com textos de divulgação científica para trabalhar também a
interpretação”. O professor C relatou “que não tem o costume de trabalhar com
textos de divulgação científica, mas que às vezes, levava revistas como a
superinteressante para os estudantes lerem”.
É importante salientar que “a apropriação didática destes textos não se dá
de forma automática e há necessidade de que se efetivem conexões entre seus
conteúdos e os conteúdos curriculares” (MARTINS; DAMASCENO, 2002, p.1).
Sobre isso, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná – Ciências
reiteram que este “tipo de material não foi produzido originalmente para ser utilizado
em sala de aula e, por isso, requer uma adequação didática” (PARANÁ, 2008, p.71).
Para trabalhar com textos de divulgação científica e/ ou vídeos, os
professores precisam identificar os conceitos e as informações mais significativas,
realizando recortes e inserções, além de estabelecer relações conceituais,
interdisciplinares e contextuais. Precisarão, também, estar atentos à qualidade
desse material, selecionar apenas aqueles que tenham “linguagem adequada
articulada a um rigor teórico conceitual que evita a banalização do conhecimento
científico” (PARANÁ, 2009, p.71).
Para identificar as principais dificuldades encontradas pelos professores em
sua prática diária em relação ao uso ou não de materiais de divulgação científica,
organizamos o conteúdo respondido pelos professores na Categoria Entraves.
Nesta categoria apresentam-se duas perguntas do questionário semiestruturado. -
“Quais os entraves que inviabilizam um trabalho maior com esses materiais?” e - “A
escola em que você trabalha disponibiliza materiais de divulgação cientifica para o
trabalho no ensino de Ciências? Como você avalia esta situação?”.
O principal entrave mencionado pelos professores A, B e C ao responder a
primeira questão foi o tempo, ou melhor, a falta dele para elaborar atividades, para
fazer leituras prévias, para preparar as aulas. Outro apontamento foi a falta de
recursos na escola e a impossibilidade em adquirí-los. Esses dois fatores apontados
pelos professores revelam as dificuldades que se apresentam no dia a dia escolar,
as quais inviabilizam em parte o trabalho com materiais de divulgação científica.
Esses entraves precisam ser superados. No entanto, os professores não dão conta
sozinhos. É necessário uma ação coletiva, de esforços conjuntos, que possam
minimizar as dificuldades dos professores e favorecer o trabalho dinâmico e
atualizado do conhecimento. Para tanto, acreditamos que seja importante um maior
diálogo com a equipe técnico-pedagógica da escola, para buscarem juntos
alternativas coerentes com a realidade escolar que desobstruam os obstáculos
encontrados e viabilizem o trabalho com materiais de divulgação científica.
Já a segunda pergunta foi respondida diferentemente pelos professores. O
professor A afirma que algumas escolas “disponibilizavam a superinteressante,
enquanto outras nem isso”. Relata o professor que “é uma situação lamentável,
quase sempre o professor tem que correr e buscar os materiais, diversificar as
aulas”. O professor B descreve que não tem conhecimento se a escola disponibiliza
materiais de divulgação científica, relata apenas que a escola “tem biblioteca, mas
ainda não fui lá conferir o que tem”. O professor C descreve que sua escola não
possui materiais desta natureza à disposição, que a “escola está empenhada em
resolver outros problemas em detrimento de subsidiar a pesquisa do professor. Mas,
quando solicitada, ela procura ajudar da melhor forma”.
As escolas, muitas vezes, não estão preparadas e nem todas dispõem do
material que necessitamos para nossas práticas. O professor poderá propor à escola
a aquisição de materiais dos quais necessita, através de uma justificativa plausível.
Pode também estabelecer parceria com algumas Instituições de Ensino Superior que
forneçam materiais de divulgação científica, os quais poderão ser utilizados em
contextos de leitura que promovam a construção de novos repertórios.
Para identificar se o professor propõe visitas à espaços de divulgação
científica em suas aulas de ciências estabelecemos a categoria Visitas a Centros e
Museus de Ciências. Nesta categoria, perguntamos se o professor “Realiza visitas
com os estudantes em espaços de divulgação científica (mostras, museus, etc.),
solicitamos que relatasse. Caso não realize, quais os entraves? Neste contexto, o
professor C relatou que nunca realizou esta atividade com os estudantes. Relata
ainda, que “o maior entrave é o transporte, fora a responsabilidade de levar as
crianças e os adolescentes para fora da escola”. Os professores A e B afirmam que
já realizaram visitas em espaços de divulgação científica, porém relatam que “é
sempre difícil”, “não é algo simples de fazer, há sempre entraves para se conseguir
deslocamento para os estudantes”. O professor A complementa afirmando que “a
escola não tem ônibus e nem meios para locar”. Portanto, para os três professores o
maior entrave é a condução, ou seja, o transporte de estudantes para realizar as
visitas. Apesar do relato dos professores ser bastante incisivo nas dificuldades,
pensemos na magnitude de uma visita a Centros e Museus Interativos de Ciências.
Pois, segundo Santos Filho “a divulgação científica feita por meio de demonstrações
práticas, imagens ou sons, (…) tem por objetivo despertar, rapidamente, a atenção
das pessoas que passam pelo local onde está sendo realizada. É uma forma rápida
e eficiente de chamar a atenção e, normalmente, faz uso de algum apelo visual, tal
como fumaça, surgimento ou desaparecimento de cor, produção de algum ruído ou
coisa parecida (2006, p. 117)”. Embora, haja ainda, muitas dificuldades, temos
desafios pela frente. Assim, corroboramos com Alberto Gaspar que:
“é inegável a contribuição dos novos Museus e Centros de Ciência (…) [pois] não se restringem à exposição e à divulgação das Ciências, há também uma explícita preocupação com a 'melhoria do ensino formal e informal de Ciências e Matemática, suprindo deficiências e oferecendo processos dinâmicos e interativos, capazes de ressaltar, de forma atraente, as riquezas do campo científico' (2006, p. 148-159)”.
Não só as visitas aos Centros e Museus interativos de Ciências, mas todos
os materiais de divulgação científica quando utilizados pelos professores de Ciência
na complementação dos conteúdos curriculares podem contribuir construindo “uma
visão mais ampla dos processos sociais que envolvem as novas descobertas
científicas” (BORGES; CALDEIRA, 2006, p. 111).
4.2 Questionário semiestruturado – Estudantes: o que nos revelaram
A fim de evidenciar o interesse dos estudantes pela leitura de materiais de
divulgação científica, as suas impressões sobre o tema e a presença destes nas
aulas de Ciências, analisamos as categorias definidas. A categoria: Leitura e
Acesso envolve uma das questões que perguntava sobre o conhecimento de que
cada estudante tem das principais revistas de circulação nacional. Isto, para que
pudéssemos verificar o acesso que as crianças têm às revistas em geral, bem como
as de divulgação científica. Por meio da Tabela 1 construída a partir das respostas
dos estudantes pudemos concluir que dentre as revistas relacionadas, a revista mais
lida por eles, segundo os apontamentos que fizeram, é a “Veja”, seguida da “Ciência
Hoje das Crianças” e depois da “Ciência Hoje”. O que foi possível perceber é que
poucos estudantes têm acesso às revistas de circulação nacional e menos ainda, às
revistas de caráter científico. Os estudantes que têm acesso e que conhecem as
revistas, e já fizeram leitura de seu conteúdo são poucos (16%). No entanto, é
possível perceber certo interesse de alguns estudantes pela leitura de revistas, suas
reportagens, seus documentários, levando-nos a acreditar que existe uma motivação
individual dos estudantes a qual poderá ser estimulada no decorrer das aulas de
Ciências, pela leitura de textos técnico-científicos.
Portanto, a leitura de textos de revistas de divulgação científica requer
planejamento e direcionamento para que os objetivos sejam atingidos. Dentro deste
contexto, cabe ao professor promover a construção coletiva de uma metodologia de
leitura de textos técnico-científicos (de divulgação científica) que estimule
cotidianamente a busca por estes materiais e sua leitura.
4.2.1 Tabela 1
Revistas de circulação Nacional Você não conhece Você conhece, mas nunca leu
Você já leu
Revista Veja 3 2 13
Revista Isto É 8 8 1
Revista Superinteressante 14 1 3
Revista Mundo Estranho 14 1 3
Revista Nova Escola 11 5 3
Revista Viva Saúde 7 7 4
Revista Globo Rural 3 11 4
Revista Mente e Cérebro 10 4 3
Revista Galileu 11 4 3
Revista Scientific American Brasil 13 3 2
Revista Exame 10 4 4
Revista Saúde 8 5 5
Revista Ciência Hoje 6 6 6
Revista National Geographic 11 4 3
Revista Época 10 3 5
Revista Ciência Hoje das Crianças 7 4 7
Tabela 1- Conhecimento que cada estudante tem das principais revistas de circulação
nacional
Ainda, integrando a categoria: Leitura e Acesso, analisamos a pergunta
respondida pelos estudantes relacionada às revistas que na opinião deles, seriam de
divulgação científica. Diante dos resultados obtidos elaboramos a Tabela 2, a qual
analisamos e percebemos que a Revista Ciência Hoje, foi reconhecida como
revista de Divulgação Científica por 17 estudantes (77%), portanto a grande maioria
da turma. Em seguida, foi apontado pelos estudantes, respectivamente, a Revista
Ciência Hoje das Crianças, a Revista Scientific American Brasil e a Revista
Mente e Cérebro. Com estas respostas, foi possível perceber que os estudantes já
conseguem identificar revistas de abordagem científica, pois apontaram claramente
as principais revistas de Divulgação científica de circulação nacional.
Embora os alunos da 5ª série do Ensino Fundamental não possuam
condições cognitivas consistentes para compreender o rigor e a qualidade científica
dos artigos publicados nas revistas por eles apontadas, apresentam capacidade para
reconhecê-la como científica, tendo em vista suas características como objeto de
estudo.
4.2.2 Tabela 2
Revistas de circulação Nacional Crianças responderam (SIM) são Revistas de Divulgação Científica
Revista Veja 5
Revista Isto É 5
Revista Superinteressante 8
Revista Mundo Estranho 4
Revista Nova Escola 1
Revista Viva Saúde 6
Revista Globo Rural 5
Revista Mente e Cérebro 11
Revista Galileu 6
Revista Scientific American Brasil 11
Revista Exame 10
Revista Saúde 7
Revista Ciência Hoje 17
Revista National Geographic 6
Revista Época 3
Revista Ciência Hoje das Crianças 14
Tabela 2 – Revistas de circulação nacional reconhecidas pelos estudantes
A segunda categoria: Concepção enfoca o conhecimento, a ideia, a opinião,
ou mesmo as primeiras impressões que os estudantes demonstram ter sobre a
Divulgação Científica. Segundo as perguntas “já ouviram falar em Divulgação
Científica?”. “O que ouviram falar e quem falou?” As respostas foram: 90% dos
estudantes nunca ouviram falar, enquanto que 10% já ouviram falar e, mencionaram
os planetas como sendo algo científico. Quando perguntamos o que lembram ou
pensam quando ouvem a palavra divulgação científica, 90% dos estudantes
responderam que pensam em algo relacionado à “ciência”, “aos cientistas”, “às
descobertas”, “aos experimentos”, “às exposições”. Apenas 10% deles relatou que
Divulgação Científica “não lembra nada”. O que ficou evidente nesta questão é a
incoerência na resposta dos estudantes, pois quando perguntamos “se já ouviram
falar” a maioria afirma que não. No entanto, quando questionamos sobre “o que
lembra a palavra divulgação científica” a maioria responde enfaticamente e as
palavras que mencionam caracterizam a ideia de Divulgação Científica, ainda que de
uma forma bastante simplista. Talvez, a negação que aparece na resposta à primeira
pergunta tenha a ver com a insegurança de saber definir e/ou conceituar Divulgação
Científica. Mas, as respostas da segunda questão nos permite compreender o
quanto esses estudantes se aproximam de uma concepção clara do que é
Divulgação Científica.
Ainda em relação à categoria – Concepção, perguntamos aos estudantes:
“gostariam de saber mais sobre esse assunto? por quê?”. A grande maioria dos
estudantes respondeu que “Sim”, gostariam de saber mais sobre Divulgação
Científica, justificando “Quero aprender mais”, aprender “... coisas novas”. Outros
estudantes argumentaram que é um tema “interessante”, “extraordinário”, “criativo”,
“legal” e que gostariam de saber mais sobre o assunto. Outros estudantes relataram
que gostariam de saber mais sobre Divulgação Científica respondendo: “Eu não sei
o que é”, “ me interesso pelo assunto”. Apenas um aluno respondeu “Não”, eu não
gostaria de saber mais sobre Divulgação Científica. No entanto, não justificou sua
resposta.
As concepções mais expressivas de que os estudantes têm dos “assuntos”
começam a aparecer na etapa de escolarização em que se encontram, pois segundo
os especialistas em Piaget, eles passam do conhecimento pré-operatório para o
conhecimento operatório. Desta forma, os estudantes buscam explicar os assuntos,
temas e julgá-los como “interessantes”, por exemplo, através da “representação
simbólica à maneira do pré-conceito, isto é, por participação direta e sem classes
(CARNEIRO, 2006. p. 44)“.
Incluindo na categoria Aula de Ciências, perguntamos aos estudantes se “o
professor trabalha outros textos, além dos textos contidos no livro didático”. Todos
responderam “Sim”, a professora já trabalhou com outros textos e responderam que
gostaram muito. Relataram que já realizaram atividades com “textos curtos” e com
“textos mais longos” de revistas, e “vídeos da internet sobre o sistema solar”.
Percebemos que os estudantes já vivenciaram atividades com textos científicos e
relataram que gostaram muito. Afirmamos que a maioria dos textos apresentam
temas interessantes que podem aguçar a curiosidade dos estudantes e isso poderá
favorecer as situações de debates, pesquisas e leituras de novos textos em sala de
aula. Assim, os estudantes poderão compartilhar informações variadas, discutir
pontos de vista diferentes e aprender mais sobre determinado assunto.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao percorrer esta etapa da pesquisa, exploramos os questionários
semiestruturados dos professores e estudantes que fizeram parte da amostra e
obtivemos alguns elementos para discutir questões de relevância para o projeto.
Com isso, tivemos clareza da possibilidade do trabalho com textos de divulgação
científica e do quanto esses textos poderão contribuir para que o ensino de Ciências
desenvolva uma proposta metodológica, que incorpore de forma mais incisiva a
leitura técnico-científica, constituindo fonte de informação atualizada e repleta de um
rigor teórico para o estudo e aprofundamento de conceitos básicos dessa disciplina.
Os professores nos deram indicativos de que já direcionam suas práticas
para o trabalho com materiais de divulgação científica, em especial com textos
técnico-científicos no ensino de Ciências, os quais podem desempenhar um papel
fundamental na formação de um leitor crítico. No entanto, a prática da leitura de
textos de divulgação científica não pode ser pensada como um fim em si mesmo,
muito menos como suficiente para o bom cumprimento dos objetivos traçados num
plano de trabalho docente. Tais práticas precisam ir além, dando a oportunidade
para que os sujeitos possam desvelar o conteúdo da matéria lida, questionando-a e
decodificando-a.
A partir da pesquisa realizada com os estudantes enfatizamos a importância
do trabalho com textos de divulgação científica associados aos conteúdos do ensino
de Ciências na sala de aula. Esses auxiliam no desenvolvimento de habilidades de
leitura crítica e seletiva, na agilidade da leitura de informações científicas e habituam
os estudantes aos termos específicos e corretos da área.
Embora os entraves ainda sejam muitos e recorrentes nas escolas, o acesso
aos meios de Divulgação Científica são insuficientes e precários, tanto para os
estudantes como para professores. Para tanto, precisamos somar esforços que
viabilizem a ampliação das impressões, das ideias, das opiniões, e
fundamentalmente do conhecimento dos estudantes em relação aos textos sobre a
Ciência, a Tecnologia, a Sociedade e as pesquisas científicas.
Os incentivos ao trabalho com materiais de Divulgação Científica deveriam
ser mais consistentes nas diversas esferas do governo e na própria escola, o que
facilitaria o acesso e o trabalho com esses materiais, diversificando e dinamizando a
prática pedagógica.
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