da escola pÚblica paranaense 2008 · bem como de ser replicado por outros docentes da área de...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Universidade Estadual de Londrina

SUELI ROMERO JANDRE

A IMAGEM REVELA O MUNDO REAL?

LONDRINA 2008

SUELI ROMERO JANDRE

A IMAGEM REVELA O MUNDO REAL?

Produção Didático-pedagógica apresentada para o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, integrada a Universidade Estadual de Londrina - UEL e como requisito parcial à obtenção da progressão de carreira. Orientador: Prof. Dr. Isaac Antonio Camargo

LONDRINA 2008

PARECER DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES PDE - 2008

1. IDENTIFICAÇÃO a) INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: Universidade Estadual de Londrina b) PROFESSOR ORIENTADOR IES: Prof. Dr. Isaac Antonio Camargo / Departamento de Arte Visual c) PROFESSOR PDE: Sueli Romero Jandre E-mail: [email protected] d) NRE: Londrina d) ÁREA/DISCIPLINA: Arte e) TÍTULO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: A Imagem revela o mundo real?

Escola de implementação: Colégio Estadual Benedita Rosa Rezende

Público objeto da Intervenção: Alunos da 8ª série do ensino fundamental

2. ANÁLISE

A proposta de trabalho da orientanda é pertinente à sua área de atuação: ARTE. O projeto articula a produção em arte com a proposta de intervenção considerando a atuação dos alunos vinculados à 8ª. Série do ensino fundamental dentro de suas características etária e social. Prevê e investe na possibilidade de implementar e superar problemas de leitura de imagens inerentes aos estudantes desta faixa educacional por meio de estratégias pedagógicas. A produção e a atividade são viáveis considerando as condições sócio-culturais do meio em que a intervenção será realizada. Há efetiva compatibilidade entre a proposta, quanto à linguagem, forma e conteúdo e as condições do local de execução do projeto. Tem potencial para vir a ser incorporado às práticas pedagógicas da escola, especialmente na área de arte. 3. PARECER CONCLUSIVO: ( X ) Favorável ( ) Desfavorável 4. JUSTIFICATIVA DO PARECER: Tal parecer se justifica por considerar que o projeto é viável e exeqüível no contexto sócio-educacional para o qual é proposto. Tem potencial de produzir material de uso pedagógico, bem como de ser replicado por outros docentes da área de atuação da professora. Local: Londrina, 22 de dezembro de 2008

____________________________

Assinatura do Professor Orientador

SUMÁRIO

páginas

PARECER DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA .......................................... iii 1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ................................................................................04 2 TÍTULO ..................................................................................................................04 3. PROBLEMAS ........................................................................................................05 4. CONTEÚDO..........................................................................................................05 5. PALAVRAS CHAVES............................................................................................05 6. RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR ...........................................................................05 7. DESENVOLVIMENTO...........................................................................................06

7.1 O olho e sua relação com o mundo.............................................................06 7.1.1 O olho .................................................................................................08 7.1.2 Anatomia do olho ................................................................................09 7.1.3 Cuidados com os olhos.......................................................................10 7.1.4 Curiosidades sobre a visão dos animais.............................................10

7.2 O que é imagem? .......................................................................................12 7.2.1 Qual a função e uso da imagem? ......................................................12 7.2.2 Percepção visual.................................................................................16 7.2.3 Luz ......................................................................................................20

7.3 A Arte e a educação do olhar ......................................................................22 7.3.1 A imagem revelada no tempo .............................................................24 7.3.2 Ilusão de ótica.....................................................................................28 7.3.3 Você é um leitor competente? ...........................................................30

7.4 Imagem e Sociedade ..................................................................................31 7.4.1 Sociedade de Consumo......................................................................31

8. CONCLUSÃO........................................................................................................36 REFERÊNCIAS.........................................................................................................37 DOCUMENTOS E IMAGENS CONSULTADOS ONLINE .........................................38

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PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Sueli Romero Jandre E-mail: [email protected]

Disciplina: Arte

NRE: Londrina

Município: Londrina

Professor Orientador IES: Dr. Isaac Antonio Camargo

IES vinculada: UEL

Escola de implementação: Colégio Estadual Benedita Rosa Rezende

Público objeto da Intervenção: Alunos da 8ª série do ensino fundamental

2 TÍTULO

A Imagem revela o mundo real?

Fig.1 ►MIRELLA LIMA. Vejo o Mundo.

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3 PROBLEMAS

A função da imagem é substituir o mundo real?

Você entende tudo o que vê?

Será que a imagem informa e qualquer pessoa pode entender o seu significado?

Através dela consigo interagir com o mundo?

É possível manipular uma imagem a ponto de enganarem o meu olhar?

O que diferencia uma imagem artística das outras?

4 CONTEÚDO

Estruturante: Composição;

Básico: Leitura de imagens;

Específico: Análises estratégicas no processo de leitura de imagens.

5 PALAVRAS-CHAVES

Imagem, desatenção visual, educação do olhar, cultura visual e leitor competente.

6 RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR

Ciências (olho, visão e luz), História (cultura) e Português (leitura).

6

7 DESENVOLVIMENTO (disciplinar/interdisciplinar/contemporâneo)

7.1 O OLHO E SUA RELAÇÃO COM O MUNDO

Fig.2 ► Foto: CELITO MEDEIROS. Mapa do

PR.

No estado do Paraná existem lugares

belíssimos que possuem reservas de

araucárias. Um exemplo disso é

Faxinal do Céu (Faculdade do

Professor) localizado na região de

Pinhão. Víamos de longe grandes

árvores. Algumas delas tínhamos o

privilégio de admirar no percurso em

direção aos lugares de evento.

Após a compra de uma máquina fotográfica digital, pude registrar

algumas imagens no decorrer dos intervalos. Inicialmente, fotografava tudo que via.

No outro dia notei que algo havia mudado que meu olhar já não era o mesmo.

Fig. 3 ► Fotos: Faxinal do Céu. Registradas pela autora em 2008

7

Comecei a perceber detalhes que não havia detectado antes. As araucárias

tornaram-se verdadeiras obras de arte. As cores, as formas e as diferentes texturas

alteravam-se mediante a forte ou fraca radiação de luz natural. A paixão foi

crescendo ao presenciar imagens surpreendentes.

Saiba de uma coisa, ver não é tão simples assim! Você vai perceber

que o funcionamento físico dos nossos olhos não é tão complicado e que se parece

com a máquina fotográfica. Mas, existe algo além do funcionamento físico.

Você já assistiu ao filme do Lucas um intruso no formigueiro? Temos

a história de um menino, que devido a falta de atenção dos pais e rejeição dos

amigos, via o mundo de forma superficial, por isso descarregava sua revolta sobre o

formigueiro que se encontrava no quintal de sua casa. As formigas não conformadas

com essa situação, de forma mágica reduzem o menino. Após o seu julgamento no

formigueiro, Lucas é obrigado a aprender se comportar como uma formiga. Aos

poucos ele começa a sentir, perceber e a entender melhor este mundo diferente do

dele. Ocorre uma grande mudança, de perseguidor ele se transforma em protetor

das formigas. A história de Lucas comprova que algumas pessoas têm os olhos

perfeitos, mas não enxergam, porque o ver/olhar envolve sensibilidade, atenção e

resgate do significado do mundo ao redor.

Segundo Rubem Alves, o olhar com atenção não é um ato natural,

mas podemos aprender a olhar. Afirma ainda que a diferença nos olhares depende

de onde você guarda os seus olhos. Se for em caixas de ferramentas, ele será

usado apenas com uma função prática. O ver fica dependente do fazer. Com os

olhos posso ver a comida servida na mesa, abrir a porta e apagar a luz. Sabe-se que

tudo isso é importante, mas é muito pobre. Rubem reforça que se os olhos forem

guardados em caixas de brinquedos, ele se transformará em órgãos de prazer.

Como assim? Os olhos tornam-se criança, o ver torna-se brincadeira e o olhar vira

um grande prazer. Se observar uma criança, ela olha as coisas de forma engraçada

e livre.

Para Rubem Alves a primeira coisa que a educação deveria ensinar é a ver.

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DEBATE

Trazer de casa três imagens que considera importante e ao expor para todos, relatar os seus significados. Também compare duas imagens

apresentadas, analisando os pontos comuns e divergentes, para finalmente promover o debate através dos seguintes questionamentos: 1. Qual a sua opinião a respeito da seguinte frase: “muitas pessoas tem os olhos perfeitos, mas não enxergam”?

2. Você concorda com Rubem Alves quando ele afirma que a primeira coisa que a educação deveria ensinar é a ver? 3. Como você olharia a escola, se você fosse o(a) diretor(a)?

7. 1.1 O Olho

Você sabe como funciona sua visão? A luz é indispensável à visão, pois na

escuridão completa não enxergamos nada. Quando olhamos para um objeto, a luz

que ele emite é captada pela pupila e ela envia essa imagem para o cérebro através

da córnea. Antes de chegar à retina, a luz passa por duas camadas transparentes

no interior do olho: a córnea e o cristalino. Entre elas existem líquidos transparentes.

A imagem projetada sobre a retina (no fundo do olho) fica invertida. A retina envia

através do nervo ótico a imagem para a área visual do cérebro. A parte do cérebro

chamada lobo occipital faz a imagem voltar ao normal e é por isso que enxergamos

as coisas como elas são.

Importante saber que através dos bastonetes, podemos enxergar a

intensidade de luz e os cones nos capacitam a ver o mundo colorido.

Mesmo conseguindo ver em três dimensões e com profundidade (ver

além da imagem enfocada), nosso campo de visão é limitado, devido a posição em

que se encontra nossos olhos (na parte da frente da cabeça). Então, procure sempre

olhar para os dois lados antes de atravessar a rua!

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7.1.2 Anatomia do Olho

Para você compreender melhor como funciona o seu olho, é só

compará-lo com a máquina fotográfica. Depois que a luz entra na câmera, a objetiva

focaliza, o diafragma regula até chegar ao filme, que é elaborado com materiais

sensível à luz, possibilitando a fixação da imagem. Na parte da frente observamos:

OLHO MÁQUINA FOTOGRÁFICA Pupila : bolinha preta Abertura da lente: seu diâmetro

determina a quantidade de luz que entra

Íris: parte colorida Diafragma: regula a entrada de luz

Esclera: parte branca

Caixa da máquina: reveste

Cristalino: lente Lente da Câmera: regula o foco da

imagem

Córnea: transmite a luz para a parte

interna do olho

Filtro: protege a lente

Retina: grava a imagem para mandá-la

ao cérebro

Filme: como um laboratório de

revelação, fixa a imagem

Fig.4 ►CLÍNICA CANTO OFTALMOLOGIA. Figura ilustrativa da anatomia dos olhos.

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7.1.3 Cuidados com os olhos

Não olhe nem faça leitura diretamente no sol, você pode danificar sua

retina devido a grande intensidade de luz. A pupila até certo ponto, quando há muita

luz, ela se fecha protegendo e possibilitando melhoras na visão; Não use óculos sem

receita médica, mesmo se os óculos forem de sol; Mantenha uma distância mínima

de 1,5m para assistir a televisão; Evite ficar por muito tempo na frente do

computador; Não aproxime nem afaste demais o livro ou revista dos olhos.

Mantenha uma distância de 20 a 30 cm do rosto; Se entrar um cisco no olho, lave-o

com água e movimente bastante as pálpebras: o cisco deslocará para o canto do

olho e sairá com o líquido lacrimal. Se não sair, procure um médico. Não use colírio

sem indicação médica; Quando o cristalino não enfoca perfeitamente a imagem

sobre a retina (ver a imagem com nitidez), precisamos usar óculos para corrigir o

problema.

ATIVIDADE

Observe durante 5 minutos uma foto de revista selecionada pelo professor.

Durante este período, você não tire os olhos da imagem. Se concentre, fazendo isso em silêncio. Em seguida relate oralmente as suas sensações,

descrevendo o que viu.

7.1.4 Curiosidades sobre a visão dos animais

A águia possui uma ampla visão. Caça

durante a noite, porque consegue

enxergar a luz ultravioleta.

Fig.5 ► AGB PHOTO. SEED PR. Águia

11

As corujas enxergam até dez vezes

mais que o homem no escuro.

Engana-se quem pensa que ela não

enxerga nada durante o dia.

Fig.6 ► AGB PHOTO. SEED PR. Coruja

O melhor amigo do homem não

enxerga somente em preto e branco.

Na verdade eles enxergam em duas

cores: o azul e o amarelo, além de

suas variações. Interessante é que

para eles o verde é branco e o

vermelho é preto. Fig. 7►AGB PHOTO. SEED PR. Cão-Labrador

Observe que a posição dos olhos do

tigre está localizada nas laterais da

cabeça, permitindo um campo de visão

maior que os seres humanos. Assim

ele pode ver até o que se passa em

sua retaguarda.

Fig. 8 ► AGB PHOTO. SEED PR. Tigre

12

Você sabia que a maioria das cobras

tem vistas fracas e seus olhos não tem

pálpebras? Elas dormem de olhos

abertos e esse mecanismo funciona

para confundir a presa.

Fig.9 ► AGB PHOTO. SEED PR. Cobra

7.2 O QUE É IMAGEM?

A imagem é algo mágico, que revela muitas coisas e se encontra em

todos os lugares. Tem propriedades auto-explicativas (faz parte dela, por si só ela

diz) e extra-explicativas (a explicação está fora dela). Vamos revelar esse mistério!

A palavra imagem vem do latim, cujo sentido é semelhança, parecer-

se com. Representa algo que não é ela própria, imita o mundo, não sendo fiel a

realidade (distorção) e serve para mediar. Na verdade, a imagem só existe quando

estamos diante dela. De fato é um recorte de um dado aspecto do mundo,

posicionando-nos diante do mundo, possibilitando-nos vê-lo.

7.2.1 Qual a função e uso da imagem (qualidades sensíveis)?

Antes de qualquer coisa, toda imagem significa (construída com uma

função que se modifica com o passar dos anos e de pessoa para pessoa de acordo

com sua bagagem cultural). Como as pessoas são diferentes, elas vêem as imagens

de formas diferentes e também podem dizer algo através de uma imagem. Ela surge

da finalidade para a qual foi produzida. Pode atender a mais de uma finalidade,

dependo do que ela informa. Mas, o que uma imagem informa? Suas características

próprias ou qualidades inerentes (especialmente imagens pictográficas). Dados

permanentes a ela que dão conta de diversos dos seus aspectos. Aspectos formais

que decorrem de sua aparência (depende de elementos materiais, instrumentais e

das habilidades). Ex: desenho, pinturas, gravuras, esculturas. A materialidade

13

destas imagens está claramente expresso e através dela podemos identificar a

técnica, período, escola e movimento do autor.

Fig.10a ►VICENT VAN GOGH. Campo de Trigo com Cipestres, 1889. Fig.10 b► Auto-retrato, 1889.

Observando o conjunto de obras Van Gogh,. podemos identificar as

qualidades plásticas pertencentes a ela (inerentes). Vemos registrado na superfície

da tela as características das suas pinceladas, seus gestos e traços, identificando-a

como uma obra do período impressionista. A imagem também informa suas

características ou as qualidades externas que ela recupera. Um exemplo disso são

as imagens fotográficas.

A fotografia é uma imagem fixa e plana. Atua como imitação, simula,

faz parecer real, algo que é externo a ela. Processadas, elas são colocadas em

suportes bidimensionais, igual ao desenho e a pintura. Unem elementos óticos,

acionados mecanicamente, registrando as imagens em superfícies visíveis

preparadas quimicamente. Possui a capacidade de especular, atuar como espelho

do mundo real. Recuperam aspectos, qualidades do ambiente e transforma em

informação. Ela não revela em sua materialidade o estilo do autor. Não há traços de

autoria nem marcas do gesto. São impessoais, não indicam quem fez. Suas marcas

são óticas e químicas (materialidade) e não plástica. Para descobrir as suas

características, recorremos a elementos externos a ela. Identificamos o período

pelas referências temporais e o lugar pelas características geográficas, etnográficas.

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Fig.11 ► Foto: SEBASTIÃO SALGADO

Busca-se reconhecer a autoria de uma

foto pelo conjunto de obras

fotográficas e preferências temáticas,

mesmo assim corre-se o risco de errar.

Por exemplo, você conseguiria

descobrir sozinho que essa foto é do

fotógrafo Sebastião Salgado?

Existem várias categorias de imagem:

a) As artesanais – foram as primeiras criadas pelo homem. Dependia das

habilidades motoras de quem as produz (feitas à mão). Chamadas de imagens

pictográficas (pinturas, desenhos).

b) Fotográficas (produzida por aparelhos). Destinada a tomar imagens do meio

ambiente, utilizando a luz. Inicialmente usava-se a Câmara Escura que é um

compartimento fechado, em que a luz entra por um orifício numa de suas paredes.

Dependia das habilidades motoras humana para facilitar o construir imagens. Com a

invenção da fotografia, ocorre a produção automática de imagens produzida em

aparelhos (câmera fotográfica). Dá a impressão de que não é necessário o

conhecimento e habilidades, porque só apertar o botão e a máquina faz o resto.

c) Digitais – os meios de captação das imagens digitais podem ser óticos

(dependem de aparelhos – fotografia). Os hardwares, softwares: modos

operacionais, não são habilidades, mas ajustes ou condutas. São registrados por

telas, mas por códigos alfa numéricos em meios magnéticos em chips eletrônicos ou

disquetes ou oticamente a laser em cdrom. As imagens digitais se parecem com o

que são programadas para parecer. Não possuem modelos padrão, pode se parecer

com imagens pictográficas ou fotográficas, sem nenhum constrangimento

(simulações) se tornam visíveis (imagem de fato) ao passar por hardwares de

visualização (monitor de vídeo, projetor multimídia ou impressa em suportes

bidimensionais).

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Usamos a visão para apreender uma imagem, saber que tem e que

serve para algo. Ao ver uma imagem, captamos e nos apropriamos dela, buscando

sentido para as coisas (perceber). Isso é chamado de apreensão sensível, que se

transforma em conhecimento. Vamos ver como isso funciona?

ATIVIDADE

Olhe atentamente para esta imagem!

Percebemos sua estrutura, que ela é composta por linhas, pontos, cores, formas

variadas. Nosso olhar move-se em busca de entender o que é (sentido) e o modo

como ela se organiza, (seus aspectos estésicos). E ao buscarmos significados,

revelamos o modo como compreendemos e descobrirmos o mundo que nos

cerca. Ao ver esta imagem, que sentido você atribui a ela? O que ela quer

transmitir? Ela tem alguma finalidade?

Fig. 12 ► LUIGI (Luis Fernandes)

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7.2.2 Percepção Visual

Geralmente olhamos para as coisas, sem muita atenção. Como

descobrir se realmente percebemos o que vemos?

O olho tem a função de captar as informações luminosas e enviá-las para o cérebro.

Ele funciona, recriando o processo de movimento, mobilizando as sensações,

reordenando o percurso do leitor e mostra alguns detalhes do percurso. O leitor

demonstrará se apropriou da imagem, quando consegue dar sentido e fazer relação

cognitiva com o mundo. O nosso sistema sensorial constrói estratégia de

estabilização, assim não sentimos diferença entre mudanças cinéticas (sensação de

movimento) que ocorre a todo o momento. Ocorre a acomodação do olhar, que

absorve a idéia de movimento do mundo natural.

A imagem possui elementos que simulam o tempo e o espaço. De

acordo com os estudiosos da física não é possível separar os dois e eles

proporcionam variados efeitos visuais.

Ao analisar as obras de arte do Cubismo, percebe-se que a forma

como a imagem é construída, produz o efeito de temporalidade. A estratégia usada

é a de fragmentação (reduzir em fragmentos). Seu olhar acaba se deslocando em

torno do assunto ou modelo.

O Cubismo é um movimento artístico que se desenvolveu na França,

durando pouco tempo. Analisava a geometria e a estrutura dos objetos, enfatizando

as formas e linhas puras. A maior preocupação dos artistas era o de como

representar as formas no espaço, por isso desenvolveram uma maneira de analisar

os objetos através de formas básicas.

Fig.13 ► PICASSO. Menina com bandolim, 1910. Óleo sobre Tela.

Museu de Arte Moderna, Nova York.

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Nesta pintura, Picasso fragmenta a imagem, sugerindo a estrutura de

um corpo humano. Ele tenta representar os objetos em três dimensões numa

superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas.

Uma outra forma de criar o efeito visual de tempo é através da

organização de imagens numa seqüência de acontecimentos.

Fig.14 ► Ilustração: Viramundo. Foto: Autora.

Uma outra idéia de tempo é mostrada através da repetição de

elementos na superfície. Vemos isso acontecer através das obras de arte no período

do Futurismo. Este movimento artístico que surgiu na Itália em 1909, os jovens

artistas tinham um grande interesse e fascínio pelas máquinas, pela velocidade,

dinamismo e movimento.

Fig.15 ► GIACOMO BALLA. Corrente de cachorro em movimento, 1912. Óleo sobre tela.

Percebe-se nesta obra futurista de Giacomo, que isso se torna visível

e que eles conseguem transmitir essas sensações. Havia uma grande consideração

pelo futuro e desinteresse pelo passado.

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Existem outros modos de marcar aquilo que é relativo ao tempo. Pelo

gesto do autor ou pelo congelamento ou borramento de uma imagem por meio de

uma câmara fotográfica.

Fig. 16 ► CLAUDE MONET. Mulher com Sombrinha. Fig.17 ► Foto: Charles Dias. Chapéu Mexicano.

Pintor impressionista francês.

Nossa relação com o ambiente não é estática, estamos sempre em

movimento. Quando mudo os olhos na imagem medindo, estimando os pontos de

deslocamento, os apagamentos e o percurso entre eles, ocorre o efeito que se

origina do tempo.

Dando continuidade, aprenderemos agora sobre o espaço. Podemos

identificá-lo principalmente através da visão e do tato (no toque, pressão

atmosférica, deslocamento de ar por meio do nosso corpo). É uma propriedade

importante do mundo natural, pois nos auxilia a definir o lugar, a posição (horizontal,

vertical, diagonal), a direção (acima, abaixo, à direita, à esquerda e as posições

intermediárias - definem as orientações visuais) e as dimensões (profundidade bi e

tri), dependendo de onde estamos, para onde vamos e para que lado olhamos.

19

ATIVIDADE

Figs. 18 ► Sofás

Observe os objetos do cotidiano e faça uma descrição detalhada, para conhecer suas características e funções. Em seguida responda as seguintes perguntas: 1. Em sua casa as pessoas têm o hábito de deitar ou dormir no sofá? 2. Descreva as semelhanças e diferenças entre os sofás. 3. Por que foram desenhados assim? 4. Todos esses sofás são utilizados hoje? Onde? Por quem? 5. É possível estimar em que época eles foram feitos? Quais elementos levam a essas hipóteses? Por quem foram produzidas? 6. O que essas imagens provocam em você? Perceba suas reações e emoções. 7. O que podemos pensar sobre os hábitos de nossa cultura? Outros povos usam sofá? 8. Como seria o nosso auto-retrato como sofá? Que tipo de sofá seríamos? 9. Crie um novo desenho de sofá com as suas características.

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7.2.3 Luz

Sabemos que sem a luz na terra, não sobreviveríamos, o planeta se

congelaria. Vamos lembrar quais são as fontes de luz (corpo luminoso ou iluminado)

naturais, que são os corpos que por si mesmos emitem a luz. Ex: o sol. E as

artificiais são objetos criados pelo homem e que emitem luz. Ex: a vela, a lâmpada, a

lanterna, etc.

A luz possui duas características básicas que são:

a) Intensidade: É a variação de tonalidade dando a sensação do visível (claro-

escuro). Através dela consigo identificar as diferentes quantidades de luz

(densidade) existente entre sombra e luz.

b) Frequência: Variação com que as ondas luminosas vibram numa dada amplitude.

Estas variações de freqüência, para os seres humanos, indicam variações

cromáticas. (várias cores). A luz solar branca é a soma de todas as freqüências.

Enxergamos pela luz que vem dos corpos. Sensibiliza nossos olhos, fazendo-nos

ver as formas e as cores. E a essa luz que chamamos de luz branca ou visível.

Os objetos que essa luz ilumina podem variar a cor mediante a intervenção de

outras propriedades físico/químicas.

A luz é uma radiação ou onda

eletromagnética, da mesma forma que

as ondas do rádio, as microondas, os

raios X, os raios infravermelhos e

ultravioletas. Cada onda ocupa uma

faixa de freqüência dentro de um

conjunto de ondas eletromagnéticas.

Esse conjunto de ondas

eletromagnéticas é chamado de

espectro eletromagnético.. O que

diferencia uma onda das outras são as

suas freqüências. Elas transportam

energia e não precisam de meio para

se propagar.

Fig. 19 ►JULIANA LOCH. AGB PHOTO. SEED PR.

21

Posso compor a luz branca a partir das cores do espectro. Isso

pode ser feito através do disco de Newton. Formado por seqüência de algumas

das cores do espectro solar (sete cores básicas), que ao girar rapidamente,

todas as cores se misturam, aparecendo a luz branca (ocorre a superposição

das cores).

Fig.20 ► Foto: Parque da ciência. Disco de Newton

A luz branca pode ser decomposta em pelo menos sete cores

(violeta, anil, azul, verde, amarelo, alaranjado e vermelho). O conjunto de cores

que compõem a luz branca é chamado espectro visível da luz solar. Outras

radiações, como a ultravioleta e a infravermelha, compõem o espectro invisível

da radiação solar, isto é, são radiações que a nossa visão não detecta.

Não sei se você sabe, mas a luz também pode transportar

informações. Através das fibras ópticas (fios bem fininhos constituídos de vidro

com alto grau de pureza e esticados até chegar a medida de 0,5 mm de

diâmetro), a luz penetra numa das extremidades da fibra, passa por dentro

dela, refletindo-se até chegar a outra extremidade. Não importa a distância, ela

leva a mensagem para o outro lado do mundo, na velocidade da luz. As fibras

ópticas são usadas na informática, indústrias eletrônicas e na medicina. Ex:

através do endoscópio o laringologista examina a faringe.

22

7.3 A ARTE E A EDUCAÇÃO DO OLHAR

Através do ensino da Arte educo meu olhar para perceber,

compreender, interpretar as qualidades sensíveis existentes no mundo (cores,

texturas, volumes, linhas, distância, densidades, espaços, os temas, as

estruturas e as formas).

Como a Arte é um modo de significar o mundo, a leitura da obra

de Arte deixa marcas nas pessoas de diferentes maneiras. Ela tem muito para

oferecer!

A imagem artística é superior às outras, devido suas

descobertas, imaginação e criatividade, produzindo reflexões e inquietações.

Ela é perturbadora, porque nos remete sem preconceitos, a outras visões de

mundo, outros jeitos de ser. Ela retrata o processo de desenvolvimento

humano.

Ao definir os materiais e a técnica a ser utilizada, o artista

transforma a matéria, reelaborando suas idéias, num processo reflexivo

profundo. O resultado gera questionamentos sobre o mundo que nos cerca e

retrata experiências e influências culturais, porque foi produzida por um sujeito,

num determinado contexto, numa determinada época, segundo sua visão de

mundo. E esta leitura, esta atribuição de significados vai ser feita por um sujeito

que tem uma história de vida.

Considerando que ler é atribuir significado, como se atribui

significado a uma obra de arte? Como se dá sentido? Como se compreende?

Uma leitura se torna significativa quando estabelecemos

relações entre o objeto de leitura e as nossas experiências de leitor.

O mundo está em constante transformação, isso ocorre porque

pessoas dedicadas, esforçadas, buscaram o conhecimento, e acreditando nos

seus projetos criativos, não desistiram, mas puseram em prática. Com certeza

você já teve idéias excelentes. Mas, alguma vez colocou-as em prática?

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ATIVIDADE

Leitura de Imagem : Escolha uma obra de Arte Vamos sugerir um caminho para facilitar a sua leitura da imagem:

1. Descreva os sentimentos que causam em você: alegria, amor, dor, revolta,

solidão, compaixão, paz, tristeza, etc.; 2. Analise os elementos formais: as linhas são fortes, verticais, horizontais, inclinadas, finas, grossas, contínuas, sinuosas, curvas, torcidas. As cores são primárias, secundárias, terciárias, frias,

quentes, claras, escuras, puras, fortes, brilhantes, neutras, avançam, contrastantes. Se as texturas são quebradiças, porosas, lisas, ásperas,

escorregadias, aveludadas, macias, granuladas, sedosas. E as luzes são fortes, baixas, imprevistas, altas, brilhantes, artificiais, laterais, obscuras.

As formas são geométricas, figurativas, abstratas, côncavas, regulares, arredondadas, sólidas, circulares, cilíndricas, fragmentadas, orgânicas. A composição é assimétrica, proporcional, ritmada, sobreposta, apoiada, equilibrada, repetida. Os elementos que compõe a obra estão longe,

fechado, a esquerda, no infinito, cheio, embaixo, no centro. O tema é natureza morta, paisagem urbana, auto-retrato, cena do cotidiano, religiosa ou histórica, marinha, alegoria, abstração, paródia, história em quadrinhos,

charge. Os seus olhos se movimentam sobre a imagem de forma profunda, constante, lenta, flutuante, superficial, ritmada, rápida, uniforme, salteada, ondulada; 3. Faça a sua interpretação a respeito do que viu. O que achou?;

4. Fundamente as suas observações; 5. Revele sua criatividade a partir dos conhecimentos gerados pela imagem. Você pegará as anotações de uma outra pessoa sem ter visto a imagem dela e tentará desenhar apenas através da descrição.

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7.3.1 A imagem revelada no tempo

No decorrer da história uma das características marcantes da

imagem foi o de parecer-se ou aparentar-se com algo ausente. Deduziu-se que

sua função seria o de representar, substituir o mundo natural. Na antiguidade o

homem acreditava que através da imagem ele podia comunicar-se com as

pessoas e os deuses. A imagem tinha função mágica, mítica (sobrenatural,

relacionada a mito, fábula).

Antes de caçar, o homem desenhava o bisão na parede das

cavernas, acreditando que assim ele já o possuía. Essa imagem significava o

próprio animal existente no mundo real.

Fig. 21 ► Ilustração do Bisão Antigo Fig. 22 ► Pintura Pré-histórica. Caverna de Lascaux- França.

Você já pensou que as imagens representam o que importa

para um determinado sistema social? Claro que apoiadas pelas explicações

reconhecidas e declaradas por autoridades. Ela pode abordar sobre as

questões sociais (pobreza, miséria), a política, a religião e outros assuntos que

lhe convém.

Fig. 23 ►VITOR MEIRELLES. Primeira Missa no Brasil (1860), óleo sobre tela 268 x 356 cm.

© Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro).

25

Alguns estudiosos destacam que esta tela foi pintada após três

séculos da Primeira Missa ter ocorrido. Será que tudo que vemos na imagem

de fato é real?

Antes do período correspondente a Arte Moderna, os artistas

representavam buscando retratar o mundo real com exatidão. Nos contornos,

harmonia no colorido e equilíbrio na composição, apoiando-se no estilo

clássico.

Fig. 24 ► GOYA. O Guarda-sol. Foto:Museu Nacional do Prado. Madri.

Ao analisar esta pintura neoclássica, do espanhol Goya,

observa-se que ele tenta retratar o tema com cores quente e ao mesmo tempo,

certo frescor. Vemos a busca de harmonia nas cores, equilíbrio nas formas e

precisão nos contornos.

No final do século XIX, houve uma reação contrária a esse

modelo determinado. Os artistas que fizeram parte do movimento modernista

brasileiro propuseram uma outra atitude diante da imagem. Questionaram o

que estava estabelecido, propondo mudanças radicais. Não queriam mais ser

influenciados pelas classes dominantes européias, que através da imagem,

sustentavam suas ideologias (forma de pensar). Consequentemente ocorreram

modificações e rupturas.

Fig. 25 ► ANITA CATARINA MALFATTI. A Boba, 1917. Óleo s/ TELA.

Museu de Arte Contemporânea USP.

26

A exposição da pintura A Boba de Anita Malfatti, abriu caminhos

para o movimento Modernista. Ao apresentar sua obra para o público

paulistano (no Brasil), provocou reações adversas. Para eles era uma pintura

radical. Não habituados a mudança de valores, achavam que não era de “bom

gosto”, porque o olhar da boba ignora o espectador, ela parece deslocada

“jogada” para o canto – o direito do espectador, contrariando a composição de

um retrato tradicional. Após o movimento do Modernismo, os artistas ganham

liberdade de expressão e não se preocupam com padrões estabelecidos, indo

em direção ao abstracionismo. Para eles bastava entender o desenvolvimento

das percepções, dando significado aos sentidos. Temos na arte algumas

exceções. Os movimentos do Dadaísmo e Surrealismo não levam ao abstrato,

mas acreditavam que a arte é a solução para os problemas e proibições do

inconsciente. Afirmavam que a criação era difícil de ser totalmente controlada

pela razão, por isso a possibilidade da sua utilização para tratar daquilo que

está reprimindo o subconsciente.

Fig.26 ► MARCEL DUCHAMP. A Fonte,1917. Fig.27 ► SALVADOR DALÍ. Rosto de Mae West. Guache sobre papel de jornal, 1934-35

Os Dadaístas negam a cultura e defende o absurdo, a

incoerência, a desordem, o caos. Duchamp traz ao público seu urinol, batizado

de Fonte. Com esse gesto provocativo, pretendia acabar com o conceito de

beleza estética. Enquanto que, Salvador Dali baseado nos estudos do

psicanalista Freud, explorava o inconsciente e os sonhos nas expressões

artísticas. Dessa forma a obra não

27

seguia padrões estéticos e não prendiam à moral, à lógica, à razão. No Rosto

de Mae West (que poderia ser utilizado como apartamento surrealista), parece

sem sentido, mas representa os pensamentos mais íntimos e verdadeiros do

homem.

Através da Arte Abstrata, rompem com a idéia de que a arte tem que ser pura.

Essa idéia foi considerada irreal, um mito.

Fig.28 ► WASSILY KANDINSKY. Composição VII, 1913.

Observando a pintura abstrata de Kandinsky, observamos a

ausência de tema e de formas reconhecíveis, gerando uma imagem tão ou

mais bela que a de qualquer retrato ou natureza-morta.

Com as novas mudanças na arte, surge um campo de

discussão sobre a questão do distanciamento do espectador em relação a obra

abstrata, a falta de preparo para leitura dessas obras. Em 1963, no auge do

abstrato, surge na contra mão a Pop Art. Apresenta-se como um novo

posicionamento do artista sobre o cotidiano, criticando o poder da comunicação

e ignorância do público.

Fig.29 ► ANDY WARHOL. Marilyn Monroe, 1967. Fig.30 ► ROY LICHTENSTEIN.

No Carro., 1963

28

Por exemplo, Warhol gostava de chocar pela repetição das

imagens de pessoas públicas famosas, transformadas em “ídolos” pela

sociedade de consumo. Pinta os rostos diferenciando-os. Encara como se

fosse a máscara de um “santo”, impostas pela cultura de massa (padrões de

estética programados pela mídia). Enquanto que Lichtenstein, ironicamente

baseava-se em imagens de história em quadrinhos, leva-nos ao mundo da

infância, com todo seu lado inocente e esperançoso. Mundo simplificado pelas

cores. Recriou a obra, na escala ampla.

Os artistas da Pop Art, além de aproximarem a arte do dia-a-dia

das pessoas, alertavam-nas sobre o verdadeiro “valor” do consumismo (não

percebiam o mundo idealizado da aparência).e a manipulação exercida pelos

meios de comunicação sobre a sociedade

Grandes transformações ocorreram, então constatamos que

através da arte contemporânea o artista cria com autonomia e possui liberdade

nos olhares. Com idéias revolucionárias, mudam os suportes, os meios, os

materiais em busca de novos caminhos de expressão.

7.3.2 Ilusão de ótica

Através da dimensão, podemos entender a distância e o

tamanho em função da profundidade e da comparação entre os volumes dos

elementos visíveis. Vamos esclarecer! O que está próximo de nós parece ser

grande e o que está distante, parece ser pequeno. Com a alteração do

tamanho, podemos criar a ilusão de profundidade.

Fig.31 ► Desenho em perspectiva

29

Ao observarmos esta foto, você nota que as proporções de

tamanho são alteradas devido a distância que é alterada, dando a ilusão de

que o corpo do menino cabe dentro da mão.

Fig.32 ► Foto. O Menino. Registrada pela autora em 2008.

ATIVIDADE

Crie uma imagem fotográfica, modificando as distâncias, de forma que

produza

efeito de sentido, capaz de iludir (sensação de estar diante do mundo irreal).

Além de alterar o tamanho, posso também através da

modificação da luz (claro/escuro), criar ilusão de ótica.

Fig.33 ► VELÁZQUEZ. . Velha Fritando Ovos.

Pintura Barroca. Óleo sobre Tela.

Observe esta pintura! O jogo de luz dá intensidade dramática à

cena, destacando os elementos mais importantes do quadro, os quais formam

uma composição na diagonal. Retrata tema do cotidiano, predominando a

emoção e não a razão. Através do contraste de claro-escuro, a arte barroca

expressa os sentimentos humanos e cria a ilusão de profundidade e

melancolia.

30

É incrível como uma imagem é capaz de enganar a vista,

criando efeitos irreais (iludir).

Fig.34 ► Imagem, com efeito de ilusão de ótica.

7.3.3 Você é um leitor competente?

Mas será que posso ler uma imagem buscando seu significado?

Segundo Paulo Freire a leitura do mundo através da imagem

acontece antes da leitura da palavra. Ele afirma que a linguagem e realidade

andam juntas, de forma dinâmica. Importante perceber as relações entre o

texto e o contexto. A nossa busca de compreensão amplia numa ordem

crescente: primeiro compreendemos nossa família, depois a casa onde

moramos, nosso bairro, nossa cidade, estado e país. Tudo isso marcado pela

nossa origem social. Nessa busca de entender, fazemos leitura crítica,

prazerosa, envolvente, significativa, desafiadora desse nosso mundo. Uma

leitura de natureza educativa e política estão inseridas num contexto social e

econômico, sabemos que a maneira com vemos o mundo é controlada por

disputa de poder, por questões ideológicas.

31

7.4 IMAGEM E SOCIEDADE

7.4.1 Sociedade de consumo

Com o surgimento da fotografia e grande avanço tecnológico, o

homem tem a possibilidade de criar imagens que simulam movimento ou

produzam outros efeitos ilusórios (na verdade a imagem não se movimenta).

A imagem tem o poder de comunicação. Ela significa algo, que

muitas vezes passa despercebido dos nossos olhares.

Os meios de comunicação utilizam estratégias de divulgação

daquilo que eles consideram ser a verdade. Secretamente, manipulam as

pessoas, fazendo-as sentirem-se inferiores, por não se comportarem como foi

estabelecido pelo comércio. Querem convencer que se a pessoa não obtiver o

determinado produto, não terá alegria. Infelizmente, hoje em dia somos vítimas

de um sistema que predomina o senso comum. Engolimos o que vem pela

frente, sem questionar. Consequentemente a sociedade de consumo cresce

(devido a anestesia visual) e o mercado agradece (devido ao grande lucro

obtido através do convencimento do espectador pelas ideologias

manipuladoras). O universo simbólico produzido pela sociedade dominante é o

de transformar o real em mito.

O mercado dominante não se agrada com o novo modo de

olhar o mundo e desconstrução do padrão da idéia do belo, bonito e barato,

produzido pela arte.

Fig. 35 ►WANDERLEY A. DAMASCENO. Foto ilustrativa. Charge.

32

Você alguma vez já comprou um produto e se arrependeu?

Sentiu-se iludido, porque o produto era desnecessário?

Fique atento as propagandas! Elas possuem recursos visuais

que convence você a tomar atitudes, se comportar e a consumir produtos que

podem levá-lo ao arrependimento. Como diz o ditado popular: “Nem tudo que

reluz é ouro!”

Fig.36 ► AGB PHOTO. SEED PR. Alcoolista Fig.37 ► AGB PHOTO. SEED PR.

Hambúrguer

Porque será que as propagandas sobre as bebidas alcoólicas, o

cigarro e certos alimentos são tão divulgados para o seu consumo e ao alertar

sobre o risco de morte, elas ocupam pouco espaço na mídia?

Existem muitas imagens que nos fazem comprar. Mas será que

a sociedade analisa o resultado do consumo exagerado?

Figuras.38 ► AGB PHOTO. SEED PR. Carros. Trânsito. Pneus.

Fig.39 ► SILVANA PEREIRA GÓES. Lixo doméstico

33

O consumo cresce, a indústria cresce e a poluição ambiental também.

ATIVIDADE

1. Leia atentamente a poesia de Manuel Bandeira e represente o seu

significado através de um desenho.

O Bicho

Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

2. Em seguida, anote seus comentários:

a) O que poderia ter acontecido para que o homem fosse comparado com

um animal?

b) Nas ruas passam pessoas recolhendo lixo reciclável, você é a favor ou

contra?

c) E se o bicho fosse você, o que faria?

d) O que posso fazer para mudar essa situação?

3. Em grupo, crie um cartaz, com imagem que esclareça, denuncie e traga

sugestões para a solução do problema.

34

Fig.40 ► BUNCHOFPANTS. Flickr

Observamos que as pessoas muitas vezes são influenciadas

por imagens que ditam o que é belo ou não. A mesma mulher com cabelo de

comprimento variado e diferentes cores, comprova a insegurança de alguns,

que trocam a todo o momento de aparência, buscando nisso uma aprovação

social. Você conhece alguém assim?

Infelizmente ouvimos notícias de jovens modelos que mesmos

magras, não conseguem perceber-se assim, e devido a exigência do mercado,

acabam adoecendo. Infelizmente todos já ouviram falar da anorexia.

Afinal, os meios de comunicação informam, ou ninguém cumpre o seu papel?

Nas cidades, as imagens geralmente viram poluição visual, de

tantas propagandas que tem. Alguma vez você tentou contar quantas imagens

você vê durante o dia? Muitas vezes elas passam despercebidas, mas essas

imagens estão carregadas de informações sobre nossa cultura e o mundo em

que vivemos. Por isso, podemos conhecer um pouco sobre nós mesmos,

nossa sociedade e ampliar nosso conhecimento sobre outras culturas. Você já

se enganou com a aparência?

35

PESQUISA

Ouvimos dizer que as aparências enganam.

Fig.41 ► AGB PHOTO. SEED PR.

PESQUISA DE CAMPO:

Vamos buscar comprovações se realmente o significado e a função da

imagem muda de pessoa para pessoa e com o passar dos anos?

Faça uma entrevista com pessoas de idades diferentes e pergunte a opinião

delas sobre a imagem apresentada.

Anote as opiniões e em seguida escreva os dados, descrevendo se as

pessoas tiveram opiniões diferentes sobre o significado desta imagem.

No final escreva qual a função da imagem para você.

Sugestões de perguntas para a entrevista:

O que você percebe quando olha para a foto?

Que sentimentos ela provoca?

O que chama mais a atenção?

36

8 CONCUSÃO

Fig. 42

A ARTE NOS LEVA A TER CONHECIMENTO DE OUTRAS VISÕES DE

MUNDO, FAZ-NOS SENTIR, AO OLHARMOS OUTROS JEITOS DE SER!

ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO DO OLHAR, REVELA-SE O MUNDO CRIADO PELA IMAGEM.

37

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Carlos; WILSON,R.P.. Física e Química. São Paulo: Ática, 1999. BARROS, Carlos. WILSON,R.P. O corpo humano. São Paulo: Ática, 2001. BECKETT, Wendy. WRIGHT, (Cons.). História da pintura. São Paulo: ÁTICA, 1997. CAMARGO, Isaac Antonio. Imagem, mídia e interatividade relações e sentido. In: Curso de Arte II, UEL, 2008. CAMARGO, Isaac Antonio. Imagem e Arte: constituição e sentidos no contexto do ensino. In: Curso desenvolvido para o Programa de Desenvolvimento Educacional SETI/SEED/PR.Departamento de Arte Visual. UEL.2008. GENTILE, Paola. Um mundo de imagens para ler. Nova Escola, São Paulo, Ano XVIII, nº161, p.45-49 abr. 2003. LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. 20ªed.-São Paulo: Ática,2002. TIBURI, Márcia. Aprender a pensar é descobrir o olhar. Artigo publicado pelo Jornal do Margs, ed.103 (setembro/outubro). Disponínel em: <http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=26>. Acesso em: 04 de ag.2008. PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar no ensino das artes/

organizadora, Analice Dutra Pillar. – 4ª.edição, Porto Alegre: Mediação. 2006.

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DOCUMENTOS E IMAGENS CONSULTADOS ONLINE Fig. 1 Vejo o mundo: http://images.google.com/imgres?imgurl=http://tkfiles.storage.msn.com/x1pAdjo0uCo2H2SULfiSKguHm3By406yeMNnMvrMn3URhZ9EDRPOqaGoRe6z0IQUwIaKREPw47gAxkCtbdW_gy7Lc_16PIdzcDW1gvYjv98BdjccFGgV3Hc87WJ6TGtAcC9Jw2QlO_xpNmiFXO0PkSUejaikpBnzuqj&imgrefurl=http://milima.spaces.live.com/&usg=__KlVJc6qFbJu8b85_J4qXgDIjdAg=&h=450&w=600&sz=28&hl=en&start=217&tbnid=5IlDEpuzIXEcWM:&tbnh=101&tbnw=135&prev=/images%3Fq%3Dolhos%26start%3D200%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Den%26sa%3DN Fig. 2 Mapa do Paraná: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens3.php Fig. 3 Fotos de Faxinal do Céu. Registrada pela autora em 2008. Fig. 4 Anatomia dos olhos: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.opticasaojose.com.br/img/olho454.jpg&imgrefurl=http://www.opticasaojose.com.br/index.php%3Fpagina%3Dolho&usg=__5RjzLyq-ICdmTlXLBO_zvQO4vfc=&h=199&w=454&sz=28&hl=en&start=2&tbnid=Vh7tLT0XOcW-4M:&tbnh=56&tbnw=128&prev=/images%3Fq%3Dcomo%2Bfunciona%2Ba%2Bvis%25C3%25A3o%26hl%3Den Fig. 5 Águia: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 6 Coruja: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 7 Cão: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 8 Tigre: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 9 Cobra: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 10 a Campo de trigo: http://vivercomarte2007.blogspot.com/2007_10_01_archive.html Fig. 10 b Auto-retrato: http://www.jblog.com.br/media/102/20080405-vangogh2.jpg Fig. 11 Sebastião Salgado: http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=sebasti%C3%A3o+salgado+paisagens&gbv=2 Fig. 12 Água: http://www.1000imagens.com/foto.asp?idautor=40&idfoto=292&t=&g=&p= Fig. 13 Menina com bandolim: http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/artes/imagens/im_picasso/S_Menina_c.jpg Fig. 14 Três ilustrações Viramundo. Foto da autora. Menina de guarda-chuva: SOARES, Geralda; CALDEIRA, M.J..Viramundo: atividades de Estudos Sociais e Ciências. 5.ed. São Paulo: Ática,1993. p.34. Fig. 15 Corrente de cachorro em movimento: http://www.artinthepicture.com/blog/?cat=3 Fig. 16 Mulher com sombrinha: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6b/Monet_Umbrella.JPG/491px-Monet_Umbrella.JPG&imgrefurl=http://pensarelibertarse.wordpress.com/2008/08/03/pintura-da-semana/&usg=__Y97ip2Q6Cd7cLjehv6ZcpVBE2bo=&h=600&w=491&sz=89&hl=pt-BR&start=149&um=1&tbnid=_yHWzeFc_9w2bM:&tbnh=135&tbnw=110&prev=/images%3Fq%3

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DmONET%26start%3D140%26ndsp%3D20%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26rlz%3D1T4ADBS_pt-BRBR285BR286%26sa%3DN Fig. 17 Chapéu Mexicano: http://olhares.aeiou.pt/lugares_frageis/foto2405090.html Fig. 18 Sofás: http://images.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&lr=&q=sof%C3%A1&&sa=N&start=20&ndsp=20 Fig. 19 Espectro eletromagnético: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 20 Disco de Newton: http://www.parquedaciencia.com.br/brinquedo/b8.htm Fig. 21 Ilustração do Bisão: http://images.google.com.br/images?gbv=2&ndsp=20&hl=pt-BR&q=pinturas+de+bis%C3%A3o&start=0&sa=N Fig. 22 Pintura Pré-histórica. Caverna de Lascaux- França: http://www.avph.com.br/bisaoantigo.htm Fig. 23 Primeira Missa: http://www.universitario.com.br/noticias/imagens_noticias/primeira_missa.jpg Fig. 24 Pintura: O Guarda-sol: www.bbc.co.uk/.../1015_goyaberlin/page5.shtml

Fig. 25 A Boba: www.colegioamorim.com.br/.../arte/anita.html

Fig. 26 A Fonte: http://artistaearteira.blogspot.com/2007/02/dadasmo.html Fig. Rosto de Mae West: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.agrup-eb23-amarante.rcts.pt/dali2.jpg&imgrefurl=http://www.agrup-eb23-amarante.rcts.pt/4cp_dali.htm&usg=__0blslvBbIroMJh3NKtp9HjTj2VY=&h=448&w=296&sz=56&hl=pt-BR&start=5&um=1&tbnid=145nCg25gtY-6M:&tbnh=127&tbnw=84&prev=/images%3Fq%3Dsurrealismo%2BSalvador%2BDali%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26rlz%3D1T4ADBS_pt-BRBR285BR286%26sa%3DN Fig. 27 Rosto de Mae West: http://www.rodadamoda.com/uploads/imagens/blog-109-1_200.jpg Fig. 28 Composição VII: http://images.google.com.br/images?gbv=2&ndsp=20&hl=pt-BR&q=Kandinsky&start=80&sa=N Fig. 29 Marliyn Monroe: https://wiki.brown.edu/confluence/display/MarkTribe/Gaby+Scarritt?showChildren=false Fig. 30 No carro: http://popart.npg.org.uk/index.cfm?event=catalogue.product&productID=166656 Fig. 31 Desenho em perspectiva: http://www.sobrearte.com.br/desenho/perspectiva/perspectiva_imagens/elementos003.gif Fig. 32 Foto. O Menino. 2008, da autora Fig. 33 Velha fritando ovos: http://vestigialectionis2.blogspot.com/2007/02/009-cozinha-van-gogh-vs-velzquez.html Fig. 34 Ilusão de ótica: http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=ilusao%20de%20otica%20imagens&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wi

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Fig. 35 Charge: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens3.php Fig. 36 Alcoolismo: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 37 Hamburger: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 38 Carro, trânsito e pneus: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 39 Lixo doméstico: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 40 Tipo de cabelos: http://www.flickr.com/photos/bunchofpants/36924662/ http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 41 Rosto de menina: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php Fig. 42 Foto: Olho http://vilaequilibrio.vilamulher.com.br/materia/motivacao/?pagina=11 Todas as Imagens foram obtidas em dezembro de 2008. POESIA MANUEL BANDEIRA: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/bicho.htm RUBEM ALVES. O texto: A complicada arte de ver. Seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004. http://www.pensador.info/frase/NTI0ODY1/ FILME Título: Lucas um Intruso no Formigueiro Título Original: The Ant Bully Gênero: Desenho País/Ano: EUA/2006 Diretor: Tom Hanks http://www.choveu.net/locadorafilme/dvd.aspx?keyfilme=11628