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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO APLICADOS A OS

ESTUDOS DE GEOMORFOLOGIA LOCAL

(MORRO DOS TRÊS IRMÃOS – TERRA RICA - PR)

NADIR GOUVEIA LARANJA1

VANDA MARIA SILVA KRAMER2

Resumo

Esta pesquisa constitui-se em uma metodologia de ensino aprendizagem e tem como objetivo demonstrar a contribuição das geotecnologias no Ensino Médio, através de imagens cartográficas do Município de Terra Rica e do Morro Três Irmãos obtidas através do Sensoriamento Remoto. São elaborados perfis e cartas imagem (com a utilização de alguns recursos de softwares como o Global Mapper 11 e o SPRING 5.1.6 desenvolvidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Também, são utilizadas para tal estudo, cartas topográficas digitalizadas e georreferenciadas, assim como o NMT- Modelo Numérico de Terreno ou MDT- Modelo Digital de Terreno. Toda essa produção é apresentada aos alunos de 1ª e 2ª séries para estudos de elementos espaciais, enquanto são expostos conteúdos de organização espacial, propostos no plano pedagógico da escola. Posteriormente, é realizada a produção de maquetes representando o relevo estudado. A prática pedagógica efetuada evidencia uma excelente perspectiva para o ensino aprendizagem da organização espacial e propicia o entendimento da interrelação do local, do regional e do global. Embora, atualmente as geotecnologias se constituam em ferramentas importantes para o ensino de Geografia, ainda há muitos empecilhos a serem transpostos para sua efetiva concretização em sala de aula.

1 Professora de Geografia da Rede Pública do Estado do Paraná, lotada no Colégio Estadual James

Patrick Clark. EMN, no município de Terra Rica, com especialização em Ensino de Geografia, participante do Programa de desenvolvimento Educacional - PDE de 2009 – 2011 [email protected]

2 Orientadora, professora pesquisadora do NUPARA - Núcleo de Pesquisas Avançadas para a Região

do Arenito- UNESPAR- Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí [email protected]

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Palavras chave: Geotecnologias; Sensoriamento Remoto; Morro dos Três Irmãos;

Relevo; Maquetes.

1 Introdução

As grandes transformações sociais nas últimas décadas, assim como os

grandes avanços científicos e tecnológicos que Santos (1994) denomina de período

técnico – científico - informacional, requer significativas transformações nos diversos

setores da sociedade, solicita aos professores, o engajamento para uma contínua

reflexão sobre sua prática pedagógica, pois, na atual conjuntura, é mister contribuir

para a construção do conhecimento crítico e transformador. Nesse sentido, “o

espaço pode ser entendido como um produto social em permanente transformação,

ou seja, sempre que a sociedade sofre mudança, as formas (objetos geográficos)

assumem novas funções”. (DCE, 2008, p.46).

No entanto, não se pode deixar de considerar a velocidade das

transformações em relação à lentidão das inovações do ensino em sala de aula, seja

do ponto de vista do material didático, dos recursos humanos na formação de

professores e de cursos de aprimoramento na educação continuada.

Nesse contexto é necessário que se tenha em mente a importância das

inovações em sala de aula. Como proposto por SAUSEN (2002):

As imagens geradas pelos satélites de sensoriamento remoto são uma ferramenta poderosa para serem utilizadas como recurso didático em sala de aula, apresenta uma visão sinótica da área abrangida, permite a coleta de dados temporais de uma mesma área e por coletarem informações sobre feições na superfície terrestre em várias faixas do espectro eletromagnético. Estas características proporcionam uma série de informações sobre os recursos naturais e ações antrópicas, informações estas, importantes, no estudo do espaço geográfico e do meio-ambiente. (SAUSEN, 2002, p.3-7).

Também, é mencionado nos PCNs (1998, p.35) que “o ensino da Geografia

deve fazer uso de leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes

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fontes de informação, de modo a interpretar, analisar e relacionar informações sobre

o espaço geográfico e as diferentes paisagens”.

Nesse sentido, a geografia praticada em sala de aula não deve ficar alheia

às constantes inovações sociais. Assim, o uso de Sensoriamento Remoto e

geoprocessamento, como ferramentas para estudo geomorfológico do Morro Três

Irmãos, no município de Terra Rica – PR exerceu um importante papel no estudo da

escala local, trazendo a possibilidade de análise física espacial, e apresentando uma

nova proposta metodológica para a utilização de geotecnologias.

Em relação ao material didático, bem como os levantamentos e análises de

informações que evidenciem a formação geológica e estrutura do relevo, os mesmos

contribuíram com os saberes geográficos em escala local, estabelecendo um diálogo

entre os conteúdos escolares e o cotidiano dos alunos, promovendo a

contextualização e a articulação do relevo local com o regional.

Dessa forma, como alicerce do trabalho utilizou-se as técnicas de

Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, ou seja, as tecnologias mais

utilizadas na Geografia para o estudo da superfície terrestre, que, há várias

décadas, vêm contribuindo para o desenvolvimento dos Mapeamentos

Geomorfológicos.

Novo (1998), referindo-se ao uso do Sensoriamento Remoto na educação,

relata que:

Sensoriamento Remoto consiste na utilização conjunta de modernos instrumentos (sensores), equipamentos para processamento e transmissão de dados e plataformas (aéreas ou espaciais) para carregar tais instrumentos e equipamentos, com o objetivo de estudar o ambiente terrestre. (NOVO, 1998, p.2).

Ainda, no portal dia a dia educação, na disciplina de Geografia, há definição

das novas tecnologias nos estudos geográficos como "geoprocessamento", no qual

as geotecnologias significam conjunto de tecnologias para coleta, processamento,

análise e disponibilização de informação com referência geográfica.

Portanto, as geotecnologias são compostas por soluções em hardware,

software e peopleware que juntos se constituem em poderosas ferramentas para a

tomada de decisão.

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Dentre as geotecnologias, estão os GIS - Sistemas de Informação

Geográfica, Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto por Satélites, Sistema de

Posicionamento Global (ex. GPS), Aerofotogrametria, Geodésia e Topografia

Clássica, entre outros.

Através dos estudos e pesquisas relacionados à ciência, observamos que

um dos seus principais objetivos é ampliar o conhecimento e a percepção sensorial

humana através de instrumentos especificamente elaborados e desenvolvidos para

esta finalidade. Graças à geotecnologia, podemos hoje, registrar e analisar as

interações entre a radiação eletromagnética e as diversas substâncias da Terra,

permitindo a imagem de diversas áreas em diferentes escalas.

Portanto, diversos são os métodos utilizados para representar o relevo e

construir mapas geomorfológicos, e um deles é o emprego do Sensoriamento

Remoto que auxilia o conhecimento, a representação e o estudo da Terra, uma vez

que fornece informações espaciais, espectrais e temporais permitindo eficiência nas

informações do relevo estudado. Disponíveis de forma gratuita na internet, essas

tecnologias têm uma vasta aplicação, mas, como exposto por Florenzano (2005), o

potencial delas nos estudos geográficos não tem sido suficientemente explorado.

Isso ocorre, em grande parte, devido à deficiência na formação inicial e a falta de

formação continuada de muitos profissionais, fator este que dificulta o

acompanhamento dos crescentes avanços tecnológicos.

A partir da década de 70, os estudos geomorfológicos passaram a utilizar

dados dos sensores orbitais e nos anos seguintes dos computadores, interligados à

internet sobre a superfície terrestre identificando todas as formas do relevo

independentemente do espaço estudado.

Assim, nos últimos 30 anos, temas como o Mapeamento Geomorfológico e a

evolução do Sensoriamento Remoto se tornaram ferramentas importantes no estudo

da superfície terrestre. Anteriormente, quando só existiam as fotografias aéreas,

estas eram ideais para estudar formas de relevo numa região livre de nuvens.

Porém, com os avanços do Sensoriamento Remoto, hoje, os dados e imagens

oriundas de radar podem ser os mais adequados para estudar formas em ambientes

cobertos por nuvens. Imagens de baixa resolução somente permitiam mapeamentos

em escala regional e, a partir das imagens de alta resolução, os mapeamentos de

detalhe podem ser realizados com mais precisão. Modelos digitais de terreno eram

produzidos somente a partir de dados hipsométricos.

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O Sensoriamento Remoto é uma técnica muito eficiente e cada vez mais

utilizada na Geografia em diversos campos de estudos. Até há pouco tempo, seu

uso era restrito, devido ao alto custo das imagens. Hoje, muitas instituições

fornecem imagens de Sensoriamento Remoto e softwares gratuitos, por meio da

internet, como o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Anteriormente, alguns estudiosos do relevo já utilizavam em seus estudos

como Ab’ Saber (1969, p.2) que fez a afirmação de que “ao se analisar uma boa

carta ou um grupo de fotografias aéreas de escala apropriada, pode-se obter uma

boa ideia da compartimentação territorial”. Podemos perceber que, já em 1969,

podia-se ter noção da importância de cartas e imagens no processo de estudos do

relevo.

Ainda, segundo Tricart (1959, p.3), “o mapeamento geomorfológico atua

como embasamento da pesquisa sobre o relevo, sendo ao mesmo tempo o

instrumento que a direciona e, quando concluído, pode representar uma síntese e

produto desta”. Também, Florenzano (2009) complementa, pelo fato de o relevo ser

geralmente bem destacado em fotografias aéreas e imagens de satélites, bem como

pela disponibilidade de dados multitemporais que possibilitam o estudo de processos

morfodinâmicos, a ciência geomorfológica é uma das mais beneficiadas pelo

Sensoriamento Remoto.

Raffo (2009) é enfática também ao dizer que na década de 1970:

As missões espaciais começaram a levar câmaras fotográficas para obter imagens da superfície terrestre, e posteriormente estas foram substituídas por câmaras sem filme fotográfico, similares às câmaras de televisão. Nessa época, quando a fotointerpretação de fotografias de avião começava a ser substituída por interpretação de imagens obtidas por naves espaciais é que esta ciência passou a ser denominada de Sensoriamento Remoto (RAFFO, 2009, p.11).

Já na década de 1980, Raffo, op. cit, afirma que:

Com a invenção do microcomputador e dos monitores coloridos, começou-se a generalizar o uso do computador para interpretar os objetos existentes nas imagens enviadas pelos satélites.Posteriormente com o aparecimento do scanner e a possibilidade de digitalizar as fotografias aéreas, assim como a criação de softwares especializados em identificação dos objetos das imagens através de métodos matemáticos chamados de ‘classificadores espectrais de imagens’, desenvolveu-se uma das tecnologias que mais rapidamente tem crescido no século XX e XXI, o

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Sensoriamento Remoto, também chamado de Teledetecção (RAFFO, op. cit).

Atualmente, com os avanços tecnológicos os novos sensores remotos,

produzem imagens com melhor resolução espacial que permitem na Geomorfologia

mapear, medir e estudar uma variedade de fenômenos com maior rapidez e

precisão. “As aplicações para os mesmos são as mais vastas, com destaque para o

uso nas geociências, na cartografia e na educação” (Sausen, 1997).

Dessa forma, trabalhar com as técnicas de geoprocessamento, educadores

e alunos podem se apoiar e subsidiar a construção de conhecimentos tão

importantes na formação crítica do educando e auxiliam no cumprimento dos

objetivos deste trabalho.

2 Desenvolvimento

2.1 Materiais e Métodos

Para cumprir as diferentes etapas do programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE foram necessárias a aplicação de diferentes metodologias e uso

de diferentes materiais.

a) escolha da clientela e área de estudo;

b) apresentação de um vídeo sobre o Morro Três Irmãos, como atividade

motivadora;

c) aulas teóricas para estudos de textos com os conceitos básicos de

Geografia e das geotecnologias;

d) aulas de cartografia com uso de cartas topográficas do IBGE na escala de

1: 50.000 e fotografias aéreas da área cedidas pela COPEL, sobrevoo de

1996 na escala de 1: 60.000;

e) aulas de informática em laboratório que permitiram que pesquisas fossem

realizadas na internet sobre o uso do Sensoriamento Remoto;

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f) trabalho de campo, visita ao morro Três Irmãos, para proceder à

localização com o uso de GPS, identificar fatos físicos de superfície, coleta

de solos e rochas, fotografias;

g) aulas práticas de cartografia, geomorfologia e pedologia nos laboratórios

de Geociências da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR

Campus de Paranavaí;

h) em sala de aula produção de gráficos, perfis topográficos e maquetes (em

isopor, eva e concreto no pátio do colégio) reproduzindo em escala

apropriada o relevo do Morro dos Três Irmãos;

i) produção de uma maquete e um folder sobre o Município de Terra Rica -

PR e do Morro Três Irmãos que foram entregues à comunidade e

deixados como material de estudos que irão subsidiar as visitas turísticas

e científicas, no portal do Parque Municipal Três Morrinhos;

j) produção de um artigo científico.

2.2 Resultados e Discussão

Para a escolha da clientela o critério adotado, foi a análise do programa

curricular do curso. O projeto foi aplicado e desenvolvido com os alunos da 1ª e 2ª

séries do curso de Formação de Docentes, do Colégio Estadual James Patrick Clark

– Ensino Médio Normal, durante o 2º semestre de 2010.

Diferentes materiais foram utilizados que foram desde o uso de um GPS-

Garmin 12 canais, cartas topográficas, fotografias tiradas de câmaras convencionais,

fotografias aéreas, computadores, projetor multimídia, papel, papel vegetal, lápis

de cor, isopor, tintas, massa acrílica, cola, tesoura, régua, compasso, mapas,

cimento e areia.

Iniciamos com a apresentação do vídeo sobre o Morro Três Irmãos, este

procedimento foi utilizado como estratégia para despertar a curiosidade e a

motivação para o estudo do Morro. Isso propiciou o interesse para a pesquisa e

também, serviu para situar os mesmos no tempo histórico e na sua realidade, foi

sem dúvida, um grande instrumento de incentivo para os estudos a serem

desenvolvidos durante o período. Participaram desta atividade 48 alunos.

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Diferentes textos de vários autores da área e cartas temáticas foram

utilizados para facilitar a construção de conceitos básicos de Geografia e das

geotecnologias. Foram realizadas pesquisas na internet sobre o uso do

Sensoriamento Remoto, trabalho de campo, visita ao morro Três Irmãos, para

coleta de solos, rochas e fotografias.

Aulas práticas foram realizadas nos laboratórios de Geociências da

Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR. Campus de Paranavaí, para

construção de mapas gerais de Terra Rica, mapas temáticos do Morro dos Três

Irmãos, demonstrando dados de relevo (Figuras, 1, 2 e 3).

Figura 1. Representações tridimensionais do MNT, Morro dos Três Irmãos em Terra Rica - PR .

Fonte: Antoniazzi, 2010.

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Figura 2. Curvas de nível (isoípsas) da área geográfica do Morro dos Três Irmãos em Terra

Rica – PR. Fonte: Antoniazzi, 2010.

Figura 3. Perfil topográfico e paisagem natural da área do Morro dos Três Irmãos – Terra

Rica - PR, MNT com destaque as coordenadas x, y e z.

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Fonte: Antoniazzi, 2010 e Laranja, 2011.

O registro das informações permitiu além da construção dos mapas,

destacarem a estreita relação entre as geotecnologias e as concepções científicas

relacionadas à ciência geográfica.

Em Fitz (2010) encontramos a fundamentação teórica para a modelagem

mais utilizada em geotecnologias o MNT- Modelo Numérico de Terreno ou MDT-

Modelo Digital de Terreno. Tais nomenclaturas obedecem à ideia de que esse tipo

de modelagem procura representar digitalmente o comportamento da superfície do

planeta.

Para este mesmo autor os NMTs podem ser representados por meio de

pontos e linhas, no plano e grades de pontos, polígonos e cores para superfícies

tridimensionais.

Cada ponto foi georreferenciado, plotado no mapa com a coordenada (x, y) e

um valor (z) conhecido. No caso das isolinhas, cada curva tem uma infinidade de

pontos com valores de ‘z’ idênticos.

Também, desenvolveram-se atividades, em sala de aula, estudos com

imagens de satélite de Sensoriamento remoto sobre o município de Terra Rica, o

Morro Três Irmãos e o geoprocessamento de dados, produção de gráficos, perfil e

maquetes (em isopor, E.V.A "Etil Vinil Acetato" e concreto no pátio do colégio) do

relevo relativo ao Morro dos Três Irmãos (Figura 4).

Figura 4. Fotografia da Maquete confeccionada na sala de aulas pelos alunos participantes do projeto, utilizando como material básico a carta topográfica da área e material plástico chamado de

E.V.A. Fonte: Laranja, 2011.

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Após o encerramento dos trabalhos em sala de aula e laboratórios foi

produzida uma maquete tridimensional no pátio do colégio (Figura 5).

Figura 5. Fotografia da maquete tridimensional do Município de Terra Rica - PR com ênfase o Morro dos Três Irmãos, construída no pátio do Colégio.

Fonte: Laranja, 2011.

A produção de folders sobre o Município e o Morro Três Irmãos que foram

entregues à comunidade e deixados como material de estudos no portal do Parque

Municipal Três Morrinhos, foi realizada também a exposição dos trabalhos nas

dependências do Colégio, com o seguinte texto:

Morro dos Três Irmãos no Município de Terra Rica - PR

O Morro dos Três Irmãos está localizado no interior do Estado do Paraná, no

município de Terra Rica, a 556 km da Capital Curitiba. (Figura 7).

Ao Noroeste do Estado, na região do Terceiro Planalto Paranaense ou

Planalto de Guarapuava na subdivisão do bloco do Planalto de Apucarana (Figura

8), conforme afirma Maack (1991):

O Terceiro Planalto, Planalto de Guarapuava ou também conhecido como Arenito-Basáltico abrange cerca de 2/3 do território paranaense, tem sua terras delimitadas a oeste pela Escarpa da Esperança (Serra Geral). O terreno inclina-se suavemente ate encontrar a calha do rio Paraná a Oeste e a calha do rio Paranapanema nas direções norte e nordeste. As maiores altitudes dessa região encontram-se junto a Escarpa da Esperança alcançando 1250m. (MAACK,1981).

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Localização do Município de Terra Rica no Estado do Paraná.

Figura7. Localização do Município de Terra Rica no Estado do Paraná.

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Fonte: Laranja 2011

Figura 8: Localização do Morro Três Irmãos no Relevo do Estado do Paraná.

Fonte: Laranja, 2011.

Ainda Maack (1981) sobre o Planalto de Apucarana: “estende-se entre os

rios Tibagi, Paranapanema, Ivaí e Paraná. Suas altitudes variam desde 1.125 metros

na escarpa da Esperança (Serras do Cadeado e Bufadeira), atingindo altitudes de

235 m no Rio Paraná”.

As coordenadas geográficas, do Morro três Irmãos, são 52º 39’37’’ de

longitude Oeste e 22º 46’74’’ de latitude Sul. Sua forma é orientada no sentido

Sudeste para Noroeste. Ele possui uma área de 224.669 hectares na zona rural do

município, sendo 147.061 hectares em propriedades particulares e 77.608 hectares

de áreas públicas. Sua feição é alongada com o comprimento de 2.500 metros e

uma largura de 1.000 metros aproximadamente. São 406 metros na base ou sopé

RELEVO DO PARANÁ – LOCALIZAÇÃO DO MORRO TRÊS IRMÃOS TERRA RICA - PR

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do Morro e 639 metros no topo ou cume contando com uma altitude de 233 metros

no morro mais alto.

Por sua beleza e riqueza natural foi considerado Monumento Natural em

2004 pelo poder público Estadual. Hoje transformado em Parque Municipal Três

Morrinhos. O acesso ao Morro se dá pelas rodovias BR 376 e PR 180, ambas

pavimentadas.

Existem duas hipóteses sobre o surgimento do Morro Três Irmãos: A

primeira explicada através do intenso vulcanismo ocorrido no sul do Brasil na era

Mesozóica. A segunda e a mais aceita supõe-se que o Morro Três Irmãos seja um

local de intensa silicificação, no qual resistiu há milhares de anos a atuação erosiva,

ou seja houve o desgaste de quase toda a região, e as elevações foram mantidas

devido à maior resistência ao intemperismo dos arenitos silicificados presentes no

Morro, restando assim o morro testemunho.

Quanto às características geomorfológicas de acordo com a proposta de

Bigarella (2007): Observa-se que as diferenças estruturais dos basaltos e do Arenito

Caiuá foram responsáveis pela erosão diferencial que dissecou regiões de menos

resistência litológica e preservou em regiões com basaltos colunares, mais

homogêneos e resistentes, o relevo aplainado das épocas de ambiente resistásico.

Também, o solo do Morro Três Irmãos está na região conhecida pela grande

área do Arenito Caiuá capeado pelo Arenito Paranavaí. Ambos os Arenitos

apresentam texturas bem semelhantes, mas, no entanto, a formação Arenito

Paranavaí é de fraca cimentação, o que contribui para os processos erosivos. Na

área do Morro tem a mesma formação do solo da região, mas difere em sua maior

quantidade de sílica, que é muito resistente a ação dos agentes externos, conforme

Riccomi et.al (1981, p.34):

As declividades acentuadas aliadas ao intenso fraturamento das litologias propiciam uma instabilização dos taludes naturais ocasionando a formação de depósitos coluviais. Estes colúvios desenvolvem-se normalmente nas regiões de quebra da declividade (Rampa de Colúvio). Possuem uma espessura variada, mas não ultrapassando a cinco metros. São formados por material imaturo e desestruturados. A granulometria é muito variada encontrando-se desde blocos com alguns metros de diâmetro até grãos individualizados de areia fina.

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Ainda segundo Riccomi et. al (1981, p.35) outro tipo de solo ocorrente no

morro.

São os litossolos, ocupando uma área de ocorrência maior do que os anteriores. São solos pouco espessos, na ordem de decímetros, com granulometria essencialmente arenosa. Neste tipo de solo tem-se a ocorrência do horizonte A diretamente disposto sobre o horizonte C. Devida a pouca espessura e a baixa fertilidade tem-se o desenvolvimento de uma escassa vegetação onde predominam as gramíneas.

Os resultados encontrados, durante a aplicação do projeto, foram bastante

significativos, considerando-se que as imagens do Sensoriamento Remoto utilizados

são gratuitas e podem ser facilmente encontrados na Internet.

Percebemos que na utilização das imagens de satélites, os alunos

mostraram maior interesse e curiosidade pelo entendimento das cores e das formas

apresentada, pois, possibilitaram ao aluno a associação da informação contida nos

documentos cartográficos com as paisagens visualizadas no espaço conhecido por

eles, através da decodificação da simbologia cartográfica e na sua confecção das

maquetes. Nos PCNs (1998, p.35) é destacado que o “saber utilizar a linguagem

cartográfica para obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos

geográficos”.

3 Conclusão

Apresentamos um método diferente de estudar as formas de relevo durante

as aulas de geografia, com o uso das imagens de satélites. Porém, existe a

preocupação se o corpo docente estaria capacitado para utilizar tais produtos. Para

seu manuseio, o professor deve estar capacitado a utilizar as novas tecnologias,

conforme Saviani (1991, p.45) afirma sobre a qualidade do profissional da educação

“[...] necessitamos de professores que conheçam o sistema produtivo e

principalmente as inovações tecnológicas”.

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Outro fator que se destaca, quanto ao uso do Sensoriamento Remoto, é que

foram gerados a partir de fontes gratuitas, precisas e confiáveis e disponíveis na

internet, além de serem de fácil aplicação e utilização.

Percebemos, que os alunos adquiriram conhecimentos aprofundados sobre

o estudo do relevo local, com o uso das imagens do sensoriamento remoto, sobre o

Morro Três Irmãos, ponto turístico importantíssimo do município em que residem e

terão assim, muito mais cuidado ambiental por ele, carinho e orgulho.

Ao término da implementação do projeto podemos perceber que as

geotecnologias contribuem em muito, para o desenvolvimento e aprendizado, por

possibilitar uma atuação mais participativa, na qual o educando se torna sujeito do

seu processo de construção de conhecimento.

Neste sentido, como salienta Santos (1998), “o Sensoriamento Remoto

torna-se um instrumento para a compreensão, conscientização e busca de soluções

para os problemas da realidade sócio-ambiental, contribuindo na formação da

cidadania”.

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