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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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JANDIR FIGUEREDO FILHO

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA

BRASIL REPÚBLICA

CADERNO PEDAGÓGICO

ENSINO MÉDIO

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FICHA CATALOGRÁFICA DE PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE/2009

Título Fragmentos da História – Brasil República

Autor Jandir Figueredo Filho

Escola de atuação Colégio Estadual Jayme Canet

Município da escola Curitiba

Núcleo Regional de Educação Curitiba

Orientador Prof. Dr. Armando João Dalla Costa

Instituto de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná

Área do Conhecimento História

Produção Didático-Pedagógico Caderno Pedagógico

Relação Interdisciplinar

Público Alvo Alunos do Ensino Médio

Localização (endereço da escola) Rua Ana Aparecida Lopos Canet s/n, Bairro Xaxim,

Curitiba

Apresentação Caderno Pedagógico que utiliza como recursos didáticos

documentos históricos. Fundamenta-se na ideia de que o

aluno deve ser iniciado na pesquisa histórica, de forma

similar à metodologia seguida pelos historiadores e,

prioriza algumas fontes históricas que podem contribuir

na discussão de temas relacionados à história do Brasil.

Tem como objetivo apoiar os professores no processo de

ensino-aprendizagem: discutir o papel das fontes na

produção do conhecimento; contribuir para o

desenvolvimento da autonomia intelectual do educando e

o pensar historicamente; provocar nos estudantes a

inquietude diante das relações de poder, trabalho e

cultura, historicamente construídas.

Palavras-chave Documentos, Fontes , Testemunhos, Vestígios.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

SUPERINTENDÊNCIA EDUCACIONAL

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

JANDIR FIGUEREDO FILHO

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA

BRASIL REPÚBLICA

CURITIBA

2010

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CADERNO PEDAGÓGICO

Título: Fragmentos da História – Brasil República

Autor: Jandir Figueredo Filho

Escola de Atuação: Colégio Estadual Jayme Canet

Curso: Ensino Médio – 3ª série Ano: 2010

Núcleo Regional de Educação: Curitiba

Orientador: Prof. Dr. Armando João Dalla Costa

Instituição de Ensino Superior: Universidade Federal do Paraná

Área do Conhecimento: História

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AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO

Este caderno pedagógico tem como principal objetivo fornecer a alunos e professores

uma proposta de estudo da história a partir de diversas fontes históricas, ou seja, de

documentos escritos, iconográficos, audiovisuais, entre outros, utilizados pelos historiadores

na construção do conhecimento.

A proposta dessa produção fundamenta-se na ideia de que o aluno deve ser iniciado na

pesquisa histórica, de forma similar à metodologia seguida pelos historiadores. O uso de

documentos históricos no processo de ensino-aprendizagem também é recomendado pelas

Diretrizes Curriculares da Educação Básica.

Entende-se que as fontes históricas, de modo geral, nos possibilitam desenvolver o

pensamento histórico, fazer a análise histórica, refletir sobre a relação passado-presente,

contatar com determinadas linguagens e formas de pensar de outras épocas, pois representam

visões de mundo e de viver de diferentes sociedades em diferentes períodos de tempo.

Ao elaborar esse material didático-pedagógico priorizou-se algumas fontes históricas

que possibilitem a discussão de temáticas relacionadas à história do Brasil, período da

República. É importante que os recortes temáticos contemplados aqui sejam trabalhados

articulados aos demais conteúdos, considerando os contextos ligados à história local, do

Brasil e Mundial.

Espera-se que esse caderno pedagógico possa servir de apoio aos professores no

processo de ensino-aprendizagem e contribuir para o desenvolvimento da autonomia

intelectual do aluno e o pensar historicamente.

Jandir Figueredo Filho

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SUMÁRIO

REFREXÕES SOBRE A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO ............... 5

1. A HISTÓRIA .................................................................................................................... 5

2. A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO.................................................. 6

UNIDADE I - A CONSTRUÇÃO DA REPÚBLICA BRASILEIRA .................................. 8

1. A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NA HISTORIOGRAFIA ................................. 9

2. A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NOS JORNAIS DA ÉPOCA ........................ 10

UNIDADE II - UM MOVIMENTO SOCIAL URBANO ................................................... 12

1. A REVOLTA DA VACINA ........................................................................................... 13

2. ATUAÇÃO DA IMPRENSA NA REVOLTA DA VACINA ....................................... 15

UNIDADE III - O ESTADO NOVO E A CONSTRUÇÃO DE UMA IDEOLOGIA ...... 23

1. CULTURA E PROPAGANDA NO ESTADO NOVO .................................................. 24

UNIDADE IV - A REPÚBLICA BOSSSA NOVA .............................................................. 38

1. O PLANO DE METAS JK E O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DO BRASIL ... 39

2. A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE CULTURAL ......................................... 41

UNIDADE V - A DITADURA MILITAR (1964-1985) ....................................................... 43

OS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA E AS GREVES OPERÁRIAS ........................... 44

UNIDADE VI - BRASIL CONTEMPORÂNEO ................................................................. 46

A REDEMOCRATIZAÇÃO ................................................................................................ 47

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49

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REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO

Proposta de trabalho

1. Leitura dos textos: ―A História‖ e ―A Produção do Conhecimento Histórico‖.

2. Discussão das questões:

a) o significado do conhecimento histórico, considerando a relação passado-presente:

b) a produção do conhecimento histórico:

c) ―a verdade histórica‖, considerando aspectos relacionados às fontes e a neutralidade do

historiador:

3. Pesquisar exemplos de fontes escritas, iconográficas e materiais.

1. A História

A história enquanto ciência é uma atividade contínua de pesquisa a partir de vestígios

de tudo o que o homem construiu ao longo do tempo. Não trata apenas de conhecer o

passado, mas permite compreender como o presente é parte de construções de concepções

coletivas e/ou individuais.

O saber histórico não se resume no estudo da história da humanidade como um todo,

mas também, de forma mais específica, de diversos grupos sociais e movimentos culturais.

O estudo da História é fundamental para a formação de uma consciência crítica, na

medida em que possibilita a compreensão dos fatos que influenciaram diretamente a vida dos

indivíduos. Permite-nos contatar com determinadas linguagens, formas de pensar e de viver

de diferentes sociedades em diferentes períodos de tempo.

A História das ações humanas, na transformação da natureza e na organização das

sociedades, é objeto de controvérsias permanentes para os historiadores. Assim o passado

histórico não deve ser apresentado de maneira única, como uma verdade absoluta,

desvinculado das discussões que envolvem o presente. O que não torna a compreensão sobre a

relação presente-passado mecânica, estreita e determinista.

Para melhor compreensão do que representa essa ciência veja o que dizem alguns

pensadores:

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―A História é a ciência dos homens no tempo.‖ (Marc Bloch)

"A história está para a humanidade assim como a memória está para o indivíduo, é a

memória coletiva." (Piancantol)

―A História dá aos acontecimentos humanos a sua dimensão no tempo, fornece os

antecedentes e os dados de um grande número de problemas atuais, proporciona o sentido

de continuidade, desenvolve o espírito crítico e de reflexão, permite conhecer melhor o

homem e ensina a relatividade das coisas.‖ (Pierre Salmon)

"A história é um processo dinâmico, dialético, no qual cada realidade traz dentro de si o

princípio da sua própria contradição e que gera a transformação constante na História, é a

luta de classes.― (Karl Marx)

2. A Produção do Conhecimento Histórico

A produção do conhecimento histórico denomina-se Historiografia. Essa é produzida a

partir do estudo de fontes históricas, também chamadas de documentos, testemunhos ou

monumentos.

Essas fontes são obras humanas que registram de modo fragmentado, as complexas

relações coletivas. Elas são fundamentais como meios de informações a serem interpretadas,

analisadas e comparadas.

Por muitos séculos predominou uma concepção historiográfica limitada ao uso de

documentos escritos. Somente no século XX, com a Nova História que o conceito de fonte

histórica transformou-se: as iconografias, as obras de arte, os testemunhos orais e muitos

outros materiais, além dos escritos, foram reconhecidos como documentos históricos.

O conhecimento histórico é dinâmico. Pode sofrer modificações a partir de novas

descobertas, do aparecimento de novos documentos e até mesmo de novas formas de

interpretação das fontes já conhecidas.

Para Jacques Le Goff, o documento não é a encarnação da verdade. Diz o historiador:

―não é um material bruto, objetivo e inocente, mas exprime o poder de uma sociedade do

passado sobre a memória e o futuro...‖ (LE GOFF, 2003, P. 9-10).

A produção historiográfica também está diretamente relacionada com o contexto em

que vive o historiador. Não sendo este neutro, imparcial e isolado de sua época. A produção

do conhecimento histórico é, na verdade, uma interpretação feita pelo historiador,

fundamentada em evidências reveladas pelas fontes.

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A escrita da história envolve a escolha de abordagem, reflexão, problematização,

organização de informações, interpretação, análise, localização espacial e ordenação temporal

de uma série de acontecimentos da vida coletiva, que de algum modo encontram-se

registrados.

É fundamental para a produção do saber histórico o auxílio de outras ciências como:

Economia, Sociologia, Geografia, Antropologia, Paleontologia, Paleografia, Epigrafia,

Heráldica, Numismática e Arqueologia.

REFERÊNCIAS

BLOCH, Marc. Apologia da História. Rio de Janeiro: Zahar, 2001

BRAGA, Maria Gorete Moreira. As fontes históricas propostas no manual e a construção

do conhecimento histórico. (Dissertação de Mestrado). Universidade do Minho, 2004.

BURKE, Peter (org.). A Escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.

CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. (orgs.) Domínios da história. Campinas: Campus, 1997.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão et al. Campinas:

UNICAMP, 2003.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Ensino Básico. Diretrizes

Curriculares da Educação Básica. 2008.

PINSKY, Carla B. (org.). Fontes históricas. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2006.

SALMON, Pierre, História e crítica. Coimbra: Livraria Almedina, 1979.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora & CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo:

Scipione, 2004.

SILVA, Vanderlei & SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 2. Ed.

São Paulo: Contexto, 2006.

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UNIDADE I

A CONSTRUÇÃO DA REPÚBLICA BRASILEIRA

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A CONSTRUÇÃO DA REPÚBLICA BRASILEIRA

1. A Proclamação da República na Historiografia

Proposta de Trabalho

1. Organizem-se em grupo, discutam o que sabem sobre a proclamação da República e

elaborem uma síntese sobre o tema.

2. Leitura do capítulo ―A Proclamação da República‖, da obra ―Da Monarquia à República‖,

de Emília Viotti da Costa (2007).

3. Discuta com seus colegas as questões relacionadas à seguir e apresente suas considerações

à classe.

a) Visões historiográficas sobre a Proclamação da República:

b) As razões, apontadas pela historiografia, que motivaram o fim da monarquia e a

proclamação da República:

c) A Proclamação da República resultou de uma revolução ou de um golpe de Estado?

Consistiu numa troca simples de poder ou foi um movimento de caráter ideológico?

d) Teve participação popular na proclamação da República?

4. Debate coletivo coordenado pelo professor.

2. Proclamação da República nos Jornais da Época

Proposta de Trabalho

1. Leitura das noticias dos jornais da época sobre a proclamação da República: Gazeta da

Tarde, Diário do Commercio, Diário Popular, Correio do Povo, República Brazileira e

Novidades.

2. Discuta com seus colegas e apresente suas considerações sobre a atuação da imprensa na

divulgação da Proclamação da República Brasileira, a partir das questões propostas a

seguir:

a) Produção das notícias (jornal – autoria – data – manchete – mensagem central):

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b) A forma que a imprensa divulgou o fato:

c) A repercussão do fato:

d) A participação das camadas populares:

3. O sentido do termo ―bestializado‖, expressão utilizada no artigo de Aristides Lobo,

publicado pelo jornal paulista ―Diário Popular‖: ―O povo assistiu àquilo bestializado,

atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.’

4. Relacione atuação da imprensa da época da Proclamação da República com a da mídia

atual.

Documento 2

Cartas do Rio

ACONTECIMENTO ÚNICO

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1889.

Eu quisera poder dar a esta data a denominação seguinte: 15 de Novembro, primeiro ano de

República; mas não posso infelizmente fazê-lo. O que se fez é um degrau, talvez nem tanto,

para o advento da grande era.

Em todo o caso, o que está feito, pode ser muito, se os homens que vão tomar a

responsabilidade do poder tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à liberdade.

Como trabalho de saneamento, a obra é edificante. Por ora, a cor do Governo é puramente

militar, e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil

foi quase nula.

O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.

Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada.

Era um fenômeno digno de ver-se.

O entusiasmo veio depois, veio mesmo lentamente, quebrando o enleio dos espíritos.

Pude ver a sangue-frio tudo aquilo.

Mas voltemos ao fato da ação ou do papel governamental. Estamos em presença de um

esboço, rude, incompleto, completamente amorfo.

Bom, não posso ir além; estou fatigadíssimo, e só lhe posso dizer estas quatro palavras, que já

são históricas.

Acaba de me dizer o Glycerio que esta carta foi escrita, na palestra com ele e com outro

correligionário, o Benjamim de Vallonga.

E no meio desse verdadeiro turbilhão que me arrebata, há uma dor que punge e exige o seu

lugar - a necessidade de deixar temporariamente, eu o espero, o Diário Popular.

Mas o que fazer? O Diário que me perdoe; não fui eu; foram os acontecimentos violentos que

nos separaram de momento.

Adeus.

Aristides Lobo (Diário Popular, 15 de novembro de 1889)

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Documento 1

O Futuro do Brasil

"A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se

considerar finda a Monarquia, passando a regime francamente democrático com todas as

consequências da Liberdade.

Foi o exército quem operou esta magna transformação; assim como a de 7 de abril de 31 ele

firmou a Monarquia constitucional acabando com o despotismo do Primeiro Imperador, hoje

proclamou, no meio da maior tranqüilidade e com solenidade realmente imponente, que

queria outra forma de governo.

Assim desaparece a única Monarquia que existia na América e, fazendo votos para que o

novo regime encaminhe a nossa pátria a seus grandes destinos, esperamos que os vencedores

saberão legitimar a posse do poder com o selo da moderação, benignidade e justiça,

impedindo qualquer violência contra os vencidos e mostrando que a força bem se concilia

com a moderação. Viva o Brasil! Viva a Democracia! Viva a Liberdade!" (Gazeta da Tarde, 15 de novembro de 1889)

Documento 3

Revolta no Exército

"A população desta cidade foi hoje, ao acordar, sobressaltada pela notícia de graves

acontecimentos que se estavam passando no quartel general do exército, em ordem a despertar

as mais sérias inquietações. Era assustador o aspecto que oferecia a praça da Aclamação, na

parte em que se acha situado o referido exército e circunvizinhanças.

Todo o movimento social da cidade acha-se paralisado. O comércio em grande parte fechou

as portas. As ruas mais freqüentadas nos dias ordinários estão desertas; raros transeuntes

passam, apressados, como perseguidos. (...) O serviço de bondes é feito com grande

irregularidade; há longos intervalos no trânsito dos carros, que chegam aos pontos de estação

aos grupos de cinco e seis. (...) O pânico anda no ar e nas consciências. (...)"

(Novidades,15 de novembro de 1889)

Documento 5

Viva a República! "(...) Comecemos de pensar. Esta República que veio assim, no meio do delírio popular,

cercada pela bonança esperançosa da paz; esta República no século XIX que surgiu com a

precisão dos fenômenos elétricos, sem desorganizar a vida da família, a vida do comércio e a

vida da indústria; esta República americana que trouxe o símbolo da paz, que fez-se entre o

pasmo e o temor dos monarquistas e a admiração dos sensatos - esta República é um

compromisso de honra e um compromisso de sangue. (...)" (República Brazileira, 21 de novembro de 1889)

REFERÊNCIAS

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. 8 ed. São

Paulo: UNESP, 2007.

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi.

São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

http://www.republicaonline.org.br

http://www.bibvirt.futuro.usp.br

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UNIDADE II

UM MOVIMENTO SOCIAL URBANO

DA PRIMEIRA REPÚBLICA

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UM MOVIMENTO SOCIAL URBANO DA PRIMEIRA REPÚBLICA

1. A Revolta da Vacina

Proposta de Trabalho

1. Apresentação pelos alunos do conhecimento que tem sobre o tema.

2. Leitura do texto.

3. Discussão e contextualização histórica do tema.

4. Relação das questões urbanas do início do século XX com as atuais.

A Revolta da Vacina, ocorrida em 1904 é considerada pela historiografia como o

maior motim da história do Rio de Janeiro. Na época, como capital federal, a cidade com

cerca de 700 mil habitantes e graves problemas urbanos: sem um sistema eficiente de

saneamento básico, toneladas de lixo pelas ruas e cortiços superpovoados. Um ambiente

considerado propício à proliferação de várias doenças, como tuberculose, hanseníase, tifo,

sarampo, escarlatina, difteria, coqueluche, febre amarela e peste bubônica.

A população de baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal

vítima daquele contexto. Na verdade, essas eram as condições de muitas das principais

cidades brasileiras no início do século XX.

A partir de uma concepção de modernidade, inspirada em tendências europeias,

entendia-se como necessário reestruturar os espaços urbanos, remodelando as ruas e saneando

as cidades no intuito de evitar a propagação das pestes decorrentes da falta de higiene.

Em 1902, Rodrigues Alves assumiu a presidência do país, com um projeto de

reestruturação e embelezamento da capital brasileira. Para implementar a reforma urbana

nomeou o engenheiro Pereira Passos, como prefeito do Rio de Janeiro, e o médico sanitarista

Oswaldo Cruz, como chefe da Saúde Pública.

O projeto urbanístico previa a expansão da malha viária, com abertura de ruas e

grandes avenidas, e combater as epidemias que assolavam a cidade. Para sua realização

centenas de casas e prédios, comerciais e residenciais, foram derrubados. Ocorreu a destruição

de inúmeros cortiços, que eram entendidos como sínteses da insalubridade e da violência.

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A reorganização do espaço urbano carioca, sob novas orientações econômicas e

ideológicas, não condizia com a presença de pobres na área central da cidade. A população

pobre que morava nas propriedades coletivas se via forçada a morar, grande parte, com outras

famílias, a pagar aluguéis altos, ou ir morar nos subúrbios, já que eram poucas as moradias

populares feitas pelo governo em substituição às destruídas. Os morros do centro, até então

com poucos moradores, passam rapidamente a serem habitados dando origem a algumas das

atuais comunidades. O escritor Lima Barreto descreve a situação desses lugares:

Há casas, casinhas, casebres, barracões, choças, por toda a parte onde possa

fincar quatro estacas de pau uni-las por paredes duvidosas (...) Há verdadeiros

aldeamentos dessas barracas nos morros (...). Nelas há quase sempre uma bica

para todos os habitantes e nenhuma espécie de esgoto. (BARRETO, p.64).

No combate às epidemias adotaram-se práticas agressivas, tais como: invasão de

domicílios, para retirada do lixo, confisco de porcos, galinhas e interdição de habitações

coletivas. Um esquadrão de cinquenta homens percorria armazéns, becos, cortiços e

hospedarias, espalhando raticida e mandando remover o lixo. Para completar um funcionário

percorria as ruas da cidade, pagando 300 réis por rato apanhado pela população.

Em 31 de outubro de 1904 aprovou-se a lei da vacinação obrigatória, o que

desencadeou um movimento popular, que tornou-se conhecido como Revolta da Vacina. Em

nenhum momento antes da determinação, o governo levou à população informações que

pudessem esclarecer a importância da ação profilática. Diante da falta de adesão e

informações, criou-se um ambiente fértil para todo tipo de especulação.

A vacina contra a qual a população se revoltou, era a antivariólica, descoberta em

1796 pelo inglês Edward Jenner. De seu trabalho originou-se o termo "vacina", já que

inoculava em humanos materiais retirados de pústulas de vacas.

A febre amarela foi derrotada a partir do combate ao mosquito Aedes egypti. A vacina

só foi desenvolvida em 1937 pelo sul-africano Max Theiler, que ganhou o Nobel em Medicina

em 1951, pelo feito obtido nos Estados Unidos.

O pânico e a indignação do povo confundiram-se com a revolta contra a demolição das

habitações populares causada pelas obras de reurbanização da cidade, a exploração nas

fábricas e a prepotência das autoridades. A obrigatoriedade da vacina foi revogada, e o

movimento foi duramente reprimido, terminando com cerca de mil detidos e 460 deportados.

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2. Atuação da Imprensa na Revolta da Vacina

A polêmica da vacina obrigatória tornou-se alvo da imprensa da época e provocou

debates inflamados. Foi a partir da publicação num jornal do projeto de regulamentação da

lei da vacina obrigatória que desencadeou a revolta. Grande parte da população não era

alfabetizada. A leitura dos jornais era hábito de uma parcela reduzida da sociedade brasileira.

Mesmo assim é considerada por muitos, que a imprensa teve grande importância na

articulação da indignação com a obrigatoriedade da vacina contra a varíola.

Proposta de Trabalho 1 – jornais da época

A partir dos artigos dos jornais da época faça uma análise da atuação da imprensa

considerando as questões propostas a seguir:

a) Produção das notícias (jornais, local, data, autoria, mensagem central);

b) A imprensa frente à política de reestruturação e embelezamento da capital federal pelo

governo de Rodrigues Alves:

c) Problemas sociais abordados nas notícias:

d) A obrigatoriedade da vacina contra a varíola:

e) A revolta popular desencadeada a partir da lei da vacina obrigatória:

f) Relações com o presente quanto à repercussão das noticias sobre a vida da população:

Documento 1

―O governo arma-se desde agora para o golpe decisivo que pretende desferir contra os direitos

e liberdades dos cidadãos deste país. A vacinação e revacinação vão ser lei dentro em breve,

não obstante o clamor levantado de todos os pontos e que foi ecoar na Câmara dos Deputados

através de diversas representações assinadas por milhares de pessoas.

De posse desta clava, que o incondicionalismo bajulador e mesureiro preparou, vai o governo

do Sr. Rodrigues Alves saber se o povo brasileiro já se acanalhou ao ponto de abrir as portas

do lar à violência ou se conserva ainda as tradições de brio e de dignidade com que, da

monarquia democrática passou a esta República de iniqüidade e privilégios.

O atentado planejado alveja o que de mais sagrado contém o patrimônio de cada cidadão:

pretende se esmagar a liberdade individual sob a força bruta....‖

(Correio da Manhã, 7 de outubro de 1904)

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Documento 2

"Foi extrema a indignação que o projeto do regulamento da vacina obrigatória excitou no

ânimo de todos os habitantes de Rio de Janeiro, cuja sensibilidade ainda não embotaram

interesses dependentes do governo e da administração sanitária."

"Durante o dia de ontem foram distribuídos boletins convocando o povo para um meeeting no

largo de S. Francisco de Paula, contra os demandos do Conselho Municipal e da execução da

lei da vacina obrigatória." Correio da Manhã, 11 de novembro de 1904.

"Parece propósito firme do governo violentar a população desta capital por todos os meios e

modos. Como não bastassem o Código de Torturas e a vacinação obrigatória, entendeu

provocar essas arruaças que, há dois dias já, trazem em sobressalto o povo.

Desde ante-ontem que a polícia, numa ridícula exibição de força, provoca os transeuntes, ora

os desafiando diretamente, ora agredindo-os, desde logo, com o chanfalho e com a pata de

cavalo, ora, enfim, levantando proibições sobre determinadas pontos da cidade."

(Correio da Manhã – Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1904)

Documento 3

A evidente prova de que toda esta agitação em torno da vacina é artificial e preparada com

intuitos meramente perturbadores, está em que as arruaças começaram, justamente quando

reiteradas declarações do Sr. Ministro do Interior, feitas a todos os jornais,levavam à

convicção de que o que indiscretamente se publicou como sendo regulamento da lei não só o

não era como o não seria nunca. A discussão sobre a questão da vacina tinha se conservado no

terreno doutrinário. (...)

Continuaram ontem infelizmente as assuadas e correrias da véspera no largo de S. Francisco

de Paula, sendo necessária a intervenção da força de polícia para dissolver os grupos de

turbulentos. Alguns gaiatos deram largo curso ao boato de que à tarde havia um meeting

naquele largo para o fim de se protestar contra a obrigatoriedade da vacina, o que não

aconteceu; mas, não obstante, desde as 5 1/2 horas começou a afluir ao lugar indicado várias

pessoas, que se aglomeraram próximo à estátua de José Bonifácio.

Eram 6 horas. Notava-se no largo de S. Francisco de Paula desusado movimento, quando

principiou a assuada. Não havia orador, todos se olhavam admirados sem saber porque ali se

estacionavam. Afinal, dentre os populares surgiram os indivíduos Francisco de Oliveira e

Lúcio Ribeiro, os quais, subindo ao pedestal da estátua de José Bonifácio fingiram que iam

falar as massas. Os dois pandegos, porém, embatucaram diante da grande multidão e

limitaram-se a gesticular estupidamente, sendo isso motivo de datisfação para a garotagem

que os aplaudia frenéticamente. (...)

(O Paiz - Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1904)

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Documento 4

"Como ante-ontem, repercutiram-se ontem as correrias e arruaças dos dois dias anteriores.

Como na véspera, tiveram princípio no largo de S. Francisco.

Desde que se manifestou o conflito, deu-se a intervenção da força armada, segundo ordem do

Dr. Chefe de Polícia, que, por intermédio de seus delegados, determinara que a intervençào só

se desse em caso de conflito ou atentado à propriedade.

Na rua do Teatro, do lado de Teatro São Pedro, estava postado um piquete de cavalaria da

polícia. Ao aproximar-se o grupo de populares, a gritos e a vaias, a força tomou posição em

linha, pronta a agir, caso fosse necessário. A movimentação do piquete de cavalaria

aterrorizou um tanto os populares que recuaram. Depois, julgando talvez que a cavalaria se

opussesse à passagem, avançaram resolutos, hostilizando a força a pedradas. O comandante

da força mandou avançar também, dando-se o choque. (...) Serenado mais ou menos o ânimo

popular naquele trecho, seguiu a força a formar na praça Tiradentes, fazendo junção com

outro piquete que ali se achava postado."

(Gazeta de Notícias, Rio de janeiro, 13 de novembro de 1904)

Documento 5

MANHÃ DE ONTEM:

"Pela Rua Senhor dos Passos, às 7 horas da manhã, subia uma grande massa de populares,

dando morras à vacina obrigatória. Pelos indivíduos que a compunham foram atacados alguns

bondes da São Cristovão. Ao entrar na Praça da República foram virados os seguintes bondes:

ns. 140, 95, 113, 27, 55, 105, 87, 101, 38, 41, 85, 56, 31, 13, 130, 101 e 129. Em alguns casos

os populares atearam fogo. A Jardim Botânico sofreu também prejuízos. seus carros no Catete

e Larangeiras, foram atacados.

BOMBAS DE DINAMITE:

"Já ontem apareceram as terríveis bombas de dinamite, como elemento de guerra. A 3a

Delegacia foi alvejada por inúmeras bombas atiradas pelos populares; estes, ao fim de algum

tempo, conseguiram repelir a força de polícia, que foi substituída por praças do corpo de

marinheiros.

"A cada passo, no centro da cidade, erguiam-se barricadas e trincheiras de onde os populares

atacavam as forças militares. as ruas da Alfândega, General Câmara, Hospício, S.Pedro, Av.

Passos etc. foram ocupadas pelo povo."

"Os alunos da Escola Militar do Brasil, depois de deporem o general Costallat do comando

desse estabelecimento, elegeram, em substituição, o sr. general Travassos e em saída saíram

em grupos, naturalmente para se reunirem na praia de Botafogo. Ao seu encontro seguiu do

Palácio o 1o de infantaria do exército, sob o comando do coronel Pedro Paulo Fonseca

Galvão."

( Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904)

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Documento 6

"Não há que se esconder a gravidade da situação que, desde alguns dias já, se vinha

desenhando no aspecto da cidade e que tos os espíritos anunciavam porque a pressentiam e

apalpavam.(...)

Verdadeiras lutas foram travadas a peito nú entre populares e as forças policiais de infantaria

e cavalaria, distribuídas por fortes contingentes nos pontos onde maior era a aglomeração e

onde as desordens mais se pronunciavam.

Na execução das ordens recebidas e conforme um edital da polícia publicado pela manhã, a

polícia interveio na dispersão do povo, acometendo-o com cargas de espada e lança e não raro

travando verdadeiros tiroteios; o povo repelia-a a pedradas, entricheirando-se como podia, e a

força despejava os revólveres. Iso mesmo sente-se da relação publicada dos feridos, a maior

parte por armas de fogo."

"Os estragos que a cidade apresentou na manhã de hoje, árvores derrocadas, combustores

retorcidos, quebrados, e postes por terra, , edifícios com as vidraças estilhaçadas, bondes

quebrados uns, incendiados outros, tudo isso dá idéia da intensidade dos conflitos de ontem e

do desespero e anarquia que reinaram nas ruas, que mais tétricas e cheias de perigo se

tornaram quando a noite caiu, privadas grandes trechos de sua iluminação costumada."

"Jamais podiamos imaginar que da vacina obrigatória pudessem surgir os distúrbios de ontem,

iniciados na véspera, depois dos breves mas violentos discursos pronunciados na Liga Contra

a Vacinação.

Combatendo a obrigatoriedade desta providência, o fizemos sempre de acordo com a lei, em

nome dos princípios constitucionais e da liberdade individual, sem jamais aconselhar a

resistência à mão armada, que condenamos com a maior energia porque a desordem não pode

governar e o prestígio da autoridade constituída não pode parecer diante da subversão da

ordem."

BARRICADAS:

"Na rua Senhor dos Passos, esquina da rua Tobias Barreto, Sacramento e Hospício foram

levantadas barricadas, havendo em alguns pontos atravessado correntes e arames de lado a

lado da rua. Junto a essas barricadas os populares varavam a polícia."

(A Tribuna, Rio de janeiro, 14 de novembro de 1904)

Documento 7

"Seria preciso não conhecermos a vida da cidade do Rio de Janeiro, mesmo nos seus dias

anormais, para não compreendermos os acontecimentos de ontem que encheram de pânico e

pavor toda a população. Houve de tudo ontem. Tiros, gritos, vaias, interrupção de trânsito, estabalecimentos e casas de

espetáculos fechadas, bondes assaltados e bondes queimados, lampiões quebrados à pedrada,

árvores derrubadas, edifícios públicos e particulares deteriorados."

(Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 14 de novembro de 1904)

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Proposta de Trabalho 2 – a revolta nas charges

Os acontecimentos relacionados à Revolta da Vacina foram representados por meio de

charges. Analise minuciosamente as charges apresentadas aqui e discuta com seus colegas as

seguintes questões:

a) Produção das charges (autoria, data, contexto, mensagem central em cada uma):

b) Atores históricos representados:

c) Como era retratada pelos chargistas a Lei da Vacinação Obrigatória e sua aplicação no Rio

de Janeiro?

d) Intenções dos chargistas ao representarem a campanha de vacinação obrigatória proposta

por Oswaldo Cruz em 1904:

e) Que tipo de críticas essas charges contém?

f) Outros aspectos observados:

Charge 1 – publicada em A Avenida, setembro de 1904, autor: Vasco.

(Acervo da Casa de Oswaldo Cruz - Departamento de Arquivo e Documentação)

Inscrição na charge:

“Os célebres cérebros”

“Nessa perfuração arteriana,

É o másculo doutor de altas

Ciências

Parece ver na natureza humana

Um campo vivo para

experiência”

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Charge 2 – publicada na revista O Malho, 29 de outubro de 1904. Autor: Leônidas.

“Guerra Vaccino-Obricateza!”

―Espetáculo para breve nas

ruas desta cidade. Oswaldo

Cruz, o Napoleão da seringa e

lanceta, à frente das suas

forças obrigatórias, será

recebido e manifestado com

denodo pela população. O

interessante dos combates

deixará a perder de vista o das

atalhas de flores e o da guerra

russo-japonesa. Veremos

no fim da festa quem será o

vacinador à força!‖ (Acervo da Casa de Oswaldo Cruz, Departamento de Arquivo e documentação – imagem IOC(OC)6-32)

Charge 3 – publicada na capa da Revista da Semana, 1904.

Ao heroe dos Mosquitos”

Acervo da Casa de Oswaldo Cruz, Departamento de

Arquivo e Documentação – imagem IOC(OC)6-40 )

Revista da Semana - semanário

brasileiro editado de 1900 a 1962.

Com enfoque político. Esse

periódico foi também um veículo

importante para as charges de J.

Carlos e Raul Pederneiras, entre

outros.

O Malho - revista humorística brasileira criada por Crispim do Amaral em

1902. A sua especialidade era satirizar fatos políticos, e entre os seus

desenhistas e caricaturistas destacaram-se J.Carlos, Angelo Agostini, Max

Yantok, K. Lixto e Theo.

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Charge 4 -“O espeto obrigatório”, publicada em A Avenida, outubro de 1904.

(Acervo da Casa de Oswaldo Cruz, Departamento de Arquivo e Documentação)

Charge 5 – capa da Revista da Semana, 2 de outubro de 1904. Autor: Bambino.

(Acervo da Casa de Oswaldo Cruz, Departamento de Arquivo e Documentação)

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REFERÊNCIAS

BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Disponível em < http://virtualbooks.terra.com.br>

acesso em 20 jun. 2010.

FALCÃO, Edgard de Cerqueira. Oswaldo Cruz monumenta histórica. A incompreensão de

uma época. Oswaldo Cruz e a caricatura. São Paulo, Brasiliense, 1972. Coleção Monumenta

Histórica, vol. VI, t. I.

ROCHA, Oswaldo Porto. A era das demolições: cidade do Rio de Janeiro: 1870-1920. Rio

de Janeiro: Secretaria municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e

Informação Cultural, 1986, p. 21-1

SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. Scipione,

São Paulo, 1993.

http://www.coc.fiocruz.br

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UNIDADE III

O ESTADO NOVO E A

CONSTRUÇÃO DE UMA IDEOLOGIA

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O ESTADO NOVO E A CONSTRUÇÃO DE UMA IDEOLOGIA

1. Cultura e Propaganda no Estado Novo

No Estado Novo, através do Ministério da Educação e do Departamento de Imprensa e

Propaganda (DIP), o governo articulou uma dupla estratégia de atuação na área cultural,

voltada tanto para as elites intelectuais como para as camadas populares.

O DIP, além da censura, era encarregado da propagada do Estado Novo. A Ideologia

estadonovista era transmitida través da produção de livros, revistas, folhetos, cartazes, fotos, passando

pelo teatro, pela música, pelo cinema, e marcando presença nos carnavais, festas cívicas e

populares.

O Estado Novo foi marcado por inúmeras datas cívicas, consideradas como momentos

fundamentais para a integração nacional. Merecem destaque o 7 de setembro, o Dia da Raça

(5 de setembro), o aniversário do presidente Vargas (19 de abril), o aniversário do Estado

Novo (10 de novembro) e o Dia do Trabalho (1º de maio), que tornou-se um dos maiores

símbolos festivos estadonovista.

O rádio assumiu, na época uma posição privilegiada na transmissão da política do

governo Vargas. Em 1938, inaugurou-se o programa ―A Hora do Brasil‖. Através desse o governo

buscava estreitar as relações entre o Estado e as classes trabalhadoras.

―A Hora do Brasil‖ tornou-se o programa radiofônico mais ouvido do País. Era transmitido

diariamente por todas as estações de rádio, com duração de uma hora, das 19 às 20 horas, visando a

divulgação dos principais acontecimentos da vida nacional.

O programa além de informar os atos do presidente da República e as realizações do Estado,

incluía uma programação com músicas de cantores brasileiros, comentários sobre arte popular,

descrições de pontos turísticos do país e divulgação dos resultados de concursos musicais promovidos

pela Rádio Nacional, o que atraia ainda mais a atenção dos ouvintes. Também ―A Hora do Brasil‖

tinha um espaço reservado, semanalmente, para o ministro do Trabalho, Alexandre Marcondes Filho.

A partir da investigação de alguns documentos históricos (fotografias, cartões postais e

discursos) analisaremos como a educação, as manifestações culturais e a propaganda

constituíram-se a base de sustentação ideológica do Estado Novo.

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Proposta de trabalho 1 - Imagens do Estado Novo

Organize-se em grupo para análise das imagens (fotografias e cartões postais). Cada grupo

deve escolher um documento para estudo apresentar suas conclusões aos demais para o debate

coletivo.

Questões que deverão orientar o estudo das imagens (fotografias e cartões postais):

a) Analise das fotografias quanto à autoria, data, lugar:

b) Elementos que compõem as fotografias (cenário, personagens, inscrições):

c) Atores históricos presentes nas imagens:

d) Contexto histórico:

e) Mensagens:

Foto 1 - Trabalhadores homenageiam Vargas na Esplanada do Castelo, Rio de Janeiro, 1940.

(Acervo da Fundação Getúlio Vargas - CPDOC/CDA VARGAS)

O 1º de maio foi

escolhido como Dia do

Trabalho como forma

de lembrar a luta dos

trabalhadores por

melhores condições de

trabalho. A data é uma

homenagem aos

trabalhadores da

cidade de Chicago que

nesse dia, em 1886,

enfrentaram violenta

repressão policial e

muitos foram mortos e

outros presos.

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Foto 2 - manifestação no Dia do Trabalho, no estádio do Vasco da Gama, Rio de Janeiro,

1941.

(Acervo da Fundação Getúlio Vargas - CPDOC/CDA VARGAS)

Foto 3- Concentração de trabalhadores em 1º de maio de 1944, estádio do Pacaembú,, São

Paulo.

(Acervo da Fundação Getúlio Vargas - CPDOC/CDA VARGAS)

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Foto 4 - Desfile militar pelo dia da raça, Rio de Janeiro, 1939.

(Acervo da Fundação Getúlio Vargas - CPDOC/CDA VARGAS)

Cartões Postais editados pelo DIP entre 1937 e 1945.

Cartão 1

(Acervo da Fundação Getúlio Vargas – CPDOC/GV Foto 091/6)

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Cartão 2

(Acervo da Fundação Getúlio Vargas – CPDOC/GV Foto 091/7)

Cartão 3 Cartão 4

(CPDOC/GV Foto 091/7) (CPDOC/GV Foto 091/11)

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Cartão 5 Cartão 6

(CPDOC/GV Foto 091/4) (CPDOC/GV Foto 091/2)

Proposta de Trabalho 2 – Discursos do Ministro Alexandre Marcondes Filho no

programa “A Hora do Brasil”.

1. Leitura e análise dos discursos proferidos a partir do seguinte encaminhamento:

a) Discutir a importância da radiodifusão no Estado Novo.

b) Pesquisar a criação da Hora do Brasil e sua função quanto programa oficial do Estado

Novo.

c) O Ministro Marcondes: pasta que ocupava e função política no governo Vargas?

d) Os discursos do Ministro Marcondes a quem eram dirigidos?

e) Mensagens dos discursos do Ministro Marcondes:

f) Como Marcondes dirigia-se aos trabalhadores?

2. Aponte trechos dos discursos do Ministro Marcondes que enaltecem o governo Vargas e

suas realizações.

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Documento 1

VIDA SINDICAL (Alexandre Marcondes Filho)

Nestas minhas palestras, serei obrigado, muitas vezes, a referir-me ao discurso que proferi

por ocasião da posse no Ministério do Trabalho, Indústria Comércio. Não há nisso a menor

preocupação de recordar palavras minhas, quero, apenas, relembrar por meio delas a

orientação ali contida, que, esta, foi traçada pelo Sr. Presidente da República e não sair de

nossa memória que provém da luminosa inteligência e da vontade suprema de quem revela

em toda a sua vida um grande devotamento aos trabalhadores do Brasil.

Em meu discurso eu dizia que para colhermos completamente os frutos da nossa adiantada

legislação trabalhista precisamos intensificar a vida sindical.

A afirmação contém um raciocínio claro: se o sindicato é um aparelho destinado a tutelar os

interesses das várias profissões e beneficiar os respectivos associados, somente atingirá tão

altos fins se receber apoio pleno, pela adesão de todos os profissionais e pelos cuidados do

poder público.

Para servir a esse pensamento contido no programa do eminente senhor Getúlio Vargas

expedi portaria determinando que nenhuma repartição do Ministério tome conhecimento das

consultas de empregadores, empregados, trabalhadores autônomos ou profissionais liberais

senão quando formuladas pelos respectivos sindicatos, salvo as que contra esses órgãos sejam

dirigidas ou envolvam recurso de atos emanados da diretoria, Conselho ou assembléia geral.

A decisão foi bem acolhida no país inteiro. De todos os centros de atividade humana

chegaram ao Ministério palavras de aplauso à iniciativa que assim prestigiava a direção desses

órgãos de classe e cumpria uma das promessas do governo.

É necessário, entretanto, não perder de vista outro aspecto que está recôndito na própria

finalidade do ato ministerial. A vida do sindicato depende principalmente das atividades da

sua administração, a quem compete a realização dos objetivos sociais. O ato representa assim

uma declaração de sincera confiança nas diretorias dos sindicatos, a certeza de que, na

retribuição do prestígio outorgado, elas desenvolverão cada vez mais o próprio esforço para

que o organismo funcione em toda a sua nobre destinação.

A vida sindical é um conjunto harmonioso de prerrogativas e de deveres. Porque é um

conjunto, não podemos intensificar o exercício das primeiras sem que lhe corresponda em

grau paralelo o cumprimento dos segundos.

Relativamente aos interesses individuais dos associados, a ação do Sindicato não está somente

na prerrogativa que a lei concede e a portaria reclama de os representar perante as autoridades

administrativas ou judiciárias sobre assuntos da profissão e impor contribuições a todos

aqueles que participam da categoria. Está também nos deveres: promover a fundação de

cooperativas, manter serviços de assistência judiciária, fundar escolas e hospitais, estabelecer

a conciliação nos dissídios de trabalho.

Cumprindo os dispositivos legais, o ato ministerial procura fazer com que todos os

interessados de cada se profissão se inscrevam nos órgãos da classe respectiva. E favorecendo

o desenvolvimento do quadro social, dá-lhes mais força, maior título representativo, maior

autoridade à voz das suas diretorias, isto é, amplia e coadjuva em extensão e profundidade a

ação das prerrogativas. Mas é preciso consignar, também, que favorecendo esse

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desenvolvimento, dá-lhes mais renda, maior prosperidade patrimonial, maiores possibilidades

administrativas, isto é, estabelece novos meios mais rigorosos para o cumprimento dos

deveres.

A portaria está, pois, de acordo coma realidade, tem lógica e acerto, porque mantém a beleza

da simetria que deve existir na vida sindical entre direitos e obrigações.

Todos os deveres atribuídos pela lei dos Sindicatos devem ser cumpridos e nesse sentido

todos são da mais absoluta igualdade. É de notar-se, entretanto, que nas questões de

assistência social a contribuição dos Institutos representa um coeficiente avultado para a

realização das objetivos legais; que o espírito de conciliação nos dissídios de trabalho, ao qual

hei de voltar numa das próximas palestras, depende, principalmente, de aspectos subjetivos

destinados a preparar o fundo educacional das classes; que a assistência judiciária já está em

função pela Justiça do Trabalho e prenuncia os grandes benefícios que há de trazer aos

trabalhadores do Brasil.

Há, porém, um serviço de resultados inestimáveis que se inclui exatamente, nos deveres dos

sindicatos e cuja realização deve ser incentivada, para demonstrar a eficiência das diretorias e

a preocupação pelo bem estar dos associados. Refiro-me às Cooperativas de Consumo.

A guerra vai tomando a vida mais cara e para evitar os sacrifícios resultantes da situação

internacional nem tudo pode depender só da ação do governo. Os sindicatos precisam trazer o

contingente do seu esforço para diminuir o custo da vida. Aliás, ainda aqui, a providência se

torna possível, em virtude da sabedoria com que o eminente Sr Getúlio Vargas estabeleceu-

lhe as condições de vida e subsistência.

Favorecendo a possibilidade de adquirir em grandes quantidades, dos próprios produtores e

por preço mais reduzido, as mercadorias fundamentais para a vida dos trabalhadores, o

funcionamento da Cooperativa exprime, em certo sentido, um aumento do salário e, desta vez,

obtido pela união, dos próprios interessados.

Incrementando o espírito de associação, ampliando os quadros sindicais e favorecendo assim

o patrimônio das entidades, a decisão do Ministério facilitou às diretorias os elementos

necessários para que cumpram o que a lei lhes determina. Muitas cooperativas, bem sei, já

existem, funcionando com pleno êxito administradas com inteligência, probidade e

competência. Entretanto, forçoso é reconhecer que muitas mais poderiam e deveriam ser

instaladas, sobretudo agora, que a situação exige um grande espírito de cooperação humana.

Este apelo à direção dos sindicatos, está contido em uma das entrelinhas do ato ministerial.

Acredito que, por ação das entidades prestigiadas, vão surgir, agora, na vida sindical

brasileira, dezenas de Cooperativas organizadas com o alto objetivo de bem servir aqueles

cuja adesão a esse ato quis incrementar.

Estou certo de que no campo das atividades ministeriais, não levarei ao Sr. Presidente da

República nenhuma notícia de maior agrado, de satisfação mais intensa do que a de novas

instalações desse admirável órgão de solidariedade.

Há dias, para atender a solicitação de um redator de ―A Manhã‖, que é um dos mais brilhantes

matutinos cariocas, eu redigi esta frase:

O Sr Getúlio Vargas, reconhecendo e outorgando os direitos do trabalhador, cumpriu o seu

dever histórico; e o trabalhador, cumprindo os próprios deveres, mostrará que está à altura

desses direitos.

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Cumprindo a vontade da lei, com a formação de Cooperativas de Consumo, os trabalhadores

do Brasil darão mais uma demonstração de que correspondem ao esforço do grande estadista.

Eu ficarei aqui para retribuir aos sindicatos, com os meus sinceros aplausos pela fundação de

novos aparelhos, os aplausos que deles recebi por ter obedecido à determinação do Sr. Getúlio

Vargas expedindo a portaria destinada a prestigiar os órgãos de classe dos trabalhadores do

Brasil.

Documento 2

CONCURSO DE ROMANCE E COMÉDIA Alexandre Marcondes Filho

O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio acaba de instituir um concurso de romance e

comédia, subordinado às condições constantes de portaria baixada pelo Ministro e divulgada

pela imprensa.

Esse concurso quer levar ao homem que luta nas fábricas e nas oficinas para o

desenvolvimento das forças do país, uma direta mensagem de valor educativo, em que os

nossos escritores são chamados a colaborar, trazendo-lhe a alta contribuição da inteligência e

da beleza.

Por isto, não me apresento agora aos trabalhadores. A eles me referirei e em nome deles falo,

mas hoje minhas palavras se dirigem aos escritores do Brasil. Sou portador de um apelo a

essas privilegiadas inteligências que enriquecem o patrimônio cultural da nação, e que,

exatamente por essa força, por esse privilégio que Deus lhes outorgou, podem prestar

inestimáveis serviços à educação e ao honesto entretenimento das massas populares.

Não tenho autoridade para traçar normas à fecundidade espiritual dos que vivem pela pena.

Ao contrário. Apresso-me em declarar-lhes a minha vassalagem. Apresso-me em reconhecer

que a literatura brasileira está cheia de obras primas e que a moderna geração dos nossos

escritores, com o realismo, a profundidade, a vibração do seus livros, enchem de luz

maravilhosos panoramas que ainda ninguém palmilhara.

Sei que não precisamos mais bater à porta estrangeira em busca de emoção e de arte.

Possuímos páginas que seriam imortais em qualquer lugar do mundo e o mundo há de

conhecê-las, porque, se me não engano, já chegou o tempo em que a cultura universal para

reabastecer-se, para não perder o ritmo evolutivo, precisa estudar a língua brasileira.

A verdade, entretanto, manda dizer que ainda há certos quadros nossos, profundamente

nossos, que os escritores brasileiros não percorreram e onde por certo encontrarão

oportunidade para criar uma paisagem maravilhosa, uma paisagem nova na literatura de todos

os tempos.

Refiro-me à literatura proletária. Ela já foi escrita na Europa, sem dúvida; e através dela os

escritores procuraram servir o seu povo, descrever os seus dramas, interpretar-lhe os anseios,

indicar-lhe os rumos e os caminhos. Essa é a missão sublime do escritor.

Mas a literatura social não deve exprimir apenas o clima político de uma nação. Deve ajudar-

lhe o engrandecimento progressivo. Quando surgiu na Europa a questão trabalhista, o

proletariado, para obter aquilo que de direito lhe fora reservado no convívio humano, teve de

vencer resistências seculares, teve de arrancar do Estado o pedaço de sol que lhe pertencia.

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Por isto mesmo se escreveu toda uma literatura, com lampejos de gênio é bem verdade, mas

amarga, cheia de gritos, marcada de revoltas, literatura que incentivava o rancor do povo.

Resolvido, porém, o grande problema, sobreveio uma coisa extraordinária. Como que

esgotados pelo esforço, sem energia para renovar-se na forma e no fundo, os escritores não

lhe favoreceram a evolução, não souberam lançar as bases do mundo novo que surgia, não

souberam escrever os poemas da reedificação coletiva, não souberam excitar o que há de

capacidade construtiva, de serena energia, de inteligência saudável, nas massas populares

orientadas para as vitórias do progresso, o clima da ordem e os problemas de segurança da

Pátria.

E todos nós sabemos o que aconteceu em conseqüência dessa dissonância entre a literatura e a

real necessidade das nações.

Se é pois verdade que a literatura representa um dos mais poderosos instrumentos para

coadjuvar o êxito humano e traçar o rumo de uma comunidade, o Brasil de agora oferece aos

escritores o mais belo, mais nobre e mais augusto momento de sua carreira, porque lhes pede

uma literatura que não existe no mundo e que ao mesmo tempo vai exprimir uma admirável

realidade política e servir a evolução nacional.

Muitos livros de doutrina política ensinam que o século dezenove foi o século da democracia,

do liberalismo, do governo para o povo. Mas quando se procura nos livros da história a

realização da doutrina, verifica-se que a redução das horas de trabalho, a fixação dos salários,

a proteção à infância, a justiça social, o direito de organização, foram obtidos a poder de

greves, de sabotagens, de sacrifícios, de revoltas e de cruentas lutas.

Assim foi em todas as nações a história dessa doutrina, que era democracia nos livros e

sangue popular nas barricadas.

O gênio político do Sr. Getúlio Vargas conseguiu fazer do Brasil uma luminosa exceção dessa

regra de violências, conseguiu transportar do livro para a vida, o governo para o povo, agindo

pela força de coletividade que em si próprio condena, pe1o seu poder de humanização das

construções teóricas, pela capacidade de incentivar as virtudes do seu povo e ver claro nas

brumas do futuro.

O que a Nação apresenta em conseqüência desse milagre político é a saudabilidade de sua

atmosfera de trabalho. Nenhum ressentimento de classes e todos os direitos reconhecidos. Um

proletariado cheio de galhardia e de boa vontade. A terra, de uma riqueza prodigiosa,

oferecendo-se a todas as iniciativas. A proteção do Estado a todos os braços e a todos os

cérebros. Uma grande necessidade de produção intensiva. A possibilidade de um futuro

esplêndido se soubermos criar, educar e desenvolver as energias humanas. Um grande Estado,

um grande Chefe, um grande Povo.

Que esplêndido material para a fulgurante inteligência dos nossos escritores! Que ressonância

para os que queiram despertar as vocações, arrancar do anonimato os gênios desconhecidos,

educar os homens simples e bons que formam as classes trabalhistas, encher de coragem os

tímidos! Que admirável matéria plástica para modelar uma civilização que honre o Continente

e sirva a Humanidade!

É este o meu apelo. É este o apelo que hoje dirijo aos que podem falar à índole afetiva de

nossa gente, à sua capacidade de trabalho, ao patriotismo dos trabalhadores do Brasil, através

de obras-primas que por certo constituirão o mais opulento capítulo da literatura

contemporânea!

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Documento 3

A SENHORA DO LAR PROLETÁRIO (Alexandre Marcondes Filho)

Hoje quero vênia para tratar das mulheres e não dos homens. Minha palavra se dirige à

operaria, à devotada companheira do trabalhador, à senhora do lar proletário.

Começo relembrando que o termo ―proletariado‖ — cuja etimologia vem de prole e significa

―classe que tem muitos filhos‖ — o termo proletariado constitui uma consagração à esposa,

assinala a glória da maternidade, evoca a música dos berços; e, povoando de imagens do

crianças o nosso pensamento, logo o remete às gerações porvindouras, aos problemas do

futuro, à continuidade da vida nacional. O termo representa, por tudo isso, um dos vocábulos

mais belos de nossa língua e torna a mulher operária uma criatura digna dos maiores desvelos

do Estado, porque é da classe operária que provém o maior número de cidadãos. Por tais

motivos, a inteligência, a sabedoria e o patriotismo de um estadista, estão na proporção direta

das preocupações que dedica aos humanos interesses da companheira do trabalhador.

Sob este aspecto a História do Brasil se divide em dois capítulos diferentes, em que o ano de

1930 aparece como um divisor de águas.

No primeiro capítulo nem se pensava no esforço e na capacidade de sacrifício que a existência

exige da mulher operária. Não vai nisto, propriamente, uma acusação aos anteriores homens

de Governo, nem aos antigos patrões. O Brasileiro tem índole afetiva. Mas, antes de 30,

andávamos jungidos a velhas doutrinas individualistas, o legislador tinha os olhos vendados, e

o que os olhos da alma não vêem, o coração do estadista não sente. O país caminhava com um

atraso geral de meio século. E a respeito do trabalho feminino a própria Europa não seguia

muito adiantada.

Nesse tempo, operárias de hoje ainda eram meninas; outras, mocinhas, trazendo dentro do

peito a alegria da vida, que é a razão da juventude, não reparavam em tristezas. Mas as que

deram vida a muitos filhos, as que já se enfeitam de cabelos brancos, recordarão comigo o

doloroso período, em que por certo tiveram momentos bem difíceis.

O trabalho noturno era permitido e não se lhes assegurava acréscimo de salário. Havia mães

que depois de se dedicarem durante o dia ao fatigante cuidado das crianças, procuravam

empregos noturnos, de parca remuneração. Eram mulheres mal dormidas, sem nutrição sadia,

vencidas pelo cansaço.

As atividades, por sua vez, não eram regulamentadas. Trazendo já no ventre o divino fruto,

que era a razão principal do seu labor, as pobres mães passavam longas horas do seu dia em

locais insalubres ou perigosos. Muitas foram vítimas de graves acidentes, de emanações

tóxicas, de poeiras nocivas, de vapores venenosos, que não só lhes enfraqueciam a saúde

como sacrificavam, sobretudo, o pequenino ser que ansiosamente aguardavam.

E por que olvidar o quadro mais emocionante? Não raro à porta da fábrica, uma ambulância

estacionava. Vinha retirar do meio dos teares, em pleno trabalho, a mulher que ia ser mãe e

que não pudera preparar-se no remanso do lar para o momento sublime.

Por tudo isso os filhos nasciam raquíticos. Depois, tempo e salário se escoavam numa via

sacra entre consultórios médicos e farmácias. A mortalidade infantil enlutava os casais.

O advento do Sr. Getúlio Vargas transformou inteiramente o cenário, depois de 30.

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Hoje em dia vale a regra de que para serviço igual deve haver salário igual, e o salário é mais

alto conforme o horário. Às vinte e duas horas fica assegurado à mulher o retorno ao lar e aos

filhos. Arrancou-se da operária o penoso serviço dos subterrâneos, das pedreiras e das minas.

O Estado Nacional garante o ordenado da gestante durante as férias de quatro semanas antes e

depois do parto, e em certas circunstâncias concede a prorrogação do prazo. Há dois períodos

de descanso diário para a amamentação. A lei determina que se organizem creches. O Serviço

de Alimentação inicia o processo educativo. Os filhos nascem fortes, crescem mais robustos.

A Previdência constrói a casa do operário, fornece assistência médica e antepara a velhice.

E para que a senhora do lar proletário obtivesse todos esses benefícios não foi necessário,

como no velho mundo, que os maridos viessem para a rua lutar e morrer pela companheira e

pelos filhos. Foi o Sr. Getúlio Vargas quem lhe levou todo esse patrimônio de direitos antes

denegados, e, levando-o, cumpriu o que nas campanhas da sua candidatura prometera aos

trabalhadores do Brasil sem distinção de raças, sem distinção de proveniências, sem distinção

de meridianos.

A verdade, porém, é que o uso de um direito é como o gozo da saúde. Não lhe damos valor.

Só quando a moléstia chega é que sentimos o bem que possuímos e vemos o mal que

praticamos não a defendendo quanto devêramos.

O exercício do direito é como a saúde.

As que eram meninas e mocinhas no primeiro capítulo, nem sequer reparam na saúde de

agora. Pelo hábito das prerrogativas legais, já os maridos talvez se não recordam de antigas

despesas e trabalhos.

Cabe às mães, que foram operárias antes e depois, e cuja memória se alimenta de antigas

dores inesquecíveis, assinalar aos filhos e aos maridos o bem que hoje possuímos, e que

somente a união espiritual, o labor ininterrupto, a obediência à lei, o respeito à autoridade, a

dedicação ao grande benfeitor dos lares operários e o amor ao Brasil sobre todas as coisas,

poderão assegurar em tempos tão maus a continuidade do bem que hoje possuímos; e que,

como saúde, devemos defender quanto possamos, para não lamentar quando já nos falte. Só a

paz garante o que da paz provém.

Este o grande dever das mães operárias, que são exemplo das virtudes populares, a fim de que

possam envelhecer tranqüila e suavemente ao lado do companheiro de sua vida, revendo-se na

beleza das filhas e sonhando com o progresso dos filhos.

Se são operárias brasileiras, recordarão que no tempo antigo os nossos políticos jamais

pensaram em lhes dar o de que careciam e foi o Sr. Getúlio Vargas quem outorgou os direitos

e os benefícios que desfrutam. Se vieram de outras terras, recordarão que o Brasil lhes deu o

amparo das mesmas leis, e que as leis do Brasil ainda são mais humanas que as do país de

origem.

Todas elas, sem distinção de raças, de proveniência ou de meridianos, recordarão aos maridos

e aos filhos que tudo devem ao descortino do estadista insigne que nos dirige.

Para saber a verdade, para perceber onde fica o interesse da família, as mulheres têm uma

força de inteligência que os homens não possuem. Uma força que não precisa de escola, não

precisa de livros, nem de artigos de jornal: é a força poderosa da intuição. E a intuição das

mães operárias lhes dirá se a verdade se encontra ou não nas palavras que hoje, com grande

satisfação, lhes dirigiu o Ministro do Trabalho.

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Documento 4

PRIMEIRO DE MAIO (Alexandre Marcondes Filho)

Sr. Presidente:

Na saudação que ora dirijo a V. Excia., não me revisto do título de Ministro de Estado. Peço

vênia para dizer que me mantenho junto à massa de trabalhadores, onde labutava como

proletário intelectual, antes de V. Excia. designar-me ao posto em que hoje sirvo. É do meio

deles e em nome deles — impregnado dos sentimentos que sempre nos animaram, integrado

em nossos problemas e anseios, partícula da multidão — que minha voz se levanta para falar a

V. Excia. com a simplicidade, a confiança e a força de verdade que a voz do povo tem.

Jungidos à dura tarefa de cada dia, numa existência objetiva e singela, nossa linguagem não

descreve rodeios, não se enfeita, não se requinta. É clara como a sinceridade, tem a pureza das

linhas retas e o vigor dos adágios, porque se limita a exprimir sentimentos que jorram

diretamente da alma popular.

Respeitamos em V. Excia. a mais alta expressão do poder do Estado e o supremo Chefe da

Nação. Mas, a sabedoria das multidões bem reconhece que não é somente o cargo que eleva o

homem, em virtude da autoridade que lhe outorga, mas, principalmente, o homem que

sublima a função, pela autoridade das virtudes que possui. Por isto, se em V. Excia.

respeitamos o Chefe de Estado — que para nós é píncaro distante — ao mesmo tempo

veneramos a criatura que de nós se aproxima numa afetiva convivência espiritual, porque em

V. Excia. vemos o guia e o poder humanizado, e sentimos o Amigo, que é sublimação da

criatura

Ser amigo é pensar e dedicar-se, espontaneamente, aos interesses alheios, esquecer do que é

seu para defender o que é dos outros, sacrificar-se pelo bem estar do próximo. V. Excia. é o

nosso maior e verdadeiro Amigo, em toda a profunda beleza deste termo sagrado, porque,

Chefe de Estado, não esperou que lhe fôssemos bater à porta, para requerer prerrogativas,

pleitear direitos ou clamar justiça, como aconteceu com outros povos. Pressentindo as nossas

necessidades e compreendendo os nossos anseios, pressuroso desceu até as planícies, arrostou

perigos, venceu obstáculos e dominou acontecimentos para cancelar meio século de desídia,

adiantar o relógio do tempo, inaugurar uma época e fundar uma civilização, instituindo um

regime que outorgou ao abandonado e esquecido proletariado brasileiro uma legislação social

que assegurou e enobreceu o trabalho, beneficiou homens, mulheres e crianças, protegeu os

lares, defendeu a saúde e amparou a velhice.

E, porque vai junto de nós, pelos caminhos, como guia incomparável, de uma clarividência

que ilumina todas as consciências e uma força de convicção que desvanece todas as dúvidas,

V. Excia. conseguiu levar o Brasil a esse altiplano de progresso social, soube erguer esse

monumento imperecível de cultura política, realizando pela paz, a ordem e a cooperação de

todas as classes, o que foi dissídio, barricada e sangue, em outras nacionalidades.

Dessa harmonia esplêndida, desse espírito de unidade nacional, sob a direção de um guia

insígne, é prova a presença de milhares de empregadores neste anfiteatro imenso, irmanados

conosco no festivo Dia do Trabalho, que é um dia nosso; é prova bem expressiva da

colaboração maravilhosa que nos deram os galhardos representantes das nossas gloriosas

forças militares que todos nós, afinal, nos consideramos, em torno de Vossa Excia,

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trabalhadores do Brasil, porque, se uns são soldados da produção econômica, os outros são

operários da soberania, todos unidos para a paz e para a guerra.

Referindo-se à política internacional americana, V. Excia. a definiu magistralmente como

uma harmoniosa convivência de soberanias intangíveis empenhadas na defesa do patrimônio

continental governando-se, porém, de acordo com o regime concernente às respectivas

realidades internas, porque cada nação possui fisionomia própria.

O dia Primeiro de Maio — entre inúmeras outras — é mais uma demonstração dessa verdade

inelutável. Enquanto, para outros povos, a data de hoje recorda o término de lutas por um

direito extraído das relutâncias do Estado, no Brasil ele comemora uma legislação social

livremente outorgada pela clarividência de um gênio político. Não recordamos os nossos

mártires. Consagramos um apóstolo. Por isto aqui estamos, os trabalhadores do Brasil, para

fazer das festas do nosso trabalho a consagração de V. Excia., porque, no Brasil, Primeiro de

Maio é um dia do povo, por ser um dia eminentemente presidencial.

Sabemos que só são fortes os povos capazes de empenhar todas as energias e todos os

sacrifícios do corpo e da alma em defesa dos seus ideais. Nesta hora suprema da humanidade,

a sabedoria da providência divina outorgou a V. Excia., Senhor Presidente, os destinos do

Brasil e do seu povo.

Ao Guia, ao guia seguro e preclaro, ao guia incomparável da nacionalidade, que através de

pélagos e de fráguas, serenamente vai levando o Brasil aos seus altos destinos históricos,

renovamos a afirmação da nossa fé no seu gênio, da nossa confiança na sua direção e da nossa

obediência a todas as ordens que dele emanam.

Ao Amigo, ao grande, nobre e verdadeiro amigo, declaramos que nossa gratidão imorredoura,

que não é a inerte gratidão das palavras superficiais e das atitudes inexpressivas, mas a

gratidão alerta, a gratidão impulso de sentimentos profundos, que em defesa do Brasil, do

regime e do seu estadista magnânimo, nos arrancará das fábricas, das oficinas e das lavouras,

formando uma onda irresistível que rolará de norte a sul, para repelir inimigos lutemos,

porque com a gratidão também empenhamos a própria vida.

Presidente Getúlio Vargas! Receba V. Excia. a aclamação dos trabalhadores do Brasil.

REFERÊNCIAS

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. A Era Vargas. Rio de Janeiro: CPDOC - Centro de

Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Disponivel em

<http://www.cpdoc.fgv.br> acessado em 10 jun. 2010.

GARCIA, Nélson Jahr. Trabalhadores do Brasil! Alexandre Marcondes Filho. Edição

Ridendo Castigat Mores 2002. Disponível em < http://www.ngarcia.org > acessado em 20

jun. 2010.

GOULART, Silvana. Sob a verdade oficial: ideologia, propaganda e censura no Estado

Novo. São Paulo: Marco Zero, 1990.

GOMES, Ângela de Castro. Estado Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getulio Vargas a Castelo Branco (1930-1964). Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1975.

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UNIDADE IV

A REPÚBLICA BOSSA NOVA

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A REPÚBLICA BOSSA NOVA (1956-1960)

A década de 1950 tornou-se conhecida na história da República Brasileira como

―Anos Dourados‖, graças ao grande desenvolvimento econômico e cultural.

Juscelino Kubitschek, que ficou conhecido como ―Presidente Bossa Nova‖, foi eleito sob

o slogan ―50 anos em 5‖, que prometia promover o desenvolvimento do Brasil, através da

industrialização e modernização do país.

Proposta de Trabalho 1 – Governo JK

Com seus pares e sob orientação do professor, a partir dos textos 1 e 2, discuta as questões:

a) Significado do slogan ―50 anos em 5‖:

b) Projeto Desenvolvimentista e Plano de Metas:

c) Realizações importantes de JK:

d) Significado das expressões ―Anos Dourados‖ e ―Bossa Nova‖.

e) A política nacional-desenvolvimentista dos anos JK só trouxe benefícios para o Brasil?

f) Podemos afirmar que durante seu governo de JK o Brasil viveu apenas ―Anos Dourados‖?

1. O Plano de Metas JK e o Processo de Modernização do Brasil

O projeto desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek, denominado Plano

de Metas baseava-se no nacional desenvolvimentismo. Sua fundamentação teórica estava na

Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), que foi fundada em 1948 como uma

tentativa de mudar a situação de atraso macro-estrutural dos países da América Latina.

A Cepal representava o setor empresarial mais expressivo da América Latina,

ideologicamente, uma burguesia nacional. Defendia a ideia que o Estado é quem deveria

fomentar o processo de modernização econômica, impulsionando a industrialização

simultaneamente com o setor agrícola nacional.

O governo de JK buscou promover o crescimento do pólo industrial brasileiro a partir

de uma diversificação da produção auxiliada pela forte presença do capital estrangeiro. Era

esse ―um nacionalismo diferente do nacionalismo getulista pela ênfase considerada ao capital

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estrangeiro e que se confundia com desenvolvimentismo em termos de mobilização de

recursos e de apoio‖ (BENEVIDES, 2002, p. 25).

O Plano de Metas composto por trinta itens visava promover o crescimento do país a

partir de investimento consistente em setores básicos da economia: transporte, energia,

alimentação, indústrias de base e educação. O Governo pretendia avançar "50 anos em 5".

Visando colocar o Brasil nos trilhos do progresso econômico, o governo favoreceu a

penetração de capitais estrangeiros e de empresas transnacionais.

O incentivo às indústrias de bens de consumo, a expansão do parque industrial e a

inserção da indústria automobilística promoveram grandes mudanças na economia brasileira.

Dentre suas inúmeras realizações destacam-se: a instalação de fábricas de caminhões, tratores,

automóveis, produtos farmacêuticos, cigarros; a construção de usinas hidrelétricas de Furnas e

Três Marias; a pavimentação de milhares de quilômetros de estradas, etc.

Mas o marco de modernização, de urbanização e desenvolvimento do projeto político

de JK foi a construção da nova capital federal, Brasília, no Planalto Central. O projeto

arquitetônico da nova capital elaborado por Lúcio Costa e Oscar Niemayer intensificou o

desenvolvimento, mas tinham por objetivo traduzir os interesses e perspectivas da classe

média, construindo junto com seus edifícios uma nova concepção de vida.

Assim como o projeto desenvolvimentista de JK possibilitou o desenvolvimento

econômico ao país, por outro lado deixou consequências dolorosas. A abertura econômica do

capital estrangeiro, a instalação de inúmeras transnacionais, o envio dos lucros dessas

empresas ao exterior e os vários empréstimos contraídos junto a instituições estrangeiras,

deixaram o país numa séria crise financeira.

No final do Governo os principais ramos das indústrias já eram controlados pelo

capital estrangeiro, ao mesmo tempo em que a inflação crescia rapidamente. Enquanto

cresciam as dificuldades populares, advindas da inflação, firmava-se outro resultado da

aplicação da política desenvolvimentista de Juscelino: o aumento da dependência econômica

do País em relação aos Estados Unidos.

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2. A Construção de uma Identidade Cultural

A intensificação da industrialização e a própria construção de Brasília geraram

importantes mudanças sociais e culturais. Tem-se um deslocamento populacional e o

crescimento de uma classe média urbana, que passa a buscar uma identidade cultural de

acordo com o seu padrão de vida.

A década de 1950 tornou-se conhecida na história da República Brasileira como

―Anos Dourados‖, graças ao grande desenvolvimento cultural. O rádio era o grande meio de

comunicação. A televisão aos poucos chegava aos lares brasileiros. Nos cinemas assistia-se as

chanchadas protagonizadas por Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Zé Trindade e

Mazzaropi.

Uma das maiores expressões desse período foi a Bossa Nova, que surgiu rompendo

com os padrões musicais vigentes na época. Embora o princípio do movimento consistisse na

busca de um elemento cultural de identificação e representação, acabou sendo envolvido por

aspirações e tendências políticas. A expressão bossa representa o novo, diferente do que

estava posto, desbancando o samba, considerado como símbolo de brasilidade. Esse novo

estilo musical nasceu em sintonia a um novo e ousado projeto em andamento no país, daí a

denominação do período JK entre 1956 e 1960 de República Bossa Nova.

Essa denominação possui um duplo sentido. Pode ser vista como elogio se considerar

as novidades do projeto JK, os novos tempos de desenvolvimento econômico e cultural que a

nação vivia. Como crítica pelos saudosistas do samba ou mesmo da política varguista e,

principalmente quando compreendido que a política de JK atingia apenas uma minoria da

população brasileira, deixando às margens os demais.

Proposta de Trabalho 2 – O Projeto JK e a Bossa Nova

Como importante documento de análise do tema em estudo, a música brasileira do período

constitui importante legado histórico cultural, através da qual a sociedade da época expressou

seus interesses, seus valores culturais e manifestou suas opiniões.

Juca Chaves, compositor famoso por suas sátiras políticas, compôs em 1958 a canção

―Presidente bossa-nova‖. Essa representa o encontro entre o política de JK e a bossa nova.

No mesmo ano, Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Morais, a pedido de Juscelino,

compuseram a canção ―Brasília, Sinfonia da Alvorada‖. De forma apaixonada e poética, a

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canção descreve em cinco atos toda a saga da construção da nova capital. Através dessas duas

canções faremos algumas reflexões sobre o período do governo JK.

1. Após ouvir e acompanhar as letras da canção ―Presidente bossa-nova‖ e a segunda parte

da canção ―Brasília, Sinfonia da Alvorada‖, discutir as questões a seguir:

a) Produção das músicas: Quem produziu? Para quem foram produzidas? Onde e quando

foram produzidas?

b) De qual o contexto histórico e cultural que falam?

c) Analisando as letras é possível afirmar que as músicas representam o presidente JK da

mesma forma? Qual é a imagem do presidente que as canções constroem?

d) Qual das imagens construídas pelas canções prevaleceu no imaginário da população

brasileira?

2. A construção de Brasília constituiu-se numa das principais realizações do governo JK,

vista como o símbolo da integração nacional. No seu processo de construção foi

fundamental a participação dos ―candangos‖. Discutir a partição dos trabalhadores na

fundação da nova capital representada pela música Sinfonia da Alvorada, III parte.

a) Como são representados esses trabalhadores nesse trecho da música?

b) As razões dos candangos abandonarem suas terras e se dirigirem para o centro-oeste não

são especificados na música.

c) Será que os construtores de Brasília encontraram espaço na cidade após a sua

inauguração?

REFERÊNCIAS

BENEVIDES, Maria Victória de Mesquita. O Governo Kubitschek: desenvolvimento

econômico e estabilidade política, 1956 – 1961. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979

Brasília: Sinfonia da Alvorada. Disponível em http://vinicius-de-

moraes.letras.terra.com.br/letras/87259/. Acessado no dia 15/07/2010.

CASTRO, Ruy – Chega de Saudade: a histórias e as histórias da bossa nova. São Paulo:

Companhia das Letras, 1999.

DANTAS FILHO, José. A República bossa nova: a democracia populista: 1954-1964. São

Paulo: Atual, 1991.

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UNIDADE V

A DITADURA MILITAR (1964-1985)

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A DITADURA MILITAR (1964-1985)

Os Movimentos de Resistência e as Greves Operárias

Proposta de Trabalho

Atividade 1 - discuta com seus colegas o que sabem sobre o período da ditadura militar,

escreva tarjas para expor em um painel. Em seguida participe do debate coletivo a partir das

ideias expostas no painel.

Atividade 2 - trabalhando com os filmes: ―Tempo de Resistência‖ e ―Braços Cruzados,

Máquinas Paradas‖ – assistir os filmes e a partir desses discutir os movimentos de

resistência e as greves operárias do período da ditadura militar (1964-1985).

Filme: Tempo de Resistência - documentário baseado no livro ―Tempo de Resistência‖, de

Leopoldo Paulino. Lançado em 2003 sob a direção de André Ristum. Produzido a partir de

depoimentos de pessoas envolvidas na resistência à ditadura e imagens de arquivos. O filme

aborda desde o golpe de 1964 até a anistia em 1979. Avalia o que levou os militares a

tomarem o poder e conta as dúvidas e controvérsias que a esquerda viveu sobre como resistir.

Analisa a crise do PCB e o papel de vanguarda assumido pelo movimento estudantil na luta

pela democracia. Faz uma reflexão sobre a dissidência na esquerda, a formação dos diversos

grupos guerrilheiros e seus projetos revolucionários. Fala sobre o ano de 1968, sobre as

greves e passeatas, sobre as prisões em Ibiuna, o AI-5 e a opção pela luta armada. Descreve o

recrudescimento da ditadura, as prisões, torturas e mortes.

Questões a serem consideradas na análise do documentário:

a) Autoria e temporalidade da produção cinematográfica:

b) Fontes históricas utilizadas na produção:

c) Período histórico retratado:

d) ―Razões‖ que motivaram o golpe militar:

e) Formas de resistências da esquerda:

f) O papel de vanguarda assumido pelo movimento estudantil na luta pela democracia:

g) A reação dos ditadores em relação aos movimentos de resistência:

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Filme: Braços Cruzados, Máquinas Parado - documentário, produzido em 1979, sob a

direção de Roberto Gervitz e Sérgio Segall Toledo. Faz uma análise da estrutura sindical a

partir da greve dos metalúrgicos paulistas de 1978 e da luta pela direção do sindicato. Em

1978, Três chapas disputam a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o maior da

América Latina, com 300.000 associados. Em meio a eleição, eclodiram as primeiras greves

operárias que iriam mudar o país.

Questões a ser consideradas na análise do filme:

a) Autoria e temporalidade da produção cinematográfica:

b) Fontes históricas utilizadas na produção:

c) Período histórico retratado:

d) Motivações e objetivos das greves operárias:

e) Repercussão política e social dos movimentos grevistas:

f) Relação das greves operárias com o fim do regime militar:

REFERÊNCIAS

COUTO, Ronaldo Costa. História indiscreta da ditadura e da abertura – Brasil:

1964-1985. 4 ed. São Paulo: Record, 2003.

REIS Filho, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. 2 ed. Rio de

Janeiro: Zahar, 2002. (Coleção descobrindo o Brasil).

VALE, Maria do Ribeiro. 1968: Diálogo É a Violência - Movimento Estudantil e

Ditadura Militar no Brasil. Campinas: Unicamp, 1999.

CHIAVENATO, Júlio José. O Golpe de 64 e a Ditadura Militar. São Paulo: Editora

Moderna, 2001. ( Coleção Polêmica, 202 ).

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UNIDADE VI

BRASIL CONTEMPORÂNEO

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BRASIL CONTEMPORÂNEO

A Redemocratização

Proposta de Trabalho

1. Pesquisa sobre as características do período militar brasileiro, iniciado em 1964,

destacando:

a) o comportamento dos jovens da época;

b) como era a produção cultural – a música, os programas de televisão, o cinema, o teatro;

c) a política - a censura política, o bipartidarismo e a repressão;

d) como terminou o período ditatorial.

2. Encaminhamento de oficina: organizados em grupos, os alunos buscarão fontes históricas

sobre o processo de redemocratização do país, que contenham informações sobre

momentos importantes, tais como a anistia, o movimento das diretas já, o fim do

bipartidarismo, as eleições de 1984. As fontes poderão ser:

a) Escritas: artigos de jornais, revistas e documentos oficiais como projetos de leis, decretos,

etc;

b) Imagens: fotografia, filmes;

c) Orais – testemunhos de pessoas que viveram o período da ditadura.

Para cada fonte apresentada elaborar uma ficha contendo dados como autoria, publicação,

data, local onde podem ser encontrados os originais e informações significativas para o estudo

do tema Redemocratização do Brasil. Podem ser apresentadas na oficina fontes originais ou

cópias dessas.

3. Produção de texto narrativo sobre o processo de redemocratização, construção a partir das

fontes apresentadas na oficina.

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REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, Júlio José. O Golpe de 64 e a Ditadura Militar. São Paulo: Editora

Moderna, 2001. ( Coleção Polêmica, 202 ).

CHAUÍ, Marilena. Um regime que tortura. In: ELOÍSA, Branca (org.). IºSeminário do grupo

Tortura Nunca Mais. Petrópolis: Vozes, 1987. p.28-37.

SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getulio Vargas a Castelo Branco (1930-1964). Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1975.

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REFERÊNCIAS

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