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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

HELENA MARIA GUARESCHI

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA

VIAJANDO COM A POESIA: DE CASA PARA A ESCOLA – DA

ESCOLA PARA CASA

Orientadora Prof.ª Elisabete Arcalá Sibin

CASCAVEL

JULHO 2010

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poesia.wikia.com/wiki/Meio-dia

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SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO .......................................................................................... 4

INTRODUÇÃO TEÓRICA................................................................................................. 5

1 CONCEPÇÃO DE LEITURA.......................................................................................... 5

2 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO ................................ 6

3. POESIA E POEMA ......................................................................................................... 7

3.1 PESQUISA SOBRE O GÊNERO .................................................................................... 7

3.2 RECONHECIMENTO DO GÊNERO TEXTUAL “POEMA” E “POESIA...................... 8

3.3. LEITURA DE POESIAS ................................................................................................ 9

4. ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES – COMO PROPOSIÇÃO: SEQUÊNCIA

DIDÁTICA ......................................................................................................................... 18

4.1 ATIVIDADES PARA O ALUNO.................................................................................. 19

4.2 DICAS PARA O (A) PROFESSOR (A)......................................................................... 20

5. ATIVIDADES PRÁTICAS............................................................................................ 23

5.1 LINGUAGEM FIGURADA OU CONOTATIVA.......................................................... 25

6 PRODUÇÃO DE POESIAS ........................................................................................... 25

7 CIRCULAÇÃO DAS POESIAS ..................................................................................... 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 27

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professora PDE: Helena Maria Guareschi

IES: UNIOESTE – Cascavel

Orientadora: Prof.ª Elisabete Arcalá Sibin

Concepção Teórico-Metodológica: Estética da Recepção

Série Indicada: 1ª Série do Ensino Médio

Tema: Viajando com a poesia: De casa para a Escola – Da Escola para a casa

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INTRODUÇÃO TEÓRICA

1 CONCEPÇÃO DE LEITURA

Considerando que a leitura é condição essencial para que o aluno possa

compreender o mundo, os outros, suas próprias experiências e para que possa

inserir-se no mundo da escrita, torna-se imperativo que a escola proporcione as

oportunidades de construção das competências lingüísticas necessárias para se

tornar um leitor competente.

As formas de se trabalhar com leitura não se esgotam em apenas um item ou

no desenvolvimento de uma habilidade. São inúmeras as possibilidades de que o

professor pode lançar mão em sala de aula, que despertem o gosto pela leitura,

sendo esta fundamental para o desenvolvimento de outras áreas do conhecimento e

consequentemente o exercício da cidadania.

De acordo com as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a

Educação Básica, Kleiman(2000) destaca a importância, na leitura, das

experiências, dos conhecimentos prévios do leitor, que lhe permitem fazer previsões

e inferências sobre o texto.O leitor constrói e não apenas recebe um significado

global para o texto: ele procura pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita

ou rejeita conclusões, usa estratégias baseadas no seu conhecimento lingüístico e

na sua vivência sociocultural, seu conhecimento do mundo.

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2 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO

Aproveitando as inúmeras possibilidades que despertam o gosto pela leitura,

é que foi elaborada esta sequência didática para ser desenvolvida com alunos de 1ª

série do Ensino Médio do Colégio Estadual Monteiro Lobato de Dois Vizinhos - PR.

Através da qual se pretende motivar e desenvolver o gosto pela leitura com uma

modalidade do gênero poético o subgênero poema e a poesia. Como dizem de

Manuel Bandeira, em sua obra, “A existência como um fio único, sem rupturas”.

Pelo lúdico, pelo humor, pelo que existe de inusitado em sua construção, ele

nos surpreende. Ele nos faz experimentar que a poesia está em nós e sua função de

poeta é jogar luz sobre esse nosso lugar. Por ele o leitor se faz proprietário da

intuição poética que nos funda. A poesia nos faz mostrar um novo olhar sobre o

mundo, nos faz sensíveis e nos faz florescer sobre nossas próprias raízes.

O texto poético – poesia é um tipo de Literatura pouco explorada, muitas vezes

marginalizada, já que fica incansável à população. As poesias oferecem momentos

de grande emoção, descontração descoberta e prazer, desperta as expressões de

sentimentos e possibilita “viagens” em poucas linhas de escrita.

No cotidiano de sala de aula são muitas as situações que nos deixam frustrados,

sem sabermos qual caminho tomar diante do desinteresse de nossos alunos em

interagir com os textos propostos para trabalhar nas aulas. Parece que metodologias

que já deram certo hoje, não servem, não motivam e parecem não dar conta da

situação e com isso, muitas vezes a leitura é deixada em segundo plano. Não há

interesse por parte dos alunos em fazer uma leitura reflexiva, prazerosa, e os textos

então são vistos de forma mecânica, como uma mera formalidade para responder

atividades, sem um real envolvimento com a aprendizagem da língua e

aprendizagem literária.

A poesia reclama seu espaço e sua vez nesse planeta conturbado. Várias são as iniciativas de professores que recuperam o prazer da leitura poética, a degustação de palavras combinadas, a viagem na fantasia das imagens, o fôlego da mesmice. Relatos publicados em sites e revistas de educação e os programas de cursos para professores provam que é possível romper o preconceito de que é difícil trabalhar com poesia. Subsídios para trabalhar com poesia em sala de aula (Miriam Mermelstein)

A poesia é um gênero que desperta a sensibilidade para a manifestação do

poético no mundo, nas artes e nas palavras. O convívio com a poesia favorece o

prazer da leitura do texto poético e sensibiliza para a produção dos próprios poemas.

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O exercício poético desenvolve uma percepção mais rica da realidade, aumenta a

familiaridade com a linguagem mais elaborada da literatura e enriquece a

sensibilidade.

O poeta José Paulo Paes diz em seu livro – É isso ali (1981) – que a poesia

não é mais do que uma brincadeira com as palavras. Nessa brincadeira, cada

palavra pode e deve significar mais de uma coisa ao mesmo tempo: isso aí é

também isso ali. Toda poesia tem que ter uma surpresa. Se não tiver, não é poesia:

é papo furado. (Fonte: http://homolog.novaescola.abril.com.br/lingua-

portuguesa/pratica-pe...)

3. POESIA E POEMA

3.1 PESQUISA SOBRE O GÊNERO

“A poesis é uma função lúdica. Ela está para além da seriedade, naquele plano mais primitivo e originário a que pertencem a criança, o animal, o selvagem e o visionário, na região do sonho, do encantamento, do êxtase, do riso” (Johan Huizinga).

Poesia virou mito em nossas salas de aula. De modo geral, observamos

resistências na escola em ler, interpretar, criar e recriar poemas. Poesia nos remete

ao passado, coisa de nossos avôs que declamavam para visitas ou recitavam versos

nas aulas de língua portuguesa.

“Poesis”, palavra grega, significa “produzir, fazer”, criar uma realidade

diferente da histórica e da factual. A poesia na antiguidade era ritual, entretenimento,

enigma, profecia, filosofia, competição. O poeta era concebido como um sábio e a

função do poema era social, educar e guiar uma prática. Na Índia e Grécia antigas e

no Império Romano, vários documentos, hinos, contratos e provérbios eram escritos

em versos, em parte pela facilidade de memorização.

A experiência lingüística começa com o nascimento da criança, quando os

primeiros sons e acordes são ouvidos. O som, primeiramente, extrapola o significado

nas parlendas, canções de ninar, poemas. Em seu cotidiano, a criança vive a poesia

através das brincadeiras, da invenção de rimas, dos trava-línguas, músicas, etc. É

na atividade criativa com a língua que a criança constroi formas originais de ver o

mundo. As palavras na poesia têm muitos sentidos que variam de acordo com a

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época, lugar, posição dela no poema, etc (ex: para Camões a palavra “gentil” é

nobre , altiva, hoje ela tem outro significado).

A poesia tem alto poder de síntese, fala nas entrelinhas. A poesia em Língua

Portuguesa começa no fim do século XII, de cunho confessional, lírica chamada

cantiga de amigo, de amor e de escárnio (as poesias eram cantadas).Os poetas

usavam muito o recurso do exagero, da fatalidade (hipérbole) para responder a

questão existencial: ”Quem sou eu?”.

3.2 RECONHECIMENTO DO GÊNERO TEXTUAL “POEMA” E “POESIA

Conversa com o (a) professor (a) Professor (a): Para iniciar esse trabalho, é importante que tanto você, quanto seus alunos saibam definir com segurança o que é Poema e o que é Poesia. Para facilitar o trabalho sugerimos os conceitos: O poema é a arte de escrever em verso. Trata-se de uma estrutura textual formada por versos, estrofes e rimas (quando há), geralmente de pequena extensão. A poesia é o próprio entusiasmo do seu criador (autor/poeta) que, inspirado pelos seus sentimentos, revela, no texto poema, o belo, a fantasia, o sonho. Portanto, a poesia é o que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas. Transmite encanto, graça e atração. Ela está sempre presente no poeta e pode estar presente no leitor. Simplificando: o poema é o texto concreto e a poesia é a essência que esse texto exala (coisa que nem todo leitor sente). O poema é o mais antigo texto que já existiu na história da humanidade, pois os textos escritos em forma de verso, com rimas e repetições, eram fáceis de serem memorizados. Portanto, mesmo os fatos históricos, na antiguidade, eram chamados de poemas épicos e eram declamados em praça pública. A poesia é a forma de expressão literária que surgiu simultaneamente com a Música, a dança e o Teatro, em época que remonta a Antiguidade histórica. Na própria fala fruto da necessidade de comunicação entre elementos de uma comunidade primitiva – estão as raízes poéticas. O primeiro valor artístico destacável das narrativas primitivas foi o ritmo, a música da palavra já cantada ou simplesmente articulada. E até nas revoluções mais radicais das formas poéticas, o ritmo continua a ser o elemento-chave da expressão. (AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. SEQUÊNCIA DIDÁTICA: uma proposta para o ensino da língua portuguesa nas séries iniciais. Cascavel, 2007).

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3.3. LEITURA DE POESIAS

Continuando o encaminhamento para as atividades, você professor(a) poderá

apresentar outros modelos de Poesias, e de preferência com temas que contemplem

mais os fatos do cotidiano.

Naturalmente, professor (a) que para que o poema se transforme em Poesia é

necessário que seja feita uma pré leitura tanto pelo professor(a) ou pelos alunos não

de uma forma mecânica. É interessante que sejam lidos com entonação e ritmo,

com emoção, para que os alunos percebam a beleza presente na seleção e

organização das palavras. Pode também, levá-los a reflexões explorando a temática

de cada um e analisando também o contexto de produção (quem produziu, para

quem foi produzido...).

Para o primeiro contato e apresentação das poesias é interessante criar um

clima de poesia, organizando a sala de forma diferente do cotidiano ( mesas, filas)

podem ser colocadas as mesas em círculo, ou ainda em grupos . Poderá também

expor poesias penduradas em varais ou presas na parede e ainda no momento de

recitá-las colocar um fundo musical, pois o ambiente favorável despertará mais a

sensibilidade dos alunos com o gênero poesia.

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Sugestões de poesias: Apresentar modelos de poesias com distribuição de cópias (podem ser poesias apresentadas na sequência, mas podem também ser escolhidas outras)

Texto 1

Meio dia Por Olavo Bilac

Meio-dia. Sol a pino. Corre de manso o regato. Na igreja repica o sino;

Cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra; Há recreio nas escolas:

Tira-se, numa algazarra, A merenda das sacolas.

O lavrador pousa a enxada

No chão, descansa um momento, E enxuga a fronte suada,

Contemplando o firmamento.

Nas casas ferve a panela Sobre o fogão, nas cozinhas;

A mulher chega à janela, Atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,

E brilha, em toda a pureza, Nos campos cor de esmeralda,

E no céu cor de turquesa...

E a voz do sino, ecoando Longe, de atalho em atalho, Vai pelos campos, cantando A Vida, a Luz, o Trabalho.

Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-olavo-bilac/meio-dia.php>, acesso 15.05.2010

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Texto 2

"...É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer.

Sobretudo tenho medo de dizer por que no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto

como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo

... Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,

Depende de quando e como você me vê passar. Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre.

Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou.

Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira.

Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"

(Clarice Lispector)

Fonte: <http://brasilpoesias.ning.com/group/RosaGandine>, acesso 15.05.2010.

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Texto 3

As Mãos do Meu Pai

As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já cor de terra — como são belas as tuas mãos — pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram na nobre cólera dos justos... Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida. E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta, uma luz parece vir de dentro delas... Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento? Ah, Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos. E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas... essa chama de vida — que transcende a própria vida... e que os Anjos, um dia, chamarão de alma... Mario Quintana Fonte: <http://palavrasquesederretemnaboca.blogspot.com/2010/03/parabens-pai.html>, acesso 15.05.2010.

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Texto 4

A COBRA VAI FUMAR!?

A cobra já fuma e traga/

acende o cachimbo e apaga/

mas fumar ela não queria.

Pó, pedra, erva com nicotina/

erva grossa, erva fina/

e a cobra não sabia.

O cachimbo passa e repassa/

erva, fumo, fogo e fumaça/

a cobra vai se queimar.

A cobra não se domina/

tem alguém que determina/

a cobra tem que fumar.

O fumo que havia de sobra/

já custa o olho da cobra/

o fogo prossegue aceso.

A cobra está sem veneno/

o bicho ficou pequeno/

enrolado e de rabo preso.

Tem cobra que morde e pica/

e a camuflada que só fica/

cumprindo as ordens de toca.

Tem cobra que o gavião pega/

algumas são cobras cegas/

e outras viram minhocas.

Têm poucas cobras criadas/

a maioria não dura nada/

tem cobra comendo cobra.

Na luta do mal e o mau/

quem mata a cobra esconde o pau/

e ainda tem pau de sobra!

De onde vem tanto cacete/

quem é o dono do porrete/

quem vai parar na geladeira?

A cobra não tem orgulho/

e em troca do bagulho/

entrega uma cobra inteira.

A cobra vive de enganos/

todas cometem danos/

mas ninguém sabe reparar.

A cobra está com seqüelas/

às outras têm mais mazelas/

e agora como curar?

A cobra está sofrendo/

são tantas caudas doendo/

quem é que vai sobreviver?

Do prazer ao sacrifício/

é este o preço do vício/

e isso sabe doer!

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A cobra fumou porque quis/

talvez fosse feliz/

se não tivesse fumado.

Perto do fim da picada/

a cobra foi dominada/

o jogo tinha outro lado.

A vida tem armadilhas/

e quem não conhece as trilhas/

perde-se sobre as manobras.

Num jogo sem vencedor

/ o ganhador é perdedor/

e o time é todo de cobras.

Adelar Massaroli

Texto 5

A MALA

Fui e voltei à estação, Andei de trem e busão Mas não consegui encontrar. Não sei o que aconteceu? Se alguém pegou ou se perdeu,, A mala que eu fui buscar? Se chamo, não corresponde. Amá-la até quando e onde? É dela que o povo fala! Depois que a mala sumiu, Alguém me falou que viu, Ta tão difícil a mala! E agora, amá-la ou odiá-la? Se o desconforto da mala Faz a gente refeltir. Eu sei que não sou culpado, Mas deve ter algo errado! Ter mala pra não servir! Talvez, ainda seja útil,

Mas pode que algum inútil, Faça algo indevido! A mala,do jeito que é, Se mais um atrevido quiser, É mais um caso perdido! Ser ou não ser, como identificá-la? Mas quem já não teve uma mala? Que desse dor de cabeça! Do tipo me pegue, me pule, Espero que me carregue, Pra onde tudo aconteça! E depois... depois é depois, As coisas de dois a dois, Só eles sabem falar. Talvez pra alguém, também fomos mala, Quem sabe um pouquinho de mala, Existe em todo o lugar! Adelar Massaroli

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Texto 6

DE 2 PAIS, SÓ TEVE MEIO!?

I Pai padrasto, ninguém, Papel que às vezes não têm, Quem sabe como assumir? Na busca do bem estar, O dever tem que falhar, Virou moda transferir! Um foge o outro se nega, Que rumo o sujeito pega? Em quem buscar referência? Com o bem e o mal tão junto e perto Fazer errado ou fazer certo Tem a mesma conseqüência! II Têm inocentes e têm culpados, Se existem abandonados, Alguém os abandonou! Nesta falta de apoio, Tem trigo virando joio, Quem plantou não cultivou! Ninguém pede para nascer, A quem compete o dever, De dar o que for preciso? Quando falta a educação, Como ser cidadão? De quem é o prejuízo? III Criança é fruto do meio, E só vai saber para que veio? Quando for bem orientada. Quem segue o rumo do vento, Pode chegar ao momento, De ser um ninguém sem nada!

Todos nascem iguais, Mas vão ficando desiguais, Conforme o tempo passar. Prá ser ruim ou pra ser bom Depende da formação E do jeito de criar. IV O caminho certo é estreito, Quem começar de qualquer jeito Pode dar em becos em saída. O desconforto gera o aperto Existem erros sem conserto E experiências mal vividas. Todos têm sua trajetória, A caixa preta da memória, Revela ações escondidas. Não há história sem sujeito, Cada dever vale um direito, É pra servir que vale a vida. V Existe pai de todo o jeito, Pai que assume pai perfeito, Pai solteiro, e o rotulado! Há também o pai que some! Só é pai porque é homem! E tem também o camuflado! Têm pai bagre, pai vassoura, Pai que ajuda pai tesoura, E o Pai que cria os filhos dos outros, Têm pai jacu, têm pai gavião, Pai coruja, pai avião, Pai garanhão, e pai dos potros! ADELAR MASSAROLI

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Texto 7

O grande pequeno amigo!

o I I Não é discriminação, Mas entre o gato e o cão, Tem atitudes diferentes. Os dois são domesticados, Só que o gato é tão folgado, Que vive explorando a gente. O gato só pensa nele, Lá na casa tudo é dele, Ele sabe cativar. Este grande pequeno amigo, Quando a casa está em perigo, É o primeiro a se mandar. II Desconfiado depois volta, Confere janela e porta, E as condições do ambiente. Ele voltou para ficar, Mas se tiver que lutar, Ele foge novamente. Habilidoso e preguiçoso, Se não for bom ou gostoso, Ele logo salta fora. Tem visão e tem talento, É o cara do momento, Mas não defende onde mora.

III O cão cuida, enfrenta e apela, Atua como sentinela, Percebe tudo o que se passa. Mesmo do lado de fora, Defende a casa que não mora, Protege o dono de graça. Concentrado não vacila, Tem noites que nem Arrisca-se com bravura. Faça chuva ou faça frio, Sempre encara o dono Sem temer a vida dura.

IV Amigo de toda hora, Emociona-se pula e chora, Não escolhe ocasião. Perdoa quando agredido, O amigo tem mais sentido, Do que brigar pela razão. Valoriza o seu abrigo, Não confunde o bom amigo, Não nega a recepção. É o bom vigia que se desdobra, Ousado e tem de sobra, Coragem e motivação.

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V Um serve, outro é servido, Não precisa ser tão sabido, Pra cada um se comparar. Tipo gato tipo cão, A diferença está na ação, Que cada um for praticar. Quanto melhor se trata o gato,

Muito mais se cria o rato, Sem fome pra que caçar? Quem não for bom de serviço, E não assume o compromisso, Só veio pra atrapalhar!

Adelar Massaroli

Texto 8 O PRAZER DE SONHAR

Quem tem o prazer de sonhar não vive desmotivado. Junta força e boa vontade pra dar conta do recado. Persegue seu ideal corre atrás do resultado. Encara seus desafios não se dá por derrotado. Não pensa só no direito analisa o outro lado. Assume seus próprios erros sem achar outro culpado. O amanhã será melhor pra quem tiver mais preparado. O mundo não é dos lerdos fica fora o desligado. Quem dormir para sonhar acordará ultrapassado. Comandado por aquele que fez seu sonho acordado. O preguiçoso não tem sonho por isso vive frustrado. Culpa Deus e todo mundo por ter seu sonho abortado. Sonhar e não conseguir não é batalha perdida. Até no fim da picada tem gente achando saída. De vitórias e derrotas a história é construída. Toda ação tem reação

e a resposta na medida. O saber, o ter e o poder exigem a contra partida. O que fazer pra chegar lá é o grande segredo da vida. Cada um é cada um na busca do que mais quis. Livre e independente Dono do seu nariz. Ter sucesso ou ter fracasso ser feliz ou infeliz. Depende muito do empenho o tempo é um bom juiz. A competência acompanha quem faz aquilo que diz. Quem pensar somente em si assume seu egoísmo. Sozinho ninguém vai longe melhor é o coletivismo. Se somos uma nação Cadê o patriotismo? Quem age com consciência não vive de oportunismo. O sábio soma as potências para aumentar o dinamismo. O país tem que dar certo esta faltando otimismo. Adelar A.P. Massaroli Colégio Estadual Monteiro Lobato Ensino Fundamental e Médio Dois Vizinhos – PR Fone: 3536 1661

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4. ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES – COMO PROPOSIÇÃO: SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Professor (a) Antes de iniciar as atividades sobre poesias sugerimos que seja feito pela parte do professor (a) uma leitura sobre a teoria conhecida como Estética da Recepção que está contemplada nas Diretrizes Curriculares elaborada por Jauss (1994) com a preocupação de retomarmos no aluno o gosto pela leitura , o prazer em ler e considerando que os alunos estarão envolvidos nas atividades com poesias há por parte Deles expectativas com o que será trabalhado e segundo Jauss , todo leitor tem expectativas diante de um texto que irá ler, isso é o que a Estética da Recepção chama de horizontes de Expectativas. Esses horizontes, diante do texto, podem ser confirmados ou não. O método propõe que primeiro façamos o trabalho com textos que atenda a esses horizontes. e para que os educandos conheçam suas dificuldades e com o apoio do professor(a) ampliem seus horizontes de expectativas. 1. Determinação do horizonte de expectativas: fazer um diagnóstico sobre a temática preferida

pelos alunos em relação à leitura (através de observações, questionamentos escritos,

conversas com alunos e professores, visita à Biblioteca da escola).

2. Atendimento do horizonte de expectativas: após conhecer a temática preferida pelos alunos,

trabalhar com livros, filmes, textos com os temas sugeridos.

3. Ruptura do horizonte de expectativas: depois de realizada as leituras com a temática

sugerida pelos alunos, serão propostas novas leituras com o mesmo tema, mas com

exigências maiores,

ou seja, uma leitura mais “apurada”.

4. Questionamento do horizonte de expectativas: Serão realizadas discussões sobre as

leituras realizadas, solicitando comparações entre a segunda e terceira etapas, avaliando o

que foi alcançado e o que resta fazer.

5. Ampliação do horizonte de expectativas: Aqui serão propostas novas leituras que atendam

as expectativas ampliadas.

O objetivo desta Sequência Didática ou sequência de trabalhos é sensibilizar os alunos para a poesia, de modo que possam internalizá-las e, em suas tentativas poéticas expressar de forma natural sentimentos e emoções. As sequências didáticas ou sequências de atividades de ensino/ aprendizagem são: Uma Sequência Didática é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual (oral ou escrito) e tem a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de

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comunicação. O trabalho será realizado sobre gêneros que o aluno não domina ou o faz de maneira insuficiente, sobre aqueles que dificilmente acessíveis, espontaneamente, para a maioria dos alunos; e sobre gêneros públicos e não privados (DOLZ, NOVERRAZ,SCHEUWLY, 2004,p. 97). 4.1 ATIVIDADES PARA O ALUNO 1 - De acordo com os horizontes de expectativas, você professor (a) poderá iniciar esta sequência explorando as características discursivas do Gênero com os seguintes questionamentos: _ O que é poesia? O que é poema? _ Que tipo de pessoa (normalmente) escreve esse gênero? _ Quais poemas vocês conhecem? _ Já leram? Declamaram? Ouviram? _Vocês se lembram de alguma poesia que ouviram, leram ou recitaram? O que marcou em vocês nessa poesia? _ Já tiveram contato com algum autor de poesia? _ Vocês gostam de ler , escrever, recitar poesias? _ Que assuntos vocês acham que podem aparecer nas poesias? Por quê? _Quando ouvem, ou escrevem uma poesia prestam atenção na letra ou apenas no ritmo? _Vocês acham que a poesia deve ter, estrofe, rima, ritmo, verso? Comentem.

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4.2 DICAS PARA O (A) PROFESSOR (A) Portanto, não se propõe que os alunos estudem rimas, comparação, metáfora, personificação, paralelismo,ou outros recursos utilizados pelos poetas para dar maior expressividade ao poema. Contudo, os poemas que irão ler estão repletos desses recursos, consideramos interessante que o professor motive para uma breve pesquisa para que os alunos tenham elementos que os permitam entender que estes elementos fazem parte da estrutura da poesia. Nas atividades propostas para os (as) alunos (as) (produção de poesias) é necessário dar ênfase ao tema, a disposição das palavras, as conotações,a coerência e principalmente aos temas do cotidiano. Como escreve Drummond,

A escola enche o menino de matemática, de geografia, de linguagem, sem, via de regra, fazê-lo através da poesia da matemática, da geografia, da linguagem. A escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo.

E conclui:

O que eu pediria à escola, se não me faltassem luzes pedagógicas, era considerar a poesia como primeira visão direta das coisas, e depois como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico, lúdico, intuitivo e criativo, que se identifica basicamente com a sensibilidade poética.

Apresentamos a seleção de uma poesia e a partir dela encaminhamos algumas atividades para análise.

Professor (a) Para você professor (a) conhecer um pouco mais sobre a poesia. A sugestão de leitura desta informação ajudará no momento das atividades propostas que se fundamentam no projeto que tem como objetivo trabalhar a poesia não preocupados somente com sua estrutura mas, oportunizar que escrevam em versos livres, para deixar o aluno mais livre para escrever. Ao reforçar as fases do processo de composição escrita de uma poesia é importante mostrar aos alunos a estrutura do poema (entende-se que os alunos já sabem a diferença entre poesia e poema) destacando que as características do poema, são diferentes do texto em prosa. Que o poema é composto de: Verso: cada uma das linhas constitutivas de um poema; a unidade rítmica do poema. Estrofe: cada agrupamento de versos que constitui o poema Ritmo: refere-se à musicalidade que compõe o poema, pela repetição de fonemas. Rima: repetição de um som no final de dois ou mais versos.

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LENDO O OUTRO

No olhar de cada um,

Todos tentam em comum, A articular os sentidos.

Pra desvendar tudo do outro, Depois repassar aos outros, Os resultados conseguidos.

Na operação raio-X, Do garrão até o nariz, O cidadão é medido.

Cada um tem seus mistérios, Conforme for os critérios, Tem sabido e tem metido!

II

Consciente ou inconsciente, Acusado ou inocente, A platéia não perdoa. A imagem do sujeito,

Poderá ter um conceito, Que não serve para a pessoa. Conforme age, fala, e pensa, Vêm a glória ou a sentença,

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Tem quem respeita e quem magoa. O que é defeito ou qualidade,

O que é mentira, o que é verdade? Tem gente ruim, e gente boa!

III

Neste esquema de sondagem, Normalmente todos agem, Explorando o semelhante.

Até onde podem ir? Há quem se arrisca transgredir,

Nunca falta o ignorante! Na prova do quem é quem? Cada um mostra o que tem,

Seja pouco, nada, ou bastante. Pra andar acima de média, E vencer no jogo de rédeas, Do dominado e o dominante.

IV

Assim vão tocando os dias, Numa boa ou numa fria,

Tudo mundo quer espaço. Quando pinta uma paquera,

Um acerta, outro erra, Mas todos vão jogando o laço.

Tiro certo, tiro erra Tem laçador que sai laçado

Bem poucos são bons de braço Todos laçam sem certeza

Cada laçada é uma surpresa De sucesso ou de fracasso!

PROF. ADELAR MASSAROLI

Professor (a): é muito importante que o aluno reconheça em cada atividade o que é poema e o que é poesia, pois nas atividades propostas há momentos que faz referências ao poema e momentos que faz referências à poesia.

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5. ATIVIDADES PRÁTICAS 1 - Leia silenciosamente a poesia “Lendo o outro”. Ouça a poesia lida por um colega em voz alta e com entonação e proceda à análise proposta: a) Leia o poema várias vezes, tente dar bastante atenção em todos os versos, palavras, rimas. Para você o texto é apenas um poema ou é também uma poesia? Por quê? b) O que caracteriza o texto acima como poesia? c) Qual é o tema da poesia? d) Retire o maior número possível de palavras ligadas ao tema. e) Você conhece o autor da poesia? Se conhece, escreva o que sabe sobre Ele, se não conhece procure conhecê-lo. f) O autor utiliza o título “Lendo o Outro” e no 1º verso da 3ª estrofe Ele fala em sondagem. Ler o outro e fazer uma sondagem é a mesma coisa? Comente. g) Na operação raio-x / Do garrão até o nariz /O cidadão é medido. Qual a intenção do autor ao escrever esses versos? h) Os fatores sociais contribuem para que muitas pessoas sejam discriminadas. Em “A imagem do sujeito/Poderá ter um conceito”. Destaque situações que você considera positivas e situações que você considera negativas na imagem das pessoas. Por quê? I) Na sua opinião, é importante fazer uma Leitura das pessoas? Comente.

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As Mãos do Meu Pai

As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já cor de terra — como são belas as tuas mãos — pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram na nobre cólera dos justos... Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida. E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta, uma luz parece vir de dentro delas... Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento? Ah, Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos. E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas... essa chama de vida — que transcende a própria vida... e que os Anjos, um dia, chamarão de alma... Mario Quintana Fonte: http://palavrasquesederretemnaboca.blogspot.com/2010/03/parabens-pai.html Continuando as atividades com a Poesia “As mãos do meu Pai”

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5.1 LINGUAGEM FIGURADA OU CONOTATIVA A linguagem figurada ou conotativa é aquela em que as palavras são usadas fora do seu contexto real. É uma construção que depende da emotividade, da criatividade do autor. Por isso mesmo que dizemos que se trata de expressões subjetivas, pois dependem do grau de interpretação de quem escreve e de quem lê. Há a possibilidade de mais de uma interpretação, a qual está diretamente ligada ao contexto. Exemplos: -“veias como cordas azuis” ( verso 1) -“ acariciaram a cólera dos justos”( versos 4 e 5) -“ milagre das tuas mãos” ( verso 15) -“ braços da tua cadeira” (verso 9) Professor (a): Converse com seus alunos para este uso da linguagem feitos em textos literários. Peça aos alunos que expliquem oralmente os possíveis significados para essas expressões. 1- Da poesia que lemos, retire as frases conotativas, ou seja, aquelas construídas fora do sentido normal da palavra. 2- Você já parou para refletir sobre as mãos de teu pai? O que elas refletem para você? 3- Nos versos “Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida”. Você afirma também que a beleza das mãos de teu pai se chama simplesmente vida? Comente. 6 PRODUÇÃO DE POESIAS Professor (a) Depois de todas essas leituras e análises, chegou o momento da produção, o momento do aluno mostrar o poeta que há dentro dele. Lembrá-los que as poesias produzidas já tem destinatários ( os alunos que utilizam os ônibus para irem e voltarem da escola) e que os temas das poesias ficarão a critério/ escolha de cada autor. De preferência que sejam poesias do cotidiano (vivência) e com mensagens positivas para transformar o caminho de casa para a escola e da escola para casa mais tranqüilo, mais objetivo e colocando idéias palavras que motivem nossos alunos. Quanto mais motivadoras, quanto mais poesias forem colocadas nas palavras mais os alunos sentirão e sentir-se-ão atraídos para lê-las e com isso estarão desenvolvendo a leitura ( um dos objetivos

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do projeto) encarando o cotidiano , desenvolvendo a sensibilidade e ampliando o vocabulário.

Discutir com os alunos o processo de escrita de uma poesia (as retomadas, as dificuldades, os apagamentos, as correções, a escolha das palavras)

Para facilitar a produção propicie a seguinte reflexão. Pensem agora na poesia que iremos produzir e respondam: - Para quem será dirigida? ( lembrá-los que no ônibus estão alunos de 5ª

séries ao ensino médio) -Qual será o tema? ( A diversidade de temas é interessante) -Com que objetivo esta poesia será escrita? -Quando e onde ela circulará? - Que título poderá ter? - Quais os cuidados que devo ter ao escrever a poesia?

7 CIRCULAÇÃO DAS POESIAS

Depois de produzidas, revisadas, as poesias serão digitadas ou manuscritas

em papel com tamanho que possa a letra ficar visível para o aluno ( calculando mais ou menos a distância do acento e corredor do ônibus até a janela( pois as poesias escritas nestes papéis serão afixadas nas janelas dos ônibus).

Professor (a) e assim, lendo a poesia produzida pelos colegas durante o trajeto escolar é que vamos cultivar os sentimentos do belo, do bom, do puro , da emoção. Essa prática contribuirá para desenvolver a sensibilidade, os sentimentos bons e necessários para enfrentar o mundo tão violento em que vivemos e consequentemente contribuirá para o gosto da leitura.

Lembrete: Professor (a) lembre-os que a primeira produção é só um rascunho, após a produção do rascunho recolha-os e guarde-os para o dia seguinte ou aula seguinte. Na aula seguinte devolva-os para que eles façam uma releeitura da poesia produzida, fazendo os ajustes necessários.

Assim que forem feitos os ajustes necessários pelos alunos, corrija, agora, você professor (a) se possível junto com o (a) aluno (a). É importante que sejam apontadas as falhas e em seguida solicite que os alunos façam as devidas correções. Lembre-os que as poesias circularão nos ônibus, portanto serão expostas e que, nestes casos, devemos evitar qualquer tipo de incorreção.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. SEQUÊNCIA DIDÁTICA: uma proposta para o ensino da língua portuguesa nas séries iniciais. Cascavel, 2007 LAJOLO, M. Usos e abusos da literatura na escola: Bilac e a literatura escolar na República Velha. Rio de Janeiro: Globo, 1982. LYRA, Pedro. Conceito de Poesia. São Paulo: Ática, 1986.

Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fronteira, 1993. RANGEL, Mary.Dinâmica da leitura para a sala de aula, Rio de Janeiro. Vozes, 1990. VARGAS,Suzana ,Leitura: uma aprendizagem de prazer. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005. BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo: Ática, 1991. ZIBERMAN, R. e Silva, E. T. (Orgs.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 1988. BRASIL. Ministério da Educação.PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: SAEB: ensino médio: matrizes de referencia, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SEB; INEP, 2008. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica, 2006. KLEIMAN, Â. Texto e Leitor : aspectos cognitivos da leitura. 7.ed. Campinas: Pontes, 2000. INTERNET

http://palavrasquesederretemnaboca.blogspot.com/2010/03/parabens-pai.html, acesso 15.05.2010. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-olavo-bilac/meio-dia.php, acesso 15.05.2010

http://brasilpoesias.ning.com/group/RosaGandine, acesso 15.05.2010.