da escola pÚblica paranaense 2009 - … · de acordo com bakhtin (1997), em cada época de seu...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
4
Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscims2.php
“Acabamos de apresentar, cenas de uma vida “privada”
5
“Esse trabalho pretende mostrar que a linguagem cumpre objetivos
com determinadas intenções, e é através dela que o sujeito cresce
socialmente, sabendo utilizá-la no momento e local corretos”.
Carmen Salete Garbin Ostrowski.
6
PDE
Programa de Desenvolvimento Educacional
A PRODUÇÃO DE GÊNEROS TEXTUAIS
NA FORMAÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO
Material Didático de Intervenção Pedagógica, produzido por Carmen Salete Garbin Ostrowski, a fim de ser apresentado à Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM) e à Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED), para o programa de formação continuada intitulado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), sob a orientação da Profª Ms. Elaine de Moraes Santos.
2009/2010
Campo Mourão- PR
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
A LÍNGUA PORTUGUESA NA SALA DE AULA: PANORAMA GERAL .................. 9
O SUJEITO HISTÓRICO: FORMAÇÃO ............................................................... 12
O GÊNERO TEXTUAL .......................................................................................... 12
O CONTATO QUE MUDA .................................................................................... 16
AS OFICINAS NO TRABALHO COM LÍNGUA PORTUGUESA .......................... 18
OFICINA I.............................................................................................................. 18
IMPORTANTE SABER: GÊNERO TEXTUAL X TIPO TEXTUAL ........................ 19
OFICINA II ............................................................................................................. 24
PARA AJUDAR .................................................................................................... 24
POEMAS HUMORÍSTICOS E IRÔNICOS DE CRUZ E SOUSA .......................... 24
A IMPORTÂNCIA DAS LEITURAS NA FORMAÇÃO DO SUJEITO
HISTÓRICO .................................................................................................... 26
OFICINA III ............................................................................................................ 27
PARA AJUDAR .................................................................................................... 28
A FLORESTA AMAZÔNICA E A QUESTÃO AMBIENTAL ................................... 28
A DÉCADA DA AGENDA 21 ................................................................................. 32
UM NORTE ........................................................................................................... 38
GÊNEROS TEXTUAIS MAIS PRESENTES NA FORMAÇÃO DO SUJEITO
HISTÓRICO .................................................................................................... 39
GÊNERO ARGUMENTATIVO .............................................................................. 39
OFICINA IV ........................................................................................................... 40
GÊNERO ARGUMENTATIVO: PRODUÇÃO ....................................................... 41
OFICINA V ............................................................................................................ 47
OFICINA VI ........................................................................................................... 47
OFICINA VII .......................................................................................................... 48
OFICINA VIII ......................................................................................................... 48
PARA AJUDAR .................................................................................................... 50
QUEM IRIA VOTAR? CONHECENDO AS CONSEQÜÊNCIAS DO VOTO
OBRIGATÓRIO NO BRASIL ......................................................................... 50
O GÊNERO PUBLICITÁRIO ................................................................................. 56
8
OFICINA IX ........................................................................................................... 63
OFICINA X ............................................................................................................ 64
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 65
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 67
INTRODUÇÃO
A LÍNGUA PORTUGUESA NA SALA DE AULA: PANORAMA
GERAL
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua
Portuguesa do Estado do Paraná (DCEs, 2008), o ensino de Língua Portuguesa
se caracteriza por apresentar uma proposta que deverá levar o aluno a dominar
as competências necessárias para ler, escrever, falar, interagir e interpretar as
múltiplas linguagens que permeiam os diferentes contextos na sociedade.
Nesse processo, o estudante desenvolverá o uso da língua escrita em
situações discursivas realizadas por meio de práticas sociais e textuais
considerando-se: os interlocutores, seus objetivos, o assunto tratado, os gêneros,
os suportes textuais, o contexto de produção, o contexto de leitura. Para tanto,
refletirá sobre os textos produzidos, lidos ou ouvidos, atualizando o gênero, o tipo
de texto e a gramática utilizada; para internalizar as diferenças entre oralidade e
escrita.
Pensa-se que o ensino de Língua Portuguesa, hoje, deva abordar a
leitura, a produção de texto e as competências linguísticas sob uma mesma
perspectiva de língua – a perspectiva da língua como instrumento de
comunicação, de ação e de interação social. Nesse sentido, alteram-se o
enfoque, a metodologia e as estratégias do ensino de Língua Portuguesa, que se
volta essencialmente para um trabalho integrado de leitura, produção de textos e
reflexão sobre a língua, desenvolvido sob uma perspectiva textual e enunciativa.
Ver a linguagem numa perspectiva material significa pensá-la no mundo,
e não como espelho do mundo ou como sua representação. Portanto, falar é agir
no mundo, introduzindo informações de natureza incorporal.
Acredita-se que o desafio que se coloca diante da escola, na
contemporaneidade, é proporcionar meios para que os alunos mantenham uma
relação significativa com a leitura e a escrita, sendo capazes de buscarem no
texto os sentidos pessoais que ele é capaz de produzir.
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Por isso, pelas DCEs (PR 2008), o objeto de estudo da disciplina é a
Língua e o Conteúdo Estruturante, portanto, é o discurso como prática social. E,
para Bakhtin (1992), o discurso não é individual, não é um fim em si mesmo, mas
tem sua gênese sempre numa atitude responsiva a outros textos. Para tanto, o
trabalho em sala de aula com os estudantes significará estabelecer parcerias, dar-
lhes voz, escutar o que têm a dizer, em experiências de uso concreto da língua,
fazendo desse espaço um ambiente de interação e aprendizado onde se
contemplará o ensino de todas as práticas discursivas: oralidade, leitura e escrita.
Esse trabalho, “A produção de gêneros textuais na formação do sujeito
histórico”, pretende um “leitor de mundo” capaz de desvendar posicionamentos
ideológicos que se fazem presentes no meio social e cultural que o cerca,
envolvendo, para tanto, a memória, pelo ato de pensar; a intersubjetividade que
são as vozes presentes no texto; a interpretação, que é o encontro da memória
com a intersubjetividade, a fruição onde o ato de ler permanece nas sensações; e
a intertextualidade o qual justifica que o ato de ler envolve resposta a muitos
textos (YUNES, 1995).
Na escrita, as Diretrizes levam em conta a relação entre o uso e o
aprendizado da língua, sob o pensamento de que o texto é um elo de interação
social e sua produção deve ter a intenção de provocar uma ação no mundo,
permitindo que o sujeito se posicione, tendo voz em seu texto. No que diz respeito
à prática em sala de aula, é preciso, primeiramente, planejar um texto significativo
(aqui definir quem será o destinatário e qual é a intenção, bem como onde
circulará: mural, coletânea, jornal...,), e escrever a primeira versão. Depois disso,
revisar, reestruturar e reescrevê-lo adequando-o às exigências de sua produção.
É preciso, nas atividades propostas, relacionar o gênero textual com as atividades
sociais em que se constituem, sendo que cada gênero tem suas peculiaridades e
na abordagem de cada um é preciso ver o tema a forma composicional e o estilo
(DCEs, 2008, p. 64).
Nesse ínterim, a função do professor de Língua portuguesa e Literatura é
ajudar seus alunos a ampliarem seu domínio de suas linguagens verbais e não-
verbais pelo contato direto de variados gêneros, orais ou escritos, contribuindo
para a produção de conhecimento.
Assim, como postulam Stutz, Cristovão e Biasi (2009), faz-se necessário
que a proposta de ensino voltada ao estudo de gêneros textuais contribua para a
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construção/formação de um leitor crítico e autônomo, cuja relação com o texto e
com o contexto tenha implicações significativas na mediação da atividade de
linguagem.
O SUJEITO HISTÓRICO: FORMAÇÃO
O GÊNERO TEXTUAL
Em todas as instâncias da atividade humana (BAKHTIN, 1997, p. 279) há
relação com o uso da língua, que se utiliza de enunciados, tanto orais como
escritos, em diferentes esferas de circulação, as quais produzem tipos
relativamente estáveis de enunciados, que são chamados de Gêneros do
Discurso. Para definir o gênero, o autor diz que: “Qualquer enunciado considerado
isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora
tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos
gêneros do discurso” (BAKHTIN, 2000, p. 279).
Como há uma infinidade de gêneros que circulam cotidianamente no
universo dos falantes, o que se pretende é formar um sujeito que consiga utilizá-
los de acordo com que a situação o exija, a fim de que não aconteçam situações
como esta, onde o locutor emite a mensagem, a qual não é entendida pelo
interlocutor por não conhecer os termos utilizados:
Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscims2.php
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Os gêneros, para Gomes (2009), e a partir de reflexões sobre o
pensamento de Bakhtin, estão vinculados à situação social de interação e
constituídos de duas partes: a dimensão linguístico-textual e a dimensão social.
Assim, cada gênero está vinculado a uma situação social de interação típica,
dentro de uma esfera social, tendo sua finalidade discursiva, sua própria
concepção de autor e destinatário.
O quadro abaixo, que consta nas Diretrizes Curriculares do ensino de
Língua Portuguesa, para o Estado do Paraná (DCES, 2008), demonstra um
parâmetro dos gêneros nas suas respectivas esferas de circulação:
QUADRO DE GÊNEROS CONFORME AS ESFERAS DE CIRCULAÇÃO
ESFERAS SOCIAIS DE CIRCULAÇÃO/ GÊNEROS DISCURSIVOS
COTIDIANA LITERÁRIA / ARTÍSTICA
Adivinhas Autobiografia
Álbum de Família Biografias
Anedotas Contos
Bilhetes Contos de Fadas
Cantigas de Roda Contos de Fadas Contemporâneos
Carta Pessoal Crônicas de Ficção
Cartão Escultura
Cartão Postal Fábulas
Causos Fábulas Contemporâneas
Comunicado Haicai
Convites Histórias em Quadrinhos
Curriculum Vitae Lendas
Diário Literatura de Cordel
Exposição Oral Memórias
Fotos Letras de Músicas
Músicas Narrativas de Aventura
Parlendas Narrativas de Enigma
Piadas Narrativas de Ficção Científica
Provérbios Narrativas de Humor
Quadrinhas Narrativas de Terror
Receitas Narrativas Fantásticas
Relatos de Experiências Vividas Narrativas Míticas
Trava-Línguas Paródias
Pinturas
Poemas
Romances
Tankas
Textos Dramáticos
IMPRENSA ESCOLAR
Agenda Cultural Ata
Anúncio de Emprego Cartazes
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ESFERAS SOCIAIS DE CIRCULAÇÃO/ GÊNEROS DISCURSIVOS
Artigo de Opinião Debate Regrado
Caricatura Diálogo/Discussão Argumentativa
Carta ao Leitor Exposição Oral
Carta do Leitor Júri Simulado
Cartum Mapas
Charge Palestra
Classificados Pesquisas
Crônica Jornalística Relato Histórico
Editorial Relatório
Entrevista (oral e escrita) Relatos de Experiências Científicas
Fotos Resenha
Horóscopo Resumo
Infográfico Seminário
Manchete Texto Argumentativo
Mapas Texto de Opinião
Mesa Redonda Verbetes de Enciclopédia
Notícia
Reportagens POLÍTICA
Resenha Crítica Abaixo-Assinado
Sinopses de Filmes Assembléia
Tiras Carta de Emprego
Carta de Reclamação
PUBLICITÁRIA Carta de Solicitação
Anúncio Debate
Caricatura Debate Regrado
Cartazes Discurso Político “de Palanque”
Comercial para TV Fórum
E-mail Manifesto
Folder Mesa Redonda
Fotos Panfleto
Slogan
Músicas PRODUÇÃO E CONSUMO
Paródia Bulas
Placas Manual Técnico
Publicidade Comercial Placas
Publicidade Institucional Regras de Jogo
Publicidade Oficial Rótulos/Embalagens
Texto Político
MIDIÁTICA
JURÍDICA Blog
Boletim de Ocorrência Chat
Constituição Brasileira Desenho Animado
Contrato E-mail
Declaração de Direitos Entrevista
Depoimentos Filmes
Discurso de Acusação Fotoblog
Discurso de Defesa Home Page
Estatutos Reality Show
Leis Talk Show
Ofício Telejornal
Procuração Telenovelas
Regimentos Torpedos
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ESFERAS SOCIAIS DE CIRCULAÇÃO/ GÊNEROS DISCURSIVOS
Regulamentos Vídeo Clip
Requerimentos Vídeo Conferência Fonte: DCEs, 2008, adaptado de BARBOSA, Jaqueline Peixoto. Trabalhando com os gêneros do discurso: uma perspectiva enunciativa para o ensino da Língua Portuguesa
De acordo com Bakhtin (1997), em cada época de seu desenvolvimento,
a língua é marcada pelos gêneros do discurso e dependem de um conjunto de
participantes e suas vontades enunciativas ou intenções, refletindo a visão de
mundo do autor com uma forma transformadora dependendo do contexto de
produção dos falantes/ouvintes, os quais atribuem sentidos a determinado
discurso. No seu trabalho, esse pensador classifica-os em gêneros primários e
secundários (BAKHTIN, 1997, p.281). Um estudo deles é indispensável:
Gêneros primários: são simples, de comunicação discursiva imediata
por causa da informalidade e espontaneidade.
Gêneros secundários: são complexos, aparecendo em circunstâncias
de comunicação cultural: artística, científica, política religiosa,
jornalística. O gênero secundário se configura, na maioria das vezes,
pela escrita.
São, para o autor, os elementos do gênero do discurso:
a) Conteúdo temático: assunto, mensagem
b) Plano composicional – estrutura formal
c) Estilo – seleção e opção individuais.
Esses levam em consideração o locutor e o interlocutor no processo de
interação.
O CONTATO QUE MUDA
Para Fiorin (2006, p. 61) os enunciados devem ser vistos na sua função
no processo de interação, dizendo ainda que não se produz enunciados fora das
esferas de ação. Só se diz no agir e o agir motiva, pois falamos sempre por meio
de gêneros. Este autor também coloca que o conteúdo temático é um domínio de
sentido de que se ocupa o gênero; a construção composicional é o modo de
organizar o texto, de estruturá-lo; já o ato estilístico é uma seleção de meios
linguísticos em função do interlocutor para que compreenda o enunciado, sendo
que cada esfera de ação comporta um repertório significativo dos gêneros do
discurso, os quais devem levar em conta sua historicidade e capacidade de
mudança (gêneros aparecem, desaparecem ou ganham um novo sentido).
Assim, o gênero não é isolado numa esfera de ação, ele realiza
determinadas coordenadas, espaço-temporais, nas quais os parceiros da
comunicação mantêm relações. Mesmo que alguém domine bem uma língua,
sentirá dificuldade de participar de determinada esfera de comunicação se não
tiver controle do gênero que ela requer. Em certos momentos sentir-se-á...
Um verdadeiro “Jeca Tatu” por não se adequar à situação:
Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscims2.php
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Ou até, semi-analfabeto pela evidente falta de conhecimento do código
em que se insere:
Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscims2.php
É interessante deixar posto, de acordo com Maria Angélica Carvalho
(2009), que quanto maior for o contato com os textos da vida cotidiana, de
diferentes esferas, maior será a capacidade do aluno de refletir sobre os mesmos
em seus mecanismos linguísticos e extra-linguísticos, pois, continua ela, toda a
atividade de produção tem que caminhar de acordo com um objetivo, para que ela
se configure como tal e não seja uma mera redação escolar.
Numa leitura da DCEs (2008), percebe-se que o gênero é uma prática
social e deve-se pôr o aluno em contato com a diversidade desse presente na
sociedade, porque é, como postula Faraco (2003, p.80-81) “nessa atmosfera que
o sujeito vai se constituindo discursivamente”, daí a importância de se trabalhar
com gênero por serem experiências reais de uso da língua.
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AS OFICINAS NO TRABALHO COM
LÍNGUA PORTUGUESA
No desenvolvimento desse trabalho, serão propostas algumas oficinas de
leitura e produção. Em Rubini (2008, p. 80-81), há uma explicação sobre o
trabalho com oficinas, as quais “pretendem desenvolver habilidades de estudo e
técnicas de leitura e produção dos diferentes tipos de textos e diferentes
gêneros”. Nelas, acontecem o debate de idéias e o uso do vocabulário adequado
à escrita em questão, tornando o aluno crítico e competente, estimulando o
processo de autoria do próprio texto. A oficina, nesse sentido, deve ser produtiva
e prazerosa, estimulada pela experiência do professor, tendo sempre o
interlocutor vivo (a quem o texto é destinado) para melhor aproveitamento do
trabalho.
Pausa
OFICINA I
a) Por serem experiências reais de uso da Língua e, depois de apresentar
o que é Gênero e a tabela acima para os alunos, numa atividade coletiva, os
gêneros da tabela serão distribuídos na sala. Cada aluno deve pesquisar um ou
dois deles, tendo a incumbência de distribuí-los para todos os outros, formando
assim, uma Coletânea de Gêneros. Essa será divulgada na escola, com
exposição própria, bem como uma cópia deixada na biblioteca para conhecimento
de toda a comunidade escolar.
b) Em sala, cada um de posse da sua coletânea, os alunos irão verificar,
juntamente com a professora, nos mais utilizados no seu cotidiano, os elementos
do gênero do discurso, de acordo com Bakhtin: Conteúdo temático, Plano
composicional e Estilo, tentando perceber o destinatário, o nível de linguagem
(formal, informal, dialetal, culta), o tipo de situação em que o gênero está, a
relação entre os participantes (conhecidos, desconhecidos, o nível social e a
intencionalidade dos gêneros em questão).
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IMPORTANTE SABER: GÊNERO
TEXTUAL X TIPO TEXTUAL
Para um trabalho efetivo com a Língua, há que se tomar conhecimento de
fatores relevantes sobre o tipo textual e o gênero textual, de como isso se
processa. Luiz Antonio Marcuschi, (2005, p.20) diz que é revelador o fato de que
os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas
em que se desenvolvem e, como já falava Bakhtin (1997), há a transmutação do
gênero quando da assimilação de um gênero por outro, gerando novos.
Marchuschi (2005.p.21) ressalta, ainda, que esses gêneros que emergiram no
último século, no contexto das mais diversas mídias, criam formas comunicativas
próprias com um certo hibridismo que desafia as relações entre oralidade e
escrita e inviabiliza de forma definitiva a velha visão dicotômica, ainda presente
em muitos manuais de ensino de língua.
Esse autor ainda diferencia tipo textual de gênero textual, em
consonância com o pensamento de Bakhtin (1997) e também de Bronckart
(1999). Sua proposta é adotada pela maioria dos autores que tratam a língua em
seus aspectos discursivos e enunciativos, sendo essa distinção fundamental em
todo o trabalho de compreensão textual.
Então, para Marchuschi (2005,p. 20-36):
TIPO TEXTUAL: designa uma espécie de sequência, teoricamente
definida, pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais,
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Abrangem as categorias: narração
(tempo/espaço), argumentação (contrastivas explicativas), exposição(analítica),
descrição (localização), injunção( imperativo).
GÊNERO TEXTUAL: é uma noção propositalmente vaga para referir os
textos materializados, relativamente estáveis, que encontramos em nossa vida
diária e que apresentam características sócio-comunicativas, com domínio
discursivo específico definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
composição característica (exemplificados com a tabela das DCEs). Para a noção
de gênero, predominam os critérios de ação prática, circulação sócio-histórica,
funcionalidade, conteúdo temático, estilo e composicionalidade.
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DISCURSO: é aquilo que o texto produz ao se manifestar em alguma
instância discursiva. O discurso se realiza nos textos.
DOMÍNIO DISCURSIVO: designa uma esfera ou instância de produção
discursiva ou de atividade humana, em que os textos circulam, que não abrangem
um gênero em particular, mas dão origem a vários deles: cotidiana,
literária/artística, imprensa, jornalística, religiosa (mais exemplos nas esferas de
circulação da tabela das DCEs/ BARBOSA).
INTERTEXTUALIDADE TIPOLÓGICA: é a presença de outro gênero num
dado gênero. Um gênero assume a função de outro (como, por exemplo, quando
se usa o gênero poema para fazer um artigo de opinião).
Exemplo (3) NELFE - 350 - artigo de opinião
Um novo José Josias de Souza
-São Paulo- Diga: ora, Drummond, Agora
FMI.
Calma José. Se você gritasse,
A festa não começou, se você gemesse,
a luz não acendeu, se você dormisse,
a noite não esquentou, se você cansasse,
o Malan não amoleceu, se você morresse ...
mas se voltar a pergunta: O Malan nada faria,
e agora José? mas já há quem faça.
Diga: ora Drummond,
agora Camdessus. Ainda só, no escuro,
Continua sem mulher, qual bicho-do-mato,
continua sem discurso, ainda sem teogonia,
continua sem carinho, ainda sem parede nua,
ainda não pode beber, para se encostar,
ainda não pode fumar, ainda sem cavalo preto,
cuspir ainda não pode, Que fuja a galope,
a noite ainda é fria, você ainda marcha, José!
o dia ainda não veio, Se voltar a pergunta:
o riso ainda não veio, José, para onde?
não veio ainda a utopia, Diga: ora Drummond,
o Malan tem miopia, por que tanta dúvida?
mas nem tudo acabou, Elementar, elementar,
nem tudo fugiu, sigo pra Washington
nem tudo mofou. e, por favor, poeta,
Se voltar a pergunta: não me chame de José.
E agora José? Me chame Joseph. Fonte: Marcuschi, (2005 p. 20-36).
21
O texto acima apresenta um hibridismo de gêneros, pois é em forma de
poema um artigo de opinião, configurando um exemplo para a intertextualidade
tipológica.
HETEROGENEIDADE TIPOLÓGICA: um gênero realiza várias
sequências de tipos textuais como nessa carta pessoal explicativa, um texto é, em
geral, tipologicamente variado (heterogêneo):
Já que mencionamos o caso da carta pessoal, tomemos este breve
exemplo de uma carta entre amigos. Aqui foram suprimidos alguns trechos e
mudados os nomes e as siglas para não identificação dos atores sociais
envolvidos:
Exemplo (2): NELFE-003 - Carta pessoal
Seqüências tipológicas
Descritiva _____________________________
Injuntiva
_____________________________
Descritiva
_____________________________
Expositiva
_____________________________
Narrativa
_____________________________
Expositiva
___________________________
_ Gênero textual: carta pessoal Rio,
11/08/1991
____________________________ Amiga A.P. Oi!
_______________________________
Para ser mais preciso estou no meu quarto, escrevendo na escrivaninha, com um Micro System ligado na minha frente (bem alto, por sinal). _____________________________ Está ligado na Manchete FM - ou rádio dos funks - eu adoro funk, principalmente com passos marcados. Aqui no Rio é o ritmo do momento... e você, gosta? Gosto também de house e dance music, sou fascinado por discotecas! Sempre vou à K.I, _____________________________
ontem mesmo (sexta-feira) eu fui e cheguei quase quatro horas da madrugada.
________________________________
Dançar é muito bom, principalmente em uma discoteca legal. Aqui no condomínio onde moro têm muitos jovens, somos todos muito amigos e sempre vamos todos juntos. É muito maneiro! _________________________________
22
____________________________________
Narrativa ________________________________
Injuntiva ________________________________
Expositiva
________________________________
Injuntiva
________________________________
Expositiva
________________________________
Expositiva
____________________________________
________________________________ C. foi três vezes à K. 1., _____________________________ pergunte só a ele como é! _____________________________ Está tocando agora o "Melô da Mina Sensual", super demais! Aqui ouço também a Transamérica e RPC}M. ________________________________
E você, quais rádios curte?
_____________________________
Demorei um tem pão pra responder, espero sinceramente que você não esteja chateada co¬migo. Eu me amarrei de verdade em vocês aí, do Recife, principalmente a galera da ET, vocês são muito maneiros! Meu maior sonho é viajar, ficar um tempo por aí, conhecer legal vocês todos, sairmos juntos... Só que não sei ao certo se vou realmente no início de 1992. Mas pode ser que dê, quem sabe! /........../ Não sei ao certo se vou ou não, mas fique certa que farei de tudo para conhecer vocês o mais rápido possível. Posso te dizer uma coisa? Adoro muito vocês! _____________________________ Agora, a minha rotina: às segundas, quartas e sextas-feiras trabalho de 8:00 às 17:00h, em Botafogo. De lá vou para o T., minha aula vai de 18:30 às 10:40h. Chego aqui em casa quinze para meia-noite. E às terças e quintas fico 050 em F. só de 8:00 às 12:30h. Vou para o T.; às 13:30 começa o meu curso de Francês (vou me formar ano que vem) e vai até 18:30h. 16:00h vou dar aula e fico até 17:30h. 17:40h às 18:30h faço natação (no T. também) e até 22:40h tenho aula. 1 ./ Ontem eu e Simone fizemos três meses de namoro; _________________________________
23
_________________________________ Narrativa
_________________________________
Injuntiva
_____________________________
Injuntiva _____________________________
Expositiva _____________________________
Argumentativa
_____________________________
Injuntiva _____________________________
________________________________ você sabia que eu estava namorando? ____________________________ Ela mora aqui mesmo no «ilegível)) (nome do condomínio). A gente se gosta muito, às vezes eu acho que nunca vamos terminar, depois eu acho que o namoro não vai durar muito, entende? _____________________________ O problema é que ela é muito ciumenta, principalmente porque eu já fui afim da B., que mora aqui também. Nem posso falar com a garota que S. já fica com raiva. _____________________________ É acho que vou terminando... _____________________________
escreva! Faz um favor? Diga pra M., A. P. e C. que esperem, não demoro a escrever ________________________________
Adoro vocês! Um beijão! _____________________________
Do amigo
P. P.
15:16h
Fonte: Marcuschi, (2005 p. 20-36).
Todo esse conhecimento de reflexões sobre gênero deve permear o
objetivo principal de estudo dos mesmos em sala de aula, que discorre sobre a
mudança de identidades dos sujeitos dentro do contexto escolar, onde o aluno,
pela aprendizagem do diversos gêneros, pode projetar sua prática social, em
busca de identidade e autonomia.
24
Pausa
OFICINA II
a) Pesquisar poemas que dão o sentido de texto de opinião para verificar a
intertextualidade tipológica. Ler em sala e depois expor num mural da
escola.
b) Verificar e anotar, de alguns textos da coletânea, trechos da tipologia
textual presentes neles.
c) Logo teremos as eleições, escolha um poema para ser modelo e dê sua
opinião sobre o assunto: “a política, ou o político hoje”. O poema deverá
ser lido para a sala e exposto num mural, no pátio da escola.
d) Após leitura do texto de apoio de Zachary Elkins, opine sobre o voto
obrigatório: é favorável ou não? Por quê?
PARA AJUDAR
POEMAS HUMORÍSTICOS E IRÔNICOS DE CRUZ E
SOUSA
CRUZ E SOUSA
PARANAGUADAS
Que importa que tu fales
Que importa que tu files
Que importa que não cales,
Que importa que tu fales
Que importa que te rales,
Que importa-me essa bílis
Que importa que tu fales
Que importa que tu files.
CRUZ E SOUSA
25
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000098.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2010.
[NUNCA SE CALA O CALLADO]
CRUZ E SOUSA
Nunca se cala o Callado
E sempre o Callado, fala
Callado que não se cala,
Nunca se cala o Callado,
Callado sem ser calado,
Callado que é tão falado...
Nunca se cala o Callado
E sempre o Callado, fala.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000098.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2010.
A IMPORTÂNCIA DAS LEITURAS NA
FORMAÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO
É preciso que, nas aulas de Língua Portuguesa, o professor busque
situações as quais coloquem os alunos em contato com o tema abordado,
fazendo-os buscarem o conhecimento que ainda não têm, aumentando a Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) (VYGOTSKY, 1998, p.112), para poderem
produzir os textos de acordo com os gêneros do discurso (BAKHTIN, 1997).
Nesse contexto, as leituras sobre o tema abordado devem resultar num trabalho
elaborado de resultados, fazendo a coleta de novas informações e podendo
verificar o progresso atingido.
As novas ideias colocadas pela abordagem sócio-interacionista
(VYGOTSKY, 1988), sugerem que o aprendiz é parte de um grupo social e deve
ter iniciativa para questionar, descobrir e compreender o mundo a partir de
interações com os demais elementos do contexto histórico, no qual está inserido
de acordo com os gêneros do discurso (BAKHTIN, 1997).
Essa zona é a que poderá ser desenvolvida recebendo informações
exteriores, podendo ser processada e melhorando a condição intelectual do ser
que recebe essas informações. Aí se encontra a importância de diversas leituras
sobre um mesmo tema, que incrementará a produção oral ou escrita do locutor,
sendo, assim, os conhecimentos que a pessoa tem e a potencialidade de
aprender pela interação a partir do uso de ferramentas intelectuais adequadas.
Assim, a produção textual poderá ser intelectualmente e culturalmente melhorada,
quando sejam feitas leituras prévias, que vêm de uma multidão de vozes, as quais
possam aumentar a Zona de Desenvolvimento Proximal (VYGOTSKY, 1998),
querendo, com isso formar o ser humano crítico e consciente do que acontece ao
seu redor, podendo agir sobre esse meio.
Enfim, é primordial levar o aluno a ler textos de sua competência e mais
difíceis, fazendo-o entrar em contato com os diferentes tipos de textos e gêneros
textuais para assimilar as estruturas que determinam o uso da norma padrão com
elementos como: organização, unidade, coerência, coesão, clareza; que o façam
pensar.
27
O objetivo do professor é o de favorecer a convivência social, estimulando
a troca de informações em busca da construção de um conhecimento prévio,
coletivo e compartilhado.
Aqui, sugere-se a leitura do livro “Aula de Português: encontro e
interação” da autora, linguista, Irandé Antunes (2003, Editora Parábola
Editorial), que coloca neste livro uma concepção interacionista, funcional e
discursiva da língua, muito apropriado para atualizar-se no ensino de leitura e
escrita em sala de aula.
Pausa
OFICINA III
1) Agora, o aluno fará um texto argumentativo que exponha sua opinião sobre
o seguinte tema:
A) A Amazônia tem 40% da floresta tropical do mundo, com maior volume de
água doce disponível na Terra. A internacionalização da Amazônia é um dos
maiores perigos que ameaça a nação brasileira, pois as reservas de água do
planeta estão se esgotando. A Amazônia pode ser disputada e gerenciada
pelas grandes potências, ameaçando a soberania nacional. O que pode
causar a destruição da floresta amazônica e como preservar esse patrimônio
tão caro? O que se pode fazer para que o Brasil não saia perdendo nessa luta
de posse desse território?
Esta primeira produção será sem leituras sobre o assunto e será
proposital para o trabalho posterior, com limite de número de linhas.
2) Depois que os alunos produzirem, de preferência individualmente e sem
consultar material nenhum, a professora deverá ficar com esse texto.
28
3) Na aula seguinte, a professora pede que tragam o maior número de
informações possíveis sobre o assunto abordado. A professora também
trará um vídeo sobre o tema. Os alunos farão as leituras, com a finalidade
de aumentar a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), ou seja,
melhorar os conhecimentos sobre o tema abordado. Depois dessas
leituras, haverá a socialização do conhecimento com cartazes de
abordagem do assunto, os quais devem ficar expostos na sala de aula. Os
alunos devem anotar em seus cadernos as novas informações.
4) O passo seguinte será produzir o texto novamente, agora com apoio das
informações adquiridas com as leituras feitas (aqui ainda não se mostrou
os elementos estruturais). Esse texto será colocado no mural da escola e
será lido para pessoas escolhidas pelos alunos. (Após a exposição, a
professora fica com o texto para o trabalho que ainda virá).
PARA AJUDAR
A FLORESTA AMAZÔNICA E A QUESTÃO AMBIENTAL
Fonte: Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscims2.php>
29
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, ou ECO-92, que teve lugar no Brasil, em junho de 1992, deu
novo impulso às questões relacionadas com a Amazônia. As principais ações do
Governo, decorrentes da Conferência, concentram-se na Convenção de
Biodiversidade Biológica, Convenção de Mudanças Climáticas, bem como na
Declaração sobre Florestas e Convenção de Desertificação, assinada em outubro
de 1994. Esses temas envolvem questões no âmbito das ações sociais,
ambientais e de desenvolvimento.
Entre os instrumentos legais acima citados, destaca-se a Declaração
sobre Florestas, pois seu processo de implementação prevê a revisão do modelo
de gestão, tendo como base a parceria com as instituições dos governos
estaduais e entidades não-governamentais. O Ministério do Meio Ambiente criou
a Coordenação de Uso Sustentável - Setor de Florestas; estabeleceu o Conselho
da Borracha, das Florestas e da Pesca como fórum para deliberação sobre
política florestal; definiu um programa de diretrizes para política florestal; e, ao
mesmo tempo, determinou o orçamento para esse programa.
Uma das ações concretas do Governo em relação às florestas foi a
criação de reservas extrativas para diminuir o desmatamento e minimizar a
extração de madeira. As reservas extrativas já constituem uma realidade política e
representam também conservação na Amazônia.
As reservas extrativas são espaços territoriais protegidos pelo poder
público, destinados à exploração auto-sustentável e à conservação dos recursos
naturais renováveis, por populações com tradição no uso de recursos
extrativistas. As reservas podem ser criadas independentemente da prévia
desapropriação da terra, o que agiliza o seu processo de criação e evita os
conflitos sociais, como a expulsão de trabalhadores da área. Tal iniciativa fixa a
população na floresta, diminui o êxodo rural, reduz os custos de proteção das
florestas, aumenta a garantia da eficácia das reservas, cria áreas de preservação
que protegem a biodiversidade da Amazônia e assegura o equilíbrio climático.
A queimada é um problema grave que atinge a Amazônia. O Governo
Federal, desde 1989, criou o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos
Incêndios Florestais – PREVFOGO, que combate a prática indiscriminada de
queimadas para abertura de novas áreas para agropecuária e os incêndios
florestais naturais e provocados, que degradam o meio, afetando a flora, a fauna
30
e o ambiente em geral. O PREVFOGO atua sobre os incêndios florestais e
queimadas de forma diferenciada. As Unidades de Conservação e as Áreas de
Interesse Estratégico e Econômico são os dois segmentos prioritários para
prevenção, controle, combate, pesquisa, treinamento e capacitação nos casos de
incêndios florestais. Quanto às queimadas, o PREVFOGO atua nas áreas onde o
fogo é utilizado como instrumento de manejo agrícola, orientando para técnicas
menos degradantes ao meio-ambiente.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) constatou a
diminuição dos pontos de fogo nos últimos anos. Um levantamento feito no mês
em que acontece o maior número de incêndios devido à seca - mês de agosto -
revelou o declínio dos números. Em 1991, foram 209.681 pontos de fogo,
reduzindo-se para 101.428 no ano de 92. Do ano de 1991 para o ano de 1994, o
número de pontos de fogo diminuiu em mais de 300%. Outra iniciativa do
Governo foi o estabelecimento do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM),
que está instalando um complexo de radares ao longo da fronteira e interior, com
o objetivo de controlar a área florestal, permitir um tráfego aéreo mais seguro e
propiciar o desenvolvimento sustentável na Região.
O INPE também constatou, desde o ano de 1988, uma diminuição do
desmatamento na Amazônia em aproximadamente dois milhões de hectares ao
ano, o que resulta numa redução de mais de dez milhões de hectares
desmatados. Os dados do INPE são confirmados pelo Dr. C. Tuckle - cientista da
NASA - que ainda afirma que a Amazônia perde apenas 0,3% da floresta ao ano,
enquanto os Estados Unidos perdem 1%.
Há também o chamado projeto "Nossa Natureza", criado no Governo do
Presidente José Sarney, que proíbe a exploração de madeiras em tora. A
iniciativa visa a diminuir o desmatamento que tem origem na exploração de
madeira e se baseia numa Lei que faz parte do código florestal brasileiro. A
regulamentação da Lei Florestal cabe aos Estados da Federação, levando-se
assim em conta a realidade de cada região. Para a Região Amazônica, o projeto
prevê o reflorestamento das áreas degradadas pela atividade madeireira,
fiscalização efetiva de todas as serrarias, fechamento das serrarias clandestinas e
estímulo à exportação de artefatos de madeira que visam a criar empregos na
região.
31
A ELETRONORTE, empresa estatal do Governo Federal responsável
pela geração de energia na Região Norte, com o objetivo de possibilitar a
exploração de um recurso que estaria perdido, abriu concorrência em agosto de
1994, para remoção de madeira submersa no reservatório da Hidrelétrica de
Tucuruí, no rio Tocantins (Estado do Pará). As árvores submersas dariam para
encher 300 mil carretas com toras de madeira. Esse empreendimento vai permitir
que parte da floresta nativa não seja devastada.
As empresas da Amazônia estão começando a investir em projetos de
reposição florestal, com o propósito de formar um estoque de matéria-prima
permanente para o futuro, além de apresentar propostas aos órgãos federais
responsáveis pela condução da política florestal. Exemplo deste tipo de iniciativa
é a AIMEX (Associação de Madeireiros), que propôs a implantação de um sistema
de exploração racional das florestas, denominado Plano de Corte de Floresta
Nativa, através de um planejamento operacional que inclui a obrigatoriedade de
inventário florestal. Tal inventário deve conter informações como a média do
volume e abundância de espécie por hectare, bem como volume e abundância de
cada espécie por classes diamétricas de 10 em 10 cmde DAP (diâmetro à altura
do peito), a partir de 15 cm de DAP. A indústria madeireira que explorou a área
mediante o Plano de Corte de Florestas Nativas, ficaria responsável por efetuar a
reposição florestal nas proporções de quatro mudas de espécies nativas para
cada metro cúbico sólido explorado, através do reflorestamento das extensas
áreas degradadas existentes na Amazônia. A proposta de reposição florestal,
sofrendo as modificações necessárias, deve ser aplicada também aos cortes para
fins de carvoejamento.
Nos últimos anos, seguindo uma tendência mundial, o consumo de carvão
vegetal e lenha como fonte de energia tem diminuído no Brasil. A lenha é utilizada
principalmente no setor agropecuário, onde o consumo chegou a 66,4% em 1977.
No entanto, com o esforço de órgãos do Governo em substituí-la por outras fontes
renováveis, caiu para 25,3% em 1992. O carvão vegetal é usado principalmente
na siderurgia, onde a atual política é o uso de floresta plantada.
O Ministério do Meio Ambiente fixou os seguintes objetivos para a
aplicação da Declaração sobre Florestas: aparelhar as instituições florestais
nacionais; ampliar os resultados de programas e atividades de manejo e
desenvolvimento sustentável das florestas; e qualificar-se tecnicamente para
32
implementar as políticas, programas, pesquisas e projetos sobre manejo,
conservação e desenvolvimento sustentável de todas as florestas.
Para informações adicionais:
A) Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal
B) Esplanada dos Ministérios, Bloco "B" - 5º andar
C) Brasília, DF 70053-900
D) Tel.: (061) 317-1000
E) Fax: (061) 226-4345
F) http://www.mma.gov.br
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/mre000057.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2010.
A DÉCADA DA AGENDA 21
A Conferência de Joanesburgo se distingue das demais conferências
organizadas pelas Nações Unidas, na última década, ao voltar-se para o aspecto
da implementação dos compromissos assumidos na Rio-92.
Transcorridos dez anos da histórica Conferência do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, o período de 1992 a 2002 pode ser legitimamente
lembrado, pelos que se dedicam às questões atinentes ao desenvolvimento
sustentado, como “a década da Agenda 21”. Poucos documentos multilaterais
juridicamente não obrigatórios tiveram impacto análogo ao da Agenda 21 na
moldagem de políticas e atitudes dos Governos. Isso se deve certamente à
amplitude da temática e ao enfoque inovador das recomendações do documento.
Deve-se, por igual, ao fato de ele haver resultado de uma negociação ampla que
acabou sem dissidências entre seus participantes.
33
A Agenda 21 passou a ser referência para políticas públicas e para a
ação do setor privado as ações para a conservação do meio ambiente promoção
do desenvolvimento. Foi igualmente fundamento para que se ampliasse a
participação da sociedade civil na discussão de políticas públicas no plano interno
e no chamado multistakeholder dialogue instaurado pela omissão de
Desenvolvimento Sustentável das ações Unidas. Essa Comissão, aliás, foi um os
principais avanços institucionais produzidos ela Conferência do Rio, pois se
constitui no mais alto foro político multilateral, em nível ministerial, orientado para
a discussão do desenvolvimento sustentável em suas diversas dimensões e para
o acompanhamento da implementação da Agenda 21.
Enquanto documento de base para a ação dos Governos, a Agenda 21
também serviu de alavanca para a elaboração de suas correspondentes locais.
Nesse particular, o Brasil se apresenta como um dos países cujo processo de
elaboração da Agenda 21 Nacional foi mais transparente e participativo. A
Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 Nacional,
instalada no âmbito do Ministério do Meio Ambiente e na qual o Itamaraty tem
sido um ativo participante, realizou consultas nos 27 Estados da Federação e
promoveu cinco reuniões regionais com vistas a levantar e a consolidar propostas
orientadoras de um documento final capaz de servir de base para assegurar a
sustentabilidade do processo de desenvolvimento nacional.
A Agenda 21 foi o produto de um momento histórico definidor das
relações internacionais. O debate sobre a questão ambiental, nas duas últimas
décadas do século XX, coincidiu com o fim do bipolarismo que caracterizara a
organização do mundo durante a Guerra Fria e um reforço da projeção política,
militar e econômica dos Estados Unidos em âmbito global. O modelo de
desenvolvimento prevalecente, tanto nos países de economia capitalista quanto
naqueles centralmente planificados, até os anos 80, mostrou-se insuficiente para
acomodar interesses dos diversos segmentos sociais, bem como para suportar as
pressões de uma economia de mercado crescentemente transnacionalizada.
Após a Conferência do Rio, a globalização acentuou as características
transnacionais da economia e dos movimentos sociais. É preciso salientar,
porém, que a crescente presença das corporações transnacionais na economia e
a intensificação dos fluxos financeiros e de informação, que caracterizam a
globalização, não ocorrem de maneira eqüitativa ou inclusiva no plano mundial.
34
Estudos mostram que a integração global pela economia e pelas comunicações é
seletiva: alguns países dela se beneficiam, outros não. Mesmo dentro dos
países, os benefícios sociais e políticos são díspares. Níveis de comércio e de
investimento externo direto indicam que cerca de 30% da população mundial não
se beneficiou de forma alguma com a globalização. Quedas nos preços dos
produtos de base, sustentáculo das exportações dos países em desenvolvimento,
concorreram para aprofundar sua marginalização no mercado internacional.
Ora, a evolução do cenário internacional durante a década que se seguiu
à adoção da Agenda 21 claramente indica que, não obstante sua condição de
referência apontada acima, sua tradução no plano concreto ficou aquém do
compromisso assumido pelos Governos no Rio de Janeiro em 1992. Não se
tornaram realidade, no nível adequado, os recursos financeiros novos e
adicionais, tampouco se logrou maior intensificação da transferência de
tecnologia. No entanto, o esforço de diversos países em desenvolvimento de
adotarem legislações mais protetivas da propriedade intelectual – uma exigência
reiterada dos países industrializados durante as negociações para que se
pudesse intensificar a transferência de tecnologia – não se concretizaram os
mecanismos previstos na Agenda 21 para intensificar o fluxo tecnológico entre o
Norte e o Sul que permitiria a este último inserir-se no caminho do
desenvolvimento sustentável. Apesar da retórica quanto ao imperativo da
sustentabilidade, a verdade é que os bens e serviços produzidos segundo
metodologias sustentáveis de exploração dos recursos naturais não competem
com aqueles produzidos de modo predatório. Agrava-se isso com a prevalência
de políticas protecionistas e distorções tarifárias e não tarifárias nos grandes
mercados internacionais que obstaculizam a entrada de produtos oriundos dos
países em desenvolvimento. Os subsídios à agricultura, por exemplo, forçam
uma expansão da fronteira agrícola nos países em desenvolvimento colocando
em perigo a proteção de áreas florestais ou ricas em biodiversidade, concorrendo
para a perda de um patrimônio estratégico para o desenvolvimento dos países
pobres.
A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo,
de 26 de agosto a quatro de setembro próximo, terá como um de seus objetivos
centrais debruçar-se sobre as causas do cumprimento insuficiente dos
compromissos assumidos no Rio pela comunidade internacional, especialmente
35
no que tange às recomendações da Agenda 21. A Conferência de Joanesburgo
se distingue, por conseguinte, das demais conferências organizadas pelas
Nações Unidas, na última década, ao voltar-se para o aspecto da implementação
dos compromissos assumidos na Rio-92. Destacam-se, para esse fim, entre
outras, as questões relativas à erradicação da pobreza e à mudança dos padrões
insustentáveis de produção e consumo que prevalecem nas sociedades
industrializadas. O desafio político que se coloca para os Governos e para a
sociedade civil é saber precisamente o escopo das possibilidades para
compromissos operativos por parte da comunidade internacional, em particular
dos países industrializados, que permitam a implementação das recomendações
da Agenda 21.
O desenvolvimento sustentável não é algo que possa ser atingido apenas
por uma parcela da comunidade internacional. Ele envolve múltiplos enfoques
segundo as características e as condições de cada nação e somente será eficaz
se for universal. A concretização das decisões da Conferência do Rio, em
particular da Agenda 21, exige tornar competitivas as metodologias e práticas de
uso dos recursos naturais e produção de bens e serviços que viabilizam o
desenvolvimento sustentável. Tornar o desenvolvimento sustentável competitivo é
um elemento essencial para transformar o paradigma de desenvolvimento
prevalecente. A competitividade é um atrativo poderoso para o envolvimento do
setor privado na realização dos compromissos da Agenda 21, embora tal
envolvimento não se substitua àquele assumido pelos Estados na Conferência do
Rio. Os Governos têm uma parcela importante de contribuição para a promoção
dessa competitividade mediante políticas públicas, reforço institucional, apoio
financeiro e tecnológico que estimulem o abandono das práticas predatórias
vigentes.
Nesse contexto, a questão do acesso aos mercados ganha especial
relevância. A nova rodada de negociações comerciais, no âmbito da OMC,
lançada em Doha, em novembro passado, entrelaça-se com os objetivos da
Conferência de Joanesburgo, pois as decisões no plano da política comercial
podem ser um estímulo para um novo padrão de desenvolvimento e de bem
estar. As discussões em Joanesburgo devem, portanto, ser vistas de maneira
integrada nas dimensões social, econômica, ambiental e política. Será
necessário ter presente que as necessidades das nações são distintas e que as
36
necessidades das futuras gerações serão diferentes daquelas da geração atual.
O desenvolvimento, tal como o conhecemos, tem por premissa a concepção
protestante de que a riqueza é algo intrinsecamente bom para o homem. A
acumulação da riqueza desde a Revolução Industrial baseou-se na idéia de que a
natureza era um bem comum da humanidade. Todavia, o uso indiscriminado dos
recursos naturais despertou as nações para a necessidade de sua conservação
como um requisito para o próprio exercício de sua soberania. A responsabilidade
dos Estados pela conservação dos recursos naturais e pela proteção do meio
ambiente é comum, mas é também diferenciada em função das capacidades de
cada um. Um dos desafios de Joanesburgo reside exatamente em refletir esse
princípio numa vontade política clara de implementar as decisões acordadas no
Rio em 1992.
Ministro Everton Vieira Vargas
Diretor Geral do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do
Itamaraty
1. A Agenda 21 compõe-se de 34 capítulos que abrangem diferentes
aspectos do desenvolvimento sustentável. Da conservação da
biodiversidade e da proteção da atmosfera até a participação dos
grupos sociais principais e da sociedade civil em geral no processo de
discussão e elaboração das decisões; da transferência de tecnologia e
da provisão de recursos financeiros novos e adicionais aos países em
desenvolvimento passando pela mudança dos padrões de produção e
consumo dos países desenvolvidos até o combate à pobreza nos
países pobres.
2. THE ECONOMIST. Is it at risk? February 2nd, 2002. pp.65-68.
3. O recursos financeiros para a implementação da Agenda 21 foram
estimados, em 1992, em US$ 625 bilhões, dos quais US$ 125 bilhões
na forma de assistência oficial para o desenvolvimento (ODA) provida
pelos países desenvolvidos. Na verdade, a ODA foi reduzida nesses
dez anos agravando ainda mais a possibilidade de os países em
desenvolvimento colocarem em prática as recomendações da Agenda
21.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/mre000112.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2010.
37
É bom relembrar o que foi posto no Projeto dessa Intervenção
Pedagógica:
Assim, com o conhecimento próprio, mais o conhecimento adquirido,
fazendo as produções de textos que tenham um objetivo pré-estabelecido, e,
ainda com um processo real de interlocução, através das interações que
acontecem intra e extra-escolar, os alunos crescem como pessoas modificadas
por essas ações, sabendo-se apropriados do letramento (SOARES, 1999).
REFLITA:
“De fato, é dentro da e pela língua que indivíduo e sociedade se
determinam mutuamente. O homem sentiu sempre – e os poetas frequentemente
cantaram – o poder fundador da linguagem, que instaura uma realidade
imaginária, anima as coisas inertes, faz ver o que ainda não existe, traz de volta o
que desapareceu.”
(Émile Benveniste)
38
UM NORTE
Para que o letramento se efetive, e seja mais simplificado o processo de
aprendizagem da produção do gênero textual, há um fator que irá contribuir
imensamente para o sucesso da produção, além do conhecimento dos gêneros
em suas esferas e as leituras, que aumentam a ZDP (VYGOTSKY, 1998) do
aluno, sobre os temas abordados. Está se falando do planejamento do texto,
que é como fazer uma planta de uma construção, que, se bem elaborado, dará
um norte na produção do mesmo (o que não tem nada a ver com o rascunho
usado pelos alunos na produção). Essa ideia de exprimir em ordem os
pensamentos nasceu na França, sendo uma questão de método.
O caminho utilizado, por experiência dessa pesquisadora, é:
Assunto: conteúdo temático;
Intencionalidade: interlocutor;
Gênero exigido;
Estrutura do gênero em questão: plano composicional;
Vocabulário pertinente ao gênero em questão;
Coleta de informações vindas das várias leituras, de várias fontes, que
devem estar no corpo do texto a ser produzido (com pesquisa e
socialização das mesmas): aumento da Zona de Desenvolvimento
Proximal do aluno (VYGOTSKY);
Montagem do texto: estilo;
Reescrita;
Exposição, envio ou publicação da produção.
O aluno, no seu dia-a-dia, vai se deparar com uma infinidade de gêneros
textuais, orais ou escritos e precisa estar devidamente preparado para enfrentá-
los tendo-os como ferramenta de ascensão social, pois será pela forma como os
utilizar que será julgado socialmente, e será no contexto escolar, o qual o
colocará em contato e o fará produzir os diversos gêneros que serão cobrados na
prática. A elaboração de um plano antes da produção do gênero fixa a ordem do
desenvolvimento, estabelecendo divisões dando clareza à comunicação.
39
GÊNEROS TEXTUAIS MAIS
PRESENTES NA FORMAÇÃO DO
SUJEITO HISTÓRICO
No que diz respeito aos gêneros textuais para a formação do sujeito
histórico, destacam-se aqui neste trabalho, da esfera escolar, o argumentativo, e
da esfera publicitária, a propaganda, devido a ser constante o seu uso pelo sujeito
que se depara, a todo momento ou com a defesa de seu pensamento, ou deve
saber discernir, agir sobre ou saber a intencionalidade, para não se deixar levar
pela publicidade enganosa, ou não. É pensando na formação do sujeito como
atuante, consciente do mundo que o cerca que se aposta numa proposta de
ensino do gênero, a qual dará subsídio para que o aluno reconheça suas marcas
linguísticas. Como diz Paulo Freire (2001), “o aluno necessita ser preparado para
torna-se o sujeito do ato de ler o seu mundo, e, aos poucos, todos os mundos
possíveis”.
Para Serafini (1992, p.30), “antes de produzir um texto qualquer, o
estudante deve recolher material, as ideias, os fatos, as observações”, com os
quais irá produzir o gênero. Para tanto, de posse do tema, pesquisará em várias
fontes.
GÊNERO ARGUMENTATIVO
De acordo com Citelli (1994, p.7), “as formas dissertativas estão
presentes cotidianamente nas vidas das pessoas, onde pontos de vistas são
debatidos, concepções atacadas ou defendidas e isso tanto pode acontecer de
forma interpessoal como por meio da massa”. Nesse contexto, cumpre-se a
necessidade de ensinar esse gênero, fazendo o aluno perceber-se como parte
integrante, que sabe o quê e quando dizer.
40
Koch, em seu livro Argumentação e Linguagem (1987, p.19), diz que:
devido ao relacionamento do homem com seus semelhantes, a linguagem passa a ser encarada como forma de ação, ação sobre o mundo dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela argumentatividade, feita pela interação social, por intermédio da língua.
Nesse ínterim, o homem dá opiniões e deve estar embasado em
argumentos que o tornem sujeito da situação, senão será rejeitado socialmente
por não adequar o seu discurso ao nível do seu interlocutor. Isso diz respeito à
discussão de questões sociais controversas que exigem sustentação, negociação
nas tomadas de posição. Contudo, usa-se de mecanismos argumentativos para
produzir efeitos de sentido, buscando-se convencer ou persuadir, tanto por
interesses coletivos, bem como por interesses pessoais defendendo, assim, a
própria cidadania.
No mundo argumentativo, pelo parecer de Citelli (1994), a consciência
das variedades linguísticas, tem levado os produtores desse gênero a criarem
diferentes formas verbais de atingir o seu público alvo. Dependendo do grau de
conhecimento do mesmo, o efeito buscado é a persuasão ou o convencimento.
Para tanto, e exemplificando, criou-se O Estado de São Paulo, com um nível
sofisticado, a Folha de São Paulo, num nível intermediário, e o Notícias
Populares, para a camada popular da população, com seleção vocabular
pertinente ao público.
Pausa
OFICINA IV
Para um melhor entendimento da questão sobre diferentes tipos de
linguagem para diferentes públicos, analise com os alunos os jornais: O Estado
de São Paulo, a Folha de São Paulo, e Notícias Populares a fim de verificar
porque e como é feita essa abordagem de assuntos pelo grau de conhecimento
do leitor. Caso, na sua cidade, haja jornais, verificar se acontece essa
diferenciação.
41
GÊNERO ARGUMENTATIVO:
PRODUÇÃO
Para a produção do Gênero, faz-se necessário verificar sobre o que se
vai falar, de que forma, com que intencionalidade, porque as palavras não são
neutras, e qual é o público alvo, ou a dimensão social, a qual se preocupa com os
recursos linguísticos, os quais, no caso do texto argumentativo, devem obedecer
à norma culta da escrita. A produção é tanto mais valorizada, quando o
enunciador demonstra conhecer a norma culta da escrita. Deve-se, também, levar
em conta os elementos do gênero do discurso de acordo com Bakhtin, o aumento
da ZDP, de Vygotsky (1998), e ainda atentar para o plano do texto, o qual estará
bem definido e explícito.
E, é com o apoio das palavras de Abaurre (2000, p. 259), o qual coloca os
primeiros passos:
Determinar quais são as possibilidades de análise da questão
tematizada e identificar quais informações você precisa dispor para
fazê-lo, tanto dos fatos bem como estrutural;
Ler e interpretar, com muita atenção todas as informações que
acompanham o tema proposto;
Optar por uma via de análise, tomando por base as informações
analisadas e as possibilidades identificadas;
Retomar as informações disponíveis, já devidamente interpretadas,
para determinar quais delas podem ajudar a desenvolver a via de
análise escolhida;
Integrar outras informações de que disponha que sejam pertinentes;
Estabelecer com clareza de que ponto de vista será abordado o tema
e qual tese será defendida no texto.
No plano composicional, ditado por Bakhtin (FIORIN, 2006, p.61), ou
seja, na estrutura formal, os alunos saberão dos elementos constitutivos desse
gênero, bem como a função de cada um deles dentro do texto: a introdução e o
que nela se dispõe (a tese defendida e seus argumentos); o desenvolvimento
42
(onde haverá a defesa dos argumentos, dando a força do convencimento) e a
conclusão (que deve conter um resumo marcante e uma alusão ao futuro,
dependendo do tema abordado). Esses elementos, na visão de Citelli (1994, p.
28-30) “ajudarão a tornar o texto mais coerente, logo, em condições de influenciar
os ouvintes ou eleitores.”
Será imprescindível, aqui, determinar o interlocutor, a intencionalidade,
bem como onde será veiculado, contribuindo para determinar a função social
do texto a ser produzido.
O passo seguinte é a busca por informações (VYGOTSKY, 1998) sobre
o tema. Após o conhecimento dos elementos estruturais e do interlocutor, é
necessário ater-se às novas pesquisas do assunto em questão, aos locutores e
interlocutores que precisam de um certo nível de informação e formação, “a fim de
formular ou compreender o que se afirma numa certa peça de convencimento (...)
tendo a consciência de que os nossos próprios textos dialogam com outros”.
(CITELLI, 1994, p. 48).
E, isso se conseguirá com as pesquisas individuais sobre o tema
abordado. Logo após, faz-se o momento de socialização das informações
adquiridas, com o intuito de possibilitar o aumento dos conhecimentos do grupo.
Na sequência, de posse das informações e dos elementos estruturais,
parte-se para o plano do texto, um elemento que vem sendo negligenciado no
processo, mas, se bem utilizado, faz muita diferença no resultado da escrita do
texto. Para o texto argumentativo, um exemplo de plano é este, de acordo com
Boaventura (1993, p.20), e adaptado pela pesquisadora deste trabalho:
Título do texto Tese: assunto a desenvolver, ou aquela hipótese eleita como a mais adequada a ser desenvolvida. Argumento 1: primeira posição sobre o assunto Argumento 2: segunda posição sobre o assunto Desenvolvimento do Argumento 1: posição com embasamento nas informações coletadas Desenvolvimento do Argumento 2: posição com embasamento nas informações coletadas Conclusão: Resumo do que foi dito com reflexões ou possível solução do problema.
43
Com o plano, o produtor do texto faz uma melhor relação entre as partes,
facilitando a articulação entre elas através dos elementos de coesão, podendo
utilizar, para tanto, os conectivos, ou operadores argumentativos, que irão mostrar
o caminho da leitura. De acordo com Citelli (1994, p.42), os operadores
argumentativos devem ser usados para “que exerçam funções no plano frásico e
interfrásico com vistas à coesão textual”.
Alguns exemplos estão neste quadro referencial apresentado por Adilson
Citelli, em seu livro “O texto Argumentativo” (1994, p. 43-44):
a) Indicadores de oposição, contraste, adversão
Preposições, conjunções e locuções
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, contra, apesar
de, não obstante, ao contrário, etc.
b) Indicadores de causa e consequência
Preposições, conjunções e locuções
Porque, visto que, em virtude de uma vez que, devido a, por motivo de
graças a, sem razão de, em decorrência de, por causa de, etc.
c) Indicadores de finalidade
Preposições, conjunções e locuções
a fim de, a fim de que, com o intuito de, para, para a, para que, com o
objetivo de, etc.
d) Indicadores de esclarecimento
Preposições, conjunções e locuções
vale dizer, ou seja, quer dizer, isto é, etc.
e) Indicadores de tempo
Preposições, conjunções e locuções
em pouco tempo, em muito tempo, logo que, assim que, antes que, depois
que, quando, sempre que, etc.
f) Indicadores de condição
Preposições, conjunções e locuções
se, caso, contanto que, a não ser que, a menos que, etc.
g) Indicadores de proporção
Preposições, conjunções e locuções mais, a menos que, etc.
h) Indicadores de conclusão
Preposições, conjunções e locuções
44
portanto, então, assim, logo, por isso, por conseguinte, pois, de modo que,
em vista disso, etc.
E, ainda querendo colaborar com a coesão, apresenta-se o quadro a
seguir o qual sugere elementos coesivos para iniciar os parágrafos do gênero
argumentativo:
DIVISÃO EM
PARÁGRAFOS SEQÜÊNCIA RELAÇÕES
OS MEIOS DE EXPOR
(PALAVRAS RELACIONAIS)
INT
RO
DU
ÇÃ
O
(ap
resen
tação
da
tese)
1º § Formulação do
problema ou tese
Fatos, afirmações,
interrogações,
enumerações
1. Essas são algumas das afirmações
freqüentemente ouvidas a respeito.
Serão exatas?
2. É verdade que... como afirmam
muitas pessoas
3. Fala-se muito atualmente sobre...
4. É certo que...
5. É verdade que...
6. Sem dúvida nenhuma...
DE
SE
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rovação
)
Pará
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do
desen
vo
lvim
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to
Análise do
problema
Causa e/ou
conseqüência
Para começar a
análise
1. É preciso, em primeiro lugar,
lembrar...
2. É preciso, primeiramente,
observar...
3. É preciso, inicialmente, analisar...
4. Deve-se analisar primeiramente...
5. É preciso considerar...
6. A primeira observação se refere a...
7. Tratemos inicialmente sobre o
problema do...
8. Analisemos a questão de...
9. Iniciemos a análise observando...
10. Analisemos em primeiro lugar...
Para insistir no
problema
1. Não podemos esquecer de...
2. É necessário frisar também que...
3. Nota-se, por outro lado, que...
4. Por outro lado...
5. Observa-se também que...
6. É fundamental observar que...
7. É imprescindível insistir no fato de
que...
8. Não se pode esquecer que...
9. Lembremos também que...
CO
NC
LU
SÃ
O
Últ
imo
pará
gra
fo
Finalização
1. Portanto...
2. Assim...
3. Finalmente...
4. Resumindo...
5. Em suma...
6. Nesse sentido...
7. Dessa forma...
8. Definitivamente...
9. Consequentemente...
10. Por isso...
Fonte: apostila de redação Colégio Nobel
45
A construção dos argumentos dependerá de uma boa coesão textual,
bem como do sentido a ser aferido pelo locutor através da coerência textual, as
quais, de acordo com Citelli (1994, p.26) “compõem-se para tornar o texto
eficiente na sua intenção de convencimento”. A coerência refere-se à produção
sem contradições, contendo unidade semântica, sendo necessário, para tanto,
estabelecer um sentido para o texto. Para Koch (1987, p.26), “esse sentido tem
invocações explícitas ou implícitas, reconhecidas apenas pela situação de
discurso”, devido ao fato de que, quando falamos ou escrevemos, queremos
comunicar intenções e queremos ser entendidos.
Segundo Koch,
o sentido se constitui, também pelas relações interpessoais, que se estabelecem no momento da enunciação, pela estrutura desse jogo de representações em que entram o locutor e o locutário, quando na e pela enunciação,(...) enfim o alvo para onde o enunciado aponta (KOCH, 1987, p. 24).
O Plano de Texto Argumentativo acima segue a forma clássica da
coerência macroestrutural, advinda da Arte Retórica, de Aristóteles, e
apresentado em Citelli (1994, p.26-27), a qual demonstra que, para o texto ser
coerente, é necessária a existência de quatro núcleos ou fases:
Exórdio – É o início do texto. Pode ser uma indicação do assunto, um
conselho, um elogio, uma censura, conforme o gênero do trabalho a
ser desenvolvido. Essa fase deve assegurar a fidelidade do
ouvinte/leitor. É o que aproximaríamos da introdução.
Narração – É o assunto propriamente dito, onde os fatos são
arrolados. Aqui não deve existir rapidez, tampouco concisão, mas sim
a justa medida. “Ora, a justa medida consiste em se dizer tudo quanto
ilustra o assunto, ou prove que o fato se deu, que constituiu um dano
ou uma injustiça, numa palavra, que ele teve a importância que lhe
atribuímos".
Provas – Se o discurso deseja convencer, é preciso mostrar as
evidências, comprovar o que se diz. Para se obter este efeito, é
comum nos textos argumentativos usar-se números, tabelas,
46
depoimentos de especialistas no assunto, citações de pesquisas.
Entram no núcleo argumentativo.
Peroração – É a conclusão, o epílogo, um lugar no texto que se
revela extremamente importante por ser a última oportunidade para se
convencer o leitor/ouvinte acerca de alguma tese.
A integração procedente e equilibrada desses núcleos asseguraria o
mecanismo macroestrutural da coerência.
Dos aspectos teóricos ligados à coerência, destaca-se aqui,
primeiramente, a coerência externa, que diz respeito a apresentar informações
compatíveis com os dados da realidade. Caso se comprove que a informação
utilizada não é real, acaba por desqualificar o enunciador, denunciando o
repertório restrito deste. Para que isso não aconteça, é necessário um amplo
conhecimento de mundo, esse é também chamado de conhecimento
enciclopédico, o qual, na hora da produção, deve manter um equilíbrio entre
as informações conhecidas e novas. As conhecidas ancoram o leitor e as
novas abrem espaço para que ele (leitor) avalie sua visão de mundo sobre o
tema abordado.
Outro fator é a coerência interna, que é o princípio de não contradição
entre os argumentos apresentados, o que contribui, quando feita, com a
compatibilidade de sentido entre as partes do texto, e ao verificar-se esse
problema acaba por desqualificar a imagem do seu produtor.
Faz-se necessário atentar também para outro aspecto da coerência que é
a progressão de idéias, esta é a que diz respeito à continuidade de sentido, com
a ideia seguinte ligada à anterior, acrescentando novos dados.
É claro que tudo isso ligado à coerência em relação à situação de
comunicação, outro aspecto importantíssimo, pois de nada adiantará um belo
discurso, escrito ou falado, se o público alvo não entender nada, desconhecendo
praticamente todas as palavras do discurso, por pura inadequação ao contexto.
Finalmente, de posse de todos esses elementos e conhecimentos, parte-
se para a produção escrita, tendo o dicionário sempre à mão. Ocorre aqui um
trabalho árduo, mas com resultados mais definidos do que aqueles da primeira
produção sobre “A Amazônia” (Oficina III). Depois de produzir o texto e, com
47
auxílio da professora, far-se-á a reescrita do mesmo, onde se redefinirá os
aspectos gramaticais e semânticos. Neste momento, o aluno-autor assina seu
texto. Só então, a produção irá para as mãos, primeiramente dos colegas da sala
e depois para o interlocutor, pré-determinado no começo do trabalho.
Pausa
OFICINA V
1. Os alunos serão divididos em grupos de até quatro elementos para
elaborar um discurso de um candidato seguindo a forma Aristotélica
e dando ênfase às necessidades da comunidade Esse discurso será
apresentado para outra sala. Após a apresentação, haverá votação
para o melhor candidato: em qual dos candidatos você votaria depois
de ouvir os discursos? Qual deles conseguiu convencer melhor pelo
discurso apresentado?
OFICINA VI
a) Agora, retoma o texto da Amazônia que está com a professora e o
produz novamente, com apoio das informações coletadas e usando os
quadros sugeridos de coesão e coerência, o plano do texto, a reescrita
e a publicação. Aqui, haverá a comparação do 1º e 2º com o último:
a) 1°= Opinião, sem informações, sem uso do dicionário e sem a
estrutura que o gênero requer.
b) 2°= Opinião, com informações, mas sem o uso do dicionário e sem a
estrutura que o gênero requer.
48
c) 3º= Opinião com informações, plano do texto, elementos coesivos
(uso dos quadros sugeridos) e coerência, uso do dicionário e
reescrita do texto (aspectos linguísticos), assinatura de autoria e
envio ao interlocutor pré-determinado.
Observação: Será muito importante para a aprendizagem do aluno essa
percepção da diferença de qualidade do primeiro para o último texto.
OFICINA VII
a) Os alunos sairão a campo com bloco de anotações e caneta para
entrevistar pessoas sobre a seguinte pergunta: Qual é a importância
do voto na vida do cidadão? – Essas respostas, com o
consentimento e a assinatura do entrevistado, farão parte de um mural
que será amplamente divulgado na escola e fora dela (mercados,
igrejas, associações, creches da comunidade), objetivando chamar a
atenção para a seriedade de votar para o bem de todos e, ainda, para
demonstrar para o aluno que o texto argumentativo está presente no
seu dia-a-dia.
OFICINA VIII
A grande arma do cidadão é, hoje em dia, indiscutivelmente, o voto,
porque é, através dele, que se escolhem governantes para a vida, num
determinado período de tempo. O aluno precisa estar preparado a fim
de votar consciente, portanto a discussão aqui girará em torno da
“importância do voto na vida do cidadão”.
49
Nesse trabalho, o caminho será:
Reconhecimento do tema de discussão;
Busca de informações (aumento da ZDP) com várias leituras e
vídeos sobre o assunto;
Socialização das informações (mural na sala) ;
Escolha do interlocutor vivo;
Revisão dos elementos básicos do gênero argumentativo: tema,
argumentos, comprovação dos argumentos, conclusão;
Montagem do projeto do texto com o esquema e delimitação das
informações.
Título do texto Tese: assunto a desenvolver, ou aquela hipótese eleita como a mais adequada a ser desenvolvida Argumento 1: primeira posição sobre o assunto Argumento 2: segunda posição sobre o assunto Desenvolvimento do Argumento 1: posição com embasamento nas informações coletadas Desenvolvimento do Argumento 2: posição com embasamento nas informações coletadas Conclusão: Resumo do que foi dito com reflexões ou possível solução do problema.
1- Produção do texto utilizando os quadros sugeridos de coesão (cuidar
da coerência interna, externa e da progressão do texto).
2- Correção ortográfica com auxílio do dicionário e entrega para a
professora, passado a limpo respeitando as regras de estética de
texto.
3- Depois da correção da professora, os alunos digitarão o texto na sala
de informática da escola e distribuirão um para cada colega da sala, a
fim de montarem a sua coletânea encadernada. A sala decide a ordem
e a capa sugestiva.
4- A demonstração da coletânea será na biblioteca da escola e na Feira
de ciências, com a presença da TV local, alunos, pais e professores.
50
PARA AJUDAR
Quem iria votar? Conhecendo as conseqüências do voto
obrigatório no Brasil
Zachary Elkins (fragmentos) Departament of Political Science University of California, Berkeley
O artigo enfoca a importância do voto obrigatório para a democracia
brasileira. Através da análise de dados de surveys realizados antes das eleições
presidenciais de 1994 e 1998, o artigo dimensiona as consequências da abolição
do voto obrigatório em termos da igualdade da participação em grupos
demográficos e políticos de eleitores.
Introdução
No Brasil, 5% dos brasileiros pagam impostos, enquanto mais de 80%
votam. A mais comum explicação desse paradoxo (ao menos para a sua segunda
metade) é que os cidadãos brasileiros alfabetizados com idade entre 18 e 70 anos
são obrigados a votar. Os analistas, tanto os que condenam (BOLLEN, 1980)
quanto os que apóiam (LIJPHART, 1995 e 1997), concordam que o voto
obrigatório geralmente aumenta o comparecimento em por volta de 25 pontos (ver
JACKMAN, 1987). Essa estimativa acompanha outros estudos sobre
comparecimento que demonstram que as regras e procedimentos eleitorais têm
um impacto considerável na decisão de votar (Wolfinger and Rosenstone, 1980).
Entretanto, enquanto o alto comparecimento do eleitor é freqüentemente
considerado um sinal da saúde política de um país, o status do voto obrigatório no
Brasil é precário: os que elaboram políticas, grupos de interesses e partidos
regularmente sugerem sua eliminação. Quais são as conseqüências de abolir o
voto obrigatório? Este artigo dimensiona as conseqüências em termos da
igualdade de participação para grupos políticos e demográficos de eleitores
brasileiros.
51
Medindo a igualdade participativa
A principal fonte de dados em que me baseio é um survey realizado pelo
Instituto Datafolha. Os dados, coletados entre 16 e 18 de agosto de 1994, dois
meses antes da eleição presidencial de outubro, compreendem 10.459 eleitores
registrados de 256 municípios. A amostra aleatória estratificada cobre todo o
Brasil, incluindo as capitais de estado. Também utilizo dados de um survey
semelhante realizado antes da eleição de 1998.
A variável dependente à qual me atenho – comparecimento em um
cenário voluntário hipotético – não pode ser medida diretamente. Galen Irwin,
estudando o contexto holandês em que o voto obrigatório fora abolido em 1970,
foi capaz de comparar traços dos eleitores antes e depois daquele ano. No Brasil,
contudo, o voto obrigatório existe continuamente desde 1934 e qualquer
descrição de um eleitor voluntário deve ser puramente hipotética. Como um
indicador, uso a questão: "Se o voto não fosse obrigatório, você votaria?”. Admito
que essa medida é problemática.
Primeiro, os respondentes aumentam o relato sobre sua história eleitoral.
Pedir-lhes para dizer seu comportamento hipotético é pedir por ainda maior
imprecisão. Além disso, as limitações dos dados requerem ao menos dois
supostos no sentido de permitir inferências sobre o efeito na eqüidade. Em
primeiro lugar, deve-se assumir que os indivíduos registrados pesquisados pelo
Datafolha são representativos da população mais ampla. Uma coisa é afirmar que
o voto obrigatório produz um comportamento representativo dos eleitores
registrados, e outra é argumentar que isso representa os brasileiros. De fato, em
termos de igualdade, a questão (obrigatório ou voluntário?) rapidamente torna-se
pouco prática se os grupos já foram excluídos no processo de registro. Entretanto,
dada a grande proporção de brasileiros registrados, este suposto não parece
estar violado.
Em segundo lugar, deve-se assumir que oito entre dez brasileiros que
aparecem para votar em eleições obrigatórias são pouco representativos da
população mais ampla. Esse suposto é útil porque os dados não nos permitem
isolar aqueles que não votam em situações obrigatórias. Se esse suposto é
necessário, também é vulnerável.
52
Educação
O achado de maior demonstração dos estudos sobre participação é o
profundo efeito da escolaridade (p.ex., Wolfinger and Rosenstone, 1980).
Estudiosos sobre participação concordam amplamente que a educação canaliza
seus efeitos de duas formas principais. Primeiro, o aumento da escolaridade afeta
um número de variáveis psicológicas – entre elas, eficácia política, interesse
político, dever cívico e sofisticação política -, as quais, por sua vez, estão
estreitamente associadas com a inclinação do indivíduo em acompanhar a política
e engajar-se em participação política. Em segundo lugar, o aumento da
escolaridade proporciona habilidades práticas aos cidadãos, que facilitam a
negociação das tarefas administrativas necessárias (mesmo mínimas) requeridas
aos eleitores. Verba, Schlozman and Brady (1995) especificam essas relações
com muita precisão em seu modelo.
Os dados do Datafolha não nos permitem destacar diferenças entre
variáveis intervenientes. Uma visão geral inicial nas relações dos dados,
entretanto, indica que os mesmos mecanismos causais são apropriados para o
contexto brasileiro. Por exemplo, os dados mostram que a porcentagem de
brasileiros com algum interesse em política aumenta com o nível educacional.
Dado o forte efeito positivo da escolaridade, as evidências são
problemáticas. Tanto os dados de 1994 quanto os de 1998 mostram que
conforme se passa do nível primário para o secundário e, finalmente, para os
brasileiros de nível superior, o comparecimento aumenta apenas marginalmente.
O fenômeno mais notável é a forte participação dos não-escolarizados, e os
indivíduos mais participativos são aqueles localizados no fim da escala de
escolaridade. O quê poderia possivelmente contar para a natureza super-
participativa dos não-escolarizados no Brasil? As explanações mais plausíveis
dizem respeito ao status singular dos analfabetos anterior à lei. Devemos lembrar
que os analfabetos brasileiros são uma entre muitas categorias não obrigadas a
ter registro ou a votar. Segundo indicam os registros da PNAD, um número
razoável de analfabetos (que são muitos), escolhem não se registrar (ELKINS,
1997). Dado que nossos dados não incluem os não-registrados, é possível que a
amostra de analfabetos não seja representativa. Especificamente, é provável que
aqueles analfabetos incluídos no survey – ou seja, aqueles que se incomodaram
53
em retirar o título de eleitor – sejam mais motivados do que os não-registrados.
Logo, não é correto afirmar que o analfabeto é especialmente participativo, mas
sim, que os analfabetos registrados são, comparados ao restante da população
registrada.
Idade
Muitos estudos mostram que a probabilidade de alguém votar aumenta
com a idade até a última década de vida, quando então as taxas de participação
caem. Há razão para esperar que o mesmo mecanismo causal opere no Brasil.
Primeiro, os brasileiros mais velhos são mais "enraizados" na sociedade e na sua
comunidade. São geralmente menos volúveis e tiveram tempo para desenvolver
algum grau de conhecimento e opinião sobre temas, candidatos e partidos, que
os afetam e à comunidade, assim como são mais propensos a ter vínculos sociais
e organizacionais mais fortes.
Raça
A ausência de efeitos de raça sobre o voto voluntário é surpreendente em
uma sociedade onde se é levado a crer que raça importa. Essa não-
representatividade racial afeta outros modos mais ativos de atividade social e
política? Uma análise da participação em um conjunto de outras atividades
políticas indica que os negros particularmente não estão representados em tipos
importantes de participação política (p.ex, membros de partidos políticos), assim
como tipos de participação social (p.ex. clubes esportivos e culturais) (Elkins,
1997). Por que ocorre que um grupo de pessoas marginalizadas em outras
atividades voluntárias é bem representado entre eleitores voluntários? O voto –
considerados os seus custos relativamente baixos – é menos proibitivo para
minorias raciais que as outras atividades? O caso norte-americano, ao menos, é
discordante dessa explicação (Elkins, 1997). Há algo especial nas eleições
brasileiras. Uma explicação é que o voto obrigatório serviu de algum modo para
criar normas e hábitos de votar – normas e hábitos que não conseguiram se
desenvolver em outras formas de participação.
54
Renda
Muitos estudos sobre participação descrevem os votantes como mais
ricos do que os não-votantes. Não é difícil entender as razões dessa relação. Da
mesma forma que a educação, renda deveria afetar algumas das mesmas
variáveis psicológicas que levam à participação. Os cidadãos mais ricos
geralmente têm um senso maior de eficácia. Os mais ricos sentem provavelmente
mais que podem afetar o governo e que o governo lhes é responsivo. Outras
medidas de engajamento político também seriam afetadas. Wolfinger and
Rosenstone (1980) sugerem cinco papéis para a renda (p.20-22):
Região
No Brasil, mais que em qualquer país da América Latina, não se pode dar
pouca importância às diferenças regionais. Os quase 200 milhões de habitantes
estão espalhados em uma área que cobre a maior parte da América do Sul.
Redes de comunicação e uma infraestrutura subdesenvolvida limitam a
integração, especialmente no Norte. Se por um lado o Brasil moderno não se
aproxima da descrição de Robert Wiebes das "comunidades ilhadas" de fins do
século 19 nos Estados Unidos, faz muito sentido considerar as regiões como
unidades distintas.
Entretanto, as regiões brasileiras, como em qualquer lugar, são
amplamente distintas por seu grau de urbanização e industrialização. Regiões
podem refletir culturas políticas diferentes por outras razões, mas frequentemente
tais diferenças podem ser explicadas pelas diferenças entre o rural e o urbano.
Cenários rurais, onde os cidadãos não estão convenientemente localizados
próximos às urnas, impõem maiores custos de transportes para os eleitores. De
fato, o efeito regional diminui quando controlamos como medida a urbanidade do
respondente.
55
Conclusão: implicações para a democracia no Brasil
Se a evidência sustenta a hipótese que votar traz efeitos positivos sobre a
eficácia política, interesse político e sofisticação política, as implicações para o
voto obrigatório são profundas. Fazer votar pode bem significar, com efeito,
encorajar indivíduos marginalizados a propor idéias, definir políticos responsivos,
e buscar fazer diferença na forma como o governo funciona. Em uma sociedade
como a brasileira, onde existem níveis extraordinariamente altos de desigualdade
e onde a transição para a democracia não está completada, tal catalisador é
altamente desejável.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762000000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 13 jul. 2010.
O GÊNERO PUBLICITÁRIO
Já dizia Einstein (1996, p.55), que “não basta ensinar ao homem uma
especialidade (...) com o perigo de torná-lo uma máquina, mas não com
personalidade. É preciso, enfim, desenvolver o espírito crítico na inteligência do
jovem”, a fim de possibilitar um convívio social no qual se sinta integrado sabendo
portar-se e posicionar-se diante do que lhe é imposto no seu cotidiano, por ser um
ser concreto que atua na realidade concreta, cobrando-lhe diferentes posições e
discernimentos.
A sociedade moderna, na visão de Pinto e Gasparotto (1999, p.124), “se
torna cada vez mais complexa, exigindo conhecimentos e habilidades que são
adquiridos de forma sistemática e que serão reproduzidos pelo indivíduo no
cotidiano”, E, se esse não for devidamente preparado, corre-se o risco de ser
passado para trás em situações que exigiriam dele um mínimo de criticidade.
É antigo o uso da propaganda para convencer o sujeito de comprar esse
ou aquele produto:
Fonte: Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_ buscims2.php>. Acesso em: 13 jul. 2010.
57
Fonte: Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm _buscims2.php>. Acesso em: 13 jul. 2010.
Para Mello (1994, p. 32),
Não se trata mais de alfabetizar para um mundo no qual a leitura era +privilégio de poucos ilustrados, mas sim para contextos culturais nos quais a decodificação da informação escrita é importante para o lazer, o consumo e o trabalho (MELLO, 1994, p. 32).
Esse posicionamento da autora ilustra bem o trabalho em sala de aula
que sai do quadrado com o ensino de gêneros, ensinando tanto a função
social, bem como a sua forma, procurando inserir o aluno no seu contexto
social e esperando que o mesmo esteja cada dia melhor ao se deparar com
qualquer uma das esferas.
Nesse contexto, de fazer com que o educando saiba posicionar-se, e
falando desse trabalho com o gênero argumentativo, importante também, e um
dos que mais tem contato é com os gêneros da esfera publicitária, como
anúncio, caricatura, cartazes, comercial para TV, E-mail, folder, fotos, slogan,
músicas, paródia, texto político placas, publicidade comercial, publicidade
institucional, publicidade oficial e, já que não é comum os alunos aprenderem os
gêneros de forma natural sob a visão de Dolz e Schneuwly (1998) apud
58
Marcuschi (2005, p. 36), enfocam-se os mesmos de forma sistematizada em sala
de aula, esperando, com isso, melhorar a qualidade de vida dos mesmos. Esse
enfoque dado aos gêneros da esfera publicitária é devido à sua capacidade de
transformar e influenciar e exercer poder na sociedade, provocando mudanças
nos hábitos das pessoas:
Fonte: Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_ buscims2.php>. Acesso em: 13 jul. 2010.
Importante colocar as características de contextualização e do referente
(conteúdo temático) que contribuem e conduzem na leitura coerente e crítica do
texto (CRISTOVÃO, 2006). Aqui, segue a divisão dos contextos proposta por
Bronckart (1999):
59
CAPACIDADES DE LINGUAGEM
CAPACIDADE DE AÇÃO
(o papel social exerce influência direta no leitor)
Contexto físico:
• emissor: a pessoa que produz
concretamente o texto;
• receptor: a(s) pessoa(s)
concreta(s) que recebe(m) o
texto;
• lugar de produção do texto:
local onde a produção é
desenvolvida;
• momento de produção do
texto: o tempo concreto em
que ocorre sua produção;
Contexto social
• destinatário: o papel social que é atribuído
ao receptor naquela interação específica
(aluno, diretor; colega, etc.);
• enunciador: o papel social que o emissor
desempenha numa determinada interação
(professor, cliente, amigo, etc.);
• lugar social do texto: a forma de interação
social em que o texto foi produzido (mídia),
(família, escola, etc.);
• objetivo social do texto: o efeito do texto
sobre o destinatário.
CAPACIDADE DISCURSIVA:
Estruturação do discurso (planificação textual global).
No anúncio publicitário – verificação do título, o corpo do texto, o layout, o slogan, o
endereço, a ilustração e a cor.
60
CAPACIDADE LINGUÍSTICO DISCURSIVA
A micro-estrutura do texto (mecanismos de ocorrência das unidades lingüísticas) que
auxilia na compreensão global do texto para a realização da(s) ação(ões) implicada(s) na leitura
de um anúncio.
Como o objeto de estudo é a publicidade, é bom saber das palavras de
Ferronato e Ferronato (2001, p. 15), as quais nos mostram a importância de
aprofundarmos os estudos na área da publicidade. Dizem eles: “A publicidade
manipula, por intermédio dos símbolos, uma série de representações sociais e
demonstra que tem um grande espaço disponível para falar com a sociedade e
dessa sociedade”.
E, é para que o educando consiga lidar com essas manipulações, porque,
como já foi dito nenhum texto é neutro, que a capacidade de perceber essas
situações de uso da língua precisa ser desenvolvida no cotidiano escolar. Este
fator é reforçado por Schneuwly e Dolz (2004, p.52) ressaltando que as
capacidades de linguagem “evocam as aptidões requeridas do aprendiz para a
produção de um gênero numa situação de interação determinada”.
No caso da publicidade, há pessoas tentando convencer outras a se
comportarem de determinada maneira e todo cuidado é pouco para não se deixar
levar por grupos manipuladores tanto de produtos, bem como de ideias.
É comum, em toda parte, a publicidade vir com ideias que interferem nas
opiniões das pessoas sem que essas percebam, acabando tão envolvidas que
não têm outra escolha senão pensar e agir de acordo com o que pretendem dela.
São, aí, os grupos dominantes que fazem pensar que se está agindo em proveito
próprio, mas há sempre algo maior por trás, de interesse comercial ou político.
Aqui, Sant’ Anna diferencia a propaganda e publicidade:
A propaganda é uma mensagem que requer pagamento e que pode ter diferentes propósitos, de tornar público ou de estender e multiplicar, um produto ou um serviço. A publicidade conceitua-se como “comunicação de massa”, com finalidade de difundir informações, desenvolver atitudes e conduzir a ação com benefícios para a empresa que anuncia. Geralmente essa ação consiste na aquisição de um produto ou serviço (SANT’ANNA, 1998, p.133).
61
Para que o sujeito saiba o que é, faz-se necessário saber como funciona
o processo de produção, quem são os envolvidos e como agir para não se deixar
manipular pela publicidade, principalmente da propaganda, de acordo com Garcia
(1994. p. 7-9): ideológica (o emissor manipula idéias em proveito próprio,
querendo formar a maior parte das idéias e convicções do indivíduo, orientando
seu comportamento social) comercial (venda de produtos, serviços, ou imagem),
ou eleitoral (convidam a votar em determinado candidato). Essas são produzidas
por agências de propaganda, com profissionais especializados que verificam
todos os aspectos e melhores veículos para divulgação com o intuito de alcançar
o objetivo em vista, com o intuito de influenciar as opiniões num sentido
determinado.
Sant’Anna (1998) apresenta a estrutura da propaganda, que, de acordo
com os estudiosos, tem sido de características estáveis:
• o titulo, que serve para chamar a atenção do leitor;
• o texto, que traz o desenvolvimento do tema cuja cristalização já
ocorreu no título. O texto é categorizado em racional (com informações sobre o
produto, vantagens e razões para a compra) ou texto emotivo (com sentimentos,
salientando os efeitos do produto).
Carvalho (1996) afirma que a argumentação do texto publicitário é
icônico-linguística, o que induz o receptor a convencer-se de forma consciente ou
inconsciente. Ademais, embora observamos que o emissor permaneça ausente
do texto, ele estabelece um diálogo com a utilização de sentenças imperativas
referentes ao produto ou serviço e que agem no leitor. Carvalho (1996) observa
ainda que “a publicidade impõe, nas linhas e entrelinhas, valores, mitos, ideais e
outras elaborações simbólicas, utilizando os recursos próprios da língua que lhe
serve de veículo, sejam eles fonéticos, léxico-semânticos ou morfossintáticos”
(CARVALHO, 1996, p.13).
Podemos ainda encontrar rimas, aliterações, comparações, polissemia,
metáforas, ironia e exagero próprias do processo da criatividade. Conforme
Carrascoza (1999), o texto publicitário segue a visão aristotélica de texto coerente
e ocorre em quatro etapas: o exórdio (introdução do discurso com o que se
pretende dizer); a narração (trazer fatos conhecidos e mostrar sua importância);
as provas (demonstrativas e tem a função de aconselhar) e a peroração (epílogo).
Como observa o autor, os textos seguem uma unidade, uma estrutura circular, a
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escolha lexical, as figuras de linguagem, a função conativa (referencial, emotiva,
conativa ou imperativa, fática, metalingüística e estética), os estereótipos, a
substituição de nomes, a criação de inimigos, apelo à autoridade, afirmação e
repetição.
• O slogan - frases curtas e concisas que resumem o lema do produto ou
serviço.
Na parte não verbal são comuns:
• O layout – ou seja, o estilo da paginação, tem como função guiar o leitor
a um ponto de partida e continuação da leitura.
• A ilustração e a cor – esses elementos auxiliam para reforçar a
mensagem, tornar o texto mais interessante, induzir a leitura e estimular a
obtenção do produto ou serviço.
Quando se leva em consideração que o aluno é um ser social e que
precisa aprender o processo para que consiga viver melhor, sabendo onde pode
estar, porque o seu nível de linguagem o permite estar ali, e como consegue
identificar o que lhe prejudica ou não, o ensino de língua cumpre o seu papel.
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Pausa
OFICINA IX
A Publicidade Comercial está presente no dia-a-dia do aluno. Ela tem por
elementos básicos: título, texto, layout, slogan, ilustração e cor.
Para produzir em dois ou três alunos:
Uma empresa da cidade veio até a NOSSA EMPRESA de publicidade
pedir uma propaganda para seu novo produto.
Determinar:
1- Assunto;
2- Público alvo;
3- Intencionalidade;
4- O gênero escolhido;
5- Estrutura do gênero;
6- As capacidades de linguagem;
7- Em comissão, determinar o vocabulário de acordo com o público alvo;
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8- Pesquisar em várias fontes para saber sobre o produto;
9- Montar o texto em rascunho (corrigir) ;
10- Montar o trabalho para expor na sala ou num mural.
OFICINA X
1. O aluno irá trazer propagandas políticas e ideológicas para análise
das capacidades de linguagem e estrutura organizacional e em que
influenciará na sua vida. Expor as mesmas num mural.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A linguagem presente no cotidiano do homem o faz estabelecer
comportamentos de acordo com a maior ou menor afinidade que possui com os
gêneros aos quais se depara, regulando assim, (BRONCKART, 2007, p.34) “as
modalidades dos acessos dos indivíduos aos objetos do meio”, que advém do
“agir comunicativo” (BRONCKART, 2007, p.33) contribuindo para a ascensão ou
não do ser na sociedade. O trabalho com os gêneros, na escola, fará a diferença
na vida desse educando, o qual sentirá os efeitos desse saber no convívio social.
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Indiscutivelmente:
“A linguagem é uma Torre de Babel e cada um que se cuide e se esmere
para entender e ser entendido”.
(Carmen Salete Garbin Ostrowski)
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