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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7 Cadernos PDE 2007 VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7Cadernos PDE

2007

VOLU

ME I

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ASSENTAMENTO RIO PERDIDO:

HISTÓRIA E MOBILIDADE SOCIAL (1985 – 2007)

Paula Estela Carletto¹Orientador: Ariel José Pires²

Co-orientadora: Nilza Maria Hoinatz Schmitz³

Resumo:Este artigo tem como objeto o estudo de movimentos sociais no Brasil, especificamente o MST, em especial o Assentamento Rio Perdido, localizado no município de Quedas do Iguaçu – PR. O objetivo dessa experiência é demonstrar que a História está em constante movimento. É reescrita todos os dias e interpretada de maneiras diferentes. A pesquisa baseou-se em pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico. Um aspecto observado no Assentamento Rio Perdido é a constante troca e venda de lotes entre os assentados. Algumas dessas trocas foram devidamente comunicadas e regulamentadas, outras realizadas clandestinamente. Apenas um assentamento de sem-terras não garante a implantação da reforma agrária, pois esta tem caráter mais amplo, significam a conquista do principal elemento que é a terra.Palavras chave: Movimentos sociais, Reforma Agrária, Assentamento.

Summary: This article has as object the study of social movements in Brazil, specifically MST, especially the Establishment Lost Rio, located in the municipal district of Falls of Iguaçu - PR. The objective of that experience is to demonstrate that the History is in constant movement. It is everyday rewritten and interpreted in different ways. The research based on having presupposed theoretical-methodological of the historical materialism. An aspect observed in the Establishment Lost Rio is the constant it changes and sale of lots among them seated. Some of those changes were properly communicated and regulated, other accomplished secretly. An establishment of without-lands doesn't just guarantee the introduction of the agrarian reform, because this has wider character, they mean the conquest of the main element that is the earth.Words key: Social movements, Reforms Agrarian, Establishment.

¹Professora de História do ensino fund. e médio da rede estadual do Paraná – PDE/2007;²Professor Dr em História da Universidade Estadual do Centro Oeste – PR; ³Professora Ms de História do ensino fundamental e médio da rede pública estadual do Paraná.

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ASSENTAMENTO RIO PERDIDO: HISTÓRIA E MOBILIDADE SOCIAL

INTRODUÇÃO

Este artigo foi organizado com objetivo de divulgar pesquisa

realizada através do Programa de Desenvolvimento Educacional –

PDE, da Secretaria de Estado da Educação – SEED/PR, executado

durante o segundo semestre de 2007 e primeiro semestre de 2008.

A pesquisa tem como objeto de estudo os movimentos sociais

no Brasil, em especial o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais

Sem Terra - e o Assentamento Rio Perdido, localizado no município de

Quedas do Iguaçu, divisa com o município de São Jorge D´Oeste,

Oeste e Sudoeste do Estado do Paraná, que é resultado das ações do

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST.

O objetivo da experiência realizada é demonstrar que a História

é um constante movimento, reescrita todos os dias e interpretada de

várias maneiras. Pode ser transmitida de maneiras diferentes e com

modos diversos de estímulo a fim de possibilitar a percepção de uma

realidade, desenvolvendo o espírito crítico/analítico.

O Ensino de História a partir de estudo de caso, principalmente

da História Local e instigante. Por este motivo a pesquisa envolveu

alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Pe. José de Anchieta do

Município de São Jorge D´Oeste para o processo de produção do

conhecimento histórico, através da pesquisa de campo.

Considera-se que a proposta pedagógica para o Ensino de

História do governo do Estado do Paraná está baseada na Pedagogia

Histórico Crítica dos Conteúdos desenvolvida por Dermeval Saviani

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(2000), a partir da sua interpretação do Materialismo Histórico

Dialético. Incorpora também a abordagem referente à Nova História

Cultural, valorizando problemáticas do cotidiano, memória e a cultura.

A pesquisa baseou-se na concepção materialista histórica

dialética, que foi construída no século XIX, por Karl Marx e Friederich

Engels. Esta constituía-se em um método aplicado a problemas

concretos e ideológicos da História. Seu objetivo é de diagnosticar o

modo como se estruturavam os processos históricos, através da ação

humana em relação à natureza e à sociedade, a partir da formação

social, modo de produção, meio de produção, forma de produção,

ideologia, estado e instituição.

Partindo de problemas presentes, compreender o passado. Para

Marx (1983: p 122) o capitalismo desenvolvido é o ponto de partida

para problematizar experiências do passado ao esclarecer onde se

localizavam, no tempo e no espaço, as permanências e mudanças nas

estruturas da sociedade.

Ainda segundo Marx, (Idem, ibidem.) as relações de produção

determinam as demais relações existentes na sociedade.

É neste contexto que se insere o estudo de movimentos sociais

como o caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a

formação do assentamento.

O MST se constituiu durante o processo de democratização do

país, no final da década de 1970, resultado de avanços nas lutas no

campo e na organização dos trabalhadores.

A pesquisa realizada buscou estudar uma experiência

contemporânea de trabalhadores rurais em movimentos de

resistência organizada, no Sudoeste e Oeste do Paraná, na faixa de

fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina, desde a década de

1980. O interesse pela investigação baseou-se nas contradições

evidenciadas nos processos de organização vividas pelos assentados.

Para a pesquisa optou-se pela escolha do Assentamento Rio Perdido,

localizado no município de Quedas do Iguaçu, com sessenta famílias

assentadas vinculados ao MST.

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O assentamento de Rio Perdido no município de Quedas do

Iguaçu foi formado pelo INCRA – Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária - na década de 1990, mas muitas famílias estão

abandonando a terra em busca de novas formas de vida ou outras

áreas de terra. Vendem seu direito de exploração para terceiros, que

por sua vez se apossam desta terra. As migrações ocorrem de

assentamentos para assentamentos; de assentamentos para cidades

e de dissidentes para outros assentamentos de forma aleatória, sem

legitimação, deixando muitos agricultores em situação cada vez mais

degradante. Existem contradições nos processos de organização das

diferentes formas de cooperativas ou associações e no modo como

foram vividas pelos assentados.

O MST prega uma contínua luta pela desapropriação de terras,

de grandes propriedades improdutivas. Ocupa fazendas e “conquista”

o direito dessas propriedades através da Reforma Agrária, realizada

pelo INCRA. Depois da conquista, muitos assentados abandonam a

área, vendem-na e partem para outras conquistas em outras frentes.

É o que tem ocorrido no Assentamento do Rio Perdido. Pretendeu-se

buscar respostas para perguntas como: Por que ocorrem abandonos

de áreas e com que intensidade? Falta apoio do INCRA ou das

Prefeituras? As propostas de cooperação através de formas coletivas

da terra e do trabalho, não seriam consideradas um limite à liberdade

e autonomia? Os assentados individuais seriam discriminados pela

coletividade e pelas autoridades no momento de conseguirem

incentivos financeiros? A vida nos assentamentos tem garantido a

qualidade de vida individual e coletiva esperada pelos trabalhadores

rurais?

A escolha desta pesquisa se justifica também a um interesse

maior, que seria chamar a atenção do aluno para a importância de

cada indivíduo no processo histórico. “A questão de fundo (...) é a

integração entre o que é ensinado e as experiências de vida dos

próprios alunos, de forma que possam interagir como sujeitos

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conscientes com a História que estudam e com a História que fazem,

como atores sociais.” (MATTOS, 1998)

Ou seja, o indivíduo entra em contato direto com os atores

sociais, com os agentes da história, e desta forma, integra-se à

mesma.

OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL

Antes de se analisar especificamente algumas questões do

Assentamento Rio Perdido, se faz necessário um breve histórico das

lutas populares no Brasil.

Desde o período colonial, as revoltas e manifestações regionais

demonstraram os desejos do povo de melhorar suas condições de

vida, porém, na sua maioria, foram reprimidas.

A independência do Brasil ocorreu sem participação popular,

considerando que foi o próprio príncipe regente, herdeiro do trono

português, que a proclamou.

Devido à existência das Inconfidências Mineira e Baiana, pode-

se concluir que seria possível uma independência com luta popular,

seguida de instituição de uma República.

Durante o período monárquico brasileiro, a participação

popular foi ínfima uma vez que o voto era censitário e a existência do

poder Moderador dava plenos poderes ao imperador. Mesmo assim,

ocorreram eventos importantes para a construção da cidadania do

país, mas que em pouco tempo acabaram massacrados pelas forças

do governo.

Exemplo de movimento popular ocorrido no Brasil é a Revolta

de Canudos, que ganhou projeção nacional com Euclides da Cunha,

através de sua obra Os Sertões.

Exemplifica ainda o controle da participação popular, a

Proclamação da República no Brasil, considerada mais uma manobra

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política das elites para garantirem o poder.

O Estado brasileiro sempre tratou a questão social como caso

de polícia. É o que retrata GOHN, onde fala sobre o Contestado:

Este movimento (...) foi caracterizado pela história tradicional como fanatismo religioso. Entretanto foi uma luta de camponeses sem terras, posseiros e pequenos proprietários, que durou três anos e chegou a ser caracterizado pelas forças governistas como uma “guerra”. A região do Contestado, na divisa dos estados do Paraná com Santa Catarina, tinha a presença de trustes do capital estrangeiro na construção de uma ferrovia. O governo havia doado faixas de solo às margens da ferrovia. Mas havia ainda disputa de fronteiras entre os estados de Santa Catarina e do Paraná (daí a origem do nome: Contestado). A luta mobilizou vinte mil camponeses e metade dos efetivos do Exército brasileiro foi convocado para exterminá-los. (GOHN, 1995: p. 73,74)

A mesma autora assim se refere ao cangaço:

Movimentos considerados por muitos historiadores como “banditismo social”, pois muitos deles roubavam dos ricos para dar aos pobres; eram compostos por grupos que assaltavam e seqüestravam as fazendas. Dentre as figuras do cangaço destacavam-se as de Lampião e Maria Bonita, mortos por degola em 1939. (GOHN, 1995: p. 76)

Durante o século XX, as lutas sociais foram adquirindo caráter

urbano devido à industrialização e o surgimento de novas categorias

sociais. A classe operária passa a mobilizar-se por melhores salários e

condições de vida e, juntamente com a classe média, luta por

moradia, educação e saúde, além de várias outras questões

regionais, étnicas, de gênero e ideológicas.

Os movimentos sociais de maior vulto concentraram-se em

greves de operários e dos setores estatais.

Os movimentos sociais no campo, pela Reforma Agrária

ocorrem a partir de 1958, fazendo parte das Reformas de Base.

Contudo, os latifúndios, defendendo interesses próprios, criaram

empecilhos para que não se efetivasse.

Os Atos Institucionais do período militar davam plenos poderes

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ao Presidente da República, iniciando-se o período da tortura a presos

políticos.

Nos governos dos generais Ernesto Geisel e João Baptista

Figueiredo, efetivou-se a reabertura política, sendo em 1979, através

de uma Reforma Partidária, extinto o bipartidarismo e

regulamentadas novas agremiações políticas.

Os anseios de redemocratização do país neste período geraram

ações coletivas, os movimentos sociais expressavam o desejo de uma

sociedade sem discriminações. Já nos anos 1990, a sociedade civil

passou a desacreditar nas ações do Estado e a acreditar na sua ação

independente. A cidadania e a solidariedade passam a mobilizar

grupos sociais. (GOHN, 1995).

Foi neste contexto que se intensificou o Movimento dos

Trabalhadores Sem Terra. O MST surgiu oficialmente em 1984.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST

“A ocupação torna-se uma condição para a territorialização, pois é dessa forma que os sem-terra se movimentam e se mobilizam por todo território nacional...” (FABRINI, 2001: p. 67)

No Brasil, a primeira forma de distribuição de terras foi através

das Capitanias Hereditárias, depois foi pelo sistema de sesmarias.

Durante o período abolicionista legislou-se o processo de posse, com

Lei de Terras de D. Pedro II (lei 601), de 18 de setembro de 1850.

Como esta lei era discriminatória, surgiram os primeiros

movimentos camponeses para facilitar o acesso a terra.

Na Constituição de 1946 apareceu pela primeira vez a

necessidade da reforma agrária, pois a propriedade de terras no

Brasil estava concentrada nas mãos de uma minoria, o que impedia o

progresso econômico do meio rural e a distribuição da renda e justiça

social. Proliferavam os conflitos pela terra, muitos de caráter violento.

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De um lado camponeses pobres e de outros supostos proprietários

(grileiros).

No início da década de 1960, os movimentos dos camponeses

tornaram-se cada vez mais fortes com melhor organização da classe

e sob influência de organizações políticas e partidárias.

Durante o governo Goulart, em 1962, a reforma agrária passou

a fazer parte do programa das Reformas de Base, porém, com o golpe

militar de 31 de março de 1964 implantou-se a ditadura militar,

pondo fim a qualquer iniciativa de Reforma Agrária. Os pobres do

campo tiveram que optar entre a migração para as cidades para

servir de mão-de-obra barata e sem qualificação ou para regiões do

norte do país.

No dia 30 de novembro de 1964, o Presidente da República,

Humberto de Alencar Castelo Branco, após aprovação pelo Congresso

Nacional, sancionou a Lei nº 4.504, que tratava do Estatuto da Terra.

O capitalismo impulsionado pelo regime militar brasileiro

(1964-1984) promoveu a modernização do campo, por meio do

crédito rural. Isto resultou na incorporação das pequenas

propriedades rurais pelas médias e grandes, pois a monocultura da

soja exigia maiores propriedades e o crédito facilitava a aquisição de

terra.

A partir de 1970, como substitutivos da reforma agrária, o

governo Federal lançou vários programas especiais de

desenvolvimento regional. Entre eles, o Programa de Integração

Nacional - PIN (1970); o Programa de Redistribuição de Terras e de

Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste - PROTERRA (1971); o

Programa Especial para o Vale do São Francisco - PROVALE (1972); o

Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia -

POLAMAZÔNIA (1974); o Programa de Desenvolvimento de Áreas

Integradas do Nordeste - POLONORDESTE (1974)

(www.planalto.gov.br)

Nos primeiros quinze (15) anos de vigência do Estatuto da Terra

(1964-1979), o capítulo relativo à reforma agrária, na prática, foi

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abandonado, enquanto o que tratava da política agrícola foi

executado em larga escala. (idem)

Os dados sobre a propriedade da terra, citados por Stédile,

demonstram a situação fundiária no Brasil:

O território brasileiro equivale a aproximadamente 850 milhões de hectares, incluídas áreas ocupadas pelos rios, montanhas e depressões. Até 1992, segundo o INCRA, cerca de 600 milhões de hectares já haviam sido ocupados, já possuíam proprietários legalizados ou posseiros. Haveria cerca de 250 milhões de hectares (maioria na Amazônia) quase totalmente inabitados. Por fraude ou corrupção, titularam-se enormes extensões de terras públicas, sem nenhum critério ou pagamento, a grandes latifundiários, políticos ou pessoas envolvidas com as elites que governavam os Estados. Dentro das terras públicas encontram-se cerca de 95 milhões de hectares pertencentes aos povos indígenas, distribuídos em 545 reservas, menos da metade demarcada e o restante só localizado no mapa. (STÉDILE, 1997.)

Segundo a FAO (Fundação das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação), em 1990, o Brasil era o segundo país do mundo em

concentração de terra. Dados do IBGE/85 (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) mostram que três (3) milhões de pequenos

proprietários (53% da população rural) possuíam menos de 10

hectares, um total de 3% das terras, enquanto cinqüenta (50) mil

grandes proprietários (0,83% da população rural possuíam 43,4 % das

terras). A mesma entidade afirma que a concentração da terra tem

aumentado ainda mais no início do século XXI.

O MST surgiu no processo de democratização do país como

resultado de avanços nas lutas no campo e na organização dos

trabalhadores.

Em janeiro de 1984, em Cascavel, no Paraná, organizou-se

como um movimento nacional de luta pela terra e pela reforma

agrária. O MST se transformou no principal movimento social de

organização dos trabalhadores na luta pela reforma agrária, embora

não seja o único.

De acordo com Stédile, os objetivos incluem a conquista de

terras e a implantação dos assentamentos, a garantia de trabalho a

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todos os trabalhadores rurais e a melhoria das condições de vida,

com justiça social e igualdade de direitos. (STÉDILE, 1997)

O acesso a terra seria primeira condição para superar a

condição de exclusão em que se encontram as diversas categorias de

trabalhadores do campo.

As características do programa do MST são descritas por Stédile

como:

Modificação da estrutura da propriedade da terra; subordinação da propriedade da terra à justiça social; garantia de que a produção esteja voltada para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico e social dos trabalhadores; apoio à produção familiar e cooperativa; aplicação de programa especial de desenvolvimento para o semi-árido; desenvolvimento de tecnologias adequadas à realidade brasileira; busca do desenvolvimento rural. (STÉDILE, 1997)

O MST considera sem-terra os arrendatários, meeiros e

parceiros que pagam renda pelas terras a outros proprietários;

pequenos posseiros ocupantes de áreas de menos de cinco (5)

hectares; proprietários de áreas de menos de (cinco) 5 hectares; seus

filhos adultos; trabalhadores rurais que vivem como assalariados e

desejam ter terra própria. (STÉDILE, 1997)

No Paraná, os projetos de colonização foram realizados na

intenção de resolver conflitos, através de uma ação tópica que

resultou na realização de sete projetos de colonização na primeira

metade da década de 1980, onde estão assentadas 686 famílias nos

municípios de Arapoti, Toledo, Cel. Domingos Soares, Clevelândia e

Candói. (STÉDILE, 1997)

A legislação brasileira vigente é suficiente para que se implante

a reforma agrária. O que falta é determinação política dos governos.

Com a nova lei agrária de 1993, que determina a desapropriação das

grandes propriedades improdutivas, o governo poderia dispor de 115

milhões de hectares que se enquadram nesta classificação, atingindo

57.188 proprietários, ou seja, 2,8% do total. Desta forma, mais de

cinco (5) milhões de famílias, ou seja, a totalidade dos sem-terra

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existentes poderia ser beneficiada sem que fosse afetado nenhum

hectare de terra produtiva. (STÉDILE, 1997)

No final de 1992 publicou-se o resultado de uma pesquisa que

revelou a viabilidade sócio-econômica dos assentamentos e

comprovando sua eficácia para combater a miséria no campo.

Segundo a FAO, em média, as famílias assentadas possuem uma

renda mensal de 3,7 salários mínimo, muito superior à de um

trabalhador sem-terra, que está em torno de 0,7 salários mínimos. Na

região Sul do Brasil esta renda chega a ser superior a cinco (5)

salários mínimos. fica demonstrada, assim, a viabilidade econômica

dos assentamentos, se considerar que a média da renda familiar

brasileira é de 3,8 salários mínimos. O grau de desistência das terras

pelas famílias atinge em média no Brasil 20%. Para a FAO, está

dentro da normalidade. (STÉDILE, 1997)

Diferentes fatores influenciam a produtividade dos

assentamentos e sua rentabilidade, como as reais condições que os

assentamentos possam ter com relação a terras férteis, próxima ao

mercado consumidor e a possibilidade de obtenção de crédito-capital

para investir em equipamentos, máquinas e organizar a produção.

Existem divergências em relação à forma de exploração do

assentamento, se de forma individual ou coletiva. Como nem sempre

há indicação da extensão da terra prometida, nem do tamanho do

lote, nem do numero de famílias beneficiadas, também não se explica

como uma família sozinha faria para produzir numa área calculada de

aproximadamente 35 hectares. (MARTINEZ: 1997) Sem atrair a seu

convívio outras famílias ou mão de obra assalariada.

Segundo Martinez, é importante a constatação da necessidade

de ocupação e exploração coletiva da terra, seja pela necessidade de

mão-de-obra, seja pelo alto custo dos equipamentos, insumos e

irrigação, inacessíveis ao pequeno proprietário. Seria o caso de cada

um renunciar a posse individual para fomentar a exploração coletiva.

A maior ou menor produtividade da terra não está no seu tamanho,

mas no sistema de sua utilização. (MARTINEZ: 1997)

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Já para Faoro, os assentamentos não farão do assentado um

proprietário, com escritura registrada em cartório, mas um mero

detentor de uma concessão de uso. Será apenas mais um

concessionário (poderá cultivar a terra, mas não ser dono) de terras

de Poder Público, a título precário (não definitivo) e com encargos

(deverá comprovar vocação agrícola, podendo perder o uso da terra).

(FAORO: 1987)

Afirma, ainda, que existe a tendência ao coletivismo, inclusive

no Sul do Brasil, alegando-se ser para disciplinar os lavradores para

os assentamentos definitivos. Como os assentamentos têm objetivos

sociais e econômicos, acredita que isto leva ao fracasso, pois se retira

a livre iniciativa e a propriedade privada, levando ao desinteresse,

confusão, discórdia e a estagnação. (FAORO: 1987) Por outro lado,

segundo Fabrini, a Reforma Agrária e a proposta de produção

agropecuária nos assentamentos através de cooperativas, estão

inseridas num contexto ideológico que deve servir aos trabalhadores

sem-terra e não reproduz o modelo capitalista de produção

dominante no campo. (FABRINI: 2001)

É possível verificar as diferenças desses autores, uma vez que,

para Fabrini, a idéia de cooperativas é importante para questionar a

dominação do capital no campo.

O ASSENTAMENTO RIO PERDIDO

Os assentamentos são resultantes da ação de movimentos

organizados através de lutas de resistências e ocupações de terra

que se desencadearam a partir do final da década de 1970 no Brasil.

O imóvel Rio das Cobras, também conhecido como Fazenda Rio

Perdido, que leva este nome por ser cortado por um rio com o mesmo

nome, foi ocupado por um grupo de sem terra em 16 de dezembro de

1985.

O assentamento de Rio Perdido no município de Quedas do

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Iguaçu foi formado pelo INCRA em 1992, mas a maioria dos

agricultores sem terra que vive no local estava acampada na entrada

da Fazenda Rio Perdido, no local conhecido como Portão, desde 1984,

organizado pelo MST.

“Os setores contrários à reforma agrária declaram que os

assentamentos não deram certo, são ineficientes e se transformam

em verdadeiras favelas rurais.” (STÉDILE, 1997) Isto ocorre porque

muitos assentados abandonam, vendem, partem para outras

conquistas, outras lutas. É o que tem ocorrido no Assentamento do

Rio Perdido no município de Quedas do Iguaçu – PR.

O assentamento Rio Perdido compreende uma área de

1.204,263 ha, da Fazenda Rio Perdido, que fazia parte do imóvel

maior denominado Rio das Cobras. A mesma foi adquirida pelo

Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário – MIRAD através de

negociação amigável, conforme portaria nº. 233 de 12 de novembro

de 1987 e registrado em nome da União Federal sob a matrícula nº.

865 do Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Quedas do

Iguaçu, Estado do Paraná, em 11 de maio de 1988. A título de

indenização foi efetuado pelo MIRAD, o pagamento total de Cz$

32.472.000,00 (trinta e dois milhões, quatrocentos e setenta e dois

mil cruzados) a seu antigo proprietário, o senhor Darci Mario Fantin.

(INCRA, 1988)

Para o caso do Assentamento Rio Perdido, a área foi dividida em

60 (sessenta) lotes, com uma área aproximada de (20) vinte hectares

cada um, conforme anexo I.

O imóvel localiza-se a 25 km da sede do município, com acesso

fácil pela rodovia pavimentada - PR 473, no sentido Quedas do Iguaçu

– Usina Hidrelétrica de Salto Osório. Este pode ser subdividido em

área aproveitável (627,00 ha.), área explorada (180,00 ha), área de

reserva legal (240,00 ha), área inaproveitável (150,00 ha) e área para

infra-estrutura (3,00 ha). (INCRA, 1988)

O documento oficial de regulamentação e desapropriação desse

imóvel consta no anexo II.

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De acordo com dados do INCRA, “predomina no imóvel a Terra

Roxa Estruturada Eutrófica, textura argilosa, fase floresta tropical

perenifólia (70%), com associação de solos Litólicos Eutróficos

(30%)”, com aptidão agrícola boa, baseado em práticas agrícolas que

refletem um médio a baixo nível tecnológico. A fertilidade natural dos

solos é alta, dispensando até adubação química e correção do solo

nos primeiros anos de cultivo. Em função destas características dos

solos predominantes, aptos para agricultura em geral, tem como

principal limitação sua suscetibilidade à erosão, podendo ser

destinado à exploração de culturas como milho, feijão, arroz, trigo,

soja, fumo, mandioca ou pastagens e culturas permanentes. De

acordo com os dados do Projeto do Assentamento Rio Perdido, na

fase inicial apenas (150) cento e cinqüenta hectares de terra foram

cultivadas com exploração de milho, feijão e arroz. (INCRA, 1988).

O imóvel apresenta um relevo movimentado, com 35% de 0º a

25º, 56% de 26º a 45º e 9% acima de 45º. Semi-circundado pelo rio

Iguaçu, dispões de diversas nascentes e córregos que lhe garantem

um abastecimento normal de água. O lençol freático varia de oito (8)

a vinte (20) metros de profundidade. (INCRA, 1988).

O clima predominante é o mesotérmico, sem estação seca, com

verões quentes, com média superior a 22º C e do mês mais frio

inferior a 18º C, com geadas freqüentes. A mata original compreende

a floresta tropical perenifólia encontra-se totalmente explorada e se

estende por aproximadamente 65% do imóvel. (INCRA, 1988)

Ainda de acordo com o referido projeto, na questão

orçamentária previa-se um investimento de Cz$ 322.764,00

(trezentos e vinte dois mil, setecentos e sessenta e quatro cruzados)

em administração e acompanhamento; a demarcação topográfica

ficou orçada em Cz$ 1.080.000,00 (um milhão e oitenta mil

cruzados); para concessão de crédito alimentação, atendendo um

total de setenta e oito (78) famílias durante um período de seis (06)

meses, em caráter emergencial, visto que ainda não havia sido

realizada a seleção das famílias para assentar, das que já estavam no

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imóvel há dois (2) anos, foi gasto mensalmente o valor de Cz$

816.192,00 (oitocentos e dezesseis mil, cento e noventa e dois

cruzados), totalizando anualmente o valor de Cz$ 4.897.152,00

(quatro milhões, oitocentos e noventa e sete mil, cento e cinqüenta e

dois cruzados); para habitação provisória com fornecimento de lonas

plásticas a cada uma das famílias houve um gasto de Cz$ 240.000,00

(duzentos e quarenta mil cruzados); na construção de estradas de

acesso, num total de dez (10) quilômetros, houve um gasto de Cz$

60.960.840,00 (sessenta milhões, novecentos e sessenta mil,

oitocentos e quarenta cruzados); na elaboração do PAI - Plano de

Ação Integrada: Cz$ 323.800,00 (trezentos e vinte e três e oitocentos

cruzados); para fomento agrícola, com fornecimento de ferramentas:

Cz$ 270.000,00 (duzentos e setenta mil cruzados); totalizando um

valor final de Cz$ 63.202.301,00 (sessenta e três milhões, duzentos e

dois mil, trezentos e um cruzados). (INCRA, 1988).

No assentamento existe uma escola em alvenaria, construída

em parceria pelo INCRA/FUNDEPAR/Prefeitura Municipal e com duas

salas de aula (desativada desde 2006, o que faz com que os alunos

tenham que se deslocar até o Colégio Salto Osório, na vila próxima

que leva o mesmo nome); um posto de saúde em alvenaria, mas para

o atendimento à saúde é necessário deslocamento para a sede do

município em Quedas do Iguaçu, pois o referido posto está inutilizado.

Havia também um centro comunitário que, devido a estragos pelas

intempéries, foi demolido e reconstruído no ano de 2008. Há uma

Igreja Católica (Nossa Senhora da Esperança), construída com verbas

dos próprios agricultores. (Entrevista com a senhora Maria Joaquina

Ferreira, novembro de 2007)

As casas foram construídas graças ao Crédito Habitação,

quando cada família recebeu o material (madeira de pinus e

cobertura de papelit), o suficiente para uma casa de 4m x 6m, ou

seja, 24 m2 (vinte e quatro metros quadrados). Cada família, de

acordo com suas possibilidades, fez melhorias nas mesmas, porém,

necessitam reformas. (Idem, entrevista)

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As estradas necessitam de reparos, pois o acesso em dias

chuvosos até a rodovia é difícil. O sistema de transporte é deficiente,

pois há um ônibus de passageiros até a sede do município por três

tardes na semana. Tem ainda, energia elétrica e poço artesiano

(porém sem distribuição de água), construído pelo INCRA, mas os

recursos hídricos que garantem abastecimento provêm de poços

individuais. De acordo com dona Joaquina Ferreira, cada um dos

assentados pagou o equivalente a cento e oitenta (180) sacas de

milho em 1996 para conseguirem instalação de rede elétrica.

(Entrevista com a senhora Maria Joaquina Ferreira, novembro de

2007)

Alguns lotes foram atingidos pelo alagamento devido à

construção da Usina de Salto Caxias, tendo sido devidamente

indenizados. A maioria dos lotes já estava titulada desde 2006, porém

com irregularidades, pois receberam informações de que seriam

isentos do pagamento de ITR (Imposto Territorial Rural), mas

desconheciam a necessidade de recadastramento anual. O que

garante a posse da terra aos agricultores é um contrato de

assentamento. A partir de outubro de 2007 inicia-se novo processo de

regularização da titulação dos lotes.

A assistência técnica era realizada pelos técnicos da EMATER

(Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) do município de

Quedas do Iguaçu, depois foi feita por técnico da COTRARA –

Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária e atualmente a

assistência ocorre por parte de técnicos do INCRA de Francisco

Beltrão.

Com o financiamento do PROCERA (Programa de Crédito

Especial para Reforma Agrária), através do INCRA, os assentados

fizeram paiol, estrebaria, compraram carroça, arados e os

investimentos necessários para o trabalho na agricultura. A maioria

da agricultura familiar de subsistência e da venda de leite, o que lhes

garante uma renda mensal.

Migrações ocorrem entre os assentamentos, porém, em número

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razoável, considerando que trinta e sete (37) das sessenta (60)

famílias assentadas estão no local desde o período de assentamento.

Das vinte e uma (21) famílias de dissidentes somente seis realmente

abandonaram, as demais propriedades ficaram para pessoas da

mesma família (filhos e irmãos). Algumas mudanças ocorreram por

motivo de falecimento dos pais (responsáveis pelo lote). Outros

fatores que levam às migrações são: a falta de informação e

assistência técnica deficitária, as verbas recebidas eram direcionadas

aos interesses da EMATER e não dos agricultores e, principalmente,

por dívidas adquiridas pelas famílias.

Existem contrariedades nos processos de organização das

diferentes formas de cooperativas ou associações e no modo como

foram experienciadas pelos assentados.

De acordo com os depoimentos dos assentados do Rio Perdido,

os mesmos chegaram ao acampamento em 16 de dezembro de 1985,

da localidade de Pio X, interior do município de Nova Prata – Sudoeste

do Paraná, onde estava organizado o primeiro acampamento. Eram

mais de seiscentas famílias oriundas de municípios da região

liderados pelo MST e Sindicatos Rurais, que organizavam reuniões e

assembléias com os agricultores sem terra.

De acordo com o senhor Delicio Rocha e sua esposa Marlene o

MST tinha conhecimento da fazenda, pois era uma das áreas

improdutivas da mesma. Acamparam na beira do asfalto, onde

ficaram por quase oito (8) anos. (Entrevista realizada em novembro

de 2007).

Segundo ele, eram dois grupos: um do MST e outro grupo

independente, em sua maioria, vindos do município de São Jorge D

´Oeste. O grupo do qual fazia parte acampou-se às margens da

rodovia, em meio à Fazenda Rio Perdido. A aproximadamente um

quilômetro distante do primeiro acampamento, ainda na área

pertencente à Eletrosul, próximo à Usina Hidrelétrica de Salto Osório,

estava acampado o outro grupo de vinte (20) famílias, vindas do

município de São Jorge D´Oeste. Famílias estas que anteriormente

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estavam acampadas às margens da PR 281 que liga Dois Vizinhos a

São João, na altura da localidade de São Judas Tadeu, município de

São Jorge D´Oeste. (Idem)

Quando o grupo de acampados conseguiu conquistar a área, o

segundo juntou-se ao primeiro. A princípio deveria sair trinta e oito

(38) lotes, mas como surgiram mais famílias, “voltaram atrás para

sair os sessenta (60) lotes, por isto demorou tanto no acampamento”

(Entrevista com Delicio Rocha em novembro de 2007).

Segundo o mesmo assentado, a maioria das casas foi

construída com recursos da venda da madeira que ainda havia no

local. O Procera ajudou financiar potreiro, roça e gado leiteiro.

O senhor Lindolfo Moysés conta que este mesmo grupo ficou

acampados por uns seis (6) meses entre os municípios de Nova Prata

e Salto do Lontra, mesma região do atual assentamento. Como era

um grupo muito numeroso, tiveram problemas com a polícia, por isto

foram encaminhados para uma área do possível e agora atual

assentamento. Em reuniões com o MST, esse grupo dividiu-se em

três, sendo que um deles veio para as terras da fazenda do

“Teixeirinha” – atual Assentamento Rio Perdido. O antigo proprietário

teria acertado a desapropriação com o INCRA. Trocando a área por

outra em Mato Grosso. (Entrevista realizada em novembro de 2007).

Já o senhor Agemiro Barbosa de Oliveira diz que deveriam ser

assentadas 45 famílias e que o projeto foi elevado para sessenta (60)

famílias. O grupo que veio de Nova Prata era composto por 108

famílias, destas, vinte (20) foram para Lindoeste, outros desistiram,

ficou 60 famílias de Nova Prata e mais vinte (20) de São Jorge.

(Entrevista realizada em novembro de 2007)

Entre estas famílias, quarenta e cinco (45) de Nova Prata

ganharam terra e quinze (15) de são Jorge. Os excedentes foram para

o Rio Bonito do Iguaçu ou desistiram da luta, dirigindo-se para

cidades próximas ou de Santa Catarina em busca de emprego.

De acordo com a senhora Maria Joaquina Ferreira, monsenhor

Eduardo, pároco do Distrito de Dr. Antonio Paranhos, município de

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São Jorge D´Oeste, acompanhou o sofrimento das famílias e forneceu

auxílio. Afirmou também que se o INCRA não tivesse acertado a

questão, a Igreja Católica compraria para assentar aqueles

acampados. Ou seja, a Igreja Católica, ou uma parte dela, sempre

atuou em benefício dos trabalhadores rurais.

Entre as dificuldades e sofrimentos que encontraram no

acampamento, os assentados lembram “o calor embaixo da lona

durante o verão, e no inverno molhava tudo quando o gelo da geada

descongelava, molhava até a cama”. (Entrevista realizada em

novembro de 2007).

Outra informação dada pelos assentados diz que: “enquanto

eram acampados e no início do assentamento, trabalhavam de bóia

fria na fazenda vizinha. Recebiam cesta básica do governo”. (Idem)

Antes de receber ajuda do governo, recebiam favores de

pessoas da cidade, fazendas e políticos. Hoje vivem da venda do leite,

do qual obtém uma renda mensal familiar de aproximadamente um

salário mínimo e meio.

Esses assentados, para custearem suas lavouras, se utilizaram

de uma Linha de Crédito do Governo Federal, chamada PRONAF -

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Cada

família possui uma Carta de Anuência que lhe garante a propriedade

da terra como família assentada.

Entrevistou-se também o senhor Ari Alves, um ex-assentado do

Rio Perdido, residente atualmente na linha Tiradentes – São Jorge D

´Oeste. O mesmo residia anteriormente em São Jorge D´Oeste numa

área arrendada. Fez parte do acampamento do MST quando o grupo

de Nova Prata formou pó acampamento. Afirma que enquanto

assentado tinha assistência técnica do INCRA, teve auxílio para

sementes de milho, feijão, vaca de leite, só para o gasto, antes tudo

era mato. (Entrevista realizada em novembro de 2007)

No assentamento, segundo senhor Ari, cada um produzia para

si, não havendo uma cooperativa ou associação entre os assentados

para auxiliarem-se mutuamente. Entregava a sua produção na

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Cooperativa em Quedas do Iguaçu. No início receberam ajuda de

custo do Governo Federal para produção de leite, implementos

agrícolas. (Entrevista realizada em novembro de 2007).

Conta ainda que ficou “por sete anos acampado logo após o

trevo da guarita do Salto Osório”. (Idem)

Logo que ocuparam a área, tiveram ajuda da Prefeitura

Municipal de São Jorge D`Oeste, com fornecimento de lonas,

receberam também ajuda do MST e de um deputado da região.

(Idem)

É importante destacar que enquanto estavam acampados,

alguns trabalharam na Copel e na própria fazenda, como bóias-frias

enquanto aguardavam pela terra.

Ainda segundo o senhor Ari, assim que recebeu a terra,

comprou uma casa “por conta própria”, medindo 9 m X 9 m, pois as

casas que recebiam do INCRA eram de madeira de pinus e cobertura

de papelão preto. (Entrevista realizada em novembro de 2007).

Segundo ele, entre os acampados, onze (11) deles não

conseguiram a terra na época e que só conseguiu financiamento no

Banco do Brasil para investimentos na agricultura com autorização do

INCRA.

A família de Ari Alves passou por dificuldades devido à

problemas de saúde de sua esposa e que a levou a óbito. “Gastei

muito, tive que pagar mais de R$ 9.000,00 (nove mil reais) de

despesas hospitalares. O sindicato de Quedas me auxiliou no

transporte para o hospital em Curitiba”. (Idem)

Quando vendeu, teve dificuldades por não ter o título de

propriedade da terra. Recorreu ao INCRA, mas descobriu que daria

problema com inventário para ser titulada. Conseguiu vender depois

para o “Nardo” e este vendeu para um terceiro. Vendeu por R$

2.000,00 (dois mil reais) o alqueire. (Idem)

Diz que só tiveram dificuldades no acampamento e que gostaria

de voltar ao assentamento. Se não tivesse em necessidade

financeira, não teria vendido a terra e saído de lá. (Idem)

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Esse entrevistado posteriormente buscou informações sobre a

possibilidade de retornar no seu antigo lote antes que a área fosse

titulada em nome de outro. “Porém, tenho consciência de que se

houve mudança nos cadastros do lote que me cabia, não poderei

mais participar da Reforma Agrária.” (Idem)

Sua situação está disposta no Art. 15 do Cap. II que fala do

Assentamento, na Norma de Execução nº 45 que fala da seleção dos

candidatos ao Programa Nacional da Reforma Agrária, do INCRA, que

afirma que o beneficiário do Programa Nacional de Reforma Agrária

que por qualquer motivo desistir do assentamento não poderá

participar de outro processo seletivo para o mesmo fim.

Já o senhor Osvaldo Quadros da Silva, casado com dona

Georgina, veio da cidade de Quedas do Iguaçu, sendo o segundo

dono do lote e está no assentamento desde 2002. Era mestre de

obras e teve problema de saúde, por isto veio ao assentamento, o

que é uma das contradições em muitos assentamentos da Reforma

Agrária. Ou seja, existem muitos casos em que as pessoas não têm

nenhuma vocação com a terra. (Entrevista em novembro de 2007)

Comprou o lote de outro assentado e afirma que “o dono

anterior tinha uma dívida com o Pronaf e Procera”. Segundo ele,

conseguiam desconto de até 90% para quem pagasse à vista ou

então renegociasse para 17% com 70% de desconto.

Diz que tem um “termo de responsabilidade” que lhe dá direito

de exploração da terra e que depois da titulação, terá parcelas de

mais ou menos 15 anos de aproximadamente R$ 1000,00 cada uma.

(Idem)

Pagou pelo lote o valor de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais)

em 2002, pois o antigo assentado estava muito endividado devido a

empréstimo com o Procera para investir em gado e implementos

agrícolas para poder começar os trabalhos na roça. Apesar de ter dois

(2) anos de carência, sem juros, para pagar, a maioria dos assentados

não conseguiu pagar em tempo. (Idem)

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Existem líderes do MST que incentivam a não pagar estes

empréstimos. Segundo ele, “este era o apoio que vinha de fora, do

MST”.

As dificuldades que encontra são de abastecimento de água

especialmente no período da seca. Diz que o pavilhão comunitário era

a única forma de lazer que tinham, foi construído “de qualquer jeito”

e caiu em dois (2) anos.

Afirma ainda que “alguns dos assentados não sabem

administrar seu lote e também falta assistência técnica e

investimento”. (Entrevista com Osvaldo Quadros da Silva em

novembro de 2007).

Uma cooperativa de alunos (estudantes da área técnica – do

MST) veio ajudar a regularizar os lotes. Diz ainda que alguns que

compraram lotes de assentados são colonos de outros lugares que

vieram comprar mais um terreno, para o filho. (Idem)

Em entrevista com outro ex-assentado, o senhor Luis Carlos

Machado, (23 anos), diz que abandonou assentamento Margarete –

próximo ao Rio Perdido – Celso Furtado, (localizado na área

desapropriada da empresa Giacomet Marodin), devido à problemas

de saúde da filha, hoje com um (1) ano e meio, pois a mesma

precisava tratamento freqüente e havia dificuldade de transporte – 20

Km de distância até o hospital passando por estradas precárias, além

de problemas com financiamentos. (Entrevista realizada em

novembro de 2007).

Morando atualmente numa área emprestada no interior de São

Jorge D´Oeste, conta que chegou naquele assentamento com 21

anos, morava anteriormente com o pai no Campo do Bugre, Rio

Bonito do Iguaçu e depois no acampamento desde 1998, na BR 158.

Entregou direito de posse para outro agricultor, abandonando

seu lote para morar em terra emprestada.

Entre os relatórios do INCRA encontram-se depoimentos dos

técnicos a respeito de arrendamentos de lotes, bem como agregados.

A troca e a venda de lotes é uma ocorrência entre os assentados,

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algumas devidamente comunicadas e regulamentadas, outras

realizadas clandestinamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir esta pesquisa foi possível perceber que as ações de

grupos ou categorias têm sido vistos como distorções da ordem

social. Nega-se o direito de envolvimento nas lutas e movimentos ou,

estas são encaradas de forma preconceituosa, transferindo-se o

mérito das mudanças sociais aos grupos dominantes, que na maioria

das vezes, são também detentores do poder.

Apenas o simples assentamento de sem-terra não garante a

implantação da reforma agrária, pois esta tem caráter mais amplo. Os

assentamentos significam a conquista do principal elemento da

reforma agrária que é a terra.

A importância dos assentamentos não reside somente na sua

função econômica e de produção, mas há necessidade também de

democracia, participação política, de tomada de decisão.

Os trabalhadores rurais já deram demonstração de que

possuem consciência do que querem e do que podem conseguir em

cada caso; tem capacidade organizativa, solidariedade e disposição

de luta para suas reivindicações.

Entre os problemas existentes nos assentamentos citam-se as

estrada para escoamento da produção, precariedade da demarcação

da parcela de cada família, inexistência de serviços básicos de saúde

e educação.

Insinua-se então que o fracasso dos assentamentos se deve

apenas à incompetência do INCRA, à insuficiência de recursos e

material técnico cedido pelo Poder Público ou então da própria

qualidade da clientela do programa de Reforma Agrária, que não é

recrutada entre lavradores com tradição agrícola e dotada de

capacidade gerencial.

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A reforma agrária não termina no assentamento, apenas

começa. Sem orientação técnica, crédito agrícola, garantia de

comercialização da lavoura e outros benefícios, os assentados não

sobrevivem.

O assentado depende do apoio oficial, e as instituições oficiais

nem sempre tem condições de garantir este apoio.

A reforma agrária deve ser seguida de assistência técnica.

Os sem-terra foram assentados e deixados como se todos

fossem capazes de enfrentar sozinhos as questões financeiras do

crédito rural.

Percebe-se também a falta de preparo e organização, pois

depois que cada um conseguiu seu lote, não houve comprometimento

em equipe e cada um trabalhou para si. A associação entre

moradores não perseverou e nem houve organização em cooperativa

comum para unir os trabalhadores e dar mais força ao assentamento.

Desta forma, cada um sobrevive como pode, sem a legalização da

terra, mas com uma história de sofrimento, luta e conquistas.

Na realidade, o assentamento é carente de infra-estrutura,

distante dos mercados mais importantes. Inexistem mecanismos que

promova a manutenção no modo de vida do campo, que enraíze o

agricultor em sua terra, reduzindo a busca de novas terras.

Com a participação dos assentados e instituições de apoio com

programas que os fortaleçam e atendam às suas necessidades, seria

possível realizar uma reforma agrária sustentável, democrática e

progressiva.

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Referências

Bibliográficas:

FABRINI, João Edmilson. Assentamento de Trabalhadores sem terra – experiências de lutas no Paraná. Mal. Cdo. Rondon: LGeo, 2001.

FAORO, Atilio Guilherme. Reforma Agrária: terra prometida, favela rural ou “kolkhozes”? Mistério que a TFP desvenda. São Paulo: Vera Cruz, 1987.

GOHN, Maria da Glória. História dos Movimentos e Lutas Sociais: a Construção da Cidadania dos Brasileiros. São Paulo: Loyola, 1995.

MARTINEZ, Paulo. Reforma Agrária: questão de terra ou de gente? São Paulo: Moderna, 1997.

MARX, Karl. O Capital - Crítica da Economia Política. São Paulo: Abril Cultural, volumes 1, 2 e 3, 1983.

PEDRO, Antonio; LIMA, Lizânias de Souza; CARVALHO, Yone de. História do Mundo Ocidental: ensino médio. São Paulo: FTD, 2005.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Campinas: Autores Associados, 2000.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; GARCIA, Tânia Braga. O Trabalho Histórico na Sala de Aula. In: História e Ensino: Revista do Laboratório do Ensino de História. Londrina: V. 9. PP. 223-242. Ed. UEL, 2003.

STÉDILE, João Pedro. A questão agrária no Brasil. Coord. Wanderley Loconte. São Paulo: Atual, 1997

VICENTINO, Claudio. História Geral. São Paulo: Scipione, 1997.

ZAMBONI, Ernesta. (Coord.) A prática do Ensino de História. Cadernos Cedes 10. Campinas: Papirus, 1994.

Documentos:

NORMA DE EXECUÇÃO Nº 45 DE 25 DE AGOSTO DE 2005. DOU 166, de 29/08/2005 – Dispõe sobre procedimentos para seleção de candidatos ao Programa Nacional de Reforma Agrária

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Perfil Técnico do Projeto de Assentamento Rio Perdido. INCRA.

Projeto Assentamento Rio Perdido. INCRA, Curitiba: 1988

Sites:

http://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/REFAGR3.HTM. Acesso em 26/04/2008

Revista:

CARTA ESCOLA. Reforma Agrária: lentíssimo avanço. p. 55-60São Paulo: Ed. Confiança Março de 2008.

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ANEXO I

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PERFIL TÉCNICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO RIO PERDIDO

1.0DADOS DO PROJETO

1.1NOME DO PROJETO DE ASSENTAMENTO: RIO PERDIDO

1.2LOCALIZAÇÃO: QUEDAS DO IGUAÇU - PR

1.3ÁREA DO PROJETO: 1.204.2631 HÁ

1.4DECRETO DE DESAPROPRIAÇÃO: ADQUIRIDO ATRAVÉS COMPRA E VENDA. ATRAVÉS DA PORTARIA 233 DE 12/11/87

1.5IMISSÃO DE POSSE: 11/05/88

1.6MATRÍCULA: M 865, LIV 02, FLS. 01, DO CRI DE QUEDAS DO IGUAÇU/PR

1.7PORTARIA DE CRIAÇÃO: 1431 DE 27 DE OUTUBRO DE 1988

1.8SUPERVISOR: GLADIS DO C. S. ZINI

1.9RELAÇÃO DE OCUPANTES DO PROJETO DE ASSENTAMENTO

NOME DO PARCELEIRO LT ÁREA

01

Abraão Augusto Ferreira 36 21, 3000

02

Agemiro Barbosa de Oliveira 11 19, 3000

03

Alair Balbinotti 53 21, 3000

04

Albino Pino Valente 54 20, 3000

05

Alcindo Pereira Candido 49 21, 3000

06

Amilton Alves 09 19, 3000

07

Antonio Burckrever 19 21, 3000

08

Antonio Casali 02 10, 8900

09

Antonio Chalico 14 21, 3000

10

Antonio Foscarini 16 21, 3000

11

Antonio Pereira 12 19, 3000

12

Ari Alves 34 21, 3000

13

Atidorio Alves dos Santos 42 21, 3000

14

Bernardino Paz Maciel 44 21, 3000

28

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15

Claudemar dos Santos 47 21, 3000

16

Delicio Emidio Rocha 15 21, 3000

17

Ema Benevenuto dos Santos 17 21, 3000

18

Ernesto Moyses 06 10, 8900

19

Eurico Carlos de Oliveira 10 19, 3000

20

Eva de Souza Ferreira 25 21, 3000

21

Fidelcio Alves Perreira 57 21, 3000

22

Francisco Justino de Souza 30 21, 3000

23

Herberto Kuhs 28 21, 3000

24

Inacio Alves de Oliveira (**) 32 21, 3000

25

Jair Morelli 2-A 21, 1750

26

João Adão Mota (**) 08 10, 8900

27

João Batista Alves de Souza 20 21, 3000

28

João Maria Belo 03 10, 8900

29

João Maria Paz Vieira 05 17, 0000

30

Jose Alves Moreira 29 21, 3000

31

Jose Cerqueira Dutra 38 21, 3000

32

Jose Daniel Batista 41 21, 3000

33

Jose Maria Moreira Paz 48 10, 8900

34

Jose Oliveira Augusto Ferreira 33 21, 3000

35

Leonilda da Cunha Balbinoti 52 21, 3000

36

Leonor Baldoino Domingos 04 10, 8900

37

Lindolfo Moyses 39 21, 3000

38

Lourdes Casanova Granetto (*) 8-A 20, 9950

39

Luis Pinto de Camargo 18 21, 3000

40

Miguel Vargas 22 21, 3000

4 Moacir Philipiak (*) (Ant. Moises Augusto 27 21,

29

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1 Ferreira) 300042

Natalicio Belo 51 21, 3000

43

Nereu Auto de Oliveira 59 21, 3000

44

Olimpio Mendes Cardoso 46 21, 1295

45

Orestes Tuliano 40 21, 3000

46

Osvaldino Candido Alves 13 21, 3000

47

Paulino Moreira Paz (**) 35 21, 3000

48

Pedro Alves Martins 31 21, 3000

49

Pedro Alves Moreira 26 21, 3000

50

Pedro Augusto Ferreira 24 21, 3000

51

Pedro Elio Farias da Silva 07 16, 0000

52

Pedro Moreira Paz 21 10, 8900

53

Sebastião Augusto Ferreira 23 21, 3000

54

Sebastião da Rosa Moreira 55 21, 3000

55

Tarcisio Andreatto 50 21, 3000

56

Teófilo Mendes Cardoso 56 21, 3000

57

Vilson Castilhos 43 21, 3000

58

Vilson Cristani 45 21, 3000

59

Vitalino Rodrigues 58 21, 3000

60

Walmor Arante 01 25, 0000

(*) Ainda não regularizados perante o INCRA(**) Troca de lotes entre parceleiros ainda regularizados nos processos individuais

PARCELEIROS EXCEDENTES

Nº DO PROCESSO

Valdecir Liria Vargas 52.290/89Dorvalino Rodrigues 52.289/89Daniel Ventura Stank 52.286/89Armindo Pereira Liriano

52.283/89

Antonio Borges de Oliveira

52.292/89

Jose Maria Ferreira

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2.0CAPACITAÇÃO/ASSENTADOS

2.1Necessitam capacitação no sentido técnico e organizacional quando da busca de alternativas de solução tais como: erva-mate, gado leiteiro, aviário, correção de solos, etc.

3.0INFRA-ESTRUTURA

3.1. Escola em alvenaria:Construída pelo INCRA/FUNDEPAR/PREFEITURA MUNICIPAL em bom

estado de conservação3.2. Salão Comunitário:Construído em alvenaria, em bom estado de conservação3.3. Posto de Saúde:Construído em alvenaria, em bom estado de conservação. Atualmente com

pouco uso.3.4. Malha Viária:Encontra-se em estado regular de conservação, precisando de reparos, na época das chuvas o acesso é difícil.3.5. Energia Elétrica:Todos os parceleiros possuem energia elétrica.3.6. Poço Artesiano:Poço artesiano construído desde o ano de 1997.

4.0CRÉDITOS LIBERADOS NO PROJETO DE ASSENTAMENTO

CRÉDITOS IMPLANTAÇÃO

Valor por família

Data Nº de famílias

Total

Alimentação no valor de

NCR$ 450,00/fam.

01/09/89 45 20.250,00

Fomento no valor de

NCR$ 1.560,00/fam.

07/11/94 45 70.200,00

Habitação no valor de

CR$ 428.290,00/fam.

07/04/94 58 24.840.820,00

Receberam também todos os demais créditos a que tinham direito: custeio e PROCERA

5.0PROBLEMAS ENCONTRADOS

Arrendamento sobre vários lotes, bem como agregados.Previsão de inundação de alguns lotes, pela execução da obra da USINA

SALTO CAXIAS, porém a SR (09) J, está tomando providência sobre o assunto, e, em reunião com os assentados atingidos ficou definido a maneira como será utilizada a indenização recebida pelos mesmos.

Foi encaminhado OFICIO de número 63/97 de 20/05/97, ao IAP, solicitando vistoria do lote 55, do Sr. Sebastião da Rosa Moreira, para liberação de venda de palmito nativo (anexo a este).

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Sobre o atual lote 8-A da Sra. Lourdes Casanova Granetto foi firmado com o antigo proprietário o Sr. Paulino Moreira Paz e o Sr. Carlos Pilarski um contrato de arrendamento, onde o mesmo instalou uma serraria para corte de madeira dos parceleiros, será enviado ofício comunicando a irregularidade e solicitando a desocupação da área.

5.1. Dívidas Anteriores:A maioria dos parceleiros está inadimplente com o crédito PROCERA.

5.2. Assistência Técnica:Regular, visto que no município de Quedas do Iguaçu a assistência

técnica é feita através da Emater com um quadro de funcionários reduzidos para atender os pequenos produtores do município, que não são poucos, e os parceleiros dos assentamentos da região.

5.3. Venda e Troca de Lotes:- O Sr. Herbert Kuhs vendeu uma fração de 1,21 há do lote número 28,

em reunião com os parceleiros o Sr. Chefe do GT, Emilio Stachowski, pediu para que o negócio fosse desfeito.

- O Sr. Moises Augusto Ferreira por motivos de saúde vendeu seu lote ao Sr. Moacir Philipiak, que por alguns meses ficara em observação pela Supervisora.

- Soubemos na última reunião (15/05/97) que o Sr. Inacio Alves de Oliveira foi para o lote 32, anteriormente em nome de João Adão Motta, o Sr. João Adão Motta foi para o lote 08, antigo lote de Paulino Moreira Paz que por sua vez foi para o lote 35 antigamente pertencente ao Sr. Inacio Alves de Oliveira.

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