~cvm - investidor.gov.br · o como a cvm ingressa numa açao ordinariamente, a legitimação...

16
Comissão de Valores Mobiliários - '0'- _. __ ..•••. ,_ Protegendo quem investe no futuro do Brasil PARECERJCVM/PJU/N° CCfj!oO Rio de Janeiro, 21 de ÇcT 2000 REFlmÊNCIA Memo/CVMIDWB/n° 009/00; Proc. SP99/0320 lNTI';RESSADOS: DWB; , BOLSA DE VALORES DE MINAS GERAIS, ESPIRITO SANTO , E BRASlLIA - BOVMESB; FUNDO DE GARANTIA DA BOVMESB; LAHUD PARTICIPAÇÕES LTDA; QUINELATO INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS S/A; COMERCIAL HERNANDES LTDA. ASSUNTO: SOLICITAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA pJU SOBRE A OCORRÊNCIA DE EVENTUAL IMPEDIMENTO DO COLEGIADO EM DELIBERAR SOBRE DECISÃO DA BOLSA DE NAO EFETUAR O RESSARCIMENTO AOS RECLAMANTES HAJA VISTA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO JUDICIAL RECEBIDO COM EFEITO SUSPENSIVO EMENTA: Celso Antônio Bandeira de MeIlo, com a habitual acuidade, ensina que "Responsabilidade Ob;etiva é a obrigação de indenizar que incumbe a alguém em roulo de 1/1/1 procedimento lícrto ou ilícito que produziu uma lesão na esfera juridicamente prolcgula de outrem. Para configurâ-Ia basta, pois, a mera relação causal entre o comportamento e o daI/o". Sem maiores' aprofundamentos na dissenção doutrinária - qne atina a outra sede de discussão _o, nO caso concreto, verifica-se a presença de todos os requisitos à configmaçào da responsabilidade objetiva. Há, ele fato, inequívoco nexo ele causalidade entre a atllaçào da corretora no proceder à operação -- mediante a conferência (ou falta de) de procmações qlle nào foram outorgadas pelos reais titulares -, e o dano que esses "ofreram ao ler suas <Jçõcs indevidamente alienadas. - , CONSULTA: Solicitada a manifestação desta rJU, haja vista ALEGAÇAO CONTIDA AS FLS. IO'i/lll do processo supralTeferenciado, onde os advogados da BOVMESB r"zcnr referência ao iHS impetraclo na 27" Vara Federal da Seção Jmliciária do Rio de Janeiro, Mandado de Segurança esse, denegado. Intervostm Agravo, Recurso Especial e Recurso Extraordinúrio, afora Apelação, esta recebida no duplo efeito, suspensivo e devolutivo Observada, ainda, a existência de ação ordinária proposta pela MULTICRED contra a C:VM, na 7" Vara Federal da Seçào Judiciária do Distrito Federal, com absoluta Identidade material. , , o número de processo fomeCido não está correto. O'número correto vem a sçr com apelação ele n" 2000.02.0\.007173-4 e agravo na 99.02.29593-2. o objeto elo writ foi a denegação pela CVM de recurso administrativo interposto para apreciação pelo CRSFN, o "col/selhinho", com requerimento, ainda, de suspensão da Sede Rua Sele de Selembra,) 11126' ao 33' andar - (enlra - Rio de Janeira - RJ - (EP 20159-900 - Brasil- Tel.. 212120200 - Endereço InlemeL hllp)lwww.fVm.gav.br \

Upload: ledat

Post on 09-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

~CVM Comissão de Valores Mobiliários- ~'_'_'_"'_"_'."._" '0'- _'.~ _. •__..•••. ,_

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

PARECERJCVM/PJU/N° CCfj!oORio de Janeiro, 21 de ÇcT 2000

REFlmÊNCIA Memo/CVMIDWB/n° 009/00; Proc. SP99/0320

lNTI';RESSADOS: DWB; ,BOLSA DE VALORES DE MINAS GERAIS, ESPIRITO SANTO

,E BRASlLIA - BOVMESB;FUNDO DE GARANTIA DA BOVMESB;LAHUD PARTICIPAÇÕES LTDA;QUINELATO INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS S/A;COMERCIAL HERNANDES LTDA.

ASSUNTO: SOLICITAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA pJU SOBRE A OCORRÊNCIADE EVENTUAL IMPEDIMENTO DO COLEGIADO EM DELIBERAR SOBRE DECISÃODA BOLSA DE NAO EFETUAR O RESSARCIMENTO AOS RECLAMANTES HAJAVISTA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO JUDICIAL RECEBIDO COM EFEITOSUSPENSIVO

EMENTA: Celso Antônio Bandeira de MeIlo, com a habitual acuidade, ensina que"Responsabilidade Ob;etiva é a obrigação de indenizar que incumbe a alguém em roulo de1/1/1 procedimento lícrto ou ilícito que produziu uma lesão na esfera juridicamente prolcgulade outrem. Para configurâ-Ia basta, pois, a mera relação causal entre o comportamento e odaI/o". Sem maiores' aprofundamentos na dissenção doutrinária - qne atina a outra sede dediscussão _o, nO caso concreto, verifica-se a presença de todos os requisitos à configmaçào daresponsabilidade objetiva. Há, ele fato, inequívoco nexo ele causalidade entre a atllaçào dacorretora no proceder à operação -- mediante a conferência (ou falta de) de procmações qllenào foram outorgadas pelos reais titulares -, e o dano que esses "ofreram ao ler suas <Jçõcsindevidamente alienadas.

- ,CONSULTA: Solicitada a manifestação desta rJU, haja vista ALEGAÇAO CONTIDA ASFLS. IO'i/lll do processo supralTeferenciado, onde os advogados da BOVMESB r"zcnrreferência ao iHS 1l"99.001l7428-~, impetraclo na 27" Vara Federal da Seção Jmliciária doRio de Janeiro, Mandado de Segurança esse, denegado. Intervostm Agravo, Recurso Especiale Recurso Extraordinúrio, afora Apelação, esta recebida no duplo efeito, suspensivo edevolutivo Observada, ainda, a existência de ação ordinária proposta pela MULTICREDcontra a C:VM, na 7" Vara Federal da Seçào Judiciária do Distrito Federal, com absolutaIdentidade material.

,,o número de processo fomeCido não está correto. O'número correto vem a sçr ~9.()()17428~3.,

com apelação ele n" 2000.02.0\.007173-4 e agravo na 99.02.29593-2.

o objeto elo writ foi a denegação pela CVM de recurso administrativo interposto paraapreciação pelo CRSFN, o "col/selhinho", com requerimento, ainda, de suspensão da

Sede Rua Sele de Selembra,) 11126' ao 33' andar - (enlra - Rio de Janeira - RJ - (EP 20159-900 - Brasil- Tel.. 212120200 - Endereço InlemeL hllp)lwww.fVm.gav.br

\

).+ ....WCVM Comissão de Valores Mobiliários

"'.,""'- --""., " .. - ,',-

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

detemJinação de ressarcimento pelo fundo de garantia da bolsa impetrante. Impol'~a~dizer-s~

gue os J.lrejudicados eram outros que não os atuais envolvidos.

Ainda quanto ao MS, observe-se, por fundamental, que a nOVMESB pretendia legitimaruma absoluta transgressão hierárquica, pois que, como julgadora de 'primeira' instância,irresignada com o julgado de 'segunda' instância (CVM) quer ter assegurado o direito de, emmesma sede, recorrer a uma 'terceira' (o CRSFN). Mulalis //lutal/dis, em sede judicial,equivaleria ao juiz monocrático, prolator de uma sentença, discorelar ela reforma - via acórdão- do Tribunal, e desse, quisesse recorrer ao STJ/STF.

Assim, decorrente do efeito suspensivo dado à apelação interposta pela BOVMESB, discute­se sobre a ocorrência e existência ele eventual impedimento do Colegiada da CVM elUdeliberar sobre a decisão da BOVMESB de não efetuar o ressarcimento pelo fundo degarantia. Em sintese, traia-se de solicilação interna (DWB) sobre: (i) o sobrestamento Oll niiodo processo, bem assim ~obre determinações desse decorrentes; (ii) o efeito suspensivo dado ásentença .~ fato da suspensividade na apelação interposta -~ possuir, Oll não, o poder de"impedir" o julgamento pelo Colegiado.

o recurso administrativo ora interposto pede o indeferimento - por reforma -~ da decisão da5MI determinante de ressarcimeuto pelo fundo de garantia.

Deve Jogo ser lembrado que o julgamento é um poder-dever da CVM no legítimo uso de suamissão institucional/legai.

PARECER:

As empresas Lahud Paliicipações Ltda, Comercial Hernandes Ltda e Quinelato InstrumentosCirúrgicos S/A recorreram ao Fundo de Garantia da BOVMES13 fulcradas em que açõcs desuas propriedades foram irregularmeute negociadas naquela Bolsa, com intermediação daMu1ticred Corretora de Valores e Câmbio S/A. Pleitos não acolhidos, tendo aSuperintendência de Relações de Mercado - SMI - em 27.06.2000, em reexame obrigatório,rcfonnado essa deCisão denegatária. A BOVMESB interpõe o presente recurso contra"decisão da SML

o COMO A CVM INGRESSA NUMA AçAo

Ordinariamente, a legitimação processual se dá àquele que preenche o pressuposto dacapacidacle para estar em juízo, l!!'.del/{io agir process/laimeHte em d~[esa (seH/ido ia/o) <teaflrmaçÜo de II/H.§e/l direito. Normalmente, então, quem tem a capacidade para estar emjuízo genérica, a tem específica: é o legitimado ordinário.

Resta claro que a CVM atende ao pressuposto de querer afirmar um seu direito, inclusiveexpresso em lei. O maior deles, pena de inconclusividade, perda de sentido e razoabilidade,seria o de ver atendidas suas determinações, emanadas de processos e inquéritos. Seria

Sede Ruo Sele de Selembro,III(26' 00 33' andar· [enlra· Rio de Janeiro· RJ· [EP 20159·900· Brasil· TeL, 21 2120200· Endereço InlerneL hllpo/(ww'N.cvm.gav.br

it.CVM Comiss<lo de Valores Mobiliários__ o, ,,_,_,,_.. __ ••

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

Os referenciais básicos, afora e por óbvios - em estrito seguimento ao princípio constitucionalda reserva legal - Leis n° 6.385 e 6.404, são, atualmente, a Resolução CMN nO 702, de 26 deagosto de 1981, dispositiva sobre situação anonnal de mercado, e a Instrução CVM n° 273, de12 de março de 1998, dispositiva sobre multa eominatória.

A Instrução CVM nO 273 contempla a exata situação que, sendo tradutora da au!o­execl/toriedade, poderia ser aplicada à recorrente, caso remanescente a resistência aocumprimento da detenninação de ressarcir o investidor lesado, qual seja: o inciso II cioparágrafo I ° do artigo 1° ao dispor que estão sujeitos à multa cominat6ria diária "ospttrticipantes do mercado qne, nas hipóteses de situações allormais, assim definidas pelaResolução CI'vlN 11° 702, de 26 de agosto de 1981, praticarem os atas proibidos pela CVil'f'.

A aludida Resolução define/tipifica o que vem a ser situação anormal de mercado, e enlreoutras, estatui que uma dessas situações será a na qual "a atuação de qualquer dosparticipantes do mercado estiver causamlo grave e imin ~nte risco à confiabilidade e aodesenvolvimento regular do mercado de valores mobiliários" (alínea "e" do item I da Res.CMN n° 702).

Todo o fato do ressarcimento pelo fundo de garantia visa sustentar a confiabilidade e odesenvolvimento regular, acenando, como acena, com a situação de tomar indene - sem dano- o investidor lesado.

Assim, procrastinar determinações de ressarcimento, argUindo, inclusive, falta de caixa parafazê-lo, é, à evidência "cal/sal' grave e imil/enfe risco à co/!(iabilidade e ao desellvoh'imcllto,regI/lar do mercado de val,1res mobiliários". E fazer tábula rasa da razão de ser da criação dofundo de garantia.

Outrossim, da maior rclevãncia, anotar-se que a razão de ser da inexistência de uma outrainstância recursal na matéria sob comento, qual seja, da não apreciação de um scqücncialrecurso ao CRSFN, vem a ser a inexistência de uma penalidade, advinda de um inquérito.Sendo essa uma das razões que, inclusive, levaram o MM. Juízo mOl1ocrático a denegar omandado de segurança impetrado, dentro do seu livre convencimento motivado.

Donde, dessarte, a aplicar-se, por exemplo, a multa corninat6ria. há que, S.I11.J., nocaso/situação, instaurar-se um inquérito, e ao final e só então, se assim julgado e decidido,cominar-se a multa (a tese de sustentação maior reside na disposição do inciso V do art. 9" daLei n° 6.385, e não no estatuído no inciso VI [o que cOITesponde, conceitualmente, à diferençaentre multa-coerção e multa-pena]). O que abre vazas a interpor recurso ao CRSFN·- e nesseinstante, com razões.

Interessa, também, comentar-se que o efeito suspensivo e devolutivo dado ao MS impclr ldo,não atina ao caso ora sob exame. Os prejudicados são outros, I11uito elnbora possa ( orarecorrente aproveitar-se e peticionar ao tribunal demonstrando a conexão de seu direito.

Sede Rua Sele de Selembra.lIJ ! 26' ao 33' andor - [emra - Rio de Janeiro - lU - CEP 20159-900 - Bra5il- TeL, 21 2120200 - Endereço Internet, hllp)!www.fvnJ.gov.br

•"CVM Comissão de Valores Mobiliários-- .__., ,

Proteger/do quem investe no futuro do Brosil

Repetindo e com aprolimdamento: a alusào/citação ao mandado de segurança é sem valorJurídico intrínseco - o conteúdo vem a ser extrínseco -, haja vista atender a outrosprejudicados, com outra causa de pedir, etc ... e não possui poder de sobrestar processosadministrativos e decisões desses imanentes.

Onde se dá a aplicação !<ígica e extensiva do estatuído no art. 472 do CPC, qual seja: odecisum é interpartes- e!:trita nos lindes do objeto e da decisão -, não beneficiando nemprejudicando terceiros.

De imediato, nada há que possa promover ou justificar o nào submeter - ou impedir -, amatéria ao julgamento pell) Colegiado, nem, no caso de mantença do entendimento da SMI, adeterminação de cumprimento.

DO RECURSO EM SI

Através do presente recurso a recorrente pretende a DESCONSTITUIÇÃO-- REFORMA- dadecisão proferida pela SMI, a qual refOlmou anterior decisórío da bolsa, e com isso tornar semeCeito a utilização do ftmdo de garantia.

O entendimento da SMI decorre do poder-dever concedido à CVM pela Resolução CMN n°1.656, conCerente da competência revisional -- reexame obrigatório quando denegado peloconselho administrativo da bolsa - para julgamentos de ressarcimento pelo fundo de garantiada bolsa de valores.

Admitida, comprovada e até confessada pela recon'Cnte a existência das procurações Calsas - epouco importa o comento de que "era U/1/ quadrilha de estelionatórios" - que levaram acausação de dano patrimonial, deve-se (er a imediata recomposição desse para com osenvolvidos prejudicados/lesados. Aplicada, por inteiro, a responsabilidade objetiva nesseinstante. E de outro modo nào poderia ser. Como se deve registrar, assim nào entenderconesporlde ao deixar o ressarcimento para os herdeiros dos prejudicados.

Foge c reCoge à natureza do instituto de reparação - o FlIndo de GoraI/tia - quc ademonstração ele danos advindos - subsunção do Cato/tipo oconente - medial/te a lltiliz.ar""

de falsa procllraçõo tenha que scr promovida de Corma subjctiva. Gerar-se-ia um verdadeirojogo de empurra, negativas, transCerências e diluições de responsabilidade, denunciações delide, oposições, nomeações, assistências, etc ... (o CPC quase que por inteiro, enfim) entre ocartório, os Craudadores/e:ttelionatários, e demais agentes, insertas, ainda, variadas disposiçõeslegais, algumas estabelecidas em instrumentos próprios, V.g., Lei dos Registros Públicos,postergando às calendas a reposição, a qual, em nome e por conta da segurança negocial domercado de capitais de\'e assumir, à evidência, colores objetivos. A razão do fato/tipooCOlTido/subsumido deve conduzir à imediata reparação, deixado o exercício do direito deregresso aos agentes promotores da eCetivação da lesão/dano, aí sim com trfínsilo elademonstração de pleno contraditório e cognição, de demonstração provada -- eX[Jllstiv[JII1C Ite ­de culpa ou dolo, promovido, então, o ingresso em sede de responsabilidade subjetiva. .

Sede Rua Sele de Selembro,III!26' aa 33' andar - Centro - Ria de Janeiro - RJ - CEP 20159-900 - Brosil- Te!., 21 2120200 - Endereço Internet hllp,j!ww'N.cvmgov.br

.:. CVM Comissão de Valores Mobiliários••.. __.• ~".~ •. '_o, _.•_., .••• " ~._ ...•._,., _ • "_0_'

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

Efetnado o ressarcimento, e só então, opera-se o direito regressivo de reaver da Bolsa, paracom os envolvidos, iI! CUSlI, as corretoras, e dessas para os antros/demais participes, onde e sóentão, aí, pode-se sim entrar no mérito de culpa/dolo; na responsabilização subjetiva.

lsto,posto, nitidiza-se a manifesta ilegitimidade da recorrente, tanto na sua causa de pedir e nopedido, quanto na demonstração de seu alegado direito. Simples leitura das Resoluções CMNn' 1.655 e 1.656 fornecem o claro entendimento quanto a falta de razões da recorrente aointerpor este recurso. O interesse processual e legitimidade da recorrente deve voltar-se contraa cOlTetora, não contra a CVM.

Como qnestão, na verdade, uma lo/lilur qllaeslio, se há nma, esta deve ser a daresponsabilidade objetiva; série de regressos é outra matéria. E, na sede de responsabilizaçãoobjetiva, o atender e cumprir expressa disposição legal determinante do ressarcimento pelofundo de garantia pertine à bolsa de valores, não à corretora. A esta resta o exercício do direitode regresso.

CARÊNCIA DO HECURSO

o recurso é manifestamente impossível. A matéria com a qual a bolsa deveria de falopreocupar-se deveria ser a do entendimento da finalidade do fundo de garantia. Alegar que opagamento inviabilizaria o fundo é, no mínimo, uma falta de percepção adequada.

Não há que se confundir responsabilidade objetiva com exercício do direito de regresso queàquela pode suceder-se. A não ser assim, o ressarcimento não teria os prazos estabelecidoscontidos nos nonnativos regentes. A não ser assim, o ato revisor da CVM telia a mcsmaduração de um julgado. A discussão, a celeuma jurídica, da ora reconenle, terá a ver com seuato sucedente, quando da corretora cobrar, onde e quando elltão poderá utilizar toda suaargumentação, inclusive procedendo a uma denunciação da lide, até obrigatória (erC, incisoIII do arl. 70).

Querer a reforma/desconstituição do ato da SMI apenas demonstra fito procrastinatório, cOmabsoluta distorção das razões/motivos que levaram á constituição do fundo de garantia.Lembrado que a Bolsa não está integrando a relação processual aludida (MULTICRED liaSeçãoJudiciária do Distrito Federal) - e deveria - o moto da ação, sua callsa de pedir, ifltEfltil,na verdade, a obtenção de um pronunciamento que retire a realização do poder-dever da C:VMem julgar recursa! e revisoriamente o ressarcimento denegado pelo fundo de garantiaadministrado pelas Bolsas, de criação com fulcro e em nome de uma àgil recomposiçãopatrimonial dos prejudicados e credibilidade do mercado.

Se bá alguém com a legitimidade para ao invés de a-liada corno aparenta estar aos agentes decarrsação das lesões patrimoniais, recon'er, buscar a realização da exata inteligência legal,como parle diretamerrte interessada no zelo e preservação da integridade e melhor imagem domercado, essa é a parte diretamente prejudicada pela ação administrativa, qual seja: a Bolsa,como gestora do fundo ele garantia, pois quem afetada pela saída inicial de recursos, embora

Sede Rua Sele de Selembro, 1J] /26' aa 33' andar - (entro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20159-900 - Brosil -Te!., 21 2120200 - tndereío InterneL hllp)/www.cvm.gov.br

Comissão de Valores Mobiliários'. - _ ·,_·_· __ c~· __~_. , •••_

Protegendo quem iII veste 110 futuro do Brasil

oportuna a distinção entre patrimônio da Bolsa de Valores como instituição e patrimônio dofundo de garantia - como gestora - que são coisas bem diversas, relações patrimoniaisdiversas. Caso o flmdo nào disponha de numerário suficiente para atender às reposições amatéria deve ser a de repensar sua base atuarial e não a negativa sistemática no ressarcimcnto.

Caracterizado/conhecido e subsumido o falo/tipo descrito na resolução n° 1.656, como razãode indenizar, indenizados 0S lesados, daí para frente o que se tem é uma série de regressos. AsResoluções regentes da matéria são à evidência de natureza objetiva. A apuração subjetivaGca a cargo e encargo da série regressiva, em sua recomposição de recursos. Assim, repetindo,legitimada para a causa é a Bolsa, que também, deve ser a parte ré na ação proposta pela oraautora, quando chamada a recompor o ressarcimento primário efetuado.

rnteressante, e muito, que praticamente todo o arrazoado recursal copia a peça inicial da açãoproposta pela conetora envolvida - MuJticred - no juízo federal do Distrito FederaL Como sedemonstra, a' seguir:

Volta-se e diz o Autor (MULTICRED) ,li, INICIAL[,cremptoriol1lente, nega o hipótese de ocorrência de ilegitimidadeprocuratório promotor das irregularidades havidas) - que:

(qualldo e--",lide,do instrllmenlo

* Resolvendo reclamações de alguns comitentes da autora, a requerida,através dos oficias [.,.], condenou o Fundo de Garantia da BOVMESB a re.uarcir~!

~ejllizos que tais reclamalltes alegam haver sofridas em tmnsaçôes illtermetliai!as_l~,!:I!,

autom.

,* Consoante denota-se dos OFICIOS/CVM (... ], a decisão da requerida

se baseou na alegação ele que as operações em bolsa, intennediadas pela antora, teriamocorrido mediante "ilegiJimidade de proCliração O/i documento uecessário à trallsferêllciade valores 1Ilobéliários".

I

• Ainda, a conetora/autora efetuotl os pagamentos dos produtos dasvendas intermediadas, ao:; prepostos das comitentes/reclamantes, através de cheqnes nominaisque foram pagos pelo Banco sacado, sem nenhnm embaraço, o que .lIão _o".()!Teri{/!, casocareces!em de legitimidade os respectivos sacadores.

,Refonnnlada, totalmente, na EMENDA A INICIAL, quando passaa afinl1ar: .

• Com efeito, tais operações foram engendradas por IIl11a quadrilha deesteiiolliltários a qual, aluando sob a fachada da (... ] I!I'01IIOVell, II/f(diallte il utilização de

Sede, Rua Sere de Selembro, J11 126' ao 33' andar - (ealro - Rio de Janeiro - RJ - (fP 20159-900 - BralH- rei· ZI Z12 OZOO _E d I f f h II". n ereço nerne: Itp: www.cvrn.gov.br

Comissão de Valores Mobiliários~,,~~,._-, ~._.",~-_._..__._--_.-_._.- "',"

Protegendo quem investe no futulo do Blosil

l'!"-curações pÚblicas e privadas fillsificadas, a transferência de títulos escriturais mantidospor seus reais proprietários junto ao [...].

* As fichas cadastrais pertinentes bem como as ordens para atransferência e posterior venda das ações filram firmadas pelos pretensos procuradores, os'l."-ais também assinaram os recibos de liquidação correspondentes às faturas emitidas,estas por sua vez, em. nome de seus legítimos donos, os quais nenhum conhecimentolinham acerca dos atas indevidos praticados em seus nomes.

* Ocorre, que dentre as razões básicas para a criação de um fundo degarantia destaca-se a de assegurar aos clientes de corretora a devolução ou reposição dedinheiro ou de titulo perdidos em decorrência de má execução de ordens de compms au>'euda de ,'alores mobiliáJ!!J!..

• Como a intermediação das operações no mercado incumbe, Única eexclusivamente, às sociedades corretoras, o Fundo de Garantia é de ser concebido e reguladopara funcionar como um verdadeiro seguro da total integridade a ser observada por ocasião daexecução das ordens de negociação emitidas pelos seus clientes, nas operações que venham arealizar.

*Assim, o o~ietivo dos Fundos de Garantia mantidos pelas Bolsas deValores é o de preservar as expectativas dos clientes de corretoras associadas, no que dizrespeito aos resultados e conseqüências das ordens destinadas à realização de seus negócios.

"Assim, em função de [... ] somente serão passíveis de ressarcimentopelo Fundo de Garantia aquelas operações cujas ordells tellham vindo a ser emitidas,inequivocamellte, por clientes devidamente cadastrados Como tais, junto à corretoraintermediadora, o que, no caso em questão, absolutamente não veio a ocorrer.

* Ademais, e embora [...] o Fundo de Garantia das Bolsas de Valoresdeva assegurar a'!.s clielltes de eorretoras o ressarcimento de pr,!juízos decorrentes de

ilegitimidade de procumção 01/ docl/mento necessário à transferência de valores moiJíliânos,este, eertameote, somente virá a ocorrer quando efetivamente comprovada a

participação culposa ou dolosa da instituição intermediária nos atos que vieram a darensejo a prática irregular.

" Como se sabe, em matéria de responsabilidade civil de instituiçõesintegrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários, em caso de violação da lei ouestatutos, ocorre uma presunção de culpa do agente, cabendo-lhe provar, diante do casoconcreto, a ausência do elemento subjetivo (culpa ou dolo) para se eximir da responsabilidade.Em decorrência, sua responsabilidade nào é objetiva, uma vez qlle cabe s<;mpre a discussãosobre a culpa ou dolo, embora invertendo-se o ânus da prova.(GR/FOS NOSSOS)

ConfoDne o item 43 de sua emenda à peça inicial , fls. 93, comenta,ainda, que "Ora, no caso especifico do FUlldo de Garalltia da Bolsa de Valores de "'filias -

Sede, Rua Sele de Selembro,11I/26' ao 33' andar· (enlro· Rio de Janeiro . RJ· (EP 20159-900· Brasil· Tel., 212120200· Endereço Internei, bllp)/www.cv .go .br

.:. CVM Comissão de Valores Mobiliários..._~...,~, -'~-' ..--_ ...,.---- '_.'-".'~' .._.,..

Protegendo quem investe no íuturo do Brasil

Espírito Santo - Brasl1ia, clljo patrimônio corresponde a R$ 1.312.213,06 (11m milhtio,trezentos e doze mil, dllzentos e treze reais e seis centavo,,) não há dúvida de qE.e o valorindevidamente pleiteado pelas empresas rec1amantes,em montante superior a doi~.

milhões de reais, além de vir a acarretar o desequillbrio da mutualidade que devenecessariamente orientar tal modalidade de seguro, virá a resultar em sua consert!iente einadmissível quebra, especialmente tendo em vista a ausência de qnaisquer~ razõe~

capazes de vir a justificá-Ia. (sic)". (grifoll-sel)

---~---------------

COMENTE-SE QUE, ENTÃO, PARA A MULTICRED (E ABOVMESB NÃO DISCORDA):

- não há direito para os prejudicados;

- mutualidade é só para arrecadação, nunca para ressarcimentos;

- seguro de alta indenização é seguro não pago;

- não há justilicativa para ressarcimento quando se retira,ilicitamente, algo, do patrimõnio de alguém.

UNIVERSO SíNTESE DA AÇÃO (MULTICRED) POR INTEIROCOINCIDENTES COM O RECURSO. ORA APRESENTADO PELA

BOVMESBA presente ação/o presente recurso, têm os

seguintes lindes:

# responsabilidade objetiva;

# manifestaçtio da Bolsa de Valores em contrário ao, ,

ressarCImento - o porque;

# o exercício do direito 'de regresso nas séries sucessivas,aí sim com demonstraçfio exallstiva de culpa e dolo;

# o cadastramento do cliente na corretorarealízaçtio de lima ordem de compra/venda.

• •VIS II VIS a

•A tutela deferida pelo legislador à CVM não é dirigida somente aos acionistas de companhiasabertas, mas deve abranger iodo o mercado de valotes mobiliários .,- máXime à ponta linal derealização. Daí a necessidade irrefutável de serem observados os procedimentos e padrõeséticos detelminados pela Lei.

111 Mercado de Capitais, CNBV, 1996, pág. 55, tem-se:

Sede Ruo Sete de Setembro,1ll /26" 00 33" andor ~ Centra - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20159-900 - Brasil- TeL, 21 120200 - Endereço Internei, bttp.f/www.cvm.gov.br

~·AI.. CVM Comissão de Valores Mobiliários•• --- --" ..__'_' __ "'- __ "-"-_0_',·- .-

Plotegendo quem investe no futulo do Blosi/

" SOCIEDADES CORRETORAS

São instituições financeiras (ainda que muitos asclassifiquem como instituições do Sistema deDistribuição) constituídas como sociedades anênimas ousociedades por quotas de responsabilidades limitada. Suaprincipal função é a de promover, de fomla eficiente, aaproximação entre compradores e vendedores de títulos evalores mobiliários, dando a estes negociabilidadeadequada através de operações realizadas em recintopróprio (pregão das Bolsas de Valores). Desta forma, associedades corretoras exercem ° papel de unificadorasdo mercado, dando segurança ao sistema e liquidez aostítulos tral/saciol/ados, Suas principais atividades são asseguintes:

- Qperar com exclusividade na Bolsa de Valores da qualé membro, com títulos e valores mobiliários denegociação autorizada;

Comprar, vender e distribuir títulos e valoresmobiliários, por cOllta de terceiros, efetuar lançamentospúblicos de ações (operações de underwriting); operarcom a conta "Margem";

- Encarregar-se da administração de carteiras de valores eda custódia de títulos e valores mobiliários; instituir,organizar e administrar fundos e clubes de investimentos;prestar serviços como tral/~[erência de títulos,desdobramento de cautelas, recebimento de juros,dividendos ou encarregar-se da subscrição de títulos evalores mobiliários, etc.;[... ] omissis"

Necessário recordar apenas como ponto de fixação, a importãncia de uma Corretora noatendimento de tais objetivos. Para um investidor normal, não detentor da expertíse demercado, uma bolsa de valores é até um lugar místico, sendo o centro de seus negócios,anseios, expectativas e realizações a própria corretora, que para muitos se confunde com abolsa em si, ponto fulcral de comercialização. Em havendo um problema, um desvio, umaincorreção, esses são tnmsmutados/vistos corno erros da Bolsa, elTOS dessa instituição, empatente interpretação da parte pelo todo.

•Por tudo isso, a razão de set da existência do FUI/do de Garantia!!!

Sede Rua Sete de Setembra,III126' ao 33' andar - (entro· Rio de Janeira· RJ - (EP 20159-900 - Brasil- TeL, 212120200 - Endereço InterneL bttpJ/ww'N. m.gov.br

~CVM Comissão de Valores Mobiliários<._...._._._.._" ....·._a'··_·__._._,._.· •.,··· _'"''

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

Portanto, dada a sua inteira conformidade com a Lei, fácil inferir que inexiste qualquer vícioque possa refomlar o entendimento dado pela SMI. A decisão de determinar o ressarcimentodos prejudicados via fundo de garantia da Bolsa de Valores decorre de 'curial e justa.interpretação da legislação competente, não ensejando, dessarte, qualquer erro que pudessepromover a reforma do entendimento da SMI.

o devido processo legal foi observado na íntegra. Em procedimento administrativo,instaurado a fim de proceder-se ao reexame obrigatório da decisão denegatória do fundo degarantia da BüVMESB que indeferiu o pedido de ressarcimento das investidoras lesadas, aSMI proferiu decisão determinando que o fundo de garantia, administrado pela Bolsa, deveriaressarcir os investidores que tiveram suas ações alienadas sem autorização, por meio deprocurações falsas, com a intermediação da corretora.

DA RAZÃO DA DECISÃO DE REFORMA PELA 8MI

A razão de ser da decisão administrativa de ressarcimento pelo fundo de garantia daBolsa:

Primeiramente, é de examinar-se a natureza e a razão de existir do fundo de garantia da Bolsade Valores, efetivo responsável pelo ressarcimento de prejuízos à pessoas prejudicadas.

o fundo de garantia mantido pelas Bolsas de valores é um instituto decorrente do princípio deregulação, disciplinado pela Resolução CMN n° 1.656/89 ou n° 2.690/00 (ATUAL). Nessediploma normativo, dispõe-se sobre sua existência, hipóteses de ressarcimento, condições dereclamação, o patrimônio, a administração e a responsabilidade das corretoras e das Bolsas, adecisão e os recursos, a reposição de valores, enfim, todas as questões ao mesmo atincntes.

o fundo foi criado para dar maior segurança ao investidor quanto às operações realizadas comvalores mobiliários, a fim de imprimir credibilidade ao mercado de capitais. Nesse sentido,qualquer lesão que afete o patrimônio do investidor, praticada pela corretora - que atua cornointermediária nas negociações de ações - bem como por seus administradores, empregados ouprepostos, enseja o pleito ao fundo de garantia. Logo, é responsável a conetora quc,recebendo títulos par" vender ou para custodiar, ou recursos para comprá-los, cause prejuizosaos clientes. E o fundo que deve ressarcir o cliente é o da Bolsa a qual se filiaJassocia acorretora.

A decisão quanto ao cabimento das reclamações apresentadas ao fundo compete ao Consclhode administração da Bolsa, podendo a matéria apreciada pela Bolsa ser devolvida á CVM, cmgrau de recurso, ou, no caso de indeferimento da reclamação, em reexame obrigatório.

. ..

Assim, uma vez pronundada a decisão da CVM, favorável ao investidor, o fundo de garantiadeve pagar, sem discussão acerca da responsabilidade da corretora. Nesse sentido, o fundo de .

lede, Rua lele de lelembra,I11 j 26' ao 33' andar - (enlra - Ria de Janeiro - RJ - (EP 20159-900 - Brasil- Tel., 212120200 - Endereça InlerneL hllp)jwww.cvm.gav.b

•~CVM Comissão de Valores Mobiliários- ,'._," ......~._ .., ... " '-."-~'-'_._._.- -

Protegendo quem investe no fuluro do Brasjl

garantia tem a natureza de um seguro. Ele é pago após a decisão da CVM, dentro do prazo econfonne o art. 48 da Resolução CMN n° 1.656/89.

As operações efetuadas por Intermediação de sociedade corretora, em pregão, sãocontratos consensuais que se perfazem pelo encontro das ordens de compra e venda.Dessa forma, descabe a alegação de qne as reclamantes não podem ser qnalificadas comoclientes da sociedade corretora, por não terem se utilizado do serviço. A entregaindevida de ações, por quem delas não é o titular, para negociação, faz nascer entre asociedade corretora eo proprietário das ações uma relação jurídica hábil a asseguraI' aindenização pelo fundo de garantia.

A propósito, Pontes de Miranda já prelecionava que "o corretor é responsável se a algum dosfigurantes era proibida a operação e ele a deu por feita, ou se alguém era incapaz, ou n~o

tinha a titularidade suficiente, ou se, por erro de interpretação não há de se ter comoconcluído o negócio jurídico" (in Tratado de Direito Privado, volume 43, pág. 360, grifonossol.

A ilegitimidade dos títulos que a autora negociou não é de caráter intrínseco ou material, masdecorre de vício insanável de titularidade, comprovado pela falsidade das procuraçõesapresentadas, já que não outorgadas pelos titulares.

o fato de os instrumentos de mandato serem públicos em nada altera a responsabilidadeda corretora, muito mellOS consubstanciam a posição da recorrente - bolsa - já que osregulamentos em questão não estabelecem distinção qnanto à natureza pública ouprivada daqueles.

Assim, a responsabilidade da sociedade corretora pelo prejuízo decorre da sua atuaçãoprofissional e se caracteriza desde que haja nexo causal entre a sua atividade ou a de seusadministradores, empregados ou prepostos e o dano sofrido pelo investidor/cliente.

Há no caso concreto inequivoco nexo de causalidade entre a autora/corretora - mediante aconferência [rectius, o não proceder, o não conferir, o não agir com diligência) de procuraçõesque não haviam sido outorgadas pelos reais titulares - e o dano que estes sofreram ao ter suasações indevidamente alienadas.

A finalidade que se teve em vista ao criar o fundo de garantia foi a de, sem perql1lnr,aprof'lllldadamente, acerca da culpa ou dolo - mas, com demonstração do nexo de causalidade-, recompor o patrimônio do investidor lesado pela atuação da sociedade corretora, a fim deconferir credibilidade e segurança ao mercado de ações. Não se procede ao exame de fraudeou de declaração de falsidade, avaliação exaustiva de culpa ou dolo. Estas são questões aserem discutidas em outro for.o, o do direito ou série ge regres o.

A função do f'lllldo de garantia é, pois, semelhante à de um seguro. Dessa fonna, recusar oressarcimento nas hipóteses previstas em abstrato importa m retirar-lhe toda a eficácia edesvirtuar sua finalidade, em detrimento de todo o sistema.

Sede Rua Sele de Selembro,1ll /26" ao 33" andar - (enlro· Ria de Janeiro - RJ· CEP 20159·900· Brasil· TeL 2 0200 - Endereía InlerneL hllpJ/www.rvmgovbr

Comissão de Valores Mobiliários. "_ ..""-

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

o texto constitucional brasileiro estabelece no parágrafo 6° do art. 37 que: " As pcssoasjurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos.responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, asseguradoo direito de regresso cont:a o responsável, nos casos de dolo ou culpa".

Responsabilidade objetiva é a obrigação de indenizar que incumbe a alguém em razão de umprocedimento lícito ou ilicito que produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida deoutrem. Para configurá-Ia basta, pois, a mera relação causal - o estabelecimento do nexo decausalidade - entre o comportamento e o dano.

Hoje e dentro da responsabilidade objetiva o que é ilícito é o dano, é a lesão,cbamada também de teoria do risco, com todas as gradações conheeidas.

. ,e por ISSO e

As reclamações apresentadas ao fundo de garantia da Bolsa pelos prejudicados têm emcomum o falo de que "as procurações que viabilizaram as negociações eram falsas, não tendosido outorgadas por seus titulares".

A recorrente apresenta razões argumentando não ser a corretora responsável pela lesãocausada aos investidores, eis que lhe competiria verificação meramente formal - onde adiligência? - dos documentos que lhe são apresentados.

o Conselho de Administração da Bolsa de Valores julgou as reclamações improcedentes, aofundamento de que não há responsabilidade da corretora, urna vez que o art. 11, doregulamento Anexo à Resolução n.o 1655, de 26 de outubro de 1989, só seria aplicável àshipóteses em que a procuração houvesse sido outorgada por instrumento particular, e não porinstrumento público, como ocorreu em alguns casos.

o cerne da questão, seu punctum dolens, reside em saber se a responsabilidade daautora/corretora é objetiva, ou se ao revés, depende da demonstração exauriente de culpa e,ainda, se a verificação de inexistência de culpa da corretora implica em exonerar o fundo degarantia da obrigação de reparar o dano.

As hipóteses de ressarcimento pelo fundo estão elencadas no artigo 41 da Resolução n° 1.656,de 26/l0/89, com o seguinte teor:

"Art.41- As Bolsas de Valores devem manter Fundo deGarantia, com a finalidade exclusiva de assegurar aosclientes de sociedade corretora, até o limite do Fundo,ressarcimento de prejuízos decorrentes:

]-• •

da atuação de administradores, empregados ou prepostosda sociedade corre/ora membro ou permissiollária daBolsa de Valores que tiver recebido a ordem doinvestidor, em relação à intermediação de negociações

Sede, Rua Sele de Selembra,11l/26' 00 33' andor - (entro - RIO de Janeiro - RJ - (EP 20159-900· Brasil· Tel., 21 2120200 - Endereço InterneL hllp)/www.(vm.gav. r

t4CVM Comissão de Valores Mobiliários"-, .. _.....- '_." _.- .. " ' .. - .... " ,. - ,',-"

Prolegelldo quem irlVesle 170 fululo do Blosil

realizadas em Bolsa e aos serviços de custódia,especialmente nas seguintes hipóteses:[...Jd) inautellticidade de endosso em valor mobiliário ouilegitimidade de procuração ou documento necessário àtransferência de valores mobiliários.[ .. .]"

De outra parte, dispõe o artigo II da Resolução n." 1.655, anterior à acima aludida,disciplinando o funcionamento das sociedades corretoras, iII verbis:

Art. 11- A sociedade corretora é responsável, lias operaçõesrealizadas em bolsas de valores, para com'seus comitellles e para comoutras sociedades corretoras com as quais tem operado ou estej aoperando:

[...JIII- pela autenticidade dos valores mobiliário,5.~e

legitimidade de procuração 0/1 documentos Itecessáriospara a tran~[erência de valores mobiliários.[...J

As normas regentes são pois claras e não rendem ensanchas a elucubrações. As hipóteses emque há o dever de reparar estão objetivamente previstas nos dispositivos mencionados, scmressalvas, e, assim, inclependem da demonstração exaustiva de culpa dos agentesintermediários. Trata-se, a toda evidência, de hipótese de responsabilidade civil objetiva, tantopara as corretoras (Resolução 1.655), quanto para o fundo (Resolução n.o 1.656).

Celso Antõnio Bandeira de Mello, com a habitual acuidade, ensina que "RespoltsabilidadeObjetiva é a obrig".fão de indenizar que illcumbe a alguém em razão de um l'rocedimel~t(}

licito ou ilícito que produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida de outrem. ParaeO/lJjgl/rá-la basta, pois, a mera relação cal/sal entre o comportamelllo e o dalto".

Sem maiores aprofundamentos na dissenção doutrinária - que atina a ontra sede dediscussão - no caso coucreto, verifica-se a presença de todos os requisitos à configuraçãoda respousabilidade objetiva. Há, de fato, inequívoco nexo de causalidade elltre aa(uaçào da corretora ao proceder à operação - mediante a conferência de procuraçõesque não fonlIll outorgadas pelos reais titulares - e o dano que esses sofreram ao ter suasações indevidamente alienadas.

A discussão sobre o fato das procurações serem públicas não pertine ao objeto da discussão,devendo ser, sic et simpliciter, efetuada quando da série de direitos regressivos, haja vista quequando a lei ou o instrumento infralegal não distingue não cabe ao interprete assim proceder,- .Entende-se que com a leitura desses dizeres nada mais precisa ser dito, verificados os valorese envolvimentos, Os fBtos falanl de per se, e elevem bastar para promover o livre

Sede, Rua Sele de Selembro,11I/26' ao 33' andar - [enlra - Ria de Janeiro - RJ - CEP 20159-900 - Brosil- Te!., 212120200 - Endereça Interne" hllp)/ww'N.lvm. av.

at. CVM Comissão de Valores Mobiliários• ,. '- ,'.'-"-".'--,'_>-,..,- .•- -- ,..,."

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

convencimento não concedente da reforma pretendida, bem assim, ao final, decislJmdenegatório de mérito à pretensão da recorrente.

Em recentíssima decisão (17.09.97), o Plenário da 2' Região do TRF, no processo n.o97.02.23788-2, matéria análoga, houve por bem suspender liminar concedida, sendo osseguintes os termos do despacho: "Considerando qne existe a alegação de litlspendência eque impedir que a CVM exel'ça o sen poder de policia constitui violação à ordem pública(art. 4° da Lei n." 4.348/64), suspendo os efeitos da sentença até qne seja apreciada poresta COI'te."

o proceder administrativo sumário interno foi escorreito e a CVM é absolutamentecompetente para DECIDIR ADMINISTRATIVAMENTE a matéria ora sob comento(confomle arts, 46 usque 50 da Resolução CMN n° 1.656), Não pode, portanto, prosperar oargumento da recorrente, como demonstrado. ,

Carecem as assertivas da recorrente de respaldo, Renovem-se as citações de CarlosMaximiliano ( in Hermenêutica e Aplicação do Direito, Forense, 1979, págs. 249 a 251),também de oportuna aplicação à situação:

" Prefira-se a inteligência dos textos que tome viável ° seuobjetivo, ao invés da que os reduza à iIIutilidade.Não se presumem, /Ia lei, palavras illlÍteis,Interpretem-se as disposições de modo que não pareçahaver palavras supérflúas e sem força operativa ".

o que pretende a recorrente senão obter a redução do comando legal à inutilidade, retirandosua força operativa?

Com base nessa premissa, cuja inconsistência já se demonstrou, pretende a autora criar umvazio, um nada normativo, assumida que próspera sua pretensão, todo o mercado financeiro,-de bolsa, entre outros, restariam sem nenhum tipo de PROTEÇAO, SEGURO, norma deconduta ou procedimento.

Quer ela, V.g., que o conceito de ressarcimento de prejuízos tenham que aguardar (mesmoquanto contendo o comando de autorização), todas e sempre, sic et simpliciter, DISCUSSÕES,INTERMINAVEIS para sua fiel execução, restando, assim, assegurada, a infiel incxecnçào!Sabe-se que a dinâmica da sociedade hodiema, do mercado de capitais, não pode resguardartal entendimento,

CONCLUSIVAMENTE

, ,

Embora em um caso de reparação quase nunca apareça e conste a informação'da esma deverser, ou não, vista sob o prisma da responsabilidade subjetiva, objetiva ou ntennediária,normalmente a análise do fato fornece o comportamento que se deve assumir.

Sede, Rua Sele de Selembro.111 j 26' ao 33' andar, Cenlra' Ria de Janeiro, RJ, CEP 20159-900, Brasil, Te!., 212120200, Endereço Inle ne ,hl Jjwww.cvm.gov.br

+,WCVM Comissão de Valores Mobiliários

,. __",_' ''',', '_, _ '_'""0 _" ,_.,..-,. _ .

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

.Foge à natureza do instituto de reparação, o fundo de garantia, que a demonstração de danosadvindos mediante ir utilização de falsa procuração tenha que ser promovida de fOl111asubjetiva. Gerar-se-ia um verdadeiro jogo de empurra, negativas, transferências e diluições deresponsabilidade, entre o cartório, o fraudador, e demais agentes, incluindo variadasdisposições, algumas estabelecidas em instnunentos próprios, V.g., Lei dos RegistrasPúblicos, postergando às calendas a reposição, a qual, nesse caso, em nome e por conta dasegurança negocial deve assumir, à evidência, colores, ou objetivos, ou de uma presunção deculpa por parte da corretora. A razão do fato conduz à reparação, deixado o cxcrcício dodireito de regresso aos agentes promotores da efetivação da lesão/dano, aí sim com trânsitopela demonstração de culpa ou dolo, promovido, então, o ingresso em scde deresponsabilidade subjetiva.

A simples demonstração dos prejuízos decorrentes da comprovação do falso provoca asubsunção do tipo descrito no art. 41, I, d, do Regulamento Anexo à Resolução n. a 1.656, semnecessidade de se perquirir sobre demais pontos, no que atina ao sofredor da lesão/dano.

Respondida está, portanto, a questão sobre a natureza da responsabilidade

Adma-se, ainda, que desde o advento da Res. 922/84, mi. 68, não se necessita demonstrar aculpa ou dolo da corretora, fazendo-se bastante apresentar os elementos característicos donexo causal entre o ilícito praticado pela corretora e os prejuízos dele. E isto restou claramentedemonstrado.

Mediante apresentação de procuração falsa, com dádos divergentes aos do cadastro dacorretora ( fls ..... ), em 'negociação com papel alvo de fraudes e estelionatos, e sem a segurançarecomendada de singela e miníma conferência e cmzamento, toma-se clara a falta de cuidadosda corretora, que não pode, em nome e sob a argüição de uma aparência de legitimidade,deixar de admitir, haja vista a efetiva negociação, slIa participação comissiva e final no cventodanoso.

Serve o fundo, afora o dar garantia ao mercado, como um seguro de responsabilidade ou dereparação.

o tipo ilegitimidade de procuração 01/ docl/mento I/ecessário à transferência de valoresmobiliários (art. 41, I, d, do Regulamento Anexo à Res. 1.(56) descreve bem o que ocorreu.Despicienda a alegação de que os prejudicados não eram clientes da corretora. Restol!provado que eram, aduzido que o simples fato da execução da ordem estabelece umvinculo, mesm ue lÍnico e instantâneo, de contrato. Noção basilar de direito [Ol'llece esseellfelldbllell to.

EstabelecidoOportuno diz

• •comlSSIVo.

stá o nexo de causalidade entre o dano havido e a condüta que o provocou.• •

r-se que só houve o dano devido o envolvimento da corretorã. Envolvimento

lede, Rua lete de letembro,l1l /26' 00 o andar· Centro - Rio de Janeira - RJ - CEP 20119-900 - Brasil- Tel., 212120200 - Endereço Internet, htlp.f/www.[vm.gov.br

Comissão de Valores Mobiliários__~·'~··~_·_~_C·~ __'__,..· ._

Protegendo quem investe no futuro do Brasil

De todo o exposto, conclui-se:

a) pela não subsunção da CVM, no p"esente caso, ao comando judicialsuspensivo oriuudo do MS aludido; é outro caso, é outro objeto, são outros osp"ejudicado5 e outros os processos administrativos;

b) pela inexisU:ncia de óbice ao julgamento do recurso, sendo, então, de marcar­se a data pal'a tal fim.

.c) Pela recomendação favorável quanto à adoção - em parte - do mesmoentendimeulo proferido quando do julgamento, da LANOBRASIL e LUSSA,qual seja: que a BOVMESB pague imediatamente aos investidoresprejudicados, Diz-se aplicação parcial haja vista o fato de por enquantoinexistir ação judicial diretamente relacionada ao caso ora sob recurso.

Sendo a manifestação a proferir-se,

/,A superior apreciação

Atenciosamente, em 10.08.20 O

Adail BlancoProcurador FederalMal. CVM n° 8.700.877

I' arecenntlll icred ru ndode gnran tiabovesbrecurso I

"g ~. (Si 'PJU.

di j01 /~

HENRlüUE DF ..., IJE VERGARA",.-. '. '0' . C,rele GJU-1

Mdt. 7000.910

Sede Rua Sete de Setembra,llI /26' ao 33' andar - [entro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20159-900 - Brasil- Te!., 212120200· Endereça Internet. hllp.fjwww.cvm.gov.br