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    DELIBERAO CVM No489, DE 03DE OUTUBRO DE 2005.

    Aprova o Pronunciamento do IBRACON NPC N22 sobre Provises, Passivos, ContingnciasPassivas e Contingncias Ativas.

    OPRESIDENTE DA COMISSO DE VALORES MOBILIRIOS - CVMtorna pblico que oColegiado, em reunio realizada em 28 de setembro de 2005, com fundamento no 3odo art. 177 da Lei

    No6.404, de 15 de dezembro de 1976, combinado com os incisos II e IV do 1odo art. 22 da Lei No6.385, de 07 de dezembro de 1976, e considerando a importncia e a necessidade de que as prticascontbeis brasileiras sejam convergentes com as prticas contbeis internacionais, seja em funo do

    aumento da transparncia e da segurana das nossas informaes contbeis, seja por possibilitar o acesso,a um custo mais baixo, das empresas nacionais s fontes de financiamentos externas;

    DELIBEROU:

    I - aprovar e tornar obrigatrio, para as companhias abertas, o Pronunciamento anexo presenteDeliberao sobre Provises, Passivos, Contingncias Passivas e Contingncias Ativas emitido peloInstituto Brasileiro dos Auditores Independentes - IBRACON, elaborado em conjunto com a Comisso deValores Mobilirios; e

    II - que esta Deliberao entra em vigor na data da sua publicao no Dirio Oficial da Unio.

    Original assinado porMARCELO FERNANDEZ TRINDADE

    Presidente

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    Norma e Procedimento de Contabilidade

    (NPC 22)

    Provises, Passivos, Contingncias Passivas e Contingncias Ativas

    Contedo

    Item

    OBJETIVO 1 - 2

    ALCANCE 3 - 5

    DEFINIES 6 - 8

    - Provises e outros passivos 7

    - Relao entre provises e contingncias passivas 8

    RECONHECIMENTO 9 - 27

    - Parmetros para avaliao 9

    - Provises 10

    - Obrigao presente 11

    - Evento passado 12 - 17

    - Sada provvel de recursos 18 - 19

    - Estimativa confivel da obrigao 20 - 21

    - Contingncias passivas 22 - 24

    - Contingncias ativas 25 - 27

    MENSURAO 28 - 40

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    - Melhor estimativa 28 - 33

    - Riscos e incertezas 34 - 36

    - Valor presente 37 - 38

    - Eventos futuros 39

    - Baixas esperadas de ativos 40

    REEMBOLSOS 41 - 43

    MUDANAS NAS PROVISES 44 - 45

    USO DAS PROVISES 46

    APLICAO DAS REGRAS DE RECONHECIMENTO E MENSURAO 47 - 67

    - Prejuzos operacionais futuros 47 - 48

    - Contratos onerosos 49 - 52

    - Compensao 53

    - Reestruturao 54 - 67

    DIVULGAO 68 - 76

    DISPOSIES TRANSITRIAS 77 - 78

    ENTRADA EM VIGOR 79

    ANEXOS

    I - Sumrio do tratamento a ser dado envolvendo contingncias ativas e contingnciaspassivas

    II - Exemplos de tratamento a ser dado envolvendo contingncias ativas e contingnciaspassivas

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    Provises, Passivos, Contingncias Passivas e Contingncias Ativas

    OBJETIVO

    1. O objetivo desta Norma e Procedimento de Contabilidade - NPC definir critrios dereconhecimento e bases de mensurao aplicveis a provises, contingncias passivas e contingnciasativas, bem como definir regras para que sejam divulgadas informaes suficientes nas notas explicativass demonstraes contbeis, para permitir que os usurios entendam sua natureza, oportunidade e seuvalor.

    2. Os termos que aparecem em itlico devero ser lidos considerando as definies e os conceitos

    dados nos itens 6 a 8 desta NPC.

    ALCANCE

    3. Esta NPC deve ser aplicada por todas as entidades na contabilizao de provises, contingnciaspassivas e contingncias ativas, exceto as:

    a) resultantes dos instrumentos financeiros registrados a valor de mercado;

    b) resultantes dos contratos a executar, exceto quando o contrato oneroso;

    c) provenientes de aplices de seguro em entidades seguradoras; e

    d) abrangidas por outra norma emitida pelo Ibracon ou rgo regulador, tais como aquelasrelacionadas com contratos de construo, imposto de renda e contribuio social e benefcios aempregados

    4. Outras normas especificam se dispndios devem ser tratados como ativos ou despesas. Essasquestes no so abordadas nesta NPC. Dessa forma, esta norma no determina a contrapartida de uma

    proviso, como, por exemplo, um ativo ou uma despesa.

    5. Esta NPC se aplica a provises para reestruturao (inclusive a relativa descontinuidade deoperaes).

    DEFINIES

    6. Os termos a seguir so utilizados nesta NPC com os seguintes significados:

    (i) Contratos a executar so contratos em que duas ou mais partes comprometem-se a cumprirobrigaes futuras e cujos fatos geradores ainda no ocorreram.

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    (ii) Umaproviso um passivo de prazo ou valor incertos.

    O termo provisotambm tem sido usado no contexto de contas retificadoras, como depreciaesacumuladas, desvalorizao de ativos e ajustes de valores a receber. Esses ajustes aos valores contbeis deativos no so abordados nesta NPC.

    (iii) Provises derivadas de apropriaes por competncia so passivos por mercadorias ouservios que foram recebidos ou fornecidos, mas que no foram faturados ou acordados formalmente como fornecedor, incluindo montantes devidos a empregados (por exemplo, os montantes relativos proviso

    para frias), os devidos pela atualizao de obrigaes na data do balano, entre outros. Embora s vezesseja necessrio estimar o valor ou o tempo dasprovises derivadas de apropriaes por competncia, oque poderia assemelhar-se conceitualmente a uma proviso, a diferena bsica est no fato de que as

    provises derivadas de apropriaes por competnciaso obrigaes j existentes, registradas no perodode competncia, sendo muito menor o grau de incerteza que as envolve.

    (iv) Uma reestruturao um programa planejado e controlado pela administrao de umaentidade, que muda de maneira substancial (a) um negcio empreendido pela entidade ou (b) a maneiracomo esse negcio conduzido (item 54).

    (v) Umpassivo uma obrigao presente de uma entidade, decorrente de eventos j ocorridos, cujaliquidao resultar em uma entrega de recursos.

    (vi) Uma obrigao legal aquela que deriva de um contrato (por meio de termos explcitos ouimplcitos), de uma lei ou de outro instrumento fundamentado em lei.

    (vii) Uma obrigao no formalizada aquela que surge quando uma entidade, mediante prticasdo passado, polticas divulgadas ou declaraes feitas, cria uma expectativa vlida por parte de terceirose, por conta disso, assume um compromisso.

    (viii) Umacontingncia passiva :

    (a) uma possvel obrigao presente cuja existncia ser confirmada somente pela ocorrnciaou no de um ou mais eventos futuros, que no estejam totalmente sob o controle da entidade; ou

    (b) uma obrigao presente que surge de eventos passados, mas que no reconhecida porque:

    (i) improvvel que a entidade tenha de liquid-la; ou

    (ii) o valor da obrigao no pode ser mensurado com suficiente segurana.

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    (ix) Uma contingncia ativa um possvel ativo presente, decorrente de eventos passados, cujaexistncia ser confirmada somente pela ocorrncia ou no de um ou mais eventos futuros, que no

    estejam totalmente sob o controle da entidade.

    (x) Ofato gerador, no contexto desta norma, um evento passado que cria uma obrigao presente,legalou no formalizada, para uma entidade.

    (xi) Um contrato oneroso um contrato no qual, apesar de ainda no concludo, ou at mesmoiniciado, j apresenta prejuzo decorrente da existncia de custos inevitveis que excedem os benefcioseconmicos esperados do contrato.

    Provises e outros passivos

    7. Asprovisespodem ser distinguidas de outrospassivos, tais como contas a pagar a fornecedoreseprovises derivadas de apropriaes por competncia,porque h incertezas sobre o tempo ou o valordos desembolsos futuros exigidos na liquidao. Contas a pagar a fornecedores sopassivosa pagar pormercadorias ou servios fornecidos, faturadas pelo ou formalmente acordadas com o fornecedor.

    As provises derivadas de apropriaes por competncia so normalmente classificadas comocontas a pagar a fornecedores ou outras contas a pagar, conforme a natureza do item a que estiverrelacionada. As demaisprovisesdevem ser apresentadas separadamente.

    Relao entre provises e contingncias passivas

    8. De maneira geral, todas as provisesso contingentes porque so incertas em relao ao tempoou ao valor. Entretanto, nesta NPC, o termo "contingente" usado para ativos e passivos que no soreconhecidos, pois no atendem aos critrios necessrios ao seu reconhecimento. Se os critrios forematendidos, tem-se um passivo ou um ativo.

    RECONHECIMENTO

    Parmetros para avaliao

    9. Para fins de classificao dos ativos e passivosem contingentes ou no, esta NPC usa os termospraticamente certo,provvel,possvele remotacom os seguintes conceitos:

    (a) Praticamente certo - este termo mais fortemente utilizado no julgamento decontingncias ativas. Ele aplicado para refletir uma situao na qual um evento futuro certo, apesarde no ocorrido. Essa certeza advm de situaes cujo controle est com a administrao de umaentidade, e depende apenas dela, ou de situaes em que h garantias reais ou decises judiciais

    favorveis, sobre as quais no cabem mais recursos.

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    (b) Provvel - a chance de um ou mais eventos futuros ocorrer maior do que a de noocorrer.

    (c) Possvel - a chance de um ou mais eventos futuros ocorrer menor que provvel, masmaior que remota.

    (d) Remota- a chance de um ou mais eventos futuros ocorrer pequena.

    Os conceitos descritos nesse item no necessariamente se aplicam a outras normas.

    Provises

    10. Umaprovisodeve ser reconhecida quando:

    (a) uma entidade tem uma obrigao legalou no formalizadapresente como conseqnciade um evento passado;

    (b) provvelque recursossejam exigidos para liquidar a obrigao; e

    (c) o montante da obrigao possa ser estimado com suficiente segurana.

    Se qualquer uma dessas condies no for atendida, a proviso no deve ser reconhecida. importante notar, por outro lado, a diferena existente entre provises e outros passivose contingncias

    passivas, conforme os itens 7, 8 e os exemplos no Anexo II a esta NPC, notadamente aqueles includos noitem 4.

    Obrigao presente

    11. Em raros casos, no fica claro se h uma obrigao legal ouno formalizadapresente. Nesses

    casos, presume-se que um evento passado d origem a uma obrigao presente quando, levando-se emconsiderao todas as evidncias disponveis, for provvelque uma obrigao presente exista na data dobalano.

    As evidncias consideradas incluem quaisquer evidncias adicionais, fornecidas por eventossubseqentes data do balano. Com base nessas evidncias:

    (a) quando for provvel que uma obrigao presente exista na data do balano, a entidadereconhece umaproviso(se os critrios de reconhecimento descritos no item 10 forem atendidos); e

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    (b) quando no forprovvelque uma obrigao presente exista na data do balano, a entidadedivulga uma contingncia passiva, a menos que seja remota a possibilidade de sada de recursos

    (item 70).

    Evento passado

    12. Um evento passado que origina uma obrigao presente chamado de fato gerador. Para queum fato gerador seja considerado ocorrido, necessrio que a administrao da entidade conclua nohaver alternativa realstica que no liquidar a obrigao criada por ele. Essa ocorrncia se verificasomente:

    (a) quando a liquidao da obrigao pode ser exigida por um contrato, lei ou deciso judicial;ou

    (b) no caso de uma obrigao no formalizada.

    13. As demonstraes contbeis apresentam a posio patrimonial e financeira de uma entidade nofim do perodo (data do balano) e no de sua possvel posio no futuro. Portanto, nenhumaprovisoreconhecida para custos que precisam ser incorridos para operar no futuro. Os nicos passivosreconhecidos no balano de uma entidade so aqueles que existem na data do balano.

    14. Somente so reconhecidas como provises aquelas obrigaes que surgem de eventos passadose existem independentemente de atos futuros de uma entidade (como a conduta futura do seu negcio).Exemplos dessas obrigaes so multas ou custos com limpeza e reparos em virtude de danos ambientais,que resultariam em sada de recursospara sua liquidao, independentemente de atos futuros da entidade.Da mesma forma, uma entidade reconhece uma proviso para os custos de descontinuidade de umainstalao industrial na medida em que ela obrigada a retificar eventual dano j causado.

    15. Uma obrigao sempre envolve outra parte interessada a quem se deve a obrigao. No entanto,no necessrio saber a identidade da parte interessada a quem se deve essa obrigao. Em virtude deuma obrigao sempre envolver um compromisso com outra parte, uma deciso do conselho de

    administrao ou da diretoria no originar uma obrigao no formalizadana data do balano, a menosque a deciso tenha sido comunicada antes dessa data, para terceiros afetados por ela, de maneirasuficientemente especfica para criar nestes uma expectativa vlida de que a entidade cumprir com suasresponsabilidades.

    16. Um evento que no gera imediatamente uma obrigao pode ger-la em uma data posterior, emrazo de mudanas na lei ou porque um ato (por exemplo, uma declarao pblica na qual a entidadecompromete-se a fazer algo) da entidade d origem a uma obrigao no formalizada.

    17. Quando os detalhes de uma nova legislao proposta ainda tiverem de ser finalizados, uma

    obrigao surgir somente quando for praticamente certoque a legislao ser promulgada conforme a

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    minuta divulgada. Normalmente, ser impossvel estar praticamente certo da promulgao de umalegislao at que ela seja promulgada.

    Sada provvel de recursos

    18. Para que um passivo seja reconhecido, no deve haver somente uma obrigao presente, mastambm deve serprovvelque haja um desembolso de recursospara liquidar aquela obrigao. Quandono forprovvel, ou seja, for apenas possvelque uma obrigao presente exista, a entidade divulga umacontingncia passiva, a menos que seja remotaa possibilidade de uma sada de recursos(item 70).

    19. Quando h vrias obrigaes semelhantes (por exemplo, processos trabalhistas, garantias sobre

    produtos vendidos etc.), a avaliao da probabilidade de que uma sada de recursos ocorra deverconsiderar o tipo de obrigao como um todo. Esse critrio adotado j que, embora possa ser pequena aprobabilidade de uma sada de recursospara qualquer item isoladamente, pode ser provvelque algumasada de recursos ocorra para o tipo de obrigao, ou seja, para alguns itens, seja necessrio odesembolso. Se esse for o caso, uma proviso reconhecida (se os outros critrios para reconhecimentoforem atendidos).

    Estimativa confivel da obrigao

    20. O uso de estimativas parte essencial da preparao das demonstraes contbeis e no

    prejudica sua confiabilidade. Isso especialmente verdadeiro no caso das provises, que, por suanatureza, so mais incertas do que a maior parte dos outros itens do balano. De maneira geral, umaentidade capaz de determinar os possveis desfechos que envolvem uma obrigao e, dessa forma, fazeruma estimativa que seja suficientemente confivel para ser usada no reconhecimento de umaproviso.

    21. Em casos extremamente raros, em que nenhuma estimativa suficientemente confivel possa serfeita, existe um passivo que no pode ser reconhecido. Esse passivo divulgado como contingncia

    passiva(item 70).

    Contingncias passivas

    22. Uma entidade no deve reconhecer uma contingncia passiva. Esta divulgada, ou no,conforme o item 70.

    23. Quando uma entidade for conjunta e solidariamente responsvel por uma obrigao, a parte daobrigao que se espera que as outras partes liquidem tratada como uma contingncia passiva. Aentidade reconhece umaprovisopara a parte da obrigao para a qual provvel uma sada de recursos,exceto em circunstncias extremamente raras, em que nenhuma estimativa suficientemente confivel

    possa ser feita.

    24. As contingncias passivas devem ser reavaliadas periodicamente para determinar se a avaliaoanterior continua vlida. Se for provvel que uma sada de recursos ser exigida para um item

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    anteriormente tratado como uma contingncia passiva, umaprovisoser reconhecida nas demonstraescontbeis do perodo no qual ocorre a mudana na estimativa de probabilidade.

    Contingncias ativas

    25. Uma entidade no deve reconhecer uma contingncia ativa. Contingncias ativas no soreconhecidas nas demonstraes contbeis, uma vez que pode tratar-se de resultado que nunca venha a serrealizado. Entretanto, quando a realizao do ganho praticamente certa, o ativo correspondente no uma contingncia ativae requerido seu reconhecimento.

    26. Uma contingncia ativa divulgada, conforme o item 73, quando forprovveluma entrada de

    recursos.

    27. Assim como as contingncias passivas, as contingncias ativas devem ser reavaliadasperiodicamente para determinar se a avaliao inicial continua vlida. Se forpraticamente certaque umaentrada de recursos ocorrer por conta de um ativo, entrada esta anteriormente no classificada como

    praticamente certa, o ativo e o correspondente ganho so reconhecidos nas demonstraes contbeis doperodo em que ocorrer a mudana de estimativa. Caso se torne provvel uma entrada de recursos, aentidade divulga em nota a contingncia ativa(item 73).

    MENSURAO

    Melhor estimativa

    28. O montante reconhecido como provisodeve ser a melhor estimativa do desembolso exigidopara liquidar a obrigao presente na data do balano.

    29. A melhor estimativa do desembolso exigido para liquidar a obrigao presente o montante queuma entidade pagaria para liquidar a obrigao na data do balano ou para transferi-la para terceirosnaquela data.

    30. As estimativas de desfecho e os efeitos financeiros so determinados pelo julgamento daadministrao da entidade, complementados pela experincia de transaes semelhantes e, em algunscasos, por relatrios de especialistas independentes. As evidncias consideradas devem incluir qualquerevidncia adicional fornecida por eventos subseqentes data do balano.

    31. Incertezas sobre o montante a ser reconhecido como proviso so tratadas de diversas formas,de acordo com as circunstncias. Quando a proviso que est sendo mensurada envolve uma amplaquantidade de itens, deve-se estimar a proviso ponderando-se todos os possveis desfechos em relao

    possibilidade de sua ocorrncia. Isto necessrio pois pode-se deparar com uma avaliao individual para

    os itens (apenas possvel, por exemplo) diferente da avaliao do grupo como um todo ( que poderia serprovvel para alguns dos itens.)

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    Essa situao pode ser verificada, por exemplo, em uma entidade que produza determinada linha deeletrodomsticos em que, para cada eletrodomstico analisado individualmente, a possibilidade de que

    ocorra um defeito possvel; entretanto, a possibilidade de que um defeito venha a ocorrer, para algumdos eletrodomsticos produzidos, dessa vez analisando a linha como um todo, provvel. Nesse caso, a

    proviso no ser de 100% dos valores envolvidos: dever ponderar a perda mdia esperada para os itens,ou ainda o percentual de perda esperado do universo. Por exemplo, experincias passadas de umaentidade e suas expectativas futuras indicam que, no ano seguinte venda de um produto, 80% dos bensno apresentam defeito, 15% apresentam defeitos menores e 5% tm defeitos maiores. Uma entidadeavalia a probabilidade de uma sada para as obrigaes de garantias como um todo. Supondo que aentidade estima que se a totalidade dos produtos vendidos tivesse que sofrer pequenos reparos, istocustaria um total de R$ 2 milhes e no caso de grandes reparos custaria R$ 6 milhes, a proviso paragarantia seria determinada como segue: (80% x 0) + (15% x R$ 2 milhes) + (5% x R$ 6 milhes),totalizando R$ 600 mil.

    32. Quando se est mensurando uma nica obrigao, o desfecho mais provvelpode ser a melhorestimativa. Entretanto, mesmo nesse caso, as demais possibilidades de desfecho devem ser analisadas, seindicarem valores diferentes da melhor estimativa, e opassivodever ser ajustado, para refletir um valormaior ou menor. Por exemplo, se uma entidade tiver de reparar um defeito grave em uma fbrica que elatenha construdo para um cliente, o resultado individual mais provvel poder ser para que o reparo seja

    bem-sucedido na primeira tentativa a determinado custo, mas umaprovisopara um montante maior serfeita se houver uma chance significativa de que outras tentativas sejam necessrias. Em caso deexpectativas aproximadamente iguais, deve prevalecer a de valor maior.

    33.A proviso mensurada antes dos efeitos tributrios. As conseqncias fiscais da proviso esuas alteraes so tratadas na NPC 25 - Contabilizao do imposto de renda e da contribuio social.

    Riscos e incertezas

    34.Os riscos e as incertezas que inevitavelmente existem em torno de muitos eventos ecircunstncias devem ser levados em considerao para se alcanar a melhor estimativa de umaproviso.

    35.O risco descreve a variabilidade de estimativas de desfechos. Uma nova avaliao de risco pode

    aumentar o valor pelo qual um passivo mensurado. preciso ter cuidado para evitar aumentardesnecessariamente a avaliao de risco, com a conseqente mensurao a maior de uma proviso. Umaincerteza no justifica a criao de provises excessivas ou uma sobreavaliao deliberada de passivos.Por exemplo, se os custos projetados de um desfecho particularmente adverso forem estimados numahiptese mais conservadora, esse desfecho no pode ser deliberadamente tratado como sendo o mais

    provvel. A melhor estimativa, considerando realisticamente o caso, que deve ser observada.

    36.A divulgao das incertezas que cercam o valor do desembolso feita de acordo com o item 69(b).

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    Valor Presente

    37. Observado o descrito no item 78, quando o efeito do valor do dinheiro no tempo relevante, omontante de uma provisodeve ser o valor presente dos desembolsos que se espera que sejam exigidos

    para liquidar a obrigao, exceto quando outra norma do Ibracon ou de rgo regulador determinar queumaprovisoespecfica seja mantida pelo seu valor nominal.

    38. A taxa de desconto deve ser uma taxa aplicada antes de impostos que reflita as atuais avaliaesdo mercado quanto ao valor do dinheiro no tempo e os riscos especficos para opassivo.

    Eventos futuros

    39. Eventos futuros que podem afetar o montante exigido para liquidar uma obrigao devem serrefletidos no valor da proviso, quando houver evidncia objetiva suficiente de que eles ocorrero. Porexemplo, o efeito conhecido de uma possvel nova legislao deve ser levado em considerao namensurao de uma obrigao existente quando h evidncia objetiva suficiente de que praticamentecertoque a legislao seja promulgada. Entretanto, normalmente, no existir evidncia suficiente at quea nova legislao seja promulgada.

    Baixas Esperadas de Ativos

    40. Os ganhos esperados na baixa de ativos no devem ser levados em considerao na mensuraode uma proviso, mesmo se a baixa esperada estiver intimamente ligada ao evento que d origem

    proviso.

    REEMBOLSOS

    41. Quando se espera que algum ou todos os dispndios exigidos para liqidar umaprovisosejamreembolsados por outra parte, o reembolso deve ser reconhecido somente quando for praticamente certoque ele ser recebido se a entidade liquidar a obrigao. O reembolso deve ser tratado como um ativoseparado. O montante reconhecido para o reembolso no deve ultrapassar o montante daproviso.

    42. Na demonstrao do resultado, a despesa relativa a uma provisopode ser apresentada lquidado valor a ser reembolsado.

    43. Algumas vezes, uma entidade pode exigir de terceiros o pagamento ou ressarcimento de todosou de uma poro dos desembolsos exigidos para liquidar uma proviso (por exemplo, por meio decontratos de seguro, clusulas de indenizao ou garantias dos fornecedores). Nos casos em que aentidade permanea sendo a responsvel por todo o valor em questo e tiver que liquidar o valor total se oterceiro por alguma razo no pagar, umaproviso reconhecida pelo valor total do passivo, e um ativo

    reconhecido pelo valor do reembolso esperado, desde que seu recebimento seja praticamente certo, nocaso de a entidade liquidar opassivo.

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    Nos termos do item 23, uma obrigao pela qual uma entidade esteja conjunta e solidariamenteresponsvel considerada uma contingncia passiva. Deixar de ser assim considerada no momento em

    que se passe a esperar que a entidade venha a participar da liquidao da obrigao.

    MUDANAS NAS PROVISES

    44. Asprovisesdevem ser reavaliadas em cada data de balano e ajustadas para refletir a melhorestimativa corrente. Se j no for mais provvelque uma sada de recursosser requerida para liquidar aobrigao, aprovisodeve ser revertida em contrapartida da linha do balano e/ou do resultado contra aqual ela foi originalmente constituda e/ou realizada.

    45. Observado o descrito no item 78, quando for utilizado o desconto a valor presente, o valorcontbil de uma proviso aumenta a cada perodo para refletir a passagem de tempo. Esse aumento reconhecido como uma despesa financeira.

    USO DAS PROVISES

    46. Uma proviso deve ser usada somente para os desembolsos para os quais a proviso foioriginalmente reconhecida. Portanto, somente despesas relacionadas provisooriginal so liquidadascontra ela.

    APLICAO DAS REGRAS DE RECONHECIMENTO E MENSURAO

    Prejuzos operacionais futuros

    47. Provisespara prejuzos operacionais futuros no devem ser reconhecidas, a no ser quandovinculadas a contratos onerosos. Os prejuzos operacionais futuros normalmente no atendem definiode um passivo, contida no item 6, nem dos critrios gerais de reconhecimento estabelecidos para

    provisesno item 10.

    48. Uma expectativa de prejuzos operacionais futuros normalmente uma indicao de quedeterminados ativos da operao podem no ser recuperveis, nem parcial nem totalmente.

    Contratos Onerosos

    49. Se uma entidade tiver um contrato oneroso, a obrigao presente, ou mesmo os prejuzosfuturos inevitveis, de acordo com o contrato, devem ser reconhecidos e mensurados como umaproviso.

    50. Muitos contratos podem ser cancelados sem pagar compensao para a outra parte; portanto,no h obrigao. Outros contratos estabelecem direitos e obrigaes para cada uma das partescontratantes. Quando os eventos tornarem esse contrato oneroso, esta NPC dever ser aplicada, e existir

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    um passivoque deve ser reconhecido. Esta NPC no se aplica aos contratos de execuoque no soonerosos.

    51.Ao determinar se um contrato oneroso, a entidade compara os benefcios econmicos deleesperados com o custo de cumpri-lo ou de deixar de cumpri-lo, dos dois o menor. Se os custos superam os

    benefcios, ento o contrato oneroso. A proviso constituda para o menor custo entre cumprir ocontrato ou deixar de cumpri-lo, independente da inteno da entidade. Nos casos em que houver apenasuma alternativa ou uma outra alternativa no realista, a entidade provisiona o valor dessa nicaalternativa.

    52. Antes de ser estabelecida umaprovisoseparada para um contrato oneroso, uma entidade devereconhecer qualquer prejuzo decorrente da desvalorizao ocorrida nos ativos destinados quele contrato.

    Compensao

    53. No raramente, a administrao de uma entidade questiona a legitimidade de determinadospassivos, e, por conta desse questionamento, por ordem judicial ou por estratgia da prpriaadministrao, os valores em questo so depositados em juzo, sem que haja a caracterizao daliquidao do passivo. Nessas situaes, no havendo a possibilidade de resgate do depsito, a menos queocorra desfecho favorvel da questo para a entidade, o depsito dever ser apresentado deduzindo ovalor do passivo, sendo os valores atualizados e divulgados de acordo com o item 76.

    Reestruturao

    54. Exemplos de eventos que podem se enquadrar na definio de reestruturaoso:

    (a) venda ou extino de uma linha de negcios;

    (b) fechamento de fbricas ou locais de negcios de um pas ou regio ou realocao dasatividades de negcios de um pas ou regio para outro(a);

    (c) mudanas na estrutura da administrao, por exemplo, eliminao de um nvel gerencial; e

    (d) reorganizaes fundamentais que tm um efeito relevante na natureza e no foco dasoperaes da entidade.

    No se enquadram na definio de reestruturao, portanto, reorganizaes financeiras, societriase outras similares.

    55. Uma provisopara custos da reestruturao reconhecida somente quando so cumpridos oscritrios gerais de reconhecimento de provisesestabelecidos no item 10. Os itens 56 a 67 demonstramcomo os critrios gerais de reconhecimento aplicam-se s reestruturaes.

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    56. Uma obrigao no formalizadapara reestruturaosurge somente quando uma entidade:

    (a) tiver um plano formal detalhado para a reestruturao, identificando pelo menos:

    (i) o negcio ou parte do negcio em questo;

    (ii) os principais locais afetados;

    (iii) o local, as funes e o nmero aproximado de funcionrios que sero incentivadosfinanceiramente a se demitir;

    (iv) os desembolsos que sero efetuados; e

    (v) quando o plano ser implantado;

    (b) tiver criado uma expectativa vlida naqueles que sero afetados pela reestruturao, sejacomeando a implantao daquele plano seja pelo anncio de suas principais caractersticas paraaqueles afetados pela reestruturao.

    57. A evidncia de que uma entidade comeou a implantar um plano de reestruturao seria

    fornecida, por exemplo, pela desmontagem da fbrica, pela venda dos ativos ou pela divulgao dasprincipais caractersticas do plano. A divulgao de um plano detalhado para reestruturaoconstituiruma obrigao no formalizadasomente se for feita de tal maneira e em detalhes suficientes (ou seja,apresentando as principais caractersticas do plano) que origine expectativas vlidas de outras partesinteressadas, como clientes, fornecedores e funcionrios (ou seus representantes), de que a entidade arealizar.

    58. Para que um plano seja suficiente para dar origem a uma obrigao no formalizada, quandocomunicado queles por ele afetados, necessrio que sua implantao comece o mais rpido possvel eseja concluda dentro de um prazo que torne improvveis quaisquer mudanas no plano. Entretanto, caso

    se espere que haja um grande atraso antes de a reestruturaocomear ou que esta demore tempo demais,deixa de ser provvel que o plano crie uma expectativa vlida de que a entidade est, atualmente,comprometida com a reestruturao, porque o perodo de execuo d oportunidade para a entidademudar seus planos.

    59. Uma deciso de reestruturao da administrao ou da diretoria, tomada antes da data dobalano, no d origem a uma obrigao no formalizadanaquela data, a menos que a entidade tenha,antes disso:

    (a) comeado a implantar o plano de reestruturao; ou

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    (b) anunciado as principais caractersticas do plano de reestruturaoqueles afetados por ele,de maneira suficientemente especfica, criando neles uma expectativa vlida de que far a

    reestruturao.

    Em alguns casos, uma entidade comea a implantar um plano de reestruturao, ou anuncia suasprincipais caractersticas queles afetados, somente depois da data do balano. Caso essa reestruturaoseja relevante no conjunto das demonstraes contbeis, a entidade dever fazer a devida divulgao doevento subseqente.

    60. Embora uma obrigao no formalizada no seja criada apenas por uma deciso daadministrao, ela pode resultar de eventos anteriores combinados com essa deciso. Por exemplo,negociaes com representantes de empregados, para pagamentos de demisses, ou com compradores,

    para a venda de uma operao, podem ter sido concludas, sujeitas apenas aprovao da diretoria. Umavez obtida a aprovao e comunicada s outras partes interessadas, a entidade tem uma obrigao no

    formalizadade reestruturar, se as condies do item 56 forem cumpridas.

    61. Em alguns casos, a alta administrao de uma entidade pode incluir representantes de interessesdiferentes dos de uma administrao tradicional (por exemplo, empregados), ou a notificao para essesrepresentantes pode ser necessria antes de ser tomada a deciso pela alta administrao. Quando umadeciso dessa diretoria envolve a comunicao a esses representantes, isso pode resultar em umaobrigao no formalizadade reestruturar.

    62. Nenhuma obrigao surge da venda de uma unidade operacional at que a entidadecomprometa-se com essa operao, ou seja, quando h um contrato firme de venda.

    63. Mesmo quando uma entidade tiver tomado deciso de vender uma unidade operacional eanunciada publicamente essa deciso, ela pode no se comprometer a vend-la at que um compradortenha sido identificado e houver um contrato firme de venda. At haver um contrato firme de venda, aentidade poder mudar de idia e, de fato, ter de tomar outras medidas se no puder ser encontrado umcomprador que concorde com o negcio em termos aceitveis. Quando a venda de uma operao for vistacomo parte de uma reestruturao, os ativos da unidade sero analisados considerando o seu valor derecuperao nas circunstncias. Em alguns casos, quando uma venda for somente uma parte da

    reestruturao, uma obrigao no formalizadapoder surgir para as outras partes dessa reestruturao,se as condies previstas no item 56 forem atendidas, mesmo antes de existir um contrato firme de venda.

    64. Uma proviso para reestruturao deve incluir somente as despesas diretas decorrentes dareestruturao, que so:

    (a) necessariamente ocasionadas pela reestruturao; e

    (b) no associadas s atividades em andamento da entidade.

    65. Umaprovisopara reestruturaono inclui custos como:

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    (a) novo treinamento ou remanejamento da equipe permanente;

    (b) propaganda e marketing; ou

    (c) investimento em novos sistemas e redes de distribuio.

    Esses desembolsos se relacionam futura conduo do negcio e no so passivos relativos reestruturao na data do balano. Esses desembolsos so reconhecidos na mesma base, como sesurgissem independentemente de uma reestruturao.

    66. Perdas operacionais futuras, identificveis at a data de uma reestruturao, no so includas

    em umaproviso, a menos que se relacionem a um contrato oneroso, conforme definido no item 6.

    67. Conforme descrito no item 40, os ganhos esperados na baixa de ativos no so levados emconsiderao na mensurao de umaprovisopara reestruturao, mesmo se a venda de ativos for vistacomo parte da reestruturao.

    DIVULGAO

    68. Para cada tipo deprovisorelevante, uma entidade deve divulgar:

    (a) o valor contbil no incio e no fim do perodo;

    (b) provisesadicionais feitas no perodo, incluindo aumentos nasprovisesexistentes;

    (c) montantes utilizados (ou seja, incorridos e baixados contra aproviso) durante o perodo;

    (d) montantes no utilizados, estornados durante o perodo; e

    (e) despesas financeiras apropriadas no perodo para asprovisesajustadas ao valor presente equalquer mudana na taxa de desconto.

    No so necessrias informaes comparativas.

    69. Alm do descrito no item 68, uma entidade deve divulgar, para cada tipo deprovisorelevante:

    (a) uma breve descrio da natureza da obrigao e o cronograma esperado de quaisquerdesembolsos;

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    (b) uma indicao das incertezas sobre o valor ou o cronograma desses desembolsos. Quandofor necessrio fornecer informaes adequadas, uma entidade deve divulgar as principais premissas

    adotadas em relao a eventos futuros, conforme abordado no item 39; e

    (c) o montante de qualquer reembolso esperado, declarando o valor de qualquer ativo quetenha sido reconhecido por conta desse reembolso.

    70. A menos que seja remota a possibilidade de ocorrer qualquer desembolso, a entidade devedivulgar, para cada tipo de contingncia passiva relevante na data do balano, uma breve descrio danatureza da contingncia passivae, quando praticvel:

    (a) uma estimativa do efeito financeiro, mensurada de acordo com os itens 28 a 40;

    (b) uma indicao das incertezas relacionadas ao montante ou ao tempo de qualquerdesembolso; e

    (c) a possibilidade de qualquer reembolso.

    71. Na determinao de quais provises ou contingncias passivas podem ser agregados paraformar um tipo nico, necessrio considerar se a natureza dos itens similar o suficiente paradivulgao nica que cumpra as exigncias dos itens 69(a) e (b) e 70(a) e (b). Assim, pode ser apropriado

    tratar como uma provisonica os montantes relacionados a garantias de produtos diferentes, mas noseria adequado tratar como umaprovisonica os valores relacionados a garantias de produtos vendidose os montantes relativos a processos judiciais.

    72. Quando uma proviso e uma contingncia passiva surgirem do mesmo conjunto decircunstncias, uma entidade faz as divulgaes requeridas pelos itens 68 a 70 de maneira que evidencie aligao entre aprovisoe a contingncia passiva.

    73. Quando forprovveluma entrada de recursos, uma entidade deve divulgar uma breve descrioda natureza da contingncia ativa na data do balano e, se praticvel, uma estimativa de seus efeitosfinanceiros mensurados, usando os princpios descritos para as provises contidos nos itens 28 a 40. Essasdivulgaes devem evitar dar indicaes indevidas quanto probabilidade do ganho.

    74. Quando algumas das informaes necessrias, de acordo com os itens 70 e 73, no foremdivulgadas por no ser praticvel a sua apresentao, a entidade deve divulgar esse fato.

    75. Em casos extremamente raros, pode-se esperar que a divulgao de alguma ou de todas asinformaes necessrias em conformidade com os itens 68 a 73 prejudique seriamente a posio daentidade em uma disputa com outras partes sobre o assunto da proviso, contingncia passiva ou

    contingncia ativa. Nesses casos, a entidade no precisa divulgar as informaes, mas deve divulgar anatureza geral da disputa e o fato de que as informaes no foram divulgadas, com a devida justificativa,

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    bem como deve avaliar a necessidade de comunicar o assunto ao rgo regulador, nos termos das normasexistentes acerca de informaes confidenciais.

    76. Nos casos em que, para fins de divulgao, ocorrer a compensao de passivos com valoresdepositados em juzo, permitida nos termos desta NPC, devero ser destacadas, em nota explicativa, asquantias que esto sendo compensadas e a explicao das eventuais diferenas existentes.

    DISPOSIES TRANSITRIAS

    77. Os efeitos da adoo desta NPC que no se relacionarem a mudanas de estimativas devem serapresentados como ajustes de exerccios anteriores.

    78. O ajuste a valor presente previsto nos itens 37, 38 e 45 dever ser efetuado apenas se requeridopor uma norma especfica que se refira proviso, ou quando da edio de norma que d legitimidade aplicao desse conceito nas prticas contbeis adotadas no Brasil.

    ENTRADA EM VIGOR

    79. Esta NPC entra em vigor para as demonstraes contbeis que abrangem os perodos quecomeam em 1de janeiro de 2006, ou aps essa data, incentivando-se a sua aplicao imediata, e revogadisposies anteriores, inclusive o Pronunciamento do IBRACON XXII - Contingncias.

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    ANEXO I

    SUMRIO DO TRATAMENTO A SER DADO ENVOLVENDO CONTINGNCIAS ATIVAS ECONTINGNCIAS PASSIVAS

    O objetivo deste anexo auxiliar no entendimento da NPC sobre Provises, contingncias ativas e

    contingncias passivas e deve ser lido no contexto completo da NPC, no devendo ser considerado

    isoladamente.

    Tipo decontingncia

    Probabilidade Tratamento Refernciacom os itens daNPC

    Contingnciaativa

    Praticamentecerta

    Reconhecer oativo.

    25

    Provvel Divulgar. 26

    Possvel ouremota

    No divulgar. 72

    Contingnciapassiva

    Provvel

    - mensurvelcom suficientesegurana

    Provisionar. 10

    - no

    mensurvel comsuficiente segurana

    Divulgar. 21

    Possvel Divulgar. 11(b)

    Remota No divulgar. 22, 70 e 75

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    ANEXO II

    EXEMPLOS DE TRATAMENTO A SER DADO ENVOLVENDO CONTINGNCIAS ATIVASE CONTINGNCIAS PASSIVAS

    O objetivo deste anexo auxiliar no entendimento da NPC sobre Provises, contingncias ativas e

    contingncias passivas e deve ser lido no contexto completo da NPC, no devendo ser considerado

    isoladamente.

    1. Garantias

    Uma montadora d garantia de dois anos para uma determinada linha de veculos a partir da data davenda pela concessionria. Baseada em experincias passadas, a montadora sabe que provvel quealguns dos veculos vendidos apresentem problemas nesses dois anos, que so cobertos pela garantia.

    Nesse caso, o fato geradorda obrigao a venda do veculo pela concessionria, dando a garantia dedois anos, e provvelque, para alguns veculos, ocorra desembolso por parte da montadora. Nesse caso,deve ser constitudaprovisopara cobrir esses eventuais custos, baseada na melhor estimativa possvel.

    Esse o tpico exemplo de uma situao na qual a possibilidade de que uma obrigao analisadaisoladamente (um veculo) venha a ocorrer menor queprovvel. Entretanto, a possibilidade de que partede uma obrigao analisada de forma associada (em nosso exemplo, a linha de veculos) venha a ocorrer

    provvel. Dessa forma, umaprovisodeve ser constituda.

    Na mesma linha da garantia, est a poltica de reembolso de compras de clientes insatisfeitos,adotada comumente por entidades de determinados segmentos da economia. Essa poltica divulgada ao

    pblico e, muitas vezes, parte integrante da estratgia publicitria dessas entidades, e, em alguns casos,algumas dessas entidades chegam a registrar o compromisso pblico do reembolso em cartrio. Emambos os casos, a entidade criou uma expectativa vlida no consumidor. Assim, como na situao dasgarantias, uma provisodeve ser constituda para cobrir os custos de reembolso, na melhor estimativa

    possvel.

    2. Danos ambientais

    Em determinadas circunstncias, quando danos ambientais so causados, a entidade pode, pordiversas razes, no estar obrigada a remedi-los. Assim, inicialmente, no se fala em obrigao;entretanto, o surgimento de uma nova lei ou um comprometimento pblico da entidade far surgir umaobrigao legalou no formalizada, respectivamente, e, nesse caso, observada a devida avaliao sobre a

    possibilidade dessa obrigao se concretizar, a constituio de umaprovisopoder ser necessria.

    A lei referida no item anterior pode no ter sido aprovada ainda, mas se a sua aprovao

    praticamente certa, umaprovisodever ser constituda.

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    Vejamos as situaes a seguir e a correspondente anlise:

    (a) Uma entidade que lana resduos na gua de um rio prximo da fbrica, em razo das pressescada vez mais crescentes da populao e de organismos internacionais, decide investir na construo deuma Estao de Tratamento, com o objetivo de tratar os resduos que sero lanados no rio. Nessasituao, no cabe constituir proviso para os dispndios com a construo de uma Estao deTratamento, pois trata-se, na verdade, de uma mudana no processo produtivo. Entretanto, caso aobrigao pela reparao do dano j causado diretamente ao rio, e indiretamente ao meio ambiente, seja

    provvel, uma proviso dever ser constituda, proviso esta que exclui os custos com a Estao deTratamento, que influenciar no processo futuro, e no na ajuda do tratamento dos danos j causados.

    (b) Uma entidade vencedora em um processo de licitao para explorao de petrleo em alto-

    mar. O contrato prev que, no caso de descontinuidade da operao, por exausto do poo ou porqualquer outro motivo, a entidade dever arcar com os custos de remoo da plataforma de petrleo ereparao do leito do mar. Nessa situao, a entidade dever constituir proviso para remoo da

    plataforma com contrapartida no custo da prpria plataforma, j que ofato gerador a sua instalao. Emrelao ao custo de restaurao do leito, uma provisodeve ser feita e ajustada mensalmente, medidaque o poo for sendo explorado.

    3.Reestruturao

    Em reunio da diretoria de uma entidade, realizada em dezembro de 2001, esta decidiu que efetuaruma reestruturao que incluir reduo de nveis hierrquicos, demisses e fechamento de unidadesdeficitrias. A reunio aprovou as principais linhas do plano de reestruturao, mas a administraoainda no divulgou esse plano s partes envolvidas (funcionrios, clientes, fornecedores etc.). Assim, em31 de dezembro de 2001, a proviso ainda no deve ser constituda, pelo menos at que o plano sejadivulgado em detalhes suficientes para as partes envolvidas. Caso a comunicao tivesse sido feita antesde 31 de dezembro de 2001, o balano deveria contemplar provisopara fazer face melhor estimativados custos a incorrer por conta da reestruturao.

    Outro exemplo o de uma fbrica cuja receita derivada, em sua quase totalidade, da venda de umcomponente automotivo, que, em 2001, fornecido exclusivamente para duas montadoras de automveis.

    Essas montadoras fazem comunicado pblico ou enviam cartas fbrica avisando que, a partir de 1 dejaneiro de 2002, no mais utilizaro esse componente em seus automveis, com antecedncia suficientepara no ser considerado quebra de contrato. Nesse caso, a administrao no ter muitas opes, e areestruturao praticamente inevitvel, ou seja, provvel, j que o pressuposto da continuidade estarafetado. A melhor estimativa de gastos com a reestruturao dever ser feita e provisionada. Caso aentidade venha a implantar uma nova fbrica para produzir um novo componente, podendo at ser ocomponente que ir substituir o que ela fornecia, os dispndios relativos reestruturaoda planta/linhade produo anterior devero ser lanados ao resultado, no podendo, portanto, ser alocados ao custo danova fbrica de produo. Antes de ser efetuada aprovisopara a reestruturao, a administrao deverefetuar o ajuste no valor dos ativos ao seu valor de recuperao. Caso haja situaes em que se prevejaganho sobre baixas esperadas de ativos, esses ganhos no so levados em considerao na mensurao deumaprovisopara reestruturao.

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    4. Tributos

    (a) A administrao de uma entidade entende que uma determinada lei federal, que alterou aalquota de um tributo ou introduziu um novo tributo, inconstitucional. Por conta desse entendimento,ela, por intermdio de seus advogados, entrou com uma ao alegando a inconstitucionalidade da lei.

    Nesse caso, existe uma obrigaolegala pagar Unio. Assim, a obrigao legaldeve estar registrada,inclusive juros e outros encargos, se aplicvel, pois estes ltimos tm a caracterstica de uma provisoderivada de apropriaes por competncia. Trata-se de uma obrigao legale no de uma provisooude uma contingncia passiva,considerando os conceitos da NPC.

    Em uma etapa posterior, o advogado comunica que a ao foi julgada procedente em determinadainstncia. Mesmo que haja uma tendncia de ganho, e ainda que o advogado julgue como provvel o

    ganho de causa em definitivo, pelo fato de que ainda cabe recurso por parte do credor (a Unio), asituao no ainda consideradapraticamente certa,e, portanto, o ganho no deve ser registrado. de seressaltar que a situao avaliada de uma contingncia ativa,e no de uma contingncia passivaa serrevertida, pois opassivo, como dito no item anterior, uma obrigao legale no umaprovisoou umacontingncia passiva.

    (b)Nas circunstncias de processos ainda no julgados definitivamente, em que a entidade discute arecuperao de tributos, supostamente pagos a maior, mas nos estritos termos da lei em discusso, eobtm liminar permitindo compensar aqueles valores com outros tributos, a entidade no dever registraro ganho contingente, amparada nessa liminar.

    Isso porque a liminar um instrumento provisrio, e, portanto, a realizao do ganho no definitiva. Nesses casos, a Entidade ir proceder compensao do ponto de vista financeiro; todavia, otributo compensado dever ainda figurar como obrigao legalat o desfecho final da causa. Como sualiquidao tambm provisria, se o desfecho for desfavorvel entidade, esta dever recolher o tributoanteriormente compensado com os acrscimos legais, conforme aplicvel.

    (c) Ao obter deciso final favorvel sobre um ganho contingente, a entidade dever observar omomento adequado para o seu reconhecimento contbil. No havendo mais possibilidades de recursos da

    parte contrria, o risco da no-realizao do ganho contingente considerado remoto, e, portanto, a

    entidade deve reconhecer contabilmente o ganho quando a deciso judicial final produzir seus efeitos, oque ocorre, normalmente, aps a publicao no Dirio Oficial.

    Isso significa dizer que, a partir desse momento, o ganho deixar de ser contingente e se tornar umdireito da entidade. Antes do registro do ganho contingente, porm, e periodicamente aps seu registro, aadministrao da entidade deve avaliar a capacidade de recuperao do ativo, uma vez que a partecontrria pode tornar-se incapaz de honrar esse compromisso, ou pode ser que sua utilizao futura sejaincerta.

    (d) Existem situaes em que uma entidade ainda no obteve a deciso final favorvel

    recuperao de um tributo ou extino da obrigao tributria registrada, mas h jurisprudnciafavorvel para outras entidades em casos idnticos, bem como avaliao dos advogados de que as chances

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    de um desfecho favorvel so provveis. Mesmo nas situaes em que h jurisprudncia favorvel, issono suficiente para dar base ao reconhecimento do ganho contingente, uma vez que no est assegurada

    uma deciso final favorvel entidade, pois muitos outros fatores podem influenciar essa deciso, porexemplo, o ramo de atividade, a formalizao do processo etc. A entidade, por outro lado, deve fazerdivulgao em nota explicativa acerca do assunto.

    5. Contrato oneroso

    Uma entidade opera de maneira lucrativa em uma fbrica arrendada conforme um arrendamentooperacional. Durante dezembro de 20XX, a entidade transfere suas operaes para uma nova fbrica. Oarrendamento da antiga fbrica ainda ter que ser pago por mais quatro anos, com custo total de R$ 8milhes. A entidade recebeu a oferta de sub-arrendar a fbrica por R$ 5 milhes pelo perodo de quatro

    anos. A entidade tem tambm a opo de cancelar o contrato de arrendamento pagando multa de R$ 2milhes.

    Nessa situao, o evento passado a assinatura do contrato de arrendamento, que d origem a umaobrigao legal e atual. O arrendamento torna-se oneroso, com provvel sada futura de recursos, e,assim, neste momento, uma proviso reconhecida pelo menor valor entre cumprir ou deixar de cumpriro contrato. Mesmo que, por uma questo de imagem, a entidade esteja estudando a opo de cumprir ocontrato e arrendar a fbrica a fim de possibilitar a manuteno do emprego das pessoas que no iro paraa nova fbrica, a proviso a ser constituda ser de R$ 2 milhes. A proviso, entretanto, dever serajustada para o valor de R$ 3 milhes (custo de arrendamento de R$ 8 milhes menos receita de

    subarrendamento de R$ 5 milhes), no momento em que ficar praticamente afastada a possibilidade decancelar o contrato original, o que poder ocorrer no momento de assinatura do subarrendamento.