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CUSTO DE PRODUÇÃO E LUCRATIVIDADE DA PRODUÇÃO DE BOVINOS EM CONFINAMENTO NA REGIÃO DE RIO VERDE–GO. Marina Nogueira, Maria Aparecida Anselmo Tarsitano, Hellen Buzollo, Max Ternero Cangani, Adriana Cunha Luiz, Elter Botini Tavares - Fitotecnia – Zootecnia – Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-economia – Faculdade de Engenharia – Campus de Ilha Solteira.�

Confinamento é o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com área restrita, e onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos. É mais propriamente utilizado para a terminação de bovinos, que é a fase da produção que imediatamente antecede o abate do animal, ou seja, envolve o acabamento da carcaça que será comercializada. A qualidade da carcaça produzida no confinamento é dependente de um bom desempenho obtido na fase de cria e recria. Bons produtos de confinamento são obtidos a partir de animais sadios, fortes, com ossatura robusta, bom desenvolvimento muscular (quantidade de carne) e gordura suficiente para dar sabor à carne e proporcionar boa cobertura da carcaça (CARDOSO, 2000).

O rebanho bovino brasileiro em 2006 totalizou 164.943.515 cabeças, sendo que na região do Centro-Oeste totalizavam 57.256.356 e o estado de Goiás foi responsável por quase 30% deste total, (HARADA et al., 2007).

De acordo com Carmo et al. (2002), Rio Verde tem o segundo maior rebanho de Goiás, e cada vez mais as pastagens extensivas diminuem, com a introdução de mais lavouras e pecuária intensiva, que utiliza técnicas como o confinamento.

No Brasil, o confinamento é como regra, conduzido durante a época seca do ano, por ser o período de escassez de forragem para pastejo. A terminação em confinamento depende de: fonte de animais para terminação; fonte de alimentos e preços e mercado para o gado confinado. (CARDOSO, 2000).

O avanço desta técnica pode ser observado comparando-se os dados de confinamentos (não incluindo semi-confinamentos) no Brasil em 1996, que totalizavam 1.435 mil cabeças, enquanto que este número passa para 1.906 mil em 2002 e, finalmente, para 2.181 mil cabeças em 2006, um crescimento de quase 52%. O estado de Goiás apresenta o segundo maior número de cabeças confinadas, cerca de 18% do número total. (HARADA et al., 2007).

O presente trabalho objetivou avaliar a viabilidade econômica da prática de confinamento para bovinos de corte, levando em consideração a estimativa de custos baseados nos gastos com alimentação e demais itens estruturais do processo e o preço por arroba no município de Rio Verde (GO).

De acordo com a Prefeitura Municipal de Rio Verde (2007), a cidade de Rio Verde situa-se na região sudoeste do Estado de Goiás, e encontra-se na latitude de 17º 47´ sul e longitude de 50º 55´ oeste. Sua topografia é plana, levemente ondulada, com 5% de declividade, possui altitude média de 748 metros, o clima apresenta duas estações bem definidas: uma seca (de maio a outubro) e outra chuvosa (novembro a abril). A temperatura média varia entre 20ºC e 35ºC. Seu solo é do tipo latossolo vermelho-escuro com textura argilosa e areno-argilosa.

Os dados do presente trabalho foram levantados junto à fazenda Monte Alegre, localizada na cidade de Rio Verde que possui 500,9 ha, com produção de grãos (milho e soja) e a Pecuária (gado de corte e Suinocultura).

Tinha-se aproximadamente 900 cabeças de gado, onde 220 destas foram confinadas no ano de 2006. O restante dos animais permaneceram em piquetes com as pastagens Brachiaria

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humidicola, B. decumbens, B. brizantha e Tifton, que totalizavam 160 ha. Para estes animais além do pasto, era fornecido um sal mineral.

Os 220 animais com um peso de aproximadamente 12@, foram comprados por R$600,00 cada um e engordados em confinamento, permaneceram 60 dias neste sistema entrando com um peso de 11 a 12@ e saindo ao atingirem um peso de 16 a 17@.

Para estimar o custo de produção, foram levantadas as quantidades e os valores unitários dos insumos e serviços empregados na área onde foi estabelecido o confinamento, as horas trabalhadas para a realização das operações, custo com operações mecanizadas, operações manuais, alimentação, além da aquisição dos animais. A determinação destes valores foi de grande importância, pois a partir dos mesmos foram obtidos os custos que as operações demandam.

Nas operações mecanizadas foram consideradas as despesas com o óleo diesel consumido; 20% das despesas com óleo como lubrificantes; reparos e manutenção (8% a.a. do valor da máquina nova); depreciação, calculada pelo Método Linear; seguro (1% a.a. do valor da máquina nova); abrigo para o equipamento (1% a.a. do valor da máquina nova). Todos esses valores de custo devem ser obtidos em horas trabalhadas pela máquina.

O custo da mão-de-obra foi baseado na diária paga aos trabalhadores na região estudada. A alimentação fornecida constituiu-se de silagem de milho, caroço de algodão e um concentrado.

O custo operacional efetivo foi calculado pela soma das despesas com operações mecanizadas, despesas com operações manuais, despesas com alimentação e o custo de aquisição de animais. Para o cálculo de outras despesas, foi estimado um valor de 5% dos custos operacionais efetivos.

Obteve-se o custo operacional total através da soma do custo operacional efetivo e das outras despesas. Este custo operacional total dividido pelo numero de animais confinados resultou no custo por animal. Achado o custo por animal, dividiu-se por 17@ (peso final do animal), e resultou no custo da arroba.

A receita bruta foi calculada pela quantidade de arrobas produzidas pelo preço pago pela arroba. A diferença entre a receita bruta e o custo operacional total resultou no lucro operacional.

O índice de lucratividade foi obtido entre a razão do lucro operacional pela receita bruta, cujo valor é dado em porcentagem. A razão entre o custo operacional total pela produção média obtida pelo produtor resultou no preço de equilíbrio por arroba, sendo este o preço mínimo que o produtor deve vender o seu produto para não obter prejuízos. Já a produção de equilíbrio é a razão entre o custo operacional total e o preço médio vendido pelo produtor.

Ao atingirem o peso ideal de abate (17@), os animais foram comercializados com frigoríficos da região, entre eles, Friboi, Margen, Marfrig e Estrela ao preço médio de R$57,79 por @ e com relação ao transporte dos animais as despesas foram pagas pelos frigoríficos.

A Tabela 1, correspondente ao Custo de produção, está dividida em seis colunas, descriminadas a seguir: operação realizada; unidade da operação; número de repetições realizadas na operação; coeficiente técnico; valor unitário da operação; e por fim o valor total.

O custo operacional total foi de R$ 192.838,80, e foi obtido pela soma do custo operacional efetivo mais outras despesas, que foi o desembolso, com o custo de depreciação.

O custo operacional efetivo representa o desembolso médio feito pelo produtor para custear a atividade no período. A aquisição dos animais representou o maior percentual do total dos custos operacionais efetivos, cerca de 70%, sendo assim os pecuaristas devem dar uma atenção especial nesse quesito, pois uma pequena economia, sem deixar de lado a qualidade dos

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animais a serem confinados, representa uma redução considerável do custo operacional efetivo, que refletirá na lucratividade e na rentabilidade (LOPES & MAGALHÃES, 2005).

A alimentação foi o segundo componente que mais pesou nas despesas operacionais efetivas. Assim como na aquisição dos animais, os pecuaristas devem concentrar esforços também no balanceamento da dieta, buscando fontes alternativas de alimentos que possam diminuir o custo da alimentação, tanto concentrada quanto volumosa. As quantidades e os alimentos selecionados para composição da ração necessária para obtenção do ganho de peso desejado devem corresponder ao menor custo diário possível, durante todo o período de confinamento de animais.

A mão-de-obra (operação mecanizada e operação manual) foi o terceiro componente do custo operacional efetivo.

Tabela 1. Estimativa de custo de confinamento de 220 animais, em um período de 60 dias, em

Rio Verde (GO), em 2006. CUSTO DE PRODUÇÃO

DESCRIÇÃO ESPECIF. Nº vezes Qtd. V. unit. Total (R$) A. OPERAÇÕES MECANIZADAS Distribuição e Retirada de Alimentos HM 240 0,5 36 4.320,00 Subtotal A 4.320,00 B - OPERAÇÕES MANUAIS B.1. Limpeza do cocho d'agua, salário 1 2 700 1.400,00 rega do piso e carregamento da ração Subtotal B 1.400,00 C - ALIMENTAÇÃO C.1. Silagem de milho toneladas 1 396 60 23.760,00 C.2. Caroço de Algodão 1 13,2 240 3.168,00 C.3. Concentrado 1 52,8 360 19.008,00 Subtotal C 45.936,00 D. Aquisição dos animais com 12@ unidade 1 220 600 132.000,00 Subtotal D 132.000,00 Custo operacional efetivo (C.O.E) 183.656,00 Outras despesas 9.182,80 Custo operacional total (C.O.T) 192.838,80 Custo por animal

876,54

Custo por @

51,56 Na Tabela 2 encontram-se os valores dos indicadores de lucratividade. A receita bruta

foi de R$ 216.134,60 para o confinamento de 220 animais. Através da análise de rentabilidade obteve-se o lucro operacional, que é o faturamento bruto menos o custo operacional total, que foi de R$23.295,80 (positivo), mostrando que a atividade é estável com possibilidade de expansão. Resultado positivo significa que a atividade foi lucrativa podendo se manter a longo prazo.

O índice de lucratividade mostrou a proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis após a cobertura do custo operacional total. É uma medida importante da rentabilidade da atividade agropecuária. Através da análise da Tabela 2, verificou-se que o preço pago por @ foi superior ao custo por @, sendo este capaz de suprir os gastos e não permitindo que incorra prejuízos na atividade.

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Com uma produção mínima de 15,17@, a atividade supriria todos os custos fixos e variáveis do confinamento. A diferença entre as 17 @ produzidas e a produção mínima foi o lucro que os 220 animais proporcionaram ao produtor.

Tabela 2. Indicadores de lucratividade.

A terminação de bovinos para produção de carne, em confinamento, foi

economicamente viável, tendo apresentado um retorno econômico satisfatório. Este resultado deve-se ao fato de os animais confinados terem apresentado semelhante

homogeneidade quanto a peso, idade, raça e sexo.

Referência Bibliográfica

HARADA et al.. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: Instituto FNP, pág. 59; 71. 2006.

CARMO, R. L.; GUIMARAES, E.; AZEVEDO, A . M.M. Agroindústria, População e Ambiente no Sudoeste de Goiás XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

CARDOSO, G. E. Embrapa Gado de Corte. Curso Suplementação em Pasto e Confinamento de Bovinos, Campo Grande, MS, 28 e 29 de junho de 2000. Disponível em < http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/naoseriadas/cursosuplementacao/confinamento/#1 > Acesso em 27 de mai. 2007.

LOPES, M. A.; MAGALHÃES, G. P. Análise da rentabilidade da terminação de bovinos de corte em confinamento: um estudo de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 57, n. 3, p. 374-379, 2005.

PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO VERDE – GOIÁS. Disponível em : < . http://www.rioverdegoias.com.br/i.do?si=aci&id=15> Acesso em 27 de mai. 2007.

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DESCRIÇÃO Total (R$) Receita bruta 216.134,60 Lucro operacional 23.295,80 Índice de lucratividade 10,78 Preço de equilíbrio por @ 51,56 Produção de equilíbrio @ 15,17