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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DOS PROFESSORES NA INCLUSÃO DE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN Por: Rosangela Ribeiro de Souza Orientador Profª. Edla Trocoli Rio de Janeiro 2011

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Page 1: Cursos de Pós, MBA, Licenciatura e Extensão ...da literatura e pesquisa em artigos publicados entre os anos de 1998 e 2010, de profissionais experientes, professores e pesquisadores

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DOS PROFESSORES NA INCLUSÃO DE ALUNOS COM

SÍNDROME DE DOWN

Por: Rosangela Ribeiro de Souza

Orientador Profª. Edla Trocoli

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DOS PROFESSORES NA INCLUSÃO DE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Inclusiva. Por: Rosangela Ribeiro de Souza Orientadora: Profª Edla Trocoli

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me proporcionado

a oportunidade de ter nascido nessa vida,

rodeada de pessoas queridas, e que foram

fundamentais para o meu sucesso na minha

trajetória acadêmica.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai Sr. Nilton

(com saudades), minha mãe Geni, meus

filhos Aline e Fábio, meu namorado Paulo e

aos meus irmãos Genilton, Jorge, Edson e

Gilson.

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RESUMO

Este trabalho aborda, por intermédio de pesquisa bibliográfica, a inclusão de

crianças com Síndrome de Down (SD) no ensino fundamental. Foi elaborada revisão

da literatura e pesquisa em artigos publicados entre os anos de 1998 e 2010, de

profissionais experientes, professores e pesquisadores Universitários.

Diante da necessidade de ampliar o conhecimento a respeito da temática e de

conhecer outras experiências relacionadas ao processo de inclusão de crianças

portadoras desta síndrome na rede regular de ensino, acerca dos desafios

enfrentados por essas crianças e seus familiares, bem como as possíveis

experiências que subsidiam o oferecimento de um trabalho de melhor qualidade

para esses alunos, é que a autora deste trabalho se sentiu motivada a desenvolver a

pesquisa bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Crianças, Síndrome de Down, Inclusão, Educação, Ensino

Fundamental.

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METODOLOGIA

Este trabalho aborda, por intermédio de pesquisa bibliográfica, a inclusão de

crianças com Síndrome de Down (SD) no ensino fundamental. Foi elaborada revisão

da literatura e pesquisa em artigos publicados entre os anos de 1998 e 2010, por

profissionais experientes, professores e pesquisadores Universitários.

Para agregar conhecimento, a ciência utiliza-se de métodos, entendendo-se

que um método é a maneira ou o caminho para alcançar os objetivos de um estudo.

Já o conceito de metodologia deriva do grego méthodos, termo que significa

caminho, mais logos, termo que significa conhecimento. Metodologia pode ser

definida, então, como o conjunto de “atividades sistemáticas e racionais” utilizados

para o desenvolvimento de um método científico (RICHARDSON, 1999, pág.22).

Gil (1999, pág.46) “diz que toda pesquisa tende para objetivos específicos e

classifica as pesquisas em três níveis: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e

pesquisa explicativa. Dentro desta classificação de pesquisa, este estudo ajusta-se

melhor ao conceito de pesquisa descritiva, modalidade em que, segundo Gil (1999,

pág.43) as pesquisas [...] “são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão

geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato”.

Portanto, a base deste trabalho é a pesquisa bibliográfica. “A pesquisa

bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos”. (GIL, 1999, pág. 65).

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INTRODUÇÃO

Pretende-se neste trabalho discorrer sobre as dificuldades que ocorrem num

processo de inclusão de portadores de SD no ensino regular, apresentando alguns

conceitos, estratégias e técnicas que poderão ser facilitadores deste processo, visto

que portadores dessa síndrome apresentam diferentes graus de comprometimentos

para aprender, que vão de leve a severo. O desenvolvimento de crianças com SD é

mais lento, requerendo-se a elaboração currículo adaptado. Tendo essas crianças

um perfil de aprendizagem característico deve-se considerar suas necessidades

individuais e algumas estratégias que possam ser usadas pelo professor para

facilitar o aprendizado.

Prevista na Lei de Diretrizes e Bases - LDB (Lei 9394/96) a educação

para "educandos com necessidades especiais." se apresenta como um desafio para

os profissionais da educação, sobretudo, quando se trata da inclusão desses alunos

nas escolas regulares. Desde então, a temática da inclusão vem rendendo diversas

polêmicas envolvendo os profissionais, pais e sociedade. Nesse contexto se insere a

educação dos portadores da Síndrome de Down.

A inclusão bem sucedida é fator importante para que crianças com

necessidades educacionais especiais se tornem membros plenos e contribuitivos da

comunidade.

Para que isso ocorra de forma satisfatória é necessário que haja a

consciência de que indivíduos com necessidades especiais apresentam amplas

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possibilidades de aprendizado, apesar das diferenças relativas àquelas ditas com

desenvolvimento “normal”. Também é preciso compreender sobre a importância do

professor no processo de ensinar, qualificando-o para lidar com ampla diversidade

apresentada por cada um dos alunos.

O grande desafio para os profissionais da educação, sobretudo, quando se

trata da inclusão de alunos especiais no ensino Fundamental, é a escassez de

informações metodológicas e científicas que podem servir como referência para

professores e profissionais e ensino. Porém, através de inúmeras pesquisas vem-se

aumentando o conhecimento sobre as capacidades de crianças com a Síndrome de

Down (SD) e o seu potencial, trazendo maiores possibilidades para que um trabalho

de inclusão dos portadores dessa deficiência obtenha maior sucesso.

Outro desafio, não menos importante, diz respeito aos diversos ambientes em

que interagem todos os envolvidos no processo de aprendizagem.

Segundo Voivodic ((2004, pág. 18):

“Acreditamos que as dificuldades do aluno com Síndrome de

Down não são apenas inerentes à sua condição, mas têm

um caráter interativo: dependem das características do

aluno, do ambiente familiar e educacional e da proposta

educativa a ele oferecida.”

Voivodic ((2004, pág. 11) complementa que, após ter conhecido a Teoria de

Vygotsky, passou a usá-la no seu dia-a-dia e como resultado as crianças passaram

a ser vistas em suas diferenças e não em suas “igualdades”. O aprendizado, dentro

de um método e ritmo começou a ser notado e valorizado.

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O objetivo deste trabalho é o de contribuir com informações literárias que

tratam das dificuldades encontradas pelos professores e profissionais de ensino, no

que diz respeito à inclusão de crianças com SD no ensino fundamental. Procura

identificar os temas pesquisados e auxiliar no trabalho dos profissionais envolvidos

para que prestem um cuidado de melhor qualidade a estas crianças e suas famílias.

Prover informações fundamentadas em pesquisas teóricas e, em experiências

de profissionais que obtiveram êxito na prática de inclusão de crianças com SD na

educação de ensino Fundamental.

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CAPÍTULO 1 - A SÍNDROME DE DOWN E SEUS ASPECTOS

Nesse capítulo aborda-se a evolução do conceito de Síndrome de Down e

suas principais características, apresentando ainda alguns aspectos dessa

Síndrome, que comprometem o desenvolvimento físico e intelectual da criança

portadora.

O conhecimento sobre o problema que se pretende abordar é fundamental

para que possamos definir e delimitar as ações necessárias para seu enfrentamento.

Nesse sentido não devemos nos fixar nos conceitos incorporados pelo senso

comum, indo além, para buscar os avanços da ciência metodológica no campo que

se pretende estudar, conhecimentos estes que, na maioria das vezes, conflitam com

aquele do senso comum. A Síndrome de Down é um exemplo marcante desta

questão. Os erros conceituais e preconceitos agregados fizeram com que seus

portadores fossem vítimas de políticas e ações equivocadas durante séculos.

Hoje, felizmente, esta questão está superada. Dispomos de um grande

número de estudos e trabalhos que nos permitem ter o conhecimento exato dessa

síndrome e de seus aspectos.

1.1 O que é a Síndrome de Down

Por muitos anos o portador da Síndrome de Down (SD) era considerado como

um retardado, incapaz e em algumas sociedades era tido até como fruto da união de

uma mulher com o demônio. Infelizmente, ainda encontramos algumas confusões

sobre o conceito de Down, sendo o portador de tal distúrbio, definido como

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deficiente mental. Porém, a amplitude do conceito de deficiência ou doença mental

não abrange as características particulares da SD, apesar deste ser um traço

marcante nos portadores deste distúrbio.

Segundo (SCHWARTZMAN, 1999, p. 243)

“O conceito de deficiência mental apóia, basicamente, em

três idéias que tem sido utilizada para definir este termo. É

essencial examiná-las do ponto de vista interativo. A

primeira diz respeito ao binômio de desenvolvimento-

aprendizagem (...) a segunda idéia se refere aos fatores

biológicos (...) a última tem a ver com o ambiente físico e

social (...) “.

Como definiríamos então a Síndrome de Down?

Síndrome é o grupo ou agregado de sinais e sintomas associados a uma

mesma patologia e que em seu conjunto definem o diagnóstico e o quadro clínico de

uma condição médica.Ou seja, síndrome não é doença, é uma condição médica

(Wikpédia, 2011).

Ressaltamos acima que a SD não é uma doença, e sim uma disfunção

genética. O nome deve-se ao médico inglês Langdon Down que descreveu pela

primeira vez em 1866 as características de uma criança portadora dessa síndrome.

"A Síndrome de Down é decorrente de um erro genético presente desde o momento

da concepção ou imediatamente após. As crianças portadoras da síndrome

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apresentam 47 cromossomos no núcleo de cada célula ao invés dos normais 46

herdados do pai e da mãe sendo 23 de cada um.

Os cromossomos contêm a herança genética e o extra localiza-se no par 21.

A esta alteração denominamos trissomia simples. Ela decorre de "defeito" em um

dos gametas, que formarão o indivíduo. Os gametas deveriam conter um

cromossomo apenas e assim a união do gameta materno com o gameta paterno

geraria um gameta filho com dois cromossomos, como toda a espécie humana.

Assim, todo desenvolvimento e maturação do organismo e inclusive a cognição do

indivíduo portador da síndrome sofrem alterações que irão se manifestar em seu

desenvolvimento e em seu aspecto físico. A identificação da criança com a síndrome

é feita imediatamente após o nascimento, confirmando as probabilidades já sabidas

durante a gestação através de exames feitos entre a 8ª e 11ª ou 14ª e 16ª semanas

de gravidez.

1.2 Principais características

Como a própria definição de “síndrome” sugere, o indivíduo com SD

apresenta uma série de características específicas que definem sua condição.

Voivodic (Voivodic, 2004, pág.17) enfatiza que a criança com Síndrome de Down

tem a deficiência mental como uma de suas características mais constantes,

concluindo pela complexidade e importância de sua educação.

Diversos estudos apontam que a manifestação de um mesmo distúrbio pode

se dar de diferentes formas e graus. Assim, algumas crianças portadoras de SD têm

uma conduta agradável, são calmas, dóceis, fáceis de controlar, enquanto outras

revelam muita inquietação, agressividade e às vezes têm crises de teimosia.

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Voivodic (Voivodic, 2004, pág. 42) enfatiza que as crianças com SD

apresentam características físicas semelhantes que podem ser notadas em sua

aparência desde o nascimento, porém, em relação ao comportamento e padrão de

desenvolvimento, o mesmo não se dá. Explica que estes aspectos não dependem

exclusivamente dos fatores cromossômicos, mas também e em grande importância,

do potencial genético e das influências do meio em que a criança vive.

1.2.1 Características físicas

Para os profissionais que vão trabalhar com essas crianças é preciso

conhecer muito bem as características físicas para melhor executar o seu trabalho,

entre elas podemos destacar: “cardiopatias, prega palmar única, baixa estatura,

atresia duodenal, comprimento reduzido do fêmur e úmero, bexiga pequena e

dismorfismo da face e ombros. Outras alterações são braquicefalia, fissuras

palpebrais, hipoplasia da região mediana da face, diâmetro fronto-occipital reduzido,

pescoço curto, língua protusa e hipotônica e distância aumentada entre o primeiro, o

segundo dedo dos pés, crânio achatado, mais largo e comprido; narinas

normalmente arrebitadas por falta de desenvolvimentos dos ossos nasais; quinto

dedo da mão muito curto, curvado para dentro e formado com apenas uma

articulação; mãos curtas; ouvido simplificado; lóbulo auricular aderente e coração

anormal. De maneira geral e simplificada podemos destacar: Olhos – pálpebras

estreitas levemente oblíquas com prega de pele no canto interno chamadas de

prega epicântica. Íris – pequenas manchas brancas chamadas de manchas de

Brushfield. Cabeça – geralmente menor e a parte posterior levemente achatada.

Boca – pequena e muitas vezes se mantém aberta com a língua projetando-se para

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fora. Mãos – curtas e largas com prega palmar única. Musculatura – de modo geral

mais flácida. Orelhas - pequenas e conduto auditivo estreito. Dedos dos pés –

geralmente curtos com espaço maior entre o dedão e o segundo dedo. Algumas

crianças têm pés chatos.

Quanto às alterações fisiológicas observam-se nos primeiros dias de vida

uma grande sonolência, dificuldade de despertar, dificuldades de realizar sucção e

deglutição, porém estas alterações vão se atenuando ao longo do tempo, à medida

que a criança fica mais velha e se torna mais alerta.A criança Down normalmente

apresenta grande hipotonia. A hipotonia costuma ir se atenuando à medida que a

criança fica mais velha e pode haver algum aumento na ativação muscular através

da estimulação tátil.”

Essas inúmeras alterações estruturais e funcionais, além de outras que

afetam diretamente o sistema nervoso da criança com síndrome de down,

determinam algumas de suas características mais marcantes como distúrbios de

aprendizagem e desenvolvimento.

1.2 Síndrome de Down - Dificuldades de aprendizagem

A aprendizagem, segundo os especialistas no assunto, depende da

integração dos fatores de percepção, esquema corporal, orientação tempo-espacial

e lateralidade nos processos neurológicos e da harmoniosa evolução de funções

especificas como linguagem.

Vygotsky não contemplava diferenças de desenvolvimento entre as crianças

normais e aquelas que apresentam deficiência mental. Piaget, porém, ao elaborar

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seu conceito de sujeito epistêmico, que diz respeito às estruturas mentais comuns a

todos os seres humanos, que conferem a possibilidade de aprender, que se

desenvolvem do início ao fim da vida através da interação com o meio e leva a

níveis de saber cada vez mais complexos, estabeleceu a exceção no caso dos

indivíduos com algum dano cerebral, não negando entretanto, a possibilidade de

aprender por parte destes indivíduos. Voivodic (2004, p. 47), refere-se às pesquisas

realizadas pela autora Boneti (1997), nas quais, em estudos realizados com crianças

em idade escolar portadores de deficiência mental, constatou-se que essas crianças

elaboram esquemas de interpretação de linguagem escrita e passam por conflitos

cognitivos semelhantes àqueles identificados por Emília Ferreiro nas crianças ditas

normais.

Esses conflitos cognitivos devem ser analisados de forma a contemplar as

diferenças qualitativas e quantitativas inerentes a cada indivíduo e considerando-se

suas condições mentais. De acordo com SCHWARTZMAN (1999, p. 247 apud

Voivodic, pág. 43 ), a criança com síndrome de Down mostra um atraso significativo

na idade cronológica diferente de idade funcional, desta forma, não devemos

esperar uma resposta idêntica à resposta da "normais", que não apresentam

alterações de aprendizagem. “[...] Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e

desajustes funcionais do sistema nervoso.”

Voivodic (2004, p. 43) enfatiza que a deficiência mental, definida pela

Associação Americana de Desenvolvimento Mental como a condição na qual o

cérebro está impedido de atingir seu pleno desenvolvimento, prejudicando a

aprendizagem e a integração social do indivíduo, compromete o indivíduo como um

todo.

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Assim também, devemos considerar as diferenças inerentes a cada indivíduo

em particular. Da mesma forma que os indivíduos considerados normais apresentam

diferenças significativas nos aspectos cognitivos e em seu desenvolvimento, as

crianças portadoras de SD são extremamente distintas entre si. Essas diferenças

originam-se de vários fatores, sendo de grande importância aqueles relacionados ao

meio em que a criança vive e os decorrentes do trabalho educacional desenvolvido

ao longo de suas vidas.

Segundo SCHWARTZMAN (1999, p. 247) além de outras deficiências que

acarretam repercussão sobre o desenvolvimento neurológico da criança com

síndrome de Down, podemos citar as dificuldades de decisão e iniciação, na

elaboração do pensamento abstrato; no calculo; na seleção e eliminação de

determinadas fontes informativas; no bloqueio das funções perceptivas (atenção e

percepção); nas funções motoras e alterações da emoção e do afeto. Estas

dificuldades ocorrem principalmente por que a imaturidade nervosa e não

mielinização das fibras pode dificultar funções mentais como: habilidade para usar

conceitos abstratos, memória, percepção geral, habilidades que incluam imaginação,

relações espaciais, esquema corporal, habilidade no raciocínio, estocagem do

material aprendido e transferência na aprendizagem. As deficiências e debilidades

destas funções dificultam principalmente as atividades escolares:

Segundo SCHWARTZMAN (1999, p. 246):

“O fato de a criança não ter desenvolvido uma

habilidade ou demonstrar conduta imatura em

determinada idade, comparativamente a outras

com idêntica condição genética, não significa

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impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é

possível que madure lentamente.”

Podemos concluir que a experiência e os estudos realizados apontam para as

plenas possibilidades de aprendizagem por parte dos portadores da SD. É preciso,

porém, definir os níveis de expectativa em cada caso específico. Também devemos

contemplar, além dos aspectos fisiológicos e cognitivos, as experiências que cada

aluno traz quando chega à escola. Sua vivência familiar e comunitária no período

pré-escolar pode definir formas de ação diferenciadas por parte dos profissionais

que estarão responsáveis pela sua formação. É nesse contexto que a educação

inclusiva se reveste da maior importância.

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CAPÍTULO 2 - A EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA CRIANÇAS COM SD

A educação inclusiva vem sendo discutida na Brasil há várias décadas. Aqui

abordaremos alguns aspectos legais, elencados na ordem cronológica, procurando

demonstrar de que forma eles contribuem para a melhoria da qualidade do ensino

para as crianças com necessidades especiais. Esta legislação segue os princípios

aceitos internacionalmente e promoveu uma mudança de mentalidades e uma

necessidade de adaptação do sistema de ensino praticado no país, com a adoção

de novas formas de intervenção pedagógica.

É consenso entre os estudiosos a grande importância do ensino especializado

para crianças portadoras de alguma deficiência mental. Esse processo deve ter

início desde o berço, com práticas e posturas adequadas ao bom desenvolvimento

físico e intelectual do portador da deficiência. Segundo Voivodic (2004, p. 49), no

caso das crianças com SD, essas primeiras experiências podem ficar

comprometidas pelo impacto que produz na família a notícia de ter um filho com

essa Síndrome.O apoio de profissionais especializados desde essa fase é de vital

importância para definir as melhores condições no futuro daquele indivíduo. Esse

profissional tem um papel fundamental no preparo da família no trato das vítimas da

SD, estimulando ações positivas e definindo diretrizes a serem seguidas. No Brasil,

a instituição que aplica essa política de forma bastante efetiva é a APAE

(Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).

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Contudo, quando a criança atinge a idade escolar, a fim de se atingir

melhores resultados em seu desenvolvimento, a educação inclusiva se faz

essencial. A experiência tem mostrado as diversas dificuldades que devem ser

transpostas ao se propor essa forma de educação aos portadores de SD. As

maiores dificuldades estão agregadas ao preconceito que se tem em relação a

essas crianças especiais, preconceitos esses que já nascem no meio em que a

criança nasce, alcançando maior vulto entre os pais de alunos ditos normais nas

escolas que adotam o sistema inclusivo. O profissional da educação deve estar

atento a esses fatores e bem preparado para lidar com as múltiplas faceta que o

problema abrange.

2.1 Aspectos legais e políticas especiais

Como já foi citado a educação especial é prevista na LDB (Lei 9394/96 .

Antes porém, ela já fazia parte da Legislação Nacional, constando em diversos

instrumentos regulamentadores da ação educativa.

A Constituição Federal prevê que é dever do Estado a garantia de

atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências,

preferencialmente na rede regular de ensino. (art. 208, caput, III, CF). O artigo

estabelece a obrigação do oferecimento da educação especial por parte do Poder

Público em suas diversas esferas, apontando ainda na direção da educação

inclusiva como política a ser adotada. Quando se preconiza, para o aluno com

necessidades especiais, o atendimento educacional especializado preferencialmente

na rede regular de ensino, evidencia-se uma clara opção pela política de integração

no texto da lei.

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Não se deve negar a importante contribuição da escola especial para o

processo de ensino dos alunos portadores de deficiências. A partir dela foram

agregando-se técnicas e ações que produziram uma melhoria significativa na

qualidade do ensino especializado. Por outro lado, ela contribuiu para aumentar a

discriminação e a segregação, mostrando-se ainda incapaz de formar cidadãos

autônomos, capazes de desenvolverem-se por si sós na sociedade. O tempo e a

prática mostraram assim a importância da educação inclusiva. Porém, o êxito da

integração escolar depende, dentre outros fatores, da eficiência no atendimento.

Um avanço neste sentido veio com a Lei de Integração do Deficiente, de

1982, que define que o deficiente deve se integrar no sistema ordinário de educação

geral, recebendo os programas de apoio e recursos que necessite. Prevê ainda que

a escolarização em centros de educação especial se ministrará só quando resultar

impossível a integração no sistema ordinário.

Esse direito à educação extrapola o ato da matrícula e busca o

desenvolvimento do ser. Assim, em 1990, a Lei de Ordenação Geral do Sistema

Educativo (LOGSE) estabelece que o sistema educativo deve dispor dos recursos

necessários para que os alunos com necessidades educativas especiais possam

alcançar, dentro do sistema, os objetivos estabelecidos com caráter geral para todos

os alunos.

Esses objetivos são definidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e

compreendem para o ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:

“compreender a cidadania como participação social e política,

assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais,

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adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e

repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o

mesmo respeito;

• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas

diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de

mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;

• conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões

sociais, materiais e culturais como meio para construir

progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o

sentimento de pertinência ao país;

• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural

brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e

nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada

em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de

etnia ou outras características individuais e sociais;

• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do

ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles,

contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;

• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o

sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física,

cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção

social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no

exercício da cidadania;

• conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando

hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de

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vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à

saúde coletiva;

• utilizar as diferentes linguagens — verbal, musical, matemática,

gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e

comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais,

em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções

e situações de comunicação;

• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos

tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;

• questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de

resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade,

a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando

procedimentos e verificando sua adequação.”

Neste sentido, os professores têm que estar adequadamente preparados, os

centros deve contar com uma adequada organização escolar e com os recursos

materiais e físicos necessários para favorecer a aprendizagem de todos os alunos.

Além disso, é preciso que as equipes de professores realizem as correspondentes

adaptações curriculares necessárias para que as crianças portadoras de

necessidades especiais alcancem os fins da educação. Essas adaptações, assim

como os currículos regulares, devem ser flexíveis e dinâmicos, adaptando-se à

realidade do educando, indo sempre ao encontro dos objetivos propostos.

Em 1999, a Lei de Solidariedade da Educação pretende melhorar a qualidade

da atenção que recebem os portadores de necessidades educativas especiais.

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Assim, para que a igualdade de oportunidades de todos os alunos seja um

fato, esta lei regula uma série de atuações compensatórias como programas de

especialização do professorado ou para a elaboração de materiais adaptados, para

assessorar as famílias, para refeições ou transporte, etc.

No ano 2002, a Lei Orgânica de Qualidade da Educação (LOCE), estabelece

que os alunos com necessidades educativas especiais (ACNEE) que requeiram, em

um período de escolarização ou ao longo da mesma, determinados apoios e

cuidados educativos específicos,por ter deficiências físicas, psíquicas, sensoriais ou

por manifestar graves transtornos da personalidade ou de conduta, terão uma

atenção especializada calcadas nos princípios da não discriminação e normalização

educativa, com a finalidade de conseguir sua integração. Para atingir esse efeito, as

administrações educativas dotarão a estes alunos do apoio preciso do momento de

sua escolarização ou da detecção de sua necessidade. Para assegurar a educação

especializada inclusiva algumas medidas devem ser tomadas, como: aumento da

oferta de serviços de educação especial com equipamentos, equipe qualificada,

material didático especializado e espaço físico adequado às necessidades especiais

dos deficientes, assim como criação de programas de preparo para o trabalho,

estímulo a aprendizagem informal e orientação à família.

2.2 As intervenções pedagógicas junto a criança com Síndrome de Down

Como dissemos, a escola especializada representou um avanço na prática de

ensino de alunos com necessidades especiais. Com o tempo esse modelo foi sendo

questionado em seus aspectos negativos, sobretudo no que diz respeito ao

aprofundamento da segregação. Assim, seguiu-se a opção pela escola inclusiva.

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A estrutura teve que se adaptar e os profissionais tiveram que buscar novas

abordagens e técnicas para o melhor desempenho. Surge nesse contexto a “sala de

recursos especiais”, ou simplesmente “sala de recursos”, um passo importante para

não permitir que os benefícios da escola especializada se perdessem. Porém, o

profissional do ensino regular não pode e não deve ficar alheio a esse processo,

acreditando que as dificuldades do aluno especial serão todas tratadas na sala de

recursos especiais. Ele também deve buscar o aprimoramento profissional que o

capacitará a atuar em turmas regulares com a presença de alunos especiais. Esse

profissional deve estar atento, por exemplo, ao tipo de interações que ocorrem em

sala de aula e no espaço escolar entre os alunos ditos normais e aqueles portadores

de necessidades especiais. É preciso compreender que o estudo na mesma escola

possibilita a ocorrência de interações de diferentes tipos entre crianças e

adolescentes com e sem necessidades especiais. Porém, a simples presença física

do aluno com necessidades especiais em uma sala de aula regular não garante o

estabelecimento de relações de amizade entre ele e seus colegas de turma

(MONTEIRO, 1997)

O profissional deve estar atento às múltiplas possibilidades que essa

interação proporciona, trazendo benefícios mútuos a todos os envolvidos. Em Santa

Catarina, professores da rede estadual de educação identificaram a aquisição de

valores como respeito e valorização às diferenças e solidariedade para os alunos

como resultado do convívio com colegas com necessidades especiais em escolas

regulares (SANTA CATARINA, 2000).

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Segundo Montoan (1994, apud Voividic, pág. 62) a criança com síndrome de

Down tem possibilidades de se desenvolver e executar atividades diárias e até

mesmo adquirir formação profissional e no enfoque evolutivo, a linguagem e as

atividades como leitura e escrita podem ser desenvolvidas a partir das experiências

da própria criança.

Assim, considerando a grande influência do ambiente e a competência da

criança para as atividades cognitivas, para estimularmos uma criança, temos que

torná-la mais competente para resolver as exigências que a vida quer em seu

contexto cultural. O portador de síndrome Down possui certa dificuldade de

aprendizagem que na grande maioria dos casos são dificuldades generalizadas, que

afetam todas as capacidades: linguagem, autonomia, motricidade e integração

social. Estas podem se manifestar em maior ou menor grau. Frequentar a escola

regular permitirá a criança especial adquirir, progressivamente, conhecimentos, cada

vez mais complexos que serão exigidos da sociedade e cujas bases são

indispensáveis para a formação de qualquer indivíduo. Recorremos a Piaget, que

nos diz que a capacidade de aprender está diretamente relacionada à oportunidade

de troca, ou seja, se o conhecimento vem da interação do sujeito com o meio, a

escola inclusiva, ao enriquecer essa interação, se transforma num ambiente

enriquecedor para o educando.

Essa política interativa deve ser pensada desde o princípio para as escolas

inclusivas, prevendo posturas e ações já no seu Planejamento Pedagógico. Desta

forma consideramos que a escola deve adotar uma proposta curricular, que se

baseie na interação sujeito objeto, envolvendo o desenvolvimento desde o começo.

E o ensino das crianças especiais deve ocorrer de forma sistemática e organizada,

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seguindo passos previamente estabelecidos, o ensino não deve ser teórico e

metódico e sim deve ocorrer de forma agradável e que desperte interesse na

criança. Normalmente o lúdico atrai muito a criança, na primeira infância, e é um

recurso muito utilizado, pois permite o desenvolvimento global da criança através da

estimulação de diferentes áreas.

Um fato determinante para uma boa assistência a crianças especiais é não

sobrecarregar demais a sala de recursos especiais para que o professor possa

trabalhar bem. E é fundamental também, que o professor indicado esteja preparado,

para ser capaz de atender as necessidades de seus alunos e trabalhar em harmonia

com o professor da classe regular. Alguns princípios básicos devem ser

considerados em relação ao ensino de crianças especiais como as portadoras de

síndrome de Down:

• As atividades devem ser centradas em coisas concretas, que devem ser

manuseadas pelos alunos;

• As experiências devem ser adquiridas no ambiente próprio do aluno;

• Situações que possam provocar estresse ou venham a ser traumatizantes devem

ser evitadas;

• A criança deve ser respeitada em todos os aspectos de sua personalidade;

• A família da criança deve participar do processo intelectivo.

Frente a grande variação das habilidades e dificuldades da síndrome de

Down, programas individuais devem ser considerados e nestes enfatiza-se as

possibilidades de aprendizagem de cada criança e a motivação necessária para o

desenvolvimento destas. Para tanto, o professor deve conhecer as diferenças de

aprendizagem de cada criança de forma a organizar seu trabalho e programação

didática.

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O atendimento a criança portadora de síndrome de Down deve ocorrer de

forma gradual, pois estas crianças não conseguem absorver grande número de

informações. Também não devem ser apresentadas, a criança Down, informações

isoladas ou mecânicas, de forma que a aprendizagem deve ocorrer de forma

facilitada, através de momentos prazerosos.

É importante que o profissional promova o desenvolvimento da

aprendizagem nas situações diárias da criança, e a evolução gradativa da

aprendizagem deve ser respeitada. Não é adequado pularmos etapas ou exigirmos

da criança atividades que ela não possa realizar, pois estas atitudes não trazem

benefícios a criança e ainda podem causar lhe estresse. Em crianças com síndrome

de Down é comum observarmos evolução desarmônica e movimentos

estereotipados. Esta defasagem pode ser compensadas através do planejamento

psicomotor bem direcionada, que lhe proporcionam experiências fundamentais para

sua adaptação.

Ações e políticas essenciais devem estar sempre presente no

planejamento da educação aos portadores de crianças com SD. Entre elas

destacamos o aumento da oferta de serviços de educação especial com

equipamentos; uma equipe qualificada; material didático especializado; espaço físico

adequado às necessidades especiais dos deficientes, assim como criação de

programas de preparo para o trabalho, estímulo a aprendizagem informal e

orientação à família.

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CAPÍTULO 3 - TÉCNICAS E AÇÕES PROPOSTAS

Não pretendemos aqui ensinar as diversas técnicas disponíveis para o

trabalho com alunos portadores de Síndrome de Down. A incorporação de tal

conhecimento demanda tempo e investimento pessoal, necessários a todos os que

pretendem atuar nessa esfera. Porém, algumas práticas e conceitos que nos

chegam através de diversos profissionais que atuam e pesquisam a matéria são de

grande importância para nosso aprendizado. Genericamente pretende-se aqui

apresentar genericamente os princípios que norteiam estas técnicas e apresentar

algumas experiências que evoluíram positivamente.

Inicialmente, esses profissionais nos chamam a atenção para a questão dos

objetivos que se desejam atingir na prática do ensino de portadores de Síndrome de

Down. Os objetivos são a base de toda a nossa programação, já que deles vão

depender os conteúdos e as atividades que vamos realizar. Esses objetivos irão

direcionar a elaboração do currículo adaptado. Pode ser necessário modificar ou

eliminar determinados objetivos do currículo, ou incluir outros que consideremos

necessários. No caso das crianças com Síndrome de Down, as adaptações

curriculares significativas vão ser mais numerosas à medida que avançam no

sistema escolar. Se há algo importante nas adaptações curriculares das crianças

com Síndrome de Down é a necessidade de decompor os objetivos em objetivos

parciais. Precisamos analisar os passos intermediários necessários para alcançar

um objetivo final, de maneira que a criança possa adquirir um determinado conteúdo

sem lacunas e sem deixar de lado aspectos básicos que não compreenda.

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Os objetivos têm que ser:

Individuais: Nenhuma criança é igual a outra, e uma criança com Síndrome de

Down, tampouco. A programação deve ser dirigida a cada aluno em concreto.

Prioritários: É preciso estabelecer prioridades, porque nem tudo se pode conseguir.

Funcionais: O que para umas crianças é funcional, nem sempre é para todas. Por

exemplo, na hora de fazer a pinça digital, alguns meninos com Síndrome de Down

mostram mais precisão com os dedos polegares e médios. O professor deve

perguntar-se o que é o que se pretende: que a criança seja capaz de agarrar objetos

pequenos ou escrever funcionalmente com uma pinça “incorreta”, ou conseguir uma

pinça perfeita a custo de que esta seja menos funcional. Ou, por outro lado, o que é

mais funcional: que a criança aprenda a comer por si só, que seja mais autônomo e

tenha mais habilidades sociais, ou que seja capaz de comunicar-se em inglês.

Seqüenciais e estruturados: Devemos escolher aqueles objetivos que são base

para futuras aquisições necessárias e dividir os objetivos gerais em objetivos

específicos.

Avaliáveis, operativos e mensuráveis: Se nos colocarmos como objetivo “que

melhore sua atenção”, isso não é operacional já que é muito relativo. É bastante

previsível que melhore a atenção de uma criança, mas não sabemos quanto

melhorou. Por outro lado, nunca alcançaremos esse objetivo uma vez que sempre é

possível melhorá-lo.

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Aos objetivos específicos, está atrelada a avaliação. Esta, naquelas áreas ou

matérias que tenham sido objeto de adaptações curriculares significativas, deve ser

feita tomando como referência os objetivos e critérios de avaliação fixados para eles.

As qualificações obtidas pelos alunos nas áreas ou matérias objeto de adaptação, se

expressam nos mesmos termos e escalas, aos previstos nos correspondentes

ordenamentos legais estabelecidos para as diferentes etapas educativas. Mas, além

disso, a informação sobre o processo de avaliação que facilite os alunos e suas

famílias, deve incluir, além disso, a valoração qualitativa do progresso de cada aluno

em relação aos objetivos propostos em sua adaptação curricular.

Alguns pontos devem ser considerados quanto à educação do portador da

síndrome de Down:

• Estruturar seu autoconhecimento

• Desenvolver seu campo perceptivo;

• Desenvolver a compreensão da realidade;

• Desenvolver a capacidade de expressão;

• Progredir satisfatoriamente em desenvolvimento físico;

• Adquirir hábitos de bom relacionamento;

• Trabalhar cooperativamente;

• Adquirir destreza com materiais de uso diário;

• Atuar em situações do dia a dia;

• Adquirir conceitos de forma, quantidade, tamanho espaço tempo e ordem;

• Familiarizar-se com recursos da comunidade onde vive;

• Conhecer e aplicar regras básicas de segurança física;

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• Desenvolver interesses, habilidades e destrezas que o oriente em atividades

profissionais futuras;

• Ler e interpretar textos expressos em frases diretas;

• Desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos práticos que o levem a

descobrir conhecimentos práticos que o levem a descobrir valores que

favoreçam seu comportamento no lar, na escola e na comunidade

Assim, o professor deve buscar estabelecer em sala de aula as condições

propícias para que a criança Down possa interagir com os demais alunos obtendo

dessa relação benefícios que o conduzirão ao alcance das metas acima expostas.

Também é importante que professor e demais profissionais da escola conheçam a

criança e suas expectativas, bem como suas limitações. O desenvolvimento,

ampliação e especialização das possibilidades psicomotoras da criança Down

permitem que esta realize atividades didáticas simples e assim se inicia o processo

de alfabetização, onde acriança não só esta criando, formando conceitos e

categorias conceituais para perceber a realidade e ordenar o mundo que a rodeia.

Com relação à alfabetização, os especialistas não apontam um método

voltado especificamente para as crianças com síndrome de Down, isso porque cada

criança requer uma forma de intervenção especifica, a qual se adéqua.

É muito difícil para estas crianças desenvolverem habilidades de leitura e escrita, no

entanto, este processo será mais facilitado se for permitida a criança vivenciar,

interagir e experimentar.

Alguns princípios devem nortear a aprendizagem da leitura e escrita:

favorecer a realização de atividades relacionadas com leitura e escrita; ajustar a

competência da criança ao contexto lingüístico; facilitar o contato com materiais de

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leitura e escrita. Os alunos com Síndrome de Down são assim diferentes das demais

crianças. Essas diferenças abrangem um conjunto de aspectos que devem ser

trabalhados especialmente, visando superar os entraves ao seu desenvolvimento.

Assim, consideramos os aspectos da percepção, da atenção, da capacidade de

memória, da lectoescrita, da psicomotricidade e do raciocínio lógico matemático.

A percepção:

Os alunos com Síndrome de Down possuem dificuldades a nível perceptivo

que afetam a assimilação dos estímulos que recebe. As seguintes orientações

didáticas podem facilitar os processos de percepção com o fim de criar um sistema

perceptivo válido, para o desenvolvimento dos processos de aprendizagem:

a) Mostrar os estímulos utilizando o maior número possível de

vias sensoriais. Quer dizer, não nos limitarmos a um só canal, por

exemplo, a dar a ordem verbalmente e sim nos apoiando em outros

canais, como o visual, mediante imagens ou palavras.

b) As atividades devem ser sempre motivadoras, sistemáticas e

seqüenciadas. Na hora de seqüenciar uma atividade, é importante

seguir a seguinte ordem: primeiro é que a criança manipule

livremente o material, especialmente nas primeiras idades; deste

modo a aprendizagem é vivencial e parte da experiência do aluno.

Em segundo lugar, verbalizaremos a atividade, falaremos do que

estamos fazendo, colocamos palavras a nossas ações. Em terceiro

lugar, representamos graficamente o que fazemos e colocamos

uma etiqueta no conceito.

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c) É importante verbalizar as atividades que se estão realizando,

para fomentar a representação simbólica do que se vai fazendo.

A atenção:

A dificuldade de concentrar-se, mantendo a atenção é outro fator que

dificulta a aprendizagem o portador da SD. Por isso é importante:

a) Simplificar o ambiente de trabalho, assim como os materiais, evitando o maior

número possível de estímulos que distraem.

b) Dar instruções claras e precisas, pouco numerosas, assim como fazê-las

acompanhadas de um modelo.

c) Começar com tarefas que requeiram pouco tempo de execução, com o fim de

que o tempo de atenção necessário seja breve ao princípio para ir pouco a

pouco aumentando-o.

d) Trocar de atividade freqüentemente, para que a atenção se mantenha ativada

para a novidade.

e) Felicitar cada logro (sucesso), não só para motivar ao aluno, mas também para

que tome consciência do que conseguiu foi graças ao seu esforço.

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A memória

As pessoas com Síndrome de Down possuem dificuldades na memória, tanto a curto, como

a longo prazo. Para recordar algo, é necessário adquiri-lo, retê-lo e mais tarde reconhecê-lo

ou recordá-lo. Por isso, é importante:

a) Trabalhar primeiro as estratégias de reconhecimento, antes mesmo que as

específicas de lembrança. Esta recomendação é também aplicável à avaliação,

já que se pedirmos que recordem um conceito, freqüentemente não o fará, e

não saberemos se não o sabe ou se não o recorda.

b) Trabalhar a memória imediata antes que a seqüencial.

c) Fomentar a compreensão dos conteúdos mais que a memorização dos mesmos

e organizar esta informação, relacionando-a com a que já tem. Trata-se de dar um

sentido ao que transmitimos.

d) Igual ao que comentávamos na percepção, para melhorar a memória

é importante apoiar-se no maior número possível de canais de entrada. Por

exemplo, para trabalhar a memória auditiva (a capacidade para recordar uma série

de sons) apoiaremo-nos na memória visual, menos afetada. Assim, se

acompanharmos os sons emitidos de representações visuais ou móveis o ensino

será mais eficaz.

A lectoescrita:

Os alunos com Síndrome de Down acessam a leitura por meio de métodos

globais muito melhor que mediante métodos analíticos. Por isso, é importante

adaptar os materiais de leitura a esta metodologia, tratando de conectá-la com o

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ensino habitual do resto dos alunos. Quanto à escrita, os alunos com Síndrome de

Down apresentam grandes dificuldades na hora de escrever, não só em relação à

grafia, mas também quanto à expressão escrita e ortografia. Por isso é importante:

a) Trabalhar todos os aspectos da escrita, e não limitar a grafia: separação correta

de palavras, análise e síntese das idéias, exposição ordenada do pensamento,

conhecimento da ortografia.

b) Não se limitar à escrita manual, fomentar o uso do computador com o fim de

trabalhar a escrita, uma vez que se trabalha a grafomotricidade e a motricidade

fina.

A psicomotricidade:

Dadas as dificuldades para o controle do próprio corpo e para integrar a informação

que chega por esta via, é importante desenvolver uma estimulação complementar a

este nível, que, além disso, influi decisivamente no desenvolvimento emocional e

cognitivo da criança. Assim sendo, é importante:

a) Trabalhar o controle motor, a coordenação dos movimentos, a lateralidade, o

equilíbrio, a imagem corporal e as relações espaço - temporais.

b) Fomentar a expressão corporal.

c) Utilizar sempre como ponto de partida a experiência de vida do aluno.

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d) Aproveitar as sessões de psicomotricidade coletivas para fomentar a integração

do aluno no grupo assim como a socialização.

e) Trabalhar a psicomotricidade fina.

Nesse aspecto, cabe destacar a importância da atividade física para a

superação de algumas dificuldades do portador de SD A atividade física pode

proporcionar um grande desenvolvimento global que será a base para as demais

aquisições. É importante que a criança descubra seu corpo e construir uma imagem

corporal que e uma representação mental, perceptiva e sensorial de si mesmo e um

esquema corporal que compreende uma representação organizada dos movimentos

necessários a execução de uma ação, e a organização das suas funções corporais.

O raciocínio lógico-matemático

O raciocínio lógico matemático não se limita à aprendizagem das

matemáticas ou do cálculo. Os alunos com Síndrome de Down têm dificuldades na

compreensão dos conceitos abstratos, a compreensão das relações entre os objetos

e a lógica. Por isso, é importante:

a) Partir das aprendizagens funcionais e úteis para eles.

b) Trabalhar primeiro os conceitos neles mesmos, mediante a manipulação dos

materiais e a vivência própria das aprendizagens.

c) Trabalhar a orientação espacial

d) Trabalhar os diferentes atributos dos objetos: forma, cor, tamanho.

e) Desenvolver, mediante a psicomotricidade, as orientações espaciais, temporais e

numéricas.

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Atividades

Dentro da programação de sala de aula é possível fazer adaptações

curriculares, de caráter individual, selecionando dentre todas só aquelas atividades

que sejam mais adequadas para o aluno com Síndrome de Down. Neste sentido, o

professor deve fazer um esforço para selecionar, unicamente, as atividades que:

• Respondam melhor aos interesses e motivações do aluno em

particular. Assim, por exemplo, se soubermos que o nosso aluno gosta de

colorir, daremos prioridade às atividades nas quais se requeira este exercício.

Cabe destacar que não se trata de limitar os conteúdos, mas sim de escolher,

dentre as diferentes atividades com as que podemos trabalhar em uma

determinada unidade didática, aquelas que sabemos lhe interessa mais.

• Sejam funcionais para o aluno. É possível que uma determinada

atividade de desenho não pareça, num primeiro momento, funcional para um

aluno e esse não veja sentido unir linhas com um lápis. Mas, se as linhas

estiverem dispostas de modo tal que, ao final do percurso, resultar em uma

figura, e se, além disso, usamos papel com sua cor favorita, a atividade será

funcional para ele: fez um trabalho bonito que levará para a sua casa.

Em relação à avaliação, algumas práticas são indicadas quando se tratam de

crianças Down. Assim, temos:

1- Nas crianças menores, serão avaliadas as aprendizagens conseguidas

mediante a manipulação, aplicação ou uso dos conteúdos trabalhados.

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2- Serão feitos exames orais, ou serão pedidos trabalhos ou atividades nas qual

o aluno demonstre o que conhece.

3- Os alunos com Síndrome de Down têm dificuldades na generalização das

aprendizagens, de maneira que não os avaliaremos sempre do mesmo modo

nem com os mesmos materiais, já que é possível que tenham aprendido em

um determinado contexto, sem capacidade para generalizar para outras

situações.

4- Finalmente dizer que é fundamental a avaliação contínua, e não apenas

determinar se um aluno sabe ou não sabe pelo que demonstre em um dado

momento, tem que ser ao longo de todo o curso.

Uma orientação importante é que as escolas que atendam a crianças com

Síndrome de Down tenham em seu quadro de pessoal alguns profissionais

especializados que vão atuar como facilitadores do processo de aprendizagem

desses alunos. Assim recomenda-se professores especialistas em pedagogia

terapêutica, os professores especialistas em audição e linguagem, os

fisioterapeutas, os orientadores e, em alguns casos, um auxiliar sanitário. Deve-se

preocupação também com o espaço físico, que precisa estar adequado às múltiplas

limitações apresentadas pelo aluno com SD. Essas adaptações vão desde a

supressão de barreiras arquitetônicas até a disposição da sala de aula, dos

materiais, da iluminação, do entorno em que está, do ruído exterior, da adaptação

das cadeiras e mesas para que o aluno esteja corretamente sentado ou adaptações

na tela do computador no caso em que seja necessário, a utilização de óculos ou de

aparelhos de surdez.

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No que diz respeito à comunicação, os especialistas indicam algumas ações

importantes, como:

a) Apoio visual mediante imagens das ordens dadas verbalmente.

b) Escrever no quadro as ordens dadas verbalmente.

c) Colocar indicadores visuais claros dos diferentes espaços do centro e da

sala de aula.

d) Indicar com imagens ou palavras os horários ou a sequência das

diferentes atividades a realizar.

e) Indicar com palavras ou imagens as diferentes tarefas que se tem que

realizar. Por exemplo, saudação ao entrar na classe (da porta), guardo minha

bolsa (junto às demais), lavo as mãos antes de comer, etc.

Por fim, o espaço educativo não se limita à escola. Sem a participação da

família do educando os obstáculos são bem maiores. Por isso, o professor deve

estar sempre estimulando essas pessoas à atuarem juntos no processo educativo,

mostrando as vantagens dessa participação, bem como deixando claras as

consequências do descaso e comodismo. Os pais e familiares do portador da

síndrome necessitam de informações sobre a natureza e extensão da

excepcionalidade; quanto aos recursos e serviços existentes para a assistência,

tratamento e educação, e quanto ao futuro que se reserva ao portador de

necessidades especiais.

No entanto, a informação puramente intelectual, é notoriamente

insuficiente, pois o sentimento das pessoas tem mais peso que os seus intelectos.

Portanto, auxiliar os familiares requer prestar informações adequadas que permitam

aliviar a ansiedade e diminuir as duvidas.

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Da mesma forma, os pais dos alunos regulares da escola devem ser

assistidos e conscientizados da importância de sua atuação junto aos filhos a fim de

que estes possam contribuir no processo que, como já foi salientado, trará

benefícios mútuos.

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CONCLUSÃO

As experiências relatadas nesta revisão oferecem um leque de possibilidades

para o aprimoramento do processo de inclusão da criança com SD na rede regular

de ensino, porém ao se planejar, implementar e avaliar o processo, deve-se levar

em conta as especificidades de cada contexto e de cada ser.

A inclusão de pessoas com necessidades especiais no sistema regular de

ensino é um dos mais importantes desafios vivenciados, principalmente, por

educadores. Os estudos sobre as características da interação entre alunos com e

sem necessidades especiais possibilitarão realizar ações planejadas para a

promoção de relacionamentos afetivos entre pessoas com e sem necessidades

especiais e a compreensão de suas repercussões sociais.

A ampliação do conhecimento técnico sobre a SD por parte dos professores

do ensino fundamental pode facilitar a Interação entre o corpo dicente e docentes

portadores de SD. Utilizando-se da conscientização e treinamento sistematizado,

coordenado por especialista no assunto, pode ser a base para a implementação da

inclusão efetiva de alunos com SD nas escolas públicas ou privadas, dentro do

ensino fundamental.

Utilizando-se da conscientização e treinamento sistematizado, coordenado

por especialista no assunto, pode TSE estabelecer uma a base para a

implementação da inclusão efetiva de alunos com SD nas escolas públicas ou

privadas, dentro do ensino fundamental.

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BIBLIOGRAFIA

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SILVA, Roberta Nascimento Antunes. A educação especial da criança com Síndrome de Down. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/spdslx07.htm>[Acessado em: 10.01.11].

SCHWARTZAN, J. S. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie, 1999.

ALVES DE SOUZA, Juliana – Trabalho monográfico apresentado ao Curso de Pedagogia Faculdade de Educação Nova Andralina – FENA – Nova Andralina, MS – 2008 – site: http://juhlyanasouza.Blogspot.com/2010/01/monografiainclusãodoaluno.com.html [Acessado em 02/01/2011.] Voivodic, Maria Antonieta M.A – Inclusão Escolar de Crianças com Síndrome de Down - 2ª edição - Petrópolis, RJ:editora Vozes, 2004 GONÇALVES, F. D. et al. A promoção da saúde na educação infantil. Interface - Comunic. Saúde, Educ., v.12, n.24, p.181-192, 2008

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Sumário

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7

CAPÍTULO 1 - A SÍNDROME DE DOWN E SEUS ASPECTOS ................................................ 10

CAPÍTULO 2 - A EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA CRIANÇAS COM SD ................................ 18

CAPÍTULO 3 - TÉCNICAS E AÇÕES PROPOSTAS ................................................................... 28

CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 41

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 42