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Guia do Participante – Curso para Agentes de Desenvolvimento 1 Curso para Agentes de Desenvolvimento Etapa 1 – Básica Módulo 3 – Melhorando o Ambiente para o Desenvolvimento Unidade 2 – Políticas Públicas de Desenvolvimento Econômico Municipal GUIA DO PARTICIPANTE

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Guia do Participante – Curso para Agentes de Desenvolvimento 1

Curso para

Agentes de Desenvolvimento

Etapa 1 – Básica Módulo 3 – Melhorando o Ambiente para o

Desenvolvimento Unidade 2 – Políticas Públicas de Desenvolvimento

Econômico Municipal

GUIA DO PARTICIPANTE

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Guia do Participante – Curso para Agentes de Desenvolvimento 2

COPYRIGHT © 2010, FRENTE NACIONAL DE PREFEITOS E CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes. FRENTE NACIONAL DE PREFEITOS – FNP Presidente: João Carlos Coser (Prefeito de Vitória/ES) 1º Vice-presidente nacional: Edvaldo Nogueira (Prefeito de Aracaju/SE) 2º Vice-presidente nacional: Eduardo Paes (Prefeito do Rio de Janeiro/RJ) 1ª Vice-presidenta de Relações Internacionais: Luzianne Lins (Prefeita de Fortaleza/CE) Secretária - geral: Maria do Carmo Lara Perpétuo (Prefeita de Betim/MG) Secretário- executivo: Gilberto Perre PROJETO INCENTIVO PARA O DESENVOLVIMENTO CONVÊNIO FNP E SEBRAE Coordenação Geral: Antônio Carlos Granado FNP - BRASÍLIA SRTVS – Quadra 701, Bloco H, Loja 10, Edifício Record, Sala 603 70.340-910 – Brasília – DF www.fnp.org.br CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS – CNM Presidente: Paulo Ziulkoski 1º Vice-presidente: vago por desincompatibilização 2º Vice-presidente: Luiz Benes Leocádio de Araujo 3° Vice-presidente: Pedro Ferreira de Souza 4° Vice-presidente: Valtenis Lino Da Silva CONVÊNIO CNM E SEBRAE NACIONAL Coordenação Geral: Augusto Braun CNM - BRASÍLIA SCRS 505, Bloco C Lote 01 - 3º andar CEP 70.350-530 – Brasília – DF www.cnm.org.br SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE Diretor Presidente: Paulo Tarciso Okamotto Diretor Técnico: Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administração e Finanças: José Cláudio dos Santos SEBRAE NACIONAL - BRASÍLIA SEPN - Quadra 515 - Lote 03 - Bloco C - Asa Norte CEP 70.770-530 – Brasília – DF www.sebrae.com.br Ficha Catalográfica

VERAS, Claudio; BARCELLOS, Flávio; OLIVEIRA, Inocêncio; SOUZA, Carlos; DIAS, Antônio Carlos. Curso para Agentes de Desenvolvimento: Melhorando o Ambiente para o Desenvolvimento - Brasília: FNP, CNM e Sebrae NA, 2010. 54 p. 1. Agente 2. Desenvolvimento 3. Pequenas Empresas I - Título

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SUMÁRIO

UNIDADE 2 - Políticas Públicas de Desenvolvimento Econômico Municipal .. 4

1.1 Introdução 4 1.2 Metodologia 4 1.3 Texto 1 - Conceitos 7 1.4 Texto 2 - Políticas Públicas de Desenvolvimento Econômico Municipal com foco em Pequenas Empresas 18

1.4.1 A Lei Geral Municipal da Micro e Pequena Empresa ......................................... 19

1.4.2 Plano Diretor ................................................................................................... 22

1.4.3 Código de Postura ............................................................................................ 24

1.4.4 Código Ambiental ............................................................................................ 26

1.4.5 Demais Leis ...................................................................................................... 26

1.4.6 Adequação de Taxas e Tributos ........................................................................ 29

1.5 Texto 3 - Apoio à Comercialização 33 1.5.1 Legislação básica: ............................................................................................. 39

1.5.2 Bancos de Desenvolvimento Estaduais ............................................................. 42

1.6 Texto 4 - Acesso à Tecnologia e Inovação 48

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UNIDADE 2 - Políticas Públicas de Desenvolvimento Econômico Municipal

1.1 Introdução

Iniciaremos agora o M3U2: Políticas Públicas Desenvolvimento Econômico Municipal.

Como você vê as políticas públicas de desenvolvimento econômico: meio ou fim?

Esse questionamento tem como objetivo proporcionar uma breve reflexão sobre a finalidade das políticas públicas de desenvolvimento e reforçar o conceito de que as PPDE são meios para se atingir os objetivos de uma sociedade.

Relembrando, neste Módulo 3, a didática a ser aplicada será uma Oficina Andragógica mediada por você.

Ao final da Unidade 2, após os trabalhos, você será de compreender as principais Políticas Públicas do Desenvolvimento Econômico Municipal

1.2 Metodologia

Esta Unidade é realizada por meio de uma Oficina Andragógica utilizando-se exclusivamente a técnica de exercício estruturado: A turma será divida em 04 Grupos, de preferência, colocando os participantes de uma mesma cidade em grupos diferentes. Cada grupo irá estudar um texto específico e depois apresentar os resultados para o grande grupo.

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A Unidade tem a seguinte estratégia de aprendizagem:

1º Momento - Leitura do texto: 20 minutos. Cada grupo terá 20 minutos para estudar seus temas procurando respostas

para os 2 tópicos: 1. Uma Definição síntese do Texto; 2. O conteúdo do texto - seu efetivo potencial como instrumento de

promoção do desenvolvimento econômico local.

2º Momento - Preparação da Apresentação: 15 minutos.

Cada grupo prepara uma apresentação no Flip-chart com base no texto

oferecido e foco nos dois tópicos dimensionada para 10 minutos.

3º Momento - Apresentação das Grupos: 40 minutos (10 minutos para cada grupo).

Cada Grupo apresentará em 10 minutos o seu trabalho sobre o Texto pautado nas duas questões.

As apresentações deverão ser via Flip-chart.

4º Momento - Fechamento da Unidade: 10 minutos

A metodologia não prevê exibição de slides.

O assunto não se esgota em sala de aula e você deve estudar o material distribuído e complementar com pesquisas adicionais.

Segue os 5 textos a ser trabalhados.

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1.3 Texto 1 - Conceitos

Políticas Públicas

A expressão “política pública” vem sendo cada vez mais empregada pelos profissionais envolvidos em programas públicos. O quadro a seguir reproduz introdução do item Conceito de Políticas Públicas publicado no livro “Políticas Públicas: Conceitos e Práticas”, editado pelo SEBRAE MG:

Conceitos de Políticas Públicas

A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações ao passar do tempo. No século XVIII e XIX, seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em caso de ataque inimigo. Entretanto, com o aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover o bem-estar da sociedade.

Para tanto, ele necessita desenvolver uma série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como saúde, educação, meio ambiente. Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte forma:

“(...) Políticas Públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade (...).”

Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam as demandas da população.

As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e ONGs em geral.

As sociedades contemporâneas se caracterizam por sua diversidade, tanto em termos de idade, religião, etnia, língua, renda, profissão, como de idéias, valores, interesses e aspirações. No entanto, os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e seus diversos grupos (a SCO) são limitados ou escassos.

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Como conseqüência, os bens e serviços públicos desejados pelos diversos indivíduos se transformam em motivo de disputa. Assim, para aumentar as possibilidades de êxito na competição, indivíduos que têm os mesmos objetivos tendem a se unir, formando grupos.

Não se deve imaginar que os conflitos e as disputas na sociedade sejam algo necessariamente ruim ou negativo. Os conflitos e as disputas servem como estímulos a mudanças e melhorias na sociedade, se ocorrerem dentro dos limites da lei e desde que não coloquem em risco as instituições.

Assim, o interesse público – o qual, por sua vez, reflete as demandas e expectativas da sociedade – se forma a partir da atuação dos diversos grupos. Durante a apresentação de suas reivindicações os grupos tentam obter apoio de outros grupos, mas também sofrem oposição daqueles que têm outras reivindicações contrárias. O interesse público se forma, portanto, por meio da disputa de todos os grupos da Sociedade Civil Organizada (SCO).

O texto anterior é uma definição teórica de uma corrente chamada pluralista. Várias outras definições podem ser encontradas em dezenas de trabalhos na Internet. Dentre as diferenças mais significativas, tem-se:

Políticas públicas não seria uma exclusividade de governos, ou seja, instituições privadas praticariam políticas públicas quando programas próprios atuam de forma transformadora sobre a sociedade;

O sistema político seria o formulador de políticas públicas e o sistema político tem a participação dos setores privados e terceiro setor, ou seja, novamente não se vê como uma ação exclusiva do governo;

É preciso ter intenção e planejamento prévio, ou seja, não se caracterizaria como política pública aquilo que não foi buscado através de um conjunto de ações coordenadas.

Considerando-se que:

O objetivo deste curso não é resolver uma discussão teórica; As diferenças não são tão importantes na prática; A ação do Agente de Desenvolvimento deve ter foco no governo e setores

privado e não-governamental; Optou-se por uma definição mais aberta e positiva:

“Política Pública é um conjunto estudado de ações de interesse público, planejado e organizado pelo governo, com ou sem a participação dos setores privado e não-governamental, voltado para resolução de problemas específicos ou simplesmente para o desenvolvimento da sociedade.”

Traduzindo de forma livre e prática para o seu município:

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“Política pública é a união dos esforços de todos em seu município, liderados pelo setor público, para o planejamento e realização de ações de interesse público local.”

Enxergada dessa forma, podemos dizer que:

“O que todo município precisa e merece é de boas políticas públicas para todas as suas áreas.”

O Desenvolvimento e o Desenvolvimento Econômico

A palavra desenvolvimento foi bastante explora nos módulos anteriores. Faremos aqui uma breve retomada conceitual apenas para fundamentarmos de forma mais direta a questão do desenvolvimento econômico, foco deste módulo.

A palavra desenvolvimento pode ser traduzida como um processo dinâmico de melhoria, que implica uma mudança, uma evolução, crescimento e avanço, como já tratado no módulo II.

Na vida de um país, o desenvolvimento esteve tradicionalmente associado ao que hoje chamamos desenvolvimento econômico. O problema é que nem sempre o desenvolvimento econômico beneficiava toda a população, ou mesmo prejudicava parte dela. Isso fortaleceu o conceito de desenvolvimento social.

Nas últimas décadas fortaleceu-se a percepção de que o desenvolvimento precisava incorporar todos os aspectos relevantes da vida do país. Com isso, o conceito de desenvolvimento passou a ser mais abrangente, que aqui vamos resumir em:

“Desenvolvimento é o processo de melhoria das condições de vida da população em todos os seus aspectos, em especial os econômicos, sociais, culturais e políticos.”

Repetindo, não basta o desenvolvimento econômico. A sociedade tem que evoluir em todos os sentidos, distribuindo riqueza, fortalecendo estruturas e instituições, aumentando seu nível educacional, enfim, criando condições para que as conquistas não se percam em períodos de dificuldades. Começa nesta última frase a surgir o conceito de sustentabilidade.

A estas questões veio se somar mais recentemente as de natureza ambiental, em especial em itens como o esgotamento de recursos naturais não-renováveis, a poluição e os desastres naturais. Já incipiente, o conceito de sustentabilidade se torna evidente em função da agenda ambientalista. Um desenvolvimento só é durável, perene, se vier alicerçado em bases inesgotáveis, ou seja, não pode depender de recursos naturais que se esgotarão, poluir de forma que inviabilize a vida saudável e nem provocar catástrofes que destroem vidas e lugares.

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Aglutinando todos esses conceitos, hoje se pode dizer que:

“O único e verdadeiro desenvolvimento é o desenvolvimento sustentável.”

Juntado tudo:

“Desenvolvimento é o processo de melhoria das condições de vida da população em todos os seus aspectos, em especial os econômicos, sociais, culturais, políticos e ambientais, via um modelo sustentável que permita a manutenção dessas conquistas por prazo indefinido.”

É comum dividir-se o desenvolvimento em apenas dois tipos:

Desenvolvimento Econômico; e

Desenvolvimento Social, onde: O desenvolvimento social englobaria todos os demais tipos. E até hoje desta forma são divididos programas e projetos de governo.

Este módulo também adota esta divisão, pois tem foco no desenvolvimento

econômico. O fato é que é praticamente impossível ocorrer o desenvolvimento social sem o econômico, enquanto que o contrário não é verdadeiro. Assim, além de promover o desenvolvimento econômico, é importante fazê-lo de forma socialmente justa, distribuindo seus resultados pelo máximo possível de regiões e pessoas. Isso é essencial para que seja sustentável.

Nesse modelo vigente, cabe às empresas o principal papel na economia, pois

são elas que:

Fornecem bens e serviços para a população; Inovam; Geram empregos e seus empregados pagam impostos; Geram renda e seus sócios pagam impostos; Pagam impostos enquanto pessoa jurídica.

O poder público, por sua vez, é sustentado basicamente pelos impostos pagos pelas empresas, sócios e seus funcionários, ou seja, não existiria sem empresas.

Posto isso, é importante ter-se em mente que:

“Desenvolvimento econômico passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento da atividade empresarial.”

Em resumo, o verdadeiro desenvolvimento é o desenvolvimento sustentável. E dentro dele, o desenvolvimento econômico é fundamental. E desenvolvimento econômico significa desenvolvimento da atividade empresarial.

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A questão agora é:

“Como desenvolver de forma sustentável a atividade empresarial?”

Esse módulo tenta ajudar a responder esta questão e de forma bem prática.

E finalmente:

“O Agente de Desenvolvimento é um indutor de políticas públicas com foco no desenvolvimento econômico.”

Tecnologias Sociais

“Tecnologia Social” é um novo conceito que tem caracterizado novas

experiências de sucesso em programas de políticas públicas.

O termo “tecnologia” se popularizou primeiro associado a produtos. Todo mundo queria comprar um bem moderno, de “última tecnologia”, ou de “tecnologia de ponta”. A revolução industrial, ainda no século XVIII, trouxe o termo.

Depois este termo passou a ser empregado também na prestação de serviços. O lava-jato, inventado há 30 anos, foi uma revolução. Era uma “tecnologia moderna” para lavar carros. Rápida e eficiente.

Agora chegamos à era da “tecnologia social”.

Considera-se tecnologia social todo o produto, método, processo ou técnica, criado para solucionar algum tipo de problema social e que atenda aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade (e reaplicabilidade) e impacto social comprovado.

É um conceito contemporâneo que remete a uma proposta inovadora de desenvolvimento (econômico ou social), baseada na disseminação de soluções para problemas essenciais como demandas por água potável, alimentação, educação, energia, habitação, renda, saúde e meio ambiente, entre outras.

As tecnologias sociais podem originar-se quer no seio de uma comunidade quer no ambiente acadêmico. Podem ainda aliar os saberes populares e os conhecimentos técnico-científicos. Importa, essencialmente, que a sua eficácia seja multiplicável, propiciando desenvolvimento em escala às populações atendidas, melhorando a sua qualidade de vida.

São numerosos os exemplos de tecnologia social, indo do clássico soro caseiro até às cisternas de placas pré-moldadas que atenuam o problema da seca,

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passando pela oferta de microcrédito, entre outros.

Pode-se fazer alguma ressalva a esta definição, como não precisar atender necessariamente aos quesitos de simplicidade, baixo custo e fácil aplicabilidade.

Mas em resumo, temos:

“Tecnologia social é uma tecnologia capaz de solucionar alguma demanda social.”

Existem diversas fontes de tecnologias sociais em especial diversos sites e bancos de dados com milhares de exemplos de projetos, bem ou mal sucedidos. Recomenda-se, com firmeza, que:

“Nunca inicie qualquer projeto de políticas públicas sem pesquisar as tecnologias sociais e suas experiências catalogadas e disponíveis nos bancos de tecnologias sociais”.

Conhecer outras experiências é uma forma eficiente de:

Não reinventar a roda; Reduzir etapas, ou seja, ganhar tempo e diminuir custos; Não repetir os mesmos erros que os outros cometeram; Encontrar assessorias e fornecedores.

Indicações de sites com banco de dados de Tecnologias Sociais:

SEBRAE NACIONAL - www.casosdesucesso.sebrae.com.br SEBRAE MINAS – Banco de Links - www.sebraemg.com.br FUND. BANCO DO BRASIL - www.fbb.org.br - www.tecnologiasocial.org.br BANCO DE EXPERIÊNCIAS INOVADORAS DA GESTÃO PÚBLICA E CIDADANIA - www.fgv.br/inovando INSTITUTO PÓLIS - www.polis.org.br OBSERVATÓRIO DE INFORMAÇÕES MUNICIPAIS - www.tmunicipal.org.br

MUNINET - www.muninet.org.br/banco SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE - www.scielo.br ONU – MELHORES PRÁTICAS - www.bestpractices.org ITS BRASIL - INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL - www.itsbrasil.org.br RTS - REDE DE TECNOLOGIAS SOCIAIS - www.rts.org.br CENTRAL DE PROJETOS - www.cnm.org.br

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A Pequena Empresa e o Desenvolvimento Econômico Local

A importância da pequena empresa é divulgada a todo tempo, principalmente pelo SEBRAE. Mas não custa lembrar mais uma vez que falar em desenvolvimento econômico em pequenos municípios é impossível sem falar de pequenas empresas.

Salvo raríssimas exceções, seu município se encaixa em uma das seguintes situações:

Cidade pequena, sem grandes empresas e com poucos pequenos negócios

A maioria das cidades mineiras se enquadra nessa situação. A economia está estagnada ou decrescente, assim como o tamanho da população. Os jovens mudam em busca de oportunidades. Esses municípios sobrevivem basicamente de duas fontes.

A primeira são os repasses de verbas federais e estaduais, que permitem que a prefeitura seja a grande empregadora local.

A segunda é a renda dos aposentados.

Existe uma terceira fonte, o setor privado, urbano e rural, mas que trabalha muito aquém de seu potencial, não se caracterizando como uma fonte efetiva de renda. São poucas e modestas as fazendas, lojas, padarias, restaurantes e similares. Levar para lá uma grande empresas é algo que vai além das possibilidades do prefeito. É preciso que o município já esteja economicamente preparado para isso e no lugar certo. Assim, investir nas pequenas empresas urbanas e rurais é o único caminho. Só para se ter uma idéia, 70% dos municípios brasileiros tem menos de 20.000 habitantes. Em MG esse número sobe para 80%

Cidade pequena, sem grandes empresas, mas com muitos pequenos negócios

Existe um número significativo de cidades com este perfil. Parte por possuírem uma atividade rural forte, que por sua vez estimula o comércio e serviços urbanos. Outras, por possuírem um ou dois pólos industriais fortes, como muitas empresas de um mesmo setor. E temos ainda as que são centros comerciais e de serviços regionais, ou seja, vendem para a população local e dos municípios do entorno. Em todos os casos, a pequena empresa já é a base da economia. Apoiá-la é até uma obrigação. Mais do que isso, é a via mais rápida para acelerar o desenvolvimento.

Cidade pequena, com uma ou duas grandes empresas e com poucos ou muitos pequenos negócios

Existe um número razoável de municípios com este perfil. Em geral, possuem uma grande empresa. Se a empresa vai bem, a cidade também vai. Muitos impostos, muitos empregos e bons salários. E vice-versa. Se a empresa vai mal,

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tudo vai mal. Se a empresa fecha, aí é o caos. O jeito de diminuir esta dependência é a desconcentração. E o único setor sobre o qual o prefeito pode agir efetivamente é o dos pequenos negócios.

Cidades médias e grandes

Apenas 3% das cidades brasileiras são consideradas médias ou grandes (com mais de 150.000 habitantes). Mesmo nelas é fundamental a participação das micro e pequenas empresas na movimentação da economia. Elas respondem por mais da metade dos empregos e são as fornecedoras de bens, serviços e lazer para a população. Por tudo isto, os pequenos negócios locais também merecem ser muito bem tratados.

O Mito da Atração da Grande Empresa

Muitos gestores públicos acreditam que a solução ideal para desenvolver seu município é atrair uma grande empresa.

O fato é que é muito difícil atrair uma grande empresa. Ela escolhe o município baseada em estudos estratégicos. Somente no momento final, quando as opções se concentram, as empresas abrem oportunidade para o leilão de benefícios entre as cidades finalistas, quase sempre situadas em estados diferentes, colocando os governos estaduais em disputa. Os benefícios fiscais estaduais é que fazem ao fim a grande diferença.

Ou seja, ou seu município já é atrativo para um dado tipo de empresa ou são necessários anos para fazê-lo e sem garantia de retorno. Posto isso, o máximo a fazer é divulgar eventual potencial já existente de atração para as empresas do setor correspondente.

Por fim é preciso tomar cuidados. Existem muitos casos de empresas que impactam negativamente a vida dos municípios.

Resumo:

“Seja qual for o seu município, promover os pequenos negócios é um ótimo negócio”.

Arranjos Produtivos Locais, Cadeias Produtivas e Clusters

Esses são conceitos que vieram para ficar quando o assunto é políticas públicas de desenvolvimento econômico. Existe uma tendência hegemônica de implantar políticas publicas com foco em todo um setor, por entender que as chances de sucesso são maiores. Seguem, portanto, suas definições.

Arranjos Produtivos Locais - APL - são conjuntos de atores econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, desenvolvendo atividades

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econômicas correlatas e que apresentam vínculos de produção, interação, cooperação e aprendizagem.

APLs geralmente incluem empresas – produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, etc., cooperativas, associações e representações - e demais organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento

A articulação de empresas de todos os tamanhos em APLs e o aproveitamento das sinergias geradas por suas interações fortalecem suas chances de sobrevivência e crescimento, constituindo-se em importante fonte de vantagens competitivas duradouras.

É comum uma cidade ser conhecida pela força de um setor produtivo específico. Quando começaram a ser implantadas políticas públicas nestes setores produtivos destas cidades, percebeu-se que os trabalhos não poderiam se limitar às empresas produtoras. Era preciso trabalhar com fornecedores de insumos e serviços, oferta e capacitação de recursos humanos, transporte, logística, comercialização, infra-estrutura e tudo mais que de alguma forma interfere nos resultados do setor.

O conceito de APL é muito próximo ao de Cadeia Produtiva.

Cadeia Produtiva é um conjunto de etapas consecutivas, ao longo das quais os diversos insumos sofrem algum tipo de transformação, até a constituição de um produto final (bem ou serviço) e sua colocação no mercado. Trata-se, portanto, de uma sucessão de operações (ou de estágios técnicos de produção e de distribuição) integradas, realizadas por diversas unidades interligadas como uma corrente, desde a extração e manuseio da matéria-prima até a distribuição do produto (www.wikipedia.com.br).

Existe ainda uma terceira denominação que é muito próxima de APL e cadeia produtiva. São os clusters. Mais utilizado na indústria e com elevado grau de especialização, um cluster também pressupõe uma concentração espacial das empresas, que por isso acabam criando uma sinergia entre elas, o que lhes confere vantagens competitivas. Ou seja:

Cluster é um conjunto de empresas que fabricam produtos similares e complementares e que possuem várias vantagens competitivas por estarem próximas fisicamente, como acesso facilitado a tecnologias, recursos humanos, fornecedores, infra-estrutura e logística, todos especializados, além do apelo comercial advindo da tradição regional.

Simplificando, APL e Clusters são parte de uma Cadeia Produtiva localizada em uma região. Projetos para um APL ou Cluster devem, preferencialmente, envolver o restante da cadeia produtiva, esteja ela onde estiver.

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APL, Cadeia Produtiva e Cluster são conceitos muito próximos e muito empregados em projetos de políticas públicas de desenvolvimento econômico. Por isso devem ser compreendidos por todos envolvidos nestes projetos.

Mobilização Social Local e Políticas Públicas

No módulo “Mobilização para o Desenvolvimento” nós vimos a complexidade de mobilizar pessoas em uma comunidade, a chamada Mobilização Social. Vimos ainda que o verdadeiro e duradouro Desenvolvimento Local depende do Protagonismo Local.

No caso de projetos de políticas públicas, a expectativa ao fazer uma mobilização social é a crença de que será uma forma mais eficiente de implantar os mesmos.

Uma boa mobilização social local para implantação de políticas públicas de desenvolvimento econômico local pressupõe envolver e valorizar todas as pessoas, empresas e instituições locais que de alguma forma serão atingidas pelo programa ou que possam contribuir com o mesmo.

E para isso é necessário utilizar recursos de comunicação, mobilização e participação adequados a cada situação e de forma continuada, garantindo uma participação efetiva e consistente;

Antes de falar sobre quem deve ser mobilizado em seu município, é interessante ler o quadro a seguir, que reproduz um texto sobre os atores de políticas públicas, publicado no livro “Políticas Públicas: Conceitos e Práticas”, editado pelo SEBRAE MG:

Os Atores das Políticas Públicas

Aos grupos que integram o Sistema Político, apresentando reivindicações ou executando ações, que serão transformadas em Políticas Públicas, denominamos de Atores.

No processo de discussão, criação e execução das Políticas Públicas, encontramos basicamente dois tipos de atores: os ‘estatais’ (oriundos do Governo ou do Estado) e os ‘privados’ (oriundos da Sociedade Civil). Os atores estatais são aqueles que exercem funções públicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado (os políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores públicos (que operam a burocracia).

Existe importante diferença no modo de agir de cada um desses segmentos. Os políticos são eleitos com base em suas propostas de políticas apresentadas para a população durante o período eleitoral e buscam tentar realizá-las. As Políticas

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Públicas são definidas no Poder Legislativo, o que insere os Parlamentares (vereadores e deputados) nesse processo.

Entretanto, as propostas das Políticas Públicas partem do Poder Executivo, e é esse Poder que efetivamente as coloca em prática. Cabe aos servidores públicos (a burocracia) oferecer as informações necessárias ao processo de tomada de decisão dos políticos, bem como operacionalizar as Políticas Públicas definidas. Em princípio, a burocracia é politicamente neutra, mas freqüentemente age de acordo com interesses pessoais, ajudando ou dificultando as ações governamentais. Assim, o funcionalismo público compõe um elemento essencial para o bom desempenho das diretrizes adotadas pelo governo.

Já os atores privados são aqueles que não possuem vínculo direto com a estrutura administrativa do Estado. Fazem parte desse grupo:

A imprensa; Os centros de pesquisa; Os grupos de pressão, os grupos de interesse e os lobbies; As Associações da Sociedade Civil Organizada (SCO); As entidades de representação empresarial; Os sindicatos patronais; Os sindicatos de trabalhadores; Outras entidades representativas da Sociedade Civil Organizada (SCO).

Naturalmente, nem sempre um município possui todos esses atores. Cabe aos organizadores de uma mobilização local identificar dentre esses grupos quais existem localmente e então partir para a mobilização de todos. Naturalmente existirão barreiras distintas para cada um, ou seja, é necessário:

Identificar os grupos existentes; Fazer uma avaliação prévia de cada grupo, identificando a pertinência de

serem envolvidos, seus interesses e seu potencial de participação e contribuição;

Planejar estratégia de abordagem, sensibilização e participação para cada grupo;

Planejar o processo de integração e participação coletiva dos grupos; Implantar e gerir o modelo participativo.

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1.4 Texto 2 - Políticas Públicas de Desenvolvimento Econômico Municipal com foco em Pequenas Empresas

Repassados os conceitos anteriores, faremos apenas mais uma conceituação. Entende-se aqui como “projeto desenvolvimentista” apenas o fato do projeto ser focado no desenvolvimento econômico. No caso, com foco Em pequenas empresas.

A classificação utilizada, por sua vez, tem apenas o propósito de ordenar em temas. Para tal, usou-se a classificação temática da Lei Geral, acrescida de alguns temas adicionais, como que abre a série, a Criação de Legislação Desenvolvimentista.

Criação de Legislação Desenvolvimentista

Este é certamente um dos mais importantes temas. Estamos falando aqui de criar os alicerces sobre os quais todas as demais iniciativas serão construídas. Legislações adequadas são fundamentais tanto para a atração de empresas quanto à promoção da "prata da casa". Acreditamos que boa parte dos leitores certamente conhece bem muitos dos temas aqui tratados, mas muitos não, e sempre existirá um aspecto novo para todos. Mas o grande conceito que se quer introduzir, ou reforçar, ao dispor quase todas as possibilidades no trato da legislação, é de que: Um bom conjunto de leis municipais é capaz de criar um ambiente propício ao desenvolvimento econômico, facilitando a atividade de todos aqueles que querem correr riscos ao abrir ou ampliar seu negócio.

Dedicar-se à legislação é imperioso para qualquer programa de desenvolvimento econômico. Além disso, é de custo relativamente baixo, dependendo apenas do trabalho de técnicos locais e consultores. E se quase sempre a câmara de vereadores é envolvida, é importante lembrar que bons projetos quase sempre têm boa acolhida. O cuidado fica com relação aos impactos que novas leis possam ter sobre a arrecadação do município.

Como visto no módulo de Gestão Pública Municipal, existem diversas leis de natureza mais funcional:

Plano de Diretor com Lei de Uso e Ocupação do Solo;

Código de Postura;

Código Tributário;

Código Sanitário;

Código Ambiental.

O foco inicial do AD deve ser sobre essas leis, que são as que mais impactam o dia-a-dia das empresas.

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1.4.1 A Lei Geral Municipal da Micro e Pequena Empresa

Para falar da Lei Geral Municipal, ou LGM, é preciso falar primeiro da Lei Geral da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, ou simplesmente Lei Geral.

A Lei Geral é a maior conquista das micro e pequenas empresas do Brasil em sua história. Juridicamente falando, trata-se da Lei Complementar nº 123, aprovada em 14 de dezembro de 2006.

A Lei Geral tem uma característica muito especial quando comparada com outras leis. Ela exige uma ampla regulamentação via decretos, portarias, resoluções e instruções normativas de todos os órgãos e institutos que ela envolve. E esse é um processo sem fim, pois à medida que a realidade for mudando, sua regulamentação também tem que ir mudando.

Dentre os órgãos e estruturas que irão lidar permanentemente com a Lei Geral, destaca-se o Comitê Gestor. Ele foi criado pela própria Lei Geral e tem a missão de regulamentar permanentemente vários de seus artigos. Quem quiser saber mais sobre o Comitê Gestor e acompanhar suas ações deve acessar na Internet a página oficial do Governo Federal sobre o Simples Nacional. O endereço atual é o seguinte: www.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional.

O SEBRAE Nacional, com o intuito de informar aos órgãos públicos e às empresas de forma geral, também mantém um site na Internet com todo o acervo legal, atualizado permanentemente, bem como várias outras informações. É o local onde se encontra o maior acervo sobre a Lei Geral, ponto de consulta obrigatória para quem vai lidar com o tema. Seu endereço é: www.leigeral.com.br

Por fim, temos ainda o site do SEBRAE em cada estado. Em quase todos é possível encontrar um seção específica sobre a Lei Geral.

E a Lei Geral Municipal? O que é?

A maioria dos artigos da Lei Geral já está valendo para todos estados e municípios do Brasil. Mas alguns dependem de ser regulamentados localmente, e a lei obriga que isso seja feito. A regulamentação municipal da Lei Geral é o que se denomina Lei Geral Municipal.

Muitas razões para implantar a lei geral municipal

Se o que o leitor precisa é de razões para trabalhar pela implantação da LGM em sua cidade, não vai ficar decepcionado lendo a lista abaixo:

I – É obrigação legal da prefeitura

Os 5.564 municípios brasileiros têm de aplicar as normas gerais de tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às micro e pequenas empresas - MPE. É o que estabelece o artigo 1º da Lei Geral. Inclusive para os estados e para a União. O artigo 77, parágrafo 1º, diz:

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O Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria da Receita Previdenciária, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão editar, em 1 (um) ano, as leis e demais atos necessários para assegurar o pronto e imediato tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido às microempresas e às empresas de pequeno porte.

Ou seja, o prefeito que não regulamentar e implantar os itens obrigatórios de sua alçada pode ser processado pelo Ministério Público ou pelos empresários que se virem prejudicados por essa omissão. As implantações devem ser encaminhadas e cobradas da equipe de secretários municipais e a regulamentação deve seguir um dos caminhos sugeridos.

II – É uma oportunidade especial de impulsionar o desenvolvimento local

Em qualquer situação, promover as micro e pequenas empresas é um ótimo negócio. Uma Lei Geral Municipal bem feita, que vai além dos itens obrigatórios, é capaz de dar um novo impulso à economia local. O resultado final é o desenvolvimento sócio-econômico do município. Quem não quer isto?

III – Aprimorar a lei é a forma mais segura de garantir que a arrecadação municipal aumente

A questão tributária já foi definida Lei Geral Nacional. O município não tem poder de alterá-la, mas apenas conceder isenções ou reduções complementares de ISS, além de definir valor fixo de ISS para os negócios que tenham até R$ 10.000,00/mês de receita bruta. Ainda existe uma alguma controvérsia quanto às isenções ou alíquotas abaixo de 2%, vedadas pela Lei Complementar nº 116. A Lei Geral permite novamente essas reduções para muitos especialistas, só que exclusivamente para as MPE.

A expectativa é de que apenas os médios e grandes municípios tenham alguma perda inicial com o ISS, que deverá ser compensada com o aumento da formalização. Estudos da Receita Federal apontam que, um ano depois da promulgação da antiga lei do Simples, em 1996, a receita declarada pelas pequenas empresas aumentou em 125%. Alguns municípios já têm mostrado fenômenos interessantes, como a identificação de centenas de empresas que desconheciam por não serem recolhedores de ISS. Com tantas novas empresas no cadastro disponibilizado pela Receita Federal, estão podendo agora regularizar a cobrança das taxas municipais.

Mas o ponto principal aqui é que uma Lei Geral Municipal que vai além dos itens obrigatórios disponibiliza para a prefeitura muitos e novos instrumentos para incentivar as pequenas empresas e com isso aumentar sua formalização, seu faturamento e os empregos gerados. A conseqüência é o aumento do recolhimento dos impostos, diretos e indiretos, além de propiciar que as pessoas empregadas e os lucros distribuídos aos sócios também aqueçam a economia local e gerem mais desenvolvimento e, conseqüentemente, mais impostos. É o chamado círculo virtuoso.

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IV – Melhoria da qualidade de vida local

Muitos municípios não têm uma oferta adequada de bens e serviços para a população. Muitas vezes sequer têm a oferta, exigindo que a população viva sem esse benefício ou tenha ter que se deslocar para outros municípios para obtê-lo. Criar ou aumentar a qualidade e a quantidade de itens ofertados em bares, restaurantes, salões de beleza, farmácias, clínicas, livrarias, escritórios, postos, sacolões, supermercados ou qualquer outro estabelecimento utilizado pela população é melhorar a sua qualidade de vida. É necessário que os gestores públicos tenham uma visão clara sobre isto. São as pequenas empresas locais que provêem os itens básicos de consumo da população. Uma boa Lei Geral Municipal pode ser a diferença entre a instalação ou não de um novo negócio ou a reforma / expansão de um já existente, ambas capazes de melhorar a qualidade de vida local.

V – Preparação para um mundo em transformação

O mundo está cada vez mais integrado, informado, informatizado e ao mesmo tempo complexo. Qualquer município que queira acompanhar esta evolução tem que fazer a sua parte. Conhecer e apoiar suas empresas são elementos fundamentais neste processo. Afinal de contas, a forma visível do progresso começa é nelas. A atividade empresarial é a mola mestra do sistema econômico mundial, regional e local. Elas giram o mercado e seus impostos giram a máquina pública. Sem empresas não há nada.

O Brasil precisa de empresas cada vez mais modernas, prontas para o comércio local, regional e global, ou seja, integradas, informadas e informatizadas. Precisa que o poder público também seja assim. A Lei Geral Municipal pode ser um bom passo para isso. Ela busca a técnica, a ciência, a integração e a socialização da informação e dos recursos. Busca ainda a participação da sociedade e a transparência.

Ao mesmo tempo a Lei Geral vai ao encontro do modelo mais sonhado por qualquer política econômica e social de qualquer país, que é o de mais empresas pagando menos impostos. Isso só será possível percorrendo um longo e trabalhoso caminho, que exige mudar a cultura de uma população que tem no não recolhimento de impostos um ato comum, enquanto em países desenvolvidos essa prática é motivo de punição. Uma boa Lei Geral Municipal é um bom e largo passo em direção ao futuro que todos nós desejamos para nós e nossos filhos.

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1.4.2 Plano Diretor

O que é

O plano diretor, complementado pela lei de uso e ocupação do solo, é o projeto geral do município, presente e futuro. É ele quem diz o que pode funcionar ou ser construído em cada região da cidade, como e com qual porte. Ele faz uma espécie de zoneamento da cidade, e mesmo da área rural.

É muito importante sobre todos os aspectos, econômicos e sociais. Deve ser elaborado com o apoio de todos os técnicos possíveis, mas essencialmente com a sociedade que mora e morará na cidade. Para muitos, esta é a principal lei de um município, a que mais influencia seu futuro.

A maior parte dos municípios já tem Plano Diretor, mas nem sempre são estimuladores do desenvolvimento econômico. Rever esses PD é uma importante ação de um Agente de Desenvolvimento. E temos também muitos municípios que não possuem. Implantá-los é outra importante ação para ser puxada por um AD.

Objetivo

É muito importante a ordenação da ocupação física do município. É preciso evitar que indústrias sejam construídas ao lado casas, o comércio ao lado de hospitais e tudo mais que possa prejudicar o convívio harmonioso e saudável entre os habitantes, pessoas físicas e jurídicas. Um bom zoneamento dá ao investidor segurança de que pode investir hoje seus recursos em instalações naquele local que não será surpreendido amanhã com outras instalações vizinhas que prejudiquem seu negócio ou desvalorizem seu patrimônio. Ou terá a certeza de que aquele local, cedo ou tarde, ganhará uma bela avenida asfaltada.

Ordenando o presente e prevendo o futuro, um bom plano diretor facilita o surgimento de novos negócios. Mais do que isso, pode impulsionar com consistência algumas ocupações. Um caso clássico é a criação de distritos industriais, assunto tratado mais adiante. Outros bons exemplos são a criação das ruas 24 horas, a preservação do patrimônio histórico e de áreas ecológicas, fundamentais para o turismo, a indução ao surgimento de subcentros comerciais, a definição de um plano viário etc.

Modelo Básico

Todas as questões básicas de um bom plano diretor têm algum tipo de reflexo na atividade econômica, motivo pelo qual apresentamos um modelo geral. Vejamos os temas principais:

Sistema viário e de transportes; Distribuição das atividades econômicas; Distribuição das demais atividades (sociais, habitacionais, etc.); Área central e subcentros regionais; Proteção da memória e do patrimônio cultural;

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Subsolo; Áreas de risco geológico; Utilização de energia; Comunicações; Meio ambiente; Turismo; Características locais.

Ao tratar destes temas, acabam sendo tratadas ainda as políticas municipais para as seguintes áreas:

Segurança pública; Saneamento; Habitação; Saúde; Educação; Ação social; Cultura; Esporte e lazer; Abastecimento alimentar.

Como implantar em seu município

Poucos municípios possuem hoje um plano diretor. Para tal é recomendável a articulação de três grupos de pessoas:

O corpo técnico da prefeitura, reforçado por consultores experientes; Pessoas indicados pela câmara municipal, preferencialmente técnicos que,

participando do processo de elaboração do plano, contribuirão tecnicamente e facilitarão sua aprovação.

A sociedade civil, através de suas representações. Como estamos falando de desenvolvimento econômico, destacamos as entidades empresariais, que podem e devem ser estimuladas a apresentar estudos e propostas para a elaboração do plano.

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1.4.3 Código de Postura

O que é

O código de posturas complementa o plano diretor. Ele é um conjunto de regras que visa "disciplinar" o uso do espaço físico da cidade por todos que nela vivem e/ou trabalham. A falta de regras de convívio entre os habitantes, poder público e a atividade econômica é prejudicial para todos. Por outro lado, regras mal feitas também podem prejudicar a vida de todos, o que inclui as empresas, nosso tema principal.

A essência de um bom código de postura é que o individual não prejudique o coletivo e que todos os setores tenham deveres e direitos justos, protegidos pela sociedade para que possam alcançar seu pleno desenvolvimento.

Objetivo

A elaboração de um bom código de postura pode trazer vários benefícios para a atividade empresarial. O fundamental para isso é que o mesmo:

Crie regras claras e confiáveis, não permitindo "interpretações políticas"; Não onere a atividade produtiva com taxas abusivas; Evite concorrência desleal; Estimule atividades de interesse local.

Lembre-se, no entanto, que um código de posturas trata de diversos outros temas que não estão ligados diretamente à atividade econômica. Estes outros temas foram deixados de lado neste momento para que não se saia aqui do foco, o desenvolvimento econômico. Para as cidades que já possuem código de postura é possível propor alterações somente nos itens que interferem diretamente na atividade econômica. Já as outras, necessitarão de desenvolver um código mais amplo.

Modelo Básico

Um bom código de postura para a atividade econômica deve tratar de inúmeros itens, o que torna sua elaboração relativamente complexa. Vejamos alguns pontos obrigatórios.

Quanto ao exercício do comércio em geral temos:

Como tratar das situações especiais, como atividades que manuseiam alimentos, o estacionamento de veículos (às vezes crítico nos centros), os postos de gasolina, farmácias, comércios "perigosos" como fogos de artifício, gás de cozinha e produtos tóxicos, etc. Estes itens são fundamentais tanto para os empresários (regras claras, para todos) bem como para a população (segurança e conforto);

O horário de funcionamento;

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Outro tema importante é o comércio temporário. Ele é fundamental para vários municípios que têm sazonalidades econômicas fortes, mas também pode ser responsável por sérios problemas, principalmente de concorrência desleal com os estabelecimentos fixos. Ele deve se preocupar com tudo isso tratando de temas como:

Licitação; Licença; Equipamentos e atividades permitidas; Pontos de funcionamento; Obrigações e vedações.

Ainda que alguns na prática não sejam temporários, normalmente o código

de postura deve regulamentar as atividades de:

Feiras; Shows e eventos; Comércio em bancas fixas; Engraxate; Lavador de carro; Camelôs; Comercialização de produtos alimentícios; Mercados públicos; Comércio ambulante.

Para todas as atividades temos outros temas fundamentais, que podem

influir muito:

Tipos de publicidades permitidas e suas taxas; A utilização de passeios, muros e outros bens públicos; A construção, reforma e manutenção dos imóveis; Funcionamento da atividade bancária; Burocracia; Valores das taxas.

Vários outros tópicos surgem quando as discussões sobre o tema começam, além de vários municípios terem características locais especiais, que exigem tratamento diferenciado. Quem vive de turismo, deve detalhar mais as regras para este setor, assim como quem vive de confecção, laticínios ou criação de frangos. Os códigos devem tratar com redobrada atenção as principais atividades econômicas de seu município.

Como implantar ou reformular o código de postura em seu município

O modelo é similar ao do plano diretor, ou seja, reunir:

Um corpo técnico da prefeitura, reforçado por consultores experientes; Pessoas indicadas pela câmara municipal, preferencialmente técnicos que,

participando do processo de elaboração do código, facilitarão sua aprovação. A sociedade civil, através de suas representações. Como estamos falando de

desenvolvimento econômico, destacamos as entidades empresariais, que

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podem e devem ser estimuladas a apresentar estudos e propostas para a elaboração do código.

1.4.4 Código Ambiental

Este é um tema fundamental, pois as restrições de natureza ambiental têm sido cada vez maiores. Mais do que isso, passa-se neste exato momento por uma grande discussão nacional sobre o entendimento e a aplicação das leis ambientais. A insegurança sobre os marcos regulatórios tem provocado muita confusão e prejuízos às atividades empresariais. Como o outro lado da questão também é de fundamental importância, pois estamos em um mundo que destrói o meio-ambiente, a sugestão é que iniciativas de alteração da legislação ambiental aguardem um momento mais oportuno.

O que pode e deve ser feito imediatamente é trabalhar o tema no item Desburocratização no âmbito da Lei Geral Municipal. A idéia é que se respeite a legislação ambiental, mas que os processos de licenciamento sejam ágeis.

1.4.5 Demais Leis

Da relação apresentada no início do capítulo, tem-se ainda:

Código Tributário

O que é mais relevante nele, os incentivos fiscais, é tratado no âmbito da Lei Geral Municipal

Código Sanitário

Trata-se de assunto muito complexo, pois envolve a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. As questões operacionais são tratadas no item Desburocratização no âmbito da Lei Geral Municipal.

Outras leis específicas devem ser identificadas e tratadas caso a caso.

Desburocratização

A palavra burocracia é atribuída a Jean-Claude Marie Vincent, Seigneur de Gournay, um ministro francês do século XVIII. Ela une a palavra francesa bureau (escritório) à palavra grega kratos (poder). Ele a criou para ironizar o poder excessivo que as repartições públicas possuíam já naquela época.

Atualmente, o significado é mais amplo. A palavra burocracia também serve para denominar os servidores públicos que trabalham nas atividades de escritório, a própria atividade pública realizada em escritórios e os dois em conjunto. O termo nasceu como uma crítica, mas hoje dá nome a essa atividade-meio da administração pública, que é repleta de hierarquias, formalismos, regras rígidas e ampla utilização de documentos.

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Palavra nascida crítica, permanece crítica. A burocracia está na cabeça das pessoas como algo ruim, sinônimo de custo, lentidão, atraso, má vontade, abuso, prejuízo e outras definições quase sempre negativas. Mas vamos pensar. É possível uma sociedade ou economia funcionarem sem um mínimo de controle formal do poder público? É possível administrar uma sociedade sem controlar as empresas ou coletar impostos? O bom senso nos diz que não.

Ou seja, não há como viver em sociedade sem a burocracia. Ela não é algo ruim por si só. Uma sociedade precisa de algum controle público e a burocracia é a forma como ele se dá. Ou seja: “A burocracia é indispensável”.

Se entendermos que a burocracia é necessária, a questão não é ter ou não burocracia, mas qual burocracia. Quanto mais simples, rápidos e baratos forem os procedimentos, melhor. E é este o desafio de uma administração pública moderna. Trabalhar da forma mais simples, rápida e barata possível. A este esforço de racionalização dá-se hoje o nome de desburocratização. Enfim, não há como acabar completamente com a burocracia (administração pública), mas apenas torná-la menos burocrática (menos complexa, lenta e cara).

A burocratização atinge fortemente o setor produtivo, e por isso é tratada de forma especial atualmente. No endereço www.sebraemg.com.br/leigeral está disponível o Manual de Desburocratização e Desregulamentação. Ele se constitui em um roteiro prático de como desburocratizar a relação entre empresas e prefeitura.

Pontos Críticos

Segundo o manual, esses são os pontos a serem estudados e melhorados.

Abertura da empresa

Obtenção de informações de: o Como abrir a empresa do ponto de vista burocrático; o Quais legislações a empresa terá que cumprir na abertura e no

funcionamento no âmbito municipal, estadual, federal e de instituições como conselhos e sindicatos;

o Qual regime tributário mais adequado; o Como abrir a empresa do ponto de vista da viabilidade do negócio;

Consultas prévias antes de começar a abrir a empresa: o Se o nome escolhido para a empresa pode ser usado e; o Se a empresa pode ser instalada no lugar escolhido.

Registro da Empresa o Elaboração de um contrato social adequado; o Registro do contrato social e obtenção do CNPJ;

Obtenção de: o Alvará de localização; o Inscrição municipal; o Inscrição estadual; o Autorização para emissão de talão de nota fiscal; o Licença do Corpo de Bombeiros;

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o Alvará sanitário, quando for o caso; o Licença ambiental, quando for o caso;

Operação da Empresa

Obtenção de informações de qualquer natureza; Cálculo e pagamento de taxas, contribuições e impostos; Parcelamento de dívidas tributárias; Emissão de certidões negativas; Documentação necessária a tomada de empréstimos / financiamentos; Documentação necessária para participar do processo de venda aos

governos; Emissão e renovação de alvarás e licenças; Exigência e manutenção de livros de controle; Atendimento a exigências do código de postura; Aprovação de plantas e obtenção de alvarás de obra e habitação.

Fechamento ou Baixa

Obtenção de informações gerais; Destrato social; Baixa da inscrição municipal, estadual e federal; Parcelamento de débitos (se for o caso).

Projetos Complementares

Casa do Empreendedor A unicidade significa colocar tudo em um único lugar. Mais do que um lugar burocrático, pode-se tornar um ponto de concentração e irradiação de conhecimento. Acervo técnico, acesso à Internet, consultorias e treinamentos podem ser direcionados para lá. Pode ser montada em parceria com entidades empresariais. A idéia é fisgar o peixe que tem que ir lá sempre.

Site do Empreendedor O princípio é o mesmo. Já que tem que ter o site, ele pode ir muito além, se tornando uma referência de conhecimento e informações do empreendedor local.

Cadastro Empresarial Um bom cadastro empresarial é capaz de dar grande consistência a todos os programas que envolvam empresas no município. Torna-se ainda um bom sistema de consultas e pesquisas. Deve funcionar dentro do site e se alimentar dos demais cadastros da prefeitura.

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1.4.6 Adequação de Taxas e Tributos

São projetos que buscam racionalizar a cobrança de impostos sobre as atividades econômicas.

ISSQN

O ISS pode ser utilizado como instrumento de promoção da atividade empresarial no município, notadamente das pequenas empresas. Estudos bem conduzidos podem apontar boas possibilidades de aumento de arrecadação a médio e longo prazo de setores contemplados com a redução das alíquotas do ISS. Existem diversos casos de sucesso nesta área. São iniciativas que, feitas com responsabilidade, não caracterizariam guerra fiscal predatória, mas puramente auxilio à viabilização econômica de implantação ou expansão de setores importantes para a economia atual e futura do município.

Como existe um teto para o ISSQN no Brasil, que é a alíquota de 5% incidente sobre o valor cobrado pelo serviço prestado, a questão é: reduzir esta alíquota para quanto, para quem e por quê.

O imposto deve ser reduzido para setores da economia que os estudos mostrarem com boas chances de reagirem positivamente a uma redução da carga tributária. Existe, porém, um setor generalizado, que é o das pequenas empresas, que também deve ser estudado. Este costuma ser o que apresenta melhores resultados com a diminuição da carga tributária. Pagando menos impostos, a empresa prefere formalizar mais seus negócios, melhorando seus números para o mundo oficial, o que permite melhores contratos, relação com bancos, aparecimento do patrimônio, registro de funcionários, além arrecadação de outros impostos, federais e estaduais, que retornam ao município via fundos de participação.

A elaboração de um projeto desta natureza deve reunir:

Um corpo técnico da prefeitura, notadamente da secretaria da fazenda e de desenvolvimento econômico, reforçado por consultores experientes;

A sociedade civil, através de suas representações, especialmente as entidades empresarias, que podem e devem ser estimuladas a apresentar estudos e propostas de redução de alíquotas;

Oportunamente, ou em alguns casos, a câmara municipal deve ser acionada desde o começo dos estudos, especialmente se as alterações propostas exigirem aprovação pelo legislativo.

IPTU

O IPTU pode ser um bom instrumento de apoio às atividades empresariais do município. Políticas bem planejadas podem oferecer isenção parcial ou total para todas aquelas atividades que se pretende apoiar. É preciso apenas estudar bem

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para não se cometer injustiças e não prejudicar a arrecadação do município a médio e longo prazo.

O IPTU nada mais é que uma alíquota aplicada todo ano sobre o valor venal (de venda) do imóvel. O valor venal do imóvel normalmente é determinado em função dos seguintes elementos, tomados em conjunto ou separadamente:

Preços correntes das transações no mercado imobiliário; Zoneamento urbano (quando há plano diretor); Características do logradouro e da região onde se situa o imóvel; Características do terreno como área, topografia, forma e acessibilidade; Características da construção como área qualidade, tipo e ocupação; Ano da construção.

Quando existente, a legislação normalmente faculta ao prefeito decidir sobre número de parcelas, descontos para categorias econômicas e sociais e alguns outros detalhes operacionais. Com isto ele pode implantar sua política, defendida nas campanhas eleitorais, sem a necessidade de aprovação de projetos na câmara. Caso contrário, o procedimento é similar aos do plano diretor e ISSQN.

A elaboração de um projeto desta natureza deve reunir:

Um corpo técnico da prefeitura, notadamente da secretaria da fazenda e de desenvolvimento econômico, reforçado por consultores experientes;

A sociedade civil, através de suas representações, especialmente as entidades empresarias, que podem e devem ser estimuladas a apresentar estudos e propostas de redução de alíquotas;

Representantes da câmara municipal.

Em alguns casos a própria prefeitura terá facilidade de fazer ela própria estudos de impacto na arrecadação. A principal questão é avaliar a capacidade efetiva de uma política desta natureza em atrair e/ou realocar as atividades econômicas dentro do município. Aí pode ser necessário o uso de pesquisa e consultoria.

Contribuição de Melhorias

A Contribuição de Melhorias é uma alternativa que o município tem para auxiliar o custeio de obras públicas, que possibilitem a valorização imobiliária de propriedades privadas. Os que serão beneficiados são, assim, chamados a contribuir financeiramente com as obras, recebendo, em contrapartida, a melhoria urbana e a valorização imobiliária.

O projeto bem feito é bom para todos. O poder público consegue a complementação dos recursos necessários para as obras e a população beneficiada/contribuinte recebe um retorno maior que o investido.

Este é um instrumento muito interessante para ser utilizado, mas exige boa capacidade de articulação e participação da comunidade.

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Um projeto bem elaborado deve apresentar para a comunidade beneficiada os seguintes itens:

Detalhamento técnico, com desenhos para que todos entendam o que vai ser feito;

O orçamento analítico da obra; A proposta de rateio dos custos entre Prefeitura e moradores, considerando a

capacidade de pagamento e o benefício recebido de cada um; Estudos com a estimativa de valorização dos imóveis após a conclusão da

obra.

Estes dados são fundamentais para o processo de negociação com a comunidade. O entendimento quase unânime é necessário, nestes casos, o que pode boas estratégias e prática de negociação.

Normalmente é um tipo de trabalho que envolve as Secretarias Municipais de Obras, Fazenda e Desenvolvimento social. Um bom caminho é montar um comitê interno para levantar o potencial de aplicação deste método.

Taxas Diversas

Além do exposto acima, é preciso fazer algumas considerações sobre as taxas. Várias prefeituras, além dos impostos, cobram taxas por serviços prestados diretamente a parte da população. O conceito de taxa aparentemente é bem justo, ou seja, paga por aquele serviço apenas quem usa o serviço. São exemplos clássicos de taxas os seguintes:

Taxa de Limpeza Taxa de Iluminação Taxa de Fiscalização e Funcionamento Taxa de Fiscalização de Anúncios Taxa de Fiscalização de Obras Particulares Taxa de Alvará Etc.

Para muitos esta é apenas mais uma maneira que os governos têm de aumentar os impostos. O fato é que, impostos ou não, as taxas ajudam a onerar os custos das pequenas empresas. Em um ponto elas são piores que os impostos, ao serem fixas, ou seja, quem faturou pouco tem de pagar o mesmo que quem faturou muito. Para as pequenas empresas a isenção de taxas pode ser muito importante. Seja cuidadoso com o tema, não onere as empresas com despesas excessivas, principalmente as pequenas empresas.

Outros impostos não foram tratados aqui, como o ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Intervivos – ou o Imposto sobre Vendas a Varejo de Combustíveis. São muito específicos e não atingem diretamente a grande maioria das empresas.

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Anistia e Parcelamento de Débitos

Este é um tema bastante polêmico, mas que deve ser bem estudado por qualquer prefeitura. O dilema de toda Secretaria da Fazenda é que, ao anistiar parcialmente débitos das empresas, estimule a sonegação além de cometer uma injustiça com quem pagou tudo. Isso tem muito de verdade, mas outros aspectos importantes devem ser considerados.

Em primeiro lugar é preciso lembrar que a maiorias das empresas não paga seus impostos por que não conseguiu. Todo empresário quer estar todo legalizado, inclusive para poder vender para o poder público. Não é correto colocar inadimplentes com sonegadores no mesmo barco. Sonegadores contumazes normalmente escamoteiam os débitos, já os inadimplentes têm a dívida confessada na escrituração contábil

Se a anistia contemplar apenas as multas e juros, ou seja, cobra-se o principal e a correção monetária, não há prejuízo para nenhuma das partes. É bobagem pensar que alguém vai aplicar no mercado financeiro o dinheiro que deixou de pagar os impostos e ficar com a diferença. Seria uma aposta de alto risco.

Empresas endividadas e sem certidões negativas são meio caminho andado para a falência, o que é péssimo para todos, empresa, poder público, funcionários, mercado, população, fornecedores etc.

O objetivo é contribuir para que as empresas em dificuldades do seu município, quase sempre a maioria, possam melhorar sua competitividade.

Podem ser objeto da anistia todos os impostos (ISSQN e IPTU) e taxas. Quanto aos benefícios, o clássico é:

Redução drástica ou eliminação das multas; Redução drástica ou eliminação dos juros; Aplicação da correção monetária; Parcelamento do saldo devedor em parcelas fixas ou reajustáveis com juros

baixos.

Muitas vezes um programa desta natureza exige a aprovação da Câmara Municipal, o que deve ser considerado. Normalmente os vereadores não criam obstáculos para aprovar projetos desta natureza.

Em princípio a própria secretaria Municipal da Fazenda pode fazer os estudos necessários. Existem empresas de consultoria especializadas no tema, que podem auxiliar a modelagem de um programa desta natureza. Procure o SEBRAE de sua região.

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1.5 Texto 3 - Apoio à Comercialização

O apoio à comercialização das empresas locais é uma das políticas públicas com maior potencial de retorno de curto, médio e longo prazo. Ela pode ser dividida basicamente em dois conjuntos:

Programas de compras públicas; Apoio a iniciativas comerciais.

Os dois temas estão previstos na Lei Geral Municipal, mencionada no inicio

deste capítulo.

O Uso do Poder de Compras

O uso do poder de compra é uma expressão que vai se tornando comum em projetos de políticas públicas. Tomemos emprestadas passagens de uma cartilha do SEBRAE NA elaborada por um dos maiores juristas brasileiros, Jacoby Fernandes, com relação às compras públicas:

O Uso do Poder de Compra

Em algumas palavras, o pregoeiro e a Comissão de Licitação tem ao seu alcance a possibilidade, ainda pouco explorada no Brasil, de utilizar o procedimento licitatório também como fonte geradora de emprego e renda para a sociedade. Essa possibilidade chama-se tecnicamente de uso de poder das compras governamentais.

O poder de compra da entidade é uma ferramenta apta a:

Desenvolver políticas públicas voltadas para o desenvolvimento local; Potencializar a economia da região, auxiliando-a a desenvolver a

competitividade industrial e tecnológica; Estimular as empresas locais a melhorarem a qualidade dos bens, serviços e

obras; Incentivar a formarem parcerias e arranjos produtivos, com crescentes

ganhos para a economia e o desenvolvimento locais.

Na verdade, além da sua função básica de suprir a administração pública com bens e serviços, o processo de contratação pelo poder público pode ser uma estratégia de políticas voltadas para o desenvolvimento econômico sustentável, para a geração de emprego e renda e para erradicação da pobreza e das desigualdades sociais.

O papel das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (MPE), como importante fator para o crescimento, já foi absorvido pela experiência internacional e aponta

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para a necessidade da utilização do poder de compra pelo poder público para incentivar o crescimento e estabilização das MPE.

Como as compras públicas podem ser um investimento no desenvolvimento local?

De forma prática, o uso de poder de compra relativamente às MPE é um meio eficaz de reinvestir o orçamento das unidades do SEBRAE no local, de forma a gerar riquezas, renda e desenvolvimento tecnológico. Dito de outra maneira: o dinheiro fica em casa!!!

Assim, as unidades comprometidas com o desafio de melhorar as condições de vida da sua comunidade devem ter por missão incentivar políticas de desenvolvimento que consigam gerar emprego e distribuir renda.

Ora, o uso do poder de compra da instituição permite que:

Os fluxos de negócio e geração de renda se distribuam no contexto local ou regional;

Ampliem a renda das famílias; e Promovam o desenvolvimento do mercado, gerando aumento da

arrecadação de impostos que reverterão em receita para programas e ações locais.

Ou seja, cria-se um ciclo de desenvolvimento sustentável, pois, a comunidade que produz para o mercado local e regional, em geral, consome também produtos do mercado local e regional.

Sobre a importância do papel das MPE na economia nacional, o “Boletim Estatístico das MPE”, do 1° semestre de 2005, editado pelo SEBRAE em conjunto com o IBGE, arrola pesquisa comprovando que:

As MPE geram seis vezes mais empregos do que as médias e grandes empresas (empregos gerados/participação no PIB);

Respondem por cerca de 70% dos empregos; e Representam 99% das empresas formalmente estabelecidas no Brasil.

Atente-se, entretanto, que as MPE competem com grandes empresas, bem consolidadas e melhor estruturadas, e o resultado é que, segundo dados existentes nas Juntas Comerciais, cerca de 50% das que começaram a funcionar em 2002 fecharam até o início de 2004.

Na pesquisa realizada pela Unidade de Políticas Públicas – UPP do SEBRAE Nacional, concluiu-se que dos 10 milhões de empresas existentes no Brasil somente metade está legalmente formalizada. Destas, 99,2 % são MPE. Por isso que se torna necessário trazer para a legalidade as pequenas empresas e os trabalhadores autônomos.

As MPE empregam quase 60% dos trabalhadores que têm registro em carteira de

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trabalho. Segundo especialistas, devido à elevada quantidade de MPE e características de sua linha de produção, de modo geral, as microempresas e empresas de pequeno porte requerem uma quantidade de empregados proporcionalmente maior, se comparadas com as grandes empresas.

As estatísticas demonstram que as MPE legalizadas só participavam em menos de 18% do volume de compras governamentais, estimado em R$ 260 bilhões de reais. Estudos projetaram um aumento de aproximadamente 790 mil empregos/ano, caso essa participação passe de 18% para 30%. Ampliar o acesso das MPE às compras governamentais pode resultar em efetivo modo de redução da taxa de desemprego.

A íntegra da cartilha Como Comprar da Micro e Pequena Empresa pode ser vista no site: www.biblioteca.SEBRAE.com.br

O Uso do Poder de Compra, no entanto, não se limita aos órgãos públicos. Existem dezenas de casos onde o comprador é uma empresa privada, interessada em ter sua cadeia produtiva mais próxima fisicamente ou no desenvolvimento econômico e social da comunidade onde está situada.

Mudança de Paradigma

LC 123 permite o tratamento diferenciado às MPE. Ela é superior hierarquicamente à Lei 8.666.

Sai – o departamento de compras público tradicional, focado na isonomia entre os participantes e o menor preço;

Entra – o departamento de compras público como agente de promoção do desenvolvimento local, focado em comprar o máximo possível das pequenas empresas locais, retendo renda e empregos no município.

Apoio a Iniciativas Comerciais

A comunidade, liderada pela administração pública municipal, pode se comprometer com uma lista de boas sugestões para melhorar a comercialização e gerar mais ocupações e renda para o município:

Realizar, apoiar ou participar de feiras e exposições com as empresas locais, dentro e fora do município;

Organizar missões comerciais; Lançar uma página na Internet com todos os produtos do município; Fazer parcerias para contratar empresas especializadas em comércio

exterior para estudarem o potencial de exportação dos produtos locais; Organizar grupos e associações de produtores com objetivos comerciais

conjuntos Divulgar o município e seus produtos na mídia; Estudar, em conjunto com as empresas locais, aquilo que elas podem

vender umas para as outras;

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Negociar com o Governo do Estado alternativas para buscar novos mercados para produtos regionais;

Articular implantação de programa de capacitação de fornecedores de médias e grandes empresas;

Apoio ao Associativismo

Iniciativas neste sentido:

Estimular a formação de Sociedades de Propósito Específico de pequenas empresas;

Disponibilizar na Casa do Empreendedor acervo técnico sobre o tema associativismo e referências de como se obter assessoria;

Ceder infra-estrutura para os grupos em processo de formação; Utilizar o poder de compra do município como fator indutor; Ceder em caráter temporário bens móveis e imóveis do município até que

os projetos atinjam a auto-sustentabilidade; Isentar temporariamente de taxas municipais e IPTU; Organizar e estimular a atividade informal local a se organizar em

cooperativas; Favorecer a formação na sociedade local do espírito associativista através

do estímulo à inclusão na grade curricular das escolas locais do estudo do associativismo em suas diversas formas;

Aportar recursos complementares em igual valor aos recursos financeiros aportados pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT - na criação de programas específico para as cooperativas de crédito de cujos quadros de cooperados participem empresários de MPE ou as próprias MPE.

Acesso ao Crédito

O acesso ao crédito sempre foi pré-condição para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas. Entretanto, entre os inúmeros motivos alegados pela rede bancária para não conceder o crédito aos pequenos empresários, estão a assimetria de informações, a deficiência de garantias reais, a falta de um histórico comportamental dos tomadores de crédito, dentre outros.

Outros fatores são:

Incapacidade de elaborar planos de negócios adequados; Inadimplência / Falta de certidões negativas; Informalidade; Burocracia; Falta de linhas adequadas – juros, prazos, etc.; Inexistência de agente financeiro na localidade

Por isso, um dos pontos de destaque da Lei Geral foi a determinação ao Governo Federal (entenda-se Conselho Monetário Nacional) de melhorar o acesso das MPE aos mercados de crédito e de capitais. Embora existam muitas linhas de crédito apropriadas às diversas formas de investimento (fixo, giro ou misto), grande parte dos empresários de micro e pequenas empresas freqüentemente

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utiliza as linhas mais caras e inapropriadas à natureza dos pequenos negócios, tantos nos bancos públicos como na rede privada.

Assim, ao estabelecer, no artigo 58, que os bancos públicos federais e a Caixa criem e disponibilizem linhas de crédito às Micro e Pequenas Empresa (MPE), essa situação pode ser revertida. Aliadas aos mecanismos oficiais de prestação de garantias – Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC), Fundo de Aval para Geração de Emprego e Renda (FUNPROGER) e Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), do SEBRAE –, o crédito tende a ser mais acessível aos pequenos empresários que dependem de financiamentos para a expansão de seus negócios.

São muitas as possibilidades de facilitar o acesso ao crédito ás empresas de seu município.

Microcrédito

A Lei Geral proporciona um ambiente favorável à criação e à formalização de microempresas. Porém, nem todas as empresas nascem do “dia para a noite”, a partir de uma decisão pontual do empresário. Existem muitas pessoas que se encontram na fase “pré-empresário” e que, com apoio, serão potenciais empresários de MPE. Em muitos casos, são pessoas de baixa renda que exercem uma atividade econômica autônoma em diversos segmentos e que, por falta de acesso ao mercado formal de trabalho ou por terem sido dele excluídas, constituíram um negócio próprio.

Em geral, o empreendedor de micro e pequeno negócio aprendeu o ofício no seio familiar, seguindo uma tradição, ou como trabalhador de outro empreendimento formal ou informal. No entanto, gerencia seus negócios intuitivamente, faltando-lhe a formação empresarial para transformar a atividade econômica em uma empresa mais organizada e competitiva. O microcrédito é uma metodologia que visa conceder empréstimo para pessoas que estão à margem do sistema tradicional de crédito. O volume de dinheiro emprestado é sempre focado nas necessidades do cliente.

A filosofia do microcrédito é de um instrumento que auxilia no combate à pobreza, pois incentiva as pessoas a desenvolverem seus potenciais na busca do auto-emprego e geração de renda própria, visando à melhoria da qualidade de vida. Atua também na melhoria contínua dos pequenos empreendimentos, de forma a se tornarem sustentáveis e independentes.

O microcrédito constitui-se, portanto, em estratégia política para o desenvolvimento, sendo dirigido a setores empobrecidos da população, mas perfeitamente capazes de produzir e gerar riquezas e de cumprir suas obrigações como cidadãos em gozo de seus direitos e deveres, conforme preceito constitucional.

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Utilizando metodologias que incentivem a responsabilidade, a auto-estima e a auto-suficiência financeira, o microcrédito torna-se uma ferramenta importante para o progresso social e econômico sustentável, sendo utilizado para minimizar a pobreza e estimular a atividade econômica das populações excluídas.

As instituições de Microfinanças (IMF), como são conhecidas, são na sua maioria instituições financeiras como bancos ou cooperativas de crédito, que podem ser organizações não governamentais (ONG). No Brasil, as IMF têm o título de Sociedade de Crédito ao Microempreendedor (SCM) ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Alguns bancos públicos brasileiros operam linhas de microcrédito como o Crediamigo, do Banco do Nordeste.

Normalmente, os clientes das IMF são empresários urbanos, em particular de microempresas formais ou informais provedores de pequenos serviços (cabeleireiros, manicuro, artesãos) e pequenos produtores em geral que têm nessas atividades uma fonte estável de emprego e renda. As principais características das operações de microfinanças são: pequenos empréstimos, capital de giro, possibilidade dos clientes constituírem poupança, não exigência de constituição jurídica por parte do cliente, acesso a novos empréstimos com limite cada vez maior baseado no desempenho de pagamento e uso de colaterais (garantias) substitutos como garantia solidária ou poupança compulsória e a figura do agente financeiro.

O que pode ser feito

O microcrédito pode ser operado por organizações não-governamentais (ONGs), Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), Organizações de Sociedade Civil de interesse Público (OSCIPs), cooperativas de crédito e bancos comerciais que criem setores específicos.

Constituir uma instituição de microfinanças requer mobilização, liderança, capacidade de interação com a comunidade alvo, várias questões legais e burocráticas e, obviamente, recursos financeiros.

A participação do poder público ou das entidades de classe pode se dar por meio do apoio material (cessão de instalações adequadas, pessoal etc.) e, principalmente, da doação de recursos a título de “contribuição social”. O poder público pode também incentivar apoio à ONG de microcrédito por meio de decreto municipal.

Porém, a princípio, o mais prático é buscar uma parceria com uma instituição que já esteja operando o microcrédito para abrir um posto de atendimento. Minas Gerais possui algumas instituições de microfinanças (IMF) que poderão ser consultadas sobre os desafios, oportunidades e resultados da operação dessa modalidade de crédito.

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1.5.1 Legislação básica:

Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001; Medida Provisória 2.172-32, de 23 de agosto de 2001; Resolução 2.874, de 26 de julho de 2001; Lei 9.790, de 23 de março de 1999; Circular Bacen 2915 de 5/8/99.

Outras informações:

Mais informações podem ser obtidas nos sites do BNDES (www.bndes.gov.br), do BNB (www.bnb.gov.br) e do Ministério da Justiça (www.mj.gov.br).

O Cooperativismo de Crédito

A cooperativa de crédito é uma instituição financeira democrática, de ajuda mútua, sem fins lucrativos, integrante do Sistema Financeiro Nacional, de propriedade de seus sócios e administrada por eles, com a finalidade de prestar assistência creditícia e outros serviços nos moldes bancários aos seus associados, bem como lhes propiciar educação e orientação financeira. A constituição de uma cooperativa de crédito voltada aos interesses dos empresários de micro e pequena empresa depende de regras rígidas do Banco Central do Brasil, conforme estabelece a Lei 4.595/64, que reformou o Sistema Financeiro Nacional.

O mais prático é procurar cooperativas já em funcionamento em sua cidade ou região e solicitar a admissão como associado.

No entanto, as cooperativas de crédito que interessam aos empresários para suas atividades negociais são somente aquelas que podem, legalmente, admiti-los como associados.

Há regras para admissão em uma cooperativa, principalmente na de crédito. O empresário deve atender às condições de associação previstas no estatuto social da cooperativa e aderir formalmente a ele no processo de admissão. O estatuto social é o instrumento mais importante em uma cooperativa, pois manifesta o desejo e os interesses dos donos, que são os próprios associados.

Em muitos municípios, a Associação Comercial e Empresarial (ACE) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) são as incentivadoras das cooperativas de crédito. Para maiores informações, o empresário pode solicitar ajuda diretamente nas centrais das cooperativas.

Com relação à Lei Geral, é importante ressaltar a possibilidade de as cooperativas de crédito receberem recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para operações com microempresas e empresas de pequeno porte. No

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entanto, isso depende de mobilização das entidades junto ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

Vantagens para as MPE urbanas e rurais

O cooperativismo de crédito é considerado um importante instrumento do desenvolvimento da sociedade, por se constituir em um eficaz mecanismo para a democratização do crédito e a desconcentração da renda. É o único que permite aos diversos segmentos organizados da sociedade gerar instituições financeiras por iniciativa própria, sem o apoio formal do governo ou da iniciativa privada convencional.

As instituições assim criadas são de propriedade coletiva, em que cada associado participa, ao mesmo tempo, como proprietário e cliente. Esse mecanismo gera instituições altamente vocacionadas ao atendimento bancário do segmento que as criou.

O sistema cooperativista de crédito vem ganhando força no Brasil nos últimos anos, principalmente após a criação dos bancos cooperativos, já no final década de 1990. As confederações e as centrais cooperativas, bem como os bancos cooperativos, são responsáveis pela nova organização do setor.

Assim, o empresário de micro e pequena empresa, ao se filiar a uma cooperativa de crédito, assegurará o acesso ao crédito em condições diferenciadas das que encontraria na rede bancária. Na qualidade de cliente e dono ao mesmo tempo, poderá participar das decisões sobre os rumos da cooperativa ao comparecer às assembléias. Poderá, inclusive, exercer um cargo de direção ou de fiscalização caso seus pares o elejam nas assembléias.

O resultado positivo obtido pela diferença entre receitas (juros e tarifas) e custos, despesas e fundos obrigatórios é chamado de sobras. O resultado negativo se chama perdas ou prejuízo. As sobras ou perdas são rateadas entre os associados na proporção de suas operações com a cooperativa, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral Ordinária (AGE).

Como criar uma cooperativa de crédito

O passo a passo da criação de uma cooperativa já foi descrito no item cooperativismo, no capítulo sobre associativismo. É importante reafirmar que, no caso das cooperativas de crédito, por serem instituições financeiras, também estão sujeitas às normas do Sistema Financeiro Nacional (SFN) definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen).

Antes de ser aprovada a constituição e o funcionamento de uma cooperativa de crédito, é necessária a sensibilização e mobilização da comunidade, além da elaboração de um projeto de viabilidade econômico-financeira, que deverá ser aprovado pelo Bacen.

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As regras atuais de constituição e funcionamento de uma cooperativa de crédito estão contidas na Resolução 3.442/07 do Conselho Monetário Nacional.

O que pode ser feito

Um dos principais desafios do cooperativismo é a expansão do sistema com solidez e credibilidade, o que pode ser apoiado pelo poder público e pelas entidades de classe.

Diante da falta de instituições financeiras oficiais em muitos municípios mineiros, várias prefeituras municipais passaram a operar seu movimento financeiro em cooperativas por meio de conta corrente e aplicações. As prefeituras e órgãos municipais podem promover o desenvolvimento local, fortalecendo a cooperativa de crédito da cidade ou da região também por meio de convênios para recebimento de tributos.

Dependendo da forma de constituição, os funcionários dos órgãos públicos municipais podem ter conta corrente para o recebimento de salários (vencimentos, soldos, proventos etc.) na cooperativa, com várias vantagens para todos. O funcionário cooperado, com sua movimentação, fortalece a cooperativa que poderá atender a vários outros segmentos da sociedade local, entre eles as micro e pequenas empresas e os seus respectivos empresários. Ganha ainda a economia local, uma vez que os recursos aplicados na cooperativa retornam sob a forma de crédito na própria região ao contrário dos bancos que recebem aplicações em uma localidade e aplicam em outra, sem o menor vínculo.

A Cooperativa é de grande importância para a sociedade, na medida em que promove a aplicação de recursos privados e assume os correspondentes riscos em favor da própria comunidade onde se desenvolve. Por representar iniciativa dos próprios cidadãos, contribui de forma relevante para o desenvolvimento local sustentável, especialmente nos aspectos de formação de poupança e de financiamento da iniciativa empresarial que trazem benefícios evidentes em termos de geração de empregos e distribuição de renda.

Bancos Oficiais

A Lei Geral, em seu artigo 58, determina que os bancos comerciais e múltiplos públicos deverão ter linhas de crédito específicas para as MPE. Nesse sentido, existem várias linhas tanto para o capital de giro quanto para investimentos (fixo ou misto) e financiamentos de médio e longo prazos. O empresário deve ficar atento às exigências bancárias, tais como alvarás, certidões fiscais, licenças ambientais, declarações, elaboração de projetos, informações contábeis, cadastrais, garantias, custo da operação, etc.

Mesmo assim, os bancos oficiais são grandes financiadores das MPE, embora a participação dos bancos privados venha aumentando significativamente. É importante observar que alguns bancos privados possuem áreas e metodologia específicas para operar com MPE.

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As entidades de apoio e as instituições financeiras, entre outros, deverão criar estratégias para melhorar as informações aos empresários, com relação às exigências e dificuldades para o acesso ao crédito, às linhas disponíveis e suas vantagens e à análise da melhor opção para sua necessidade de recursos financeiros.

A Lei Geral, no artigo 59, orienta que os bancos oficiais devem se articular com as entidades de apoio às MPE para promover programas de treinamento e desenvolvimento gerencial, além de capacitação tecnológica para ajudar o empresário a ter melhores condições competitivas.

Para que os agentes públicos, entidades de classe e os próprios empresários possam se articular no sentido de promover o acesso ao crédito é importante conhecer as principais instituições financeiras e suas linhas de atuação, conforme será apresentado a seguir.

1.5.2 Bancos de Desenvolvimento Estaduais

Procure saber se seu estado possui um banco de desenvolvimento e se informe sobre o que ele pode oferecer.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES

O BNDES é uma empresa pública federal fundada em 1952, localizada no Rio de Janeiro e vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Tem por objetivo financiar empreendimentos de qualquer porte que contribuam para o desenvolvimento do país, notadamente os industriais e de infra-estrutura.

Operando com recursos próprios, de captação, do Orçamento Geral da União e, principalmente, repassando recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o BNDES é também o grande financiador, em nível nacional, das micro, pequenas e médias empresas em suas diversas linhas.

Um detalhe importante para as principais linhas do BNDES é que, no caso de micro e pequenas (e médias) empresas, as operações poderão ser garantidas pelo Fundo de Garantia para Promoção da Competitividade (FGPC), que será apresentado mais adiante no tópico Sistemas de Garantias.

O que pode ser feito

Como o BNDES não possui rede própria de agências, as operações para as MPE dependem de instituições financeiras repassadoras credenciadas. Ocorre que ainda há no Brasil e em Minas muitas cidades que não contam com agências bancárias ou cooperativas de crédito, ou os funcionários não estão capacitados para repassar informações sobre os produtos do BNDES, principalmente o BNDES Automático. Por isso, é importante a realização de palestras e reuniões com os

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representantes das instituições financeiras que atuam na cidade (ou região) para discutir a disponibilidade, a viabilidade e a divulgação das linhas de crédito do banco de fomento.

No caso da linha Finame, é necessário cadastrar os produtos (máquinas e equipamentos) junto ao BNDES para que eles sejam passíveis de financiamento. Nesse sentido, poderá ser feito um mutirão de cadastramento para as empresas industriais da região, o que poderá contribuir para o aumento da produção.

Com relação ao Progeren, há uma atuação complexa, que precisa ser embasada por critérios técnicos e estatísticos: o pedido de inclusão na lista de cidades ou setores passíveis de obter financiamento nesta linha.

Por último, poderá também ser feito um mutirão para o cadastramento de estabelecimentos e produtos no âmbito do Cartão BNDES.

Site: www.bndes.gov.br

Banco do Brasil - BB

O Banco do Brasil (BB) oferece soluções para todas as necessidades de empréstimos ou financiamento de empresas de qualquer porte. Aplica recursos próprios e de captação, atuando também como agente repassador do BNDES.

O BB apresenta uma variedade de produtos na carteira comercial, tais como cheque especial, conta garantida, desconto de recebíveis, capital de giro etc. É um dos repassadores do Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger), instituído pelo Ministério do Trabalho e voltado para o financiamento de planos de negócios de micro e pequenas empresas, inclusive agroindústrias, cooperativas e associações de produção, visando à geração de emprego e renda, com o uso de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

As características do Proger, tais como taxa de juros, limites, carência, prazos e garantias podem ser consultadas na página do BB na internet (www.bb.com.br). As operações de Proger podem receber a fiança do Funproger, que será detalhado adiante no item sobre garantias.

O que pode ser feito

As entidades de classe e os empresários devem se articular com o Banco do Brasil para propiciar o disposto no artigo 58 da Lei Geral, no que se refere à oferta de linhas de crédito específicas para as MPE, que devem ser amplamente divulgadas. Além disso, devem cobrar do BB as estatísticas sobre sua atuação em favor das MPE, conforme estabelecido parágrafo único do artigo 58 da referida lei. Caso a cidade não disponha de uma agência do BB, as lideranças locais podem concentrar esforços no sentido de conseguir do banco o credenciamento de um ou vários estabelecimento como “correspondentes bancários”.

Site: www.bb.com.br

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Caixa Econômica Federal - CAIXA

“Criada em 1861, a CAIXA é o principal agente das políticas públicas do Governo Federal e, de uma forma ou de outra, está presente na vida de milhões de brasileiros. Isso porque a CAIXA – uma empresa 100% pública – atende não só os seus clientes bancários, mas todos os trabalhadores formais do Brasil, estes por meio do pagamento de FGTS, PIS e seguro-desemprego; beneficiários de programas sociais e apostadores das Loterias. Além disso, ao priorizar setores como habitação, saneamento básico, infra-estrutura e prestação de serviços, a CAIXA exerce um papel fundamental na promoção do desenvolvimento urbano e da justiça social no país, contribuindo para melhorar a qualidade de vida da população, especialmente a de baixa renda.”

A Caixa Econômica Federal (CAIXA) possui mais de 17 mil pontos de atendimento distribuídos entre agências, casas lotéricas e correspondentes denominados “Caixa Aqui”.

A CAIXA possui uma ampla gama de produtos na carteira comercial, como por exemplo, o Giro Caixa, e é uma das repassadoras do Proger. Ela também pode aceitar o Funproger como garantia para essa operação.

Na carteira de financiamento imobiliário, possui linhas para construção e reforma de imóveis residenciais e comerciais, com destaque para o Construcard. Trata-se de um cartão de compras aceito em estabelecimentos conveniados para aquisição de material de construção, acabamento e instalações em imóveis. Possui prazos e taxas especiais.

O que pode ser feito

Da mesma forma que o exposto no item do BB, as entidades de classe e os empresários devem articular com a da CAIXA disposto no artigo 58 da Lei Geral, no que se refere à oferta de linhas de crédito específicas para as MPE, que devem ser amplamente divulgadas.

Além disso, devem cobrar da CAIXA as estatísticas sobre sua atuação em favor das MPE, conforme estabelecido parágrafo único do artigo 58 da referida lei. Caso a cidade não disponha de uma agência da CAIXA, as lideranças locais podem concentrar esforços no sentido de conseguir do banco o credenciamento de um ou de vários estabelecimentos como “correspondentes bancários”.

Site: www.cef.gov.br

Banco do Nordeste - BNB

O Banco do Nordeste é um dos maiores bancos de desenvolvimento regional da América Latina e diferencia-se das demais instituições financeiras pela missão que tem a cumprir: promover o desenvolvimento sustentável do Nordeste do Brasil, Norte do Espírito Santo e do Norte de Minas, por meio da capacitação técnica e financeira dos agentes produtivos regionais.

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O mercado principal do banco são os agentes produtivos, aqueles que praticam ou possam vir a praticar atividades econômicas consideradas prioritárias para alavancar o desenvolvimento da região, impulsionando a geração de emprego, renda, impostos e infra-estrutura. Os programas de financiamento, produtos e serviços são voltados para a sustentabilidade dessas atividades.

O Banco do Nordeste dispõe, hoje, de uma variedade de linhas de crédito, distribuídas nos principais setores do mercado: agroindustrial, industrial, rural, comercial/prestação de serviços e turismo. Cada um conta com programas de financiamento específicos para sua atividade. Porém, o destaque é o Fundo Constitucional para o Nordeste (FNE), que possui condições, prazos e taxas excepcionais para o desenvolvimento da região.

O que pode ser feito

No caso do Banco do Nordeste, podem ser feitas as mesmas ações descritas para a Caixa e o BB.

Site: www.bnb.gov.br

Banco da Amazônia - BASA

O Banco da Amazônia é a principal instituição financeira federal de fomento com a missão de promover o desenvolvimento da região amazônica. Possui papel relevante tanto no apoio à pesquisa quanto no crédito de fomento, respondendo por mais de 60% do crédito de longo prazo da Região. Com sua atuação, o Banco se articula com diversos órgãos vinculados ao Governo Federal, Estadual e Municipal, através de parcerias com diversas entidades, universidades, Sebrae, organizações não-governamentais ligadas ao fomento sustentável e aquelas representativas dos diversos segmentos do empresariado e dos pequenos produtores rurais.

Para atingir sua meta, o Banco possui pontos de atendimento que cobrem toda a Amazônia Legal, cerca de 59% do território nacional, e os Estados de São Paulo, Brasília e Porto Alegre.

Além disso, opera com exclusividade o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e ainda atende com outras fontes como: Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), BNDES, Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Fundo da Marinha Mercante, Orçamento Geral da União e recursos próprios. O que pode ser feito

No caso do BASA, podem ser feitas as mesmas ações descritas para a Caixa e o BB.

Site: www.basa.com.br Fundos de Garantia de Financiamentos

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Um dos maiores desafios relativos ao acesso ao crédito é a questão das garantias. As instituições financeiras, por sua ótica e às vezes por exigências legais, devem minimizar seus riscos por meio de garantias (colaterais). As empresas, por sua vez, e em especial as MPE incipientes, perdem grandes oportunidades de investimentos em bons projetos por falta de apoio financeiro devido à falta de garantias.

A questão não é simples de se resolver. Mas, com criatividade, foram surgindo alternativas que, pouco a pouco, vêm impondo o seu papel na colaboração com o desenvolvimento econômico. A Lei Geral, em seu artigo 60, prevê a instituição de um Sistema Nacional de Garantias de Crédito, integrante do Sistema Financeiro Nacional e que depende, agora, de regulamentação do Poder Executivo.

Independentemente desse novo sistema nacional ser regulamentado, já existem mecanismos de garantias de crédito que, no entanto, não atendem à totalidade da demanda das MPE. A seguir são listados os principais instrumentos de alternativa às garantias normalmente exigidas das MPE.

Fundo de Aval às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - FAMPE

O Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), administrado pelo SEBRAE, disponibiliza recursos financeiros para lastrear a concessão de aval ou fiança pela entidade em operações de crédito contratadas pelas micro e pequenas empresas junto a instituições financeiras conveniadas. Podem ser avalizadas operações para:

• Investimento fixo; • Operação mista - investimento fixo com capital de giro associado; • Capital de giro puro, com prazo fixo de amortização; • Produção e comercialização de bens destinados ao mercado externo, na fase pré-embarque; • Investimentos em desenvolvimento tecnológico e inovação.

Enquadram-se no FAMPE as micro e pequenas empresas dos setores industrial (inclusive agroindustrial), comercial e de serviços. O prazo máximo de garantia não poderá ser superior ao do contrato garantido. Há a cobrança de Taxa de Concessão do Aval, calculada pelo agente financeiro. Atualmente, o único operador do FAMPE em Minas Gerais é o Banco do Brasil, ao qual cabe a decisão sobre a utilização ou não dos recursos do fundo para as operações de crédito.

Site: www.uasf.sebrae.com.br

Fundo de Aval para a Geração de Emprego e Renda - FUNPROGER

O FUNPROGER foi criado pela Lei 9.872/99. Trata-se de um fundo constituído com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador e gerido pelo Banco do Brasil. Tem por finalidade garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas

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instituições financeiras oficiais federais no âmbito do Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger).

O limite de garantia é de 80% do valor financiado, com no máximo R$ 160 mil. As taxas de concessão do aval são de 0,1% calculados sobre o valor garantido, multiplicado pelo prazo do financiamento em meses.

Site: www.bancodobrasil.com.br

Criação de Fundo de Aval Municipal

Uma opção alternativa é o município criar seus próprio fundo de aval. Permitido pela legislação, os interessados deverão buscar assessoria especializada em como fazê-lo.

Sociedades Garantidoras de Crédito

Outra opção é incentivar o surgimento local de uma sociedade garantidora de crédito. Este é um modelo de aval solidário, já com experiências significativas no Brasil. Também neste caso é necessária a contratação de consultoria especializada.

Poupança Local e Fixação do Dinheiro no Município

Estimular a poupança local é uma ação que pode trazer muitos benefícios. Mas deve ser acompanhada de uma política de monitoramento do fluxo de capitais. Isso porque é importante que o dinheiro poupado localmente sirva para financiar empresas e pessoas locais. Muitos municípios são exportadores de poupança, financiando o desenvolvimento de grandes centros.

Fundos públicos de apoio ao desenvolvimento local

É decisiva a criação de fundos públicos de promoção e apoio ao desenvolvimento local que possam facilitar o acesso dos agentes locais a recursos para a implementação de seus projetos. A realização regular e periódica de editais ou chamadas públicas de projetos pode ser a forma mais democrática de indução a iniciativas endógenas de desenvolvimento.

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1.6 Texto 4 - Acesso à Tecnologia e Inovação

Quando se fala em tecnologia, algumas pessoas tendem a pensar em robôs, espaçonaves, clones e computadores de última geração. Em muitos municípios, avanço tecnológico significa a compra de um trator por agricultores familiares organizados em cooperativas.

Em vários pontos do interior do País, pequenas empresas só passaram a utilizar a Internet, a rede mundial de computadores, por meio de telecentros instalados com o apoio de instituições parceiras da comunidade.

Outro problema associado à falta de tecnologia é o elevado número de pequenas empresas que atendem mal, fazem produtos com péssimo acabamento e vendem pouco por falta de preparo. Diante desse quadro, muitos municípios também vêm investindo em políticas que facilitam o acesso à tecnologia. Uma localidade especializada na produção de frutas precisa, por exemplo, do conhecimento científico da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para industrializar os alimentos.

Essas iniciativas apresentam uma significativa capacidade de gerar empregos diretos de alta qualificação e numerosos empregos indiretos em função do aumento da renda regional. Para cada caso existe uma solução mais apropriada, como:

Fazer parcerias com órgãos de pesquisa rural, como a Embrapa, e de assistência técnica aos produtores, atividade desenvolvida em vários estados pela Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e institutos criados com a mesma função;

Estabelecer parcerias com universidades, centros de pesquisa, incubadoras de empresas e institutos afins;

Criar projetos coletivos de investimento em pesquisa e aquisição de equipamentos modernos;

Desenvolver projetos regionais e municipais de investimento e educação tecnológica em parceria com o Governo do Estado.

Outras opções e formas de fazer são mostradas na proposta de Lei Geral Municipal, como:

Isenção do Imposto Sobre a Propriedade Territorial e Urbana – IPTU; Isenção temporária de todas as taxas municipais, atuais ou que venham a

ser criadas; Alíquota reduzida do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN; Criação e suporte de uma Comissão Permanente de Tecnologia e Inovação do

Município com a finalidade de promover a discussão de assuntos relativos à pesquisa e ao desenvolvimento científico-tecnológico de interesse do município, a criação e o acompanhamento dos programas de tecnologia do município e a proposição de ações na área de Ciência, Tecnologia e Inovação de interesse do município e vinculadas ao apoio às MPE.

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Apoiar e criar, de forma isolada ou em parceria com outras instituições públicas ou privadas, os seguintes instrumentos de apoio à inovação tecnológica:

o Fundo Municipal de Inovação Tecnológica da Micro e Pequena Empresa – FMIT/MPE - com o objetivo de fomentar a inovação tecnológica nas MPE locais;

o Incubadoras de empresas de base tecnológica com o objetivo de incentivar e apoiar a criação no município de empresas de base tecnológica;

o Parques Tecnológicos com o objetivo de incentivar e apoiar a criação e a instalação no município de empresas de base tecnológica;

Promover parcerias e firmar convênios com órgãos públicos com foco no agronegócio, entidades de pesquisa e assistência técnica rural e instituições afins com o objetivo de melhorar a produtividade e qualidade produtiva das MPE dedicadas ao agronegócio e dos pequenos e médios produtores rurais.

Implantar programa para fornecimento de sinal de Internet em banda larga via cabo, rádio ou qualquer outra tecnologia disponível para pessoas físicas, jurídicas e órgãos governamentais do município, podendo subsidiar o acesso das MPE.

Apoiar a criação de marcas próprias, melhorias de design, certificação de produtos, adequação de embalagens e o acesso a novos mercados.

Estimular a inovação e a diferenciação de produtos a partir da sua identidade territorial.

Cheque se existe e o que oferece a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. O Ministério da Ciência e Tecnologia dispõe de verbas para o desenvolvimento tecnológico de diversos setores. Eles firmam convênios com municípios. Sugerimos pesquisar o site da instituição: www.mct.gov.br.

Apoio às Entidades de Representação e ao Empreendedorismo

Se o prefeito quiser mobilizar os empresários de sua cidade, fica muito fácil se eles tiverem uma associação empresarial. O mesmo se aplica para artesãos, feirantes ou agricultores familiares que possuem uma entidade própria.

Então, é fundamental apoiar e valorizar as associações já existentes e ajudar a formar novas. Vale também fortalecer essas entidades para que sejam atuantes ao representar os principais setores da economia local. A mobilização das entidades do município é uma das bases para o surgimento de concentração de empresas do mesmo ramo que se articulam entre si e com instituições públicas e privadas para a melhoria da qualidade da produção e a abertura de mercados.

Com organizações fortes, sua cidade vai conseguir implantar mais e melhores projetos que a beneficiam. Mas ganhos com o associativismo, no entanto, transcendem a dimensão econômica. O associativismo também estimula as relações de solidariedade, reforçando os vínculos comunitários e fomentando um comportamento mais ativo às pessoas engajadas no processo produtivo.

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Outras opções e formas de fazer são mostradas na proposta de Lei Geral Municipal, como:

Incentivar e apoiar a criação de fóruns com participação dos órgãos públicos competentes e das entidades vinculadas ao setor, bem com a participação dos mesmos em fóruns regionais;

Promover parcerias com instituições públicas e privadas para o desenvolvimento de projetos que tenham por objetivo valorizar o papel do empreendedor, disseminar a cultura empreendedora e despertar vocações empresariais, como:

o Ações de caráter curricular ou extracurricular, situadas na esfera do sistema de educação formal e voltadas a alunos do ensino fundamental, médio ou superior, de escolas públicas e privadas;

o Ações educativas que se realizem fora do sistema de educação formal; o Premiações para melhores práticas.

A administração pública municipal fica autorizada a firmar convênios com as denominadas “Empresas Juniores” ou de natureza similar com o objetivo de implantar programas com foco nas MPE locais, desde que as mesmas reúnam individualmente as condições seguintes:

o Ser constituída e gerida por estudantes de cursos do ensino superior ou técnico;

o Ter como objetivo principal propiciar a seus partícipes condições de aplicar conhecimentos teóricos adquiridos durante seu curso;

o Ter entre seus objetivos estatutários o de oferecer serviços a microempresas e a empresas de pequeno porte;

o Ter em seu estatuto discriminação das atribuições, responsabilidades e obrigações dos partícipes;

o Operar sob supervisão de professores e profissionais especializados; o Ser sem fins lucrativos.

Capacitação Empresarial

Em todos os programas citados neste capítulo a capacitação empresarial pode e deve estar presente. Ou pode se constituir em um programa específico, independente.

Entende- se por capacitação empresarial todo e qualquer esforço de repassar aos empresários e seus funcionários novos conhecimentos e técnicas e aos empresários desenvolver novas habilidades em dirigir o seu negócio.

Os parceiros clássicos de projetos de capacitação estão no chamado Sistema S – SEBRAE/SESI/SENAI/SENAR. Todos oferecem programas de capacitação empresarial, que podem ser desenvolvidos em parceria com os municípios.

Infraestrutura do Setor Produtivo

Um grave problema enfrentado pelos municípios brasileiros, sobretudo por aqueles situados no interior do País, refere-se à inexistência de infra-estrutura e serviços públicos adequados para o desenvolvimento de atividades econômicas.

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Aí estão compreendidos os meios de escoamento da produção, estradas, pontes, rede de esgotos, rede de abastecimento de água, telefonia, comunicação, energia elétrica, coleta de águas pluviais, gás canalizado e os serviços de segurança, saúde e educação.

A vantagem das pequenas empresas é que elas se adaptam melhor para superar as dificuldades de infra-estrutura. Investir em projetos simples e baratos pode gerar grandes benefícios para o desenvolvimento das empresas.

Exemplos disso são a viabilização de Internet, a melhoria ou implantação de mercados municipais, a construção de espaços para feira, implantação de distritos industriais, transporte dos trabalhadores, transporte para o escoamento da produção etc.

Antes de fazer investimentos de infra-estrutura, é recomendável planejar a aplicação de recursos por meio de estudos profissionais.

Existem linhas de financiamento disponíveis para financiar obras de infra-estrutura nos municípios. Veja neste manual um capítulo específico.

Instrumentos de Gestão do Desenvolvimento

Neste item apresentamos os tipos de estruturas operacionais que um município ou prefeitura podem criar ou reestruturar para servir como instrumento de gestão dos programas de desenvolvimento econômico do município. É preciso avaliar quais deles se encaixam melhor no seu município. Lembrem-se ainda que é melhor um órgão ou agência bem estruturado do que 2 ou 3 enfraquecidos.

Secretarias Municipais de Desenvolvimento Econômico

O posicionamento competitivo de um município pode ser muito bom em um dado instante, mas pode estar se alterando em distintos períodos. Além do mais, outros municípios na mesma região, ou em outras, podem ter um posicionamento melhor ou estar melhorando sua posição competitiva: aumentando a qualidade de vida de seus habitantes, ampliando e modernizando seus recursos educacionais e de treinamento da mão-de-obra, modernizando a sua logística de transportes, criando redes de informação e de integração entre as empresas, introduzindo técnicas eficazes e economicamente viáveis de acompanhamento e controle de impactos ambientais negativos, entre outros. Enfim, a competitividade regional e as perspectivas de desenvolvimento de um município ou uma região ficam condicionados à capacidade da administração pública e privada, em conjunto, criarem um ambiente de coesão, motivação e equidade social.

Uma Secretaria de Indústria e Comércio ou Desenvolvimento Econômico é caracterizada pela condução das políticas de desenvolvimento econômico municipal e seu papel passa também por um grande intercâmbio com outras secretarias, pois suas ações repercutem diretamente na condução de outros programas (Secretaria de Ação Social, Secretaria de Planejamento, Obras, etc.).

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Dentro de suas atribuições, podemos destacar:

Divulgação das potencialidades do município, como forma de diversificação de sua base econômica, com vistas à atração de novos empreendimentos;

Apoio ao empresariado local, facilitando o acesso a programas de financiamento e outras informações vitais para a viabilidade de projetos;

Implantação de uma política de desenvolvimento participativa e que agregue as características sócio-econômicas do município, incentivando a geração de emprego e renda;

Coordenação de órgãos/setores ligados: Agência de Desenvolvimento, Distrito Industrial, Incubadora de Empresas, Conselhos de Desenvolvimento Econômico – CODECOM, dentre outros;

Estabelecimento de parcerias com o Sistema “S”, Fundações, suprindo o empresariado de informações, cursos, palestras, seminários, rodas de negócios, etc.

Agências de Desenvolvimento

A Agência de Desenvolvimento difere da Secretaria por ser uma instituição da Administração Indireta, com maior flexibilidade funcional. Ela pode atuar de mais formas e com maior agilidade, incluindo prestar serviços e ter receitas.

A criação de uma Agência de Desenvolvimento representa um grande avanço para o processo de desenvolvimento de um município. Entretanto, não basta criá-la. É necessária toda uma estruturação, buscando uma atuação bem direcionada, dentro de programas e metas de desenvolvimento condizentes com a estrutura local e um planejamento detalhado de curto, médio e longo prazo.

Em sua base de sustentação, devem-se definir itens de grande relevância:

Perfil econômico do município, definindo sua vocação e vantagens competitivas;

Conscientização da população sobre a necessidade de um programa de desenvolvimento e importância da Agência;

Definição dos incentivos a serem concedidos, como forma de atração de novos investimentos;

Interação com órgãos de fomento existentes (Institutos, SEBRAE, etc.); Elaboração de um convênio em que haja uma independência política (não

vinculado exclusivamente a órgãos públicos); e Criação de um banco de dados estruturado com as principais informações

sobre o município.

A implantação de uma Agência de Desenvolvimento criará:

Condições para a diversificação da base econômica do município, que passa a ter uma menor dependência de atividades que predominem em sua economia;

Um processo contínuo de diversificação e elevação do padrão de qualidade de vida da população local;

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Aproveitamento e divulgação do potencial do município, representado pela disponibilidade de matéria prima, distância dos grandes centros e toda a infra-estrutura existente;

Valorização da mão de obra, oferecendo oportunidades de emprego melhor remunerado e que contribuam para elevar o nível de vida dos trabalhadores locais; e

O efeito multiplicador que a implantação de novos projetos, em especial do segmento industrial, terão sobre a geração de renda e o emprego municipal.

A Agência deverá ter uma estrutura de trabalho bastante simples no município, bastando a contratação direta de um técnico (economista, administrador ou contador, preferencialmente) e uma assistente.

Usualmente, a Agência é procurada por empresários e potenciais empreendedores, com o objetivo de expor suas idéias ou mesmo pesquisar possíveis áreas de atuação.

Muitas vezes são necessárias visitas às empresas já implantadas, que podem ter uma estrutura de funcionamento não condizente com as informações prestadas nos encontros e nos relatórios apresentados.

Toda a programação é definida como forma de promoção das alternativas que melhor se apliquem ao programa de diversificação do município e o intercâmbio com órgãos de fomento é extremamente importante. A implantação de uma estrutura de fomento deste nível é de grande relevância para o município e região, pois é um agente propagador das potencialidades locais.

Balcões de Empregos

O Balcão de Empregos é um sistema informatizado que cadastra toda a mão de obra desempregada de uma cidade ou região. Este Banco de Dados é disponibilizado para empresas que precisam de novos profissionais.

O sistema deve permitir rapidamente a seleção de um profissional de acordo com o perfil solicitado pelas empresas, tais como escolaridade mínima, idade, sexo, experiência profissional, cursos técnicos, residência e outros dados exigidos para contratação.

Esta proposta traz para o empresariado uma grande facilidade. Obtêm-se o profissional desejado com economia de tempo e de recursos, evitando-se também a formação de filas e o dispêndio de tempo, normalmente envolvidos em um processo de seleção de candidatos. Paralelamente, o Balcão de Empregos poderá auxiliar as lideranças municipais, uma vez que terá em seu banco de dados um perfil da mão-de-obra local e suas principais carências.

As ações desenvolvidas no campo social terão a seu lado um importante mecanismo de apoio. A implantação de cursos profissionalizantes que atendam ao

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perfil dos trabalhadores cadastrados no Balcão de Empregos trará maiores resultados, suprindo o mercado local de pessoas mais capacitadas e aptas a atenderem às necessidades das empresas.

A estrutura de funcionamento de um Balcão de Empregos deve ser bastante simples. Compõe-se de uma sala, com aproximadamente 40 m2 e dotada de 2 micro computadores e seus acessórios. No que se refere à administração, esta poderá ser feita por 3 pessoas, com os seguintes cargos: Supervisor/atendente, Atendente e Digitador.

Semanalmente ou mensalmente, serão emitidos relatórios de controle contendo o número de pessoas encaminhadas, contratadas, o número de pessoas/empresas que utilizaram os serviços e outras informações que podem ser adicionadas em função das necessidades.

Conselhos de Desenvolvimento

Os Conselhos de Desenvolvimento são de fundamental importância para os programas de crescimento socioeconômico de um município. Tal fato encontra justificativa na sua ação abrangente e na grande capilaridade que detêm, pois congregam representantes dos mais variados segmentos da sociedade.

Dentre estes, podemos destacar:

Associação de bairro; Associações Comerciais; Conselhos vinculados a órgãos públicos (Prefeituras, Câmara...): Conselhos vinculados a assuntos (meio ambiente, fomento econômico...)

O Conselho busca, fundamentalmente, analisar linhas e diretrizes de desenvolvimento econômico que tragam benefícios para o município, enfocando principalmente a diversificação econômica, a geração de emprego e a visibilidade econômica de projetos.

Agente de Desenvolvimento

O mais novo instrumento a serviço do desenvolvimento, e foco deste curso, é tratado em um módulo específico. São vocês.