Curso - O uso dos diferentes

gêneros discursivos

na sala de aula

Aula 3 - 29/09 a 05/10

04 horas

Coordenação:

Prof.ª Esp. Andrea Rodrigues da

Silva Medeiros

Prof.ª Esp. Meire Cristina dos

Santos Dangió

Prof.ª Esp. Paula Fabiane Sartori

Gladenucci

1

O que são Gêneros Discursivos?

• O gênero é um instrumento para apropriação e desenvolvimento das capacidades individuais linguísticas.

• São tipos de textos que discursam na sociedade, considerados objetos socialmente elaborados.

Para se tornar mediador e transformador o gênero

precisa ser apropriado pelo sujeito, ele se torna

eficaz quando nós, enquanto sujeitos, construímos

esquemas para sua utilização, ou seja, para fazer

um pudim precisamos da receita, ao chegar em

uma lanchonete precisamos de uma lista de

produtos produzidos e seus preços, ao tomar um

remédio precisamos saber sua prescrição, enfim,

compreender sua necessidade para se tornar

transformador da atividade humana.

BAKHTIN REFERE-SE AO GÊNERO:

• É O DOMINIO DA RETÓRICA E DA LITERATURA;

• CADA ESFERA DE TROCA SOCIAL ELABORA TIPOS RELATIVAMENTE ESTÁVEIS DE GÊNERO;

• A ESCOLHA DO GÊNERO SE DETERMINA PELA ESFERA, AS NECESSIDADES, A VONTADE ANUNCIATIVA OU A INTENÇÃO DO INTERLOCUTOR.

Existem três elementos que caracterizam o gênero:

O GÊNERO COMO INSTRUMENTO DEVE SER

ADAPTADO AO SUJEITO, QUE AGE

DISCURSIVAMNETE (FALA/ESCREVE), SENDO

UMA FORMA PRESCRITA DE PRODUÇÃO E

COMPREENSÃO DOS TEXTOS.

CONTEÚDO ESTILO COMPOSIÇÃO

O professor precisa adaptar o gênero a uma situação

concreta de uso.

Vamos ler essa história?

TENHO OITO BONS MOTIVOS PARA VOCÊS OUVIREM MINHA HISTÓRIA!

GUILHERME PONTES PEREIRA

[...] ERA O PRIMEIRO DIA E ERA PARA SER A AULA DE

PORTUGUÊS MAS NÃO ERA PORQUE TODO MUNDO

ESTAVA CONTANDO DAS FÉRIAS. E COMO TODO

MUNDO QUERIA CONTAR MAS DO QUE OUVIR, O

BARULHO NA CLASSE ESTAVA ENSURDECEDOR.

E A PROFESSORA...

[...] GRITANDO PARA GENTE PARAR DE

GRITAR

DE REPENTE O SILÊNCIO......

[...] QUANDO UM PROFESSOR ESTÁ EM SILÊNCIO COM UMA CARA DE

BRAVA OLHANDO PARA VOCÊ, É MELHOR TAMBÉM FICAR EM SILÊNCIO

COM UMA CARA DE SEM GRAÇA OLHANDO PARA UM PONTO QUALQUER

QUE NÃO SEJA A CARA DO PROFESSOR.

A PROFESSORA PUXOU A CADEIRA E SE

SENTOU...

ATRÁS DELA, NO QUADRO-NEGRO, EU VI DECRETADO O FIM DAS NOSSAS FÉRIAS E O FIM DO NOSSO PRIMEIRO DIA DE

AULA SEM AULA. ESTAVA ESCRITO:

REDAÇÃO : ESCREVER 30 LINHAS SOBRE AS FÉRIAS.

DE REPENTE NOSSAS FÉRIAS FICARAM SILENCIOSAS. ONDE JÁ SE VIU FÉRIAS SEM BARULHO?

E ALÉM DO MAIS, EU TENHO CERTEZA QUE A PROFESSORA NEM QUER

SABER DE VERDADE COMO FORAM AS NOSSAS FÉRIAS. ELA QUER SÓ

SABER COMO É A NOSSA LETRA E SE A GENTE TEM JEITO PARA ESCREVER

REDAÇÃO. AQUELES DOIS MESES INTEIRINHOS DE DESPREOCUPAÇÕES

ESTAVAM PRESTES A VIRAR 30 LINHAS DE PREOCUPAÇÕES COM

ACENTOS, VÍRGULAS, PARÁGRAFOS E AINDA POR CIMA COM A LETRA

LEGÍVEL DEPOIS DE TANTO TEMPO SEM TREINO.

A PROFESSORA NÃO FEZ NENHUM OUTRO COMENTÁRIO SOBRE O QUE TINHA ESCRITO. PARA ELA TANTO FAZIA SE MEU GOL TINHA SIDO UM GOLAÇO OU UM FRANGO DO GOLEIRO.

E TEM MAIS UMA COISA: EU ESTAVA DE FÉRIAS. ERA MUITO MAIS IMPORTANTE MARCAR O GOL DO QUE AS VÍRGULAS,

CONCORDA?

E AS MINHAS FÉRIAS FICARAM ASSIM:

EU FIQUEI BEM CHATEADO. ELA TINHA ACABADO COM AS MINHAS FÉRIAS.

ISSO SIGNIFICAVA QUE ERA A TERCEIRA VEZ QUE AS MINHAS FÉRIAS

ACABAVAM NUMA SEMANA SÓ. NÃO PODIA EXISTIR NADA PIOR DO QUE

ISSO NA VIDA DE UM GAROTO DE 11 ANOS.

MAS EXISTIA...

NO FINAL DA AULA A PROFESSORA ME CHAMOU NA MESA DELA. EU TINHA QUE FAZER DE LIÇÃO PARA SEGUNDA-FEIRA A ANÁLISE SINTÁTICA DA FRASE: “EU FIZ UM GOLAÇO TÃO GRANDE QUE

ATÉ FUROU A REDE E ESTILHAÇOU, EM MIL PEDAÇOS, A JANELA DO VIZINHO.”

ERA O FIM.

AS MINHAS FÉRIAS JÁ TINHAM VIRADO REDAÇÃO E AGORA ACABAVAM DE VIRAR LIÇÃO DE CASA. E UMA LIÇÃO DIFICÍLIMA.

FAZER ANÁLISE SINTÁTICA! EU NEM ME LEMBRAVA MAIS O QUE ERA ISSO.

DO JEITO QUE AS COISAS VÃO, QUANDO CHEGAREM AS MINHAS PRÓXIMAS FÉRIAS EU NÃO

VOU SABER SE É PARA FICAR FELIZ OU TRISTE. EU VOU FALAR “AH, NÃO, FÉRIAS ME LEMBRAM REDAÇÃO E LIÇÃO DE CASA” E NINGUÉM VAI ENTENDER NADA.

PARÁGRAFO, PONTO A MINHA HISTÓRIA AINDA NÃO ACABOU...

NA MINHA AULA DUPLA DE PORTUGUÊS DA SEXTA-FEIRA, A PROFESSORA ME ENTREGOU A ANÁLISE SINTÁTICA. EU TIREI ZERO E TIVE QUE ESCREVER TODA ESSA HISTÓRIA CONTANDO TUDO ISSO QUE ACONTECEU PARA VOCÊ. ELA ME DISSE QUE VOCÊ É QUE IA DECIDIR O QUE FAZER COMIGO, PORQUE VOCÊ É O DIRETOR DESSA ESCOLA E ELA NÃO SABIA QUE ATITUDE TOMAR. FOI ISSO. ASSINADO:

GUILHERME PONTES PEREIRA 6ª SÉRIE B - MANHÃ

NO DIA SEGUINTE O DIRETOR ME CHAMOU NA SALA

DELE. ELE JÁ TINHA LIDO TODA HISTÓRIA QUE EU

ESCREVI E EU JÁ ESTAVA PENSANDO NO QUE EU IA

DIZER PARA OS MEUS PAIS QUANDO ELE ME

EXPULSASSE DA ESCOLA. EU IA DIZER:

- MÃE, PAI, FUI EXPULSO DA ESCOLA.

EU ENTREI NA SALA DO DIRETOR E ME SENTEI NA

CADEIRA NA FRENTE DELE. [...]. E ELE DISSE:

- GUILHERME, EU FIQUEI MUITO IMPRESSIONADO

COM A HISTÓRIA QUE VOCÊ ESCREVEU. VOCÊ PRECISA

FAZER MAIS REDAÇÕES.

ENTÃO ELE ME MANDOU DE VOLTA PARA A SALA DE

AULA.

EU ENTREI NA SALA DO DIRETOR E ME SENTEI NA

CADEIRA NA FRENTE DELE. [...]. E ELE DISSE:

- GUILHERME, EU FIQUEI MUITO IMPRESSIONADO

COM A HISTÓRIA QUE VOCÊ ESCREVEU. VOCÊ PRECISA

FAZER MAIS REDAÇÕES.

ENTÃO ELE ME MANDOU DE VOLTA PARA A SALA DE

AULA.

EU FIQUEI PENSANDO MUITO NISSO TUDO PORQUE NO COMEÇO EU NÃO ESTAVA ENTENDENDO NADA. MAS DEPOIS EU DESCOBRI POR QUE ESCOLHERAM

AQUELE CARA PARA SER O DIRETOR. ELE É BEM INTELIGENTE. FAZER MAIS REDAÇÕES ERA MESMO UM

CASTIGO MUITO PIOR DO QUE SER EXPULSO DA ESCOLA.

REFLETIR...

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

AGORA VOU APRESENTAR OITO BONS MOTIVOS PARA VOCÊS LEMBRAREM DE MIM EM 2015. PORQUE EM 2014 ALGUMAS AVALIAÇÕES DIAGNÓSTICAS TINHAM O TÍTULO DA MINHA HISTÓRIA...

Com certeza a redação se difere da

proposta de Gênero Discursivo

REDAÇÃO

1. ARTIFICIALIDADE : NÃO EXISTE NA NOSSA VIDA SOCIAL;

2. DESCARACTERIZAÇÃO DO ALUNO: PRIVILEGIA O QUE O PROFESSOR GOSTA QUE O ALUNO ESCREVA;

3. POUCO INTERESSE DOS ALUNOS PELO TEMA;

4. FALTA DE OBJETIVOS DE ESCRITA: TIRAR NOTA OU AVALIAR O SABER DO ALUNO;

5. FALTA DE UM REAL LEITOR (SOMENTE O PROFESSOR);

6.FALTA DE ACOMPANHAMENTO DO PROFESSOR NAS VÁRIAS ETAPAS DE PRODUÇÃO;

7. PROFESSOR CORRETOR DO TEXTO DO ALUNO E NÃO LEITOR PARTICIPATIVO NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO;

8. FALTA DE ÂNIMO DO PRÓPRIO PROFESSOR EM RELAÇÃO A CORREÇÃO DE UM EXERCÍCIO CUJA EFICÁCIA ELE PRÓPRIO TALVEZ QUESTIONE.

VOCÊ SABIA QUE OS GÊNEROS PODEM SER CONSIDERADOS ...

PRIMÁRIOS

• São construídos em

circunstâncias de

comunicação verbal

espontânea.

• Exploram o nível real

com qual a criança é

confrontada na prática

social de linguagem.

SECUNDÁRIOS

• São construídos nas

circunstâncias de

comunicação cultural,

mais complexa e

evoluída, principalmente

na comunicação escrita:

artística, científica e sociopolítica.

O papel do professor é possibilitar o acesso ao gênero secundário:

• Os gêneros secundários não são espontâneos, fazem parte de situações de comunicação complexa numa situação de interação e apropriação do contexto de linguagem oral/escrita para reorganizar a linguagem espontânea.

• Estas características de gênero possuem contexto linguístico criado pelo texto, possuem coesão e são especializados por DOMINIOS DE LINGUAGEM.

Compreenda a diferença entre: TIPOS DE TEXTO

• Existem vários tipos de texto no mundo, precisamos conhecê-los;

• são constructos teóricos definidos por propriedades linguísticas intrínsecas;

• constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciados no interior dos gêneros e não são textos empíricos;

• sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticas, relações lógicas, tempo verbal;

• designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição.

GÊNEROS DISCURSIVOS

• São instrumentos de apropriação das capacidades individuais de linguagem;

• são objetos socialmente elaborados através das experiências de diferentes gerações;

• possuem discursos próprios na sociedade e estabelecem relação enunciativa ao mundo linguisticamente criado;

• são realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas;

• sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função;

• exemplos de gêneros: telefonema, sermão,carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, horóscopo, receita culinária, conversação espontânea, cardápio, etc.

Agora que você já estudou sobre estes conceitos, vamos refletir sobre o processo de

ensino com nossos alunos?

Para tanto, assista ao vídeo “A menina que odiava livros”, leia o texto proposto e siga para

o FÓRUM 3 – Uma questão de gêneros.

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Bons trabalhos!