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CURSO ECONOMIA EVOLUCIONÁRIA E DAS INSTITUIÇÕES Maria da Graça Fonseca e Renata Lèbre La Rovere

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CURSO ECONOMIA EVOLUCIONÁRIA E DAS

INSTITUIÇÕES

Maria da Graça Fonseca e Renata Lèbre La

Rovere

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Objetivo do Curso

O principal objetivo do curso “economia evolucionária e

institucional” é o de estudar novos enfoques microeconômicos,

em particular, os que destacam o papel da mudança estrutural

e tecnológica.

Ao mesmo tempo, pretende-se discutir como as instituições

permitem compor um quadro de estabilidade sócio-econômica

em ambientes que estão passando por um processo de

mudança ajudando os agentes econômicos no seu processo de

tomada de decisão.

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Problemas do Curso

•Caracterização de condutas econômicas a partir do conceito de

racionalidade limitada ou situacional;

•Estudo da interação dos agentes econômicos em seu ambiente

competitivo como um processo de seleção natural

•Incorporação de parâmetros e variáveis institucionais capazes

de gerar padrões de regularidade em situações de mudança

•Incorporação à Economia das noções de complexidade e

emergência com respectivas aplicações

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Programa do Curso

1. Introdução: instituições e mudança estrutural como um

novo programa evolucionista - institucionalista

2. Racionalidade como “hard-core” do novo programa

3. Como as idéias evolucionistas influenciam a economia

4. Por que a teoria evolucionista precisa da teoria

institucionalista? O novo institucionalismo

5. Modelizando a mudança através de sistemas

complexos adaptativos

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Bibliografia da Aula 1

LAKATOS, I. (1979) O Falseamento e a Metodologia dos

Programas de Pesquisa Científica. In: Lakatos, I.; Musgrave, A.

(Eds). A Crítica e o Desenvolvimento do Conhecimento. São

Paulo:Cultrix, 1979

POPPER, K. (1978) A Lógica das Ciências Sociais.

Brasilia:Editora Universidade de Brasília

Bibliografia Complementar:

ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. (1999) O

método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e

qualitativa. São Paulo: Pioneira.

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Instituições e Mudança Estrutural

Contextualização das idéias de Popper

Anos 20 – positivismo lógico surge na Áustria – combina idéias

empiristas (Mill, Hume...) com uso da lógica moderna

Pressupostos do positivismo lógico:

•Lógica e matemática constituem um conhecimento a priori, ou

independente da experiência;

•Conhecimento factual ou empírico deve ser obtido através da

observação, via indução

•Leis científicas são enunciados gerais que explicam

relacionamento entre dois ou mais fatores

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Instituições e Mudança Estrutural

Contextualização das idéias de Popper

• Modelo hipotético-dedutivo: todas as explicações envolvem

uma lei universal, mais uma declaração de condições

relevantes iniciais ou de limites que juntas, constituem as

premissas (explanans) a partir das quais uma explanandum

(enunciado sobre algum evento) é deduzida.

• Existe simetria lógica entre explicação e previsão

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Instituições e Mudança Estrutural

•Popper critica o positivismo ao longo da sua obra, e suas

posições a respeito são consolidadas na palestra “A Lógica das

Ciências Sociais”, proferida em Tubingen, Alemanha, em 1961

•Para Popper, como observações partem de teorias que são

falíveis, elas não podem ser uma base sólida para o

conhecimento científico

•A indução, segundo Popper, não é suficiente por si só para

descobrir qual generalização explica melhor os dados

•Para que o conhecimento progrida, as teorias devem estar

abertas à refutação e à corroboração

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Instituições e Mudança Estrutural

•Exemplo dos limites da indução citado por Popper: Se

observarmos uma sequência de cisnes brancos, por indução

chegamos à lei (universal) de que todos os cisnes são brancos.

A observação de um único cisne negro é suficiente para refutar

esta conclusão

“A partir de uma teoria falsa podemos deduzir tanto enunciados

falsos quanto verdadeiros: “todos os cisnes são brancos” p.ex.,

é falso, mas sua consequência lógica “todos os cisnes do

zoológico do Rio de Janeiro são brancos” pode ser verdadeira”

(Alves-Mazzotti e Gewandsznajer, 1998)

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 1: conhecemos muito

•Tese 2: nossa ignorância é ilimitada, pois a cada problema

resolvido surgem problemas novos e não solucionados, e todas

as coisas estão em estado de alteração contínua

•Tese 3: a lógica do conhecimento discute tensão entre

conhecimento e ignorância

•Tese 4: O conhecimento não começa de percepções ou

observações de fatos e números, e sim de problemas

decorrentes da contradição entre suposto conhecimento e

supostos fatos

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 5: Em ciências sociais, os problemas práticos conduzem à

especulação, à teorização e portanto a problemas teóricos. O

ponto de partida é sempre um problema e a observação torna-

se um ponto de partida somente se revelar um problema

•Tese 6: O método cientifico consiste em experimentar

possíveis soluções para certos problemas. Toda solução está

aberta a críticas; toda crítica consiste em tentativas de

refutação. Se solução é refutada, deve ser feita outra tentativa.

Se solução resiste à crítica, é aceita para ser discutida e

criticada posteriormente. Método é desenvolvimento critico

de ensaio e erro

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 7: Tensão entre conhecimento e ignorância conduz a

problemas e soluções experimentais. Cientificismo (ou

cientismo ou naturalismo) está errado pois prega que ciências

sociais devem ter início com coleta de dados, seguida de

indução e de generalizações – não é possível alcançar

objetividade isenta de valores nas ciências sociais

•Tese 8: Naturalismo vence em algumas áreas das ciências

sociais, tais como a sociologia, que “troca de papel” com a

antropologia

•Tese 9: Assunto científico é conglomerado de problemas e

soluções tentadas, demarcado artificialmente

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 10: “Vitória” da antropologia mostra força do método de

observação e do relativismo filosófico e histórico, que ingênua e

equivocadamente postulam idéia de objetividade científica

•Tese 11: Cientista natural é tão partidário quanto cientista

social (favorecem suas ideias preferidas de modo unilateral)

•Tese 12: Objetividade científica não é atributo do cientista e

sim resulta do método

•Tese 13: Objetividade repousa sobre uma crítica específica

•Tese 14: Crítica deve distinguir verdade de relevância e de

interesse; é impossível eliminar interesses extra-científicos;

papel da crítica é separar ciência destes interesses

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 15: A função mais importante da lógica dedutiva é um

sistema de crítica

•Tese 16: A lógica dedutiva é a teoria da validade das deduções

lógicas ou da relação de consequência lógica; se as premissas

de uma dedução válida são verdadeiras, então a conclusão

também deve ser verdadeira

•Tese 17: A lógica dedutiva transmite a verdade das premissas

à conclusão ou retransmite a falsidade da conclusão às

premissas

•Tese 18: A lógica dedutiva é a teoria da crítica racional

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 19: A teoria é um sistema dedutivo, ou seja, uma

tentativa de explicação e de solução de um problema científico

•Tese 20: A crítica é feita à pretensão da verdade. Uma

proposição é verdadeira se corresponde aos fatos; o problema

teórico consiste em achar uma explicação de um fato, de um

fenômeno ou de uma regularidade destacada

•Tese 21: Não existe nenhuma ciência puramente

observacional; existem somente ciências nas quais teorizamos

•Tese 22: Ciência social descreve ambiente social na qual o

homem está inserido

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 23: A sociologia é independente de psicologia

•Tese 24: A sociologia inclui o estudo da compreensão objetiva

•Tese 25: Em Economia e nas ciências sociais existe um

método de compreensão objetiva ou de lógica situacional; este

método consiste em analisar suficientemente a situação social

dos homens ativos para explicar a ação com a ajuda da

situação

•Tese 26: A lógica situacional é racional e empiricamente

criticável, permitindo portanto uma boa aproximação da

verdade

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A Lógica das Ciências Sociais

•Tese 27: A lógica institucional admite um mundo físico,

composto de recursos, e um mundo social, composto de

pessoas e instituições

Sugestões:

Instituições não agem, e sim indivíduos dentro delas; a lógica

situacional geral será a teoria das quase-ações das instituições

Pode ser construída uma teoria das consequências

institucionais e da criação e desenvolvimento das instituições

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A Lógica das Ciências Sociais - Sumário

•A busca de conhecimento se inicia com a formulação de

hipóteses que procuram resolver problemas e continua com

tentativas de refutação destas hipóteses, através de testes que

envolvem observações ou experimentos

•As hipóteses e leis que resistem aos testes são verdades

provisórias

•A refutação é em nível experimental, e não em nível lógico

•O princípio da refutabilidade leva à formulação de leis gerais,

precisas e simples; quanto maior a refutabilidade, maior o grau

de corroboração

•Hipótese é científica quando puder ser refutada

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A Racionalidade das Revoluções Científicas

•Níveis genético, comportamental e científico lidam com

estruturas herdadas que são passadas adiante pela instrução

(código genético ou tradição)

•Em todos os três níveis, surgem mudanças dentro das

estruturas por processos de seleção natural ou tentativa e erro

•Porém há casos de adaptação à la Lamarck, portanto não se

deve aderir a Darwin dogmaticamente

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A Racionalidade das Revoluções Científicas

•Para que nova teoria constitua uma descoberta, ela deve

conflitar com ideias precedentes

•Há um contraste entre instrução de dentro da estrutura e

seleção de fora

•Dualidade entre movimentos caóticos e estruturas

estabelecidas

•Uma nova teoria, embora revolucionária, deve ser capaz de

explicar o sucesso da sua predecessora

•Teoria pode ser tornar “moda” , uma ideologia

entrincheirada

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A Racionalidade das Revoluções Científicas

“um montante limitado de dogmatismo é necessário ao

progresso; sem um esforço sério pela sobrevivência no qual as

velhas teorias são defendidas tenazmente, nenhuma das

teorias concorrentes podem mostrar o seu vigor”

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Implicações para a teoria da firma

•Conceito de firma neoclássico relacionado aos pressupostos da

teoria, a saber:

Busca de condições de equilíbrio em situação de concorrência

e de informação perfeita num estado dado de técnica;

Racionalidade perfeita dos agentes, guiados pelo objetivo de

maximização dos lucros ou dos objetivos da empresa;

Predomínio à análise das trocas em detrimento da análise da

produção

Função da firma é transformar insumos em produtos

Firma é um agente individual

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Implicações para a teoria da firma

•Firma neoclássica pode ser caracterizada por duas

características complementares: ela se apresenta como um

agente sem densidade ou dimensão e como agente passivo

•Parâmetros de decisão para a firma neoclássica estão dados

•Ensaio sobre Metodologia da Economia Positiva de Friedman

reflete a visão de Popper: conceito de ciência econômica

enquanto ciência positiva

•Economia Positiva: conjunto de conhecimentos sobre fatos

econômicos

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Implicações para a teoria da firma

•Economia normativa: conjunto de conhecimentos e critérios

sobre como economia deveria ser

•Como dados reais são plenos de “ruídos” e influências

múltiplas, economia tende a recorrer a modelos matemáticos

•Como política econômica depende de percepção dos fatos,

Economia normativa depende de economia positiva

•Friedman: O que confere à ciência econômica seu caráter de

objetividade é a capacidade de previsão do modelo; ou seja, o

único teste relevante para verificar uma hipótese é comparar a

previsão ligada a ela com a realidade

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Implicações para a teoria da firma

•“Unfortunately, we can seldom test particular predictions in

the social sciences by experiments explicitly designed to

eliminate what are judged to be the most important disturbing

influences” (Milton Friedman, The Methodology of Positive

Economics, pg. 10)

•“Evidence cast up by experience is abundant and frequently as

conclusive as that from contrived experiments; thus the

inability to conduct experiments is not a fundamental obstacle

to testing hypotheses by the success of their predictions”. (ibid)

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A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

•O fato de que teorias bem confirmadas são periodicamente

substituídas por outras refuta a tese positivista de um

desenvolvimento indutivo e cumulativo da ciência

(geocentrismo substituído por heliocentrismo foi discutido no

seu primeiro livro)

•Kuhn é contra o princípio da falseabilidade; para ele, uma

simples observação incompatível com a teoria pode levar a dois

caminhos totalmente distintos: a manutenção das teorias

apesar das discrepâncias (ou anomalias) e a proposição de

novas teorias

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A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

•Principal objetivo de Kuhn é explicar “por que os cientistas

mantêm teorias apesar das discrepâncias, e tendo aderido a

elas, por que eles as abandonam”

•Ciência na visão de Kuhn é uma série de interlúdios pacíficos

sacudidos por violentas revoluções; após revoluções, um

conjunto de conceitos é substituído por outros

•Paradigma: conjunto de leis, conceitos, modelos, analogias,

valores, regras para a avaliação de teorias e formulação de

problemas, princípios metafísicos e exemplares

•Exemplares: soluções para problemas concretos ligados a

teorias (ex. leis de Newton)

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A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

•Ciência Normal: pesquisa científica orientada por um

paradigma e baseada em um consenso entre especialistas

•Cientistas são pessoas conservadoras, que se limitam a

resolver enigmas que surgem de anomalias ou discrepâncias

•Da mesma forma que a montagem de um quebra-cabeças

depende de habilidade individual, a dificuldade de explicar

anomalia não vem da teoria em si, e sim das hipóteses que

foram formuladas

•Na ciência normal não há experiências refutadoras de teorias,

como sugere Popper

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A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

•Uma forte adesão ao paradigma permite uma pesquisa

detalhada, eficiente e cooperativa

•Mudança de paradigma científico implica em mudança de visão

de mundo “embora o mundo não mude com a mudança de

paradigma, depois dela o cientista passa a trabalhar em um

mundo diferente” (Estrutura das Revoluções Científicas, p.121)

•Algumas anomalias são significativas e essenciais, lançando

dúvidas sobre a capacidade do paradigma de resolver seus

problemas

•Três situações: resolução anomalias ; abandono anomalias;

substituição do paradigma

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Pato ou Coelho? (Mazzoti e Gewandsznadjer, 1998)

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A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

•Tese da incomensurabilidade: é impossível justificar

racionalmente opção por uma ou outra teoria; na medida em

que conceitos mudam com paradigmas, não se pode compará-

los

•Teoria nova pode não explicar fatos bem explicados por teoria

antiga (perda de Kuhn)

•Por outro lado, há fatos que podem ser explicados por teorias

antigas e novas (p.ex. posição dos planetas em Ptolomeu e em

Copérnico)

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A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

Características de uma boa teoria científica: exatidão,

consistência, alcance, simplicidade, fecundidade, poder

explanatório, plausibilidade, poder de previsão

•Exatidão: consequências da teoria devem estar de acordo com

resultados das observações

•Consistência: teoria deve estar livre de contradições internas

•Alcance: capacidade de generalização

•Simplicidade: capacidade de ligar fenômenos que

aparentemente não têm relação entre si

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A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

•Fecundidade: capacidade de desvendar novos fenômenos ou

relações anteriormente não verificadas entre fenômenos já

conhecidos

•Poder explanatório: capacidade de resolver os problemas que

provocaram crises anteriores

•Plausibilidade: compatibilidade com outras teorias

disseminadas no momento

•Poder de previsão: capacidade de resolver problemas que não

são esperados na teoria antiga

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Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 34

A crítica de Thomas Kuhn aos positivistas e a Popper

•Escolha de teorias é determinada por valores compartilhados

da comunidade científica (consenso sobre características), e

também por atributos individuais dos cientistas

•Nova teoria vai ganhando progressivamente espaço entre

cientistas à medida que consegue resolver anomalias da teoria

anterior

•Questão: como aferir o progresso se há perdas e ganhos

envolvidos na transição de uma teoria para outra?

•Ao admitir que escolhas não são condicionadas apenas por

elementos do paradigma Kuhn dá margem à crítica de sua

posição como relativista

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As idéias de Lakatos

•Todas as afirmações científicas são teorias falíveis

•Entretanto, deve-se distinguir rejeição de refutação (p.121)

•Falseacionismo dogmático versus falseacionismo metodológico

Suposições (falsas) do f. dogmático: fronteira entre teoria e e

observação e verificação corresponde à verdade

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Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 36

As idéias de Lakatos

•O programa de pesquisa, para Lakatos, é constituído de um

núcleo rígido, que é um conjunto de leis consideradas

irrefutáveis por uma decisão metodológica, uma convenção

compartilhada por todos os cientistas que trabalham no

programa

•As hipóteses auxiliares, formuladas para resolver as

anomalias, e as condições iniciais formam o cinto de proteção

do programa

•Lakatos, como Popper, defende que ciência busca aumentar

conteúdo empírico e preditivo de suas teorias, e que

modificações nas hipóteses auxiliares não podem ser ad hoc

(pois diminuem o grau de falseabilidade do sistema de teorias)

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Contatos

Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Grupo de Economia da Inovação

Av. Pasteur, 250 22290-240 Rio de Janeiro – RJ

Tels.: (21) 3873-5275/3873-5271/3873-5262

[email protected]