curso direito penal militar - introdução - parte geral

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DIREITO PENAL DIREITO PENAL MILITAR MILITAR Aula 1 Aula 1 Parte Geral Parte Geral Rogerio de Vidal Cunha Rogerio de Vidal Cunha Oficial de Justi Oficial de Justi ç ç a Federal a Federal Justi Justi ç ç a Militar da União a Militar da União 2a Auditoria da 3a CJM 2a Auditoria da 3a CJM

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Page 1: curso direito penal militar - introdução - parte geral

DIREITO PENAL DIREITO PENAL MILITARMILITARAula 1 Aula 1 –– Parte GeralParte Geral

Rogerio de Vidal CunhaRogerio de Vidal CunhaOficial de JustiOficial de Justiçça Federala FederalJustiJustiçça Militar da Uniãoa Militar da União

2a Auditoria da 3a CJM2a Auditoria da 3a CJM

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Carta a El - Rei de Portugal - O Militar

Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta se deitam, obedecendo. Da vontade fizeram renuncia como da vida. Seu nome éSacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de celebrar.Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro desi. A gente conhece-os por militares... Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a Liberdade e a Vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros de mais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição eles compram a liberdade para todos e defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram,algum dia o farão. E, desde hoje, é como se fizessem. Porque por definição o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai a coragem, e à sua direita a disciplina." (Trecho da carta escrita por Moniz Barreto, em 1893, publicada no jornal do Exército de Portugal, nº 306)

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POR QUE UM DIREITO PENAL POR QUE UM DIREITO PENAL PARA OS MILITARES ?PARA OS MILITARES ?

"Assim como há uma sociedade civil fundada sobre a liberdade, há

uma sociedade militar fundada sobre a obediência, e o juiz da liberdade não pode ser o da obediência. "

"George Clemenceau"

Pode-se usar para explicar a necessidade de normas penais especiais para os militares a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale:

O Direito é:

FATO + VALOR + NORMA

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FATOFATO� O fato é que os integrantes das instituições militares são os únicos seres

humanos de quem a lei exige o sacrifício da própria vida A nenhum funcionário público, na verdade a nenhum cidadão, exceto aos militares, lei alguma impõe deveres tão especiais, deveres que podem implicar a obrigação de morrer e até de matar..

VALORVALOR� A vida, portanto, é o bem supremo do indivíduo, o maior valor tutelado pelo direito e,

por isso, os crimes contra a vida são os mais graves na legislação de todos os países civilizados.

� Entretanto, para os integrantes das Forças Armadas, que são obrigados, em determinados momentos, a morrer e a matar, há um outro valor que se sobrepõe àprópria vida. Este valor é a Pátria. Essa é uma circunstância absolutamente única, especial, singular, incontornável.

� E existência desse valor, não poder dar-se sem a que as Forças Armadas(FFAA) e Auxiliares(PM BM) organizem-se com base na HIERARQUIA E DISCIPLINA, que são os valores fundamentais de tais instituições constitucionalmente assegurados(CF art. 142)

NORMANORMADa conjugação desses fatos e valores surge a necessidade de normas específicas para a tutela da Hierarquia e Disciplina pilares das FFAA, seja no campo Penal como Processual e mesmo Administrativo( Regulamentos Disciplinares)

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DO CRIME SEGUNDO AS CONCEPDO CRIME SEGUNDO AS CONCEPÇÇÕES FINALISTAS E PÕES FINALISTAS E PÓÓS FINALISTAS ( S FINALISTAS ( FUNCIONALISTA)FUNCIONALISTA)

CRIME

TIPICIDADE

Conduta

Resultado

Nexo de Causalidade

Tipicidade: a) Formal: Adequação Típica

b) Material: Criação de Riscos não permitidos( Imputação Objetiva), Ofensa relevante ao bem jurídico( Princípio da Insignificância), Conduta Socialmente reprovada(Adequação Social)

Ilicitude(Antijuricidade)

Estado de Necessidade

Legitima Defesa

Estrito Cumprimento de dever legal

Excludente do Comandante

CULPABILIDADE

Imputabilidade

Potencial Consciência da IlicitudeExclusão : Obediência Hierárquica

Exigibilidade de Conduta Diversa

Coação Moral Irresistível

Estado de Necessidade

Dolosa

Culposa

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CRIME MILITARCRIME MILITARVISÃO GERALVISÃO GERAL

�� VVáários são os critrios são os critéérios para a definirios para a definiçção de crime militar:ão de crime militar:�� A) RATIONE PERSONAE: leva em conta a condiA) RATIONE PERSONAE: leva em conta a condiçção de militares dos envolvidos ão de militares dos envolvidos

e dos deveres que lhe são inerentese dos deveres que lhe são inerentes

�� B) RATIONE LOCI: Leva em consideraB) RATIONE LOCI: Leva em consideraçção o local da ocorrência do delito( ex. ão o local da ocorrência do delito( ex. áárea sob administrarea sob administraçção militar)ão militar)

�� C) RATIONE LEGIS: São crimes militares aqueles que a lei define C) RATIONE LEGIS: São crimes militares aqueles que a lei define assim.assim.

�� D) RATIONE MATERIAE: exige que se verifique a dupla qualidade, nD) RATIONE MATERIAE: exige que se verifique a dupla qualidade, no ato e no o ato e no agente.agente.

�� E) RATIONE TEMPORIS: são militares aqueles praticados em determiE) RATIONE TEMPORIS: são militares aqueles praticados em determinados nados momentos, como no caso de guerra declarada. momentos, como no caso de guerra declarada.

A ConstituiA Constituiçção de 1988 adota o critão de 1988 adota o critéério do rio do rationeratione legislegis( Art. 125) ao definir que ( Art. 125) ao definir que compete a Justicompete a Justiçça Militar processar e julgar os crimes militares DEFINIDOS EM a Militar processar e julgar os crimes militares DEFINIDOS EM LEI.LEI.

Assim, são crimes militares aqueles que a lei atribuiu tal caracAssim, são crimes militares aqueles que a lei atribuiu tal caracterteríística. O que não stica. O que não significa que a lei tenha abandonado os demais critsignifica que a lei tenha abandonado os demais critéérios, pois no art. 9rios, pois no art. 9ºº eles eles são utilizados como circunstância para a definisão utilizados como circunstância para a definiçção do crime militar.ão do crime militar.

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CRIME MILITARCRIME MILITAR

�� Por sua vez a constituiPor sua vez a constituiçção refereão refere--se a uma espse a uma espéécie de crime militar cie de crime militar os PROPRIAMENTE MILITARES, dandoos PROPRIAMENTE MILITARES, dando--lhe efeitos relevantes( como lhe efeitos relevantes( como a dispensa de ordem escrita e fundamentada para a prisão de seusa dispensa de ordem escrita e fundamentada para a prisão de seusautores) daautores) daíí a necessidade de sistematizaa necessidade de sistematizaçção do crime militar em:ão do crime militar em:

CRIMES PROPRIAMENTE MILITARESCRIMES PROPRIAMENTE MILITARES

CRIMES TIPICAMENTE MILITARESCRIMES TIPICAMENTE MILITARES

CRIMES IMPROPRIAMENTE(ACIDENTALMENTE) CRIMES IMPROPRIAMENTE(ACIDENTALMENTE) MILITARESMILITARES

Page 8: curso direito penal militar - introdução - parte geral

CRIME PROPRIAMENTE MILITAR:

A ConstituiA Constituiçção Federal no art. 5ão Federal no art. 5ºº , LXI, permite a prisão independente de , LXI, permite a prisão independente de mandado judicial, nos crimes propriamente militares, definidos emandado judicial, nos crimes propriamente militares, definidos em lei, m lei, contudo, atcontudo, atéé o momento o conceito legal não sobreveio, dividindoo momento o conceito legal não sobreveio, dividindo--se a se a doutrina no que vem a ser o crime propriamente militar:doutrina no que vem a ser o crime propriamente militar:

TEORIA CLTEORIA CLÁÁSSICA:SSICA:

��CLCLÁÁUDIO AMIM, UDIO AMIM, CCÉÉLIO LOBÃOLIO LOBÃO , JORGE C. ASSSISJORGE C. ASSSIS : Crime que s: Crime que sóó pode ser pode ser cometido por militar, por consistirem em violacometido por militar, por consistirem em violaçções de deveres que lhe são ões de deveres que lhe são prpróóprios.prios.

TEORIA DE JORGE ROMEIROTEORIA DE JORGE ROMEIRO

��JORGE ROMERO, Celso COIMBRA : Crimes em que a aJORGE ROMERO, Celso COIMBRA : Crimes em que a açção penal são penal sóó pode ser pode ser promovida contra militarpromovida contra militar

Nos parece mais adequada cientificamente a teoria clNos parece mais adequada cientificamente a teoria cláássica do que a do prof. ssica do que a do prof. Romero atRomero atéé mesmo pelo fato de que não pode mesmo pelo fato de que não pode podepode buscar a definibuscar a definiçções de ões de direito material com base na legitimidade subjetiva da adireito material com base na legitimidade subjetiva da açção penal. Contudo ão penal. Contudo éé a a que melhor explica a posique melhor explica a posiçção do crime de insubmissão que são do crime de insubmissão que sóó pode ser pode ser cometido por civil.cometido por civil.

Page 9: curso direito penal militar - introdução - parte geral

EXEMPLOS

Violência contra superior Art. 157. Praticar violência contra superior:

Recusa de obediência Art. 163. Recusar obedecer a

ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

DeserçãoArt. 187. Ausentar-se

o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias:

Abandono de posto Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:

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CRIMES TIPICAMENTE MILITARESCRIMES TIPICAMENTE MILITARES�� São aqueles que somente estão previstos no CSão aqueles que somente estão previstos no Cóódigo digo Penal Militar, sem que exista equivalente no CPenal Militar, sem que exista equivalente no Cóódigo digo Penal Comum. Ex. DeserPenal Comum. Ex. Deserçção, Insubmissão, Violência ão, Insubmissão, Violência contra superior, Furto de uso, Dano Culposo contra superior, Furto de uso, Dano Culposo etcetc, , ou os ou os que possuem definique possuem definiçção diversa na lei penal comumão diversa na lei penal comum

Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à administração militar, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

CÓDIGO PENAL COMUM

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Desaparecimento, consunção ou extravio Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou

extraviar combustível, armamento, munição, peças de equipamento de navio ou de aeronave ou de engenho de guerra motomecanizado:

CÓDIGO PENAL COMUM

NÃO HÁ TIPO IGUAL

Page 11: curso direito penal militar - introdução - parte geral

Crime tipicamente militar não é sinônimo de crime propriamente militar, pois podem haver crimes previstos somente no CPM que podem ser , dependendo das circunstâncias, praticados por civis.

Ex. : o crime de Ingresso clandestino Art. 302. Penetrar em fortaleza,

quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito à administração militar, por onde seja defeso ou não haja passagem regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:

Veja-se esse crime só éprevisto no CPM, mas pode ser praticado por qualquer pessoa, mesmo que Civil

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�� São tambSão tambéém chamados de ACIDENTALMENTE m chamados de ACIDENTALMENTE militares, e são aqueles que encontrammilitares, e são aqueles que encontram--se se previstos tanto no CPM como no CPB com a previstos tanto no CPM como no CPB com a mesma definimesma definiçção. Ex. Homicão. Ex. Homicíídio, furto, dio, furto, apropriaapropriaçção indão indéébita. bita.

CRIMES IMPROPRIAMENTE MILITARES

CPM - Homicídio simplesArt. 205. Matar alguém:

CPB - Homicídio simplesArt 121. Matar alguém:

O QUE FAZ O CRIME IMPROPRIAMENTE MILITAR CRIME MILITAR ?

O PRECEITO SECUNDÁRIO, OU SEJA O ENQUADRAMENTO DA CONDUTA EM UMA DAS HIPÓTESES DO ART. 9º, II OU III

Ex. O CIVIL MATAR MILITAR EM SITUAÇÃO DE ATIVIDADE, EM ÁREA SOB ADMINISTRAÇÃO MILITAR ( CPM ART. 9º , III, “b”)

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CRIME MILTAR: CRITCRIME MILTAR: CRITÉÉRIOS DE DEFINIRIOS DE DEFINIÇÇÃOÃOArt. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;

���� SUJEITOS DO CRIME: QUALQUER PESSOA , ressalvada disposição em especial, que são justamente os crimes propriamente militaresque, por sua natureza só podem ser cometidos por militares. Contudo o STF entende que o civil não pode cometer o crime de dano culposo(HC 67579 ), mesmo que não exista a restrição no tipo.

���� LOCAL: Qualquer local, mesmo que fora do Território Nacional, eis que o CPM adota o princípio extraterritoriedade( CPM art. 7º)

����Neste inciso encontram-se definidos os crimes propriamente militares e os tipicamente militares.

Aqui o que vai definir a existência de crime militar é a sua ausência de previsão no Direito Penal Comum( Ex. Deserção) , ou a sua previsão de modo diverso( Ex. Crime de Incêndio- Área sob a administração militar)

Page 14: curso direito penal militar - introdução - parte geral

II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados:

a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;

b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora dolugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar;

f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996)

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O Inciso II trata dos crimes impropriamente ( acidentalmente ) militares , já que considera como crime militares aqueles que possuam a mesma definição.

Neste inciso e no inciso III, como se verá, não basta a mera tipicidade legal ( ou seja, a previsão no CPM do crime, é necessário que o preceito primário( crime) seja complementado por uma das circunstâncias previstas nas alíneas dos Incisos(preceito secundário).

Além disso só são crimes militares os DEFINIDOS NO CÓDIGO PENAL MILITAR, não se aplicando as leis esparsas ( Ex. Abuso de Autoridade, Tortura, Crimes Ambientais), mesmo que cometidos porMILITAR DA ATIVA CONTRA MILITAR DA ATIVA, ou em ÁREA SOB ADMINISTRAÇÃO MILITAR - STJ: SÚMULA 172

Nesse dispositivo o SUJEITO ATIVO serásempre MILITAR DA ATIVA, e o sujeito passivo dependerá de cada uma das alíneas.

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O conceito de Militar é o do art. 22 do CPM (qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forcas armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. ) ampliado, pela CF/88 aos Milicianos ( Militares Estaduais)

Para a lei 6.880/81( Estatuto dos Militares – Art. 6º- são equivalentes as expressões "na ativa", "da ativa", "em serviço ativo", "em serviço na ativa", "em serviço", "em atividade" ou "em atividade militar".

Aqui adota-se o critério RATIONE PERSONAE , destacando-se que pouco importa que um ou outro militar esteja de folga, férias, licença, agregado, o que importa é que não esteja REFORMADO ou na RESERVA. Também é irrelevante o conhecimento da condição de militar dos sujeitos, salvo para aplicação do art. 47, I do CPM ( qualidade de superior)

���� O STJ tem entendimento de que se os militares estão de folga, e o crime ocorre fora de área sob administração militar não há crime militar. Mas não é o que predomina na doutrina nem no STM.

A) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;

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Lembrar que também é considerado MILITAR DA ATIVA o Reformado ou da Reserva, empregado na administração militar

Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar.

Fora essa hipótese , o Militar reformado ou da Reserva é equivalente a Civil, ressalvada as suas Prerrogativas de Posto ou Graduação

Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra ele é praticado crime militar.

Por. Ex. Oficial GENERAL da reserva que comete crime militar( Art. 9º, III), continua com a prerrogativa de ser Julgado pelo STM. O Oficial reformado continua sendo julgado pelo Conselho Especial, etc.

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CRIME COMETIDO POR MILITARES FEDERAIS x MILITARES ESTADUAIS

EX. SOLDADO FN AGRIDE TENENTE DA BRIGADA

DUAS POSIÇÕES

STM : COMPETÊNCIA DA JMU

STF : COMPETÊNCIA DA Justiça Comum

É a predominante na doutrina nacional

E Policiais Militares de Estados Diversos?

CRIME MILITAR ( Ambos são da ativa, mesmo de estados diferentes)

Mas o Militar réu é julgado pela Justiça Militar de seu

estado, mesmo que cometido o crime em

outro

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A QUESTÃO DO PM TEMPORÁRIO

O Soldado PM Temporário é o jovem que é recrutado pelas Polícias Militares dos estados para prestar serviço auxiliar voluntário (SAV) nas unidades respectivas.O SAV baseia-se na Lei Federal nº 10.029, de 20 de outubro de 2000, e através dela os estados podem contratar temporariamente homens e mulheres para prestarem serviços administrativos.

O PM TEMPORÁRIO É MILITAR DA ATIVA?

Para o TJM-SP o PM-Temp émilitar (APELACAO CRIMINAL Nº

005453/05 ) aplicando o art. 22 do CPM c/c a Legislação Estadual

Para a doutrina, com razão, não é, pois não é INTEGRANTE das Forças Auxiliares, sendo mero VOLUNTÁRIO, que não possui qualquer vínculo administrativo com as Polícias Militares

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b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

CRTIÉRIO DE DEFINIÇÃO: RATIOCI LOCI ( ÁREA SOB ADMINISTRAÇÃO MILITAR)

Sujeito Ativo: MILITAR DA ATIVA

Sujeito Passivo: CIVIL, MILITAR REFORMADO OU DA RESERVA

CIRCUNSTÂNCIA: Crime ocorrido em ÁREA SOB A ADMINISTRAÇÃO MILITAR

Ex. Soldado PM que, no interior de Viatura , agride fisicamente Civil , ou Sd FN que no interior de Unidade Militar agride fisicamente Oficial da Reserva

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O que é área sob a administração militar?

É aquela que integra o patrimônio das instituições militares , ou os que foram confiados às sua administração.

É o local onde as instituições militares desenvolvem as suas atividades institucionais, como quartéis , navios e aeronaves militares, campos de treinamento, paióis , viaturas etc.

Os imóveis residenciais( PNR) destinados aos Militares enquadram-se no conceito?

SÃO DUAS SITUAÇÕES:

As áreas comuns: Corredores, Salões de Festa, recepção , enquadram-se

As unidades de moraria( Apts) não, pois a casa é asilo inviolável do indivíduo

Ressalvado se ambos forem militares( Art. 9o, II, “a”)

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c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito àadministração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;

Sujeito Ativo: MILITAR DA ATIVA.

Mas não basta ser militar da ativa, ele deve estar em uma das situações enumeradas na alínea “c”.

MIILITAR EM SERVIÇO: é o que se encontra exercendo função do cargo militar, decorrente de qualquer ato normativo ou ordem verbal ou escrita de superior hierárquico ( ex. conservação, limpeza, manutenção, administração , condução de veículos)

OU EM RAZÃO DA FUNÇÃO: Mesmo de folga o militar tem obrigações relacionadas com a sua atividade, em especial os POLICIAIS MILITARES . Assim, mesmo que fora de serviço( folga p. ex.) o militar POSSUI O DEVER JURÍDICO DE AGIR ( CPP art. 301, CPPM art. 243) em caso de flagrância delitiva. Assim , p. ex. o Militar , de folga, que após impedir um crime ( entrou em situação de atividade) causa lesão ao preso, comete crime militar.

Page 23: curso direito penal militar - introdução - parte geral

FORMATURA: Alinhamento e ordenação da tropa. É toda reunião do pessoal em forma, armado ou desarmado (RISG, art. 253).

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

Sujeito Ativo: MILITAR DA ATIVA , com a mesma ressalva da alínea anterior

Local: Qualquer local

PERÍODO DE MANOBRAS: são as movimentações de tropa destinada ao treinamento.

CIRCUNSTÂNCIAS

PERÍODO DE EXERCÍCIOS: é o necessário ao adestramento da tropa , incluindo marchas, treinamentos com material bélico etc.

Page 24: curso direito penal militar - introdução - parte geral

e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar;Sujeito ativo: MILITAR DA ATIVA

Local: QUALQUER LUGAR

CIRCUNSTÂNCIAS

Patrimônio sob a administração militarSão os que pertencem às instituições militares, ou que estejam legalmente sob a sua guarda.

Ex. no RS parte das viaturas da PM são locadas, portanto, não são do Estado, mas estão sob a administração da PM

Ordem Administrativa MilitarÉ a regularidade da organização, existência ou finalidade das Instituições Militares, bem como as suas funções institucionais

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CRIME MILITAR - CONT.III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:

a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;

c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;

d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior.

Crimes militares em tempo de guerra

Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (Incluído pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)

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CRIMES MILITARES COMETIDOS POR CIVIS

Ao contrário do que se pode , a princípio, imaginar os Civis podem cometer crimes militares, pois como já visto, o legislador adota o critério RATIONE LEGIS, e nada impede que a lei atribua a civis o cometimento de crimes militares

Mas não pode a lei atribuir genericamente à Civis deveres compatíveis somente com os militares, mas , por outro lado , pode exigir de todo o cidadão que abstenha-se de condutas prejudiciais às INSTITUIÇÕES MILITARES, que possuem relevância constitucional.

Assim, somente quando a conduta do civil ofender as instituições militares é que poderá ser processado pela Justiça Militar.

Por ex. Um civil, em área sob a administração militar furta o veículo de outro civil. Comete Crime Militar?

Não, pois não há ofensa às INSTITUIÇÕES MILITARES.

Page 27: curso direito penal militar - introdução - parte geral

E NA JUSTIE NA JUSTIÇÇA MILITAR ESTADUAL?A MILITAR ESTADUAL?

�� O art. 125 da CF/88 deu O art. 125 da CF/88 deu àà JME competência para JME competência para processar e julgar somente POLICIAIS MILITARES E processar e julgar somente POLICIAIS MILITARES E BOMBEIROS MILITARES, não admitindo o julgamento de BOMBEIROS MILITARES, não admitindo o julgamento de civis.civis.

�� Assim, se um civil , em Assim, se um civil , em áárea sob administrarea sob administraçção militar ão militar estadual , mata Policial Militar, responde no Jestadual , mata Policial Militar, responde no Júúri.ri.

�� Contudo, a JustiContudo, a Justiçça Militar Federal tem competência para a Militar Federal tem competência para Processar e Julgar civis. Assim, e civil , em Processar e Julgar civis. Assim, e civil , em áárea sob a rea sob a administraadministraçção militar mata militar da ativa responde da ão militar mata militar da ativa responde da JMU.JMU.

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III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:

Os civis, militares da reserva e reformados só cometem crimes militares quando suas condutas atentarem contra as INSTITUIÇÕES MILITARES

Consideram-se instituições militares as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, estruturadas em ministérios e, também, os altos órgãos militares de administração, planejamento e comando.

STM, Rec. Crim. 60656, MG, Rel: Min. Cherubim Rosa Filho, D.J. 26/04/93)

Assim, se forem contra as IM, são crimes militares os previstos só no CPM , ou com definição diversa, ( CPM art. 9º, I), bem como os que tenham a mesma definição do CPB( Art. 9º, II), presentes as circunstâncias do inciso III)

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a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;

Aplica-se o mesmo disto em relação ao Inciso II, “e”, invertendo-se somente o sujeito ativo, que pode ser somente Civil ou Militar reformado ou da reserva.

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;

Os conceitos de “lugar sujeito à administração militar” e “militar em atividade” já foram oferecidos.

Já o conceito de Servidor da Justiça Militar é dado pelo Art. 27 do CPM.

Art. 27. Quando este Código se refere a funcionários, compreende, para efeito da sua aplicação, os juízes, os representantes do Ministério Público, os funcionários e auxiliares da Justiça Militar.

Célio Lobão, contesta a constitucionalidade deste dispositivo, ao argumento que no caso dos servidores da JM não há ofensa às IM

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c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;

Sujeito Ativo: CIVIL, MILITAR REFORMADO OU DA RESERVA

Sujeito Passivo: Militar da ativa em uma das circunstâncias abaixo:

FORMATURA: Alinhamento e ordenação da tropa. É toda reunião do pessoal em forma, armado ou desarmado (RISG, art. 253).

PERÍODO DE PRONTIDÃO: é um estado de alerta em que as tropas estão prontas para operações

VIGILÂNCIA E OBSERVAÇÃO: dizem respeito a um estado de espreita, de constante observação

EXPLORAÇÃO: é o reconhecimento de um terreno.

ACAMPAMENTO: é o estacionamento temporário de tropas com o aproveitamento das condições naturais.

ACANTONAMENTO: é o estacionamento temporário de tropas com o aproveitamento de instalações já existentes.

CIRCUNSTÂNCIASLocal: QUALQUER LUGAR

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d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.

Sujeito Ativo: CIVIL, MILITAR REFORMADO OU DA RESERVA

Sujeito Passivo: Militar da ativa em uma das circunstâncias abaixo:

Local: QUALQUER LUGAR

CIRCUNSTÂNCIAS

01- Função militar: é o exercício das obrigações inerentes ao cargo militar. ( Lei 6.880/80 Art. 23. )

02- garantia e preservação da ordem pública:

É hipótese prevista pelo art. 142 da CF/88 , na qual as FFAA atuam não na defesa da Pátria contra agressões externas, mas sim para a garantia da Estabilidade do País atuando na garantia da Lei e da Ordem. Os requisitos para a atuação das FFAA estáprevista na no art. 15 da Lei Complementar 97/99.

03- obediência a determinação legal de superior: Nesse caso exige-se que a ordem seja legal ( não para o seu cumprimento pois mesmo que ilegal o militar deve cumpri-la) mas para a qualificação do crime militar pelo civil.

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CRIMES CONTRA A VIDA COMETIDOS CONTRA CIVIS

Segundo o Art. 9º, II ( crimes acidentalmente militares) o homicídio cometido por militar da ativa , em serviço, contra civil é crime militar.

Contudo, em virtude de pressões de Organismos Internacionais, desconhecedores da realidade da Justiça Castrense( cujo maior defeito è a falta de visibilidade), pressionaram o Governo Federal que , em 1996 editou a lei 9.299/96, que incluiu um parágrafo único ao art. 9º do CPM:

Art. 9º. ...........................

Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum.

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É CONSTITUCIONAL ESSA NORMA?

Segundo o STM essa norma éInconstitucional, pois se o crime enquadra-se em uma das circunstâncias do art. 9º do CPM, é, portanto, CRIME MILITAR, e a competência para o seu julgamento é da JM a quem, segundo a CF/88 compete, exclusivamente , julgar os crime militares definidos em lei.

Já segundo o entendimento do STF, a lei 9.299/96 ao determinar a competência do Júri para os crimes dolosos contra a vida cometidos contra civis, o exclui do rol de crimes militares( HC 260404-MG)

STM STF

IMPLICAÇÕES PRÁTICASCivil Mata Militar da Ativa em área sob a administração militar:

CRIME MILITAR - JM

Militar de serviço mata Civil que invade Unidade Militar:

CRIME COMUM - TJ

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DO ERRO EM DIREITO PENAL MILITARDO ERRO EM DIREITO PENAL MILITAR

CONCEITO DE ERRO: é a falsa percepção da realidade, sendo a ignorância a ele equiparada para fins penais.

No Direito Penal Comum, o legislador de 1984, inclinando-se à concepção finalista ( Welzel) do delito, dividiu o erro em :

ERRO SOBRE OS ELEMENTOS DO TIPO

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATOArt. 21 - O desconhecimento da lei é

inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderádiminuí-la de um sexto a um terço.

Page 35: curso direito penal militar - introdução - parte geral

DO ERRO EM DIREITO PENAL MILITARDO ERRO EM DIREITO PENAL MILITAR

Já o Legislador do Código Penal Militar, seguindo a linha do CP de 1969( que nunca entrou em vigor) manteve-se ligado à concepção naturalista do delito(Causalismo) e adotou a classificação do erro oriunda do direito romano, dividindo o erro em :

Erro de direito

Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.

Erro de fato Art. 36. É isento de pena quem,

ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima.

Page 36: curso direito penal militar - introdução - parte geral

ERRO DE DIREITOArt. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída

por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.

O erro de direito, dentro do conceito analítico de crime, atua na CULPABILIDADE, eis que retira do agente o CONHECIMENTO DA ILICITUDE DO FATO. Aqui o agente atua com dolo(vontade livre e consciente) mas acredita, por erro, ou ignorância, que a sua conduta não é ilícita.

Se o erro for escusável(invencível) a pena é atenuada ou substituída por outra menos grave.

Exemplo: Militar da Ativa que , em área sob a administração militar, encontra determinado bem e acreditando que, por tê-lo encontrado é seu (“achado não éroubado”), não o entrega a autoridade competente no prazo de 15 dias. ( CPM art. 249, § único)

Observar que no Código Penal Comum, o erro de proibição excluí a pena, ao passo que o erro de direito somente a atenua. E se for crime contra dever militar, não produz qualquer efeito.

Page 37: curso direito penal militar - introdução - parte geral

ERRO DE DIREITO E O DEVER MILITARO Código Penal Militar não admite o instituto do ERRO DE DIREITO aos crimes contra o DEVER MILITAR.

O conceito de crimes contra o dever militar, segundo ROMEIRO, implica em todos os crimes propriamente militares, pois são os crimes que dizem respeito aos deveres da vida militar. E não só os assim tipificados no CPM ( Art. 183 a 204)

MAS QUAL O FUNDAMENTO PARA TANTO?

A vedação em relação aos crimes que envolverem os deveres militares , ocorre em virtude do ADESTRAMENTO por que passam todos os militares no qual lhe são repassados os conhecimento necessários a poder discernir sobre a ilicitude ou não de suas condutas, relativas à LEI PENAL MILITAR. Daípresumir-se que, pelo adestramento, o militar obtém a potencial consciência da ilicitude relativa a seus deveres.

Page 38: curso direito penal militar - introdução - parte geral

ERRO DE FATO

Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima.

Erro culposo 1º Se o erro deriva de culpa, a este

título responde o agente, se o fato épunível como crime culposo.

Erro provocado 2º Se o erro é provocado por

terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme o caso.

ERRO DE FATO ESSENCIALNa primeira parte do dispositivo, o agente erra em relação ao próprio tipo penal, o erro ou a ignorância excluem o próprio dolo do agente, ou seja, a sua vontade final é maculada pelo erro.

Ex. SD que deixa de entregar àautoridade competente aparelho celular que achou acreditando tratar-se do seu.( CPM art. 259, § único)

Aqui , assemelha-se com o erro de tipo do Código Penal comum, contudo, como o CPM é inspirado no causalismo, o Dolo, encontra-se na CULPABILIDADE, e não no tipo, daíisentar-se de PENA o agente.

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ERRO DE FATO

Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui

ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima.

Erro culposo 1º Se o erro deriva de culpa, a este

título responde o agente, se o fato épunível como crime culposo.

Erro provocado 2º Se o erro é provocado por

terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme o caso.

ERRO DE FATO ESSENCIALNa segunda parte do dispositivo estamos diante das chamadas DISCRIMINANTES PUTATIVAS, nas quais o agente, por errada compreensão da realidade fática acredita que ao agir estar acobertado por uma das excludentes da Ilicitude:

São Excludentes da ilicitude :

•LEGITIMA DEFESA

•ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

•ESTADO DE NECESSIDADE

•EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO

•DESCRIMINANTE DO Cmt

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ILICITUDEILICITUDE�� Causas de Exclusão(CPM art. 42):Causas de Exclusão(CPM art. 42):

Art. 42. Não hArt. 42. Não háá crime quando o agente pratica o fato: crime quando o agente pratica o fato: I I -- em estado de necessidade; em estado de necessidade; II II -- em legem legíítima defesa; tima defesa; III III -- em estrito cumprimento do dever legal; em estrito cumprimento do dever legal; IV IV -- em exercem exercíício regular de direito. cio regular de direito. ParParáágrafo grafo úúnico. Não hnico. Não háá igualmente crime quando o comandante de igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou pranavio, aeronave ou praçça de guerra, na iminência de perigo ou a de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, agrave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, aexecutar serviexecutar serviçços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou os e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendividas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendiçção, a ão, a revolta ou o saque. revolta ou o saque.

As questões mais relevantes em Direito Penal Militar, em relação às excludentes da ilicitude são do ESTADO DE NECESSIDADE e o chamada EXCLUDENTE DO COMANDANTE.

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ESTADO DE NECESSIDADEO direito penal comum, com a reforma de 1984, adotou a teoria unitária para o Estado de Necessidade, somente o reconhecendo como excludente da ilicitude. Já o direito penal militar acolheu a TEORIA DIFERECIADORA, eu divide o estado de necessidade em EXCLUDENTE da Ilicitude e EXCULPANTE que elimina a CULPABILIDADE do Agente.

Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, éconsideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo.

Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa.

Aqui o bem jurídico defendido ésuperior ou igual ao sacrificado, excluindo a ilicitude da conduta.

Ex. Militar que para socorrer colega ferido subtrai veículo da unidade.

Vida é maior que patrimônio

Aqui a questão se opera na culpabilidade( inexigibilidade de conduta diversa) pois o bem jurídico sacrificado é inferior ao bem defendido, mas apesar disso não se pode exigir do autor outra conduta.

Ex. Militar que deserta para ajudar família financeiramente.

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A EXCLUDENTE DO COMANDANTE:O parágrafo único do art. 42 do CPM prevê uma forma de exclusão de ilicitude exclusiva do direito penal militar.

Parágrafo único. Não háigualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.

O Comando é a soma de autoridade, deveres e responsabilidades de que o militar é investido legalmente quando conduz homens ou dirige uma organização militar.

O Cmt tem o dever de manter a tropa eficiente( CPM Art. 198), tendo os seus subordinados a obrigação de obedecer( CPM art. 163). Daí que o Cmt que, para garantir a eficiência da tropa em uma das situações citadas, pode exercer de seu direito de comando, inclusive por meios violentos.

Equiparação a comandante Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o

efeito da aplicação da lei penal militar, toda autoridade com função de direção. ( ex. Ten. Comandando fração de tropa é , para essa fração Cmt)

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EXCLUSÃO DA CULPABILIDADEEXCLUSÃO DA CULPABILIDADE

Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:

Coação irresistível a) sob coação irresistível ou

que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade;

Obediência hierárquica b) em estrita obediência a

ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços.

1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.

2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou háexcesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.

A coação aqui obrigatoriamente é MORAL, já que a coação física exclui o DOLO pois não hávontade. Aqui exclui-se a culpabilidade pela inexigibilidade de conduta diversa.

A grande peculiaridade do DPM éque nos crimes em que háviolação do dever militar, o agente não pode invocar coação irresistível senão quando física ou material. (Art. 40)

Isso ocorre pois ao Militar existe a obrigação de agir, bem como de sacrifício da própria vida em defesa de seus deveres militares.

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ODEBIÊNCIA HIERARQUICA

b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em

matéria de serviços. 2° Se a ordem do

superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é

punível também o inferior.

As forças militares se organizam com base na Hierarquia e na Disciplina, sendo a obediência à cadeia de comando essencial a sua funcionalidade.

Se no DP comum, a ordem não deve ser manifestamente ilegal, no DPM essa ordem não pode ser MANIFESTAMENTE CRIMINOSA, pois ao militar não é dado questionar a legalidade dos atos de seus superiores. Já que possui o dever de OBEDIÊNCIA. Se acredita na ilegalidade da ordem que recebeu em matéria de serviços deve sempre seguir a cadeia de comando.

Mas se a ordem for MANIFESTAMENTE CRIMINOSA pode negar-se a cumpri-la, mas se o fizer, adere a vontade do Superior e responde com ele pelo crime.

Em relação a obediência hierárquica destacam-se dois sistemas: O das baionetas cegas, no qual não édado nunca ao subordinado questionar suas ordens e o das Baionetas Inteligentes, que o admite. O Brasil adota um sistema misto, pois a princípio não admite contestetação, salvo se a ordem for manifestamente criminosa.

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DAS PENASCódigo Penal MilitarArt. 55. As penas principais são:

a) morte; b) reclusão; c) detenção; d) prisão; e) impedimento;

f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

As penas no direito penal militar são bem diferentes das do direito comum, pois refletem peculiaridades da vida na caserna.

Além disso, só o DPM admite a pena de Morte, que será aplicada somente em caso de GUERRA DECLARADA.

Art. 56. A pena de morte éexecutada por fuzilamento.

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Código Penal MilitarArt. 55. As penas principais são:

a) morte; b) reclusão; c) detenção; d) prisão;e) impedimento;

f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

Ao contrário do CP comum que prevê a a existência de 3 Regimes de cumprimento de pena( Fechado, Semi-Aberto e Aberto) o CPM só prevê o regime FECHADO para cumprimento da pena a que for o militar . Pelo art. 59 as penas de detenção ou reclusão, de até 2 anos são convertidas em PRISÃO, sendo cumpridas na forma dos incisos. A pena superior a 2 anos é cumprida em PENITENCIÁRIA MILITAR, ou , na sua falta em presídio civil.

Mas se for cumprida em estabelecimento civil( por militar ou civil) aplica-se a Lei de Execuções Penais( Lei 7.210)

A diferença entre detenção e reclusão sódiz respeito ao máximos e mínimos de pena, quando não previstos no tipo.

Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.

Ex. Art. 181( Arrebatamento de Preso) Reclusão até 4 anos

Ex. Art. 223(Ameaça) pena detenção até

6 meses

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Código Penal MilitarArt. 55. As penas principais são:

a) morte; b) reclusão; c) detenção; d) prisão; e) impedimento;

f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar.

A pena de impedimento é aplicada nos crime de insubmissão ( CPM Art. 183), e impõe ao condenado a obrigação de permanência no recinto da Unidade Militar , recolhendo-se após a sua instrução diária .

É pena privativa de liberdade, pois, ainda que não seja recolhido a estabelecimento penal militar o insubmisso tem a sua liberdade de locomoção reduzida, eis que não pode ausentar-se do recinto da unidade.

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Código Penal MilitarArt. 55. As penas principais são:

a) morte; b) reclusão; c) detenção; d) prisão; e) impedimento;f) suspensão do exercício

do posto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

Trata-se de pena não privativa de liberdade em que há a suspensão temporária do exercício (afastamento) do Oficial( posto) ou do Praça( Graduação) de suas funções.

Art. 64- A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena.

Contudo, se a pena de suspensão não puder ser cumprida em virtude da reforma ou reserva do sentenciado, ela converte-se em detenção de 6 meses a 1 ano.( § único)

Reforma é a passagem compulsória do Militar para a reserva, segregando-o do Convívio de seus pares. So éadmitida aos Militares com Estabilidade Assegurada.

Ex. de Crimes com tal apenamento:

Art. 204( Exercício de Comercio por Oficial)

Art. 324 (Inobservância de lei, regulamento ou instrução )

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PENAS ACESSÓRIAS

Com a reforma de 1984 o Código Penal Comum, deixou de prever a Figura das Penas Acessórias, que são aquelas decorrentes da imposição de uma das penas principais já estudadas.

Art. 98. São penas acessórias: I - a perda de posto e patente; II - a indignidade para o

oficialato; III - a incompatibilidade com o

oficialato; IV - a exclusão das forcas armadas;

V - a perda da função pública, ainda que eletiva;

VI - a inabilitação para o exercício de função pública;

VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;

VIII - a suspensão dos direitos políticos.

Tomar cuidado com essa regras pois o Art. 142 da CF reza:VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;

Assim, se o Oficial for condenado a pena igual ou inferior a 2 anos, é submetido ao Conselho de Justificação, sendo após a decisão desse conselho submetida a Tribunal Militar( STM, TJM ou TJ). Se a pena for superior a 2 anos o MP representa diretamente ao tribunal.

Oficial Incompatível é aquele inconciliável com o Oficialato. Indigno é aquele, torpe sórdido, não merecedor dessa condição

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Art. 98. São penas acessórias: I - a perda de posto e patente; II - a indignidade para o

oficialato; III - a incompatibilidade com o

oficialato; IV - a exclusão das forcas

armadas; V - a perda da função pública,

ainda que eletiva; VI - a inabilitação para o

exercício de função pública; VII - a suspensão do pátrio

poder, tutela ou curatela; VIII - a suspensão dos direitos

políticos.

Essa pena acessória é aplicada aos Praças das FFAA condenados a penas privativas de liberdade superiores a 2 anos ( CPM art. 102)

Contudo as Praças das Forças Auxiliares somente podem perder a sua Graduação por decisão do Tribunal Militar( Art. 125 da CF/88).

Com a exclusão das FFAA, o militar passa a cumprir pena em Presídio civil, ficando sujeito ao regramento da LEP, inclusive com direito à progressão de regime.

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�� Inaplicabilidade das Penas Restritivas de direito no DPMInaplicabilidade das Penas Restritivas de direito no DPM

O CO Cóódigo Penal Militar não digo Penal Militar não previu , ao contrpreviu , ao contráário do CPB, rio do CPB, as penas RESTRITIVAS DE as penas RESTRITIVAS DE DIREITO, sendo entendimento DIREITO, sendo entendimento pacpacíífico no STM de que são fico no STM de que são incompatincompatííveis com a realidade veis com a realidade castrense.castrense.

Esta Corte tem entendimento firme no Esta Corte tem entendimento firme no

sentido de não aceitar a aplicasentido de não aceitar a aplicaçção da Lei ão da Lei

nnºº 9.714/98, que dispõe sobre penas 9.714/98, que dispõe sobre penas

restritivas de direitos, não srestritivas de direitos, não sóó em razão da em razão da

especialidade e autonomia do Direito especialidade e autonomia do Direito

Penal Militar, mas, tambPenal Militar, mas, tambéém, por sua m, por sua

incompatibilidade com as peculiaridades incompatibilidade com as peculiaridades

atinentes atinentes àà vida militar e ao militar. ( STM vida militar e ao militar. ( STM

Ap. 2004.01.049688Ap. 2004.01.049688--2 )2 )

Contudo, a maioria da doutrina critica esse entendimento, pelo menos, em relação aos Civis, pois entende que, nesse caso, a substituição da pena corporal por outra restritiva de direitos em nada prejudica a Organização e a Disciplinas Militares.

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CONCURSO DE CRIMESCONCURSO DE CRIMESConcurso de crimes

Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única e a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58.

Concurso Material(CM): O agente , com várias condutas pratica vários crimes. Ex. Sd que furta bem da Unidade e logo após deserta.

Concurso Formal: O agente com uma só ação pratica mais de um crime . Ex. Soldado que por negligência atropela vários colegas.

O CPM dá o mesmo tratamento ao concurso material e formal( de forma diferente do Direito Penal Comum), adotando o critério da exasperação das penas quando diferentes( pega-se a maior e aumenta-se até a metade do tempo da menos grave), e o critério da cumulação quando idênticas( somam-se todas as penas)

Ex. Réu é condenado à pena de 3 meses de detenção por lesão corporal( CPM art. 209) e 6 meses pelo crime de calúnia( CPM 214). Qual a sua pena? Como as penas são idênticas( DETENÇÃO) soma-se: penal final 9 meses.

Ex. Réu é condenado a 6 meses de detenção por lesões corporais, e a 6 anos de reclusão por homicídio. Qual a sua pena? Sua pena será a do mais grave acrescida da metade da pena do menos grave(3 meses). Pena final 6 anos e 3 meses.

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CRIME CONTINUADOCrime continuado

Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser considerados como continuação do primeiro.

Parágrafo único. Não hácrime continuado quando se trata de fatos ofensivos de bens jurídicos inerentes à pessoa, salvo se as ações ou omissões sucessivas são dirigidas contra a mesma vítima.

A figura do crime continuado é ficção legal pela

qual o agente, comete vários crimes, contudo,

em virtude de condições de tempo, lugar e

maneira de execução, a lei considera-os como

um crime único. Ex. Soldado que arromba

vários armários de seus colegas e deles

subtrai valores.

Contudo o CPM, em sentido totalmente contrário ao CP, não considera o crime continuado determinando a aplicação das regras do concurso de crimes, ou seja , SOMA DE TODAS AS PENAS.

Mas a doutrina e jurisprudência, entendendo a regra draconiana, mandam aplicar a regra do art. 71 do CP, considerando como existente um crime único, aplicando somente uma das penas exasperada de 1/6 s 2/3.

STM Ap 2000.01.048459-0 UF: BA No caso de crime continuado deve ser aplicado subsidiariamente o art. 71 do Código Penal, o que possibilitou a redução da pena. Apelo parcialmente provido. Decisão majoritária.

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EXTINEXTINÇÇÃO DA PUNIBILIDADEÃO DA PUNIBILIDADEPRESCRIÇÃO

Em relação à prescrição no DPM, a situação mais digna de nota é a prescrição nos crimes de DESERÇÃO E INSUBMISSÃO

Art. 131. A prescrição começa a correr, no crime de insubmissão, do dia em que o insubmisso atinge a idade de trinta anos.

Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta sóextingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta.

No crime de insubmissão o termo inicial da prescrição não será a data de consumação do delito, mas sim o momento em que o agente completar 30 anos. Após essa data o prazo prescricional será o do art. 125 do CPM( 4 anos).

Já na deserção o prazo prescricional corre normalmente, mas somente poderá ser declarado quando o desertor completar 45 anos.

Em ambos os casos as regras só se aplicam aos acusados enquanto não capturados( trânsfugas) com a captura o prazo passa a ser o do art. 125 do CPM.

Essas regras são necessárias pois ambos os crimes são permanentes, e não fosse assim seriam imprescritíveis.