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Ano XL Nº 451 |Julho/Agosto 2016 | Publicação Bimestral | ISSN 0870-8789 Apoio Apoio ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADE INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA Distribuição Gratuita aos Associados Preço Avulso 5,25 Euros (I.V.A. Incluído) Curso de preparação para o exame de admissão à profissão de Contabilista Certificado - início das aulas a 6 de Setembro O livre associativismo, os profissionais e a partilha de experiências aliadas à descoberta de tesouros naturais e culturais Cursos de Pós-graduação em Fiscalidade - Lisboa e Porto: candidaturas a decorrer www.apotec.pt

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Ano XL Nº 451 |Julho/Agosto 2016 | Publicação Bimestral | ISSN 0870-8789

ApoioApoio

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA

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Curso de preparação para o exame de admissão à profissão de Contabilista Certificado - início das aulas a 6 de Setembro

O livre associativismo, os profissionais e a partilha de experiências aliadas à descoberta de tesouros naturais e culturais

Cursos de Pós-graduação em Fiscalidade - Lisboa e Porto: candidaturas a decorrer

www.apotec.pt

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126    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA

Estatuto Editorial:

O Jornal de Contabilidade é o periódico técnico e científico que permite tomar conhecimento de todos os aspectos das técnicas contabilística, fiscal e jurídica.

É distribuído gratuitamente a todos os associados e é editado ininterruptamente desde Abril de 1977, constituindo um importante elo de ligação entre a APOTEC e os Associados.

Está disponível aos Associados na Área Reservada as edições desde 2006.

Os destaques desta edição encontram-se em www.apotec.pt/jornal/

www.apotec.pt

Editorial 127

Qualidade dos resultados e qualidade de auditoria nas empresas não cotadas europeias 128

A descida do IVA na restauração: análise à proposta do OE/2016 140

Síntese Económica 143

Nações e Mercados 145

Consultório 146

Glossário 156

Livraria 157

Com a devida vénia 158

Legislação 159

A APOTEC em notícias 162

Director: Manuel Benavente RodriguesCoordenação: Isabel Maria CiprianoColaboração: Alexandra Varela, Paulo Nogueira FilhoMensário Técnico, fundado por Martim Noel MonteiroPropriedade e Edição: Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade – APOTEC (Instituição de Utilidade Pública)NIF: 500910847Periodicidade: Bimestral

Redacção e Administração: Rua Rodrigues Sampaio, 50, 3º Esq. 1169-029 LISBOATelefone: 213 552 900 / Telefax: 213 552 909Site: www.apotec.pt / E-mail: [email protected]

Tiragem: 7000 exs.Depósito Legal: 53873/92Registo nº 105076 ICS

Assessores: Abílio Sousa; António José Neves Casaca; Ana Coelho; João Filipe Gonçalves Pinto; José de Oliveira Sales Pires.

Composição e impressão: PENTAEDRO – Tel. 218444340 1700-249 LISBOA

Normas de publicação: Os textos recepcionados têm a prévia autorização dos respectivos autores para publicação na nossa revista.

Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não vinculam a APOTEC.

O Jornal de Contabilidade, até decisão em sentido diferente, publicará os textos em português de acordo com a ortografia adoptada pelos respectivos autores.

Os textos da responsabilidade da redacção não são escritos segundo o Novo Acordo Ortográfico.

ÍNDICE

FICHA TÉCNICA

JORNAL DE CONTABILIDADE

Nº 451 | Julho/Agosto 2016

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    127

editorial

Na  vida  frenética  em  que  atualmente  os  contabilistas  se movimentam, o direito às férias constitui uma prerrogativa alienável. Na nossa profissão e perante a responsabilização que nos é imposta pelo estatuto profissional, e pelas cons-tantes obrigações fiscais e parafiscais, provenientes de um sistema  pouco  simples,  constatamos  que  o  contabilista, dificilmente conseguirá usufruir das férias como um advo-gado ou como um solicitador.

Não é somente o envio das declarações fiscais que pertur-barão o direito às férias, mas também as constantes alte-rações fiscais e contabilísticas, a não disponibilização atem-pada das declarações no portal das finanças, que obrigam ao desgaste permanente. 

A  burocracia  é  um  propósito  que  constitui  a  forma  mais nefasta para o desenvolvimento de uma sociedade, que se quer moderna e atuante. Para ultrapassar as múltiplas difi-culdades, a APOTEC tem sugerido aos poderes públicos, a adopção de procedimentos de simplificação e também de compromisso para modelos fixos do envio das declarações fiscais,  sejam  elas  quais  forem,  de  forma  a  que  anual  e sucessivamente, não sejam necessários ajustes informáticos, quer por parte do Portal das Finanças quer pelas empresas, eliminando  deste  modo  custos  de  contexto  com  vista  à simplificação e melhoria das informações fiscais prestadas.

Continuamos a afirmar que a  justiça  tem de ser célere e fazer cumprir  rapidamente as suas decisões. O constante branqueamento  de  situações  em  que  o  culpado  passa  a inocente é também uma característica cultural baseada em algumas afirmações que  circulam neste país. O não aca-tamento dos  acórdãos  judiciais  e  bem assim das normas que sustentam o nosso organismo regulador poderão dis-torcer  a  opinião  dos  profissionais,  empurrando-os  para situações que constituem autênticas mentiras.

A história desta nossa profissão está  contada nas muitas páginas que o  Jornal de Contabilidade da APOTEC dedi-cou, e continua a dedicar, à profissão, à sua valorização e defesa,  que  independentemente  dos  anos  e  das  várias alterações estatutárias, carece ainda de acompanhamento, promoção e respeito. 

Há quem defenda que a nova designação profissional dos Contabilistas com o acrescento da palavra “certificado”, seja reveladora de um certo distanciamento da profissão em termos de dependência do Estado. Pura ilusão! Veja- -se a nota informativa da Direcção de Serviços de Regis-to  de  Contribuintes,  relativamente  aos  novos  procedi-mentos  destinados  aos  Contabilistas  Certificados,  e relativa  às  situações  em  que  estes  profissionais  são  res-ponsabilizados  pelo  pagamento  de  coimas  devidas  pela falta ou atraso de quaisquer declarações que devam ser apresentadas  no  período  de  exercício  de  funções.  Até parece  que  os  contabilistas  são  os  sujeitos  passivos  do imposto  e  não  as  empresas  ou  os  empresários.  Num golpe de “génio”, o fisco transformou o contabilista em garantia do Estado.

Caros colegas de profissão, contabilistas, profissionais da contabilidade  e  da  fiscalidade,  neste  período  de  férias que se aproxima e que serão as  férias possíveis,  tentem retemperar,  ganhar  novas  forças  porque  o  que  aí  vem, sendo já antecipadamente conhecido, exige a nossa pu-jança e atenção, em prol de uma sociedade mais justa e solidária. 

A APOTEC continua a pugnar para uma maior consciência de classe, baseada no conhecimento efectivo.

Boas Férias!

Manuel PatuleiaPresidente da APOTEC

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128    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

Qualidade dos resultados e qualidade deauditoria nas empresas não cotadas europeias(*)

Vânia Alexandra C. Miranda(**)

Instituto Superior de Economia e Gestão – UL

auditoria

Índice

ResumoLista de tabelasLista de abreviaturas1. Introdução2. Revisão da Literatura  2.1. A qualidade dos resultados  2.2. A qualidade de auditoria  2.3. O impacto de qualidade de auditoria na qualidade dos 

resultados3. Metodologia e dados  3.1. Definição da hipótese de pesquisa e estratégia de  in-

vestigação  3.2. Medida de qualidade dos resultados  3.3. Modelo Empírico  3.4. Caracterização da amostra  4.1. Estatística descritiva das variáveis  4.2. Matriz de correlação  4.3. Análise dos resultados multivariados5. Conclusões  5.1. Síntese global do estudo  5.2. Limitações do estudo  5.3. Sugestão para futuras investigaçõesReferências bibliográficasAnexos

Resumo

Neste  estudo  analisou-se  a  relação  existente  entre  a  quali- dade de auditoria e a qualidade dos  resultados.  Foram utili-zados dados de 5.552 empresas não cotadas da União Euro-peia,  para  um  período  de  análise  entre  2005  a  2011.  Para esta análise usou-se uma medida de qualidade dos resultados com base na qualidade dos acréscimos (modelo Dechow and Ditchev, 2002, modificado por McNichols’s, 2002).

Os resultados sugerem que as empresas não cotadas da União Europeia com maior dimensão, pior desempenho económico e auditadas por uma auditora não Big4, apresentam melhor qualidade nos resultados divulgados.Palavras-chave: Qualidade dos resultados, qualidade de au-ditoria, qualidade dos accruals e empresas não cotadas.

Lista de tabeLas

Tabela I:  Definição  das  variáveis  independentes  do  modelo multivariado

Tabela II:  Composição  da  amostra  por  setor  de  indústria  e tipo de auditor

Tabela III:  Composição da amostra por país e tipo de auditorTabela IV: Estatística descritiva das variáveis do modeloTabela V:  Matriz da correlação das variáveisTabela VI: Resultados do modelo de regressão

Lista de abReviatuRas

Big4 – As quatro maiores empresas de auditoria a nível mun-dial: PricewaterhouseCoopers, Deloitte Touche Tohmatsu, KPMG e Ernst & Young

CLC – Certificação Legal de ContasGE – Grandes empresasNIC – National Industrial ClassificationOLS – Ordinary Least SquaresPME – Pequenas e médias empresasSOX – Sarbanes Oxley ActU.E. – União EuropeiaU.K. – United Kingdom

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    129

1. intRodução

O sucessivo desenvolvimento da economia leva a uma maior necessidade  das  empresas  estarem  também  em  constante evolução,  de  forma  a  conseguirem  crescer  no  mercado  e tornarem-se mais competitivas.Esta realidade económica deve-se essencialmente à globaliza-ção  financeira,  que  se  traduziu  na  abertura  das  economias entre diferentes países para a realização de transações  inter-nacionais,  facilitando  deste  modo  a  mobilidade  de  capitais entre diferentes mercados financeiros e abolindo as fronteiras. Desta  forma,  as  empresas  tornam-se  mais  competitivas  e dependem cada vez mais da sua relação com o meio envol-vente,  pois  existe  um  maior  acesso  à  informação  financeira por  parte  dos  seus  stakeholders,  e  maior  nível  de  exigência de  informação  financeira  útil,  fiável  e  atempada  para  uma melhor tomada de decisão.Porém, a subjetividade e flexibilidade existente na elaboração da  informação  financeira,  essencialmente  na  aplicação  das normas  e  princípios  contabilísticos,  deixa margem para usar diferentes critérios e estimativas mais favoráveis aos gestores ou  à  empresa,  distorcendo  desta  forma  a  realidade  da  em-presa.  Existem  ainda  situações  em  que  os  gestores  não  só aproveitam a flexibilidade das normas, como as violam origi-nando situações de fraude. Prova disso são os escândalos fi-nanceiros  que  têm  ocorrido  nos  últimos  anos  em  que  os gestores  divulgaram  informação  falsa,  para  ir  ao  encontro, nomeadamente, das expectativas do mercado.Estes comportamentos são atualmente designados como “ear-nings management”,  sendo  um  tema  atual  e  embora  tenha sido alvo de muitos estudos, a  literatura existente é maiorita-riamente direcionada a empresas cotadas na bolsa; poucos têm sido  os  estudos  direcionados  para  as  empresas  não  cotadas, sendo no entanto de destacar os de Ball e Shivakumar (2005), Tendeloo e Vanstraelen (2008) e Burgstahler e Leuz (2006).Vários  determinantes  de  qualidade  de  auditoria  contribuem para  uma  melhor  qualidade  de  resultados  nas  empresas, nomeadamente a antiguidade do auditor, a especialidade que o auditor possui do negócio da empresa e a  independência do auditor.Embora a qualidade de auditoria seja normalmente conside-rada mais  importante para as empresas cotadas, devido aos conflitos de agência serem maiores nestas empresas (Tendeloo e Vanstraelen, 2008), os conflitos de agência também podem existir nas empresas não cotadas, por exemplo entre gerentes, proprietários  e  bancos,  sendo  também  útil  para  estas  uma auditoria de qualidade. A gestão de resultados em empresas não cotadas, priva a obtenção de informação financeira con-fiável, tendo assim o auditor a tarefa de proteger os interes-ses das partes interessadas.

Foi então de  interesse contribuir para o  tema com a análise da  qualidade  dos  resultados  e  qualidade  de  auditoria  nas empresas não cotadas europeias, procurando responder se a qualidade de auditoria melhora a qualidade dos seus resulta-dos  divulgados.  Este  estudo  possui  uma  amostra  de  5.552 empresas  (PME  e  GE),  e  analisa  um  período  de  sete  anos (2005-2011), para as quais existiam dados financeiros e dados dos seus auditores na base dados Amadeus. Começamos por utilizar o modelo Dechow and Ditchev (2002), modificado por McNichols’s  (2002),  para  medir  a  qualidade  dos  resultados. Por forma a testar a nossa hipótese de investigação, foi pos-teriormente  desenvolvido  um  modelo  empírico,  onde  se  re-correu a uma análise estatística multivariada do método dos mínimos quadrados (OLS).Os resultados obtidos  indicam que as empresas não cotadas da  U.E.  que  são  auditadas  por  uma  Big4  apresentam  uma qualidade dos resultados menor do que as empresas que são auditadas por uma auditora não Big4.Os  resultados  sugerem  também  que  empresas  com  maior dimensão  e  com  pior  desempenho  económico  apresentam melhor qualidade nos resultados divulgados.Este  estudo pode  ser  do  interesse não  só para  as  empresas não cotadas, mas também para os diferentes utilizadores de informação  financeira e entidades normalizadoras de  conta-bilidade e auditoria.Espera-se com o presente estudo contribuir para a  literatura que analisa a qualidade dos  resultados e a  sua  relação com a qualidade de auditoria, e em particular, para a escassa lite-ratura que  analisa  a qualidade do  relato  financeiro das  em-presas não cotadas.A restante parte do estudo está dividida em quatro capítulos, sendo efetuado no segundo capítulo uma revisão da literatu-ra que suporta todo o estudo, onde se clarifica os conceitos fundamentais e revela muitos dos estudos feitos anteriormen-te  relacionados  com  o  tema  em  causa.  O  terceiro  capítulo mostra a formulação da hipótese de investigação, a metodo-logia a  seguir  após a  seleção da amostra e a  caracterização da amostra. No quarto capítulo  temos a análise e discussão dos resultados, onde é feita uma análise da estatística descri-tiva das variáveis e uma análise dos resultados multivariados, e  por  fim  no  quinto  capitulo  temos  as  conclusões  finais,  as principais  limitações  do  estudo  e  sugestões  para  futuras  in-vestigações.

2. Revisão da LiteRatuRa

Nos últimos anos foram publicados variados estudos sobre a qualidade de resultados e qualidade de auditoria, sendo estes maioritariamente referentes a empresas cotadas. As empresas 

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130    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

não  cotadas  têm  sido  alvo  de  interesse  de  estudo  recente-mente, existindo ainda poucos estudos disponíveis.No  âmbito  da  análise  efetuada  abordaremos  três  tópicos:  a qualidade dos resultados, a qualidade de auditoria e o impac-to de qualidade de auditoria na qualidade dos resultados.

2.1. a qualidade dos resultados

A qualidade dos  resultados, e em particular a gestão de  re-sultados, tem vindo a ser alvo de interesse em vários estudos de diversos autores, nas mais variadas áreas, nomeadamente na contabilidade, fiscalidade, auditoria, economia e direito.Bushman  e  Smith  (2001)  defendem  que  uma  melhor  quali-dade  da  informação  contabilística,  pode  contribuir  para  a redução do custo de capital através de três vias: pela redução do risco de  informação, pois ajuda os stakeholders a conse-guirem diferenciar os bons dos maus  investimentos; pela re-dução  dos  custos  de  agência  e  do  risco  de  expropriação, devido  a  uma  maior  ajuda  na  distinção  dos  bons  e  maus gestores pelos investidores; pela redução dos custos de tran-sação e do risco de liquidez, que advém de uma menor assi-metria de informação entre os stakeholders.Os  autores  Brav, Graham, Harvey  e  Michaely  (2005)  investi-garam quais os fatores que impulsionam as decisões sobre os dividendos e recompra de ações. Através do estudo, os auto-res  reconhecem que a principal medida de performance uti-lizada  pelos  investidores  são  os  resultados  contabilísticos. Assim  como,  os  autores  Francis,  Shipper  e  Vicente  (2003) concluem  que  os  resultados  contabilísticos  são  a  principal fonte de informação das empresas utilizada pelos investidores.Dechow  e  Schrand  (2004)  que  analisaram  a  qualidade  dos resultados  de  empresas  americanas,  chegaram  a  inúmeras conclusões. Nomeadamente, concluíram que a qualidade de resultados  depende  da  natureza  do  negócio,  bem  como  da integridade e qualidade de gestão; o corporate governance e os auditores desempenham um papel importante na melhoria da  qualidade  dos  resultados;  e  que  as  regras  contabilísticas mais recentes, geralmente não contribuem para uma melho-ria da qualidade dos resultados. As mesmas autoras mencio-nam  também  que  as  empresas  divulgam  mais  informação voluntariamente quando têm necessidades de financiamento e menos quando existem custos  judiciais,  e  também que as empresas  são  mais  propensas  a  divulgar  notícias  negativas, antes da divulgação dos resultados.A gestão de resultados mais conhecida pela expressão ingle-sa  “earnings management”  refere-se  a  situações  onde  os gestores aproveitam-se de alguma forma, da subjetividade das normas  para  atuarem  sobre  as  demonstrações  financeiras, tendo como objetivo alterar os relatórios financeiros no sen-tido de influenciar a opinião dos stakeholders sobre o desem-

penho económico da empresa, ou por outro lado, influenciar os resultados contratuais que dependem dos números conta-bilísticos  reportados  (Healey  e  Wahlen,  1999).  Segundo  Be-neish (2001) a gestão de resultados apresenta duas perspeti-vas, a oportunista, onde os gestores distorcem a informação financeira  divulgada,  de  forma  a  dissimulá-la  aos  seus stakeholders;  e  a  perspetiva  informativa,  onde  os  gestores acrescentam à sua informação financeira, as expetativas acer-ca dos cash flows futuros, dando assim, mais conteúdo infor-mativo aos seus stakeholders.

Entre os poucos estudos que analisam a qualidade da  infor-mação divulgada pelas empresas não cotadas destaca-se o de Ball e Shivakumar (2005), os autores examinaram a qualidade dos  resultados  em  empresas  não  cotadas  do  Reino  Unido comparando o nível de conservadorismo entre empresas co-tadas e não cotadas. A principal  conclusão deste estudo  foi que o reconhecimento de perdas oportunas é substancialmen-te  maior  em  empresas  cotadas  do  que  nas  não  cotadas, apesar das normas regulamentares serem equivalentes. Outro estudo direcionado às empresas não cotadas, foi dos autores Burgstahler e Leuz (2006) que analisaram a gestão de resul-tados  numa  amostra  de  empresas  europeias  cotadas  e  não cotadas, e concluíram que as empresas não cotadas apresen-tam  maiores  níveis  de  gestão  de  resultados.  Os  resultados sugerem também que o nível de gestão de resultados é me-nor nos países com sistemas legais mais eficientes, quer para as cotadas quer para as não cotadas.A expressão “earnings management” pode também ser asso-ciada  à  contabilidade  criativa,  que  segundo  Faria  (2007, p.227) tem como opinião de existirem duas práticas de con-tabilidade  criativa,  as  práticas  legais  e  as  práticas  ilegais. Sendo as práticas legais, as que se aproveitam da subjetivida-de das normas permitindo assim fazer uso de estimações com o objetivo de apresentar a informação financeira como dese-jam. As práticas  ilegais são as que vão diretamente contra o disposto nas normas contabilísticas. Alisar a  volatilidade dos resultados, manter ou aumentar o preço das ações da empre-sa e desviar atenções a notícias desagradáveis aos seus inves-tidores são algumas das  razões que  levam à prática da con-tabilidade criativa (Amat O., Blake J. e Dowds J., 1999).Hunton J., Libby R. e Mazza C. (2006) investigaram a relação entre a transparência dos relatórios financeiros e a gestão de resultados. Os autores concluíram que uma maior transparên-cia  nos  relatórios  financeiros,  facilita  a  deteção  de  earnings management.  Assim  a  maior  transparência  na  informação financeira,  reduz a possibilidade dos gestores  se envolverem em gestão de resultados nas áreas de maior transparência.De  uma  forma  geral,  os  estudos  revelam  que  a  gestão  de resultados  é  efetuada  sempre  com  objetivo  de  obter  um  

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    131

benefício para a empresa ou para o próprio gestor. Isto acon-tece,  principalmente  em  empresas  que  tenham  a  sua  infor-mação  financeira mais  exposta  ao público.  Entende-se  tam-bém que uma menor gestão de resultados leva a uma melhor qualidade dos resultados.

2.2. a qualidade de auditoria

A  responsabilidade da elaboração das demonstrações  finan-ceiras é dos órgãos de gestão devendo estas ser preparadas de  acordo  com  as  normas  aplicáveis.  A  auditoria  financeira tem como objetivo garantir que as demonstrações financeiras apresentam  de  forma  verdadeira  e  apropriada  a  posição  fi-nanceira da empresa, o  resultado das suas operações, as al-terações do capital próprio e os fluxos de caixa. Por esta razão é importante para as empresas terem uma auditoria de qua-lidade, de forma a proporcionar  informação que seja útil na tomada de decisões.Devido  à  separação  entre  a  propriedade  e  a  gestão,  podem existir  problemas  de  assimetria  de  informação  e  de  conflitos de  agência  entre  os  gestores  e  os  investidores.  De  forma  a reduzir os conflitos entre os gestores com os seus investidores, as empresas aumentam a divulgação de informação e procu-ram serviços de qualidade de auditoria (Healy e Palepu, 2001; Inchausti, 1997). De acordo com Fama e Jensen (1983) quan-do a propriedade e controle são menos separados, os conflitos de agência diminuem, assim pode-se esperar que os conflitos de agência são menores em empresas não cotadas do que nas empresas cotadas (Tendeloo e Vanstraelen, 2008).Segundo DeAngelo (1981) a qualidade de auditoria depende da probabilidade do auditor detetar erros materiais e identificar sinais  de  dificuldades  financeiras  da  empresa,  e  também  da probabilidade  do  auditor  vir  a  relatar  as  distorções  e  sinais identificados no relatório de auditoria ou CLC. O mesmo autor menciona que o facto dos auditores estarem sujeitos a sanções disciplinares, no caso de comprometeram a sua independência perante um cliente, incentiva o auditor a restringir a gestão de resultados. As sanções disciplinares degradam muito a reputa-ção de um auditor,  por  isso  as  auditoras  Big4  são mais  pro-pensas  a  realizar  auditorias  de  grande  qualidade,  pois  são empresas que tem muito a perder perante estas situações.A antiguidade da relação entre o auditor e o cliente, pode ou não  causar  impacto  na  qualidade  de  auditoria.  Chi  (2005) examinou  se  a  rotação  obrigatória  do  partner  de  auditoria, promove uma maior qualidade de auditoria (através de dados de auditoria em Taiwan). Os resultados mostram que a qua-lidade  de  relato  financeiro  é  maior  nas  empresas  que  estão sujeitas à  rotação obrigatória do partner. Os autores exami-naram  também,  qual  o  efeito  da  rotação  obrigatória  do partner na perceção de qualidade de auditoria dos investido-

res, onde se concluiu que os investidores têm a perceção que a qualidade de auditoria aumenta quando se verifica a rota-ção, o que pode estar associado à aparência de uma maior independência  do  auditor  perante  o  cliente.  Pelo  contrário, Chen et al.  (2008) que  investigou  se o mandato do auditor prejudica a qualidade dos resultados e Onwuchekwa, Erah e Izedonmi  (2012)  que  estudaram  a  rotação  obrigatória  do auditor e a qualidade de auditoria no Sul da Nigéria, concluí- ram que quanto mais longa a duração do mandato do audi-tor, maior a qualidade de auditoria e a qualidade de resulta-dos,  ou  seja,  existe  um  efeito  negativo  na  qualidade  de auditoria quando se verifica a rotação do auditor.Já Davis (2009) concluiu que nem uma curta, nem uma longa duração entre o auditor e o cliente contribui para a qualida-de de auditoria e consequente qualidade do relato financeiro das empresas americanas (observado no período pré-SOX). A curta  duração  põe  em  causa  o  conhecimento  suficiente  do negócio do cliente, e a longa duração pode colocar em cau-sa a independência entre o auditor e o cliente.

2.3. o impacto de qualidade de auditoria na qualidade dos resultados

Ao  longo dos anos  foram efetuados diversos estudos,  sobre o impacto de vários determinantes de qualidade de auditoria na  qualidade  dos  resultados,  nomeadamente,  a  dimensão, independência e a antiguidade do auditor.Lin e Hwang (2010) realizaram uma meta-análise de 48 estu-dos  sobre  qualidade  de  auditoria,  corporate governance  e gestão  de  resultados.  Os  autores  apuraram  os  efeitos  das determinantes  de  qualidade  de  auditoria  na  gestão  e  quali-dade dos  resultados, onde concluíram que: à medida que o mandato do auditor vai aumentando, o auditor vai obtendo maior experiência e melhor compreensão sobre as operações e  estratégias  de  negócio  do  cliente,  o  que  compensa  a  po-tencial  diminuição  da  independência  entre  o  auditor  e  o cliente, isto é, quanto maior for o mandato menor é a gestão de  resultados;  a  dimensão  do  auditor  contribui  para  uma menor  gestão  de  resultados,  ou  seja,  as  empresas  que  são auditadas  por  uma  Big4  envolvem-se  menos  em  gestão  de resultados; a contratação dos serviços de um auditor especia-lista  melhora  a  qualidade  dos  resultados;  e  as  altas  taxas pagas por uma empresa aos auditores  externos,  aumenta o vínculo económico entre ambos, e desta forma pode provocar problemas  de  independência  e  consequentemente,  origina um forte efeito negativo na qualidade dos resultados.Francis  e  Wang  (2008)  investigaram  o  efeito  conjunto  do nível de proteção dos investidores e da auditoria efetuada por uma Big4 sobre a qualidade dos resultados em todo o mun-do; e Kanagaretnam (2010) estudou a relação entre a repu-

auditoriaVânia Alexandra C. Miranda

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tação do auditor e gestão de resultados em bancos também a  nível  internacional.  Ambos  os  estudos  concluíram  que  as empresas  auditadas  por  uma  Big  4  apresentam  uma  maior qualidade de relato financeiro, ou seja, a dimensão do auditor tem  influência  na  qualidade  dos  resultados.  Por  outro  lado, Boone (2010) questionou se as empresas de auditoria Big4 e de  segunda  linha,  fornecem  auditorias  de  qualidade  seme-lhante. Os resultados sugerem não haver diferença na quali-dade  do  relato  financeiro  entre  as  empresas  auditadas  por uma Big4 ou por uma auditora de segunda linha.Tendeloo e Vanstraelen  (2008) estudaram a gestão de resul-tados  e  qualidade  de  auditoria  em  empresas  europeias  não cotadas.  Os  autores  concluíram  que  as  empresas  auditadas por  uma  Big4  envolvem-se  menos  em  gestão  de  resultados comparando com as empresas auditadas por uma não Big4. Contudo, os autores defendem que esta associação só existe em países com um alinhamento fiscal elevado, pois são países onde  as  autoridades  fiscais  dependem  das  demonstrações financeiras  para  determinar  o  lucro  tributável,  sendo  assim um dos utilizadores mais  interessados nas demonstrações fi-nanceiras. Desta forma, nos países com um alinhamento fiscal elevado, existe uma maior análise às demonstrações financei-ras, o que aumenta a probabilidade da deteção pelas autori-dades  fiscais  de  uma  falha  por  parte  dos  auditores,  o  que afetará negativamente a sua reputação.Os  autores  também  apuraram  que  as  empresas  sediadas  em países com um ambiente legal mais forte, envolvem-se menos em  gestão  de  resultados.  Por  outro  lado,  não  encontraram diferenciação  da  qualidade  de  auditoria  entre  os  países  com um ambiente legal mais forte e os restantes, o que pode estar ligado ao facto da probabilidade de deteção de uma falha de auditoria, um litígio ou uma sanção disciplinar ser muito redu-zida nas empresas não cotadas, porque as demonstrações  fi-nanceiras não são tão analisadas como as das empresas cota-das, mesmo em países com uma forte imposição legal.Em resumo, pelos artigos analisados verifica-se de uma forma geral que os determinantes de qualidade de auditoria como a  dimensão,  antiguidade  do  auditor,  a  especialidade  de  ne-gócio  em  um  auditor  e  a  independência  do  auditor  contri-buem  para  uma  redução  da  gestão  de  resultados  e  conse-quentemente, para uma melhor qualidade dos resultados.

3. metodoLogia e dados

3.1. definição da hipótese de pesquisa e estratégia de investigação

De  acordo  com  o  autor  DeAngelo  (1981)  as  empresas  de auditoria  Big4  são  mais  propensas  a  realizar  auditorias  

de grande qualidade. Desta  forma, definiu-se neste estudo que  a  qualidade  de  auditoria  depende  se  a  auditoria  é  ou não  realizada por uma Big4,  isto é, uma empresa que  seja auditada  por  uma  Big4  possuí  uma  maior  qualidade  de auditoria do que uma empresa que  seja auditada por uma não Big4.Assim, a hipótese a analisar é que as empresas não cotadas que  são  auditadas  por  uma  empresa  Big4  terão  uma  maior qualidade dos  resultados  comparadas  com as empresas não cotadas que são auditadas por empresas não Big4.Para testar esta hipótese, foi desenvolvido um modelo multi-variado para analisar o impacto da qualidade da auditoria na qualidade dos resultados.A medida de qualidade de resultados foi calculada com base no  modelo  Dechow  and  Ditchev  (2002)  modificado  por McNichols’s  (2002),  que  permite  avaliar  a  qualidade  dos  accruals através da relação entre os accruals e os cash flows do período e períodos adjacentes.Segundo  Francis  et  al.  (2004)  a  qualidade  dos  accruals  é  a característica dos  resultados mais  valorizada pelos  investido-res, quando comparada com outras características como se-jam persistência, previsibilidade, relevância, tempestividade e conservadorismo.

3.2. medida de qualidade dos resultados

Dechow and Ditchev  (2002) desenvolveram uma medida de  accruals, com base no desvio padrão dos resíduos da regres-são  dos  working capital accruals  no  operating cash flows passado,  presente  e  futuro.  As  autoras  demonstram  que  o nível  e  a  qualidade  dos  accruals são  complementares  para explicar a persistência dos resultados, apesar da qualidade dos accruals ser mais relevante do que a sua magnitude.As autoras argumentam também que os accruals contribuem para  uma  melhor  alocação  dos  cash flows  aos  períodos, permitindo  que  os  resultados  se  transformem  numa  melhor medida  de  desempenho  da  empresa.  Contudo,  sendo  os accruals maioritariamente constituídos com base em estima-tivas e pressupostos, quando incorretos devem ser corrigidos no futuro. Consequentemente, os resultados no futurosão  influenciados  por  essas  correções,  ou  seja,  os  erros  de mensuração  afetam  o  conteúdo  informacional  dos  accruals sobre cash flows e resultados futuros. Estes erros podem estar relacionados com o sistema normativo contabilístico do país e/ou  com  as  escolhas  das  políticas  contabilísticas  e  com  a capacidade de estimação dos gestores.Dechow and Ditchev (2002) concluem também que as cara-terísticas  observáveis  de  uma  empresa,  como  o  ciclo  opera-cional,  o  tamanho,  a  magnitude  dos  accruals,  as  perdas consecutivas,  e  a  volatilidade  dos  accruals,  das  vendas,  dos 

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    133

fluxos de caixa e do lucro podem ser utilizadas como métricas para  a  qualidade  dos  accruals.  A  volatilidade  das  vendas, assim  como,  a  volatilidade  dos  fluxos  de  caixa  e  accruals, quando é elevada, está relacionada a um ambiente operacio-nal  instável, o que  leva a existir maiores erros de estimação, e consequentemente, uma baixa qualidade dos accruals. Uma maior  magnitude  dos  accruals,  também  está  ligada  a  um decréscimo  da  qualidade  dos  mesmos,  pois  quanto  mais  accruals a empresa tiver, maior é a probabilidade de erro de estimação. Relativamente ao ciclo operacional de uma empre-sa, se este for extenso, leva a uma maior exposição de incer-tezas, assim, quanto maior  for o ciclo, menor é a qualidade dos accruals. Por outro lado, as empresas maiores, geralmen-te possuem operações mais estáveis e previsíveis, desta forma, podem com maior facilidade reduzir os erros de estimativa, e assim obterem maior qualidade de accruals. Por fim, as perdas podem apontar para grandes choques no ambiente operacio-nal da empresa, os quais podem originar uma maior proba-bilidade de existirem erros de estimação, e o que leva a uma diminuição da qualidade dos accruals.Neste estudo, optou-se pela utilização do modelo de Dechow and Ditchev  (2002) modificado por McNichols’s  (2002),  que acrescenta  ao  modelo  a  variação  do  revenue  e  o  property, plant and equipment, pois esta autora  indica que com a  in-serção destas  variáveis  aumenta o poder  explicativo do mo-delo  original  reduzindo  desta  forma  a  margem  de  erro.  O modelo apresenta-se da seguinte forma:

WCAi,t = β0,i + β1,iCFOi,t–1 + β2,iCFOi,t + β3,iCFOi,t+1 + β4,i ΔRevi,t + β5,i PPEi,t+ εi,t (1)

Em que:WCAi,t = working capital accruals no ano t da empresa i;CFOi,t–1 = operating cash flows no período t-1 da empresa i;CFOi,t = operating cash flows no período t da empresa i;CFOi,t+1 = operating cash flows no período t+1 da empresa i;ΔRevi,t  =  variação  do  revenues  entre  o  período  t  e  t-1  da 

empresa i;PPEi,t = property, plant and equipment  no período  t da em-

presa i;εi,t = resíduos de estimativa no período t da empresa i;

As variáveis do modelo foram divididas pelo total dos ativos no  início do ano, para  controlar  as diferenças a nível de di-mensão das empresas e os coeficientes foram estimados por sector de atividade, de forma a controlar as diferenças a nível de características do negócio.Os working capital accruals e os operating cash flows foram calculados da seguinte forma:

WCAi,t = ΔCAi,t – ΔCLi,t – ΔCashi,t + ΔDeti,t (2)

Em que:ΔCAi,t = variação do current assets entre o ano t-1 e o ano t 

da empresa i;ΔCLi,t = variação do current liabilities entre o ano t-1 e o ano 

t da empresa i;ΔCashi,t  =  variação  de  cash  entre  o  ano  t-1  e  o  ano  t  da 

empresa i;ΔDeti,t = variação da debt in current liabilities entre o ano t-1 

e o ano t da empresa i.

CFOi,t = NIBEi,t – (ΔCAi,t – ΔCLi,t – ΔCashi,t + ΔDeti,t – Depi,t ) (3)

Em que:NIBEi,  =  net income before extraordinary items  no  ano  t  da 

empresa i;Depi,t = depreciation and amortization expense  no ano  t da 

empresa i.

Posteriormente  à  estimativa  da  equação  (1),  foi  calculado  a medida de qualidade dos accruals, através do desvio padrão dos resíduos, como se segue:

CFOi,t = σ(εi,t ) (4)

Quanto  maior  o  valor  de  AQ  menor  é  a  qualidade  dos accruals e, consequentemente, menor é a qualidade dos  re-sultados da empresa.

3.3.modelo empírico

Foi desenvolvido o seguinte modelo multivariado, por forma a testar a nossa hipótese de investigação:

AQi = β0,i + β1,i Big4i + β2,i Sizei + β3,i LEVi + β4,i ΔGrowthi + β5,i ROAi + β6,iCountryi + β7,i Industryi + εi (5)

A  variável  dependente AQi  do modelo empírico é  a medida de qualidade dos resultados, calculada pelo modelo Dechow e Dichev (2002) modificado por McNichols’s  (2002), descrito anteriormente.A  tabela  I que  se  segue, apresenta a definição das variáveis independentes, faz referência a estudos anteriores que supor-tam  a  escolhas  das  variáveis  para  o  estudo  e  indica  o  sinal que é esperado nos nossos  resultados para cada variável  in-dependente. As variáveis  independentes  são a média obtida para o período amostral por empresa.

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Tabela I – Definição das variáveis independentes do modelo multivariado

variável descrição Referência da literatura sinal*

Big4 Variável dummy que apresenta valor “1” caso uma empresa seja audita-da por uma Big4 e toma valor “0” caso  esse  pressuposto  não  se  con-cretize, a qual permite diferenciar a qualidade de auditoria.

De acordo com o autor DeAngelo (1981), as sanções disciplinares a  que  os  auditores  estão  sujeitos,  leva  às  empresas  de  auditoria Big4 estarem mais propensas a realizar auditorias de maior quali-dade, devido à  sua grande preocupação de manter uma boa  re-putação  no  mercado,  por  isso,  é  esperado  que  a  variável  Big4 tenha sinal negativo.

Size Mede a dimensão da empresa, atra-vés do logaritmo do total dos ativos líquidos.

Frequentemente considerada na literatura como um determinante relevante da gestão de resultados e do nível dos accruals (Tendeloo e  Vanstraelen,  2008;  Watts  e  Zimmerman,  1990;  Young,  1999). De acordo com o estudo de Tendeloo e Vanstraelen, (2008) existe uma relação entre a dimensão e a gestão de resultados; Bonne J., (2010) apurou que as empresas de maior dimensão estão menos envolvidas  em  gestão  de  resultados.  Assim,  é  esperado  que  a variável tenha um sinal negativo.

LEV Mede o nível de endividamento da empresa,  através  do  rácio  entre  o total do passivo e o total do ativo.

Esta variável pode influenciar a gestão de resultados e consequen-temente a qualidade dos resultados por duas vias. Por um lado, é esperado que as empresas com um maior rácio de endividamento, pratiquem mais gestão de resultados, de forma a afastar possíveis situações de violação de cláusulas dos contratos de dívida (Tende-loo  e  Vanstraelen,  2008;  Watts  and  Zimmerman,  1990;  Young, 1999). Por outro lado, as empresas com um rácio de endividamen-to elevado em empresas com dificuldades financeiras, pode  levar a uma gestão de resultados decrescente, tendo em conta as rene-gociações contratuais (Tendeloo e Vanstraelen, 2008; Becker et al., 1998). Assim não conseguimos prever o sinal para esta variável.

?

Growth Variação  do  volume  de  negócios (vendas e prestações de serviços).

Esta variável pretende controlar as diferenças na performance das empresas.  Conforme  Tendeloo  e  Vanstraelen  (2008)  e  Boone (2010) sugerem que as empresas com um maior crescimento são incentivadas à gestão de resultados. Então é esperado que a variá- vel apresente um sinal positivo.

+

ROA Mede  a  rendabilidade  dos  ativos, demonstrando  o  quanto  capazes são os ativos da empresa em gerar resultados.

Esta  variável  é  também  uma  forma  de  controlar  diferenças  de performance, tendo-se mostrado uma variável relevante em estu-dos  relacionados  com  a  qualidade  dos  resultados  (Tendeloo  e Vanstraelen, 2008 e Davis, 2009).Segundo os resultados de Tendeloo e Vanstraelen (2008), as em-presas com maior rendibilidade dos ativos, envolvem-se menos em gestão de resultados.

Country Variável dummy, que apresenta va-lor “1” caso uma empresa pertença ao país respetivo para cada dummy criada  e  toma  valor  “0”  caso  esse pressuposto não se verifique.

Esta  variável  permite  controlar  os  efeitos  das  características  dos países na qualidade de resultados, conforme os estudos realizados por Tendeloo e Vanstraelen (2008). n.a.

Industry Variável dummy, que apresenta va-lor “1” caso uma empresa pertença à  indústria  respetiva  para  cada dummy  criada  e  toma  valor  “0” caso esse pressuposto não se verifi-que. Ver detalhe das indústrias inse-ridas no estudo na tabela em anexo.

Esta variável permite controlar os efeitos da indústria na qualidade de  resultados,  conforme  os  estudos  realizados  por  Tendeloo  e Vanstraelen (2008) e Che net al. (2008).

n.a.

* ? associação não previsível; – associação negativa; + associação positiva; n.a. not aplicable

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3.4.caracterização da amostra

Os dados para a seleção da amostra, foram recolhidos da base de  dados  Amadeus,  da  versão  8.03  do  dia  17  de  abril  de 2013.  Os  dados  da  amostra  que  suportam  todo  o  estudo efetuado, compreende o período de 2003 a 2012, tendo sido possível a criação do nosso modelo para um período de sete anos, entre 2005 e 2011.Inicialmente o critério de seleção dos dados a serem extraídos desta base dados incidiu sobre todas as empresas não cotadas da U.E., em  todos os  tipos de  setores de  indústria,  com ex-ceção do setor financeiro, que incluí, nomeadamente, bancos, seguradoras e holdings financeiras, e do setor de administra-ção pública, à semelhança de estudos efetuados anteriormen-te por outros autores.Numa segunda fase foi feita uma seleção de todas as empre-sas com um operating revenue superior a €50.000 milhares no seu último ano de publicação dos dados. Esta seleção foi feita de acordo com a recomendação da Comissão 2003/361/ /CE, de 6 de maio de 2003, onde um dos critérios para que uma empresa da U.E. seja considerada uma PME, é que o seu volume de negócios seja igual ou superior a €50.000 milha-res.Posteriormente excluiu-se as empresas que não tinham dispo-nível  a  informação  do  seu  auditor  e  as  empresas  que  não continham dados suficientes para calcular a medida de qua-lidade  de  resultados.  Como  tal,  foram  excluídas  todas  as empresas com menos de 5 anos de informação.Feita esta avaliação, verificou-se para alguns dos países (Bul-gária,  Chipre,  Dinamarca,  Estónia,  Grécia,  Lituânia,  Letónia, Roménia, Eslováquia e Irlanda) e igualmente para algumas das indústrias (Educação, Artes entretenimento e lazer, Atividades das famílias empregadoras, Atividades de organizações e en-tidades  extraterritoriais),  a  existência  de  um  número  muito 

reduzido de empresas com os dados necessários para o cál-culo da medida de qualidade dos resultados, pelo que proce-deu-se à sua exclusão da amostra.Adicionalmente,  excluiu-se  os  outliers  de  todas  as  variáveis necessárias ficando com dados entre o percentil 5% e 95%. A amostra final é composta por 5.552 empresas, de 16 seto-res de atividades e 13 países diferentes. A tabela II apresenta a distribuição da amostra por setor de atividade.Verificamos  que  se  destacam  três  setores  de  indústria  na nossa amostra, o setor C que pertence às empresas industriais (27,74%), o setor G, correspondente ao comércio grossista e retalho,  reparação  de  veículos  automóveis  e  motociclos (29,48%)  e  o  setor  M,  relativo  a  profissionais  científicos  e atividades técnicas (10,39%).Analisando a amostra pelas empresas que são auditadas por uma  Big4,  verifica-se  que  as  indústrias  de  maior  relevância para a amostra são a do setor C e G representando respeti-vamente,17,94%  e  15,22%  das  observações  da  amostra. Igualmente  nas  empresas  auditadas  por  uma  não  Big4,  as indústrias  mais  relevantes  são  também  a  do  setor  C  e  G, apresentando, 9,80% e 14,27%, respetivamente. As empre-sas  auditadas  por  uma  Big4  representam  59%  da  amostra, sendo os restantes 41% relativos às empresas não auditadas por uma Big4.Por outro lado, feita uma análise da composição da amostra por país,  conforme a  tabela  III,  apuramos que grande parte da amostra  incide principalmente no Reino Unido (39,50%), seguidamente na Suécia (15,18%) e na Alemanha (11,62%). Nestes três países mais relevantes, verifica-se que as empresas auditadas  por  uma  Big4  recaem  mais  no  Reino  Unido  e  na Suécia,  representando  respetivamente 25,38% e 9,49%, ao contrário  da  Alemanha  que  apresenta  mais  empresas  não auditadas por uma Big4,  representando cerca de 7,15% do total das empresas auditadas por uma não Big4.

Tabela II – Composição da amostra por setor de indústria e tipo de auditor

setor de indústria

total amostra auditor big4 auditor não big4n.º empresas Percentagem (%) n.º empresas Percentagem (%) n.º empresas Percentagem (%)

A 35 0,63% 19 0,34% 16 0,29%B 48 0,86% 40 0,72% 8 0,14%C 1.540 27,74% 996 17,94% 544 9,80%D 138 2,49% 75 1,35% 63 1,13%E 47 0,85% 28 0,50% 19 0,34%F 286 5,15% 144 2,59% 142 2,56%G 1.637 29,48% 845 15,22% 792 14,27%H 279 5,03% 185 3,33% 94 1,69%I 74 1,33% 55 0,99% 19 0,34%J 244 4,39% 191 3,44% 53 0,95%K 163 2,94% 84 1,51% 79 1,42%L 73 1,31% 31 0,56% 42 0,76%M 577 10,39% 312 5,62% 265 4,77%N 268 4,83% 170 3,06% 98 1,77%Q 85 1,53% 42 0,76% 43 0,77%S 58 1,04% 40 0,72% 18 0,32%

total 5.552 100% 3.257 59% 2.295 41%

auditoriaVânia Alexandra C. Miranda

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4. anáLise e discussão dos ResuLtados

4.1. estatística descritiva das variáveis

A tabela  IV apresenta a estatística descritiva das variáveis do modelo multivariado definido para o nosso estudo.

Tabela IV – Estatística descritiva das variáveis do modelo

variável obs média mediana desvio Padrão mínimo máximo

AQ 5.552 0,0614171 0,0474889 0,0453364 0,0114047 0,2302581

Size 5.552 11,112500 10,968710 0,9820363 9,4395150 13,618740

LEV 5.552 0,6584775 0,6720105 0,1673517 0,2888913 0,9713284

Growth 5.552 0,0852575 0,0661175 0,0920021 -0,0561866 0,4471025

ROA 5.552 0,0490738 0,0423067 0,0452005 -0,0468440 0,1811254

A medida de qualidade dos accruals AQ,  toma em média o valor de 0,0614, em mediana o valor de 0,0475 e em desvio padrão o valor de 0,0453. Estes valores não apresentam dis-crepâncias,  sendo  todos  eles  similares  o  que  evidência  uma normalidade da distribuição da amostra.Em  termos  médios,  as  empresas  apresentam  um  nível  de endividamento  (LEV) na ordem dos 65,8%, um crescimento anual de vendas de 8,5% e um ROA perto dos 5%.Os  resultados  sugerem que a amostra apresenta uma distri-buição  normal,  pois  os  valores  apresentados  são  no  geral muito  semelhantes,  o  que  evidência  a  não  dispersão  dos dados.

4.2.matriz de correlação

A tabela V apresenta a correlação entre as variáveis do mo-delo multivariado definido para o nosso estudo.

Tabela V – Matriz da correlação das variáveis

big4 aQ size Lev growth Roabig4 1

aQ 0,0956*** 1

size 0,2608*** -0,0629*** 1

Lev -0,0002 -0,0586*** -0,0485*** 1

growth -0,0492*** 0,0785*** -0,1065*** 0,1089*** 1

Roa 0,0582*** 0,0929*** -0,1090*** -0,3298*** 0,1025*** 1

*, ** e *** Significância estatística a 10%, 5% e 1%, respetivamente

Pode-se verificar de  forma geral, que  todas as  variáveis  têm uma correlação fraca entre si. A correlação mais elevada é de 0,3298, entre ROA e LEV, sugerindo que empresas mais en-dividadas apresentam níveis de rendibilidade mais baixos.A variável dependente AQ está significativamente e positiva-mente correlacionada com as variáveis Big4, Growth e ROA, e  significativamente  correlacionada  negativamente  com  as variáveis  Size  e  LEV.  Os  resultados  sugerem  que  empresas auditadas  por  uma  Big4,  com  níveis  de  performance  mais elevados,  de  menor  dimensão  e  menos  endividadas,  têm menor qualidade dos resultados.Todas  as  variáveis  apresentam  correlações  estatisticamente significativas, à exceção da correlação entre a variável Big4 e LEV, que revelou não ser estatisticamente significativa.

4.3. análise dos resultados multivariados

Na  tabela  VI,  é  apresentado  as  estimativas  dos  coeficientes da regressão cross-sectional (equação 5).

Tabela III – Composição da amostra por país e tipo de auditor

Paístotal amostra auditor big4 auditor não big4

n.º empresas Percentagem (%) n.º empresas Percentagem (%) n.º empresas Percentagem (%)Bélgica  78 1,40% 43 0,77% 35 0,63%Républica Checa 173 3,12% 9 0,16% 164 2,95%Alemanha 645 11,62% 248 4,47% 397 7,15%Espanha 447 8,05% 258 4,65% 189 3,40%Finlândia 249 4,48% 219 3,94% 30 0,54%França 68 1,22% 33 0,59% 35 0,63%Reino Unido 2.193 39,50% 1.409 25,38% 784 14,12%Hungria 176 3,17% 69 1,24% 107 1,93%Itália 328 5,91% 222 4,00% 106 1,91%Países Baixos 127 2,29% 92 1,66% 35 0,63%Polónia 182 3,28% 106 1,91% 76 1,37%Portugal 43 0,77% 22 0,40% 21 0,38%Suécia 843 15,18% 527 9,49% 316 5,69%

total 5.552 100% 3.257 59% 2.295 41%

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Tabela VI – Resultados do modelo de regressão

sinal esperado coeficiente P-value

big4 – 0,0068338 0,000

size – -0,0040185 0,000

Lev ? 0,0049724 0,147

growth + 0,0322598 0,000

Roa - 0,0354911 0,011

constante 0,0861071 0,000

country dummy Yes

industry dummy Yes

nº observações 5.552

F test 0.0000

R2 ajustado 0.3268

A  variável  “Big4”  apresenta  um  coeficiente  positivo (0,0068338) estatisticamente significativo (p-value = 0,000) o que  sugere  que  as  empresas  auditadas  por  uma  Big4  apre-sentam uma qualidade de accruals, e consequentemente qua-lidade  de  resultados,  menor  do  que  as  empresas  auditadas por uma não Big4. Desta forma, com os resultados apurados, rejeitamos a hipótese formulada no início do estudo.Este resultado, embora contrário ao esperado, está em linha com resultados apresentados em estudos anteriores. De acor-do com o estudo  realizado por Boone  (2010),  relativamente aos  earnings management,  esta  variável  em  nenhuma  das suas  perspetivas  de  análise  se  apresenta  como  sendo  uma variável  estatisticamente  significativa;  assim  o  autor  conclui que as Big4 e as auditoras de segunda linha são semelhantes a  restringir a capacidade do cliente a envolver-se em gestão de resultados. Já Tendeloo e Vanstraelen (2008) concluem que as empresas Big4 restringem mais a gestão de resultados em comparação  com  as  auditoras  não  Big4  em  países  com  o alinhamento fiscal elevado. Em países com alinhamento fiscal baixo, as empresas auditadas por uma Big4 não apresentam menor  gestão  de  resultados,  quando  comparadas  com  as empresas auditadas por uma não Big4.Relativamente às variáveis de controlo, pode-se constatar que todas as variáveis revelam significância estatística com exceção da LEV (p-value = 0,147).Fazendo uma análise individual para cada variável de contro-lo, o coeficiente negativo da variável Size, sugere que quanto menor  for  a dimensão da empresa pior  é qualidade dos  re-sultados, ou seja, empresas de menor dimensão apresentam menor  qualidade  dos  resultados.  Estes  resultados  estão  em linha com o que era esperado e com os resultados apresen-tados  por  Tendeloo  e  Vanstraelen  (2008)  e  Boone  (2010). Ambos encontraram uma relação negativa entre a dimensão da empresa e a prática de earnings management.A  variável  LEV  apresenta  um  coeficiente  positivo  sugerindo que  empresas  mais  endividadas  apresentam  pior  qualidade 

dos resultados. No entanto, tal como em Boone (2010), esta variável não é estatisticamente significativa (p-value = 0,147). Perante estes resultados, nada nos diz que os níveis de endi-vidamento possam estar associados ao nível de qualidade dos resultados das empresas em análise.Ambas  as  variáveis  que  pretendem  controlar  os  efeitos  da performance das empresas na qualidade dos accruals, Growth e  ROA,  apresentam  coeficientes  positivos  e  estatisticamente significativos. Empresas com níveis de crescimento do volume de  negócios  e  de  rendibilidade  superiores,  apresentam  pior qualidade dos resultados. Mais uma vez, os resultados obtidos em relação à variável Growth, estão de acordo com o espe-rado e com os resultados apresentados em Boone (2010). Já a  variável  ROA  tem  um  sinal  contrário  ao  esperado  e  vai contra  aos  resultados  apurados  de  Tendeloo  e  Vanstraelen (2008).Por  fim,  o  valor  do  R2  ajustado,  indica  que  a  variação  da qualidade dos accruals (AQ), pode ser explicada em cerca de 33% pelas variáveis independentes inseridas no modelo. Pelos resultados  obtidos,  verificamos  também  que  a  hipótese  do modelo  ser  inválido,  está  colocada  de  parte,  pois  o  valor  p  da estatística F é nulo (p=0,0000), o que significa que o mo-delo é valido para a explicação da variação da qualidade dos accruals.

5. concLusões

5.1. síntese global do estudo

O objetivo deste  estudo  foi  o  de perceber  se  existe  alguma relação  entre  a  qualidade  dos  resultados  e  a  qualidade  de auditoria em empresas não cotadas europeias, pelo facto de ser  um  tema  que  ainda  não  foi  muito  explorado  neste  tipo de empresas. De forma a atingir o objetivo,  foi definido um modelo  multivariado,  usando  como  variável  dependente  a medida da qualidade dos accruals, calculada através do mo-delo de Dechow e Dichev (2002) modificado por McNichols’s (2002).  Para  o  cálculo desta medida  e modelo,  foi  utilizado dados  financeiros  retirados  da  base  dados  Amadeus,  para 5.552 empresas, para um período de análise de 2005 a 2011 (7anos). A amostra é composta por 3.257 empresas não co-tadas auditadas por uma Big4 (59% da amostra total) e 2.295 empresas não cotadas auditadas por uma não Big4 (41% da amostra total).Os principais resultados indicam que as empresas não cotadas da U.E. auditadas por uma Big4 têm uma qualidade dos re-sultados inferior às empresas que são auditadas por uma não Big4. Os autores Tendeloo e Vanstraelen (2008) apresentaram um  resultado  consistente,  onde  concluíram  que  em  países 

auditoriaVânia Alexandra C. Miranda

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com  o  alinhamento  fiscal  baixo,  as  empresas  auditadas  por uma Big4 envolvem-se mais em gestão de resultados quando comparadas  com as empresas auditadas por uma não Big4. Por outro  lado, o  autor Boone  (2010)  concluiu que a quali-dade  de  auditoria  das  auditoras  Big4  e  das  não  Big4  são semelhantes na restrição de gestão de resultados nas empre-sas.As auditoras Big4 são normalmente consideradas competen-tes,  independentes  e que prestam  serviços de melhor quali-dade,  este  estudo  vem  contrariar  esta  noção.  Uma  possível explicação para estes resultados é o facto de estarmos a es-tudar  empresas  que  não  são  cotadas,  estando  estas  menos expostas  no  mercado  e  consequentemente  a  existência  de uma menor exposição por parte da empresa auditora, ou seja, poderá existir uma maior preocupação das Big4 na prestação dos seus serviços às empresas cotadas comparativamente com os  serviços prestados às  empresas não  cotadas, pois  as  em-presas cotadas estão muito expostas no mercado o que leva também a uma maior exposição dos seus auditores.Concluímos também que as empresas com uma maior dimen-são, menor rendibilidade dos seus ativos e com um nível de crescimento menor, apresentam melhor qualidade de resulta-dos.  Estes  resultados  são  igualmente  consistentes  com  os estudos  realizados  pelos  autores  Tendeloo  e  Vanstraelen (2008) e Boone (2010), à exceção da variável ROA.Resumidamente todas as variáveis independentes do modelo, à exceção da variável LEV, mostram ser estatisticamente sig-nificativas  em  relação  à  variável  dependente  AQ,  ou  seja,  a variável  dependente  tem  uma  dependência  cumulativa  com todas as variáveis que mostraram ser significativas nos resul-tados deste estudo.Estes resultados contribuem para a literatura sobre a qualida-de dos  resultados e a sua relação com a qualidade de audi-toria, e em particular, para a escassa  literatura que analisa a qualidade do relato financeiro das empresas não cotadas. Este estudo é também de interesse para as empresas não cotadas, para  os  diferentes  utilizadores  de  informação  financeira  e entidades normalizadoras de contabilidade e auditoria.

5.2. Limitações do estudo

Consideramos como uma  limitação neste estudo o  facto da informação do auditor de cada empresa apresentada na base dados Amadeus, não  ser a mais  clara, pois para muitas das empresas estão associadas mais do que um auditor, não per-cebendo desta forma qual o auditor que dá a sua opinião em relação às contas. Outra  limitação, é o  facto de não  termos controlado os prováveis efeitos da atual crise financeira naqualidade dos resultados.

5.3. sugestão para futuras investigações

Seria  de  grande  interesse  aprofundar  um  pouco  mais  este tema,  que  se  encontra  muito  atual  e  devido  à  escassez  de estudos  orientados  para  as  empresas  não  cotadas.  Como sugestão, poder-se-ia  ir mais além neste estudo e analisar o impacto a nível fiscal, se os resultados aqui apurados se man-têm para os países com um alinhamento fiscal elevado e para os países com um alinhamento fiscal baixo e incluir variáveis de governo das  sociedades,  dado  existir  evidência  na  litera-tura  de  uma  relação  estatisticamente  significativa  entre  a qualidade do sistema de governação e a qualidade dos resul-tados.

ReFeRências bibLiogRáFicas

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    139

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Recomendação da Comissão 2003/361/CE, Jornal Oficial da União Euro-peia de 6 de maio de 2003.

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anexos

Classificação da indústria pelo código NIC 2008

secção grupo de indústria código nic

A Agricultura, silvicultura e pesca 01 a 03

B Indústria extrativa 05 a 09

C Industrial 10 a 33

D Eletricidade, gás e ar condicionado 35

EAbastecimento de água, atividades saneamento e gestão de resíduos

36 a 39

F Construção 41 a 43

GComércio  grossista  e  retalho, reparação  de  veículos  automóveis e motociclos

45 a 47

H Transporte e armazenamento 49 a 53

I Alojamento, restauração e catering 55 a 56

J Informação e comunicação 58 a 63

K Holdings não financeiras 64 a 66

L Atividades imobiliárias 68

M Profissionais, científicas e técnicas 69 a 75

NAtividades  administrativas  e  dos serviços de apoio

77 a 82

Q Ação social e saúde humana 86 a 88

S Outras atividades de serviços 94 a 96

(*)  2.º prémio do Prémio de Contabilidade “Luiz Chaves de Almeida” – Ed. 2014.

(**)  Dissertação  do  Mestrado  em  Contabilidade,  Fiscalidade  e  Finanças Empresariais pelo  Instituto Superior de Economia e Gestão orientado pela Professora Doutora Cristina Belmira Gaio Martins da Silva e Pro-fessora Doutora Inês Maria Galvão Teles Ferreira da Fonseca Pinto.

A campanha de novos associados continua!

No espírito do livre associativismo e entreajuda, a Direcção da APOTEC decidiu continuar com a Campanha de novos associados que teve início em 2012, por ocasião dos 35 anos da APOTEC.

Mais de duzentos novos associados aderiram à APOTEC no ano transacto! Uma Associação livre, de inscrição faculta-tiva e de  reconhecida utilidade pública. A confiança dos Associados  impele-nos e motivamos a  servir mais e melhor, em defesa e acompanhamento profissional, nos limites estipulados no Estatuto que rege a APOTEC.

camPanHa de novos associados

•   Os novos associados beneficiam de uma acção de Formação gratuita1

•   Os associados que divulguem e promovam a APOTEC, que proponham novos associados, beneficiam também de uma acção de Formação gratuita1

1  Acções de Formação limitadas a 6 horas (1 dia)

auditoriaVânia Alexandra C. Miranda

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140    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

Fiscalidade

A descida do IVA na restauração: análise à proposta do OE/2016(*)

Joaquim Miranda SarmentoProfessor Auxiliar de Finanças no ISEG, PHD in Finance (Tilburg)

Entre as propostas em discussão para 2016, de âmbito fiscal, a principal reside na descida do IVA da restauração para 13% (taxa  intermédia)  (naturalmente  com  valores  diferentes  para os Açores e Madeira). A  redução do  IVA deverá ocorrer du-rante o segundo semestre do ano, sendo feita de uma forma diferenciada.  A  proposta  que  existe  neste  momento  reduz para  13%  a  taxa  aplicável  às  prestações  de  serviços  de  ali-mentação e dos artigos geralmente designados por “cafeta-ria”, continuando a prestação de serviços na generalidade das bebidas  sujeita  à  taxa  de  23%.  Paralelamente,  consagra-se igualmente no âmbito da taxa intermédia do IVA a venda de refeições  confecionadas  prontas  a  consumir  (designado  por take away ), assegurando um tratamento uniforme com o da restauração, à semelhança do regime que vigorou até 2012.Esta  medida  visa  reverter  uma  das  medidas  mais  polémicas tomadas  no  Orçamento  do  Estado  para  2012  consistiu  na exclusão dos serviços de restauração da lista II do Código do IVA, o que determinou o aumento da taxa de impostos sobre estes serviços de 13% para 23%, passando-se assim da taxa intermédia para a taxa normal. O argumento mais apresentado contra a bondade desta me-dida  tem  sido  o  de  que  o  efeito  do  aumento  do  IVA  no preço final da refeição(1), aliado ao efeito de quebra do ren-dimento  dos  consumidores,  sempre  levaria  a  uma  quebra significativa na procura.  Tal  consequência,  a  par  da  alegada impossibilidade de muitos dos restaurantes reduzirem as suas margens  de  lucro,  teria  o  condão  de  levar  à  falência  um número  elevado  de  restaurantes,  com  o  inevitável  aumento do  desemprego.  Por  outro  lado,  a  restauração  insere-se  no turismo, o qual representa um sector estratégico para a com-petitividade da economia portuguesa, correspondendo a cer-ca de 11% do PIB. Não devemos esquecer que a tributação deverá ter em consideração a competitividade e internaciona-lização da economia portuguesa, no quadro de uma sã con-corrência (artigo 7.º, n.º 1, da LGT).Desta forma, coloca-se a questão pertinente se deve o IVA da restauração descer para 13% ou pelo contrário, deve-se man-

ter  nos  23%.  O  autor  destas  linhas  entende  que  a  decisão deveria ser a da manutenção dos serviços de restauração na taxa normal. O desagravamento fiscal desta atividade é gera-dor de injustiça e ineficiência. Vejamos porque. Qualquer  sistema  fiscal  tem  três  objetivos:  arrecadação  de receita,  redistribuição de riqueza e promoção do desenvolvi-mento  económico  (artigo  5.º,  n.º  1,  da  LGT)(2),  naquilo  que em  Finanças  Públicas  se  designa  por  “Funções Orçamentais de Musgrave”.  Uma  medida  na  área  fiscal  terá  sempre  im-pacto  a  estes  três  níveis,  donde  que  a  questão  em  apreço deve sempre ser analisada à luz destes objetivos.Relativamente ao objetivo de arrecadação da  receita, os de-fensores da redução do IVA neste sector argumentam que o aumento da taxa acarretou uma redução da receita, sugerin-do um efeito da “curva de Laffer”(3). O  único  relatório  disponível  sobre  este  ponto  é  de  2013, sendo proveniente do governo(4),(5),(6). A subida da taxa do IVA gerou em 2012 um aumento de receita de 272 milhões €, o que representa um aumento de 109%. Como o aumento da taxa, de 10 p.p., é apenas  responsável por um aumento de 76,9%, os autores deste relatório estimam que o impacto do combate à evasão fiscal seja responsável por um aumento de 44,3 p.p.,  sendo que a quebra do volume de negócios  terá representado  uma  diminuição  da  cobrança  de  imposto  em 12,2  p.p.  O  relatório  estima  que  o  efeito  liquido  deste  au-mento terá sido de 172 milhões €, uma vez que houve uma quebra na cobrança de IRS, IRC e contribuições para a segu-rança  social  no montante  total  de  cerca de 100 milhões  €. Contudo, este cálculo do efeito líquido não se afigura corre-to, já que não é possível separar o que na quebra de receita do IRS, IRC e contribuições para a segurança social, foi efeito da quebra na atividade económica por  via da  alteração dos padrões de consumo e o que foi efeito da quebra da ativida-de por via do efeito preço do aumento do IVA.Já para proposta em discussão, o OE/2016 apontava, no seu relatório,  para  uma  perda  de  receita  de  175  M€  para  um período  de  6  meses.  Na  prática,  embora  a  receita  não  seja 

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    141

linear, dada o efeito de sazonalidade, poderá representar uma perda de receita anual entre os 300 a 400 M€. Já  o  segundo  e  terceiro  objetivos  devem,  neste  caso,  ser analisados em conjunto. Sempre que existe um facto tributário que sujeito a uma taxa de imposto inferior à taxa normal ou máxima (ou, no limite, a  uma  isenção),  estamos  perante  um  benefício  fiscal(7).  Os benefícios fiscais são designados em Finanças Públicas como despesa  fiscal(8).  Sendo que um benefício  fiscal gera  sempre uma perda de receita (fiscal) que tem de ser compensada no Orçamento, segundo uma de três formas, ou uma combina-ção destas: aumento de outro  imposto,  redução da despesa ou aumento do défice orçamental (e, consequentemente, da divida pública).Desta forma, a descida da taxa de IVA da restauração de 23% para 13% significa uma subsidiação deste serviço. Entenda-se: trata-se,  simplesmente,  de  colocar  todos  os  contribuintes  a subsidiar  os  consumidores  deste  serviço.  De  facto,  e  como salienta  Freitas  Pereira,  um  beneficio  fiscal  consiste  numa vantagem  (ou desagravamento) de certa entidade, atividade ou situação face às demais, o que, naturalmente, terá impac-to nas preferências dos agentes económicos(9). Assim, não se pode  compreender um benefício  fiscal  que não  seja, per si, um instrumento de política económica, ou que não tenha um objetivo económico-social ou outra finalidade extrafiscal que possa  justificar  essa  exceção  e,  com  esta,  a  derrogação  dos importantes  princípios  fiscais  da  igualdade  e  da  capacidade contributiva. Por outro lado ainda, não obstante podermos afirmar que se trata  de  um  serviço  com  impacto  significativo  no  consumo privado, não se afigura sensato designá-lo como um bem de primeira necessidade. Podemos mesmo sustentar que existirá uma forte correlação entre o rendimento disponível e o con-sumo de  serviços de  restauração, quer  em volume quer  em preço.  Na  realidade,  as  famílias  de  parcos  rendimentos  não terão,  por  norma,  padrões  de  consumo  em  que  se  incluam estes  serviços.  Consequentemente,  e  ao  contrário  do  que muitos  julgarão,  uma  descida  da  taxa  do  IVA  sobre  estes serviços promoveria uma transferência de rendimentos entre as famílias de rendimentos mais baixos para as de rendimen-tos mais  elevados. O que, naturalmente,  significaria um au-mento na desigualdade da distribuição de riqueza e nas assi-metrias sociais. Olhando de perto o terceiro objetivo, não deixa de ser verda-de  que  o  serviço  da  restauração  é  um  serviço  de  trabalho intensivo.  Tal  implica  que  um  elevado  número  de  falências pode, de facto, gerar um volume considerável de desempre-go. De acordo com um estudo da consultora Pricewaterhou-seCoopers  (PwC)  e  da  Sociedade  de  Advogados  Espanha  & Associados,  solicitado  pela  Associação  de  Hotelaria,  Restau-

ração e Similares de Portugal (AHRESP), a manutenção da taxa de IVA a 23% geraria em 2013 os seguintes efeitos: a redu-ção do  volume de negócios no  setor  em €1750 milhões;  o encerramento de 39 mil empresas; a extinção de 99 mil pos-tos de trabalho; o aumento de despesa da Segurança Social em mais de €550 milhões(10). Desta forma, e caso se comprove (o que julgamos assaz difí-cil)  que  uma  alteração  da  taxa  do  IVA  de  23%  para  13% poderia  estancar  ou  reduzir  a  destruição  de  emprego  neste sector  e  na  economia  nacional,  a  criação  desse  benefício fiscal seria uma medida adequada à prossecução de tal obje-tivo.Em síntese, pelos argumentos da arrecadação da receita fiscal e  do  argumento  da  equidade,  somos  de  opinião  de  que  o IVA  na  restauração  não  deve  baixar  de  forma  permanente, antes se devendo manter, preferencialmente, na taxa normal. Contudo, se se concluir que uma baixa temporária deverá ter um  efeito  positivo  e  significativo  no  emprego,  poderá  ser considerada tal hipótese. Ou seja, não é de excluir que este ajustamento  (que  é  necessário),  possa  ser  deixado  para  um período de crescimento económico e de criação de emprego, por forma a mitigar o seu efeito no flagelo desemprego. Isso estaria em linha com as conclusões de um relatório do FMI(11), que  veio  defender  o  anúncio  de  medidas  de  consolidação orçamental  no  imediato,  mas  com  início  de  aplicação  em momento futuro, de maior crescimento económico. 

(*)  Nota da redacção: Artigo recebido em Fevereiro de 2016. Apesar da alteração do IVA entretanto ocorrida, entendeu-se publicar esta apre-ciação pelo impacto da análise da mesma.

(1)  Mesmo no caso em que as refeições sejam um custo de uma empre-sa,  já  que nos  termos do  artigo 21,  n.º  1,  alínea d),  do Código,  do IVA, o imposto sobre destas despesas não é dedutível.

(2)  A tributação visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e de outras entidades públicas e promove a justiça social, a igualdade de  oportunidades  e  as  necessárias  correções  das  desigualdades  na distribuição da riqueza e do rendimento (artigo 5.º, n.º 1, da LGT). Na lição  de  SÈRGIO  VASQUES  «é  comum  encontrarmos  impostos  que, além da finalidade principal da angariação da receita, servem propó-sitos de ordenação social e de orientação de comportamentos, poden-do mesmo acontecer que a ordenação social constitua o seu objetivo principal e que só a título secundário os impostos visem a angariação de  receita»  (in  Manual de Direito Fiscal,  Almedina,  Coimbra,  2012, p. 186).

(3)  Trata-se da teoria do professor norte-americano desse nome, que  in-serido na corrente “economia da oferta”, defende que a partir de um determinado  nível  de  taxa  de  imposto  (um  ponto  E,  representado  a taxa máxima de  imposto que maximiza a receita, e que Laffer nunca determinou de  facto) o aumento da  taxa gera cada vez menores  re-ceitas.  Isto  porque  considera-se  que  o  incentivo  à  fraude  e  evasão fiscal passam a ter um impacto superior ao gerado pelo aumento da taxa.

(4)  “Avaliação da situação económico-financeira dos setores da hotelaria, restauração  e  similares”  Disponível  em  http://www.portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo-historico/governos-constitucionais/gc19/os-mi-nisterios/mee/documentos-oficiais/20130913-rel-gt-custos-contexto-hotelaria-restauracao.aspx

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142    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

(5)  O  relatório analisa a atual  situação económico-financeira dos  setores da hotelaria, restauração e similares. Contudo, a questão essencial do relatório prende-se com a aplicação da taxa normal de IVA, e o efeito do  aumento  decorrido  no  OE/2012,  de  13%  para  23%.  Saliente-se antes de mais que o relatório aborda a totalidade do setor “hotelaria, restauração  e  similares”,  não  sendo possível  isolar  os  efeitos  apenas na  restauração.  Como  tal,  as  conclusões  e  sugestões  deste  relatório devem ser interpretadas com cautela.

(6)  Este setor representa 4,4% PIB e 6,1% do emprego. O setor apresen-tou uma quebra de atividade de 4,5% em 2011 e de 12,3% em 2012. Durante o período de janeiro a maio de 2013, a quebra terá sido de 8,7%. Existem diversos fatores a explicar este comportamento: a alte-ração estrutural dos padrões de consumo, muito associada à diminui-ção do  rendimento disponível das  famílias e ao aumento da  taxa de poupança, assim como o efeito preço do aumento do  IVA (que quer nos  consumidores  finais,  quer  nas  empresas,  é  um  custo  suportado pelos clientes). Refira-se que estamos perante um setor muito sensível aos ciclos económicos, uma vez que os consumidores ajustam os seus padrões  de  consumo  de  forma  muito  rápida.  Esta  quebra  no  ciclo económico, foi naturalmente acompanhada pelo aumento do desem-prego, que em 2012 afetou mais 7.800 pessoas. Contudo, os dados do 2º trimestre de 2013 apresentam já uma melhoria dos indicadores, podendo  indicar que o  setor poderá  já  ter  terminado o  seu  ciclo de quedas.

(7)  Um benefício fiscal corresponde a uma derrogação às regras gerais de tributação, sendo de natureza excecional.

(8)  Conforme nos dá conta Freitas Pereira por despesa  fiscal entende-se a “derrogação deliberada ao sistema normal de tributação, que per-mite atuar sobre a economia privada do mesmo molde que por des-pesas  diretas”.  Ainda  segundo  este  autor,  designa-se  por  despesa fiscal visto tratar-se do simétrico da expressão “despesas orçamentais” e o “negativo” da expressão “receitas fiscais” (in Fiscalidade, Almedi-na, Coimbra,  2010). De  acordo  com TRIGO PEREIRA  (in Economia e Finanças Públicas, Escolar Editora, Lisboa, 2006),  trata-se de recursos que  o  Estado  prescinde  de  forma  deliberada,  assumindo  a  natureza de “despesa”, no  sentido em que não  só  são  receitas não cobradas como,  igualmente,  são  usadas  alternativamente  a  despesa  pública, com o mesmo fim (subsidiação, apoio ao rendimento, etc.).

(9)  Manuel Henrique de Freitas Pereira in Fiscalidade, Almedina, Coimbra, 2010.

(10)  O referido estudo, com bastante interesse para o que vimos tratando, encontra-se  disponível  em  http://www.ahresp.com/files/filemanager/Mundo%20Economico/ESTUDO%20IVA%20-%20Destaques.pdf

(11)  O estudo sugere também que sejam adotadas medidas de ajustamen-to  orçamental  no  imediato,  mas  com  impacto  apenas  quando  o crescimento económico for mais robusto. Trata-se de procurar criar um sentimento  de  confiança  na  redução  dos  défices,  mas  permitindo margem  discricionária  para  medidas  de  recuperação  da  economia (“countries withthe scope to do soshouldopt  for a slowerpaceofcon-solidation,  combinedwith  policies  to  supportgrowth”).  Retirado  do relatório do FMI “TheDistributionalEffectsof Fiscal Consolidation”, Lau-rence Ball, Davide Furceri, Daniel Leigh, andPrakashLoungani, disponí-vel em: http://www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2013/wp13151.pdf

PATROCÍNIOS DE: APOIOS:

Prémio para trabalhos sobre contabilidade financeira e auditoria.Os trabalhos deverão entrar na sede da APOTEC até ao dia 30/11/2016 e candidatam-se aos seguintes prémios.

1.º prémio ................e 1.200,002.º prémio ..................e 600,003.º prémio .................. e 300,00

Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50 – 3.º Esq.1169-029 Lisboa • Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].

Universidade do Minho

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“LuizChaves de Almeida”

Prémiode

Contabilidade 2016

Cada trabalho premiado receberá também uma escultura, alusiva ao evento.

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    143

síntese económica

Paulo Nogueira Filho (Jorna lista)

Aumento de impostos? Nim.

António Costa congratulou-se por ter arrancado os primeiros seis  meses  de  Governo  sem  subir  o  IVA  nem  o  IRS.  Pode prometer que o Executivo aguenta mais seis meses sem subir qualquer imposto? “Não”, respondeu o o secretário de Esta-do dos Assuntos Fiscais, em entrevista ao Observador.“No  programa  do  PS  existem  medidas  fiscais  que  podem implicar  aumentos  de  impostos  e  portanto  não  posso  assu- mir esse compromisso”, admite Fernando Rocha Andrade, o homem que controla a máquina do Fisco.Apesar  disso,  o  governante  frisa  que  “ninguém gosta de aumentar impostos” e assume que subir a carga fiscal sobre os combustíveis e o tabaco “foram decisões muito ponderadas e difíceis”. Mas ser Governo é “fazer escolhas” e aquela foi a solução que pareceu ao Executivo “a mais justa” e que mais contribuíam para “a eficiência da economia”.Mais: garante que não são os partidos da esquerda que limi-tam  a  atuação  do  Governo  em  matéria  de  impostos.  É  o próprio Programa com que o Executivo está  comprometido, já  que  “não  se  baseia  na  correção  de  desequilíbrios  com sucessivos  aumentos  de  impostos”.  Até  porque  os  anos  da crise já provaram que “guinadas bruscas da máquina fiscal não fazem bem à economia”.Rocha Andrade  recusa, por agora,  revelar as  ideias que  tem para o caso de a receita fiscal desiludir. Prefere salientar que tudo fará para que tal não aconteça, dizendo que o Governo “não joga com cenários hipotéticos”.Entretanto, mostra-se confortável com a descida do IVA para a restauração, uma promessa  já dos tempos de oposição do PS, mas que vai beneficiar um setor reconhecido como sendo um dos que apresenta maior evasão fiscal. “O argumento da evasão [fiscal] e da baixa [do imposto] não são de todo con-ciliáveis”,  defende.  Até  porque  “não  baixar  uma  taxa  de imposto porque existe evasão num setor significa simplesmen-te agravar a diferença, nesse setor, entre empresas cumprido-ras e incumpridoras”.

Sobem as despesas das famílias com a saúde

A  despesa  das  famílias  com  a  saúde  aumentou  2,7%  em 2014,  devido  principalmente  ao  aumento  de  gastos  com privados,  segundo dados do  Instituto Nacional de Estatística (INE), que estima que esta despesa  tenha aumentado 2,4% em 2015.Os dados da Conta Satélite da Saúde do INE divulgados esta segunda-feira revelam que “em 2014, a despesa corrente das famílias cresceu 2,7% devido, principalmente, ao aumento da despesa em hospitais privados (10,3%), em outras vendas de bens médicos (7,1%) e em prestadores privados de cuidados em ambulatório (2,1%)”.“Em  2013  e  2014,  em  média,  89,6%  da  despesa  corrente em saúde das famílias centrou-se no financiamento em pres-tadores privados de cuidados de saúde em ambulatório, em farmácias, em hospitais privados e em todas as outras vendas de bens médicos”, especifica o INE.Em 2014, e face ao período de 2000 a 2003, destacou-se o aumento do peso  relativo da despesa em hospitais privados (mais  7  pontos  percentuais)  e  em  prestadores  privados  de cuidados em ambulatório  (mais 5,7 pontos percentuais). Em sentido  inverso,  observou-se  uma  diminuição  do  peso  da despesa das  famílias em  farmácias  (menos 10,7 pontos per-centuais).No âmbito dos prestadores de cuidados de saúde, em 2013 e 2014, ao nível dos principais prestadores, registou-se a di-minuição  da  importância  relativa  da  despesa  em  hospitais públicos (32,0% em 2013 e 31,3% em 2014) e em farmácias (15,5% em 2013 e 15,3% em 2014).

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144    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

Por outro lado, registou-se um aumento do peso da despesa em prestadores privados de  cuidados de  saúde em ambula-tório  (19,4%  em  2013  e  19,5%  em  2014),  em  hospitais privados (10,2% em 2013 e 10,7% em 2014), em prestado-res privados de  cuidados  auxiliares  (4,2% em 2013 e 4,3% em 2014) e em todas as outras vendas de bens médicos (4,1% em 2013 e 4,2% em 2014).Os dados da Conta Satélite da Saúde do  INE  indicam ainda que globalmente a despesa corrente em saúde aumentou 2% em  2015,  sendo  que  o  peso  deste  crescimento  no  Produto Interno  Bruto  (PIB)  foi  o  mais  baixo  desde  2003,  segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).O  INE  revela  ainda  que  já  em  2014  se  tinha  verificado  um aumento da despesa corrente em saúde de 0,7%, invertendo a tendência de decréscimo que se registava desde 2011.A partir de 2014, a despesa corrente em saúde acelerou 0,7%, fixando-se  em  15.582,7  milhões  de  euros  (9%  do  PIB  e 1.498,18 euros por pessoa). O aumento de 2% da despesa corrente em saúde verificado em 2015,  traduz-se num total de 15.887,7 milhões de euros (8,9% do PIB e 1.533,85 euros por pessoa).

Uma em cada 5 empresas britânicas querem deixar o país

Um quinto dos administradores de empresas britânicas pensa deslocar  parte  da  atividade  para  outro  país  e  cerca  de  dois terços  consideram  que  a  escolha  de  sair  da  União  Europeia (UE) é negativa para os negócios. Foi o indicou uma sondagem do  Instituto  dos  Diretores  (IoD),  da  Federação  Britânica  dos Dirigentes de Empresas“Uma maioria das empresas pensa que o Brexit vai  ser mau e o efeito imediato é o congelamento ou a redução da esca-la dos projetos de investimento e novos contratos”, comentou Simon Walker, diretor-geral da IoD.De acordo com o estudo, 64% destes administradores acham que a saída do Reino Unido da UE, vai ser “negativa para a sua atividade”. Um quarto (24%) prevê o congelamento dos contratos e mais de um em cada cinco (22%) está a pensar deslocar algumas operações. Num artigo no The Times, a diretora-geral da maior organi-zação  patronal  britânica,  CBI  (Confederação  das  Indústrias Britânicas), afirmou que o impacto da decisão sobre o Brexit “não deve ser subestimado”. “O Governo deve atuar imedia-tamente  para  minimizar  as  incertezas  que  pesam  sobre  as decisões de  investimento e  travam a criação de empregos”, disse Carolyn Fairbairn. As câmaras de comércio do país pe-diram também uma clarificação sobre a sequência dos acon-tecimentos e modalidades do Brexit. 

IMI progressivo poderá levar a um agravamento de impostos, alertam fiscalistas

A  alteração  da  tributação  do  património  imobiliário,  que deverá passar a ser progressiva, vai limitar a capacidade de as autarquias fixarem as taxas de IMI, o que significará um agra-vamento  de  impostos,  segundo  os  fiscalistas  ouvidos  pela Lusa.  Atualmente,  os  proprietários  pagam  este  imposto  por cada imóvel que detenham em função do seu valor patrimo-nial tributário (VPT) e, no caso dos prédios com VPT superior a um milhão de euros, há também tributação em sede de IS, à taxa de 1%.O Governo  indicou, no Programa de Estabilidade, que “será introduzido um mecanismo de progressividade na tributação directa  do  património  imobiliário,  tendo  por  referência  o património imobiliário global detido”. A alteração em estudo prende-se com a substituição da tributação dos prédios via IS pela  introdução  de  progressividade  no  IMI,  que  passará  a incidir sobre a globalidade dos prédios.Rogério  Fernandes  Ferreira,  antigo  secretário  de  Estado  do Governo socialista de António Guterres, disse que no regime atual é possível  saber “ao certo” os montantes arrecadados por imóvel e, logo, “saber-se-á o montante exacto a distribuir por cada município”.Também  o  fiscalista  Vasco  Valdez,  secretário  de  Estado  dos Assuntos Fiscais do Governo social-democrata de Durão Bar-roso,  entre  2002  e  2004,  sublinha  que  se  o  IMI  “deixar  de ser um imposto proporcional e passar a ser um imposto pro-gressivo”,  isso  “pode  diminuir  a  faculdade  dos  municípios para fixarem as respectivas taxas dentro dos intervalos deter-minados”.Por  sua  vez,  o  professor  Manuel  Faustino  considera  que  a única  forma  de  introduzir  progressividade  sem  prejudicar  a autonomia e a receita para as autarquias seria através de uma “componente estadual” do IMI.

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    145

nações e mercados

indexado a 25/7/2016

apreciação geral:Índices – Os índices Dow Jones, Nasdaq 100 e Nikkei sobem em relação a um ano atrás. O nosso PSI 20, desceu, embora saibamos das suas características muito próprias e que o desviam de com-portamentos consolidados. 

O  BPI,  um  dos  Bancos  portugueses  com  melhor  performance, continua no entanto com problemas políticos internos profundos, tendo  sido  suspensos  os  trabalhos  da  Assembleia  Geral  até  ao próximo dia 6 de Setembro. 

europa No que respeita ao Brexit, após o pânico dos primeiros dias, os mercados financeiros da zona Euro,  resistem bem a essa volati-lidade inicial e que era esperada. De qualquer das formas a saí-da da Grã Bretanha da União Europeia, é a saída de um grande contribuinte  líquido,  pelo  que  a  União  Europeia  vai  ficar  mais cara aos seus membros, anunciando-se pois, mais dificuldades. Quanto à regulamentação bancária imposta pelo BCE, tem mos-trado as fragilidades dos Bancos europeus, em especial em Itália com a dimensão do crédito mal parado (210 mil milhões). Tam-bém na Alemanha o Deutsh Bank surpreendeu com uma desva-lorização de 42% em Bolsa em 2016.

usaOs resultados das empresas americanas continuam a superar as expectativas. Os Bancos têm resistido bem às baixas taxas de juro – e à con-sequentes  menores  diferenças  verificadas  entre  juros  activos  e juros passivos.Quanto às tecnológicas, continuam a ter predominância entre os investidores os bons resultados da IBM e da Microsoft. 

ásiaO Banco do Japão, prossegue a sua política de quantitative easing de 733 mil milhões de dólares. No entanto, pensa-se incremen-tar o investimento com estímulos fiscais, o que nesta altura não deverá ser suficiente. Aliás a situação de desinvestimento financeiro a nível geral, ficou bem  patente,  mesmo  quando  o  Banco  do  Japão  desmentiu  a implementação  do  estímulo  monetário  “helicopter  Money”(1). Mesmo  quando  não  se  faz,  mas  quando  já  se  pensa  assim,  a economia mundial na  realidade atravessa uma crise muito pro-funda e perigosa.

(1)  Helicopter Money – Nos anos 60, deu-se um choque rápido e profundo à economia,  injectando dinheiro directamente às  famílias,  para  incrementar o consumo (Milton Friedman). 

Manuel Benavente RodriguesDirector Jornal de Contabilidade

câmbios fecho var.an.%Euro/US$ 1,1 1,02Euro/Libra 0,84 11,8Euro/Iene 116,45 -12,2mat.-primasPetróleo (brent) 45,52 12,19Ouro 1,32 22,1

taxas juroEuribor (6mês.) -0,19%Dív.Port.5 anos 1,92%Dív.Port.10 anos 3,06%Obr.USA 10 anos 1,57%

 Nas  restantes  variáveis,  câmbios  e  variações  a  um  ano,  o  Euro valorizou-se em  relação ao dólar e à  libra e desceu em  relação ao Iene.Nas matérias-primas, e  também nas variações a um ano, o pe-tróleo brent  e o ouro  continuam a  subir  de  forma  consistente, enquanto  no  curto  prazo  –  a  2  meses  –  têm  comportamentos diversos: desce o petróleo e continua a subir o ouro. Quanto às taxas de juro em termos gerais, prosseguem a descida tanto no curto como no longo prazo, continuando sem se notar qualquer  efeito  em  relação  ao  quantitative easing.  Mas  o  BCE prossegue determinado a emitir todos os meses 80 mil milhões de euros de compra de dívida soberana, pelo menos até Março pró-ximo. No caso particular da dívida portuguesa, felizmente não se notaram reflexos negativos com as incidências europeias do tema do défice e das sanções que acabaram por ficar a zero.Voltando às Bolsas, a excelente performance da economia ame-ricana tem ajudado à resposta razoável dos mercados financeiros.

PortugalA  celulose  tem  tido  notoriedade  com  a  Semapa  e  a  Navigator, estando esta, ao que parece, em negociações demoradas com o governo para a concretização de um investimento de 120 milhões. O  Santander  aconselhou  “comprar”  para  a  NOS  enquanto  o HSBC desceu para “neutral” no caso da Jerónimo Martins cujas acções já subiram 20% em 2016.

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146    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

consultório

Esclareça as suas dúvidas

oficio-circulado n.º 115934 13/12/1988

Questão Associado n.º 7465

Um  determinado  colégio,  inserido  no  Sistema  Nacional  de Ensino  proporciona  aos  seus  alunos  do  jardim-de-infância  e do 1.º ano do ensino básico a actividade extra-curricular do ensino da língua inglesa. Para isso, utiliza uma técnica peda-gógica  chamada  FASTRAKIDS,  pagando  uma  licença  a  uma entidade americana, sendo-lhe debitado um determinado va-lor, entretanto o colégio acresce na mensalidade do aluno o valor extra dessa atividade, sendo que a considera  isenta de IVA nos termos do n.º 9 do art.º 9.º do CIVA. Contudo, iniciou agora  uma  outra  prática,  que  consiste  em  pôr  à  disposição de outros estabelecimentos de ensino aquela técnica pedagó-gica bem como ainda a prestação de serviços a outras enti-dades, debitando-lhes determinados  valores, não  liquidando qualquer  IVA  nos  termos  da  isenção  já  invocada.  O  ofício- -circulado n.º 115934 de 1988/12/13, de que  recentemente tomei conhecimento especifico que, a isenção prevista do n.º 9 do art.º 9.º CIVA, só se aplica aos utentes diretos e nunca a terceiros. Pergunta-se: 1. A isenção do n.º 9 do ar.º 9.º do CIVA  é  objeto  do  mesmo  entendimento  do  oficio  referido?  É considerado que só se aplica também aos utentes diretos? 2.  Se  assim  for,  todos  os  serviços  prestados  a  terceiros  que não  sejam  alunos,  deverão  liquidar  IVA?  3.  Que  fazer  em termos  de  alterações  IVA,  se  a  resposta  for  a  de  liquidação do mesmo?

Resposta do Assessor Fiscal:

Determina o n.º 9 do artigo 9.º do CIVA que estão isentas do imposto «As prestações de serviços que tenham por objecto o ensino, (...), efectuadas por estabelecimentos integrados no Sistema Nacional de Educação ou reconhecidos como tendo fins  análogos  pelos  ministérios  competentes».  Ao  referir-se naquele normativo que a isenção abrange «as prestações de serviço que tenham por objecto o ensino», parece-nos óbvio que  tal  benefício  pretende  atingir  exclusivamente  as  opera-ções de ensino efectuadas directamente aos respectivos uten-tes pelos estabelecimentos nele mencionados não se aplican-do,  consequentemente,  às  prestações  de  serviço  efectuadas a  terceiros  ainda  que  com  vista  ao  exercício  por  estes  da actividade docente. Neste  sentido,  a  colocação  à disposição de outros estabelecimentos de ensino ou a outras entidades, da  técnica pedagógica  referida,  julgamos estar  sujeita  a  im-posto. O direito à liquidação do imposto só pode ser exercido nos prazos e nos termos previstos nos artigos 45.º e 46.º da Lei Geral Tributária, ou seja, em princípio, no prazo de quatro anos  a partir  do  início do ano  civil  seguinte  àquele  em que se verificou, respectivamente, a exigibilidade do  imposto (ar-

tigo  94.º  do  CIVA).  Caso  não  se  tenha  verificado  ainda  a caducidade do direito à liquidação do imposto, deve liquidar- -se o imposto em falta, e dado que se trata da correcção de erros  imputáveis  ao  sujeito  passivo  de  que  resulta  imposto superior ao anteriormente liquidado, apresentar uma declara-ção de substituição referente aos períodos a que esse impos-to  respeita até 60 dias antes do  termo do prazo de  caduci-dade, (n.º 3, alínea b)  iii), artigo 59.º do CPPT). Aconselho a que solicite à administração tributária uma informação vincu-lativa sobre o assunto, nos termos do artigo 68.º da LGT, para que proceda em conformidade e, assim, evite problemas com o fisco.

SP – 2016-04-11

Jogos santa casa

Questão Associado n.º 18619

Os Jogos Santa Casa é um assunto complexo da qual existem várias opiniões, mas na prática as coisas complicam-se. Uma papelaria  é  mediador  autorizado  da  Santa  Casa  e  vende: Apostas mútuas e euromilhões pelo Terminal; Lotaria Nacional e Instantânea pelo Terminal; e Lotaria nacional e Instantânea jogos físicos. Os jogos estão isentos de IVA ao abrigo do art.º 9.  n.º  31  do  CIVA,  logo  se  estão  enquadrados  neste  artigo não existe a obrigatoriedade de emitir fatura sobre os jogos. A empresa mediadora vende jogos a outras papelarias. Como os  jogos  são  isentos, existe obrigatoriedade de emitir  fatura pela venda dos jogos? Ou, não pelo artigo 9.º do CIVA, mas pela  empresa  utilizar  faturas  para  as  outras  vendas,  terá  de emitir faturas para as papelarias? Desta forma, a empresa tem ou  não  de  emitir  faturas  às  papelarias  e  aos  consumidores finais? Outra  situação é o que deve  ser declarado na decla-ração  periódica.  Se  os  jogos  são  isentos,  devem  ir  para  o campo 9. Vai só a comissão? E se faturar às outras papelarias, vai a totalidade das vendas? Mas no caso de faturar às outras papelarias, o valor do rendimento é superior à comissão. Ou seja, uma diferença significativa entre as duas situações. Exem-plo:  compra  à  Santa  Casa,  100  raspadinhas,  pelo  preço  de 90€. Os 10€  é  a nossa  comissão. Ao  vender  às papelarias, vende por 95€.  Porque 5% é  comissão da outra papelaria. Neste  caso  temos  duas  situações,  se  for  obrigado  a  emitir fatura,  teria  de  faturar  por  95€.  Desta  forma,  o  valor  da declaração periódica no campo 9, era 95. Mas se não faturar, o valor a considerar é a comissão de 10€.  Ira para a decla-ração periódica campo 9, 10€.  E  como abate aos  seus  ren-dimentos  os  5€,  que  são  comissão  das  outras  papelarias? Posso fazer uma regularização interna? Desta duas vertentes, temos o cálculo do PEC. Que numa situação, em que  só  se 

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    147

regista  as  comissões  porque não  se  fatura,  o  PEC  é  a  71 + 72 (ps + comissão Santa Casa), mas no caso de se faturar, o PEC seria 71 + 72 (ps + vendas às outras papelarias + comis-são).  Na  realidade  o  PEC,  não  deve  considerar  aquilo  que efetivamente não é prestação serviço. Qual das  situações  se deve  adotar,  qual  o  melhor  procedimento  para  o  PEC  não estar sobreavaliado? Solução contabilística: 1. A solução que eu pensei mais viável face ao problema foi a seguinte, no caso de  não  ser  faturado:  a)  Registar  pela  compra  dos  jogos  da Santa Casa a comissão – 10€. Débito 278, Credito 72. Ven-der às papelarias sem faturar, porque os jogos são isentos ao abrigo do artigo 9.º. b) Fazer uma regularização interna para abater os 5% da comissão das outras papelarias. Débito 72, Credito 278. Declarar na declaração periódica o valor da 781. c) No PEC 71 + 72 Resultado liquido = comissão. 2. A solução que  eu  pensei  mais  viável  face  ao  problema  foi  a  seguinte, no  caso  de  ser  faturado:  a)  Pela  compra  das  raspadinhas. Debito 31, Credito 278. b)  Pela venda. Debito 278, Credito 781 (valor das raspadinhas), Credito 72 (comissão). c) Regu-larização Debito 781. Credito 31, d) No pec 71 + 72 Resul-tado = comissão.

Resposta do Assessor Fiscal:

Todos  os  sujeitos  passivos  estão  obrigados  a  emitir  factura (normal  ou  simplificada)  por  cada  transmissão  de  bens  ou prestação  de  serviços,  independentemente  da  qualidade  do adquirente dos bens ou destinatário dos serviços, ainda que estes não a solicitem, conforme alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA. Contudo, de acordo com a alínea a) do n.º 3 do mesmo normativo, estão dispensados dessa obrigação, os sujeitos  passivos  que  pratiquem  exclusivamente  operações isentas de imposto, excepto quanto essas operações conferem direito à dedução nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º  Sendo assim e de acordo  com esta  regra,  se  a papela- ria/mediadora na  venda dos  jogos  sociais  da  Santa Casa da Misericórdia  (SCM),  pratica  outras  operações  para  além  da referida mediação, está, por conseguinte, obrigada à emissão de factura nos termos da referida alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º  do  CIVA,  devendo,  na  circunstância,  fazer  constar  da factura  o  motivo  por  que  não  liquida  imposto  (alínea  e)  do n.º 5 do artigo 36.º do CIVA). Como determina o n.º 31 do artigo 9.º do CIVA, está isenta de imposto a lotaria da Santa Casa da Misericórdia, as apostas mútuas, o bingo, os sorteios e  as  lotarias  instantâneas  devidamente  autorizados,  bem como as respectivas comissões e todas as actividades sujeitas a impostos especiais sobre o jogo. Deste modo, essas opera-ções, porque  isentas de  imposto sem direito a dedução, de-vem ser relevadas no campo 9 do Quadro 06 da declaração periódica do IVA.

SP – 2016-04-11

Resposta do Assessor Contabilístico:

Deduzimos do exposto que  se  trata de  intermediário agindo como fiel depositário de valores pertencentes ao departamen-to de  jogos da Santa Casa da Misericórdia, recebendo deter-minada comissão pela venda das raspadinhas, lotaria nacional e da lotaria online. Entendemos que deve analisar a metodo-logia  seguida  na  aquisição  destes  bens  à  Instituição  acima mencionada e declarações anuais de rendimentos emitidas por esta Entidade. No caso de se concretizar que estas aquisições se tratam de uma comissão, a relevação contabilística deverá passar pelas contas da classe 72 – Prestações de serviços. No caso  de  ocorrerem  cedências  a  outras  papelarias,  segundo depreendemos da texto da sua exposição, ocorrerá uma dimi-nuação  no  valor  da  comissão  contabilizada  na  conta  das prestações de serviços. A confirmar-se o nosso raciocínio será de reflectir na conta das prestações de serviços a diminuição da  comissão  obtida,  a  qual  deve  estar  suportada  em  docu-mento apropriado, conforme parecer do assessor fiscal.

AJNC – 2016-05-04

alienação viatura passageiros

Questão Associado n.º 12980

Clínica dentária, pretende vender do seu AFT uma viatura li-geira de passageiros. Como a empresa se encontra isenta de IVA ao abrigo do art.º 9, tem de comunicar através do portal e-fatura  a  sua  venda  e  na  declaração  periódica  como  está dispensada de entregar, terá de fazer alguma para este ato? Embora  isenta de  IVA, porque  também não deduziu, e qual o campo?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. A «clínica dentária» pratica exclusivamente operações isen-tas  de  imposto  ao  abrigo  do  n.º  2  do  artigo  9.º  do  CIVA. Dispõe este normativo que estão isentas de imposto as “pres-tações de  serviços médicos  e  sanitários  e  as operações  com elas  estreitamente  conexas  efectuadas  por  estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e similares”. 2. Tem no seu activo  fixo  tangível  uma  viatura  ligeira  de  passageiros,  cuja aquisição  foi  feita  com  exclusão  do  direito  à  dedução  nos termos do n.º 1 do artigo 21.º do CIVA”, que pretende ven-der. 3. Determina o n.º 32 do artigo 9.º do CIVA que estão isentas de imposto “As transmissões de bens afectos exclusi-vamente  a uma actividade  isenta,  quando não  tenham  sido objecto do direito à dedução e bem assim as transmissões de bens cuja aquisição ou afectação tenha sido feita com exclu-são do direito à dedução nos termos do n.º 1 do artigo 21.º”. Pretende-se  com  esta  isenção  evitar  efeitos  cumulativos.  

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4. Quando a lei fala em transmissão de bens afectos exclusi-vamente a uma actividade isenta afigura-se-nos querer referir- -se aos bens que  façam parte do activo  imobilizado de em-presa que se dedique a actividade isenta de IVA (Ac. do STA, n.º 26 435, de19.02.2003). 5. Neste sentido, é seguro afirmar que  a  venda  da  viatura  em  questão  está  isenta  de  imposto (IVA), de acordo com o disposto no referido n.º 32 do artigo 9.º do CIVA. 6. Os sujeitos passivos são obrigados à emissão de  factura  por  cada  transmissão  de  bens  que  realizem  e  a entregar a respectiva declaração periódica do IVA, de acordo com o disposto nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA. 7. Todavia, não obstante terem de cumprir essas obri-gações,  estão  dispensados  do  seu  cumprimento,  os  sujeitos passivos que pratiquem exclusivamente operações isentas de imposto, excepto quanto essas operações conferem direito à dedução  nos  termos  da  alínea  b)  do  n.º  1  do  artigo  20.º (alínea  a)  do  n.º  3  do  artigo  29.º  do  CIVA).  8.  A  «clínica dentária» pratica exclusivamente operações isentas de impos-to,  sem  direito  a  dedução,  situação  que  não  é  posta  em causa pelo  facto de vender um bem do seu activo  fixo  tan-gível  (activo  imobilizado).  9.  Neste  sentido,  sou  de  parecer, que não está obrigado à emissão de factura nem à apresen-tação da declaração periódica por virtude da venda da viatu-ra.  10.  Não  estando  obrigado  à  emissão  de  factura,  desde que esta não exista, nada  tem que comunicar à Autoridade Tributária a Aduaneira, como resulta do disposto no n.º 1 do artigo 3.º do DL 198/12, de 24.08.

SP – 2016-04-21

transparência fiscal

Questão Associado n.º 20654

Uma sociedade passou para transparência fiscal, entretanto fez pagamentos por conta em 2015, agora no fecho do ano 2015 onde coloco o valor do PC na M22? Os sócios podem estar a descontar como empregados, estando no regime de transparência  fiscal? Se entrar uma das esposas com 26%, e  não  estando  a  trabalhar  na  firma  serve  para  sair  desse sistema? Pode-se continuar a fazer mapa de Km, neste sis-tema?

Resposta do Assessor Fiscal:

1.  No  regime  de  transparência  fiscal  não  é  possível  indicar pagamentos por conta no Quadro 10 da declaração modelo 22  de  IRC.  2.  Ainda  assim,  o  sistema  de  cobrança  do  IRC procederá automaticamente à devolução dos mesmos quando a declaração for liquidada. 3. Nada impede que um sócio seja em  simultâneo  empregado  da  empresa.  Neste  caso,  para 

efeitos de segurança social, estes rendimentos são abrangidos pelo regime dos trabalhadores por conta de outrem, enquan-to os rendimentos imputados são enquadrados no regime dos independentes. 4. Quanto à colocação da esposa como sócia, há que atender às condições expostas no n.º 2 da alínea b) do  n.º  4  do  artigo  6.º  do  Código  do  IRS.  5.  A  resposta  à questão  colocada  carece  mais  elementos,  uma  vez  que  a análise obedece à verificação de vários critérios. 6. Contudo, esclarece-se  que  não  sendo  a  nova  sócia  uma  profissional relacionada  com  o  objeto  social  da  empresa,  a  sua  entrada nas condições descritas, teria como consequência a saída do regime de transparência fiscal. 7. Finalmente, quanto à dedu-ção dos encargos de compensação pela utilização de viatura própria ao serviço da empresa, nada se altera, uma vez que a estas sociedades é aplicável o regime geral do  IRC no que toca à determinação do lucro tributável.

AS – 2016-05-17

Refaturação

Questão Associado n.º 20403

Um Hotel recebe pagamentos dos clientes para posteriormen-te fazer o pagamento do transporte de táxis. Pode faturar aos clientes  usando  a  isenção  de  c)  do  n.º  6  do  artigo  16.º  do CIVA  e  colocando  na  descrição  da  fatura  “transporte  de passageiros”? E como devo tratar destas despesas contabilis-ticamente?

Resposta do Assessor Fiscal:

Só são de excluir do valor tributável, nos termos da alínea c) do n.º 6 do artigo 16.º do CIVA, as despesas efectuadas em nome  e  por  conta  do  cliente  (os  documentos  originais  têm que estar processados em nome do cliente) desde que regis-tadas  em  contas  de  terceiros  apropriadas.  Caso  contrário  o posterior débito da despesa, mesmo que esse débito corres-ponda a um mero reembolso, é uma operação sujeita a IVA, nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do CIVA, face ao conceito de  prestação  de  serviços  ali  consagrado,  cujo  carácter  resi- dual,  abrange  todas as operações decorrentes da actividade económica do sujeito passivo que não sejam definidas como transmissões  de  bens,  importações  de  bens  ou  aquisições intracomunitárias.

SP – 2016-04-21

Resposta do Assessor Contabilístico:

Segundo  o  exposto,  determinado  hotel  recebe  dos  seus clientes  adiantamentos  para  posterior  pagamento  de  ser- 

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    149

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viços a prestar pelas empresas de taxis, o que indicia poste-rior  facturação  por  parte  destas  empresas  e  imposto  devi- do no acto do  recebimento desses montantes dos clientes. Quanto ao aspecto contabilístico da questão, se não existe preço fixado, defendemos que seja utilizada a conta 218 – Adiantamentos de clientes, prevista nas Notas de enquadra-mento  do  Código  de  Contas  do  SNC,  que  transcrevemos: ”218  –  Adiantamentos  de  clientes  –  Esta  conta  regista  as entregas  feitas  à  entidade  relativas  a  fornecimentos,  sem preço fixado, a efectuar a terceiros. Pela emissão da factura, estas verbas serão transferidas para as respectivas subcontas da rubrica 211 – Clientes c/c”. No caso do preço estar pré-viamente fixado, será de utilizar a conta 276 – Adiantamen-tos por conta de vendas” Regista as entregas  feitas à enti-dade  com  relação  a  fornecimento  de  bens  e  serviços  cujo preço  esteja  previamente  fixado.  Pela  emissão  da  factura, estas verbas serão transferidas para as respectivas contas da rubrica 211 – Clientes c/c.”.

AJNC – 2016-05-23

associação Humanitária de bombeiros voluntários

Questão Associado n.º 17049

Fui contatado por uma Corporação de Bombeiros, para fazer a contabilidade da mesma, pelo que ao verificar a contabili-dade que até então vinha a ser feita, deparei com inúmeras gralhas/faltas  de  cumprimento  fiscal  (pouca  transparência).  1. Nunca foi enviado qualquer documento fiscais obrigações como (IES, IRC, DRM, etc); 2. Em termos de IVA estão enqua-drados em isentos. Neste sentido, verifiquei que só pagavam os salários aos funcionários e as respetivas contribuições/quo- tizações a  segurança Social,  e  também  fazia  a  retenções de liquidavam o  imposto ao estado. Quais as obrigações  fiscais que uma Associação de Bombeiros tem que cumprir, porque os seus rendimentos de sobrevivência são as quotizações dos sócios e de verbas públicas, que são postas à disposição por parte dos organismos estatais, como por exemplo, as Câma-ras municipais do concelho e dos estabelecimentos de saúde, pelos deslocações dos doentes nas suas ambulâncias. Tens de obedecer ao SNC? Estão isentos de Impostos? As prestações de  serviço  a  seguradores  são  isentas  de  iva  ou  tem  de  ser cobrado o IVA pelas prestações de serviços e fazer a respeti-va liquidação.

Resposta do Assessor Fiscal:

1. A Lei n.º 32/2007, de 13.08 define o  regime  jurídico das associações humanitárias de bombeiros, bem como as regras 

da sua associação em confederação e  federações. Tais asso-ciações,  são  pessoas  colectivas  sem  fins  lucrativos  que  têm como escopo principal a protecção de pessoas e bens, desig-nadamente o socorro de  feridos, doentes ou náufragos, e a extinção  de  incêndios,  detendo  e  mantendo  em  actividade, para o efeito, um corpo de bombeiros voluntários ou misto, com  observância  do  definido  no  regime  jurídico  dos  corpos de  bombeiros.  Adquirem  personalidade  jurídica  e  são  reco-nhecidas como pessoas colectivas de utilidade pública admi-nistrativa com a sua constituição (artigos 1.º, 2.º e 3.º). 2. As associações, as federações e a Liga dos Bombeiros Portugue-ses beneficiam das prerrogativas, isenções e benefícios fiscais conferidos  por  lei  às  pessoas  colectivas  de  utilidade  pública administrativa.  Aos  donativos  concedidos  às  associações,  é aplicável  o  disposto  em  matéria  de  benefícios  relativos  ao mecenato constante do Estatuto dos Benefícios Fiscais (artigo 34.º). 3. Por sua vez, estabelece o artigo 5.º que a constitui-ção das associações, os estatutos e as suas alterações devem constar de escritura pública. Desconhece-se quais os objecti-vos estatutários da Associação, resultando da consulta que os seus  rendimentos  provêem,  pelo  menos:  a)  Das  quotas  dos associados; b) Da deslocação dos doentes nas suas ambulân-cias. c) De donativos. iva 4. Não obstante o facto de serem sujeitos  passivos  do  IVA,  face  ao  disposto  na  alínea  a)  do  n.º 1 do artigo 2.º e artigo 4.º do respectivo Código, podem, contudo,  determinadas  operações  que  realize  serem  isentas de  imposto,  nomeadamente,  as  prestações  de  serviços  e  as transmissões  de  bens  com  elas  conexas  efectuadas  no  inte-resse colectivo dos  seus associados, desde que a única con-traprestação seja uma quota fixada nos termos dos estatutos, de acordo com o n.º 19 do artigo 9.º do CIVA. 5. Esta isenção é,  assim,  aplicável  às  transmissões  de  bens  e/ou  prestações de serviços efectuadas por entidades que reúnam, cumulati-vamente, os seguintes requisitos: i) Sejam consideradas orga-nismos  sem  finalidade  lucrativa  (artigo 10.º do CIVA);  ii) As citadas operações  sejam efectuadas  em  relação directa  com os  interesses  dos  seus  associados;  iii)  Sejam  exclusivamente remuneradas por uma quota fixada nos termos dos respecti-vos estatutos. 6. Caso as prestações de serviços ou transmis-sões de bens efectuadas pelos sujeitos passivos enquadrados na  citada  isenção  determinem  o  pagamento  por  parte  dos associados (ou de terceiros), de quaisquer outras importâncias para  além  da  quota  fixada  nos  termos  dos  estatutos,  tais operações não beneficiam da isenção do n.º 19 do artigo 9.º do  CIVA,  devendo  ser  sujeitas  a  imposto  nos  termos  gerais do Código do IVA. 7. Deste modo, relativamente às operações identificadas  na  consulta,  estão  isentos  de  imposto:  i.  As quotas fixadas nos termos estatutários (n.º 19 do artigo 9.º); ii.  O  transporte  de  doentes  ou  feridos  em  ambulâncias  ou outros  veículos  apropriados  efectuado  por  organismos  devi-damente  autorizados  (n.º  5  do  artigo  9.º);  8.  Relativamente 

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150    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

aos  serviços  de  transporte  em ambulância  a  empresas,  com inclusão de tripulantes e de um enfermeiro, o n.º 5 do artigo 9.º  estabelece  que  estão  isentas  do  imposto  as  deslocações de  doentes  ou  feridos  em  ambulâncias  ou  outros  veículos apropriados,  desde  que  efectuadas  por  organismos  devida-mente  autorizados.  Caso  a  operação  se  consubstancie  no mero transporte de pessoas e não no transporte de doentes ou  feridos,  extravasa  a  isenção  do  n.º  5  do  artigo  9.º  do Código,  sendo  sujeita  a  tributação. No  entanto,  e  não obs-tante esta operação ser sujeita a  imposto e dele não  isenta, pode, ainda, beneficiar de aplicação da taxa reduzida previs-ta  na  alínea  a)  do  n.º  1  do  artigo  18.º  do  CIVA  (6%),  por enquadramento  na  verba  2.14  da  lista  I,  anexa  ao  CIVA. Donativos  9.  Aos  donativos  concedidos  às  associações,  é aplicável  o  disposto  em  matéria  de  benefícios  relativos  ao mecenato constante do Estatuto dos Benefícios Fiscais (artigo 34.º). Outras prestações de serviços não evidenciadas na con-sulta  mas  eventualmente  efectuadas  pelas  Associações  de Bombeiros  (referidas  da  informação  vinculativa  sancionada pelo  Despacho  de  28.06.11  do  SDG  dos  Impostos):  10.  As prestações de serviços que se consubstanciem em “Abertura de portas à população”, “Simulacros de evacuação em caso de incêndio e calamidade a empresas e outras entidades como escolas,  infantários”,  “Transporte  de  água  para  empresas”, “Transporte  de  água  para  a  disponibilização  às  populações em caso de corte”, bem como os “serviços de primeiros so-corros  a  empresas”  –  que  se  traduz  na  disponibilização  de ambulância com tripulantes e enfermeiro no sentido de asse-gurar  o  funcionamento  do  posto  de  primeiros  socorros  a acidentes de  trabalho – preenchem os pressupostos de  inci-dência  previstos  nos  artigos  1.º  a  4.º  do  CIVA,  não  benefi-ciando da  isenção prevista no n.º 19 do artigo 9.º do CIVA, ou de qualquer outra isenção prevista neste artigo. De facto, a realização destas operações configura o exercício de activi-dades tributadas, sujeitas a imposto à taxa normal prevista no artigo  18.º  do  CIVA,  dado  não  terem  enquadramento  em nenhuma das Listas anexas ao CIVA. No que respeita às “ta-xas de  saída de veículos e de meios humanos” aquando da assistência a incêndios à população, tendo em conta que tais taxas  estão  directamente  ligadas  ao  objectivo  da  actividade principal desenvolvida pela consulente, na qualidade de pes-soa colectiva de utilidade pública, no âmbito da protecção de pessoas e bens, a  sua aplicação  fica  fora do campo de  inci-dência  do  IVA.  CIRC  11.  As  associações  de  bombeiros  en-quanto pessoas colectivas de utilidade pública administrativa estão  isentas  de  IRC  (alínea  a)  do  n.º  1  do  artigo  10.º  do CIRC). 12. Essa isenção não abrange os rendimentos empre-sariais derivados do exercício de eventuais actividades comer-ciais  ou  industriais  desenvolvidas  fora  do  âmbito  dos  fins estatutários e outros rendimentos nos termos e condições do 

n.º  3  do  referido  artigo  10.º  do  CIRC.  O  não  cumprimento dos  requisitos  referidos  nas  alíneas  a)  e  c)  do  mencionado  n.º  3  do  artigo  10.º  determina  a  perda  da  isenção,  a  partir do correspondente período de tributação,  inclusive. Em caso de incumprimento do requisito referido na alínea b) do n.º 3, fica sujeita a tributação, no 4.º período de tributação posterior ao da obtenção do rendimento global  líquido, a parte desse rendimento  que  deveria  ter  sido  afecta  aos  respectivos  fins (n.os 4 e 5 do artigo 10.º do CIRC). NOTA – A consulta extra-pola  os  limites  de  intervenção  do  «Consultório»  na  medida em que não se trata de um simples pedido de esclarecimen-to  de  dúvidas  que  tenham  surgido  na  aplicação  prática  de conhecimentos adquiridos no contexto de um trabalho  real. Consubstancia, isso sim, o estudo de uma situação global que vai bem para além de um simples pedido de esclarecimento. As questões duvidosas devem ser apresentadas de forma in-dividual e referir o facto concreto relevante para a identifica-ção da dúvida controvertida. Só assim será possível responder a cada caso em concreto como se  impõe no esclarecimento de dúvidas. Neste caso,  respondemos, essencialmente, às si-tuações concretas que identificamos na consulta em matéria de incidência de IVA e IRC. 

SP – 2016-04-22

Resgate de fundos de investimento

Questão Associado n.º 20492

O resgate de unidades de participação em fundos de investi-mento  nacionais  em  sede  de  IRS  é  obrigatório  declarar? Resgate efetuado em 31/07/2015.

Resposta do Assessor Fiscal:

1.  O  regime  fiscal  dos  Fundos  de  Investimento,  foi  altera-do pelo Decreto-Lei n.º 7/2015, de 13 de janeiro, sendo essen- cial distinguir dois momentos temporais, rendimentos coloca-dos à disposição ou obtidos antes ou depois de 2015-07-01. 2. No que respeita ao resgate, tratando de Fundos de Inves-timento Mobiliário, os  rendimentos são tributários à taxa de 28%. Sendo exercida a opção de englobamento, é necessá- rio  incluir  os  mesmos  no  Anexo  G,  Quadro  10,  código  31.  3.  Tratando-se  de  Fundos  de  Investimento  Imobiliário,  os rendimentos são tributários à taxa de 28%. Sendo exercida a opção de englobamento, é necessário  incluir os mesmos no Anexo G, Quadro 11-B, código G41.

AS – 2016-05-19

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    151

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Reabilitação urbana – iva

Questão Associado n.º 20458

A  empresa  ABC,  pessoa  colectiva,  é  sujeito  passivo  de  IVA, enquadrada no regime norma de IVA, tem vindo a ser ques-tionada pelos seus clientes sobre a possibilidade de aplicação da  taxa  reduzida  na  venda  de  materiais  de  construção  civil (pavimentos, revestimentos, mobiliário, sanitários). Estes mes-mos  clientes apresentam  imóveis  situados no  centro urbano de  Lisboa,  e  tem  todos  os  elementos  da  camara  que  valida que se encontram de acordo com a reabilitação urbana. Aos clientes que só adquirem materiais  (bens), sem prestação de mão-de-obra, pode ser aplicada a taxa reduzida de IVA?

Resposta do Assessor Fiscal:

De acordo com a verba 2.23 da Lista  I anexa ao Código do IVA, em conjugação com a alínea a) do n.º 1 do artigo 18.º, as empreitadas de reabilitação urbana, nos termos preceitua-dos em diploma específico concernente a este tipo de reabi-litação – na circunstância o DL 307/2009, de 23.10 – execu-tadas  em  imóveis  situados  em  áreas  de  reabilitação  urbana legalmente  tituladas e delimitadas,  são  tributadas à  taxa  re-duzida  de  IVA,  ou  seja  á  taxa  de  6%.  Dado  que  a  referida verba 2.23 não faz qualquer distinção entre serviços e mate-riais a referida taxa é de aplicar ao valor global da empreita-da e, neste sentido, os meros  fornecimentos de bens  (ainda que envolvam a respectiva instalação) e/ou serviços não incluí- dos nas referidas empreitadas, deverão ser tributados à taxa normal, desde não enquadráveis em qualquer das Listas ane-xas ao CIVA.

SP – 2016-05-02

dL 21/2007 – nota de crédito do Fornecedor

Questão Associado n.º 20565

O  fornecedor  de  um  serviço  de  construção  civil  emitiu  em Fevereiro  a  respetiva  fatura  com  a  menção  correspondente – IVA-autoliquidação. Acontece que, por haver uma diferença no valor faturado, emitiu em Abril uma Nota de Crédito pela diferença, com o mesmo motivo de isenção de IVA. a) Devo regularizar IVA em Abril, a débito e a crédito, tal como liqui-dei e deduzi em Março? b) Devo  submeter uma declaração de  substituição  de  fevereiro,  corrigindo  o  valor  liquidado  e deduzido?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. A alínea j) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA (CIVA), 

aditada pelo artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 21/2007, de 29 de Janeiro, refere que são sujeitos passivos do imposto “As pes-soas singulares ou colectivas referidas na alínea a) que dispo-nham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em ter-ritório  nacional  e  que  pratiquem  operações  que  confiram  o direito à dedução total ou parcial do imposto, quando sejam adquirentes de serviços de construção civil, incluindo a remo-delação, reparação, manutenção, conservação e demolição de bens imóveis, em regime de empreitada ou subempreitada.” 2. Face à  inversão do sujeito passivo consignada no referido normativo,  compete,  consequentemente,  ao  adquirente  dos serviços  de  construção  civil,  a  liquidação  e  entrega  do  IVA  que  se mostre devido. 3. Na  factura a emitir pelo prestador do serviço não deve este proceder á  liquidação de qualquer imposto,  mas  terá  de  fazer  constar  da  factura  a  expressão «IVA-autoliquidação»,  em  conformidade  com  o  n.º  13  do artigo 36.º do CIVA. 4. Cabe, nesta situação, ao adquirente, na qualidade de sujeito passivo do  imposto, a  liquidação do IVA devido, à taxa legal que ao caso couber, podendo efectuá- -lo na própria factura recebida do prestador dos serviços ou, em  alternativa,  em  documento  interno  que,  para  o  efeito, deverá fazer menção ao número e data da factura, bem como à  identificação  do  prestador,  contendo,  em  qualquer  dos casos,  especificação  dos  elementos  necessários  à  determi- nação das taxas aplicáveis e o montante de imposto devido. 5. Na  declaração  periódica,  o  prestador  de  serviços  releva estas  prestações  de  serviços  no  campo  8  do  quadro  06.  O adquirente registará as operações e IVA liquidado nos campos 3  e  4  (se  a  taxa  a  aplicar  for  a  taxa  normal)  e  indicará,  no campo 24, o IVA que for dedutível. 6. O n.º 2 do artigo 78.º estipula  que  “Se,  depois  de  efectuado  o  registo  no  artigo 45.º,  for anulada a operação ou  reduzido o  seu valor  tribu-tável  em consequência de  invalidade,  resolução,  rescisão ou redução do contrato, pela devolução de mercadorias ou pela concessão  de  abatimentos  ou  descontos,  o  fornecedor  do bem  ou  prestador  do  serviço  pode  efectuar  a  dedução  do correspondente  imposto até ao  final do período de  imposto seguinte àquele em que se verificarem as circunstâncias que determinaram a anulação da liquidação ou a redução do seu valor tributável”. 7. Isto significa que a regularização é facul-tativa. No entanto, sempre que o sujeito passivo opte por tais regularizações, deverá atender ao disposto no n.º 5 do mes-mo  artigo.  8.  Assim,  de  acordo  com  o  n.º  5  do  artigo  78.º “Quando o valor tributável de uma operação ou o respectivo imposto sofrerem rectificação para menos, a regularização a favor do sujeito passivo só poderá ser efectuada quando este tiver na sua posse prova de que o adquirente tomou conhe-cimento da rectificação ou de que foi reembolsado do impos-to,  sem o que se considera  indevida a  respectiva dedução”. 9. Tem esta norma por objectivo evitar que um sujeito passi-

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152    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

vo esteja a regularizar a seu favor imposto inicialmente dedu-zido pelo seu cliente, sem que este fique obrigado a regula-rizar  a  favor  do  Estado  o  mesmo  montante  o  que  só  se assegura  se  este  acusar  a  recepção  da  comunicação  que evidencie  o  montante  de  IVA  rectificado.  10.  Por  sua  vez  o n.º  13  do  artigo  78.º  refere  “Quando  o  valor  tributável  for objecto  de  redução,  o  montante  deste  deve  ser  repartido entre  contraprestação  e  imposto,  aquando  da  emissão  do respectivo  documento,  se  se  pretender  igualmente  a  rectifi-cação  do  imposto”.  11.  Nos  casos  em  que  for  reduzido  o valor  inicialmente  facturado  pelo  prestador  do  serviço  de construção civil pode o adquirente, sujeito passivo do impos-to (não é obrigatório que o faça) proceder à regularização do valor do IVA, nos termos do artigo 78.º do CIVA, desde que seja  salvaguardada  a  neutralidade  do  imposto  nos  termos expostos, ou seja, se regularizar, a favor do sujeito passivo o valor anteriormente liquidado, também terá que regularizar a favor  do  Estado  o  valor  anteriormente  deduzido.  12.  Em termos  declarativos,  optando  o  adquirente  dos  serviços  de construção civil, ao qual  foi aplicada a  regra da  inversão do sujeito  passivo,  por  efectuar  a  regularização  do  imposto, deverá relevar essa operação nos campos 40 e 41 da compe-tente declaração periódica do  IVA. 13. Quanto ao prestador de serviços, esse, não tem que efectuar qualquer movimento contabilístico e declarativo no que respeita ao IVA da regula-rização.

SP – 2016-05-03

serviços de Publicidade e comissões no estrangeiro

Questão Associado n.º 20554

Uma empresa pertencente ao setor imobiliário contrata servi-ços de publicidade e mediação no Estrangeiro, nomeadamen-te na China e Macau com o intuito de promover e vender os seus imóveis sitos em território nacional. Neste sentido venho por este meio solicitar a vossa ajuda acerca dos procedimen-tos a adotar em termos de  IVA  (auto  liquidar ou não) e em termos de retenção, para cada empresa contratada pois tra-tam-se de empresas fora do território nacional. Por outro lado, gostaria  de  saber  se  existe  algum  problema  em  aceitar  as faturas em chinês, pois por  vezes  será difícil  solicitar que as mesmas sejam emitidas em Inglês.

Resposta do Assessor Fiscal:

1. A  localização das prestações de serviço é determinada de acordo  com  as  regras  estabelecidas  nas  alíneas  a)  e  b)  do  n.º 6 do artigo 6.º do CIVA,  sem prejuízo das  regras de ex-

cepção previstas nos n.os 7 e seguintes do mesmo normativo. 2. Nos termos da alínea a) são localizadas no território nacio-nal  onde  se  situe  a  sede  ou  o  domicílio  do  sujeito  passivo para  o  qual  os  serviços  foram  prestados,  onde  quer  que  se situe a sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o do-micílio  do  sujeito  passivo  prestador  do  serviço  (norma  de carácter transnacional). 3. Nos termos da alínea b) as presta-ções de serviços realizadas a não sujeitos passivos, considera-se  localizada no  território nacional quando o prestador aqui tenha  a  sede  ou  domicílio  a  partir  do  qual  os  serviços  são prestados  (sujeito  passivo  nacional).  4.  No  caso  presente  os prestadores do serviço têm sede em Macau e na China. Sen-do ambos sujeitos passivos – o fornecedor estabelecido fora do  território  da  comunidade  e  o  adquirente  sujeito  passivo nacional – é de aplicar a regra da alínea a) do n.º 6 do artigo 6.º  do  CIVA  para  definir  o  local  da  tributação.  5.  De  notar que  para  efeitos  da  aplicação  das  regras  estabelecidas  no artigo 6.º, consideram-se sujeitos passivos do  imposto, qual-quer pessoa, singular ou colectiva, estabelecida fora do terri-tório  da  comunidade,  pela  aquisição  ou  fornecimento  de serviços a entidades com a sede, estabelecimento estável ou domicilio  no  território nacional,  que  faça prova dessa quali-dade, nomeadamente, através da apresentação de um núme-ro  de  identificação  fiscal  ou  similar,  atribuído  pelo  país  de estabelecimento,  ou  de  elementos  obtidos  das  autoridades fiscais competentes, atestando a qualidade de sujeito passivo; a qualidade de  sujeito passivo pode, ainda,  ser  comprovada mediante apresentação de um certificado, normalmente uti-lizado para efeitos de pedido de reembolso da 13.ª Directiva, emitido  pelas  autoridades  fiscais  competentes,  confirmando que o adquirente exerce uma actividade económica  (Item  III do  OFCD  030  115/09,  de  29.12,  que  estabelece  regras  de localização das prestações de serviços a partir de 1 de Janei-ro do 2010). 6. Neste sentido, importa que os sujeitos passi-vos  com  sede  ou  domicílio  em  Macau  e  na  China,  façam prova da sua qualidade de sujeitos passivos. 7. Determina a alínea  e)  do  n.º  1  do  artigo  2.º  do  CIVA,  que  são  sujeitos passivos do imposto as pessoas singulares ou colectivas refe-ridas  na  alínea  a)  do  mesmo  normativo,  pela  aquisição  dos serviços  abrangidos  pela  alínea  a)  do  n.º  6  do  artigo  6.º, quando os respectivos prestadores não tenham, no território nacional,  sede,  estabelecimento  estável  ou,  na  sua  falta,  o domicílio,  a partir  do qual  os  serviços  são prestados. 8.  É  o caso. Deste modo,  compete ao adquirente dos  serviços,  su-jeito passivo nacional, proceder à autoliquidação do imposto que  se  mostre  devido  (reverse  charge).  9.  Consideram-se obtidos em território português os rendimentos provenientes da intermediação na celebração de quaisquer contractos e os rendimentos derivados de outras prestações de serviços  rea-lizados ou utilizados em  território português,  com excepção 

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    153

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dos relativos a transportes, comunicações e actividades finan-ceiras (n.º 6 e 7 da alínea c) do n.º 3 do artigo 4.º do CIRC). 10. Por outro  lado, não se consideram obtidos em território português os  rendimentos enumerados no n.º 7 da  referida alínea  c)  do  n.º  3  do  artigo  4.º  (...),  quando  os  serviços  de que derivam, sendo realizados integralmente fora do território português, não respeitem a bens situados nesse território nem estejam  relacionados  com  estudos,  projectos,  apoio  técnico ou à gestão, serviços de contabilidade ou auditoria e serviços de consultoria, organização,  investigação e desenvolvimento em  qualquer  domínio.  11.  Neste  sentido,  os  rendimentos provenientes  da  intermediação  (comissões)  são  de  conside- rar como obtidos no território nacional (n.º 6 da alínea c) do n.º 3 do artigo 4.º), ao passo que os provenientes dos serviços de publicidade o não são, na medida em que são realizados integralmente fora do território português (n.º 7 da alínea c) do n.º 3 e n.º 4 do artigo 4.º). 12. Entre Portugal, o Governo de Macau e o Governo da República Popular da China, foram celebradas Convenções destinadas a Evitar a Dupla Tributação e  Prevenir  a  Evasão  Fiscal  em  Matéria  de  Impostos  sobre  o Rendimento, em vigor desde 01.01.1999 e 08.06.2000, res-pectivamente.  13.  Deste  modo,  está  em  causa  saber  se  as comissões pagas relativamente aos serviços de intermediação, estão sujeitas a retenção na fonte. 14. As comissões integram o  lote  de  rendimentos  susceptíveis  de  gerarem  lucro  numa empresa,  pelo  que,  sendo  assim,  têm  de,  obrigatoriamente integrar este conceito (de lucro das empresas) para efeitos do disposto no artigo 7.º do Modelo de Convenção da OCDE», que estabelece que os lucros de uma empresa de uma Parte Contratante só podem ser tributados nessa Parte Contratan-te, a não ser que a empresa exerça a sua actividade na outra Parte Contratante por meio de um estabelecimento estável aí situado. 15. Significa isto que os rendimentos recebidos pelas empresas  de  cada  um  daqueles  países,  geradores  de  lucros nessas empresas, só podem ser tributados no respectivo ter-ritório e não também em Portugal. 16. Neste sentido, sempre que seja accionada uma convenção para evitar a dupla tribu-tação, a Administração Fiscal Portuguesa fica  inibida de pro-ceder a qualquer tributação daqueles rendimentos, ainda que por  via  da  substituição  tributária,  a  não  ser  que  tais  rendi-mentos sejam imputados a um estabelecimento estável situa- do em Portugal (cfr. n.º 1 do artigo 98.º do CIRC). 17. Neste caso,  os  beneficiários  dos  rendimentos  devem  fazer  prova perante  a  entidade  que  se  encontra  obrigada  a  efectuar  a retenção na fonte (sujeito passivo nacional), até ao termo do prazo estabelecido para a entrega do imposto que deveria ter sido  deduzido  nos  termos  das  normas  legais  aplicáveis,  da verificação dos pressupostos que resultem de convenção para evitar a dupla tributação, através da apresentação do compe-tente  formulário  certificado  pelas  autoridades  competentes 

do respectivo Estado de residência; ou fazendo-o acompanhar de  documento  emitido  pelas  autoridades  competentes  do respectivo  Estado  de  residência  que  ateste  a  sua  residência para  efeitos  fiscais  no  período  em  causa  e  a  sujeição  a  im-posto sobre o rendimento nesse Estado (n.º 2 do artigo 98.º do  CIRC).  18.  Não  sendo  feita  essa  prova  até  ao  termo  do prazo estabelecido para a entrega do imposto, fica o substi-tuto  tributário  (sujeito passivo nacional) obrigado a entregar a  totalidade  do  imposto  que  deveria  ter  sido  deduzido  nos termos da  lei, de acordo com o disposto na alínea g) do n.º 1 e n.º 4 do artigo 94.º do CIRC. Sem prejuízo da responsa-bilidade contra-ordenacional, essa responsabilidade pode ser afastada sempre que o substituto tributário comprove com o documento a que se refere o n.º 2 do artigo 98.º, a verifica-ção dos pressupostos para a dispensa total ou parcial de re-tenção. 19. O Decreto-Lei n.º 238/86, de 19 de agosto, esta-belece,  no  seu  artigo  3.º,  que  “Sem  prejuízo  de  conterem versão  em  língua  ou  línguas  estrangeiras,  (...)  a  emissão  de facturas  ou  recibos,  deverão  ser  redigidos  em  língua  portu-guesa”. Existe, portanto, uma obrigação legal de redacção de factura  em  língua  portuguesa,  sem  prejuízo  de  a  mesma poder conter versão em língua estrangeira. Não obstante esta exigência legal, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) tem vindo a aceitar, a título excepcional, a emissão de facturas em língua estrangeira quando tal não prejudique a correta liqui-dação do imposto e desde que seja garantida a sua tradução em português sempre que a AT o julgue necessário (Despacho de 28.05.2015, do SDG do IVA).

SP – 2016-05-09

Pagamentos a não residentes

Questão Associado n.º 20490

Surgiu-me uma situação que me suscitou dúvidas relativamen-te à sua consideração como rendimento pago a não residen-te. Uma empresa que se dedica ao transporte de mercadorias por  conta  de  outrem  paga  a  uma  empresa  espanhola  uma anuidade para aceder a um site na internet que consiste numa bolsa de cargas. A empresa pode oferecer e procurar cargas e camiões. Eu trato isso contabilisticamente como publicidade. Em  termos  de  IVA  aplico  o  reverse  charge,  uma  vez  que  a empresa que presta o serviço é espanhola. Mas tenho dúvidas se, para efeitos de IR estamos perante um serviço localizado em Portugal. A plataforma está disponível tanto em Portugal como  nos  restantes  países  aderentes.  Neste  caso  concreto, deverei  solicitar o Certificado de Residência  Fiscal ou o Mo-delo 21 RFI à empresa espanhola, ou caso a mesma não os 

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154    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

faculte  reter  IRC na  fonte e  consequentemente preencher a Modelo 30?

Resposta do Assessor Fiscal:

iva 1.  Em  sede  de  IVA,  o  sujeito  passivo  do  imposto,  sem qualquer dúvida, é o adquirente português, de acordo com o disposto na alínea e) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA  (re-verse  charge).  iRc  2.  Consideram-se  obtidos  em  território português os rendimentos  imputáveis a estabelecimento es-tável  aí  situado  e,  bem  assim,  os  que,  não  se  encontrando nessas condições sejam derivados, conforme n.º 7) da alínea c) do n.º 3 do artigo 4.º do CIRC, de prestações de serviços realizados ou utilizados em território português, não especi-ficados nos demais números da referida alínea c). 3. Todavia, não se consideram obtidos em território português os rendi-mentos enumerados na referida alínea c) quando os mesmos constituam encargo de estabelecimento estável situado fora desse  território  relativo  à  actividade  exercida  por  seu  inter-médio e, bem assim, quando não  se  verificarem essas  con-dições, os rendimentos referidos no n.º 7 da mesma alínea, quando  os  serviços  de  que  derivam,  sendo  realizados  inte-gralmente fora do território português, não respeitem a bens situados  nesse  território  nem  estejam  relacionados  com  es-tudos,  projectos,  apoio  técnico  ou  à  gestão,  serviços  de contabilidade ou auditoria e serviços de consultoria, organi-zação, investigação e desenvolvimento em qualquer domínio (n.º 4 do artigo 4.º do CIRC). 4. Considera-se estabelecimen-to estável qualquer instalação fixa através da qual seja exer-cida  uma  actividade  de  natureza  comercial,  industrial  ou agrícola (artigo 5.º, n.º 1, do CIRC). 5. Tal definição é muito semelhante à que é dada no artigo 5.º da Convenção Mo-delo  da  OCDE,  a  que  Portugal  levantou  algumas  reservas, tendo, no entanto, mantido no direito interno como elemen-to fundamental para que uma realidade seja qualificada como estabelecimento estável a sua natureza física, ou seja, como defende Rita Pires, in Tributação Internacional do Rendimen-to  Empresarial  gerado  através  do  Comércio  Electrónico  – Desvendar  mitos  e  construir  realidades.  Almedina,  2011, Teses de Doutoramento, pág. 252 e seguintes, qualquer que seja  a  situação,  a  actividade  desenvolvida  e  a  sua  duração, para  existir  estabelecimento  estável  exige  –  se  sempre  a existência física. E para haver esta presença física, as instala-ções em causa têm de ser corpóreas e palpáveis. 6. Determi-nar  se um servidor ou uma página Web constituem um es-tabelecimento estável não é uma questão pacífica, tendo de se equacionar imensas situações que permitam analisar cada caso concreto, de modo a encontrar alguma semelhança com o conceito de estabelecimento estável. Podemos concluir que um Web site, pelas suas particularidades incorpóreas não lhe 

permite obter uma localização exacta e como tal, não pode-rá ser visto como um estabelecimento estável. Já no que diz respeito ao servidor e uma vez que este é detentor de carac-

terísticas físicas, poderá constituir uma instalação e como tal, 

se esta estiver ao dispor da entidade, se cumprir um período 

de  permanência  e  a  actividade  praticada  através  dele  for 

principal, podemos concluir que  se pode considerar um es-

tabelecimento  estável  (in  dissertação  de  Segundo  Ciclo  de 

Estudos  de  Bolonha  apresentada  por  Cátia  Sofia  da  Rocha 

Bastos,  sob  a  orientação  do  Professor  Doutro  João  Sérgio 

Ribeiro,  em Maio de 2013, na Universidade Católica Portu-

guesa/Porto, acessível na  Internet, sob o título «O estabele-

cimento estável  e o  comércio electrónico». 7. No  caso pre-

sente, o que estaria em causa entender, era se a página web 

que consubstancia a prestação de serviço da empresa espa-

nhola à empresa portuguesa, poderia ser entendida ou não 

com um estabelecimento estável. 8. Pelo que deixamos refe-

rido  entendemos  que  não  representa  um  estabelecimento 

estável  situado  em  território  português.  9.  A  questão  do 

servidor em que está alojada a página web não é problema 

que nos preocupe neste caso, dado que esse, supostamente, 

estará  localizado,  como  se  percebe  da  consulta,  fora  do 

território nacional. 10. Deste modo, sendo o serviço prestado 

integralmente  fora  do  território  português,  onde  se  situa o 

«site»,  muito  embora  o  seu  acesso  se  faça  na  internet  a 

partir  do  interior  de  Portugal,  e  o  mesmo  não  respeitar  a 

bens  situados  no  território  nacional  nem  está  relacionado 

com estudos, projectos, apoio técnico ou à gestão, serviços 

de  contabilidade  ou  auditoria  e  serviços  de  consultoria,  or-

ganização, investigação e desenvolvimento em qualquer do-

mínio  (cfr.  n.º  4  do  artigo  4.º  do  CIRC),  temos  de  concluir 

que  a  prestação  paga  pelo  utilizador  português  à  sua  con-

génere  espanhola  não  é  de  considerar  como  obtido  em 

Portugal, pelo que, sendo assim, não é de tributar em terri-

tório português. 11. Consequentemente, não tem a empresa 

portuguesa  que  dar  cumprimento  à  obrigação  prevista  no 

artigo 98.º do CIRC. 

SP – 2016-05-11

Renda condomínio

Questão Associado n.º 20372

O condomínio onde sou agora administradora aluga um sótão á Vodafone para a colocação de uma antena. O condomínio passa um recibo eletrónico com o seu contribuinte do rendi-mento e no final do ano entrega declaração aos condóminos a informar da sua parte do rendimento, os mesmos declaram 

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    155

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posteriormente  na  sua  declaração  de  IRS  como  rendimento predial e anexado á sua fração autónoma, este procedimento está certo?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. Sendo os diversos condóminos do edifício comproprietá-rios das partes comuns do mesmo, como resulta do estatu-ído no n.º 1 do artigo 1420.º, do Código Civil, o valor das rendas  correspondentes  devem  ser-lhes  imputados  na  pro-porção do valor relativo das respectivas fracções autónomas (percentagem ou permilagem), em consonância com o regi-me  estabelecido  no  artigo  19.º  do  CIRS.  2.  Compete  ao administrador  eleito  nos  termos  da  lei  civil,  em  nome  do 

condomínio na qualidade de locador, emitir os competentes recibos  electrónicos.  3.  Concomitantemente,  incumbe  à administração  do  condomínio  entregar  a  cada  condómino um documento em que indique a quota-parte da renda e o imposto eventualmente retido na fonte que lhe são imputá-veis,  bem  como  o  NIF/NIPC  da  entidade  que  efectuou  a retenção, entregando à entidade que paga os  rendimentos uma relação com a identificação de todos os condóminos e das  percentagens  ou  permilagens  que  cada  um  tem  no imóvel.  4. Os  condóminos  deverão  declarar  no  seu  IRS  o montante  da  renda  que  lhes  foi  imputado  bem  como  o valor da retenção correspondente.

SP – 2016-05-16

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Os interessados em participarem neste prémio instituído pelo Centro de Estudos de História da Contabilidade da APOTEC poderão apresentar os seus trabalhos até ao dia 30/11/2016 na sede da APOTEC.Os trabalhos apresentados candidatam-se ao seguinte prémio:

• Prémio ........... e 750,00

O premiado receberá também uma escultura, alusiva ao evento.Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50, 3.º Esq. – 1169-029 Lisboa – Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].

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156    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

glossário do contabilista

Guarda-livros

Era expressão de utilização corrente no século XVII, tanto em França  (teneur des livres)  como  mais  tarde  em  Inglaterra (bookkeeper).  Em 1678  Irson  intitulava-se  teneur de livres  e em 1685 Mathieu de La Porte publica o Guide des Negociants et teneurs de livres,  sendo  portanto  uma  profissão  muito considerada na época. Em Inglaterra é possível que a origem do termo bookkeeping provenha do holandês boekhoouden ou do alemão buchhalten e buchhaltung.Em  português  temos  também  o  termo  Contador  desde  a Idade Média, mas este sempre com uma carga social supe-rior. Em francês, tenir les livres – tenir = segurar, e por extensão, guardar ou manter, é a expressão mais  corrente entre  cerca de 1550  e  o  fim  do  século XVIII. Os  que  guardam os  livros são os teneur des livres e na segunda metade do século XVIII surge ténue des livres com significado semelhante a tenir les livres, substituindo-a mesmo a partir de princípios do século XIX. No princípio do século XX esta expressão, ténue des livres, é substituída pela palavra comptabilité.O termo contable – contabilista – aparece na Academia Fran-cesa em 1694 e o termo comptabilité surge na Encyclopédie de  D’Alembert  e  Diderot,  publicada  entre  1750  e  1772, consagrando-se no Código Napoleónico no princípio do  sé-culo XIX. Este termo Comptabilité, contém em si próprio três significa-dos para que o contabilista seja responsável: a) um conjunto de  contas;  b)  uma  técnica  de  registos;  c)  organização  do trabalho (Labardin e Nikitin).Com  a  reforma  dos  estudos  na  segunda  metade  do  século XIX, pretende a Contabilidade o reconhecimento como Ciên-cia, pelo que a partir de 1880 decai de importância o termo teneur des livres  (guarda-livros).Em Portugal o termo “guarda-livros” manteve-se até há pou-cos  anos  atrás  na  Tabela  de  Actividades  do  artigo  151.º  do Código do IRS.Passando  à  História,  assimilando-se  o  termo  guarda-livros, primeiro ao propósito de guardar os livros, e depois à técnica de escrituração dos livros, e à assunção da respectiva respon-sabilidade,  torna-se  bem  perceptível  o  anacronismo  entre  a evolução  da  actividade,  face  à  manutenção  da  semântica. Também com a expressão Secretário de Estado algo de seme-lhante  aconteceu  em  Portugal.  Aliás  ao  longo  da  História  e noutros  contextos,  muitos  exemplos  nos  são  dados,  pois  o exercício  de  determinados  cargos  pode  conduzir  também  a outras consequências, aparentemente fora do esquema, como a  usurpação  de  poderes  (Pepino  o  Breve,  era  Prefeito  do palácio e veio a dar origem à dinastia carolíngia). 

dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – instituto an-tónio Houaiss de Lexicografia Portuguesa – 2004Empregado do comércio, ou profissional autónomo, que tem por função fazer o registo da contabilidade e das transacções de  uma  empresa,  de  negócios,  escriturando  os  seus  livros comerciais.

a enciclopédia - editorial verbo – 2002Pessoa incumbida da contabilidade; contabilista.

nova enciclopédia Larousse – círculo de Leitores – 1997Pessoa responsável pela contabilidade, contabilista.

Lexicoteca moderna enciclopédia universal – círculo de Leitores – 1987O que tem a seu cargo os livros de contabilidade num escri-tório.

dicionário de Língua Portuguesa – José Pedro machado – sLP e amigos do Livro editores – 1981Empregado que em qualquer casa comercial regista em livros todo o movimento comercial da mesma casa; contabilista.

dicionário da língua portuguesa composto pelo padre d. Rafael bluteau, reformado, e acrescentado por antó-nio de moraes silva natural do Rio de Janeiro – 1789vocabulário Português e Latino do Padre Raphael blu-teau – 1712-1728Não contêm entradas para o vocábulo.

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    157

livraria

SNC-AP – Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações PúblicasDe Pedro Correia Ribeiro

Este  livro tem como principais destinatários os dirigen-tes, quadros técnicos superiores e restantes trabalhado-res  da  administração  pública  central,  regional  e  segu-rança  social,  que  desempenham  funções  nas  áreas financeiras  e  de  contabilidade,  de  entidades  que  inte-gram o perímetro das administrações públicas.

Este livro comtempla a Estrutura Concetual da informa-ção financeira pública, as NCP-Normas de Contabilida-de Pública e o PCM-Plano de Contas Multidimensional, e  integra  também  o  DL  nº  195/2015  que  aprovou  o SNC-AP, assim como a apresentação do Sistema Conta-bilístico do Estado definido pela Lei de Enquadramento Orçamental.

Esta obra tem também especial interesse para docentes e alunos do ensino superior que investigam e estudam na área financeira e contabilística do setor público, assim como  para  os  contabilistas  e  entidades  de  auditoria  e certificação legal de contas das organizações que inte-gram o perímetro das administrações públicas. Título:  SNC – AP – Sistema de Normalização Contabi-

lística para as Administrações PúblicasAutor: Pedro Correia RibeiroEditora: Vida Económica

Sistema Fiscal Português – Códigos Fiscais e outra legislação fundamentalCompilação organizada por José Manuel Martins Marreiros

Este  livro  foi  elaborado  de  modo  a,  num  só  volume,  compilar  a legislação dos impostos que constituem o sistema fiscal português.

Tem como objetivo proporcionar aos seus destinatários (quer sejam estudantes, professores ou profissionais que lidem com o ramo do direito fiscal), a um preço acessível, a comodidade de evitar a aqui-sição de vários livros, certamente mais dispendiosos no seu conjun-to e dispersivos na sua consulta.

Não pretendendo ser uma obra exaustiva, é, no entanto, bastante abrangente, apresentando-se com uma organização e um formato que permitem o seu fácil manuseamento.

Está dividido em sete pontos: Princípios, procedimentos e conten-ciosos  tributários;  Impostos  sobre  o  consumo;  Impostos  sobre  o património e outros considerados híbridos; Estatuto dos benefícios fiscais; Regiões autónomas e autarquias  locais; Legislação comple-mentar.

Para além da legislação complementar inserida por ordem cronoló-gica  na  Legislação  complementar,  também  se  encontra  quadros, resumos  e  fórmulas  de  cálculos  inseridos  em  notas  a  artigos  de diversos diplomas, tanto nessa Legislação complementar como tan-to  como  nos  Princípios,  procedimento  e  contencioso,  a  Regiões autónomas e autarquias  locais. O motivo  inserção/arrumação é de ordem prática, nomeadamente a sua relação direta com o assunto do artigo ou do diploma em causa, a  sua especificidade e a con-sulta imediata.

Contém os índices geral e cronológico e junto a cada diploma, um índice sistemático para facilitar a consulta e dar o panorama geral do seu conteúdo.

Título:  Sistema Fiscal Português – Códigos Fiscais e outra legislação fundamental

Compilação organizada por: José Manuel Martins MarreirosEditora: Áreas Editora

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158    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

recortes

Com a devida vénia...

“Aparentemente não está muito simpática para Portugal”

Primeiro-Ministro António Costa, referindo-se à questão das sanções europeias, in “Público” de 27/7/2016

“Atacar a polícia é atacar o Estado de Direito”

Barack Obama, Presidente dos USA após o tiroteio em que morreram três polícias e ficaram feridos mais três,

in “Visão“ 27/07/2016

“Eu apostei o meu dinheiro no Brexit”

Jean Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, in “Visão” de 27/07/2016

“O diálogo à esquerda está a ser feito com muito cuidado, ponderação e

tacto. É uma estratégia sábia”

Ana Drago, ex-Deputada do Bloco de Esquerda, in “Visão“ de 27/07/2016

“A PT não queria facturas detalhadas porque dizia que causavam divórcios”

Jorge Morgado, Secretário-geral da DECO, in “Visão” de 20/07/2016

“Não gosto de férias não acho piada nenhuma”

Tony Carreira, Cantor, in “Visão” de 20/07/2016

“Manter o Estado social significa ter dinheiro para manter o Estado social sem pedir mais resgates à Europa e sem aumentar os impostos, que se

confundem com a prepotência”

Clara Ferreira Alves, Jornalista, in “E”, Revista do Expresso de 16/07/2016

“Mesmo com sanções, não vamos rever a trajectória acordada com o PS.

Isso seria privatizar hospitais, caminhos de ferro, água”

Catarina Martins, Coordenadora do Bloco de Esquerda, in “E”, Revista do Expresso de 16/07/2016

“Incumprimento das empresas vai baixar para nível pré-Banif”

António Vieira Monteiro, CEO Santander Totta, in “Vida Económica” de 05/08/2016

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    159

legislação

Mapa das Obrigações Fiscais e Parafiscais de Agosto de 2016

dia 10:

iva: Envio da declaração mensal referente ao mês de junho 2016 e anexos.

iRs/iRc/seguRança sociaL:  Declaração  de  rendimentos pagos  e  de  retenções,  deduções,  contribuições  sociais  e  de saúde  e  quotizações,  referentes  a  julho 2016  (trabalho  de-pendente).

seguRança sociaL: Entrega das Declarações de Remune-rações referentes a de julho 2016 por transmissão eletrónica de dados.

banco de Portugal:  Disponibilização  COL  na  Aplicação  de Recolha, mês de julho.

dia 15:

declaração intrastat: Envio da informação referente ao mês de junho.

dia 16:

iRs: entrega da declaração modelo 11,  por  transmissão eletrónica de dados, pelos Notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções notariais, bem como as entidades ou profissionais  com competência para autenticar documentos particulares que titulem atos ou contratos sujei-tos  a  registo  predial,  ou  que  intervenham  em  operações previstas  nas  alíneas  b),  f)  e  g  do  n.º  1  do  artigo  10.º,  das relações  dos  atos  praticados  no  mês  anterior,  suscetíveis  de produzir rendimentos.

iva: entrega declaração Periódica, por transmissão eletró-nica  de  dados,  acompanhada  dos  anexos  que  se  mostrem devidos, pelos sujeitos passivos do regime normal trimestral, relativa às operações efetuadas no 2.º trimestre.imt:  Os  notários  e  outros  funcionários  ou  entidades  que desempenhem  funções  notariais,  bem  como  as  entidades  e profissionais  com  competência  para  autenticar  documentos particulares  que  titulem  atos  ou  contratos  sujeitos  a  registo predial,  devem  submeter,  à  Direção-Geral  dos  Impostos,  os seguintes elementos: a)  Em  suporte  eletrónico  (Modelo11),  uma  relação dos  atos ou contratos sujeitos a IMT, ou dele isentos, efetuados no mês antecedente, contendo, relativamente a cada um desses atos, o número, data e  importância dos documentos de cobrança ou  os  motivos  da  isenção,  nomes  dos  contratantes,  artigos matriciais  e  respetivas  freguesias,  ou  menção  dos  prédios omissos; b) Cópia das procurações que confiram poderes de alienação de bens imóveis em que por renúncia ao direito de revogação ou cláusula de natureza semelhante o representado deixe de 

poder revogar a procuração, bem como dos respetivos subs-tabelecimentos, referentes ao mês anterior; c) Cópia das escrituras ou documentos particulares autentica-dos de divisões de coisa comum e de partilhas de que façam parte bens imóveis. 

iRs: entrega da declaração modelo 11,  por  transmissão eletrónica de dados, pelos Notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções notariais, bem como as entidades ou profissionais  com competência para autenticar documentos particulares que titulem atos ou contratos sujei-tos  a  registo  predial,  ou  que  intervenham  em  operações previstas  nas  alíneas  b),  f)  e  g  do  n.º  1  do  artigo  10.º,  das relações  dos  atos  praticados  no  mês  anterior,  suscetíveis  de produzir rendimentos.

dia 22:

iva:  Envio da declaração  recapitulativa por  transmissão  ele-trónica de dados, pelos sujeitos passivos isentos ao abrigo do artigo 53.º do Código do IVA que tenham efetuado prestações de  serviços  noutros  Estados  Membros,  no  mês de junho, quando  tais  operações  sejam  aí  localizadas  nos  termos  do artigo 6.º do Código do IVA.

iva:  Entrega  da  Declaração  Recapitulativa  por  transmissão eletrónica de dados, pelos  sujeitos passivos do regime nor-mal mensal  que  no  mês  anterior  (junho 2016)  tenham efetuado transmissões intracomunitárias de bens e/ou presta-ções de serviços a sujeitos passivos registados noutros Estados Membro,  quando  tais  operações  sejam  aí  localizadas  nos termos  do  art.º  6.º  do  CIVA,  e  para  os  sujeitos  passivos  do regime  normal  trimestral  quando  o  total  das  transmissões intracomunitárias  de  bens  a  incluir  na  declaração  tenha  no trimestre em curso (ou em qualquer mês do trimestre) exce-dido o montante de € 50.000.

iva: entrega da declaração modelo P2 ou da guia mo-delo 1074, pelos retalhistas sujeitos ao regime de tributação previsto no art. 60.º do CIVA, consoante haja ou não impos-to a pagar, relativa ao 2.º trimestre. 

imPosto de seLo:  Entrega  das  importâncias  retidas,  no mês anterior (julho 2016), para efeitos de Imposto do Selo.

seguRança sociaL:  Entrega,  entre  os  dias  10  e  20,  das contribuições relativas às remunerações do mês anterior (ju-lho 2016).

iRc: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior (julho 2016), para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pes-soas Coletivas (IRC).

iRs: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior (julho

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160    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

2016), para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pes-soas Singulares (IRS).

Fct ou (me) e Fgct – entregas: Pagamento das entregas para o Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) ou Meca-nismo Equivalente (ME) e para o Fundo de Garantia de Com-pensação do Trabalho (FGCT) relativas ao mês de julho 2016, entre os dias 11 e 20.

banco de Portugal: Prazo de  reporte COPE  -  EMPRESAS – julho 2016.

dia 25:

iva:  Comunicação  dos  elementos  das  faturas  referentes  a julho 2016.

dia 31:

iRs/iRc: entrega da declaração modelo 30  – Declaração de rendimentos pagos ou colocados à disposição de sujeitos passivos não residentes relativos a junho de 2016.

iva: Entrega, por transmissão eletrónica de dados, do pedi-do de restituição iva pelos sujeitos passivos do imposto suportado, no próprio ano civil,  noutro  Estado  Membro ou país terceiro (neste caso em suporte de papel), quando o montante a reembolsar for superior a € 400 e respeitante a um período não inferior a três meses consecutivos, tal como refere o Decreto-Lei n.º 186/2009, de 12 de agosto.

iva: duRante este mês e atÉ ao Fim do mês de outubRo: Entrega, por transmissão eletrónica de dados, da opção pelo regime de contabilidade de caixa em sede de iva, caso pretenda a aplicação do regime a partir de 01 de janeiro do ano seguinte.

imi: Envio pelas câmaras municipais, por transmissão eletró-nica, dos elementos relativos à constituição, aprovação, alte-ração ou receção, ocorridas no mês anterior:– Alvarás de  loteamento,  licenças de construção, plantas de arquitetura  das  construções  correspondentes  às  telas  finais, licenças de demolição e de obras, pedidos de vistorias, datam de  conclusão  de  edifícios  e  seus  melhoramentos  ou  da  sua ocupação, bem como todos os elementos necessários à ava-liação dos prédios;– Plantas dos aglomerados urbanos à escala disponível donde conste a toponímia;– Comunicações prévias de instalação, modificação ou encer-ramento de estabelecimentos previstos no n.º 1 do artigo 2.º do Dec-Lei n.º 48//2011, de 1 de abril, efetuadas nos termos daquele diploma;–  Licenças  de  funcionamento  de  estabelecimentos  afetos  a atividades industriais.

iuc:  Liquidação, por  transmissão eletrónica de dados, e pa-gamento do Imposto Único de Circulação relativo aos veículos cujo aniversário de matrícula ocorra no mês de agosto.

nota: A  informação encontra-se disponível mensalmente em www.apotec.pt. Se  durante  o  mês  ocorrerem  alterações  as  datas  supra  indicadas,  a  APOTEC não se responsabiliza pelas mesmas.

Últimas Novidades Legislativas

ofício-circulado n.º 30182/2016, de 10/08 – Decreto--Lei n.º 41/2016, de 1 de agosto. Alterações em sede de IVA.

Portaria n.º 218/2016, de 09/08Regime Simplificado do Sistema de Normalização Con-tabilística para as Administrações Públicas.

ofício-circulado n.º 90023/2016, de 01/08Inscrição eletrónica como residente não habitual – N.º 10 do artigo 16.º do código do IRS.

decreto Lei n.º 41/2016, de 01/08Altera o Código do  Imposto  sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, o Código do Imposto sobre o Ren-dimento das  Pessoas Coletivas,  o Código do  Imposto sobre  o  Valor  Acrescentado,  o  Regime  do  IVA  nas Transações Intracomunitárias, o Decreto-Lei n.º 185/86, de 14 de  julho, o Código do  Imposto do Selo, o Có-digo do  Imposto Municipal  sobre  Imóveis e o Código do Imposto Único de Circulação.

acórdão n.º 275/2016, de 28/07Não  julga  inconstitucional a norma extraída do artigo 10.º, n.º 12, do Código do Imposto sobre o Rendimen-to  das  Pessoas  Singulares,  aprovado  pelo  Decreto-Lei n.º  442-A/88,  de  30  de  novembro,  na  redação  dada pela Lei n.º 39-A/2005, de 29 de julho, segundo a qual a exclusão estabelecida no n.º 2 do mesmo artigo não abrange as mais-valias provenientes de ações de socie-dades cujo ativo seja constituído, desde o momento da aquisição das ações até ao momento da sua alienação, direta ou  indiretamente, em mais de 50 %, por bens imóveis  ou  direitos  reais  sobre  imóveis  situados  em território português.

Portaria n.º 196/2016, de 20/07Estabelece  o  regime  complementar  de  redução  das taxas  de  portagem  a  praticar  nos  lanços  e  sublanços 

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    161

legislação

de várias autoestradas e procede ao alargamento do regi-me de modulação horária e de descontos especiais.

decreto Legislativo Regional n.º 33/2016/m, de 20/07 Primeira  alteração  ao  Decreto  Legislativo  Regional  n.º 3/2001/M,  de  22  de  fevereiro,  que  define  o  regime  de redução  das  taxas  do  imposto  sobre  o  rendimento  das pessoas singulares, previstas no CIRS, aplicável aos residen-tes na Região Autónoma da Madeira.

decreto do Presidente da República n.º 36/2016, de 18/07Ratifica  a  Convenção  entre  a  República  Portuguesa  e  o Sultanato de Omã para Evitar a Dupla Tributação e Preve-nir  a Evasão Fiscal  em Matéria de  Impostos  sobre o Ren-dimento, assinada em Lisboa, em 28 de abril de 2015.

decreto do Presidente da República n.º 35/2016, de 18/07Ratifica  a  Convenção  entre  a  República  Portuguesa  e  o Reino da Arábia Saudita para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir  a  Evasão  Fiscal  em Matéria de  Impostos  sobre o Rendimento, assinada em Lisboa, em 8 de abril de 2015.

decreto-Lei n.º 38/2016, de 15/07No  uso  da  autorização  legislativa  concedida  pelo  artigo 172.º  da  Lei  n.º  7-A/2016,  de  30  de  março,  procede  à alteração ao Estatuto dos Benefícios Fiscais, aprovado pelo Decreto-Lei  n.º  215/89, de 1 de  julho, no que  respeita  à majoração dos gastos suportados pelas empresas de trans-portes com a aquisição de combustíveis.

Portaria n.º 189/2016, 14/07Notas de Enquadramento ao Plano de Contas Multidimen-sional  –  Sistema  de  Normalização  Contabilística  para  as Administrações Públicas.

iva – despacho seaF n.º 159/2016-xxi, de 13/07 Pedido de compensação forfetária, previsto no artigo 59.º- -B do Código do IVA. 

aviso n.º 8671/2016, de 12/07 Taxas  supletivas  de  juros  moratórios  em  vigor  no  2.º  se-mestre de 2016.

Resolução da assembleia Legislativa da Ram n.º 31/2016/m, de 04/07Apresenta à Assembleia da República a proposta de lei que altera o Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de julho, que aprova o Estatuto dos Benefícios Fiscais.

decreto-Lei n.º 36/2016, de 01/07Altera o CPPT, aprovado pelo D.L. n.º 433/99, de 26/10, o RCPITA,  aprovado  pelo  D.L.  n.º  413/98,  de  31/12,  e  o Regulamento  das  Custas  dos  Processos  Tributários,  apro-vado pelo D.L. n.º 29/98, de 11/02.

decreto-Lei n.º 35-c/2016, 30/06Procede à nona alteração ao Decreto-Lei n.º 42/2001, de 9  de  fevereiro,  e  à  primeira  alteração  ao  Decreto-Lei  n.º  213/2012,  de  25  de  setembro,  flexibilizando  o  paga-mento de dívidas à segurança social.

cidadãos imigrantes – Alteração  do  estatuto  de  não residente para residente.

Resolução da assembleia Legislativa da Região autó-noma da madeira n.º 27/2016/m, de 29/06Apresenta à Assembleia da República a proposta de lei que altera a Lei n.º 7/2009, de 12 de  fevereiro, que aprova a revisão do Código do Trabalho.

decreto Legislativo Regional n.º 24/2016/m, de 28/06 Cria o Código Fiscal do Investimento na Região Autónoma da Madeira.

Resolução da assembleia Legislativa Região autóno-ma da madeira n.º 24/2016/m, de 27/06Apresenta à Assembleia da República a proposta de lei que procede à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 70/2010, de 16 de junho, que estabelece as regras para a determinação da  condição  de  recursos  a  ter  em  conta  na  atribuição  e manutenção  das  prestações  do  subsistema  de  proteção familiar e do subsistema de solidariedade, bem como para a atribuição de outros apoios sociais públicos.

ofício circulado 20193/2016, 23/06Sistema  de  inventário  permanente  (SIP)  e  contabilidade regularmente organizada como condição de atribuição de benefícios fiscais; periodicidade de registo contabilístico em SIP.

Lei n.º 18/2016, 20/06Estabelece as 35 horas como período normal de trabalho dos trabalhadores em funções públicas, procedendo à se-gunda alteração à Lei Geral do Trabalho em Funções Pú-blicas,  aprovada  em  anexo  à  Lei  n.º  35/2014,  de  20  de junho.

Estes  e  outros  destaques  estão  também  disponíveis  em http://www.apotec.pt/destaques/detalhes.php?id=4

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162    Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto 2016

Decorreu no passado dia 19 de Maio, a habitual evocação do dia do  ISCAL e  também de mais um aniversário da Aula do Comércio,  assinalando  os  seus  257  anos.  Em  representação da APOTEC estiverem presentes Manuel Patuleia e  Isabel Ci-priano.  Este  evento  contou  com  a  participação  especial  do orador  convidado,  Dr.  Pedro  Fonseca,  Inspector  da  Policia Judiciária.

O combate à fraude, a importância da formação contabilista de  excelência,  a  diversidade  da  oferta  de  emprego  para  os profissionais desta área, que vai muito além da profissão de contabilista certificado, foram alguns dos aspectos em desta-que.

A  APOTEC  dá  os  parabéns  ao  ISCAL  pelo  assinalar  de  mais este marco histórico da instituição.

Dia do ISCAL e dos 257 anos da Aula do Comércio

Calendário das reuniões mensais em Lisboa para 2016: Direito do Trabalho e Segurança Social

Em Maio de 2015, a APOTEC retomou uma  iniciativa de  longa data, passando a decorrer mensalmente, nas  instalações em Lisboa, as reuniões para debate de temas (pré-definidos e divulgados antecipadamente) e esclarecimento de dúvidas de âm-bito laboral e segurança social.Também está disponível a possibilidade de esclarecimento de questões que sejam submetidas até 1 semana antes da reunião mensal.As questões podem ser enviadas para o email: [email protected]  juntamente com a  respectiva  inscrição para a  reunião mensal. Estas reuniões decorrem às segundas-feiras, das 18h às 20h, no nº 19, 1d da Rua Rodrigues sampaio, acompanhadas pela Dra Ana Coelho (Advogada/Formadora), de acordo com o seguinte calendário:

dia/mês tema

19/Setembro Organização dos tempos de trabalho (modalidades, obrigações declarativas,  impacto remuneratório)

10/Outubro Faltas e Feriados: conceitos, obrigações declarativas e impacto remuneratório

7/Novembro Obrigações declarativas: comunicações, mapas e registos

5/DezembroFormas  específicas  de  cessação  do  contrato  de  trabalho:  caducidade  por  reforma  e  pré-reforma; compensações.

valor de inscrição para associados: 1 (uma) sessão: €10 3 (três) sessões: € 25

As inscrições podem ser feitas por email, fax ou carta para a sede da APOTEC acompanhadas pelo respectivo meio de paga-mento ou comprovativo de transferência para o IBAN: PT50 0035 0698 000 26015030 78 da CGD.

aPotec em notícias

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Jornal de Contabilidade. Julho/Agosto    163

Uma  das  muitas  vantagens  do  livre associativismo traduz-se na descober-ta  de novas  amizades,  interesses  co-muns  que  vão  além  da  profissão, partilha  de  experiências  que  contri-buem para o desenvolvimento e bem- -estar.  E  esta  é  há  quase  40  anos  uma  vantagem  dos  Associados  da APOTEC!Anualmente,  a  Secção  Regional  de Coimbra da APOTEC, potenciada pela sua  privilegiada  localização  na  zona centro,  bem  como  pelo  dinamismo dos  seus  membros,  tem  promovido momentos  de  confraternização  alia-dos  ao  conhecimento/redescoberta de tesouros naturais e culturais.A exemplo disso, decorreu no passa-do dia 7 de Julho mais uma viagem, desta vez aos Tesouros das Serras da Estrela e do Açor.E porque uma imagem vale mais que mil palavras, deixamos na área Even-tos  Associativos,  em  www.apotec.pt  a reportagem fotográfica assim como o  testemunho  da  Colega  Deolinda Reis.

Os tesouros das Serras da Estrela e do Açor

organização: IERU – Instituto de Estudos Regionais e Urbanos da Universidade de Coimbra e pela APOTEC -  Associação  Portuguesa  de  Técnicos  de  Contabilidade,  com  coordenação  a  cargo  do  Dr.  Abílio  Sousa (Porto) e da Drª  Irene Abreu (Lisboa).

Finalidade: Estímulo do desenvolvimento e integração de conhecimentos sobre os normativos fiscais apli-cados pelas particulares e pelas empresas,  tendo em conta o relacionamento da fiscalidade na actividade dos sujeitos passivos.

duração, calendário e local: 84 horas, com 2 sessões de 3 horas aos sábados de 17 de Setembro a 17 de Dezembro 

Regulamento e candidaturas em www.apotec.pt.

Curso de Pós-Graduação em Fiscalidade Lisboa e Porto

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