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Competência Material da Justiça do Trabalho – EC 45/04 Marcelo Chaim Chohfi CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO

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Competência Material da Justiça do Trabalho –EC 45/04

Marcelo Chaim Chohfi

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO

A COMPETÊNCIA

- JURISDIÇÃO é um todo – COMPETÊNCIA éuma fração.

- Necessidade de divisão de trabalhojurisdicional entre os diversos órgãos do PoderJudiciário (maior acesso a justiça e a efetividade).

- COMPETÊNCIA “é a medida da jurisdição”,ou ainda, “é a jurisdição na medida em quepode ser exercida pelo juiz” (Athos GusmãoCarneiro).

CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DACOMPENTÊNCIA (CHIOVENDA)

- OBJETIVO: matéria (critério preponderante naEC 45/04) e valor da causa (que apenasdetermina o rito trabalhista mas naõ interfere nacompetência de seus órgãos).

- FUNCIONAL: em razão da natureza eexigências especiais das funções exercidas pelojuiz no processo.

- TERRITORIAL: regra geral do artigo 651 daCLT.

COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA

- ABSOLUTA: em razão da matéria e da pessoa(natureza de objeção, passível de conhecimento deofício, não havendo preclusão).

- Pode ser reconhecida após o trânsito emjulgado, na fase de execução?

- RELATIVA: em razão do território (natureza deexceção, atualmente por exceção, admiteprorrogação).

- Incompetência relativa no novo CPC?

COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA

- COMPETÊNCIA MATERIAL: fixada pelaConstituição Federal (artigo 114).

Obs.: Voto do Ministro Marco Aurélio na medidacautelar da ADI 5366 (sobre a competência paraautorizar o trabalho infantil – dispositivos normativosatadados ofendem a legalidade estrita).

- COMPETÊNCIA FUNCIONAL E TERRITORIAL:fixada na legislação infraconstitucional, conformedetermina o próprio artigo 113 da ConstituiçãoFederal.

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- POR QUE UMA JUSTIÇA ESPECIALIZADA?

- Relação com as reivindicações sociais e a necessidade deintervenção Estatal nas relações de trabalho (segundadimensão de direitos fundamentais).

- Insuficiência do parâmetro individualista e privatístico quepautavam as relações civis comuns e os respectivosjulgamentos da justiça ordinária.

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- 2º seminários nacional sobre a ampliação daCompetência da Justiça do Trabalho (5 anos depois)– Participação do Min. Maurício Godinho Delgado:

- “O tema nos remete a uma reflexão sobre o papel doJudiciário na democracia.”

- “A Constituição da República determinou a construção de umEstado de Bem-estar Social e, embora ainda esteja longede se realizar, temos que algumas das instituiçõesfundamentais para tal projeto foram bem consumadas,como é o caso da Justiça do Trabalho e do Ministério Públicodo Trabalho”.

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- Decreto Legislativo 22.132, de 25.11.32:

- criou as Juntas de Conciliação e Julgamento.

- decisões eram executadas perante a Justiça Comum,com possibilidade de reexame dos fundamentos da condenação.

- Paralelamente às Juntas de Conciliação e Julgamento:

- Comissões Mistas de Conciliação (Decreto Legislativo21.396, de 12.05.32) – conflitos coletivos de trabalho.

- Conselho Nacional do Trabalho (criado como órgãoconsultivo em 1923; transformado, em 1934, em instânciarecursal da Previdência Social e julgadora dos inquéritosinsaturados contra empregados estáveis de concessionárias dosserviços públicos).

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- Artigo 122 da Constituição de 1934:

“Para dirimir questões entre empregadores e empregados,regidas pela legislação social, fica instituída a Justiça do Trabalho(...) A constituição dos Tribunais do Trabalho e das Comissões deConciliação obedecerá sempre ao princípio da eleição demembros, metade pelas associações representativas dosempregados, e metade pelas dos empregadores, sendo opresidente de livre nomeação do Governo, escolhido entrepessoas de experiência e notória capacidade moral e intelectual.”

- Vinculação ao Executivo.

- Sem independência.

- Origem da representação classista paritária (extinta com aEC 24/99).

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- Artigo 139 da Constituição de 1937:

“Art 139 - Para dirimir os conflitos oriundos das relações entreempregadores e empregados, reguladas na legislação social, éinstituída a Justiça do Trabalho, que será regulada em lei e àqual não se aplicam as disposições desta Constituição relativas àcompetência, ao recrutamento e às prerrogativas da Justiçacomum.

A greve e o lock-out são declarados recursos anti-sociais nocivosao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superioresinteresses da produção nacional.”

- Sem inclusão explícita no Poder Judiciário.

- RE 6310, STF – admitiu recurso extraordinário contradecisão do CNT (atual TST), reconhecendo seu caráterjurisdicional.

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- Artigo 94 da Constituição de 1946:

“O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos:

V - Tribunais e Juízes do Trabalho.” (Redação dada pelo AtoInstitucional nº 2)

- Artigo 122 da Constituição de 1946:

“Os órgãos da Justiça do Trabalho são os seguintes:

I - Tribunal Superior do Trabalho;

II - Tribunais Regionais do Trabalho;

III - Juntas ou Juízes de Conciliação e Julgamento.“

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- Artigo 123 da Constituição de 1946:

“Art 123 - Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar osdissídios individuais e coletivos entre empregados eempregadores, e, as demais controvérsias oriundas de relaçõesdo trabalho regidas por legislação especial.

§ 1º - Os dissídios relativos a acidentes do trabalho são dacompetência da Justiça ordinária.

§ 2º - A lei especificará os casos em que as decisões, nosdissídios coletivos, poderão estabelecer normas e condições detrabalho.”

COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DOTRABALHO – EVOLUÇÃO ATÉ A EC 45/04

- Artigo 133 da Constituição de 1967:

- manteve a representação classista e o poder normativo daJustiça do Trabalho.

- foi criado o quinto constitucional para os membros daAdvocacia e do Ministério Público do Trabalho.

- Artigo 134 da Constituição de 1967:

Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuaise coletivos entre empregados e empregadores e as demaiscontrovérsias oriundas de relações de trabalho regidas por lei especial.

§ 1º - A lei especificará as hipóteses em que as decisões nos dissídioscoletivos, poderão estabelecer normas e condições de trabalho.

§ 2º - Os dissídios relativos a acidentes do trabalho são da competênciada Justiça ordinária.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

- Artigo 114 da Constituição de 1988 (antesda EC 45/04):

“Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar osdissídios individuais e coletivos entre trabalhadores eempregadores, abrangidos os entes de direito públicoexterno e da administração pública direta e indiretados Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e daUnião, e, na forma da lei, outras controvérsiasdecorrentes da relação de trabalho, bem como oslitígios que tenham origem no cumprimento de suaspróprias sentenças, inclusive coletivas.”

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

- Artigo 114 da Constituição de 1988 (antes da EC 45/04) -observações:

- “conciliar” e julgar.

- critério subjetivo de definição da competência (“entretrabalhadores e empregados”).

- outras controvérsias decorrentes da relação de trabalhoestabelecidas em lei – artigo 652, “a”, III: “os dissídios resultantes decontratos de empreitada em que o empreiteiro seja operário ouartífice.”

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

- Artigo 114 da Constituição de 1988 (após a EC 45/04):

“Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direitopúblico externo e da administração pública direta e indireta da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - as ações que envolvamexercício do direito de greve; III - as ações sobre representação sindical,entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos eempregadores; IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeasdata, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V- os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI - as ações de indenização pordano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII - asações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadorespelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII - a execução, deofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seusacréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX - outrascontrovérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

SOBRE A EC 45/04 (REFORMA DOJUDICIÁRIO)

- A autonomia administrativa dos Tribunais foi relativizada

- CNJ e CSJT (artigos 103-B e 111-A, § 2º, da ConstituiçãoFederal).

- Fortalecimento do papel da jurisprudência na regulação deconflitos

- súmula vinculante e repercussão geral (artigo 103-A e 102, §3º da Constituição Federal).

SOBRE A EC 45/04 (REFORMA DOJUDICIÁRIO)

- Destaque para os Tratados Internacionais em relação aosdireitos fundamentais

- possibilidade de incorporação de instrumentos internacionaisde direitos humanos com força de emenda constitucional (artigo 5º, §3º da Constituição Federal).

- Duração razoável do processo do direito fundamental

- artigo 5º, XXVIII da Constituição Federal.

- Ampliação da competência da Justiça do Trabalho

- artigo 114 da Constituição Federal.

PRIMEIRAS DISCUSSÕES SOBRE A NOVA COMPETÊNCIAMATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO

- Mudança de eixo determinante: os sujeitos da relação jurídica(empregado e empregador, salvo exceções legais) perdemrelevância para a fixação da competência, prevalecendo o objetorespectivo (relação de trabalho).

- Expectativa, por parte da doutrina, de aumento significativo donúmero de processos, sem o respectivo aumento de estrutura(pessoal, inclusive) da Justiça do Trabalho.

- Preocupação com o viés protetivo e social da Justiça doTrabalho, no julgamento de lides atreladas à nova competência(principalmente quando não houver a hipossuficiência de uma daspartes).

PRIMEIRAS DISCUSSÕES SOBRE A NOVA COMPETÊNCIAMATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO

- Como ficam os processos já em trâmite?

- Os já distribuídos e sem sentença?

- Os já julgados, mas ainda em fase recursal?

- Os já transitados em julgado e em execução?

- Ponderações, principalmente baseadas no artigo 6º daLINDB:

- Norma constitucional nova, de cunho processual, tem aplicaçãoimediata, mas não retroativa, salvo disposição expressa.

- Preservação do ato jurídico perfeito (sentença já proferida).

PRIMEIRAS DISCUSSÕES SOBRE A NOVA COMPETÊNCIAMATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO

- Solução dada pela súmula 367 do STJ

“A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança osprocessos já sentenciados.”

- Súmula Vinculante 22 do STF ratificou este entendimentoao tratar das ações indenizatórias acidentárias.

“A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as açõesde indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidentede trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusiveaquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grauquando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.”

DISCUSSÃO INTERESSANTE: INTERFERÊNCIA DO CRITÉRIODE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA DEFINIÇÃO DO PRAZOPRESCRICIONAL

“RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. DOENÇA PROFISSIONALEQUIPARADA A ACIDENTE DE TRABALHO. DANOPATRIMONIAL E MORAL. LESÃO OCORRIDA ANTES DAVIGÊNCIA DA EC 45/2004. De acordo com a jurisprudência firmadapor esta Corte, nas hipóteses em que a ciência da lesão decorrente deacidente de trabalho ou doença profissional ocorreu em momentoanterior à vigência da EC 45/2004, a pretensão indenizatória submete-se à prescrição da lei civil, ainda que a reclamação tenha sido ajuizadaem momento posterior à referida emenda.(...) (Processo: RR -147400-60.2005.5.15.0079 Data de Julgamento: 21/03/2012,Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, 7ª Turma, Data dePublicação: DEJT 23/03/2012.)

- Fundamentos jurídicos?

- Prescrição é instituto de direito material ou processual?

JURISPRUDÊNCIA RESTRITIVA DA NOVA COMPETÊNICA,FORMADA PELOS TRIBUNAIS SUPERIORES

- Entrevista com o Ministro do STJ, Luis Felipe Salomão,realizada no âmbito 14º Congresso Nacional de Direito doTrabalho e Processual do Trabalho do TRT-15:

“Segundo o ministro, o Superior Tribunal de Justiça demorou um poucoa entender a extensão da mudança feita pela EC 45. "Tanto é verdadeque a Súmula 366 do STJ, que trata da ação indenizatória do cônjuge efilhos do trabalhador falecido para ingressar com ação indenizatória,não durou um ano. Foi editada e logo depois revogada porque sepercebeu o erro de que não é o tipo de lei que se vai aplicar que vaiditar a competência. O que vai estabelecer a competência é a relaçãosubjacente. Se decorrer da relação de trabalho, a competência ésempre da Justiça do Trabalho", exemplificou.”

JURISPRUDÊNCIA RESTRITIVA DA NOVA COMPETÊNICA,FORMADA PELOS TRIBUNAIS SUPERIORES

- Entrevista do Ministro do STJ, Luis Felipe Salomão, realizadano âmbito 14º Congresso Nacional de Direito do Trabalho eProcessual do Trabalho :

“Outro exemplo citado pelo ministro para demonstrar a demora no STJem entender a ampliação da competência da Justiça do Trabalho é aSúmula 363, que diz: "Compete à Justiça estadual processar e julgar aação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente".

Para Salomão, essa súmula deve ser revista ou revogada. Ele cita que,em decisão recente, a 2ª Sessão do STJ, por um placar apertado, jáentendeu que a competência, nesse caso, é da Justiça do Trabalho.

"Quando o empregado tem que contratar advogado para ajuizar açãoreclamando seus direitos na Justiça do Trabalho, eu creio que acompetência para julgar a causa indenizatória, inclusive os honoráriosde contratação do advogado, é da própria Justiça do Trabalho",explica.”

JURISPRUDÊNCIA RESTRITIVA DA NOVA COMPETÊNICA,FORMADA PELOS TRIBUNAIS SUPERIORES

- Entrevista do Ministro do STJ, Luis Felipe Salomão, realizadano âmbito 14º Congresso Nacional de Direito do Trabalho eProcessual do Trabalho do TRT-15:

“Outro ponto que, para o ministro, o Superior Tribunal de Justiça devefazer é relacionada aos representantes comerciais autônomos. Segundoele, a jurisprudência hoje do STJ é que compete à Justiça comum julgarcasos relacionados aos autônomos. Mas é preciso mudar esseentendimento.

"É um avanço necessário que teremos que fazer. Se concluirmos que aConstituição quis atribuir à Justiça do Trabalho toda e qualquer causaque diga respeito à relação do trabalho, parece-me que o profissionalliberal e o representante autônomo devem ser julgados pela Justiça doTrabalho".

JURISPRUDÊNCIA RESTRITIVA DA NOVA COMPETÊNICA,FORMADA PELOS TRIBUNAIS SUPERIORES

- Aspectos polêmicos:

a) Relação de consumo

b) Trabalhadores com vínculo jurídico administrativo

c) Competência penal

d) Trabalho de presos

e) Danos em ricochete em ações acidentárias

f) Previdência complementar

g) Recuperação judicial

CRÍTICA DO DESEMBARGADOR EDILTON MEIRELLES (TRT 5ªREGIÃO) SOBRE O POSICIONAMENTO DOS STJ E STF - 14ºCongresso Nacional de Direito do Trabalho e Processual doTrabalho

1) não percepção da importância do valor dado ao trabalhohumano no texto constitucional:

- “verificamos nos Tribunais superiores, apesar de todo esse arcabouçotrabalhista na Constituição, dessa verdadeira Constituição do trabalho que,lamentavelmente não é estudada, não é aprofundada, não tempos nemdoutrina para tratar desse trabalho na Constituição, dessa teoria do trabalhoConstitucional. Ele é pouco conhecido, mesmo na nossa seara trabalhistapouco se discute, imagine nas outras áreas, quem está fora da Justiça doTrabalho, quem está fora do mundo do trabalho, no Direito do Trabalho”.

CRÍTICA DO DESEMBARGADOR EDILTON MEIRELLES (TRT 5ªREGIÃO) SOBRE O POSICIONAMENTO DOS STJ E STF - 14ºCongresso Nacional de Direito do Trabalho e Processual doTrabalho

1) “claro preconceito que existe dentre os vários ministros nessesTribunais superiores em relação à Justiça do Trabalho”:

- (Referência feita ao primeiro julgamento de inconstitucionalidade doartigo 240 da Lei 8.112/90, que reconhecia a competência da justiça dotrabalho para julgamento de servidores estatutários, citado em todas asdescisões posteriores sobre o tema, inclusive em relação à EC 45/04)

- “Há ministro que diz que, em outras palavras, o Juiz do Trabalho nãotinha preparo para conhecer desta matéria. Diz assim claramente, é faltade preparo. E como à época ainda era uma justiça classista, aí, coitadode nós, foi uma adesão geral contra a Justiça do Trabalho por conta dosclassistas à época, etc. Imperou o preconceito. Isso se perpetuou ”.

CRÍTICA DO DESEMBARGADOR EDILTON MEIRELLES (TRT 5ªREGIÃO) SOBRE O POSICIONAMENTO DOS STJ E STF - 14ºCongresso Nacional de Direito do Trabalho e Processual doTrabalho

1) Conservadorismo dos Tribunais Superiores, atrelado à formaçãodos Ministros:

- Maioria dos Ministros oriundos da Justiça Comum, sem intimidadealguma com o Direito do Trabalho e com a Justiça do Trabalho.

- Natural reticência para aceitar a ampliação da competência material daJustiça do Trabalho, na real envergadura do propósito da reforma doJudiciário.

CRITÉRIO DE DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA E INCOERÊNCIADA POSIÇÃO DO STF – CONTRATAÇÃO IRREGULAR DPOR MEIODO REGIME ESPECIAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Alegação de que é empregado, com pedido de vínculo deemprego, com fundamento na contratação irregular por meio doREDA.

- Competência é definida pelo pedido e causa de pedir, conformejá pacificado perante o STF.

- Neste caso, negou-se a competência da Justiça do Trabalho(ainda que para julgar improcedente).

- Caberia à Justiça Comum declarar a nulidade da relação jurídicoadministrativa (poderia, então, remeter para a Justiça doTrabalho?).

- Antes da EC 45/04, pelo mesmo entendimento, um pedido devínculo de emprego, por empregado autônomo, deveria serremetido para a Justiça Comum, para a análise da nulidade e,se o caso, devolvido para a Justiça do Trabalho visando acontinuidade da apreciação de mérito (???).