curso de mestrado em enfermagem de reabilitação declínio
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CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
DE REABILITAÇÃO
DECLÍNIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
José Manuel Santiago Aranha de Sousa
Coimbra, dezembro de 2014
2014
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
DE REABILITAÇÃO
DECLÍNIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
José Manuel Santiago Aranha de Sousa
Orientador: Arménio Guardado Cruz
Coorientadora: Cidalina da Conceição Ferreira de Abreu
Dissertação apresentada à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra para obtenção do grau de Mestre em Enfermagem de Reabilitação.
Coimbra, dezembro de 2014
“Atrás de cada linha de chegada há uma de partida.
Atrás de cada conquista, vem um novo desafio.”
“Autor desconhecido”
À minha família, em especial aos meus pais
José e Eugénia, à minha esposa Benvinda e
às minhas filhas Inês e Mariana.
AGRADECIMENTOS
Quero expressar os meus sinceros agradecimentos, em primeiro lugar ao Sr.
Professor Arménio Cruz por ter aceitado orientar esta dissertação e pelo apoio dado
ao longo do seu desenvolvimento;
À Srª Professora Cidalina Abreu, pelo seu contributo como co-orientadora;
Ao Sr. Professor Amaral, pela autorização da aplicação do formulário InterRAI – CA –
PT, e pela sua disponibilidade e ajuda;
Ao Sr. Professor Pedro Lopes Ferreira, pela autorização da aplicação da Escala de
Morse para risco de queda;
À Comissão de Ética e ao Conselho de Administração do HDFF,EPE, por terem
viabilizado a recolha de dados, e por consequência a realização deste estudo;
Aos profissionais dos serviços de Medicina e Especialidades Médicas, pela sua
disponibilidade e apoio durante a recolha de dados;
Aos Idosos e seus familiares, pela prontidão, disponibilidade e colaboração que
demonstraram na recolha de informação, e que sem eles não era possível a execução
deste estudo;
À minha esposa e filhas, pelo seu incondicional apoio e incentivo, e que me fizeram
acreditar que era possível;
A todos que acreditam em mim;
MUITO OBRIGADO!
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADLs - Activities of Daily Living
AIVDs – Ativadades Instrumentais de Vida Diária
APA - American Psicological Association
AVDs – Atividades de Vida Diária
EEER – Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação
EEER - Rehabilitation Nursing Experts
EHAVDs – Escala Hierarquica das Atividades de Vida Diária
ex. - Exemplo
HDFF,EPE – Hospita Distrital da Figueira da Foz, Entidade Pública Empresarial
IALDs - Instrumental Activities of Daily Living.
InterRAI – AC – PT – InterRai – Cuidados Agudos – Versão Portuguesa
InterRAI AC – InterRAI Acute Care
Km - Quilómetro
MFS – Morse Fall Scale
Nº - Número
OMS – Organização Mundial de Saúde
SPSS - Satistical Package for the Social Science
TRI - Teoria de Resposta ao Item
RESUMO
Quando o idoso é internado em consequência de uma doença aguda, um conjunto de
fatores vão determinar a sua resposta aos cuidados de saúde, correndo riscos de
iniciar um processo de declínio funcional, com alterações na capacidade de realização
das AVDs e AIVDs. As causas são multifatoriais e cumulativas, destacando-se a idade
avançada, o repouso no leito, a diminuição da mobilidade, e as quedas.
Como objetivos pretendemos analisar os resultados obtidos de declínio funcional, de
risco de queda e determinar a sua associação, em doentes agudos internados nos
serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
Desenvolvemos um estudo quantitativo, do tipo descritivo correlacional com medidas
repetidas, numa amostra de 100 idosos com 65 anos ou mais, que foram internados
entre julho e setembro de 2014 nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas.
Para a recolha de dados utilizámos uma versão adaptada do InterRai-AC-PT, validada
para a população portuguesa por Amaral, et al. (2014), e a escala de Morse para o
risco de queda, validada para a população portuguesa por Costa – Dias et al. (2014).
Os dados foram recolhidos após autorização dos autores do instrumento e deferimento
do pedido pelo Conselho de Administração do HDFF,EPE, e aplicados aos idosos, que
participaram de forma esclarecida, livre e voluntária.
Os resultados obtidos na avaliação do estado funcional, para a realização das AVDs e
AIVDs, determinam o aumento do declínio funcional entre o período que antecedeu o
aparecimento da doença, o internamento e a alta, evidenciando-nos também a
existência de diferença no risco de queda nos idosos entre a admissão e a alta, sendo
maior na admissão quando comparado com a alta. De igual forma nos sugerem que
maior declínio está associado a maior risco de queda no momento da alta.
Em conclusão, os resultados observados indicam-nos a necessidade de intervenção
imediata no processo de cuidar, impondo uma avaliação rigorosa do idoso na
admissão, com planificação adequada e avaliação contínua dos cuidados prestados.
Minimizar o impacto das consequências da doença aguda no equilíbrio bio-psico-social
do idoso, contribui para a manutenção da sua autonomia, tendo o EEER um papel
determinante. As suas competências específicas, quer na intervenção direta ao idoso,
como na sua função educativa junto da equipa de enfermagem, podem contribuir para
obtenção de ganhos em saúde nesta área. Sugerimos futuramente a realização de
outros estudos acerca do impacto da intervenção do EEER na prevenção de declínio
funcional e na diminuição do risco de queda em idosos hospitalizados.
Palavras-chave: Envelhecimento; Hospitalização; Estado funcional; Declínio funcional
e Risco de Queda.
ABSTRACT
When elderly people are hospitalized as a result of an acute illness, a number of
factors will determine their response to health care, at risk of starting a process of
functional decline with changes in the ability of doing ADLs and IADLs. The causes are
multifactorial and cumulative. We can, however, highlight the advanced age, the bed
rest, the decreased mobility and the falls.
As goals, we intend to analyze the results obtained of functional decline, risk of falling
and determine their association in acute patients hospitalized in Internal Medicine and
Medical Specialties at HDFF. EPE.
We developed a quantitative, descriptive correlational study with repeated measures in
a sample constituted by 100 elderly people aged 65 or more that were hospitalized
between July and September 2014 in Internal Medicine and Medical Specialties. As
instruments for collecting data we used an adapted version of InterRai-AC-PT validated
for the portuguese population by Amaral, et al. (2014) and the Morse Fall Scale
validated for the portuguese population by Costa-Dias, et al. (2014). The data was
collected after the approval of the authors of the instrument and also the approval of
the request made to HDFF.EPE and applied to elderly people who were informed and
participated freely and willingly.
The results determine the increase of functional decline between the period before the
appearance of the illness, the hospitalization and the discharge from hospital, being it
higher in the admission to hospital rather than in the discharge from it. In a similar way,
the results suggest that a more acentuated decline is associated to a bigger risk of
falling in the moment of discharging from hospital.
In conclusion, the results indicate the need for imediate intervention in the caring
process by imposing a strict evaluation of elderly people in the admission to hospital
with adequate planning and continuous evaluation of medical care. Minimizing the
impact of the acute illness consequences in the biological, psychological and social
balance of elderly people contributes to the maintenance of their autonomy and the
rehabilitation nursing experts have a determinant role. Their specific skills in the direct
intervention in elderly people as well as in their educational function amongst the
nursing team can help to achieve health gains in this area. In the future, we suggest
that other studies on the impact of intervention of these experts in the prevention of
functional decline and the diminishing of risk of falling in hospitalized elderly people
should be made.
Key words: Aging; Hospitalization; Functional Status; Functional decline and Risk of
Falling.
ÍNDICE DE TABELAS
Pág.
Tabela 1 Distribuição dos idosos em função do género…………………….. 69
Tabela 2 Distribuição dos idosos em função da idade………………………. 69
Tabela 3 Distribuição dos idosos um função do seu estado civil…………... 70
Tabela 4 Distribuição dos idosos em função do serviço de internamento… 70
Tabela 5 Distribuição dos idosos em função da proveniência……………… 70
Tabela 6 Distribuição dos idosos em função da forma de coabitação…….. 71 Tabela 7 Distribuição dos idosos em função do episódio desencadeador
da admissão…………………………………………………………… 71 Tabela 8 Distribuição dos idosos em função do tempo passado no serviço
de urgência……………………………………………………………. 72 Tabela 9 Estatísticas referentes ao tempo de internamento………………... 72
Tabela 10 Resultados da Variável Cognição…………………………………... 73
Tabela 11 Resultados da Variável Comportamento e Ânimo………………… 74 Tabela 12 Resultados da Variável Estado Funcional – Auto desempenho
nas AVDs……………………………………………………………… 76 Tabela 13 Resultados da Variável Estado Funcional – Locomoção /
Caminhar………………………………………………………..…...... 78 Tabela 14 Resultados da Variável Estado Funcional – Caminhada de 4
Metros Temporizada…………………………………………………. 78 Tabela 15 Estado Funcional – Distância percorrida de uma só vez sem se
sentar………………………………………………………………….. 79 Tabela 16 Estado Funcional – Distância percorrida em cadeira de rodas de
uma só vez…………………………………………………………….. 79 Tabela 17 Estado Funcional – Nível de atividade……………………………... 80
Tabela 18 Estado Funcional – Acamado……………………………………….. 80
Tabela 19 Estado Funcional – Auto Desempenho das AIVDs e Capacidade 82
Tabela 20 Resultados da Varável Continência………………………………… 84
Tabela 21 Resultados da Variável Condições de Saúde – Quedas………… 85 Tabela 22 Resultados da Variável Condições de Saúde – Frequência do
Problema……………………………………………………………… 85 Tabela 23 Resultados da Varável Condições de Saúde – Dispneia………… 86
Tabela 24 Resultados da Varável Condições de Saúde – Fadiga…………... 86
Tabela 25 Resultados da Varável Condições de Saúde – Sintomas de Dor. 87
Tabela 26 Destino dos Idosos após a alta……………………………………… 87
Tabela 27 Resultados da Aplicação da Escala de Quedas de Morse………. 89
ÍNDICE DE QUADROS
Pág.
Quadro 1 Secções que compõem o instrumento InterRAI–CA-PT do estudo………………………………………………………………….. 61
Quadro 2 Produção de Escalas…………………………………………………. 62
Quadro 3 Resultados dos testes de normalidade…………………………….. 67
Quadro 4 Risco de Queda na Admissão e Alta……………………………….. 89
Quadro 5 Comparação de resultados das categorias da Versão curta da Escala das AVDs entre a pré admissão e a alta…………………... 90
Quadro 6 Estatísticas da versão curta da escala das AVDs na admissão e alta……………………………………………………………………… 91
Quadro 7 Estatísticas descritivas da escala da hierarquia das AVDs na pré admissão, admissão e alta…………………………………………... 91
Quadro 8 Estatísticas do teste de Friedman para amostras emparelhadas em relação à escala da hierarquia das AVDs na pré admissão, admissão e alta……………………………………………………….. 92
Quadro 9 Comparação de resultados das categorias da Escala das AIVDs - média entre a pré admissão e a alta……………………………… 92
Quadro 10 Estatísticas da Escala AIVDs – média, na pré admissão e alta…. 93
Quadro 11 Comparação de resultados das categorias do risco de queda entre a admissão e a alta……………………………………………. 93
Quadro 12 Estatísticas do Risco de Queda na Admissão e Alta…………...… 94
Quadro 13 Resultados do teste da correlação de spearman na alta entre o risco de queda, a versão curta da escala das AVDs, escala da hierarquia das AVDs e escala das AIVDs média………………….. 94
SUMÁRIO
Pág. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………
21
1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO……………………………………………... 25
1.1 - O ENVELHECIMENTO………………………………………………………. 25
1.1.1 - Aspetos físicos e psicológicos do envelhecimento…………………. 27
1.1.2 – Efeitos do envelhecimento no desempenho cognitivo…………….. 29
1.2 – ESTADO FUNCIONAL……………………………………………………… 31
1.2.1 - Fatores que influenciam o Estado Funcional…………………………. 32
1.2.2 - Avaliação do estado funcional…………………………………………... 33
1.3 – HOSPITALIZAÇÃO E DECLÍNIO FUNCIONAL…………………………… 35
1.3.1 – Prevenção do risco de declínio funcional em idosos hospitalizados…………………………………………………………………....... 39
1.4 – RISCO DE QUEDA……………………………………………………………. 41
1.4.1 – Fatores de risco nas quedas…………………………………………….. 46
1.4.2 – Prevenção das quedas……………………………………………………. 47
1.4.3 – Avaliação do risco de queda…………………………………………….. 50
1.4.4 – Influência do estado funcional no risco de queda…………………...
51
2 – METODOLOGIA………………………………………………………………… 55
2.1 - OBJETIVOS, QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E HIPÓTESES………….. 56
2.2 - TIPO DE ESTUDO…………………………………………………………….. 57
2.3 - POPULAÇÃO E AMOSTRA………………………………………………….. 58
2.4 - INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS……………………………….. 58
2.5 - PROCEDIMENTOS FORMAIS E ÉTICOS………………………………….. 65
2.6 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS………………………………
66
3 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS……………………………….
69
4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS……………………………………………
95
CONCLUSÃO…………………………………………………………………......... 107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS ANEXO I - Autorizações para aplicação do formulário InterRAI – CA – PT e Escala
de Morse para risco de queda. ANEXO II - Parecer da Comissão de Ética do HDFF,EPE e autorização do Conselho
de Administração do HDFF,EPE para aplicação do Instrumento de Recolha de
Dados. ANEXO III - Termo de Consentimento Livre e Informado para participação no estudo
e Instrumento de recolha de dados - Formulário InterRAI – CA – PT e Escala de
Morse para risco de queda.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
21
INTRODUÇÃO
O estudo do declínio funcional e do risco de queda em idosos hospitalizados surge em
consequência de uma preocupação e necessidade em aprofundarmos o nosso
conhecimento nesta área da segurança e efetividade dos cuidados de enfermagem, e
também para darmos resposta aos requisitos necessários à obtenção do grau de
mestre em enfermagem de reabilitação pela Escola Superior de Enfermagem de
Coimbra.
Viver por mais tempo, nas melhores condições de saúde e de independência,
procurando continuamente a melhoria da qualidade de vida, são desafios colocados
hoje ao ser humano em geral e á ciência em particular. Fomentar e manter hábitos de
vida saudáveis, incluindo a prática regular de exercício e atividade física, são
pressupostos para atingir esses objetivos. Contudo, à medida que a esperança de vida
aumenta, a população tende a envelhecer, provocando desequilíbrios na pessoa e
estrutura familiar, bem como alterações ao nível económico e social.
Esta realidade, bem presente em Portugal, exige dos decisores políticos uma atenção
especial em relação a este grupo, denominado de idosos. Com efeito, o Plano
Nacional de Saúde 2012 -2016 (Portugal, 2012), incorpora o envelhecimento ativo a
partir dos 65 anos, considerando ser um período de crescente expressão demográfica
e social, constituindo um desafio para a sociedade, sistema de saúde e de proteção
social.
É do senso comum que as necessidades em saúde tendem a aumentar em proporção
à idade, contribuindo para isso a degradação ao nível físico, psicológico e social. A
procura de cuidados de saúde resulta em consequência desta realidade, com forte
expressão ao nível do internamento hospitalar, sendo os serviços da área médica os
que melhor evidenciam esta problemática, com taxas de ocupação elevadas, como
são exemplo os 91,10% de taxa de ocupação do serviço de Medicina do HDFF,EPE
em 2013, (HDFF,EPE, 2014a).
Quando um idoso é internado em consequência de uma doença aguda, um conjunto
de fatores vão determinar a sua resposta aos cuidados de saúde, como a maior
vulnerabilidade ao stress, agravada pela prevalência de doenças crónicas, sendo
exemplo a hipertensão, a doença renal e a insuficiência cardíaca, (Mattison, et
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
22
al.,2014), correndo riscos para a perda da sua independência, podendo iniciar desta
forma um processo de declínio funcional, que para um conjunto vasto de autores
(Mattison, et al. 2014; Reuben et al. 2014; Peron, et al. 2011; Sthal, et al. 2011; Conde,
2009), se traduz na incapacidade parcial ou total de realização das Atividades de Vida
Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária. Sales, et al. (2011), reforça esta
problemática ao afirmar que ao segundo dia de internamento já é verificada uma
deterioração da capacidade de realização das atividades básicas. Daí a importância
de uma avaliação cuidada de enfermagem, aquando da admissão de idosos ao
internamento, sendo benéfico o conhecimento do seu estado funcional na pré-
hospitalização, por forma a servir de comparação em avaliações posteriores, (Reuben,
et al. 2014).
Os fatores de risco para o declínio do estado funcional são inúmeros, e incluem a
idade avançada; diminuição da atividade física; ausência de auto perceção de saúde;
presença de co morbilidades, o comprometimento cognitivo e a depressão; hábitos de
vida, atividade física, tabagismo, consumo excessivo de álcool; o uso de
medicamentos (Peron, at.al. 2011). A manutenção da função é o objetivo principal
para a promoção da saúde e da independência dos idosos hospitalizados, de tal forma
que conhecer os fatores relacionados do declínio funcional em idosos hospitalizados é
fundamental, pois orienta na prevenção e na eficácia dos tratamentos instituídos,
(Menezes et al. 2010).
As quedas ocorridas em meio hospitalar, são um fenómeno que preocupa todos os
agentes em saúde nacionais e internacionais sem exceção, devido às consequências
que podem ter na pessoa, na família e na sociedade. O estudo das causas, dos
fatores de risco, que são normalmente divididos em fatores intrínsecos e fatores
extrínsecos, (Richardson, et al. 2014; Gomes, et al. 2014) e a implementação de
medidas preventivas são a melhor forma de evitar a ocorrência, sendo para isso
fundamental haver instrumentos de medida válidos, fiáveis e de fácil utilização ao
alcance dos profissionais, para que de forma regular e sistemática se identifiquem
pessoas em risco e se implementem medidas de segurança em função da severidade
do risco observado, sendo que para Costa-Dias, et al. (2014), um dos indicadores de
avaliação da qualidade hospitalar é a avaliação do risco de queda, no que se refere à
segurança dos doentes, sobretudo com 65 anos ou mais.
A segurança do doente internado é uma das preocupações prioritárias nos sistemas
de controlo da qualidade, sendo as quedas sofridas pelos doentes durante o
internamento, uma das ocorrências mais importantes na quebra da sua segurança,
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
23
com responsabilidade pelo aumento do número de dias de internamento e piores
condições de recuperação (Abreu, et al. 2012).
A literatura evidência relações entre o declínio funcional e a predisposição ao risco de
queda em idosos hospitalizados, na medida em que a perda de força e massa
muscular, as alterações do equilíbrio, o uso de auxiliares da marcha, o medo de cair,
entre outros, quando associados à existência de barreiras arquitetónicas no meio,
condicionam e prejudicam a mobilidade do idoso, podendo refletir-se no aumento do
risco de queda. Neste contexto, as quedas poderão ser causa ou consequência de
declínio funcional. O internamento de doentes agudos leva frequentemente a um
declínio funcional das suas capacidades físicas e cognitivas, (Boyd, et al. 2009),
podendo refletir-se no aumento do risco de quedas (Almeida, et al. 2010), devido aos
efeitos da doença aguda, agravada por um ambiente desconhecido e efeitos colaterais
dos tratamentos, (Mattison, et al. 2014).
Assim, a investigação em enfermagem na área do conhecimento de fenómenos reais
destina-se a aumentar o campo dos conhecimentos, de forma a contribuir para a
saúde das populações, através da melhoria contínua da qualidade, eficácia e
eficiência dos cuidados de enfermagem integrados no sistema de saúde (Fortin, 2009).
Como enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação e com
responsabilidades ao nível da gestão, a segurança do doente é para nós uma
prioridade na prática diária, sendo deveras importante garantir que os doentes sejam
mobilizados precocemente, com planos adequados a cada situação e objetivos bem
definidos, na expectativa de resultar em benefícios na prevenção das quedas, do
declínio funcional durante o internamento e na redução do tempo de internamento.
Na nossa instituição, a avaliação sistemática do risco de queda é feita pela aplicação
da escala de Morse a todos os doentes internados com 18 anos ou mais desde 2011.
Pelos registos disponíveis, observámos a ocorrência de 45 quedas em 2012, refletindo
uma taxa de 8,6%, de 37 quedas em 2013, indicando uma taxa de 6,5% e de 33
quedas até meio de novembro de 2014, com 82% destas a ocorrerem em doentes
com idade superior a 65 anos, sendo os serviços de Medicina e Especialidades
Médicas, os que apresentam maior numero de ocorrências (HDFF,EPE, 2014b).
Preocupados com esta realidade e motivados para contribuir para o aumento do
conhecimento nesta área, surge a realização do presente estudo que visou buscar
respostas às questões de investigação por nós formuladas e definidas da seguinte
forma:
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
24
Verifica-se aumento de declínio funcional e risco de queda em idosos agudos
internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE?
Em que medida o declínio funcional interfere no risco de queda em idosos agudos,
internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE?
Os objetivos do estudo são três:
Analisar os resultados obtidos de declínio funcional em doentes agudos internados nos
serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
Analisar os resultados obtidos de risco de queda em doentes agudos internados nos
serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
Determinar se o risco de queda está associado ao declínio funcional em doentes
agudos internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
Assim, desenvolveu-se um estudo que se enquadra no domínio da investigação
quantitativa, do tipo descritivo correlacional com medidas repetidas, em que
participaram 100 idosos com 65 anos ou mais, que foram internados entre julho e
setembro de 2014 nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas.
O instrumento de recolha de dados utilizado foi o InterRai – CA - PT, versão adaptada,
validada para a população portuguesa por Amaral, et al. (2014), e a escala de Morse
para o risco de queda, de igual modo validada para a população portuguesa por Costa
– Dias et al. (2014), o que nos assegura confiança para os resultados obtidos.
Estruturalmente, iniciamos o nosso trabalho com o enquadramento teórico do tema,
onde é abordada a problemática do envelhecimento, o estado funcional, a
hospitalização e declínio funcional e o risco de quedas, seguindo-se o capítulo da
metodologia, onde desenvolvemos o desenho da investigação, a apresentação e
análise dos resultados, a discussão dos mesmos, as conclusões finais do estudo, e
por fim as referências bibliográficas, apresentadas segundo as normas APA (American
Psicological Association), 6ª edição e os anexos relevantes para a concretização do
estudo.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
25
1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Pretendemos neste capítulo concretizar uma base teórica e concetual, que sirva de
suporte á persecução dos objetivos do nosso trabalho, por forma a facilitar a sua
compreensão e no sentido de percebermos o que predispõe ao declínio funcional.
Uma vez que a nossa população alvo é caracterizada por ter idade superior ou igual a
65 anos, consideramos pertinente uma abordagem teórica do processo de
envelhecimento, das consequências da hospitalização relativamente ao declínio
funcional na sua globalidade e em particular no risco de queda, determinantes para a
concretização deste estudo.
1.1 - O ENVELHECIMENTO
Diariamente somos confrontados com notícias sobre a problemática do
envelhecimento em Portugal e nos países considerados desenvolvidos e em
desenvolvimento, bem como nas consequências que este problema acarreta ao nível
económico, social e familiar.
Na realidade, a concretizarem-se as previsões de Sarah Harper, diretora do Instituto of
Ageing Population da Universidade de Oxford, citada por Petronilho (2012), Portugal
vai ter 80% da população envelhecida em 2050, prevendo também que vai haver cada
vez mais famílias com cinco gerações vivas.
Também do Instituto Nacional de Estatística e segundo Carrilho et al. (2010), por um
lado o agravamento da queda da fecundidade, ficando em níveis muito inferiores aos
necessários para renovar as gerações, e por outro o aumento da longevidade e os
respetivos efeitos na composição etária da população marcam o processo do
envelhecimento demográfico.
Ainda segundo os mesmos autores, na segunda metade do século vinte, Portugal á
semelhança da Espanha e da Grécia, estava afastado de outros países da União
Europeia em cerca de 10 anos na esperança de vida, tendo recuperado e ganho em
40 anos 12,5 anos de vida nos Homens e 13,7 anos de vida nas Mulheres, sendo que
em 2009, a esperança de vida á nascença se situava em 76,3 anos para os Homens e
82,4 anos para as Mulheres.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
26
Para Ageing report, (2009, citado por Apóstolo, 2013), “Nos próximos 50 anos, na
União Europeia, o rácio de dependência aumentará mais do dobro, de 25,4% para
53,5%. Estima-se que o maior aumento ocorra entre 2012 e 2035 com um incremento
anual de 2%”. Dados do Instituto Nacional de Estatística (2010), estimam o seu
aumento nos próximos 50 anos.
Ainda para Ageing Report, (2012, citado por Apóstolo, 2013), as projeções
económicas e orçamentais a longo prazo confirmam que lidar com o desafio colocado
pelo envelhecimento da população e a tendência de aumento de despesas
relacionadas, exigirá ação politica determinada na União Europeia, ao longo da
abordagem global de estratégia Europa 2020 para um crescimento inteligente,
sustentável e inclusivo.
Estas alterações e tendências demográficas têm sido acompanhadas com um
aumento do risco de hospitalização em situações agudas e crônicas, pois as pessoas
mais idosas tendem a apresentar multipatologias e níveis acentuados de dependência.
Aliás, segundo Pignatelli (2006, citado por Carvalhais e Sousa, 2011), este grupo
etário constitui a população que mais utiliza os cuidados hospitalares, estimando-se
que, em Portugal, haja mais de 75 mil reinternamentos por ano, onde cerca da metade
envolvem pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, sendo que, mais de 290 mil
são superiores a 7 dias.
Neste contexto, facilmente percebemos que no médio prazo iremos ter a população
mais envelhecida e consequentemente mais dependente dos cuidados de saúde,
levando porventura ao aumento da procura de cuidados hospitalares em regime de
internamento, daí também a necessidade de estarmos despertos para este facto e de
nos prepararmos para responder eficazmente às necessidades em cuidados de
enfermagem, tendo como objetivo proporcionar o retorno ao quotidiano o mais rápido
e independente possível.
O Plano Nacional de Saúde 2012 – 2016 (Portugal, 2012), também reconhece que o
envelhecimento ativo, a partir dos 65 anos, está em crescente expressão demográfica
social, devido ao aumento da esperança de vida, que apesar de traduzir os progressos
da medicina e a melhoria das condições de vida, constitui um desafio para a
sociedade, para o sistema de saúde e de proteção social. Refere ainda que este grupo
de idosos deve ser considerado nas estratégias a desenvolver, em que entre outras se
destacam o idoso ativo, o idoso dependente, o idoso frágil, o declínio funcional
decorrente da associação dos efeitos da idade e da doença, e que as intervenções
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
27
devem basear-se nos princípios da autonomia, participação ativa, auto-realização e
dignidade da pessoa idosa.
Para Moraes, et.al., (2010), o envelhecimento representa a consequência ou os efeitos
da passagem do tempo no organismo (envelhecimento somático) e psiquismo
(envelhecimento psíquico).
Sevenini, et al. (2010, citados por Batista, et al. 2014) são de opinião que o
envelhecimento é caracterizado por um gradual declínio funcional de órgãos e
sistemas, sendo influenciado por fatores genéticos, determinantes ambientais e estilo
de vida, que atuam em diferentes níveis de complexidade
1.1.1 - Aspetos físicos e psicológicos do envelhecimento
De acordo com a revisão bibliográfica efetuada, contatámos que o envelhecimento
depende essencialmente de fatores biológicos e psíquicos, sendo a senescência o
processo natural do envelhecimento que interfere progressivamente nos aspetos
físicos e cognitivos. Segundo a OMS, (2003) a terceira idade tem início entre os 60 e
os 65 anos.
Aspetos físicos:
Para Firmino (2006, citado por Cancela 2008), o envelhecimento fisiológico leva a
várias alterações nas funções orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos
da idade avançada sobre o organismo, provocando alterações no equilíbrio
homeostático e o declínio gradual de todas as funções fisiológicas, sendo que em
condições normais, o organismo envelhecido poderia sobreviver adequadamente, no
entanto, se sujeito a situações de stress físico, emocional etc., irá com certeza alterar
a sua homeostase, e desta forma manifestar sobrecarga funcional, que pode culminar
em processos patológicos, na medida em que há o comprometimento dos sistemas
endócrino, nervoso e imunológico.
Segundo Cancela (2008), o organismo envelhece como um todo, enquanto os seus
constituintes – órgãos, tecidos, células e estruturas sub-celulares têm envelhecimento
diferenciados.
Do ponto de vista fisiológico, o envelhecimento depende muito do estilo de vida que a
pessoa pratica desde a sua infância ou adolescência, observando-se alterações a
nível do sistema locomotor, devido a perda de massa e volume, força e resistência
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
28
muscular. A diminuição da mobilidade articular e da elasticidade das estruturas
tendinosas e musculares, assim como a diminuição progressiva da densidade óssea e
o achatamento dos discos intervertebrais, levam a alterações da postura e diminuição
da estatura (Aleixo, 2013).
Ao nível do sistema respiratório, com a diminuição da capacidade vital e do nível de
consumo máximo de oxigénio, aumenta o risco de infeções e de doenças respiratórias.
Ao nível do sistema cardiovascular, devido ao endurecimento das válvulas e artérias
vai provocar o aumento da pressão arterial e do risco de doenças cardiovasculares.
Ao nível do sistema nervoso, com a diminuição do processamento da informação e do
tempo de reação, verifica-se uma lentificação gradual na transmissão de impulsos
nervosos, afetando a capacidade de coordenação. A capacidade de concentração,
atenção e de memória a curto prazo são também afetadas.
Ao nível do sistema sensorial, com a diminuição da eficiência dos órgãos sensoriais e
da sua estimulação, leva a que a informação do meio exterior seja descodificada de
forma mais lenta e deturpada, podendo afetar a estabilidade e segurança no andar, o
paladar, os cheiros, bem como as reações em situações de perigo.
Ao nível de outros órgãos e sistemas, as alterações hormonais, levam á
descompensação metabólica como é exemplo a diminuição da produção de insulina,
originando a diabetes, a diminuição das reservas energéticas e o abrandamento do
metabolismo. Este tipo de alterações requere uma atenção especial com a
alimentação dos idosos, devendo privilegiar-se a qualidade nutritiva em detrimento da
quantidade alimentar.
“ O envelhecimento biológico é implacável, ativo e irreversível, causando mais
vulnerabilidade do organismo às agressões externas e internas” (Moraes, et al. 2010,
p. 68)
Aspetos psicológicos:
Para os autores atrás referidos, o envelhecimento psíquico depende em grande parte
do esforço pessoal contínuo na busca do autoconhecimento e do sentido da vida, não
sendo por isso progressivo, nem ocorre apenas como efeito da passagem do tempo.
O envelhecimento psíquico é uma conquista individual e traduz-se pela modificação
dos valores da vida ou pela aquisição da consciência, considerando-se consciente, a
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
29
pessoa que se conhece, que conhece os reais motivos do seu viver, a sua capacidade
de controlo desses motivos e de organização desse controlo.
Nesta perspetiva, o envelhecimento psíquico está diretamente ligado á redução da
vulnerabilidade. A pessoa idosa torna-se suficientemente sábia para aceitar a
realidade, tolerar a dor ou a perda de independência biológica, pois compreende o
sentido da vida e os valores que a seguem são cada vez mais elevados, racionais,
inteligentes e conscientes.
Relativamente ao processo de envelhecimento a nível psicológico e segundo
Rodrigues, (2013), existem alguns aspetos que importa realçar:
O idoso tem tendência a :
- Ser autocentrado, rígido, conservador e excessivamente critico, ou o oposto - muito
flexível, vacilante e sem opinião.
- Esquecer mais facilmente os nomes, factos e eventos.
-Ter mais dificuldade em usar as palavras para exprimir sentimentos e ou emoções.
- Ficar preso a momentos do passado.
- Ter medo da morte.
- Sentimento de solidão e abandono.
- Integração das aprendizagens que se adquiriram ao longo da vida.
- Maior dificuldade na gestão de perdas (amigos, companheiros e familiares).
- Maior dificuldade em lidar com alterações na perda de funcionalidade e de saúde.
1.1.2 – Efeitos do envelhecimento no desempenho cognitivo
Com o envelhecimento da população, quer no plano nacional como internacional, o
declínio cognitivo é um dos aspetos mais temidos do envelhecer, sendo o mais
dispendioso em termos de encargos financeiros, pessoais e sociais. É importante
porque o declínio cognitivo anuncia demência (Deary, et al. 2009)
O desempenho funcional não resulta apenas da capacidade física, mas também da
conjugação desta com as capacidades cognitivas e fatores psicossociais no
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
30
desempenho autónomo e independente para a pessoa manter as suas atividades.
Inouye et al. (1998, citado por Conde 2009). Quando a cognição declina
abruptamente, as AVDs e AIVDs são afetadas de imediato, estando as AIVDs mais
comprometidas e com forte relação com o comprometimento cognitivo, (Nikolova, et al.
2009).
Para Thompson et al. (2008, citado por Conde, 2009) “as alterações ao nível cognitivo
são altamente prevalentes entre os idosos com patologias agudas, contribuindo em
grande parte para o prognóstico em termos de morbilidade e mortalidade”.
Cognição envolve o funcionamento mental como as habilidades de pensar, de
perceber, de lembrar, de sentir, de raciocinar e de responder a estímulos externos
Rebelo, (2009, citado por Soares, et al. 2012).
Relativamente ao desempenho intelectual, há evidência de que as aptidões cognitivas
atingem o seu pico pelos 30 anos, mantendo-se estáveis até aos 50, 60 anos,
começando a diminuir a partir desta década, acentuando-se o seu declínio a partir dos
70 anos, não sendo contudo uniforme para todas as funções:
- A capacidade de comunicar eficazmente através da linguagem mantem-se estável
em toda a vida adulta, havendo por parte dos idosos maior dificuldade em
compreender mensagens longas ou complexas e em reproduzirem rapidamente
nomes ou termos específicos tendendo o seu discurso em ser mais repetitivo.
- Maior dificuldade em tarefas de raciocínio, de planeamento, de execução e de
avaliação de sequências complexas de comportamento. Apresentam também maior
lentidão em aspetos percetivos, mnésicos e cognitivos, assim como nas respostas da
função motora.
- Os idosos mantêm a capacidade de reconhecerem os lugares e as caras que lhes
são familiares, assim como reproduzirem e identificarem formas geométricas vulgares,
mas revelam dificuldade em reconhecerem e reproduzirem configurações complexas
ou que não lhes sejam familiares.
- Mantêm a capacidade de atenção para um determinado acontecimento apresentando
dificuldades em filtrarem informação ocasional, em desviarem a atenção de um para
outro aspeto ou em dividirem a atenção por várias tarefas.
- Também a inteligência tende a manter-se estável, bem como o vocabulário e a
capacidade de acesso á informação e compreensão. Spar e La Rue, (2005; citado por
Cancela,2008)
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
31
1.2 – ESTADO FUNCIONAL
Para Doran (2011), o estado de saúde funcional surgiu como importante nos
resultados dos cuidados porque captura a perceção dos pacientes sobre o seu estado
funcional no dia-a-dia e adiciona outras perspetivas mais tradicionais dos resultados,
como as ocorrências adversas e os dados clínicos fisiológicos (Ramler, Kraus, Pringle
Specht e Titler, 1996, citados por Doran, 2011). Manter e melhorar a capacidade
funcional do indivíduo para alcançar a independência funcional nas suas atividades de
vida diária, mobilidade e atividades sociais é identificado como objetivo de
enfermagem na maioria dos quadros teóricos (Olson, 2001; Orem, 1980; Roy e
Roberts, 1981, citados por Doran, 2011). Além disso, o conceito estado funcional tem
sido incluído na maioria das classificações de enfermagem (Gillette e Jenko, 1991; M.
Johnson e Maas, 1997, citados por Doran, 2011) e tem sido sugerido como um
relevante resultado dos cuidados da equipa de enfermagem (Brown e Grimes, 1995;
Irvine, Sidani e McGillis Hall, 1998; Kline Leidy, 1994; Pringle e White, 2002; Van den
Heede, Clarke, Sermeus, Vleugels e Aiken, 2007, citados por Doran, 2011) e da
prática avançada (Mill Barrell, Irving Merwin e Poster, 1997, citados por Doran, 2011).
Vários estudos empíricos têm demonstrado que as intervenções de enfermagem
podem ter um efeito nos resultados ao nível do estado funcional (Brown e Grimes,
1995; Doran et al. 2006; Doran, McGillis Hall et al. 2002; McCorkle et al. 1989, citados
por Doran, 2011).
Em resumo, diz Doran (2011) que as definições que surgiram inicialmente do estado
funcional eram mais restritas que aquelas que a literatura apresenta mais
recentemente. Os teóricos reconheceram que o estado funcional inclui as AVDs e as
AIVDs, bem como as dimensões sociais e as espirituais (Buurman, et al. 2011). Além
do mais, consideram importante distinguir habilidade funcional, que se relaciona com a
capacidade de realizar uma atividade, de estado funcional, que se refere à realização
efetiva de uma atividade ou comportamento. Este último apresenta um maior interesse
quando o estado funcional é investigado como um resultado do cuidado de
enfermagem. Ainda para mesma autora, o estado funcional é um conceito
multidimensional, cuja construção consiste, pelo menos, na dimensão comportamental
(por ex., AVDs), psicológica (ex. humor), cognitiva (ex. concentração e atenção) e
social (ex.: atividades relacionadas com os papéis desempenhados nas diferentes
fases do desenvolvimento).
Menezes et al.(2010) dizem-nos que o estado funcional é um importante fator de
independência dos idosos, caracterizado pela capacidade de realização das
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
32
Atividades de Vida Diária (AVD,s), tais como o comer, o vestir e despir, a higiene
pessoal, o mover-se e o uso do sanitário; e também pela capacidade de realizar as
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD,s), como são o exemplo do efetuar as
compras, preparar as refeições, realizar o trabalho doméstico, deslocar-se a outros
lugares, a gestão de medicamentos, das finanças pessoais e o uso do telefone.
Ward, et al. (2014), refere-se ao estado funcional como sendo a capacidade de
realizar atividades necessárias ou desejáveis na vida diária e que a medição do estado
funcional pode ser valioso na resposta ao tratamento e auxiliar o planeamento de
cuidados de longa duração, podendo ser avaliado em três níveis: atividades básicas
de vida diária, atividades instrumentais ou intermediárias de vida diária e atividades
avançadas de vida diária.
Vieira, (2013), diz que o estado funcional na pessoa idosa é um processo dinâmico e
carece de avaliação periódica para determinar a sua evolução, e aquando da sua
admissão em ambiente hospitalar, cuidada avaliação inicial da pessoa assume grande
importância no planeamento e execução individualizada dos cuidados de enfermagem.
1.2.1 - Fatores que influenciam o Estado Funcional
Existem um conjunto de fatores suscetíveis de influenciar o estado funcional, que
Doren (2011) nos aponta, e em que o desempenho individual nas AVDs, no trabalho,
nas atividades sociais e nos papéis de família é influenciado por fatores internos,
externos e culturais (Fawcett et al. 1995, citados por Doran, 2011). O estado de saúde
individual, a atitude e as características demográficas são algumas das influências
internas (Bourret et al. 2002; Fawcett et al. 1995; Tulman e Fawcett, 1990, citados por
Doran, 2011). As crenças e os valores que normalmente governam as expectativas e
os comportamentos são exemplos de determinantes culturais que influenciam o estado
funcional (Fawcett et al. 1995, citados por Doran, 2011). As caraterísticas físicas do
ambiente e o acesso às ajudas técnicas para a mobilidade (bengalas, cadeiras de
rodas, etc.) são exemplos de fatores externos que influenciam o estado funcional,
(Bourret et al. 2002, citados por Doran, 2011), assim como os apoios sociais que os
indivíduos têm no seu ambiente e os recursos financeiros (Fawcett et al. 1995; Zemore
e Shepel, 1989, citados por Doran, 2011). Estes fatores (internos, externos e culturais)
devem ser considerados na avaliação do estado funcional e aquando o planeamento e
avaliação de uma intervenção de enfermagem, pois influenciam os resultados.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
33
Segundo Lafont et al. (2011), a evidência atual tem identificado e referido alguns
fatores de risco para o declínio funcional relacionado com a hospitalização: fatores
demográficos, estado cognitivo e psicológico, estado funcional antes da
hospitalização, fatores sociais, co morbilidade e polimedicação, mobilidade, estado
nutricional, deficits sensoriais e síndromes geriátricos.
Para Peron, at.al., (2011), os fatores de risco para o declínio do estado funcional são
inúmeros, e incluem a idade avançada; diminuição da atividade física; ausência de
auto perceção de saúde; presença de co morbilidades, como são exemplo a artrite, o
comprometimento cognitivo e a depressão; hábitos de vida, como a falta de atividade
física, tabagismo, consumo excessivo de álcool; o uso de medicamentos, como são
exemplo o uso de benzodiazepinas, anticolinérgicos, antidepressivos e anti-
hipertensivos.
Cardoso (2012), no seu estudo, afirma que foi observado um agravamento no estado
funcional no doente nas AVDs e AIVDs decorrente do internamento, concluindo que a
diferença do estado funcional no momento da pré admissão e na alta é mais
significativa do que entre o momento da admissão e da alta, o que revela um
agravamento do estado funcional causado pelo internamento, conclusão semelhante à
encontrada por um estudo de Sousa et al. (2012) e reforçada pela opinião de Doren, et
al. (2006)
1.2.2 - Avaliação do estado funcional
Tal como Doran (2011) nos diz, devem ser consideradas várias questões na avaliação
do estado funcional. As evidências sugerem que os pacientes têm uma visão diferente
da sua capacidade funcional comparativamente à dos profissionais de saúde, pelo que
é importante clarificar qual a perspetiva na avaliação. Em segundo lugar, a
manutenção do desempenho funcional ou o retardar do declínio da cognição pode ser
um bom resultado para alguns grupos, nomeadamente para os idosos. Terceiro, os
instrumentos utilizados para avaliar o estado funcional deveriam explicar a dificuldade
sentida na realização de determinada atividade e a capacidade de a realizar com
aparelhos auxiliares. Além disto, os instrumentos deveriam ser sensíveis aos aspetos
culturais e às expectativas de comportamento dos diferentes grupos populacionais. As
medidas de desempenho nas AVDs são provavelmente mais sensíveis à variação do
estado funcional do que as medidas de AIVDs em ambientes institucionais. Por fim,
até ao momento ainda não existem boas evidências de que a avaliação do estado
funcional possa ser válida e confiável a partir de fontes secundárias, apesar de os
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
34
registos dos pacientes serem uma fonte secundária para avaliação do estado funcional
e um método económico e discreto porque capitaliza os dados do paciente que já
foram anteriormente colhidos com outro propósito e evita a sobrecarga do paciente
com a colheita de dados adicionais.
Em conclusão, e ainda segundo Doran (2011), a evidência das revisões sistemáticas e
das meta-análises suporta a visão de que o estado funcional é um resultado sensível
aos cuidados de enfermagem. As unidades de saúde lideradas por enfermeiros estão
associadas a um declínio mais lento do estado funcional e a uma menor probabilidade
de a alta ser para instituições de saúde. As variáveis relacionadas com a equipa de
enfermagem a longo prazo têm sido associadas a um reduzido declínio funcional.
Para Reuben, et al. (2014), conhecer o estado funcional na pré hospitalização, permite
comparação com o nível de função no momento do internamento e ajuda a planificar a
alta. Medir o estado funcional é uma excelente maneira de acompanhar o progresso
de um doente com deficiência crónica e doença aguda.
Rodrigues (2012), aponta vários instrumentos para avaliar o desempenho funcional e
diz que os mais referenciados na literatura abrangem: Medida de Independência
Funcional, Índice de Atividades de Vida Diária de Barthel e Índice de Katz
(indispensáveis à avaliação da autonomia do idoso nas atividades do quotidiano)
surgindo, para uma avaliação mais complexa, a escala de Lawton, que permite avaliar
as atividades instrumentais da vida diária.
Souto (2011), indica-nos outro instrumento a Escala de Edmonton que avalia 9
domínios; cognição, Estado Geral de Saúde, Independência Funcional, Suporte Social,
Uso de Medicamentos, Nutrição, Humor, Continência e desempenho Funcional.
Buurman, et al .(2011), afirma que métodos modernos baseados na teoria de resposta
ao item (TRI) têm vantagem sobre instrumentos de medição com base em scores
totais, na medida em que nem todos os itens de um instrumento necessitam ser
avaliados em todos os doentes para determinar o seu nível de funcionamento,
permitindo utilizar um pequeno número de itens para obter um quadro clinico
suficientemente detalhado, o que torna a colheita de dados mais eficiente. Dois
exemplos de escalas que usam o TRI, são a Amsterdam Linear Disability scale e o
instrumento interRAI Cuidados Agudos.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
35
1.3 – HOSPITALIZAÇÃO E DECLÍNIO FUNCIONAL
As instituições hospitalares são os locais onde pessoas com idades superiores a 65
anos são internadas com frequência e onde grande parte dos cuidados de saúde lhes
é prestada, na tentativa de ultrapassar as dificuldades provocadas pelo aparecimento
de alterações súbitas, crónicas e crónicas agudizadas, ao seu estado de saúde /
doença. São por isso locais de tratamento de primeira linha, dotados de condições
físicas, técnicas e humanas para cuidar das enfermidades manifestadas pelas
pessoas que delas necessitam e procuram.
Com o aumento da esperança de vida, é expectável o aumento de situações
patológicas e consequente procura de cuidados de saúde, associados ao aumento da
idade. As instituições hospitalares revestem-se de uma importância inquestionável e
responsabilidade acrescida para acolher e tratar a pessoa enferma, bem como restitui-
la á família / sociedade nas melhores condições de autonomia e de independência
possível, garantindo-lhes o seu acompanhamento, ou mesmo, em situações extremas,
assegurar-lhes uma morte serena.
Para Menezes et al. (2010), a hospitalização devido a uma doença aguda ou crónica,
determina um certo grau de imobilidade para qualquer doente, podendo o declínio
funcional manifestar-se rapidamente no doente idoso.
Boyd, et al (2009), indica-nos que das 457 mulheres que foram hospitalizadas,
observou-se declínio funcional em 88% (400) por consequência da hospitalização.
A manutenção da função é o objetivo principal para a promoção da saúde e da
independência dos idosos hospitalizados, de tal forma que conhecer os fatores
relacionados do declínio funcional em idosos hospitalizados é fundamental, pois
orienta na prevenção e na eficácia dos tratamentos instituídos, (Menezes et al. 2010).
Para os mesmos autores, as causas do declínio funcional em idosos hospitalizados
são multifatoriais e cumulativas, destacando-se a idade avançada, a doença, os
procedimentos médicos e cirúrgicos, o repouso no leito, com efeitos na diminuição da
mobilidade, no aparecimento das infeções hospitalares, no uso de medicamentos, na
desnutrição e nas quedas devido aos riscos provocados pelo ambiente.
Menezes et al (2010), procederam a uma revisão da literatura para identificar os
efeitos da hospitalização na capacidade funcional dos idosos, os fatores associados
com o declínio funcional, assim como os instrumentos utilizados para a avaliação
funcional, e concluíram que todos os estudos demonstram declínio funcional devido ao
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
36
processo de hospitalização. A incidência deste comprometimento para a realização
das AVDs e AIVDs ultrapassa os 50% em idosos com idade superior a 85 anos.
Concluem também que alguns estudos observam alterações funcionais mais
expressivas ao nível motor, em atividades de auto cuidado como tomar banho, vestir-
se e mover-se.
Sales et al (2011) refere um estudo realizado em 2008 e mostrou que mesmo em
internamentos de curta duração em doentes não acamados levam à perda da
capacidade funcional em idosos, e outro estudo em 2009 evidenciou que idosos acima
dos 65 anos sem deficit cognitivo e com plena capacidade de deambulação,
permaneciam 83% do tempo acamados durante a hospitalização. Estes resultados
mostram a importância do estímulo à deambulação para todos os idosos internados.
Kleinpell, et al (2008), dá ênfase a um estudo com 489 idosos hospitalizados com 70
anos e mais, revelou que a prevalência da diminuição da mobilidade em idosos
hospitalizados foi significativa, com 16% apresentando baixo nível de mobilidade, 32%
com níveis intermédios de mobilidade e 29% com declínio em AVDs. No entanto para
quase 60% dos que se mantinham no leito, não havia indicação médica documentada,
que limitasse a mobilidade. O uso de meios auxiliares da marcha, tais como bengalas
e andarilhos foi preditivo de declínio funcional durante a hospitalização. Refere que ao
avaliar a atividade física de 500 idosos internados, os que permaneceram na cama ou
cadeira, raramente receberam fisioterapia. Ao 2º dia de hospitalização 71 idosos, com
idade superior a 74 anos evidenciaram declínio na mobilidade, na transferência, no ir á
casa de banho e na alimentação. Entre o 2º dia e a alta, 67% não melhoraram e 10%
ainda pioraram o seu estado.
Andrade, (2009) refere que o declínio funcional e a perda de autonomia podem levar a
depressão, sobrecarga do cuidador, aumento da utilização dos recursos do sistema de
saúde e necessidade de institucionalização, e que a perda de autonomia com a
progressão do quadro mórbido é uma das principais fontes de sofrimento.
Para Boyd, et al.(2009), o declínio funcional é um resultado da hospitalização por
eventos agudos, com consequências a curto prazo para os doentes e famílias, com
impacto na realização de atividades de vida quotidianas. Vários estudos referem como
fatores de risco a idade avançada, características sociodemográficas, a pré existência
de deficiências, o deficit cognitivo, o delírio, a polimedicação, a história de quedas e a
presença de co morbilidades, sendo difícil a avaliação do declínio funcional em
doentes idosos hospitalizados, pela dificuldade em avaliar a sua capacidade funcional
e o estado de saúde anterior ao internamento. A recuperação da incapacidade entre
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
37
idosos na comunidade é comum, e com taxas de recuperação até 80%, sendo que as
taxas de recuperação após o internamento são mais baixas.
Durante a hospitalização, idosos com tendência a quedas, têm maior risco de
apresentar declínio funcional. A tendência a quedas e a presença de instabilidade
postural são indicadores importantes de fragilidade, podendo resultar de visão
deficiente, hipotensão postural, deficit de equilíbrio, mobilidade reduzida, fraqueza ou
doenças neurológicas. O repouso prolongado no leito e a falta de dispositivos de
auxílio como óculos, bengalas ou andarilhos aumentam o risco de desenvolver
complicações (Kawasaki, et al. 2005; Holroyd-Leduc, et al. 2007).
O declínio funcional pode também contribuir para um fenômeno muito atual nas
nossas instituições, e que pode colocar em risco a segurança do doente. Estamos a
referirmo-nos às quedas, consideradas os eventos adversos mais frequentes nos
hospitais, normalmente, um fenômeno multifatorial de causas individuais e/ou
ambientais, com consequências significativas a nível físico, psicológico e social
(Almeida, Abreu & Mendes, 2010).
Cunha, et al. (2009), conclui que o declínio funcional é um fenómeno comum e
esperado por um número significativo de idosos hospitalizados pela sua
vulnerabilidade clinica, física e psicológica decorrentes do processo de
envelhecimento, e pode ocorrer antes ou durante o período de hospitalização. Refere
ainda que deficit cognitivo, a incapacidade prévia em AVDs, a história de quedas, a
fraca mobilidade e instabilidade postural, para além dos fatores ambientais, foram
citados como fatores predisponentes ao declínio funcional.
Para Khinpell, et al. (2008), o foco principal para a melhoria dos cuidados de saúde é
promover a segurança e evitar lesões nos doentes. Isto torna-se especialmente
importante para os idosos hospitalizados que se encontram em risco de declínio
funcional, devido a alterações dos níveis de mobilidade, bem como a riscos de
iatrogenia. Para os idosos frágeis, os riscos de hospitalização incluem quedas, delírio,
infeções nosocomiais, reações adversas a medicamentos e o risco de úlcera de
pressão.
Segundo os mesmos autores, existe uma dissonância entre o ambiente hospitalar e os
objetivos terapêuticos para os idosos hospitalizados. O ambiente hospitalar, um
ambiente de cuidados terciários, tem o seu foco de atenção direcionado para o modelo
biomédico e não para a melhoria do funcionamento global do doente em todas as suas
dimensões. Um conjunto de alterações fisiológicas ocorrem com o envelhecimento,
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
38
incluindo a redução da força muscular, a redução da capacidade aeróbica, a
instabilidade vasomotora, a insensibilidade dos barorrecetores, a redução total de
água no corpo, a redução da densidade óssea, a redução da ventilação e as
alterações sensoriais. Co morbilidades e doenças crónicas podem aumentar e acelerar
estas alterações. A massa e a força muscular também diminuem com o
envelhecimento, contribuindo para uma redução de atividade física. A mecânica
respiratória também é alterada, provocando diminuição da capacidade ventilatória,
aumento do volume residual e consequente diminuição da oxigenação dos tecidos e
órgãos.
Também referem que ao nível do sistema urinário se verificam alterações com
redução da capacidade da bexiga, o aumento da próstata no homem, a
desmineralização óssea, a perda de paladar e do olfato, a diminuição da integridade
da pele e redução sensorial. Em consequência deste processo, os idosos ficam mais
vulneráveis aquando do internamento devido ao aparecimento de uma doença aguda,
podendo rapidamente evoluir para um estado de declínio funcional, sendo este
definido como a incapacidade de realizar as atividades habituais de vida diária devido
á fraqueza, redução da força muscular e diminuição da capacidade de realização de
exercício físico.
O estado funcional é determinado pela capacidade de realização das atividades de
vida diária e das atividades instrumentais de vida diária. A doença e as co
morbilidades podem influenciar diretamente o estado funcional em idosos. As
situações mais frequentes e que interferem com estes aspetos são a doença cardíaca,
a hipertensão, a artrite, a diabetes e o cancro. O declínio funcional durante o
internamento leva a um aumento da permanência do doente no leito, produzindo
várias alterações no organismo por consequência da imobilidade, podendo levar á
perda óssea acelerada, desidratação, malnutrição, delírio, privação sensorial, lesões
na pele e incontinência, aumentando o tempo de internamento, os custos deste e a
dificuldade de recuperação após a alta hospitalar (Khinpell, et al. 2008).
Pillatt (2011), refere que segundo (Dutra, 2009 e Loyola, et al. 2004) as causas mais
frequentes de internamento hospitalar em idosos, são doenças relacionadas com os
aparelhos circulatórios, respiratório e digestivo, que somadas correspondem a 60%
dos internamentos em faixas etárias mais elevadas. No seu estudo, os idosos no
momento do internamento já apresentam algum grau de incapacidade funcional,
ocorrendo durante a hospitalização declínio ainda maior na capacidade de realização
das AVDs e AIVDs.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
39
Para Mezey et al. (2003, citado por King, 2006), a perda funcional em idosos
hospitalizados foi classificada como doença iatrogénica, que segundo Palmer (1995)
citado pela mesma autora, se define como sendo qualquer doença resultante de um
procedimento diagnóstico, ou de qualquer forma de terapia ou de um acontecimento
ou consequência natural da doença da pessoa.
A autora refere ainda que as complicações iatrogénicas ocorrem frequentemente em
idosos hospitalizados e podem ser o resultado do repouso forçado no leito, ou de
infeções nosocomiais, de quedas devido a riscos ambientais, do uso de medicamentos
que sendo necessários ao tratamento da doença, podem ser prescritos em doses
desajustadas, provocando efeitos adversos, ou da desnutrição que está associada á
perda de massa corporal e muscular, evoluindo para a fraqueza, fadiga e perda de
força muscular, afetando a mobilidade.
Conscientes dos riscos do declínio funcional em idosos hospitalizados, compete aos
profissionais de saúde, nomeadamente ao enfermeiro especialista em enfermagem de
reabilitação, desenvolver estratégias que minimizem as complicações decorrentes do
internamento, devendo ser a prevenção, a atitude prioritária com benefícios para
todos, na tentativa de preservar a função, diminuir o tempo de internamento e
consequentemente os custos, e preservação da qualidade de vida do doente.
1.3.1 – Prevenção do risco de declínio funcional em idosos hospitalizados
A diminuição do risco de declínio funcional em idosos hospitalizados significa a
tentativa de preservação da função e da qualidade de vida nessas pessoas, devendo
ser considerada prioridade para os profissionais e organizações de saúde.
Para a American Academy of Nursings Expert Panel on Acute end Critical Care (2012),
uma série de estratégias baseadas em evidências, têm sido identificadas para reduzir
a deterioração dos idosos hospitalizados, tais como:
- Prática regular de avaliação geriátrica e interdisciplinar do estado físico, psicossocial
e funcional no momento do internamento.
- Incentivar a atividade durante o internamento com recurso a um plano de exercícios
estruturados, treino de força e resistência progressiva, programas de caminhada em
coordenação com as terapias de reabilitação física e ocupacional.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
40
- Iniciar a mobilização precoce em doentes agudos com base em protocolos pré-
estabelecidos.
- Disponibilizar em tempo útil dispositivos auxiliares da marcha, tais como o andarilho,
a canadiana ou a bengala.
- Garantir o uso de calçado apropriado e incentivar a mobilidade, reduzindo o risco de
quedas.
- Melhorar o ambiente reorganizando-o, melhorando as áreas livres, com a retirada de
equipamentos e outros obstáculos que possam dificultar a livre circulação dos
doentes, bem como a colocação de corrimãos, puxadores e apoios, e ainda
disponibilizar assentos sanitários mais altos.
- Implementar protocolos de cuidados com vista a reduzir os síndromes geriátricos, a
melhoria do autocuidado, da nutrição, da continência, da mobilidade, do sono, dos
cuidados à pele, da cognição, e minimizar os efeitos adversos de alguns
procedimentos, como é exemplo o cateterismo vesical.
- Avaliar e adequar a utilização de medicamentos, minimizando o uso de sedativos,
hipnóticos, garantindo também a dosagem correta, com monitorização das respostas à
terapia, tendo em vista a preparação para a alta clinica.
- Promover a segurança, sem deixar de incentivar à independência.
- Manter a dignidade da pessoa.
- Promover a formação contínua da equipa multidisciplinar.
Doran (2011) refere que apesar das melhorias ao nível do estado funcional constituir
um bom resultado para a maioria dos pacientes, este não pode ser generalizado.
Hirdes e Carpenter (1997, citados por Doran,2011) observaram que se para o idoso
frágil a restauração da independência não é possível, então a prevenção do declínio e
a manutenção da funcionalidade podia ser um indicador do sucesso da intervenção.
No caso de o declínio ser inevitável, deve-se focar numa diminuição lenta da taxa.
Além disso, pode não ser possível afetar todos os aspetos do funcionamento, mas
otimizar áreas específicas, como por exemplo a cognição ou a diminuição da dor que
tem um profundo efeito sobre o bem-estar.
A prevenção do declínio funcional em idosos durante a hospitalização, merece sem
dúvida uma atenção especial, na medida em que potencia a obtenção de ganhos em
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
41
saúde, com diminuição da demora média e consequente redução de custos,
melhorando a qualidade de vida e preservando a autonomia desses doentes.
Nesta área de intervenção, o papel do enfermeiro tem uma importância fulcral, pois
está presente as 24 horas, permitindo-lhe observação e avaliação contínua, podendo
intervir precocemente em situações potenciais de risco de declínio funcional. Também
é verdade que os enfermeiros apresentam maiores índices de satisfação no seu
desempenho, quando são envolvidos no processo terapêutico de tomada de decisão.
Assim, o enfermeiro está numa posição privilegiada para reverter a tendência de perda
funcional em idosos hospitalizados. (King, 2006).
Neste processo, o papel do enfermeiro especialista de reabilitação é determinante,
quer na identificação dos problemas, na planificação e implementação de cuidados
que visem a prevenção do risco de declínio funcional em idosos hospitalizados, bem
como na consequente avaliação dos resultados, estando esse papel bem definido no
regulamento nº 125/2011, plasmado no Diário da República, 2ª Série, nº 35 de 18 de
fevereiro de 2011, onde são definidas as competências específicas do enfermeiro
especialista em enfermagem de reabilitação.
Tendo em conta essas competências e as necessidades destes doentes com vista á
manutenção e ou melhoria das suas capacidades, com objetivo da promoção da
independência nas AVDs e na melhoria da qualidade de vida, facilmente se entende a
necessidade de manter em cada equipa, profissionais com este nível de diferenciação,
e tal como nos diz Thomas, et al. (2009), o enfermeiro tem um papel indispensável na
reabilitação da pessoa idosa, no entanto desvalorizado.
1.4 – RISCO DE QUEDA
A segurança dos doentes é sem dúvida uma preocupação permanente das instituições
de saúde, e como tal, estas têm vindo a adotar estratégias no sentido de melhorar a
qualidade e a segurança dos cuidados prestados. Neste contexto, o trabalho
desenvolvido pelos enfermeiros é fundamental para que se atinjam estes objetivos,
pois estes são os profissionais responsáveis pelos cuidados diretos ao doente durante
as 24 horas do dia, para além de que as quedas ocorridas num serviço de
internamento produzem um indicador de qualidade dos cuidados de enfermagem,
sendo a sua prevenção um foco sensível aos cuidados de enfermagem.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
42
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define queda como o acontecimento que leva
a pessoa inadvertidamente ao solo, com incapacidade de correção em tempo hábil,
determinada por circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade,
(Abreu, et,al., 2012)
As quedas e as lesões decorrentes, são um problema de saúde pública de grande
impacto social. São uma problemática em todos os países onde ocorre um expressivo
envelhecimento populacional, (Buksman, et al.2008; Soto-Varela, et al. 2014).
O internamento de doentes agudos leva frequentemente a um declínio funcional das
suas capacidades físicas e cognitivas, (Boyd, et al. 2009), podendo refletir-se no
aumento do risco de quedas (Almeida, et al. 2010), devido aos efeitos da doença
aguda, agravada por um ambiente desconhecido e efeitos colaterais dos tratamentos,
(Mattison, et al. 2014).
Cunha et al (2009) na sua revisão bibliográfica referem que 5 estudos revelaram que
idosos com tendência a quedas têm maior risco de apresentarem declínio funcional
durante a hospitalização. Concluem também que os estudos analisados destacaram
que as mudanças ocorridas na capacidade funcional antes da hospitalização,
resultam, entre outras causas de doenças agudas ou da agudização de doenças
crónicas e não podem ser prevenidas exclusivamente pelos cuidados hospitalares. Ao
contrário, o comprometimento ocorrido após a admissão reflete a interação da
condição clinica com o tratamento hospitalar e é passível de ser melhorado.
Doren (2011) refere-nos que os estudos têm demonstrado que 30 a 60% das pessoas
idosas desenvolvem dependências nas AVDs durante o período de internamento
(Hoogerduijn, Scuurmans, Duijnstee, Rooij, Grypdonck, 2006, citados por Doren,
2011). Uma revisão sistemática acerca dos preditores para o declínio do estado
funcional nas pessoas mais velhas aquando o internamento concluiu que o risco de
queda é predita pela idade, estado funcional inferior na admissão, défice cognitivo,
défice nas AIVDs na pré-admissão, depressão e tempo de internamento hospitalar
(Hoogerduijn et al. 2006, citados por Doren 2011).
É do nosso conhecimento que os idosos são os mais vulneráveis para cair, e quando
acontece, a sua vida quotidiana pode mudar radicalmente tanto pelas consequências
da queda como pelo medo de voltar a cair, que segundo Lopes et al. (2009), se
relaciona com a mobilidade, o equilíbrio, o risco e a história de quedas. Alcalde (2010),
diz-nos que idosos sem histórico de queda, apresentam uma prevalência de 30% de
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
43
medo de cair, aumentando para 60% nos que têm história de quedas, estando esta
prevalência aumentada nas mulheres e nas idades mais avançadas.
Abreu et al (2012), refere no seu estudo, efetuado entre 2007 e 2009 num serviço de
medicina, que a maioria das quedas ocorreu em doentes parcialmente de pendentes,
com idades entre 64 e 74 anos. As quedas ocorreram maioritariamente no quarto,
(53), seguidas no corredor (6),e na casa de banho (5). No turno da manhã foi onde se
registou maior número de ocorrências. Quanto ao tipo de quedas, em 2007
predominaram as quedas acidentais, relacionadas aos fatores extrínsecos, enquanto
que em 2008 e 2009 se revelaram com maior frequência as quedas co antecedentes
fisiológicos, o que pode ser devido a fatores intrínsecos. Em relação às
consequências, 63,5% não tiveram consequências, 31,7% tiveram consequências
ligeiras, 1,6% tiveram consequência moderada e a mesma percentagem, 1,6%
resultou em consequência grave, com morte.
A restrição das atividades, o maior isolamento social, o declínio da sua condição de
saúde e o aumento do risco de institucionalização, são exemplos de possíveis
impactos da queda na vida da pessoa idosa. Aproximadamente 30% das pessoas com
mais de 65 anos caem pelo menos uma vez por ano, das quais metade de forma
recorrente, (Richardson, et al. 2014).
Para além das alterações físicas e psicológicas, provocam também um aumento dos
custos com os cuidados de saúde e um aumento dos internamentos. (Guimarães, et
al. 2005).
Promover a independência no idoso para a execução das AVDs e das AIVDs, é
fundamental para que este continue a viver com qualidade e a envelhecer de forma
mais autónoma e saudável possível. Ribeiro, et al. (2009) refere que num estudo
realizado em idosos institucionalizados, se concluiu que idosos que participam
regularmente em sessões de exercício físico supervisionado apresentam melhor
mobilidade funcional e equilíbrio e consequente diminuição do risco de queda. O
exercício é uma das poucas estratégias que reduz o risco de queda e aumenta a
resistência óssea, (Corrie et al. 2014).
O Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas, publicado pela DGS
(Portugal, 2004), já recomendava que fosse dada uma atenção especial às pessoas
idosas mais frágeis e vulneráveis, considerando o risco de quedas uma situação de
especial vulnerabilidade.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
44
A capacidade funcional é um importante indicador para a avaliação do idoso com ou
sem patologias conhecidas, e a sua mensuração é determinante para a deteção de
fatores de risco e para a implementação de estratégias adaptativas que minimizem
esse risco, (Ellis, et al. 2005; Lipschitz, et al. 2007, citados por Amaro, 2012).
O declínio da capacidade funcional ao nível da aptidão física, provoca a redução de
força muscular, alterações no padrão da marcha e alterações no equilíbrio estático,
aumentando fortemente a possibilidade de ocorrência de quedas na população idosa,
com maior frequência em mulheres do que em homens, e 5 % das quedas resultam
em fraturas, sendo que a maioria dos idosos que tiveram uma queda, cairão
novamente nos 6 meses subsequentes (Novo, et al. 2011).
Para os mesmos autores, conjuntamente com os fatores intrínsecos (declínio da
capacidade funcional e co morbilidade), os fatores extrínsecos relacionados com o
ambiente, desempenham um papel importante na ocorrência de quedas e nas suas
consequências. Também a perceção pelo próprio da diminuição das suas capacidades
de resposta em se proteger durante a queda, como por exemplo a projeção das mãos
para a frente, ou a velocidade de reação para se apoiar, e a capacidade para se
levantar após a queda, pode desencadear medo de cair, que por si só agravará o
declínio funcional pela via da autolimitação da atividade e autorrestrição de
participação.
Guimarães, et al. (2005), referem que as quedas surgem em parte, devido a limitações
fisiológicas de equilíbrio, força, visão, tempo de reação, decorrentes de doenças e
nalguns casos de terapêuticas instituídas para o seu tratamento. Fatores como a
idade, sexo, doenças, uso de medicamentos, visão deficiente, diminuição da
capacidade funcional, deficit de equilíbrio, fraqueza muscular e perigos ambientais têm
sido referidos como predisponentes ao aumento do risco de quedas. Poderá variar de
grupo para grupo, no entanto é importante conhecermos as particularidades de cada
idoso que cuidamos, para que assim de definam as estratégias adequadas para
diminuir o risco de queda.
Rodrigues (2012), realça no seu estudo que em relação à avaliação do risco de queda,
os scores obtidos na admissão, são significativamente mais elevados que na alta.
Múltiplos fatores têm contribuído para o fenómeno das quedas. Hendrich (2006, citado
por Almeida, et al. 2010), aponta como sendo o envelhecimento da população e o
crescente envolvimento dos doentes no processo do cuidar, a falta de enfermeiros e a
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
45
prestação de cuidados em ambientes de trabalho inadequados, que podem tornar
qualquer processo de melhoria num desafio.
A compreensão do fenómeno da queda como um evento multifatorial em que as ações
preventivas promovem a diminuição do risco e das ocorrências é o ponto de partida.
Tal como já referimos, as quedas são um evento traumático, multifatorial, quase
sempre involuntário e inesperado, podendo ser recorrente, com consequências
negativas para a pessoa idosa, para o cuidador e para a sociedade.
Existem várias propostas de classificação de quedas, como tentativa de agrupamento,
mais ou menos sustentado, que permitem organizar estes acidentes em função de
fatores (causas precipitantes, frequência da ocorrência, riscos individuais de queda,
entre outros), (Almeida, et al. 2010).
Os mesmos autores fazem referência á classificação apresentada por Simpson (2002,
citado por Saraiva et al 2008), que organizam estes eventos em:
- Quedas ocasionais associadas a fatores extrínsecos.
- Quedas intermitentes ou intercorrentes relacionadas com uma doença aguda ou
distúrbio passageiro do aparelho circulatório.
- Queda recidivante, quando se repetem duas ou mais vezes no prazo de seis meses,
associadas a doentes que apesar do seu estado de saúde débil, não apresentam
explicação clinica para as quedas.
- Casos de risco, onde se enquadram as pessoas com risco elevado de queda, mas
que ainda não sofreram qualquer acidente.
De igual forma, estes autores apresentam outra classificação desenvolvida por Morse
e utilizada por Hendrich (2003), que diferencia as quedas em acidentais (associadas a
perigos ambientais); em quedas fisiologicamente previsíveis (em indivíduos com
alterações fisiológicas que predispõem a um risco elevado de queda); e em quedas
fisiologicamente imprevisíveis (atribuídas a fatores fisiológicos, não sendo previsíveis
antes da primeira ocorrência). Ao existirem fatores que predispõem a determinado
risco de queda, sejam relacionados com a situação clinica e física do individuo, ou
associados ao meio em que este se encontra, será possível intervir junto deles,
minimizando-os ou eliminando-os por forma a diminuir a probabilidade de ocorrer o
acidente.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
46
1.4.1 – Fatores de risco nas quedas
As quedas são a consequência de um conjunto de fatores que podem ser estudados
de forma isolada ou em diferentes tipos de associação. Para alguns autores, e
dependendo da abordagem efetuada para a compreensão do fenómeno, as quedas
são o resultado de uma sinergia de múltiplas patologias e fatores de risco, sendo para
outros a junção de uma variedade de alterações relacionadas com a idade, patologias,
inadequação do ambiente envolvente (Almeida, et al. 2010).
Resumidamente, os fatores de risco são normalmente divididos em fatores intrínsecos
e fatores extrínsecos, (Richardson, et al. 2014; Gomes, et al. 2014), apesar de haver
quem acrescente a exposição ao risco como terceiro fator, como nos refere (Palma,
2011).
Os fatores de risco intrínseco de queda, são habitualmente mencionados como:
- História anterior de queda, idade, função motora diminuída, astenia, tonturas,
hipotensão, confusão, sonolência, polimedicação e medicação psicotrópica, doenças
crónicas, mobilidade reduzida, sedentarismo, medo de cair, deficiências nutricionais,
deficit cognitivo, alterações da visão, entre outros.
Os fatores de risco extrínseco de queda, estão geralmente relacionados com:
- Risco ambiental (pisos escorregadios, superfícies irregulares, presença de
obstáculos, deficiente iluminação), vestuário e calçado e utilização de dispositivos
auxiliares da marcha inapropriados (Almeida, et al. 2010; Caldevilla, et al. 2010; Costa,
2010; Saraiva et al. 2008).
Almeida, et al. (2010), referem que após uma revisão sistemática da literatura se
conclui que apenas um pequeno número de fatores de risco de queda parecem ser
consistentes, sendo a instabilidade da marcha, a fraqueza dos membros inferiores, a
agitação / confusão, a incontinência urinária / frequência ou necessidade de ir à casa
de banho, história de quedas anteriores e consumo de medicação psicotrópica, os
mais credíveis. Mitchell, et al. (2014) acrescenta obesidade, comportamento
sedentário.
Rubenstein, (2006; Oliver, et al. 2007, citados por Matarese, et al. 2014), advertem
para as consequências das quedas, como sendo a deterioração da função física do
doente devido à queda ou ao medo de cair, isolamento social, isolamento e
depressão, perda da autoconfiança, a interrupção de programas de reabilitação, o
aumento do tempo de internamento, com consequência no aumento dos custos
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
47
económicos e sociais. Devido a estas potenciais consequências, a prevenção de
quedas tem sido reconhecida como uma importante área de intervenção e pesquisa
em saúde.
Gomes et al (2014) refere no seu estudo que em 79% dos estudos selecionados as
mulheres idosas institucionalizadas apresentam maior predisposição para o risco de
queda que os homens, destacando-se como principais fatores de risco o uso de
benzodiazepinas (47,4%),apresentar doenças crónicas (47,4%), ter sofrido de quedas
anteriores (42%) e restrições da mobilidade (31%). 42% dos artigos, evidenciaram a
importância de ações de educação para a saúde, qualificação da equipa de
enfermagem e manutenção de procedimentos de avaliação entre os idosos internados.
A existência de fatores de risco associados às queda em idosos, leva-nos a crer em
como a prevenção deste fenómeno se reveste de grande importância, devendo ser
encarada de uma forma séria e responsável, atendendo aos contextos específicos de
cada unidade de cuidados e dos seus utilizadores, diferenciada em função da
prevalência desses mesmo fatores de risco, incrementando ações para o controlo das
causas intrínsecas e eliminação das causas extrínsecas.
1.4.2 – Prevenção das quedas
As quedas de doentes, tal como já referido anteriormente, são uma causa importante
de morbilidade. Em algumas situações, as quedas podem originar lesões,
complicações ou limitação da mobilidade, podendo prolongar a estadia no hospital, ou
conduzir a diversos problemas após a alta. A sua prevenção pode modificar esses
fatores e ajudar a melhorar a qualidade de vida, bem como as taxas de queda, (Lin, et
al. 2014).
As quedas podem ocorrer como eventos imprevisíveis ou como padrões indicativos de
riscos potencialmente modificáveis e preditivos de resultados adversos. Conhecer
esses padrões, riscos e resultados de quedas pode ajudar a planear medidas
preventivas adequadas, (Tchalla, et al. 2014).
Muitos fatores, já amplamente descritos, podem potenciar as quedas, sendo que
falhas na definição de medidas preventivas, predispõem ao surgimento das mesmas,
pelo que a avaliação sistemática do risco de queda e a implementação dessas
medidas são cruciais.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
48
Costa-Dias et al. (2014) são de opinião que a avaliação do risco de queda ou a
avaliação do doente em risco é um componente essencial de qualquer programa de
prevenção de quedas, na medida que identifica doentes em risco, com o objetivo de
corrigir a situação e evitar a ocorrência de quedas. Idealmente, a avaliação do risco de
queda deve ser efetuada na admissão do doente e pelo menos de 3 em 3 dias durante
o período de internamento, ou ainda quando é transferido para uma unidade diferente,
quando ocorre uma mudança na sua condição, ou após uma queda.
Com base nestes pressupostos, reconhecemos de quão importância se reveste a
monitorização deste indicador, pelo impacto que representa na qualidade dos
cuidados de enfermagem e na segurança dos doentes.
Almeida, et al. (2010), referem que a prevenção das quedas é um aspeto importante
da promoção da segurança do individuo e que a manutenção de um ambiente seguro
e confortável para o doente institucionalizado, procurando atenuar os efeitos do
desenraizamento do seu meio natural, e consequente despersonalização, é uma das
preocupações e deveres do enfermeiro. Devemos contudo ter consciência que nem
todos os fatores de risco são passiveis de serem modificados ou eliminados, como são
exemplo os fatores de risco associados ao envelhecimento. Todavia, torna-se
necessário e útil a utilização de instrumentos sistematizados e objetivos de avaliação
do risco do doente.
A prevenção das quedas deve beneficiar da investigação, da formação dos
profissionais e também da criação de guidelines de prevenção sistematizadas e
monitorizáveis destes acidentes. Mas se ocorrer a queda, deveremos recolher todos
os dados possíveis referentes às circunstâncias em que ocorreu, por forma a se
reverem e reestruturarem as medidas preventivas.
Caldevilla, et al. (2010), defendem a incorporação nos cuidados de enfermagem de
instrumentos de avaliação do risco de queda que permitam sinalizar os idosos com
perfil de risco. Costa (2010), refere que os instrumentos e protocolos implementados,
tendem a avaliar as características intrínsecas do doente na admissão ao serviço, de
modo a classificá-lo quanto ao risco de queda, e que um dos instrumentos mais
citados na literatura é a “Fall Morse Scall”, descrito como uma ferramenta adequada
para a avaliação dos doentes na admissão e já aplicada em diferentes populações de
doentes hospitalizados.
Saraiva et al (2008, citado por Almeida, et al. 2010), identifica quatro áreas de
intervenção prioritárias na prevenção das quedas:
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
49
- Identificação dos indivíduos de risco.
- Melhoria da autoconfiança.
- Manutenção do individuo ativo e independente.
- Melhoria na segurança do meio.
Independentemente de todas as estratégias que possam ser colocadas na prática para
prevenir o risco de queda em meio hospitalar, uma rigorosa avaliação desse mesmo
risco logo no momento da admissão é fundamental (Costa, 2010).
Sendo a qualidade e o desenvolvimento de projetos de melhoria contínua uma
preocupação constante para se otimizar e atingir a excelência no cuidar, o
cumprimento das metas de segurança no atendimento ao doente deverá ser uma
preocupação de todos. Neste particular, o cumprimento da meta 6, que visa reduzir o
risco de lesões ao doente decorrentes de quedas, orienta para avaliar e reavaliar
periodicamente os doentes com risco de queda; para manter o doente com
identificação de risco de queda; para manter grades nas camas suspensas; para
manter vigilância contínua; para ficar atento á iluminação do ambiente; para promover
o auxílio á locomoção; para monitorizar os indicadores de queda, identificando as suas
causas, analisando-as e intervindo através de medidas que reduzam / minimizem as
lesões e consequências indesejáveis, educando os doentes e familiares quanto ao
risco de queda (Luedy, et al. 2014).
Costa-Dias, et al. (2014), reforça a opinião de que um dos indicadores de avaliação da
qualidade hospitalar é a avaliação do risco de queda, no que se refere à segurança
dos doentes, sobretudo com 65 anos ou mais. Consideram estes autores que as
organizações de saúde identifiquem quais os instrumentos disponíveis e devidamente
estudados, que permitam uma correta avaliação do risco de queda.
Em resumo, a prevenção de quedas em meio hospitalar deve ser encarada como um
processo dinâmico e em constante evolução, devendo-se efetuar sistematicamente a
avaliação inicial do risco (Morse, 2009), proceder à implementação de intervenções
com vista à sua diminuição e manter uma monitorização permanente para a sua
avaliação. No caso de a queda ocorrer, identificar de imediato os fatores precipitantes,
reestruturar e implementar as medidas corretivas e preventivas e manter a
monitorização contínua do risco de queda.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
50
Todo este processo deverá ser encarado de forma multidisciplinar, com envolvência
de todos os profissionais implicados no processo de cuidar, não esquecendo o próprio
doente, cuidador e a sua família.
1.4.3 – Avaliação do risco de queda
Costa-Dias et al. (2014) refere que ao nível hospitalar, se questiona sobre qual o
instrumento de avaliação a utilizar para avaliar o risco de queda na medida em que
este deve ter qualidades essenciais como a fiabilidade e a validade. Por outro lado, as
escalas que existem estão concebidas em língua que não a portuguesa e para outra
cultura e, por isso, têm de ser submetidas a um processo de tradução, adaptação
cultural e linguística e validação para a língua portuguesa, para que os instrumentos
de medida se mantenham fiéis ao original (Wild et al. 2005, citado por Costa-Dias et al.
2014).
Morse, (2009) também refere que quando se escolhe um método de avaliação das
quedas dos doentes, é importante que o instrumento seja aplicado tal como foi
concebido e publicado pelo autor que o desenvolveu, pois alterações dos itens, ou de
formas de aplicação, podem destruir a fiabilidade e a validade de uma escala.
Hendrich et al. (2003, citado por Almeida, et al. 2010) relatam que têm sido realizados
importantes estudos de caso/controlo no sentido de identificar fatores de risco de
queda. Apesar das limitações encontradas nos estudos analisados, os mesmos
autores, fazem uma retrospectiva e referência os trabalhos de:
– Hendrich et al. (1992) que apontam sete fatores de risco – história de quedas
anteriores, depressão, alterações ao nível da eliminação, tonturas/vertigens,
diagnóstico de cancro, confusão e mobilidade alterada;
– Watson e Mayhew (1994) que encontraram quatro fatores – mobilidade diminuída;
deficiência visual; ordens de restrição e o uso de medicação anti-hipertensiva;
– Gluck et al. (1996) que sugerem três situações de risco – história prévia de quedas,
confusão ou desorientação, incontinência, diarreia ou necessidade de ajuda para se
deslocar ao WC;
– Mendelson (1996) que ao examinar o efeito da medicação sedativa nas quedas de
doentes verificou que os antidepressivos, hipnóticos, benzodiazepinas, tranquilizantes
minor e tranquilizantes major estavam associados às quedas.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
51
– Morse (1997) que considera seis fatores de risco – história de queda, presença de
um diagnóstico secundário, uso de ajudas em ambulatório, terapia endovenosa ou
“heparin lock”, marcha prejudicada e má orientação do doente para as suas próprias
capacidades;
– Oliver et al. (1997) identificaram sete fatores de risco – pontuação 3 ou 4 na
transferência e mobilidade, presença de preocupação de queda, ida frequente ao WC,
deficiência visual, agitação, instabilidade da marcha e o uso de medicação
antiarrítmica.
Oliver et al. (2004, citados por Costa-Dias, 2014), referem que existem diversos
estudos descritivos de avaliação do risco de queda, mas apenas cinco instrumentos
foram testados quanto à forma como predizem as quedas (Healey & Scobie, 2007),
são eles; o Score de Innes (1985); a Escala de Quedas de Morse (1989); o Score de
Schmid (1990); o índice de Downton (1996) e a avaliação do risco STRATIFY (1997),
mas apenas dois foram testados em diferentes grupos de doentes, fora do estudo de
investigação original; a Escala de Quedas de Morse e a avaliação do risco STRATIFY,
desenvolvida em 1997 em Inglaterra por David Oliver e colaboradores, estando
indicada a sua aplicação em adultos com 65 ou mais anos, sendo constituída por cinco
perguntas com opções dicotómicas (sim/não) de resposta.
As escalas de avaliação de risco de quedas são ferramentas que atribuem valores
numéricos a diversos fatores de risco (Healey & Scobie, 2007). O somatório destes
fatores predizem se o doente tem um risco de queda baixo, médio ou elevado (Morse,
2009).
Costa-Dias (2014), afirma que apenas a MFS se encontra validada e adaptada cultural
e linguisticamente para a língua portuguesa, sendo a escala mais divulgada e utilizada
a nível nacional (Ordem dos Enfermeiros, 2010; Soares & Almeida, 2008, citados por
Costa-Dias, 2014).
1.4.4 – Influência do estado funcional no risco de queda
Vários estudos realizados em ambiente hospitalar revelam que idosos com tendência
a quedas têm maior risco de apresentarem declínio funcional durante o período de
internamento (Anpalahan & Gibson, 2008; Cornett et al. 2006; Siqueira, Cordeiro,
Perracini, & Ramos, 2004, citados por Rodrigues, 2012).
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
52
Mendes, et al (2011), concluíram, numa amostra de 40 idosos com idades entre os 65
e os 88 anos, que se destacam os seguintes fatores de risco para o declínio funcional:
- Idade avançada (> a70 anos) em 82,5%; Co morbilidade (92,5%); confusão /
desorientação (35%) e alterações do equilíbrio (90%). Quanto aos fatores do risco de
queda, referem: Confusão / desorientação, alterações do equilíbrio, redução da
mobilidade, polimedicação, fraqueza muscular, deficit visual não compensado (42,5%),
antecedentes de fraturas (50%), consumo de diuréticos (67,5%) e de ansiolíticos
(60%): Concluem da correlação negativa (- 0,829) entre a independência na AVDs e o
risco de queda.
A autonomia e a independência para manter as atividades quotidianas determinam a
funcionalidade do idoso, não se focando apenas nas capacidades físicas, mas
também nas capacidades cognitivas e nos fatores psicossociais de tal forma que no
idoso hospitalizado é fundamental a avaliação da funcionalidade e cognição, na
medida em que influenciam a capacidade de desempenho nas AVDs. (Rodigues,
2012).
O relatório global da OMS sobre prevenção de queda na velhice (WHO, 2007, citado
por Rodrigues, 2012), refere que aproximadamente 28% a 35% das pessoas com mais
de 65 anos de idade sofrem quedas a cada ano, aumentando para 32% a 42% para as
pessoas com mais de 70 anos. A frequência das quedas aumenta com a idade e com
o nível de fragilidade.
Para Almeida et al. (2010), o risco de queda no idoso é mais elevado em meio
hospitalar. O progressivo declínio da funcionalidade e também o medo de voltar a cair,
poderá levar o idoso à institucionalização, em que o grau de dependência e
funcionalidade irá afetar a sua relação com o meio, condicionando a sua forma de
ultrapassar os obstáculos e barreiras.
Sales, et al. (2011), refere que a hospitalização por doença aguda é um fator de risco
importante para a perda funcional em idosos e que ao segundo dia de internamento já
se verifica deterioração significativa da capacidade funcional para realizar atividades
básicas. Diz o mesmo autor que a incidência de quedas em doentes internados acima
dos 60 anos é quase 3 vezes maior que em idosos da comunidade.
Queiroz et al. (2009), referem que as consequências das quedas incluem, entre
outras, lesões físicas, declínio funcional, medo de cair e restrição da atividade. A
associação entre o aumento do risco de quedas e o ambiente hospitalar surge pelo
facto de que na admissão, os idosos acumulam fatores de risco adicionais para a
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
53
queda, como são exemplo o ambiente novo e estranho, o desenvolvimento de
confusão, as doenças agudas, o uso de auxiliares de marcha, as alterações da
marcha e do equilíbrio, entre outros. De salientar que o risco de queda aumenta á
medida que aumenta a coexistência destes fatores. Assim, uma cuidadosa avaliação
pode identificar tais fatores de risco, tentar corrigi-los, ao prescrever intervenções
terapêuticas com vista a diminuir a probabilidade de quedas subsequentes. Destaca-
se como parte fundamental desta avaliação a mobilidade funcional, já que o seu
declínio tem sido identificado como um forte preditor para as quedas.
Luzia et al. (2014) refere no seu estudo que os principais fatores de risco relacionados
ao diagnóstico de enfermagem risco de quedas, foram as alterações neurológicas,
mobilidade reduzida e idosos com idades mais avançadas, descritos também na
literatura a diminuição do equilíbrio, as dificuldades na marcha, a diminuição da
mobilidade física. O fator de risco alteração neurológica, pode estar relacionado com o
declínio cognitivo, considerado como forte preditor de queda, em especial nos idosos.
Segundo Silva, et al. (2006), a prevalência de incapacidade e dependência funcional
está diretamente associada à redução da massa muscular. A perda da massa e força
muscular é responsável pela redução da mobilidade e aumento da incapacidade
funcional e dependência. A sarcopenia (perda muscular esquelética decorrente do
envelhecimento fisiológico), está ligada à síndrome de fragilidade que é altamente
prevalente em idosos, conferindo maior risco para quedas, fraturas, incapacidade,
dependência, hospitalização recorrente e mortalidade. O papel da reabilitação na
restauração da capacidade física é fundamental.
Mendes, et al. (2011) concluem no seu estudo que os pacientes com maior grau de
dependência apresentam risco de queda e alterações do padrão da marcha e
equilíbrio, propondo programas de reabilitação que privilegiem o treino de equilíbrio,
força muscular e adequação dos auxiliares de marcha.
Nogueiro, et al. (2010), são de opinião que identificar idosos em risco de declínio
funcional e por consequência em risco de queda é importante para a implementação
de medidas diferenciadas de prevenção. Melhorar ou manter a capacidade funcional
do idoso é fundamental para a manutenção da qualidade de vida, destacando-se aqui
o papel do enfermeiro de reabilitação.
A ação do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação configura-se de
grande importância, pois é o profissional que possui competências para a avaliação do
grau de dependência, identificação de necessidades e implementação de programas
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
54
com vista à manutenção e ou melhoria da autonomia, tendo como objetivo atingir o
maior grau de independência funcional possível, (Rodrigues, 2012), o que vai ao
encontro do que está definido no regulamento nº125/2011, relativo às suas
competências específicas.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
55
2 – METODOLOGIA
Para a concretização de qualquer investigação, torna-se necessário que o investigador
defina previamente o seu plano metodológico, servindo como linha orientadora do
trabalho a desenvolver. Para Freire, et al. (1997, p.71) ”A elaboração de um plano é
básico ou fundamental para qualquer investigação orientando para o que fazer e
quando fazer”.
A investigação em enfermagem reveste-se de grande importância, contribuindo para a
produção de novos conhecimentos relativamente à prática da profissão, mantendo-a
em constante desenvolvimento e melhorando a resposta às necessidades das
pessoas em cuidados de enfermagem. Fortin (2009) refere-nos que “pela investigação
numa dada disciplina visa-se a produção de uma base científica para guiar a prática e
assegurar a credibilidade da profissão”.
Fortin (2009) considera a metodologia como um conjunto de métodos e técnicas que
guiam a elaboração do processo de investigação científica, sendo nesta fase do
processo que se indica o tipo de investigação realizada, o problema e os objetivos.
Neste capítulo pretendemos descrever sequencialmente as diversas etapas que
norteiam a elaboração deste trabalho, por forma a obtermos resposta às questões de
investigação formuladas. Serão descritos os procedimentos realizados e respetivas
justificações das opções tomadas, tendo por base os objetivos definidos. Deste modo
iremos fazer referência aos objetivos, questão de investigação e hipóteses, tipo de
estudo, à população e amostra, ao instrumento de recolha de dados, aos
procedimentos formais e éticos e ao tratamento estatístico dos dados.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
56
2.1 - OBJETIVOS, QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E HIPÓTESES
Ao pensarmos um problema de investigação, está implícito a definição de uma
questão de investigação com uma progressão lógica de argumentos e factos relativos
ao problema em análise Fortin (2009). No sentido de predizer os resultados do estudo
e de gerar novos conhecimentos, equacionámos algumas hipóteses.
São objetivos do presente estudo:
1 – Analisar os resultados obtidos de declínio funcional em doentes agudos internados
nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
2 - Analisar os resultados obtidos de risco de queda em doentes agudos internados
nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
3– Determinar se o risco de queda está associado ao declínio funcional em doentes
agudos internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
As questões de investigação por nós formuladas foram:
Verifica-se aumento de declínio funcional e risco de queda em idosos agudos
internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE?
Em que medida o declínio funcional interfere no risco de queda em idosos agudos,
internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE?
As hipóteses propostas para o presente estudo são:
H1 – Existe diferença no declínio funcional nos idosos internados nos serviços de
Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE entre a pré admissão, admissão ou
alta.
H2 – Existe diferença no risco de queda nos idosos internados nos serviços de
Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE entre a admissão e alta.
H3 – Existe associação entre o declínio funcional nos idosos internados nos serviços
de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE e o risco de queda na alta.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
57
2.2 - TIPO DE ESTUDO
Pretendemos abordar um tema, cuja essência se reveste de grande importância para
a prática da enfermagem de reabilitação em contexto hospitalar, na perspetiva de
contribuirmos para a aquisição de novos conhecimentos e mudança de paradigma em
relação aos cuidados prestados ao idoso, vítima de uma alteração aguda no seu
estado de saúde e culminando com internamento numa cama hospitalar.
Tal como foi descrito no capítulo anterior, o idoso internado, fica mais suscetível a
alterações do seu estado funcional, podendo evoluir para um processo de declínio
funcional com aumento do risco de queda, predizendo consequências negativas no
seu grau de dependência e em maior consumo de recursos no seu tratamento.
Estudar este fenómeno foi a nossa preocupação, recorrendo para tal aos contributos
da investigação quantitativa uma vez que se pretende um estudo objetivo, sistemático,
mensurável e que permita a análise estatística dos dados.
Para Fortin (1999, p.138) “A investigação quantitativa é a investigação cujo intuito é
descrever e verificar relações entre as variáveis”, e um estudo descritivo-correlacional
“…descreve as relações entre as variáveis e é utilizado quando as suas relações
foram já determinadas…”.
Para a mesma autora, “o método de investigação quantitativo é um processo
sistemático de colheita de dados observáveis e quantificáveis. É baseado na
observação de factos objetivos, de acontecimentos e de fenómenos que existem,
independentemente do investigador” (Fortin, 2009, p.371),
Assim, o presente estudo enquadra-se no domínio da investigação quantitativa, é
descritivo-correlacional com medidas repetidas porque pretende descrever os dados e
as relações entre as variáveis, com avaliação em dois momentos distintos – na
admissão do idoso ao internamento e na alta.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
58
2.3 - POPULAÇÃO E AMOSTRA
O presente estudo foi efetuado em meio hospitalar, nos serviços de Medicina e
Especialidades Médicas do HDFF,EPE, sendo a população do estudo constituída
pelos idosos que foram internados nos referidos serviços entre julho e setembro de
2014, independentemente do tempo de internamento.
Foram definidos os seguintes fatores de exclusão do estudo:
1– Possuir idade inferior a 65 anos;
2 – Possuir menos que 3 dias de internamento;
3 – Idosos que não se mobilizam;
4 – Idosos sem capacidades cognitivas aparentes para responderem às questões.
Determinados e definidos estes fatores, foi selecionada uma amostra não
probabilística acidental, que segundo Fortin (2009) é constituída por indivíduos
facilmente acessíveis para o estudo e que respondem a critérios de inclusão precisos
que ficaram internados nos serviços selecionados para o nosso estudo. A nossa
amostra foi composta por 103 idosos que ficaram internados nos serviços acima
mencionados. Dos 103 idosos, apenas foram estudados 100, pelo facto de terem
falecido 2 durante o internamento e de 1 não ter tido pelo menos 3 dias de
internamento.
2.4 - INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS
Para concretizarmos o presente estudo, foi utlizado um instrumento de recolha de
dados, (Anexo III), composto por:
1 – Versão adaptada do InterRAI – CA - PT, traduzido e validado para a população
portuguesa por Amaral, et al. (2014).
2 – Escala de Morse para risco de queda, adaptada cultural e linguisticamente e
validada para a população portuguesa por Costa-Dias, et al. (2014).
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
59
InterRAI – AC
O InterRAI é um grupo de investigação internacional que desenvolve instrumentos de
avaliação compreensiva orientados para pessoas que necessitam de cuidados,
sobretudo pessoas idosas InterRAI (2012, citado por Amaral, et al. 2014).
O InterRAI AC, apresentado em 2006 foi desenvolvido para ser utlizado em hospitais
de cuidados agudos e aplicado em pessoas com limitações funcionais para o
desempenho das atividades pessoais, como as AVDs e AIVDs; com limitações
cognitivas; com doenças que impliquem perda da capacidade funcional para a
realização das atividades pessoais, ou em pessoas com mais de 75 anos por terem
maior probabilidade de desenvolvimento destes problemas, fornecendo também uma
informação holística da complexidade e fragilidade das pessoas internadas (Gray, et.
al. 2006 e 2008, citado por Amaral, et al. 2014). A validação para a utilização deste
formulário encontra-se descrita no artigo de Hirdes, et al. (2008).
Com o objetivo de apoiar o preenchimento do formulário, a InterRai desenvolveu um
manual de apoio com esclarecimentos e exemplos de cada item com o intuito de treino
e preenchimento do instrumento de forma correta, revelando-se fundamental e
imprescindível a sua leitura antes da aplicação do mesmo.
Trata-se de um instrumento que possibilita avaliar todo o episódio de internamento da
pessoa, é composto por várias dimensões que avaliam diferentes domínios clínicos
em quatro momentos distintos: Pré – admissão (período de três dias antes do
aparecimento da situação que causou o internamento); Admissão (período de 24
horas seguintes ao internamento), ao 14º dia e na Alta (reportando-se a avaliação às
24 horas anteriores à saída), sendo que na versão portuguesa foi eliminada a
avaliação ao 14º dia devido o tempo médio de internamento ser inferior a 14 dias
(Amaral, et al. 2014).
A avaliação da situação anterior à doença permite estabelecer uma ligação com o
estado atual e serve de referência à reabilitação e ao tratamento, sendo que a
medição dos resultados exige um ponto de referência, e tal como nos dizem Sidani,
Doran e Mitchel (2004, citados por Amaral, et al. 2014), o estado do doente antes da
situação que o levou a recorrer ao hospital, influencia o resultado dos cuidados.
Optámos pela utilização deste instrumento, tendo em conta os nossos objetivos para a
realização do estudo, as suas características e potencialidades, que agora
descrevemos, permitindo-nos avaliar o estado funcional, logo a existência de declínio
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
60
funcional, traduzido pela perda capacidade funcional para o desempenho das
atividades pessoais.
No processo de validação do InterRAI AC para a população portuguesa, procedeu-se
à tradução do instrumento e do manual de apoio á sua aplicação - validação cultural e linguística (validação do conteúdo das componentes do instrumento e avaliação da
clareza dos itens e a sua equivalência cultural); validade da estrutura interna
(verificação da existência de coerência entre as respostas a questões que pertencem
a diferentes variáveis, mas que estão relacionadas entre si) e fiabilidade (avaliação
da fiabilidade interna, com análise de dois aspetos chave: a fiabilidade inter-juizes e a
consistência interna), (Amaral, et al. 2014).
Concluído o processo de validação do InterRAI – AC, versão portuguesa (InterRAI-CA-
PT), as análises realizadas no processo de validação demonstraram que se trata de
um instrumento válido e fiável, com muitas potencialidades, sendo uma ferramenta
excelente, passível de ser utilizada em contextos de prestação de cuidados em
serviços de cuidados agudos (Amaral, et al. 2014), tal como é nosso objetivo.
A versão portuguesa do InterRAI Cuidados Agudos (InterRAI-CA-PT) e que serviu de
base ao nosso estudo é constituído por 16 secções, em que cada uma delas possui
um conjunto de itens, que serão analisados como variáveis, tal como se apresentam
no Quadro 1, uma vez que permitem avaliar dados concretos no idoso internado. Das
16 secções foram utilizadas 10, as que para nós se adequam ao objetivo geral do
presente estudo, tendo a concordância e orientação do primeiro autor do instrumento,
versão portuguesa. As secções não utilizadas serão identificadas no Quadro 1 a cor
cinza e com a indicação de “Não Avaliado”.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
61
Quadro 1 – Secções que compõem o instrumento InterRAI-CA-PT do estudo
Secção Descrição Variáveis
A Identificação Nome; Género; Data de Nascimento; Estado Civil; Língua Materna; Hospital; Enfermaria;
B Admissão
e História Inicial
Data de Internamento; Proveniência; Formas de Coabitação; Episódio desencadeador da Admissão; Período desde a ultima Hospitalização, Tempo passado no Serviço de Urgência; Cirurgia;
C Datas da Avaliação Na Admissão; Na Alta
D Cognição
Capacidades Cognitivas para tomar decisões no dia-a-dia; Capacidade de Memorizar / Recordar; Perturbações periódicas do pensamento ou consciência; Alteração aguda do estado mental em relação ao habitual;
E Comunicação e Visão Não Avaliado
F Comportamento e Ânimo Ânimo Auto Reportado; Sintomas de Comportamento
G Estado Funcional
Auto Desempenho nas AVDs; Locomoção/Caminhar; Nível de Atividade; Acamado; Auto Desempenho das AIVDs e Capacidade;
H Continência Continência Urinária; Aparelho de Recolha da Urina; Continência Fecal; Uso de Pensos, Fraldas
I Diagnósticos Não Avaliado
J Condições de Saúde Quedas; Quedas Recentes; Frequência do Problema; Dispneia; Fadiga; Sintomas de Dor;
K Estado Nutricional e Oral Não Avaliado
L Estado da Pele Não Avaliado
N Tratamentos e Procedimentos
Não Avaliado
P Potencial da Alta Não Avaliado
Q Alta Último dia da hospitalização; Depois da Alta, Enviado para;
R Informação da Avaliação Assinatura; Data da Avaliação.
Das secções do instrumento é possível produzir, de acordo com o manual, através de
somatórios ou de algoritmos que combinam itens, um conjunto de escalas que medem
Desempenho Cognitivo; Comunicação (avalia a capacidade que as pessoas têm para
comunicar); Dor (avalia a dor que a pessoa refere); AIVDs (avalia o nível de
dependência na realização de AIVDs); Delírio (avalia a presença de sintomas de
delírio); Hierárquica das AVDs (avalia o nível de dependência na realização das AVDs
– mais útil quando se pretende conhecer exatamente o padrão de desempenho de
uma pessoa); Versão Curta das AVDs (mais útil na avaliação da função na
globalidade); Escala Curta de Classificação da Depressão (avalia a presença de
sintomas de depressão) e Índice de Massa Corporal (Amaral et al. 2014).
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
62
Das secções por nós utilizadas será possível produzir as escalas, conforme Quadro 2:
Quadro 2 – Produção de Escalas
Identificação da Escala Operacionalização Escala de Medida
Dor
Algoritmo que combina códigos das variáveis “Sintomas de dor – frequência com que a pessoa se queixa ou mostra sinais de dor” e “Sintomas de dor – nível mais elevado de intensidade da dor atual”.
4 níveis, em que: 0 –Sem dor 1 – Dor não diária 2 – Dor diária mas não severa 3 – Dor diária severa 4 – Dor diária insuportável
AIVDs
Recodificação e somatório das variáveis auto desempenho nas AIVDs e capacidade na “preparação das refeições”; “tarefas domésticas”; “gerir as finanças pessoais”; “gerir a medicação”; ”uso do telefone”; “escadas”; “compras” e “transporte”.
Classificação em intervalo de 0 a 48, com maior dependência na realização das AIVDs para o valor 48.
Delírio
Recodificação e somatório das variáveis “Perturbações periódicas do pensamento ou consciência – facilmente distraído”; “Perturbações periódicas do pensamento ou consciência – momentos de discurso desorganizado”; “Perturbações periódicas do pensamento ou consciência – função mental varia ao longo do dia” e “alteração aguda do estado mental em relação ao habitual”.
Intervalo de 0 a 4, em que 4 indica alta probabilidade de delírio.
Hierárquica das AVDs
Algoritmo que combina as variáveis “auto desempenho na higiene pessoal”; “auto desempenho no caminhar”; auto desempenho no uso da casa de banho”; “auto desempenho na alimentação”, que recodificadas vão originar respetivamente “perda precoce”; “perda média”; “perda tardia” e “uso do WC”.
7 níveis: 1 –Independente; 2 – Com supervisão; 3 – incapacidade diminuta; 4 – Assistência alargada1; 5 –Assistência alargada2 ; 6 – dependente; 7 – dependência total
Versão Curta das AVDs
Utiliza as variáveis “auto desempenho na higiene pessoal”; “auto desempenho no caminhar”; auto desempenho no uso da casa de banho”; “auto desempenho na alimentação”, que são recodificadas e somadas.
Intervalo de 0 a 16 valores, em que os 16 valores, representam maior dependência na realização das AVDs
Escala Curta de
Classificação da Depressão
Recodificação e somatório das variáveis “ânimo auto reportado – com pouco interesse ou prazer em fazer as coisas que normalmente gosta”; “ânimo auto reportado – ansioso, impaciente ou inquieto”; e “ânimo auto reportado – triste, deprimido ou desesperado”.
Intervalo de 0 a 3, em que 0 –sem sintomas; 1 –um sintoma presente algumas vezes; 2 – Pelos menos 2 sintomas presentes nos últimos 3 dias/24 horas e 3 – todos os sintomas presentes nos últimos 3 dias/24 horas.
Tendo em conta as potencialidades do instrumento e a sua complexidade, uma vez
que se trata de um instrumento compreensivo, multidirecional que necessita de ser
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
63
avaliado como um todo e transversalmente a todos os domínios em todos os
momentos e em cada item (Wellens et al. 2010,2011, citado por Amaral, et al. 2014), o
InterRai – CA - PT tem as caraterísticas de um resumo mínimo de dados, em que cada
domínio está identificado, tem um número mínimo de itens e não é calculado um score
global. É um instrumento que pode ajudar os profissionais de saúde a obterem dados
acerca dos doentes que permitam a produção de informação e conhecimento para a
qualidade dos cuidados e para a implementação de políticas com vista a permitirem
uma organização mais centrada na pessoa e nos resultados das intervenções (Amaral
et al. 2014).
Escala de Morse para Risco de Queda
As quedas de doentes internados, continuam a ser o incidente de segurança mais
reportado em meio hospitalar, tratando-se de um problema de qualidade e segurança
do doente, com consequências para este, para a família e para os profissionais de
saúde e que a organização hospitalar deve ter em consideração (Costa-Dias et al.
2014).
Para minimizar e prevenir a ocorrência destes episódios, deve-se avaliar
sistematicamente o risco de queda apresentado por cada doente, utilizando para tal
escalas, como é exemplo a Escala de Quedas de Morse (MFS), utilizada em muitas
instituições hospitalares (Costa, 2010; Caldevilla, et al. 2010; Costa-Dias et al. 2014),
como é exemplo o HDFF,EPE.
A escala por nós utilizada para avaliar o risco de queda em idosos hospitalizados nos
serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE, foi a Escala de
Quedas de Morse, adaptada cultural e linguisticamente e validada para a população
portuguesa por Costa-Dias et al. (2014), tendo sido recomendada pelos mesmos
autores, a sua utilização nas organizações de prestação de cuidados hospitalares.
A versão portuguesa da escala é semântica e culturalmente equivalente à original,
com uma boa fiabilidade e validade convergente satisfatória (Costa-Dias et al. 2014).
É constituída por 6 itens de avaliação:
Item 1- Historial de quedas; neste internamento urgência / ou nos últimos 3 meses,
com possibilidade de resposta dicotómica de não (pontuada com 0 pontos) e sim
(pontuada com 25 pontos).
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
64
Item 2 – Diagnóstico (s) secundário (s), com possibilidade de resposta dicotómica de
não (pontuada com 0 pontos) e sim (pontuada com 15 pontos).
Item 3 – Ajuda para caminhar, com 3 possibilidades de resposta: - Nenhuma / ajuda de
enfermeiro / acamado / cadeira de rodas (pontuada com 0 pontos);- Muletas /
canadianas / bengala / andarilho (pontuada com 15 pontos); - Apoia-se no mobiliário
para andar (pontuada com 30 pontos).
Item 4 – Terapia intravenosa com possibilidade de resposta dicotómica de não
(pontuada com 0 pontos) e sim (pontuada com 20 pontos).
Item 5 – Postura no andar e na transferência, com 3 possibilidades de resposta: -
Normal / acamado / imóvel (pontuada com 0 pontos);- Debilitado (pontuada com 10
pontos); - Dependente de ajuda (pontuada com 20 pontos).
Item 6 – Estado mental, com 2 possibilidades de resposta: - Consciente das suas
capacidades (pontuada com 0 pontos); - Esquece-se das suas limitações (pontuada
com 15 pontos).
A pontuação total da escala varia entre 0 e 125 pontos e os indivíduos são
descriminados em função do risco de queda em: sem risco (0-24), baixo risco (25-50),
ou alto risco (≥ 51), (Costa-Dias et al. 2014).
Com vista à aplicação do instrumento de recolha de dados, e após termos obtido
autorização do órgão máximo de gestão para esse fim, efetuámos o pré teste em 8
doentes que reuniam os critérios de inclusão no estudo e que posteriormente foram
excluídos do mesmo. A realização do pré teste foi efetuada nos primeiros dias de
Julho de 2014, sendo de aproximadamente 30 minutos o tempo médio gasto por idoso
na aplicação do instrumento.
Não se tendo verificado duvidas quanto ao preenchimento do referido instrumento de
recolha de dados, passámos de imediato à recolha definitiva dos mesmos.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
65
2.5 - PROCEDIMENTOS FORMAIS E ÉTICOS
A Enfermagem enquanto profissão autorregulada, tem definidos tanto no Código
Deontológico do Enfermeiro como no Regulamento do Exercício Profissional dos
Enfermeiros os princípios éticos e deontológicos a cumprir no seu exercício, onde se
inclui a investigação, que surge como uma área de intervenção, como um dever e
simultaneamente como um direito dos Enfermeiros. Nestes referenciais estão
expressos os direitos e deveres que lhes assistem no desempenho das funções e que
assentam no rigoroso cumprimento dos princípios éticos, (Nunes, 2013).
Para que pudéssemos concretizar o nosso trabalho, foi pedida autorização para
aplicação do instrumento de recolha de dados, versão adaptada do InterRAI – CA - PT
e avaliação do risco de queda pela Escala de Morse para risco de queda, aos
responsáveis da validação dos mesmos para a população portuguesa, tendo essas
respostas sido favoráveis (ANEXO I), e posteriormente ao órgão máximo de gestão do
HDFF,EPE, que também autorizou após ter remetido para apreciação da comissão de
ética, tendo esta dado parecer favorável (ANEXO II).
A recolha dos dados foi efetuada nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas
do HDFF,EPE aos idosos que cumpriam os requisitos para o estudo, e que foram
internados nos serviços mencionados entre Julho e Setembro. Os dados foram todos
recolhidos pelo próprio investigador.
No primeiro contacto, procedemos à nossa identificação, explicámos os objetivos do
estudo, solicitando a colaboração voluntária do idoso para o preenchimento dos
instrumentos de recolha de dados. Para tal era assinado o consentimento informado
em impresso próprio, (ANEXO III) e onde constava a garantia de:
- Receber sempre e em qualquer momento, todos os esclarecimentos que julgasse
oportuno e pertinente.
- A liberdade de retirar o seu consentimento em qualquer momento e deixar de
participar no estudo sem nenhuma consequência ou penalidade.
- A segurança de não ser identificado, mantendo a garantia de anonimato das
informações prestadas.
- Que as informações prestadas e os resultados delas decorrentes se destinavam à
apresentação e/ou publicação de trabalhos de carácter científico.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
66
- Que os resultados do estudo estariam disponíveis por meio das divulgações
disponíveis e diretamente através do investigador, facultando-lhes os contactos
(Telemóvel e Correio eletrónico).
Face ao exposto, o presente estudo foi realizado, tendo-se em consideração os cinco
direitos fundamentais das pessoas, tal como Fortin, (2009) nos refere, nomeadamente:
1 – Direito á autodeterminação. A pessoa é capaz de decidir por si própria, a
participação ou não no estudo.
2 – Direito à intimidade. Torna-se necessário que haja consentimento para a recolha
de dados e que a informação recolhida não é dada a terceiros sem a sua autorização.
3– Direito ao anonimato e à confidencialidade. O sujeito não deve ser associado ás
respostas dadas, mesmo pelos próprios investigadores.
4 – Direito à proteção contra o desconforto e o prejuízo. Defende a proteção da
pessoa contra inconvenientes suscetíveis de lhe fazerem mal ou de a prejudicarem.
5 – Direito a um tratamento justo e equitativo. Direito de ser informado sobre a
natureza, o fim, a duração e o método do estudo para o qual é solicitada a sua
participação.
2.6 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS
Após a recolha dos dados, efetuámos o respetivo tratamento estatístico, recorrendo ao
programa estatístico Satistical Package for the Social Science (SPSS) versão 20 para
o Windows.
Para Polit, et al. (2004, p. 312), “os procedimentos estatísticos permitem que o
pesquisador resuma, organize, interprete e comunique a informação numérica”.
Também Freire et al. (1997, p.186) nos referem que “O recurso á análise estatística no
tratamento dos resultados têm a possibilidade de no final, o investigador poder
defender ou não um significado específico para os seus dados”.
A análise estatística teve em conta as variáveis presentes no estudo. Na análise
exploratória dos dados realizamos a análise descritiva para caraterizar a amostra,
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
67
utilizando frequências absolutas e relativas, as medidas de tendência central (média,
moda e mediana) e as de dispersão (variância, desvio padrão e percentis).
Antes de efetuar a análise estatística inferencial, procedemos à verificação prévia dos
dados, de forma a constatar a existência de desvios em relação à normalidade nas
distribuições das variáveis em estudo, para aplicação posterior dos testes. Utilizando
os testes de normalidade de Kolmogorov-Smirnov com a correção de significância de
Lilliefors e o teste Shapiro-Wilk, verificando-se como traduz o quadro 3 que a amostra
não segue uma distribuição normal uma vez que o valor de p é sempre inferior a 0,05.
Quadro 3 – Resultados dos testes de normalidade
Testes Kolmogorov-Smirnov Shapiro-Wilk
Estatisticas p Estatísticas p
Risco de Queda Admissão 0,235 0,000 0,917 0,000
Alta 0,115 0,002 0,927 0,000
Versão curta da escala de AVDs
Pré admissão 0,429 0,000 0,476 0,000
Alta 0,268 0,000 0,756 0,000
Escala Hierárquica das
AVDs
Pré admissão 0,450 0,000 0,519 0,000
Admissão 0,283 0,000 0,795 0,000
Alta 0,279 0,000 0,737 0,000
Escala das AIVDs (média)
Pré admissão 0,136 0,000 0,885 0,000
Alta 0,128 0,000 0,899 0,000
Numa segunda fase realizámos a análise inferencial para avaliar relações entre
variáveis e verificar as hipóteses levantadas, com aplicação de testes não
paramétricos, tendo em conta inexistência de normalidade nas distribuições das
variáveis. Optámos pelo teste de Wilcoxon para amostras emparelhadas para estudar
o comportamento de variáveis contínuas e analisar eventuais diferenças e o teste de
Friedman para comparação múltipla de médias para amostras emparelhadas (Maroco,
2011)
Assumiu-se p=0.05 como valor crítico de significância dos resultados dos testes de
hipóteses, rejeitando-se a hipótese nula quando a probabilidade de erro tipo I foi
inferior àquele valor (p <0.05).
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
68
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
69
3 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo, apresentaremos os dados obtidos através da aplicação do instrumento
utilizado para o efeito: InterRai – CA – PT (versão adaptada) e Escala de Morse para
risco de queda, bem como os resultados das inferências estatísticas que apoiaram a
verificação das hipóteses. Para tal, recorremos ao auxílio de tabelas e quadros, nos
quais omitimos a fonte, local e data da recolha, pois todos se referem à amostra por
nós estudada.
Da análise da tabela 1 referente à distribuição dos idosos em função do género,
observamos que a maioria pertence ao sexo masculino, com 52% do total da amostra,
contra 48% do sexo feminino.
Tabela 1 – Distribuição dos idosos em função do género
Género N %
Masculino 52 52,00
Feminino 48 48,00
Total 100 100,00
Pela análise da tabela 2, distribuição dos idosos em função da idade, apresentada por
classes, observamos que 68% do total da amostra se situam entre os 73 e os 89 anos,
sendo que 36% estão entre os 73 e os 80 anos inclusive e 32% se encontram entre os
81 e os 88 anos inclusive. De realçar os 8% de idosos com mais de 89 anos, numa
amostra em que as idades variaram entre os 65 e os 93 anos, com a média de idades
a situar-se nos 78,4 anos e com desvio padrão de 7,06 anos.
Tabela 2 – Distribuição dos idosos em função da idade
Idade N %
[65 - 72] 24 24,00
[73 - 80] 36 36,00
[81 - 88] 32 32,00
> 89 8 8,00
Total 100,00 100,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
70
A análise da tabela 3, distribuição dos idosos em função do estado civil, indica-nos que
a maioria são casados ou a viver em comunhão de fato, representando 60% do total
da amostra, seguindo-se os viúvos com 30%.
Tabela 3 – Distribuição dos idosos um função do seu estado civil
Estado civil N %
Solteiros 6 6,00
Casados / Em comunhão de fato 60 60,00
Viúvos 30 30,00
Separados / Divorciados 4 4,00
Total 100 100,00
Da análise da tabela 4, distribuição dos idosos em função do serviço de internamento,
constatamos que 60% estavam internados no serviço de Medicina e os restantes 40%
no serviço de Especialidades Médicas.
Tabela 4 – Distribuição dos idosos em função do serviço de internamento
Serviço N %
Medicina 60 60,00
Especialidades Médicas 40 40,00
Total 100 100,00
Pela análise da tabela 5, distribuição dos idosos em função da proveniência,
verificamos que 88% da amostra provêm do seu domicílio.
Tabela 5 – Distribuição dos idosos em função da proveniência
Proveniência N %
Casa 88 88,00
Lar 8 8,00
Casas assistidas 4 4,00
Total 100 100,00
Ao analisarmos a tabela 6, distribuição dos idosos em função da forma de coabitação,
observamos que 38% da amostra vive apenas com o cônjuge/parceiro, 22% vivem
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
71
sozinhos e 20% vivem com o cônjuge/parceiro e outro (s)e apenas 1% vive com outros
familiares sem ser cônjuge ou filhos.
Tabela 6 – Distribuição dos idosos em função da forma de coabitação
Forma de coabitação N %
Sozinho 22 22,00
Com Cônjuge/Parceiro 38 38,00
Com Cônjuge/Parceiro e outro (s) 20 20,00
Com filhos (sem cônjuge/parceiro) 12 12,00
Com outros familiares (sem ser cônjuge ou filhos) 1 1,00
Com não familiares 7 7,00
Total 100 100,00
Pela analise da tabela 7, distribuição dos idosos em função do episódio
desencadeador da admissão, 75% da amostra iniciou sintomatologia nos últimos 7
dias que antecederam ao internamento, enquanto que 14% esperou entre 8 e 14 dias
para recorrer ao hospital.
Tabela 7 – Distribuição dos idosos em função do episódio desencadeador da
admissão
Episódio desencadeador da admissão N %
Nos últimos 7 dias 75 75,00
Há 8 – 14 dias 14 14,00
Há 15 – 30 dias 7 7,00
Há 31 – 60 dias 3 3,00
Há mais de 60 dias 1 1,00
Total 100 100;00
Ao analisarmos a tabela 8, distribuição dos idosos em função do tempo passado no
serviço de urgência, constatamos que 55% do total da amostra permaneceu menos
que 24 horas naquele serviço, sendo que 31% esteve menos que 8 horas. 28%
ficaram mais que 48 horas. De referir ainda que 10% não foi admitido pela urgência.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
72
Tabela 8 – Distribuição dos idosos em função do tempo passado no serviço de
urgência
Tempo no serviço de urgência N %
Não foi admitido pela urgência 10 10,00
0 – 8 horas 31 31,00
8 – 24 horas 24 24,00
24 – 48 horas 7 7,00
> 48 horas 28 28,00
Total 100 100,00
Ao analisarmos a tabela 9 referente às estatísticas do tempo de internamento, em
dias, calculados a partir do tempo de internamento entre a admissão no serviço e a
alta, verificamos que a média de internamento no serviço de medicina é de 9,93 dias,
enquanto que no serviço de Especialidades Médicas é de 7,25 dias, situando-se nos
8,86 dias a média global do tempo de internamento.
Tabela 9 – Estatísticas referentes ao tempo de internamento
Estatísticas
Serviço
Medicina (N=60) Especialidades Médicas (N=40)
Global (N=100)
Média 9,93 7,25 8,86
Mediana 7,50 6,00 7,00
Moda 7 6,00 6,00
Desvio Padrão 6,42 5,65 6,24
Mínimo 3 3 3
Máximo 33 30 33
A tabela 10, indica-nos os resultados obtidos da variável cognição nas suas 4
componentes:
- Capacidades cognitivas para tomar decisões no dia-a-dia - 84% eram independentes
na pré admissão, observando-se uma regressão para 78% na admissão e uma ligeira
recuperação para 79% na alta. Também 5% apresentavam independência modificada
na pré admissão, aumentando para 11% na admissão e diminuindo para 10% na alta.
De realçar ainda os 5% que se mantiveram estáveis entre a pré admissão e a alta e
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
73
que apresentavam uma incapacidade grave. Globalmente, observamos uma tendência
de piora para este tipo de capacidades.
- Capacidade para memorizar / recordar – 78% apresentavam boa memória de curto
prazo na pré-admissão, diminuindo para 76% na admissão e alta; 79% tinham boa
memória processual na pré admissão, diminuindo para 74% na admissão e alta. 82%
dispunha de boa memória situacional na pré admissão, reduzindo esses valores para
78% na admissão e alta, evidenciando os resultados que a tendência é de piora.
- Perturbações periódicas do pensamento ou consciência – entre a admissão e a alta,
apenas se regista uma pequena alteração de 5% para 4% nos idosos em quem foi
observado momentos de discurso desorganizado, mantendo-se a tendência de piora .
- Alteração aguda do estado mental em relação ao habitual – não se observou
alterações entre a admissão e a alta, registando-se 98% de idosos sem alterações.
Tabela 10 – Resultados da Variável Cognição
Cognição
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Cap
acid
ades
co
gniti
vas
para
to
mar
dec
isõe
s no
di
a-a-
dia
Independente 84 84,00 78 78,00 79 79,00
Independência modificada 5 5,00 11 11,00 10 10,00
Incapacidade mínima 6 6,00 4 4,00 6 6,00
Incapacidade moderada 0 0,00 2 2,00 0 0,00
Incapacidade grave 5 5,00 5 5,00 5 5,00
Sem consciência percetível 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Cap
acid
ade
para
m
emor
izar
/ re
cord
ar
Boa memória de curto prazo
Sim 78 78,00 76 76,00 76 76,00
Não 22 22,00 24 24,00 24 24,00
Boa memória processual Sim 79 79,00 74 74,00 74 74,00
Não 21 21,00 26 26,00 26 26,00
Boa memória situacional Sim 82 82,00 78 78,00 78 78,00
Não 18 18,00 22 22,00 22 22,00
Pertu
rbaç
ões
perió
dica
s do
pe
nsam
ento
ou
cons
ciên
cia
Facilmente distraído Sim - - 3 3 ,00 3 3 ,00
Não - - 97 97,00 97 97,00
Momentos de discurso desorganizado
Sim - - 5 5,00 4 4,00
Não - - 95 95,00 96 96,00
Função mental varia ao longo do dia
Sim - - 2 2,00 2 2,00
Não - - 98 98,00 98 98,00
Alteração aguda do estado mental em relação ao habitual
Sim - - 2 2,00 2 2,00
Não - - 98 98,00 98 98,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
74
Os resultados obtidos da variável comportamento e ânimo e inscritos na tabela 11,
revelam-nos que quanto ao ânimo auto-reportado, 38% não se sentiu com pouco
interesse ou prazer em fazer as coisas de que normalmente gosta na pré admissão
37% na admissão e 40% na alta, contrapondo com os 61% que referiram sentir-se
dessa forma na pré admissão, 62% na admissão e 59% na alta, sendo que em ralação
à presença de sintomas de comportamento, não foram observados em nenhum idoso.
Tabela 11 – Resultados da Variável Comportamento e Ânimo
Comportamento e Ânimo Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Ânim
o Au
to -
Rep
orta
do
Nos últimos 3 dias / 24 horas, sentiu-se com pouco interesse ou prazer em fazer as coisas de que normalmente gosta?
Não 38 38,00 37 37,00 40 40,00
Não, mas sente-se assim frequentemente
1 1,00 1 1,00 1 1,00
Sim 61 61,00 62 62,00 59 59,00
Nos últimos 3 dias / 24 horas, sentiu-se ansioso, impaciente ou inquieto?
Não 84 84,00 83 83,00 84 84,00
Não, mas sente-se assim frequentemente
1 1,00 1 1,00 2 2,00
Sim 15 15,00 16 16,00 14 14,00
Nos últimos 3 dias / 24 horas, sentiu-se triste, deprimido ou desesperado?
Não 79 79,00 77 77,00 78 78,00
Não, mas sente-se assim frequentemente
3 3,00 3 3,00 3 3,00
Sim 18 18,00 20 20,00 19 19,00
Sin
tom
as d
e co
mpo
rtam
ento
Nos últimos 3 dias / 24 horas houve a presença de 1 ou mais sintomas: abuso verbal, abuso físico, resistência aos cuidados ou comportamento socialmente inapropriado ou disruptivo
Não 100 100,00 100 100,00 100 100,00
Sim 0 0,00 0 0,00 0 0,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
75
Na tabela 12 analisamos os resultados obtidos em relação ao auto desempenho nas
AVDs e constatamos que na atividade tomar banho, 67% eram independentes na pré
admissão e apenas 32% se mantinham nesta condição na alta, destacando-se um
aumento da dependência em quase todos os níveis. Em relação à higiene pessoal,
76% eram independentes na pré admissão passando para 26% na admissão e 33%
na alta, observando-se nesta atividade maior aumento da dependência na admissão,
melhorando aquando da alta, mantendo-se a tendência de piora do estado funcional
quando comparados os resultados entre a pré admissão e a alta.
Para a atividade caminhar 69% eram independentes na pré admissão, 32% na
admissão e 41% na alta, destacando-se nesta atividade os 40% que não tiveram
atividade no período da admissão, mantendo-se assim 6% na alta, contra os 3% na
pré admissão. Na atividade transferência para a sanita destacam-se os 83% de
independentes na pré admissão, passando a 41% na admissão e a 50% na alta, bem
como o aumento dos que não tiveram atividade, passando de 1% na pré admissão
para 39% na admissão e 2% na alta, sugerindo-nos os resultados uma tendência de
piora no estado funcional para esta atividade.
No uso da casa de banho, 81% eram independentes na pré admissão, 41% na
admissão e 49% na alta, e uma vez mais não se registou atividade em 38% na
admissão, contrapondo com 1% na pré admissão e 2% na alta. Também a tendência
global vai no sentido de maior dependência e piora do estado funcional.
Na mobilidade na cama, 92% eram independentes na pré admissão, 80% na admissão
e 83% na alta, surgindo o nível supervisão a destacar-se com 1% na pré admissão,
passando para 6% na admissão e 7% na alta, evidenciando também esta atividade
piora no estado funcional.
Para a atividade alimentação 95% eram independentes na pré admissão, 86% na
admissão e 86% na alta, destacando-se a maior alteração no nível independente,
ajuda apenas na preparação, com 0% na pré admissão, 4% na admissão e 6% na alta,
e ainda o aumento da dependência total entre a pré admissão e a admissão de 1%
para 4%, diminuindo para 1% na alta. Mais uma vez os dados nos sugerem piora no
estado funcional.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
76
Tabela 12 – Resultados da Variável Estado Funcional – Auto desempenho nas
AVDs
Estado Funcional – Auto desempenho nas
AVDs
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Tom
ar B
anho
Independente 67 67,00 - - 32 32,00
Independente, ajuda apenas na preparação 1 1,00 - - 17 17,00
Supervisão 0 0,00 - - 8 8,00
Assistência limitada 18 18,00 - - 28 28,00
Assistência alargada 2 2,00 - - 2 2,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 12 12,00 - - 13 13,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
Hig
iene
Pes
soal
Independente 76 76,00 26 26,00 33 33,00
Independente, ajuda apenas na preparação 8 8,00 8 8,00 25 25,00
Supervisão 4 4,00 8 8,00 14 14,00
Assistência limitada 8 8,00 32 32,00 21 21,00
Assistência alargada 1 1,00 2 2,00 2 2,00
Assistência máxima 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Dependência total 3 3,00 23 23,00 5 5,00
Não houve atividade 0 0,00 1 1,00 0 0,00
Cam
inha
r
Independente 69 69,00 32 32,00 41 41,00
Independente, ajuda apenas na preparação 11 11,00 4 4,00 14 14,00
Supervisão 3 3,00 8 8,00 10 10,00
Assistência limitada 9 9,00 11 11,00 24 24,00
Assistência alargada 0 0,00 1 1,00 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Dependência total 5 5,00 4 4,00 5 5,00
Não houve atividade 3 3,00 40 40,00 6 6,00
Tran
sfer
ênci
a pa
ra a
San
ita Independente 83 83,00 41 41,00 50 50,00
Independente, ajuda apenas na preparação 7 7,00 3 3,00 14 14,00
Supervisão 1 1,00 3 3,00 11 11,00
Assistência limitada 5 5,00 10 10,00 17 17,00
Assistência alargada 1 1,00 0 0,00 2 2,00
Assistência máxima 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Dependência total 2 2,00 4 4,00 4 4,00
Não houve atividade 1 1,00 39 39,00 2 2,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
77
Estado Funcional – Auto desempenho nas
AVDs (Continuação)
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N % U
so d
a C
asa
de B
anho
Independente 81 81,00 41 41,00 49 49,00
Independente, ajuda apenas na preparação 8 8,00 2 2,00 12 12,00
Supervisão 2 2,00 6 6,00 14 14,00
Assistência limitada 5 5,00 8 8,00 17 17,00
Assistência alargada 0 0,00 0 0,00 1 1,00
Assistência máxima 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Dependência total 3 3,00 5 5,00 5 5,00
Não houve atividade 1 1,00 38 38,00 2 2,00
Mob
ilida
de n
a C
ama
Independente 92 92,00 80 80,00 83 83,00
Independente, ajuda apenas na preparação 2 2,00 3 3,00 3 3,00
Supervisão 1 1,00 6 6,00 7 7,00
Assistência limitada 3 3,00 6 6,00 3 3,00
Assistência alargada 2 2,00 2 2,00 3 3,00
Assistência máxima 0 0,00 1 1,00 1 1,00
Dependência total 0 0,00 2 2,00 0 0,00
Não houve atividade 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Alim
enta
ção
Independente 95 95,00 86 86,00 86 86,00
Independente, ajuda apenas na preparação 0 0,00 4 4,00 6 6,00
Supervisão 2 2,00 4 4,00 4 4,00
Assistência limitada 2 2,00 2 2,00 3 3,00
Assistência alargada 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Dependência total 1 1,00 4 4,00 1 1,00
Não houve atividade 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Relativamente ao principal modo de locomoção, os dados da tabela 13 indicam-nos
que 49% na pré admissão, 34% na admissão e 39% na alta não usavam aparelho de
suporte para caminhar, e que ninguém era acamado na pré admissão, passando para
41% de acamados na admissão e 3% na alta. Realça-se o facto de haver um aumento
da dependência em todos os níveis desta variável entre a pré admissão e a alta,
sugerindo claramente piora do estado funcional.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
78
Tabela 13 – Resultados da Variável Estado Funcional – Locomoção / Caminhar
Estado Funcional – Locomoção/Caminhar
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Principal modo de
locomoção
Sem aparelho de suporte 49 49,00 34 34,00 39 39,00
Com aparelho de suporte 44 44,00 21 21,00 48 48,00
Cadeira de rodas, scooter elétrica 7 7,00 4 4,00 10 10,00
Acamado 0 0,00 41 41,00 3 3,00
Os valores da caminhada a 4 metros temporizada (em segundos), como mostram os
dados da tabela14, avaliados apenas na alta, revelam que 24% gastam entre 5 e 10
segundos para percorrer a distância, 12% gastam 30ou mais segundos e 11%
pararam antes de terminar o teste, não tendo o mesmo sido realizado em 19% dos
idosos da amostra.
Tabela 14 – Resultados da Variável Estado Funcional – Caminhada de 4 Metros
Temporizada
Estado Funcional – Caminhada de 4 metros temporizada (em segundos)
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N %
[ 5 – 10 [ - - - - 24 24,00
[ 10 – 15 [ - - - - 18 18,00
[ 15 – 20 [ - - - - 7 7,00
[ 20 – 25 [ - - - - 5 5,00
[ 25 – 30 [ - - - - 2 2,00
≥ 30 - - - - 12 12,00
Parou antes de terminar o teste - - - - 11 11,00
Recusou-se a fazer o teste - - - - 2 2,00
Não foi testado - - - - 19 19,00
Quanto à distância percorrida de uma só vez sem se sentar, a tabela 15 indica-nos
que 8% na pré admissão, 52% na admissão e 12% na alta não andaram. Que 26% na
pré admissão, 25% na admissão e 44% na alta andaram entre 5 e 49 metros, e dos
que andavam mais de 100 metros na pré admissão, apenas 1% percorreu essa
distância na admissão e 3% na alta.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
79
Tabela 15 – Estado Funcional – Distância percorrida de uma só vez sem se sentar
Estado Funcional – Distância percorrida de uma só vez sem se sentar
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N % Não andou 8 8,00 52 52,00 12 12,00
Menos de 5 metros 9 9,00 21 21,00 27 27,00
5 – 49 metros 26 26,00 25 25,00 44 44,00
50 – 99 metros 15 15,00 1 1,00 14 14,00
Mais de 100 metros 34 34,00 1 1,00 3 3,00
Mais de 1 Km 8 8,00 0 0,00 0 0,00
A tabela 16 refere-se à distância percorrida em cadeira de rodas de uma só vez e
revela-nos que 8% na pré admissão, 72% na admissão e 38% na alta utilizaram a
cadeira de rodas empurrados por outras pessoas, e que 90% dos idosos na pré
admissão, 28% na admissão e 62% na alta não usou cadeira de rodas.
Tabela 16 – Estado Funcional – Distância percorrida em cadeira de rodas de uma só
vez
Estado Funcional – Distância percorrida em cadeira de rodas de uma só vez
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N % Empurrado por outras pessoas 8 8,00 72 72,00 38 38,00
Usou cadeira de rodas motorizada/scooter 1 1,00 0 0,00 0 0,00
Andou sozinho menos de 5 metros 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Andou sozinho entre 5 - 49 metros 1 1,00 0 0,00 0 0,00
Andou sozinho entre 50 e 99 metros 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Andou sozinho mais que 100 metros 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Não usou cadeira de rodas 90 90,00 28 28,00 62 62,00
Em relação ao nível de atividade, apenas avaliado em relação à pré admissão, a
tabela 17 evidencia que 75% dos idosos não tinham por hábito realizar qualquer
atividade física ou exercício nos 3 dias antes do aparecimento da doença, referindo
22% a prática de exercício ou atividade física com menos de 1 hora. Já em relação ao
número de dias em que saiu de casa nos 3 dias antes do aparecimento da doença,
35% diz não ter saído em nenhum dia, enquanto 50% tinha por hábito sair diariamente
neste período.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
80
Tabela 17 – Estado Funcional – Nível de atividade
Estado Funcional – Nível de atividade Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Nº d
e ho
ras
de
exer
cíci
o ou
at
ivid
ade
físic
a no
s 3
dias
ant
es
do a
pare
cim
ento
da
doe
nça
Nenhuma 75 75,00 - - - -
Menos de 1 hora 22 22,00 - - - -
1 – 2 horas 3 3,00 - - - -
3 – 4 horas 0 0,00 - - - -
Mais de 4 horas 0 0,00 - - - -
Nº d
e di
as e
m
que
saiu
de
casa
nos
3
dias
ant
es d
o ap
arec
imen
to
da d
oenç
a
Não saiu em nenhum dia 35 35,00 - - - -
Não saiu nos últimos 3 dias, mas normalmente sai
5 5,00 - - - -
1 -2 dias 10 10,00 - - - -
3 dias 50 50,00 - - - -
Quanto ao estar acamado por motivos médicos, avaliado na admissão e na alta, como
nos mostra a tabela 18, observa-se que 88% não tinha essa indicação na admissão e
apenas 1% teve alta com essa indicação.
Tabela 18 – Estado Funcional – Acamado
Estado Funcional – Acamado
por motivos médicas
Pré Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Não - - 88 88,00 99 99,00
Sim - - 12 12,00 1 1,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
81
Relativamente ao auto desempenho das AIVDs e capacidade, na tabela 19, são
comparados os resultados entre a pré admissão e a alta. No que diz respeito à
preparação das refeições, 42% era independente na pré admissão, diminuindo este
valor para 27% na alta, tendo 47% dependência total na pré admissão e 51% na alta,
sugerindo estes valores um agravamento do estado funcional para esta atividade entre
estes dois momentos.
Na realização das tarefas domésticas, 36% era independente na pré admissão e 27%
na alta, denunciando 49% de dependência total na pré admissão, aumentando para
53% na alta. Estes resultados também nos sugerem um agravamento do estado
funcional na realização desta atividade.
Para gerir as finanças pessoais, 56% eram independentes na pré admissão,
verificando-se uma diminuição para 54% na alta, havendo 30% dos idosos que
dependem totalmente de outros, tanto na pré admissão como na alta para a gestão
das suas finanças pessoais.
Na gestão da medicação, 59% refere independência na pré admissão, passando a
41% na alta, aumentando a dependência total para realização desta atividade de 24%
para 27% entre a pré admissão e a alta, sugerindo-nos também aqui uma piora do
estado funcional.
No uso do telefone, 86% mantém-se independente entre a pré admissão e a alta,
aumentando a dependência total de 11% para 12% entre estes dois momentos e para
subir escadas, 50% manifesta independência na pré admissão e 42% na alta,
verificando-se em relação à dependência total um aumento de 38% para 44% entre a
pré admissão e a alta, denotando-se um agravamento do estado funcional na
execução desta atividade.
Para efetuar compras, 35% eram independentes na pré admissão e apenas 31% se
mantinham dessa forma na alta, sendo que 36% na pré admissão, e 38% na alta
dependem totalmente de outros para a realização desta atividade, sugerindo-nos
também um agravamento do estado funcional.
Por fim em relação ao transporte, 41% de diziam-se independentes na pré admissão e
só 37% se mantinham assim na alta, havendo um aumento da dependência total de
31% para 33% entre a pré admissão e a alta. Tanto os resultados desta atividade,
quanto os resultados no auto desempenho das AIVDs e capacidade na sua
globalidade nos sugerem um agravamento do estado funcional dos idosos, entre os
dois momentos em avaliação
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
82
Tabela 19 – Estado Funcional – Auto Desempenho das AIVDs e Capacidade
Estado Funcional – Auto desempenho
nas AIVDs e Capacidade
P r é A d m i s s ã o Admissão Alta
N % N % N %
Pre
para
ção
das
refe
içõe
s
Independente 42 42,00 - - 27 27,00
Ajuda apenas na preparação 5 5,00 - - 12 12,00
Supervisão 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência limitada 6 6,00 - - 10 10,00
Assistência alargada 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 47 47,00 - - 51 51,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
Tare
fas
dom
éstic
as Independente 36 36,00 - - 27 27,00
Ajuda apenas na preparação 4 4,00 - - 7 7,00
Supervisão 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência limitada 11 11,00 - - 13 13,00
Assistência alargada 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 49 49,00 - - 53 53,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
Ger
ir as
fina
nças
pes
soai
s Independente 56 56,00 - - 54 54,00
Ajuda apenas na preparação 0 0,00 - - 0 0,00
Supervisão 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência limitada 14 14,00 - - 16 16,00
Assistência alargada 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 30 30,00 - - 30 30,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
Ger
ir a
med
icaç
ão
Independente 59 59,00 - - 42 42,00
Ajuda apenas na preparação 7 7,00 - - 19 19,00
Supervisão 1 1,00 - - 1 1,00
Assistência limitada 9 9,00 - - 11 11,00
Assistência alargada 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 24 24,00 - - 27 27,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
83
Estado Funcional – Auto desempenho nas AIVDs e Capacidade
(Continuação)
P r é A d m i s s ã o Admissão Alta
% N % N % U
so d
o te
lefo
ne
Independente 86 86,00 - - 86 86,00
Ajuda apenas na preparação 1 1,00 - - 1 1,00
Supervisão 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência limitada 2 2,00 - - 1 1,00
Assistência alargada 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 11 11,00 - - 12 12,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
Esc
adas
Independente 50 50,00 - - 42 42,00
Ajuda apenas na preparação 0 0,00 - - 1 1,00
Supervisão 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência limitada 12 12,00 - - 13 13,00
Assistência alargada 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 38 38,00 - - 44 44,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
Com
pras
Independente 35 35,00 - - 31 31,00
Ajuda apenas na preparação 2 2,00 - - 2 2,00
Supervisão 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência limitada 26 26,00 - - 29 29,00
Assistência alargada 1 1,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 36 36,00 - - 38 38,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
Tran
spor
te
Independente 41 41,00 - - 37 37,00
Ajuda apenas na preparação 0 0,00 - - 0 0,00
Supervisão 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência limitada 28 28,00 - - 30 30,00
Assistência alargada 0 0,00 - - 0 0,00
Assistência máxima 0 0,00 - - 0 0,00
Dependência total 31 31,00 - - 33 33,00
Não houve atividade 0 0,00 - - 0 0,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
84
Os resultados da variável continência, apresentados na tabela 20, mostram-nos que
do ponto de vista da continência urinária, 57% se encontravam continentes na pré
admissão, 50% na admissão e 55% na alta, havendo 5% de incontinentes na pré
admissão, aumentado este valor para 13% na admissão e diminuindo para 7% na alta.
95% não usava aparelho de recolha de urina na pré admissão, diminuindo este valor
para 86% na admissão, ficando nos 93% aquando da alta. Quanto ao uso de cateter
permanente, verificamos um aumento de 4% para 12% entre a pré admissão e a
admissão, com valor final de 6% na alta. Já em relação á continência fecal, 94% eram
continentes na pré admissão, verificando-se 93% de continentes na admissão e na
alta, mantendo-se 2% de incontinentes entre a pré admissão e a alta. O uso de
pensose ou fraldas era utilizado por 24% na pré admissão 51% na admissão e 41% na
alta.
Tabela 20 – Resultados da Variável Continência
Continência Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Con
tinên
cia
Urin
ária
Continente 57 57,00 50 50,00 55 55,00
Controlo com cateter/ostomia 1 1,00 3 3,00 1 1,00
Raramente incontinente 19 19,00 18 18,00 19 19,00
Algumas vezes incontinente 5 5,00 5 5,00 5 5,00
Frequentemente incontinente 13 13,00 11 11,00 13 13,00
Incontinente 5 5,00 13 13,00 7 7,00
Não aconteceu 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Apa
relh
o de
re
colh
a da
ur
ina
Nenhum 95 95,00 86 86,00 93 93,00
Preservativo de urina 0 0,00 1 1,00 0 0,00
Cateter permanente 4 4,00 12 12,00 6 6,00
Cistostomia, nefrostomia, ureterostomia
1 1,00 1 1,00 1 1,00
Con
tinên
cia
Feca
l
Continente 94 94,00 93 93,00 93 93,00
Controlo com ostomia 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Raramente incontinente 3 3,00 2 2,00 2 2,00
Algumas vezes incontinente 1 1,00 1 1,00 1 1,00
Frequentemente incontinente 0 0,00 1 1,00 2 2,00
Incontinente 2 2,00 3 3,00 2 2,00
Não Aconteceu 0 0,00 0 0,00 0 0,00
Uso
de
pens
os,
frald
as Não 76 76,00 49 49,00 59 59,00
Sim 24 24,00 51 51,00 41 41,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
85
Os resultados da variável condições de saúde em relação ás quedas, relatados na
tabela 21, indicam-nos que 59% não referiram quedas nos últimos 90 dias, tendo sido
referido por 16% como tendo acontecido 1 vez nos últimos 30 dias e por 14%, 2 ou
mais vezes. De realçar que durante o internamento não se observou nenhum incidente
de queda.
Tabela 21 – Resultados da Variável Condições de Saúde - Quedas
Condições de Saúde Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Que
das
Nenhuma nos últimos 90 dias - - 59 59,00 - -
Caiu há 31 – 90 dias - - 11 11,00 - -
1 Queda nos últimos 30 dias - - 16 16,00 - -
2 ou mais quedas nos últimos 30 dias
- - 14 14,00 - -
Que
das
rece
ntes
Não caiu desde a última avaliação - - - - 100 100,00
Caiu desde a última avaliação - - - - 0 0,00
Da tabela 22, constatamos em relação ao equilíbrio, avaliado na admissão e alta, uma
diminuição na dificuldade ou incapacidade de se levantar sem ajuda de 50% para
43%, bem como na dificuldade ou incapacidade de se virar e olhar na direção oposta
quando está de pé de 44% para 38%. Em relação à náusea 2% referem ter tido na
admissão, tendo sido resolvido durante o internamento.
Tabela 22 – Resultados da Variável Condições de Saúde – Frequência do Problema
Frequência do Problema Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Equ
ilíbr
io Tem dificuldade ou é incapaz
de se levantar sem ajuda
Não - - 50 50,00 57 57,00
Sim - - 50 50,00 43 43,00
Tem dificuldade ou é incapaz de se virar e olhar na direção
oposta quando está de pé
Não - - 56 56,00 62 62,00
Sim - - 44 44,00 38 38,00
Situ
ação
G
astro
inte
stin
al
Náusea
Não - - 98 98,00 100 100,00
Sim - - 2 2,00 0 0,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
86
Na tabela 23 estão inscritos os resultados da variável condições de saúde para o
sintoma dispneia, e podemos constatar a ausência do sintoma em 51% dos idosos na
pré admissão e admissão e 52% na alta, verificando-se a sua presença em repouso
em 20% dos idosos na pré admissão, aumentando para 23% na admissão, ficando
nos 11% aquando da alta.
Tabela 23 – Resultados da Variável Condições de Saúde – Dispneia
Dispneia Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N % Ausência do sintoma 51 51,00 51 51,00 52 52,00
Presente na realização de atividades moderadas
16 16,00 19 19,00 37 37,00
Presente na realização de atividades diárias normais
13 13,00 7 7,00 0 0,00
Presente em repouso 20 20,00 23 23,00 11 11,00
No que diz respeito à fadiga, os dados da tabela 24 indicam-nos que é na admissão
que se observam os piores resultados, uma vez que 27% refere fadiga moderada,
12% fadiga grave e 16% incapaz de começar qualquer atividade diária, podendo-se
verificar globalmente uma melhoria na alta. Salienta-se um agravamento nos estádios
menos incapacitantes de 28% na pré admissão para 20% na alta em idosos que não
referiam fadiga, e um aumento de 31% para 45% nos valores de fadiga mínima no
mesmo grupo de idosos.
Tabela 24 – Resultados da Variável Condições de Saúde – Fadiga
Fadiga Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N % Nenhuma 28 28,00 19 19,00 20 20,00
Mínima 31 31,00 26 26,00 45 45,00
Moderada 21 21,00 27 27,00 22 22,00
Grave 15 15,00 12 12,00 8 8,00
Incapaz de começar qualquer atividade diária
5 5,00 16 16,00 5 5,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
87
Ao comparamos os resultados dos sintomas de dor na pré admissão, admissão e alta
quanto à frequência, intensidade e persistência, pela tabela 25, verificamos poucas
variações dos valores nos 3 momentos de avaliação. Quanto à frequência, existe um
ligeiro aumento entre a pré admissão (26%) e a alta (27%) nos ultimos3 dias/24 horas.
Realçam-se os valores de 13% para dor moderada, 2% para dor forte e 1% para os
que referiram horrível e lancinante, na admissão, prevalecendo valores de 12% para a
dor moderada e 1% para a dor forte na alta. Quanto à persistência é de realçar a dor
constante referida por 8% dos idosos na pré admissão, diminuindo para 6% na
admissão e 4% na alta.
Tabela 25 – Resultados da Variável Condições de Saúde – Sintomas de Dor
Sintomas de Dor Pré
Admissão Admissão Alta
N % N % N %
Freq
uênc
ia Sem dor 71 71,00 71 71,00 72 72,00
Não, nos últimos 3 dias/24 horas 3 3,00 3 3,00 1 1,00
Nos últimos 3 dias/24 horas 26 26,00 26 26,00 27 27,00
Inte
nsid
ade
Sem dor 71 71,00 70 70,00 71 71,00
Fraca 13 13,00 15 15,00 16 16,00
Moderada 13 13,00 13 13,00 12 12,00
Forte 2 2,00 2 2,00 1 1,00
Horrível e lancinante 1 1,00 0 0,00 0 0,00
Pers
istê
ncia
Sem dor 70 70,00 69 69,00 70 70,00
Uma vez há 3 dias/24 horas 1 1,00 1 1,00 1 1,00
Intermitente 21 21,00 24 24,00 25 25,00
Constante 8 8,00 6 6,00 4 4,00
Quanto ao destino dos idosos após a alta, constatamos que a maioria retorna ao seu
domicilio (89%), enquanto que 9% vão para Lar e 7% requerem assistência domiciliar.
Tabela 26 – Destino dos Idosos após a alta
Destino após a alta N %
Casa 84 84,00
Lar 9 9,00
Assistência domiciliar 7 7,00
Total 100 100,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
88
Após a análise dos dados obtidos pela aplicação do formulário InterRai – CA – PT,
versão adaptada, aos idosos internados, vamos agora proceder à apresentação e
análise dos dados que resultaram da aplicação da Escala de Quedas de Morse, e que
avaliou o risco de queda na admissão e na alta.
Da análise da tabela 27 constatamos que para os itens “historial de quedas”
“diagnósticos secundários” e “estado mental” não se verificaram alterações entre a
admissão e a alta, já nos restantes itens se verificam diferenças que merecem ser
realçadas:
No item “ajudas para caminhar”, 89% dos idosos não carecia de ajuda na admissão,
enquanto que 55% não requeria essa ajuda na alta.
O uso de meios auxiliares da marcha era utilizado por 11% dos idosos na admissão,
observando-se um aumento desta necessidade para 45% na alta, constatando-se um
aumento do risco para este item entre a admissão e a alta.
Em relação ao item “terapia intravenosa” observámos o contrário, na medida em que
97% cumpriam tratamento com este tipo de medicação na admissão, não se
observando o mesmo na alta. Apenas 1% se mantinham com este registo,
constatando-se uma substancial diminuição do risco entre a admissão e a alta para
este item.
Por fim, relativamente à postura no andar e na transferência, 71% foram classificados
com 0 pontos na admissão e apenas 32 obtiveram esta classificação na alta,
invertendo-se esta tendência em relação à dependência, em que se verifica um
aumento de 21% para 58% entre a admissão e a alta salientando-nos os dados para a
evidência de maior risco na alta para este item.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
89
Tabela 27 – Resultados da Aplicação da Escala de Quedas de Morse
Item Escala Admissão Alta
N % N %
Historial de quedas neste internamento /
urgência ou nos últimos 3 meses
Não (0 pontos) 59 59,00 59 59,00
Sim (25 pontos) 41 41,00 41 41,00
Diagnóstico (s) Secundário (s)
Não (0 pontos) 11 11,00 11 11,00 Sim (15 pontos) 89 89,00 89 89,00
Ajudas para Caminhar
Nenhuma/ ajuda de Enfermeiro/ acamado/ cadeira de rodas (0
pontos) 89 89,00 55 55,00
Muletas/ Canadianas/ Bengala/ Andarilho (15 pontos) 11 11,00 45 45,00
Apoia-se no mobiliário para andar (30 pontos) 0 0,00 0 0,00
Terapia intra venosa/ cateter periférico com obturador/ heparina
Não (0 pontos) 3 3,00 99 99,00
Sim (20 pontos) 97 97,00 1 1,00
Postura no andar e na transferência
Normal/ Acamado/ Imóvel (0 pontos) 71 71,00 32 32,00
Debilitado (10 pontos) 8 8,00 10 10,00 Dependente de ajuda (20 pontos) 21 21,00 58 58,00
Estado Mental
Consciente das suas capacidades (0 pontos) 99 99,00 99 99,00
Esquece-se das suas limitações (15 pontos) 1 1,00 1 1,00
O quadro 4 agrupa os idosos em função da classificação do risco de queda na
admissão e na alta, observando-se globalmente uma tendência para a existência de
maior risco de queda aquando da admissão quando comparado com a alta, sendo que
apenas 6% dos idosos foram classificados como “sem risco” na admissão e 22% na
alta. 49% foram classificados de alto risco de queda na admissão, diminuindo esse
valor para 32% na alta.
Quadro 4 – Risco de Queda na Admissão e Alta
Risco de Queda Admissão Alta
N % N %
Sem Risco (< 25 pontos) 6 6,00 22 22,00
Baixo Risco (25 – 50 pontos) 45 45,00 46 46,00
Alto Risco (≥ 51 pontos) 49 49,00 32 32,00
Total 100 100,00 100 100,00
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
90
Terminada a apresentação descritiva dos dados, vamos agora analisar os resultados
obtidos para a verificação das hipóteses em estudo.
Para testarmos a hipótese 1 - “Existe diferença do estado funcional nos idosos
internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE entre a
pré admissão; admissão ou alta”, recorremos aos resultados obtidos pelas escalas:
1 - “Versão curta da escala AVDs”, comparando os resultados do teste Wilcoxon para
amostras emparelhadas, entre a pré admissão e a alta.
2 – “Escala Hierárquica das AVDs”, comparando os resultados do teste de Friedman
para amostras emparelhadas, entre a pré admissão, admissão e a alta.
3 – “Escala das AIVDs”, comparando os resultados do teste de Wilcoxon para
amostras emparelhadas entre a pré admissão e a alta.
Para verificarmos se existe diferença do estado funcional através dos valores obtidos
pela Versão Curta da Escala das AVDs entre a pré admissão e a alta, realizámos o
teste Wilcoxon para amostras emparelhadas. Obtivemos os resultados conforme
constam no quadro 5, onde constatamos que 41 idosos apresentam valores da escala
curta das AVDs superiores na alta quando comparados à pré admissão, o que nos
sugere um agravamento do estado funcional entre estes dois momentos.
Quadro 5 – Comparação de resultados das categorias da Versão curta da Escala das
AVDs entre a pré admissão e a alta
Categorias do teste Wilcoxon N Média Soma
Valores da Versão curta da escala AVDs na alta < Valores da Versão curta da escala AVDs na Pré admissão 0 0,00 0,00
Valores da Versão curta da escala AVDs na alta > Valores da Versão curta da escala AVDs na Pré admissão 41 21,00 861,00
Valores da Versão curta da escala AVDs na alta = Valores da Versão curta da escala AVDs na Pré admissão 59
Total 100
Também observamos pela análise do quadro 6, que a média dos valores da versão
curta da escala AVDs é superior na alta, com 2,77, quando comparados com a
admissão, com 1,26, sugerindo-nos um quadro de maior dependência na alta.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
91
O resultado do teste Wilcoxon para amostras emparelhadas foi de Z = -5,559 e p =
0,000. Com este resultado, concluímos que existe diferença nos valores da Versão
curta da escala AVDs entre a pré admissão e a alta, sugerindo um agravamento do
estado funcional entre estes dois momentos.
Quadro 6 - Estatísticas da versão curta da escala das AVDs na admissão e alta
Estatísticas Ⱦ S Mínimo Máximo Z p
Versão curta da escala
AVDs
Admissão 1,26 3,067 0 14 -5,599 0,000
Alta 2,77 3,787 0 14
p < 0,05
Da mesma forma, para verificarmos se existe diferença do estado funcional através
dos valores obtidos pela escala da hierarquia das AVDs entre a pré admissão,
admissão e a alta, realizámos o teste Friedman para amostras emparelhadas.
Pela análise do quadro 7, verificamos um valor médio de 2,73 na admissão, indicando-
nos maior dependência neste momento de avaliação. Os resultados observados
levam-nos a crer que existe um aumento do declínio funcional entre a pré admissão e
a admissão, observando-se uma melhoria entre a admissão e a alta, mas mantendo a
tendência de agravamento entre a pré admissão e a alta.
Quadro 7 – Estatísticas descritivas da escala da hierarquia das AVDs na pré
admissão, admissão e alta
Estatísticas N Ⱦ S Mínimo Máximo
Pré admissão 100 0,68 1,456 0 5
Admissão 100 2,73 2,251 0 6
Alta 100 1,23 1,601 0 5
Em relação aos dados do quadro 8, a categoria da escala da hierarquia das AVDs na
admissão, é a que possui um valor médio mais alto, com 2,62. Em função dos
resultados obtidos pela aplicação do teste de Friedman, verificaram-se valores de Chi-
Square = 115,345 e p = 0,000, permitindo-nos afirmar que existe diferença nos valores
da escala da hierarquia das AVDs entre a pré admissão, admissão e a alta.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
92
Quadro 8 – Estatísticas do teste de Friedman para amostras emparelhadas em relação
à escala da hierarquia das AVDs na pré admissão, admissão e alta
Categorias Média da
categoriaN Chi-Square p
Escala da hierarquia das AVDs na pré admissão
1,52 100
115,345 0,000 Escala da hierarquia das AVDs na admissão
2,62 100
Escala da hierarquia das AVDs na alta
1,86 100
p < 0,05
Também para verificarmos se existe diferença do estado funcional através dos valores
obtidos pela média da Escala das AIVDs entre a pré admissão e a alta, realizámos o
teste Wilcoxon para amostras emparelhadas, e verificamos que os valores descritos
no quadro 9, indicam que 35 idosos, apresentam valores médios da escala AIVDs
superiores na alta em relação à pré admissão, traduzindo-se em maior dependência
na concretização destas atividades para este grupo de idosos quando saem do
hospital.
Quadro 9 - Comparação de resultados das categorias da Escala das AIVDs - média
entre a pré admissão e a alta
Categorias do teste Wilcoxon N Média Soma
Valores da escala AIVDs – média na alta < Valores da escala AIVDs – média na Pré admissão 0 0,00 0,00
Valores da escala AIVDs – média na alta > Valores da escala AIVDs – média na Pré admissão 35 18,00 630,00
Valores da escala AIVDs – média na alta = Valores da escala AIVDs – média na Pré admissão 65
Total 100
Tendo em conta a análise aos resultados do quadro 10, observamos que os valores
médios da escala das AIVDs são mais elevado na alta (2,68). Os resultados do teste,
Z = -5,207 e p = 0,000, permitem-nos acreditar que existe diferença nos valores
médios da escala das AIVDs entre a pré admissão e a alta, traduzindo um aumento do
declínio funcional entre a pré admissão e a alta.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
93
Quadro 10 – Estatísticas da Escala AIVDs – média, na pré admissão e alta
Estatísticas Ⱦ S Mínimo Máximo Z p
Escala das AIVDs - média
Pré admissão 2,43 2,117 0 6 -5,207 0,000
Alta 2,68 2,126 0 6
p < 0,05
De uma forma global e tendo em conta os resultados obtidos na avaliação do estado
funcional, através dos resultados dos testes aplicados às três escalas (AVDs, EHAVDs
e AIVDs) que permitem medir ganhos na dependência para a realização das AVDs e
AIVDs, sugerem um aumento do declínio funcional entre o período que antecedeu o
aparecimento da doença, o internamento e a alta, permitindo-nos aceitar a hipótese 1.
Por forma a verificarmos a hipótese 2 - “Existe diferença no risco de queda nos idosos
internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE entre a
admissão e alta”, aplicámos o teste Wilcoxon para amostras emparelhadas e
resultaram os dados conforme quadros 11 e 12.
Pela análise do quadro 11 observamos que 59 idosos apresentavam valores de risco
de queda mais elevados na admissão do que na alta.
Quadro 11 – Comparação de resultados das categorias do risco de queda entre a
admissão e a alta
Categorias do teste Wilcoxon N Média Soma
Risco queda alta < Risco queda admissão 59 49,73 2934,00
Risco queda alta > Risco queda admissão 26 27,73 721,00
Risco queda alta = Risco queda admissão 15
Total 100
Os resultados estatísticos obtidos, revelam que o valor médio de risco de queda é
mais elevado na admissão (49,75) que na alta (43,55), sendo que da aplicação do
teste, resultou um valor de p = 0,000, o que nos permite confirmar a hipótese de que
existe diferença no risco de queda nos idosos entre a admissão e a alta, sendo maior
na admissão quando comparado com a alta.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
94
Quadro 12 – Estatísticas do Risco de Queda na Admissão e Alta
Estatísticas Ⱦ S Mínimo Máximo Z p
Risco de queda
Admissão 49,75 18,686 0 95 -4,969 0,000
Alta 43,55 22,878 0 75
p < 0,05
Por fim, e para testarmos a hipótese 3 – “Existe associação entre o estado funcional
nos idosos internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do
HDFF,EPE e o risco de queda na alta”, aplicámos o teste de correlação de Spearman.
Considerando as AVDs e AIVDs fundamentais para o avaliar o declinio functional e
tendo em conta a nossa hipótese, pela análise aos resultados do quadro 13,
constatamos que as AVDs, versão curta da escala, AVDs, escala da hierarquia e
escala AIVDs média, estão positivamente correlacionadas com o Risco de Queda no
momento da alta. Os resultados respetivos, rs = 0.371, p = 0.000; rs = 0.375 e p =
0.000 e rs = 0.508, p = 0.000, permitem verificar diferenças significativas entre estas
variáveis, sugerindo que maior declínio está associado a maior risco de queda no
momento da alta.
Quadro 13 – Resultados do teste da correlação de spearman na alta entre o risco de
queda, a versão curta da escala das AVDs, escala da hierarquia das
AVDs e escala das AIVDs média.
Estatísticas Versão curta da escala das AVDs na alta
Escala da Hierarquia das AVDs na alta
Escala das AIVDs média
na alta
Risco de Queda
na alta
N 100 100 100
rs 0,371 0,375 0,508
p 0,000 0,000 0,000 p < 0,05
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
95
4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Terminada a apresentação e análise dos dados, vamos dar início à discussão dos
resultados, tendo como objetivo estabelecer ligação entre os resultados obtidos com
outros já conhecidos. Com efeito, Fortin (2009), afirma que a interpretação dos
resultados é uma etapa difícil e exige um pensamento crítico por parte do investigador.
Os resultados obtidos resultaram da aplicação do instrumento de recolha de dados a
100 idosos que foram internados nos serviços de Medicina (60%) e Especialidades
Médicas (40%) entre julho e setembro de 2014, em que predominaram os idosos do
sexo masculino com 52%, os casados com 60%, dos quais 38% viviam sós com o
cônjuge, observando-se que a maioria dos idosos (75%), relataram o inicio da
sintomatologia do episódio desencadeador da admissão nos últimos 7 dias, e que 55%
do total da amostra aguardou até 24 horas no serviço de urgência até ser internado no
respetivo serviço.
Relativamente aos resultados observados na variável cognição, constatámos que 84%
dos idosos eram independentes nas capacidades para tomar decisões no dia-a-dia na
pré admissão diminuindo para 78% na admissão e situando-se em 79% na alta,
ficando a noção de que houve um agravamento do estado do idoso para este tipo de
capacidades durante o internamento, verificando-se a mesma tendência quanto às
capacidades para memorizar / recordar, avaliada pelos resultados observados para a
boa memória de curto prazo; boa memória processual e boa memória situacional.
Os resultados sugerem que houve agravamento entre a admissão e a alta, tendo por
base a avaliação feita do pré admissão. Provavelmente o episódio que motivou o
internamento foi o responsável por este agravamento. Quanto às perturbações
periódicas do pensamento ou consciência e à alteração aguda do estado mental em
relação ao habitual, avaliadas em relação à variável cognição, entre a admissão e a
alta, os resultados não evidenciaram alterações.
Rebelo, (2009, citado por Soares, et al. 2012) diz que a cognição envolve o
funcionamento mental como as habilidades de pensar, de perceber, de lembrar, de
sentir, de raciocinar e de responder a estímulos externos, enquanto que Firmino (2006,
citado por Cancela 2008), nos afirma que o envelhecimento fisiológico leva a várias
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
96
alterações nas funções orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos da
idade avançada sobre o organismo, provocando alterações no equilíbrio homeostático
e o declínio gradual de todas as funções fisiológicas. Com efeito, Thompson et al.
(2008, citado por Conde, 2009) refere que “as alterações ao nível cognitivo são
altamente prevalentes entre os idosos com patologias agudas, contribuindo em grande
parte para o prognóstico em termos de morbilidade e mortalidade”, levando-nos a
admitir o estabelecimento de uma relação de causa – efeito entre os resultados
obtidos nesta variável e a opinião destes autores.
Para a variável Comportamento e Ânimo, Verificámos que a maioria dos idosos, nos
últimos 3 dias / 24 horas, se sentia com pouco interesse ou prazer em fazer as coisas
que normalmente gosta, manifestando-se desta forma 61% no pré admissão, 62% na
admissão e 59% na alta. Já quanto ao sentir-se ansioso, impaciente ou inquieto, os
resultados mostram que 15% na pré admissão, 16% na admissão e 14% na alta se
sentiam assim, sendo que a maioria não referiu sentir-se desta forma. Resultados
semelhantes foram observados quando se questionou se nos últimos 3 dias / 24 horas
se sentiu triste, deprimido ou desesperado com 79% na pré admissão, 77% na
admissão e 78% na alta a admitirem que não se tinham sentido assim. No entanto,
Inouye et al. (1998, citado por Conde 2009), refere que o desempenho funcional não
resulta apenas da capacidade física, mas da conjugação desta com as capacidades
cognitivas e fatores psicossociais no desempenho autónomo e independente para a
pessoa manter as suas atividades. Quando a cognição declina abruptamente, as
AVDs e AIVDs são afetadas de imediato, estando as AIVDs mais comprometidas e
com forte relação com o comprometimento cognitivo, (Nikolova, et al. 2009).
Ao avaliarmos o estado funcional, quanto ao auto desempenho nas AVDs para tomar
banho (avaliado na pré admissão e alta), executar a sua higiene pessoal, caminhar,
transferir-se para a sanita, usar a casa de banho, mobilidade na cama e alimentar-se,
avaliado nos 3 momentos (pré admissão, admissão e alta), contatámos uma
significativa alteração no estado funcional, denunciando um aumento da dependência
quando comparamos a pré admissão com a admissão e alta, sendo que os piores
resultados surgem entre a pré admissão e a admissão, observando-se uma ligeira
evolução positiva entre a admissão e a alta. Contudo, continuam a ser expressivas as
alterações do estado funcional para o auto desempenho nas AVDs provocadas pela
situação de doença, deixando implícito um aumento do declínio funcional.
Reuben, et al. (2014), acreditam que conhecer o estado funcional no pré
hospitalização, permite comparação com o nível de função no momento do
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
97
internamento e ajuda a planificar a alta. Medir o estado funcional é uma excelente
maneira de acompanhar o progresso de um doente com deficiência crónica e doença
aguda. De facto, Menezes et al. (2010), também dizem que a hospitalização devido a
uma doença aguda ou crónica, determina um certo grau de imobilidade para qualquer
doente, podendo o declínio funcional manifestar-se rapidamente no doente idoso. Mas
Vieira, (2013), afirma que o estado funcional na pessoa idosa é um processo dinâmico
e carece de avaliação periódica para determinar a sua evolução, e, aquando da sua
admissão em ambiente hospitalar, cuidada avaliação inicial da pessoa assume grande
importância no planeamento e execução individualizada dos cuidados de enfermagem.
Também Doren (2011) nos refere que os estudos têm demonstrado que 30 a 60% das
pessoas idosas desenvolvem dependências nas AVDs durante o período de
internamento (Hoogerduijn, Scuurmans, Duijnstee, Rooij, Grypdonck, 2006, citados por
Doren, 2011).
Tendo em conta a opinião destes autores e os resultados obtidos, parece-nos haver
uma estreita ligação entre a situação de doença aguda e a perda de capacidades no
auto desempenho das AVDs.
Em relação ao principal modo de locomoção, é notória a diferença nos idosos
acamados, uma vez que nenhum se encontrava nesta situação no pré admissão,
registando-se 41% de acamados na admissão, mantendo-se nestas circunstâncias 3%
aquando da alta. Se tivermos em conta que apenas 12% tinham indicação médica
para permanecer no leito na admissão e 1% na alta, facilmente depreendemos o
aumento da dependência a este nível. Quando comparamos o uso de auxiliares da
marcha e uso de cadeira de rodas para se deslocar, os resultados também revelam
alterações no estado funcional, pelo aumento da dependência, refletido na maior
necessidade de uso destes meios na alta, na medida em que 49% se deslocava sem
aparelho de suporte na pré admissão, e apenas 39% na alta se mantinham nessas
condições, o que nos leva a admitir o aumento do declínio funcional relativamente à
locomoção / caminhar.
Com efeito, Menezes et al. (2010) apontam para as causas do declínio funcional em
idosos hospitalizados serem multifatoriais e cumulativas, destacando-se a idade
avançada, a doença, os procedimentos médicos e cirúrgicos, o repouso no leito, com
efeitos na diminuição da mobilidade. O repouso prolongado no leito e a falta de
dispositivos de auxílio aumentam o risco de desenvolver complicações (Kawasaki, et
al. 2005; Holroyd-Leduc, et al. 2007). Kleinpell, et al (2008), dá ênfase a um estudo
com 489 idosos hospitalizados com 70 anos e mais, que revelou a prevalência da
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
98
diminuição da mobilidade em idosos hospitalizados como significativa, com 16%
apresentando baixo nível de mobilidade, 32% com níveis intermédios de mobilidade e
29% com declínio em AVDs. No entanto para quase 60% dos que se mantinham no
leito, não havia indicação médica documentada, que limitasse a mobilidade. O uso de
meios auxiliares da marcha, tais como bengalas e andarilhos foi preditivo de declínio
funcional durante a hospitalização. A este nível, os resultados por nós obtidos vão ao
encontro da opinião destes autores, permitindo-nos pensar que muito há fazer para
minorar os efeitos indesejáveis motivados pelo internamento de idosos.
Ao analisarmos a distância percorrida de uma só vez sem se sentar, observamos que
34% dos idosos o faziam entre 100 e 1000 metros na pré admissão, diminuindo este
valor para 1% na admissão e fixando-se em 3% na alta, denotando uma clara
alteração no estado funcional. Também em relação aos idosos que não andaram
observam-se diferenças entre a pré admissão e a admissão, passando de 8% para
52%, registando-se 12% na alta.
Estes resultados reforçam a ideia de aumento do declínio funcional para a realização
desta atividade no momento da alta. A distância percorrida em cadeira de rodas de
uma só vez, vai no mesmo sentido, observando-se que 8% dos idosos usaram cadeira
de rodas empurrados por outras pessoas na pré admissão, verificando-se um aumento
significativo para 72% na admissão, ficando em 38% na alta. Apesar das diferenças
entre a pré admissão e a admissão serem relevantes (30%), podem ser justificadas,
do nosso ponto de vista, pela alteração aguda do estado de saúde. O facto é que no
momento da alta, 30% dos idosos denunciavam mais limitações funcionais, levando a
admitir alteração no estado funcional, com aumento do declínio funcional, pela perda
de capacidade de se deslocar sozinho, o que vai de encontro à opinião de Cunha, et
al. (2009), que concluiu que o declínio funcional é um fenómeno comum e esperado
por um numero significativo de idosos hospitalizados pela sua vulnerabilidade clinica,
física e psicológica decorrentes do processo de envelhecimento, e pode ocorrer antes
ou durante o período de hospitalização.
Também Khinpell, et al. (2008) afirmam que os idosos ficam mais vulneráveis aquando
do internamento devido ao aparecimento de uma doença aguda, podendo
rapidamente evoluir para um estado de declínio funcional, sendo este definido como a
incapacidade de realizar as atividades habituais de vida diária devido á fraqueza,
redução da força muscular e diminuição da capacidade de realização de exercício
físico.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
99
Em relação ao auto desempenho nas AIVDs e capacidade, avaliado na pré admissão
e alta os resultados sugerem-nos um agravamento do estado funcional para as
atividades preparação das refeições, tarefas domésticas, gestão das finanças
pessoais, gestão da medicação, subir escadas, efetuar compras e uso de transporte,
com exceção do uso do telefone, que manteve os mesmos valores nos dois
momentos, sugerindo assim um aumento da dependência, e por consequência,
aumento do declínio funcional para o auto desempenho nas AIVDs. No mesmo
sentido, Boyd, et al. (2009), referem que o declínio funcional é um resultado da
hospitalização por eventos agudos, com consequências a curto prazo para os doentes
e famílias, com impacto na realização de atividades de vida quotidianas, sendo difícil a
avaliação do declínio funcional em doentes idosos hospitalizados, pela dificuldade em
avaliar a sua capacidade funcional e o estado de saúde anterior ao internamento.
Também Menezes et al (2010), procederam a uma revisão da literatura para identificar
os efeitos da hospitalização na capacidade funcional dos idosos, os fatores associados
com o declínio funcional, assim como os instrumentos utilizados para a avaliação
funcional, e concluíram que todos os estudos demonstram declínio funcional devido ao
processo de hospitalização. A incidência deste comprometimento para a realização
das AVDs e AIVDs ultrapassa os 50% em idosos com idade superior a 85 anos.
Concluem que alguns estudos observam alterações funcionais mais expressivas ao
nível motor, em atividades de auto cuidado como tomar banho, vestir-se e mover-se.
Os resultados obtidos da variável continência, em relação à eliminação urinária,
indicavam 57% de idosos com controlo total no pré admissão, 50% na admissão e
55% na alta, observando-se um aumento nos incontinentes de 5% na pré admissão
para 13% na admissão, fixando-se em 7% na alta. Observámos também um aumento
no uso de cateter permanente de 4% para 12% entre a pré admissão e a admissão,
fixando-se em 6% na alta.
Demonstram estes resultados um agravamento da situação clinica que resultou em
mais dois idosos com cateter permanente, e por isso mais dependentes. Já os
resultados relativos à continência fecal são semelhantes nos 3 momentos em
avaliação.
Também se observa um aumento significativo no uso de pensos, fraldas, de 24% para
51% entre a pré admissão e a admissão, reduzindo para 41% na alta, o que em nossa
opinião é justificado pela maior necessidade de proteção, especialmente pelas
alterações observadas em relação à continência urinária, e tal como nos refere
Khinpell, et al. (2008), ao nível do sistema urinário verificam-se alterações com
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
100
redução da capacidade da bexiga, o aumento da próstata no homem. Em
consequência deste processo, os idosos ficam mais vulneráveis aquando do
internamento devido ao aparecimento de uma doença aguda, podendo rapidamente
evoluir para um estado de declínio funcional
Ao analisarmos os resultados da variável condições de saúde, e relativamente às
quedas, contatámos que 41% dos idosos sofreram queda nos últimos 90 dias, entre os
quais, 14% relataram 2 ou mais quedas nos últimos 30 dias. Durante o período de
internamento não houve registo de quedas. Também observámos melhorias no
equilíbrio entre a admissão e a alta, com 50% dos idosos a terem dificuldade ou
incapacidade em se levantarem sem ajuda na admissão e 43% na alta. Na admissão,
44% tinham dificuldade ou eram incapazes de se virar e olhar na direção oposta
quando estavam de pé, continuando 38% nessas circunstâncias na alta.
Naturalmente, os idosos são os mais vulneráveis para cair, e quando acontece, a sua
vida quotidiana pode mudar radicalmente tanto pelas consequências da queda como
pelo medo de voltar a cair, que segundo Lopes et al. (2009), se relaciona com a
mobilidade, o equilíbrio, o risco e a história de quedas.
Entre os que apresentavam dispneia, destaca-se o agravamento na realização de
atividades moderadas, de 16% para 19% entre a pré admissão e a admissão,
aumentando para 37% na alta.
Em relação à fadiga e comparando os resultados nos 3 momentos constatámos que
os idosos apresentavam um agravamento entre a pré admissão a admissão e a alta.
Já em relação à dor, os resultados obtidos não variaram muito nos 3 momentos em
avaliação, destacando-se quanto à intensidade, a dor fraca, com 13% no pré
admissão, 15% na admissão e 16% na alta. Quanto à persistência da dor, observou-se
que em relação à dor intermitente também houve aumento entre os 3 momentos de
avaliação, aumentando de 21% para 24% e 25%, entre o pré admissão, admissão e
alta.
Em suma, a doença e as co morbilidades podem influenciar diretamente o estado
funcional em idosos. (Khinpell, et al. 2008). Pillatt (2011), refere que segundo Dutra
(2009 e Loyola, et al 2004) as causas mais frequentes de internamento hospitalar em
idosos, são doenças relacionadas com os aparelhos circulatórios, respiratório e
digestivo, que somadas correspondem a 60% dos internamentos em faixas etárias
mais elevadas. No seu estudo, os idosos no momento do internamento já apresentam
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
101
algum grau de incapacidade funcional, ocorrendo durante a hospitalização declínio
ainda maior na capacidade de realização das AVDs e AIVDs.
Para avaliarmos o risco de queda na admissão e na alta, aplicámos a Escala de Morse
para risco de queda aos idosos que constituíram a nossa amostra. Caldevilla, et al.
(2010), defendem a incorporação nos cuidados de enfermagem de instrumentos de
avaliação do risco de queda que permitam sinalizar os idosos com perfil de risco. Por
sua vez, Costa (2010), refere que um dos instrumentos mais citados na literatura é a
“Fall Morse Scall”, descrito como uma ferramenta adequada para a avaliação dos
doentes na admissão e já aplicada em diferentes populações de doentes
hospitalizados.
Os resultados obtidos revelaram que neste grupo não foram observadas quedas
durante o internamento e que 89% dos idosos já possuíam diagnósticos secundários
na admissão e na alta, o que revela uma taxa elevada de co morbilidades.
Na admissão os resultados obtidos nas ajudas para caminhar, 11% dos idosos a
utilizarem auxiliares da marcha, enquanto que na alta essa percentagem subiu para
45%, levando-nos a crer que provavelmente a percentagem de idosos a necessitarem
de auxiliares da marcha para se deslocarem na admissão seria superior aos 11%
observados, só que pelo facto de muitos se encontrarem acamados na admissão, não
nos foi possível observar esse facto.
Em relação à terapia intravenosa/cateter periférico com obturador/heparina existe um
grande diferencial entre a admissão (97%) e a alta (1%). Na postura no andar e na
transferência, observou-se um aumento da debilidade e da dependência de ajuda
entre a admissão e a alta, com a debilidade a passar dos 8% para os 10% e a
dependência de ajuda dos 21% para os 58%.
Quanto ao estado mental, 99% apresentavam-se conscientes das suas capacidades
na admissão e na alta.
Os resultados da avaliação do risco de queda determinaram aumento no score de
45% para 46% entre a admissão e a alta no grupo de idosos de baixo risco, e uma
descida considerável no grupo de alto risco entre estes dois momentos, de 49% na
admissão para 39% na alta. Já no grupo sem risco, houve uma melhoria entre a
admissão e a alta, de 6% para 22%, o que em termos globais resultou na verificação
de maior risco de queda na admissão em relação à alta, sendo que em nossa opinião,
os determinantes para a obtenção deste resultado nos parecem estar na terapia
intravenosa/cateter periférico com obturador/heparina, já que nos itens sugestivos de
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
102
aumento do risco de queda, como são exemplo o uso de auxiliares da marcha para se
deslocar e a postura no andar e na transferência, foi observado maior risco na alta do
que na admissão.
Com efeito, Rodrigues (2012), realça no seu estudo, que em relação à avaliação do
risco de queda, os scores obtidos na admissão, são significativamente mais elevados
que na alta, dando o exemplo da medicação administrada por via intravenosa, poder
justificar tal situação, remetendo para um estudo realizado com doentes idosos em
reabilitação (Kwan, Kaplan, Hudson-McKinney, Redman-Bentley, & Rosário, 2012),
que conclui que as escalas de avaliação do risco de queda se revelam por vezes
insuficientes para uma avaliação efetiva do risco, ou porque foram desenvolvidas para
settings específicos e não possuem sensibilidade para outros, ou porque não
valorizam suficientemente a componente funcional da aptidão física e cognitiva.
Contudo, Costa-Dias et al. (2014) são de opinião que a avaliação do risco de queda ou
a avaliação do doente em risco é um componente essencial de qualquer programa de
prevenção de quedas, na medida que identifica doentes em risco, com o objetivo de
corrigir a situação e evitar a ocorrência de quedas.
Para obtermos resposta às nossas questões de investigação, formulámos 3 hipóteses
para o estudo, tendo obtido os resultados que passamos agora a discutir.
Em relação à hipótese 1 “Existe diferença no declínio funcional nos idosos internados
nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE entre a pré
admissão; admissão ou alta”, constatámos pelos resultados obtidos, através da
aplicação do teste estatístico Wilcoxon para amostras emparelhadas, existir diferença
nos valores na versão curta da escala AVDs entre a pré admissão e a alta, sugerindo
um agravamento do estado funcional entre estes dois momentos. Da mesma forma, os
resultados do teste estatístico Friedman para amostras emparelhadas, revelou haver
diferença nos valores da escala da hierarquia das AVDs entre a pré admissão,
admissão e a alta, sugerindo um aumento do declínio funcional entre a pré admissão e
a admissão, com diminuição para a alta, mas mantendo um agravamento do estado
funcional entre a pré admissão e a alta. Por fim, o resultado do teste estatístico
Wilcoxon para amostras emparelhadas evidencia a existência de diferença dos valores
médios da escala das AIVDs entre a pré admissão e a alta sugerindo um aumento do
declínio funcional entre estes dois momentos.
Considerando a envolvência destas três variáveis no declínio funcional, os resultados
permitem confirmar a hipótese 1, e verificar que existe um aumento no declínio
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
103
funcional nos idosos internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas
do HDFF,EPE entre a pré admissão; admissão ou alta.
Corroborando desta opinião, Sales, et al. (2011), referem que a hospitalização por
doença aguda é um fator de risco importante para a perda funcional em idosos e que
ao segundo dia de internamento já se verifica deterioração significativa da capacidade
funcional para realizar atividades básicas, e apontam um estudo realizado em 2008
que mostrou que mesmo em internamentos de curta duração, em doentes não
acamados, resulta perda da capacidade funcional nos idosos
Também para Menezes et al. (2010), a hospitalização devido a uma doença aguda ou
crónica, determina um certo grau de imobilidade para qualquer doente, podendo o
declínio funcional manifestar-se rapidamente no doente idoso.
Reforçando estas opiniões, Cunha, et al. (2009), concluíram que o declínio funcional é
um fenómeno comum e esperado por um número significativo de idosos hospitalizados
pela sua vulnerabilidade clinica, física e psicológica decorrentes do processo de
envelhecimento, e pode ocorrer antes ou durante o período de hospitalização. Refere
ainda que deficit cognitivo, a incapacidade prévia em AVDs, a história de quedas, a
fraca mobilidade e instabilidade postural, para além dos fatores ambientais, foram
citados como fatores predisponentes ao declínio funcional.
Ainda para Boyd, et al.(2009), o declínio funcional é um resultado da hospitalização
por eventos agudos, com consequências a curto prazo para os doentes e famílias,
com impacto na realização de atividades de vida quotidianas.
Também Mendes, et al (2011), concluíram, numa amostra de 40 idosos com idades
entre os 65 e os 88 anos, que se destacam os seguintes fatores de risco para o
declínio funcional: - Idade avançada (> a70 anos) em 82,5%; Co morbilidade (92,5%);
confusão / desorientação (35%) e alterações do equilíbrio (90%). Por fim, Cardoso
(2012), no seu estudo “Resultados dos cuidados de enfermagem em serviços de
agudos de um hospital”, afirma que foi observado um agravamento no estado
funcional no doente nas AVDs e AIVDs decorrente do internamento, concluindo que a
diferença do estado funcional no momento da pré admissão e na alta é mais
significativa do que entre o momento da admissão e da alta, o que revela um
agravamento do estado funcional causado pelo internamento, conclusão semelhante à
encontrada por um estudo de Sousa et al. (2012) e reforçada pela opinião de Doren, et
al. (2006)
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
104
Em síntese, os resultados observados pela confirmação da hipótese 1, quando
confrontados com outros resultados e opiniões destes autores mostram claramente
uma relação entre o internamento e a manifestação de alterações ao nível do estado
funcional do idoso, verificando-se desde logo, uma tendência para o aumento de
declínio funcional, com impacto no desempenho físico e cognitivo para a realização
das atividades da vida quotidiana.
Ao verificarmos a hipótese 2 “Existe diferença no risco de queda nos idosos internados
nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE entre a admissão e
a alta, através da aplicação do teste estatístico Wilcoxon para amostras
emparelhadas, resultou na confirmação da nossa hipótese permitindo-nos verificar a
existência de diferença no risco de queda nos idosos internados nos serviços de
Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE entre a admissão e a alta,
observando-se no entanto maior risco na admissão comparativamente à alta.
Em nossa opinião, a justificação para a verificação de maior risco de queda na
admissão comparativamente à alta parece-nos estar nos resultados obtidos na terapia
intravenosa/cateter periférico com obturador/heparina, já que nos itens sugestivos de
aumento do risco de queda, como são exemplo o uso de auxiliares da marcha para se
deslocar e a postura no andar e na transferência, foi observado maior risco na alta em
relação à admissão.
Com efeito, Rodrigues (2012), realça também no seu estudo que em relação à
avaliação do risco de queda, os scores obtidos na admissão, serem significativamente
mais elevados que na alta dando também o exemplo da medicação administrada por
via intravenosa, poder justificar tal situação, remetendo para um estudo realizado com
doentes idosos em reabilitação (Kwan, Kaplan, Hudson-McKinney, Redman-Bentley, &
Rosário, 2012), que conclui que as escalas de avaliação do risco de queda se revelam
por vezes insuficientes para uma avaliação efetiva do risco, ou porque foram
desenvolvidas para settings específicos e não possuem sensibilidade para outros, ou
porque não valorizam suficientemente a componente funcional da aptidão física e
cognitiva.
Almeida, et al. (2010), referem que após uma revisão sistemática da literatura se
conclui que apenas um pequeno número de fatores de risco de queda parecem ser
consistentes, sendo a instabilidade da marcha, a fraqueza dos membros inferiores, a
agitação / confusão, a incontinência urinária / frequência ou necessidade de ir à casa
de banho, história de quedas anteriores e consumo de medicação psicotrópica, os
mais credíveis. Para os mesmos autores, o internamento de doentes agudos pode
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
105
refletir-se no aumento do risco de quedas devido aos efeitos da doença aguda,
agravada por um ambiente desconhecido e efeitos colaterais dos tratamentos,
(Mattison, et al. 2014).
Para verificarmos a hipótese 3 “Existe associação entre o estado funcional nos idosos
internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE e o
risco de queda na alta”, aplicámos o teste de correlação de Spearman, que nos
confirmou a hipótese, permitindo-nos admitir que as AVDs, versão curta da escala,
AVDs, escala da hierarquia e escala AIVDs média, estão positivamente
correlacionadas com o Risco de Queda no momento da alta, permitindo-nos observar
diferenças significativas entre estas variáveis e sugerindo que maior declínio está
associado a maior risco de queda no momento da alta.
Em consonância com estes resultados, vários estudos realizados em ambiente
hospitalar revelam que idosos com tendência a quedas têm maior risco de
apresentarem declínio funcional durante o período de internamento (Anpalahan &
Gibson, 2008; Cornett et al. 2006; Siqueira, Cordeiro, Perracini, & Ramos, 2004,
citados por Rodrigues, 2012). O declínio funcional contribui para um fenômeno muito
atual nas nossas instituições, e que pode colocar em risco a segurança do doente,
sendo as quedas, consideradas os eventos adversos mais frequentes nos hospitais,
normalmente, um fenômeno multifatorial de causas individuais e/ou ambientais, com
consequências significativas a nível físico, psicológico e social (Almeida, Abreu &
Mendes, 2010).
O internamento de doentes agudos leva frequentemente a um declínio funcional das
suas capacidades físicas e cognitivas, (Boyd, et al. 2009), podendo refletir-se no
aumento do risco de quedas (Almeida, et al. 2010), devido aos efeitos da doença
aguda, agravada por um ambiente desconhecido e efeitos colaterais dos tratamentos,
Mattison, et al. (2014).
Por fim, Cunha et al (2009) na sua revisão bibliográfica referem que 5 estudos
revelaram que idosos com tendência a quedas têm maior risco de apresentarem
declínio funcional durante a hospitalização.
Terminada a discussão dos resultados, importa realçar que na comparação dos
mesmos com a opinião de alguns autores e com outros estudos, todos apontam para
as mesmas conclusões. No entanto, em função da nossa opção na seleção da
amostra, não probabilística acidental, não nos é permitido fazer a sua generalização
para a população, o que constitui uma limitação do estudo.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
106
O instrumento de recolha de dados, InterRai – CA – PT, versão adaptada, utilizado
para avaliar a existência de declínio funcional nos idosos que constituíram a nossa
amostra, foi considerado pelos seus autores, responsáveis pela validação para a
população portuguesa, como válido e fiável, sendo que a sua estrutura interna obteve
100%, a confirmação total de consistência, (Amaral, et al. 2014).
Da mesma forma, em relação à avaliação do risco de queda nos idosos que
constituíram a nossa amostra, utilizou-se a Escala de Morse para o risco de queda,
também validada para a população portuguesa e que segundo os seus autores, é
semanticamente equivalente à versão original, conduzindo a bons níveis de fiabilidade
e a níveis aceitáveis de validade, sendo recomendada na prestação de cuidados
hospitalares em Portugal (Costa – Dias, et al. 2014).
Perante tais opiniões, consideramos ter utilizado um instrumento que em nossa
opinião valoriza e dá significado aos resultados obtidos.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
107
CONCLUSÃO
Estudar o declínio funcional e o risco de queda em idosos hospitalizados, foi o ponto
de partida para a concretização desta investigação. Procurar respostas para as nossas
questões de investigação revelou-se a prioridade, contribuindo para tal uma profunda
revisão da literatura, que nos orientou a prossecução do estudo, ressaltando-nos o
facto de que o idoso, portador muitas vezes de patologias crónicas, fica
particularmente vulnerável em situação de doença aguda, que associada à
hospitalização, podem determinar perda de funcionalidade física e também cognitiva,
levando a um estado de maior dependência, ou seja, a um processo de declínio
funcional, com efeitos nefastos na sua qualidade de vida.
Sthal, et al. (2011) refere haver quase duas vezes mais perdas funcionais para as
AIVDs do que para as AVDs, sendo que, quando o idoso apresenta inabilidade para
alguma das AVDs, provavelmente já apresenta inabilidade para duas ou mais AIVDs.
No entanto, a dependência não é um estado permanente, mas um processo dinâmico
e a sua evolução pode ser modificada, prevenida e ou reduzida.
Parece-nos evidente que o declínio funcional e o risco de queda têm uma relação
muito próxima, influenciando-se mutuamente e com consequências negativas para a
autonomia dos idosos. Se o internamento é responsável por provocar alterações no
estado funcional dos idosos, o aumento do declínio funcional neste grupo pode
acarretar consequências para no aumento do risco de quedas, o que está em sintonia
com Novo, et al. (2011) ao afirmar que o declínio da capacidade funcional ao nível da
aptidão física, provoca a redução de força muscular, alterações no padrão da marcha
e alterações no equilíbrio estático, aumentando fortemente a possibilidade de
ocorrência de quedas na população idosa.
Na definição dos aspetos metodológicos, foi nossa preocupação a escolha de um
instrumento de recolha de dados fidedigno e adequado ao contexto em que o estudo
se ia desenvolver.
Optámos pela aplicação do instrumento InterRai – CA – PT, em versão adaptada, para
a avaliação do declínio funcional entre outras razões, por ter sido considerado válido e
fiável (Amaral et al. 2014), e estar validado para a população portuguesa.
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
108
A escolha da Escala de Morse para o risco de queda, já com bastante tempo de
utilização na Instituição, apesar de só recentemente estar validada para a população
portuguesa por (Costa-Dias et al. 2014), foi a escolhida para avaliar o risco de queda
em idosos, que foram internados nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas
do HDFF,EPE durante os meses de julho a setembro de 2014.
Os resultados obtidos permitiram-nos confirmar as hipóteses em estudo e admitir que
na avaliação do estado funcional, para a realização das AVDs e AIVDs, se verifica o
aumento do declínio funcional entre o período que antecedeu o aparecimento da
doença, o internamento e a alta, evidenciando-nos também a existência de diferença
no risco de queda nos idosos entre a admissão e a alta, sendo maior na admissão
quando comparado com a alta. De igual forma nos sugerem que maior declínio está
associado a maior risco de queda no momento da alta.
Tais resultados, em nossa opinião, não podem ser extrapolados para a população em
geral, na medida em que outras variáveis, que não apenas a capacidade de realização
das AVDs e AIVDs, podem interferir na avaliação do estado funcional, e por
consequência na existência ou não de declínio funcional. No entanto, quando
confrontados com outros estudos e com a opinião de muitos autores, observámos que
vão na mesma direção, criando em nós um sentimento de alguma preocupação, na
medida em que é por demais evidente o campo de ação deixado em aberto para a
prestação de cuidados de enfermagem diferenciados que visem a promoção da
independência e da autonomia nos idosos hospitalizados, imediatamente à admissão.
Os cuidados de enfermagem de reabilitação, tendo em conta as competências
próprias do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação, de acordo com o
Regulamento nº 125/2011 de 18 de Fevereiro, destacam a competência 1 - “cuida de
pessoas com necessidades especiais, ao longo do ciclo de vida, em todos os
contextos da prática de cuidados”, podendo fazer a diferença entre a dependência ou
a autonomia dos idosos. Com efeito, Sthal, et al. (2011), defendem que a dependência
não é um estado permanente, mas um processo dinâmico cuja evolução pode ser
modificada, prevenida e ou reduzida e que esse processo sugere a existência de
profissionais qualificados e comprometidos com a assistência ao idoso.
Reforçando esta perspetiva, Mattison, et al. (2014) afirmam que programas de
mobilização em meio hospitalar, garantem que os doentes ao saírem da cama mantêm
alguma mobilidade e função durante a doença aguda. Os mais jovens devem ser
encorajados a mobilizar-se de forma independente, mas a maioria dos doentes idosos,
necessitam de assistência para se movimentarem em segurança, nomeadamente os
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
109
que têm sondas, perfusões permanentes em curso ou outros dispositivos médicos que
condicionam e limitam a sua movimentação. Referem ainda que é importante garantir
que os doentes sejam mobilizados precocemente e muitas vezes durante o
internamento, ajudando assim na prevenção das quedas, em menor declínio funcional
e em redução do tempo de internamento.
Também Ribeiro, et al. (2009) refere que num estudo realizado em idosos
institucionalizados, se concluiu que idosos que participam regularmente em sessões
de exercício físico supervisionado apresentam melhor mobilidade funcional e equilíbrio
e consequente diminuição do risco de queda. O exercício é uma das poucas
estratégias que reduz o risco de queda e aumenta a resistência óssea, (Corrie, et al.
2014).
Durante a realização deste estudo, deparámo-nos com algumas dificuldades e que de
certa forma condicionaram o seu desenvolvimento, nomeadamente, fatores de ordem
pessoal, em que o tempo disponível foi sempre escasso, e quando associado à pouca
experiência no desenvolvimento deste tipo de estudos revelaram-se mais
dificultadores do que facilitadores. Também a complexidade do instrumento de recolha
de dados InterRai – CA – PT, quanto ao tratamento dos dados se revelou um fator de
dificuldade.
Apesar das dificuldades sentidas, que ultrapassámos, consideramos ter atingido os
objetivos propostos inicialmente, e na tentativa de reforçar Thomas, et al. (2009), ao
afirmar que o enfermeiro tem um papel indispensável na reabilitação da pessoa idosa,
no entanto desvalorizado, acreditamos que as implicações deste estudo para a
realidade possam resultar:
1 – Ao nível da prática de cuidados de enfermagem, em melhor conhecimento e
compreensão deste fenómeno e em maior reflexão sobre o mesmo, para que se
possam identificar precocemente fatores de risco, se planeiem e executem ações e se
avaliem resultados, com vista a manter e ou melhorar o estado funcional dos idosos
durante o internamento.
2 – Ao nível da gestão intermédia de enfermagem, na análise e reflexão dos
resultados obtidos, promovendo o envolvimento da equipa de enfermagem na adoção
de estratégias que visem a melhoria da qualidade de cuidados de enfermagem.
3 - Ao nível da gestão de topo, na otimização das condições de desenvolvimento da
prática de cuidados, nomeadamente no reforço das equipas de enfermagem com
enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação, por forma a se obterem
DECLINIO FUNCIONAL E O RISCO DE QUEDA NO IDOSO HOSPITALIZADO
110
mais ganhos em saúde, resultando de maior qualidade no atendimento e de melhores
cuidados de enfermagem prestados ao idoso, com reflexo em maior satisfação dos
utentes e dos profissionais.
Por fim, deixamos algumas sugestões para futuros estudos, por forma a reforçar as
competências dos profissionais de enfermagem no desenvolvimento de conhecimento
científico, centrado na evidência de resultados e na sua implicação para a prática
diária. Sugerimos então a realização de outros estudos direcionados ao:
- Impacto do trabalho exercido pelo enfermeiro especialista em enfermagem de
reabilitação sobre o declínio funcional e o risco de queda em idosos hospitalizados, ao
nível:
- Da prestação direta de cuidados;
- Da satisfação do idoso e dos seus familiares;
- Dos ganhos em saúde;
- Do impacto económico.
Sugere-se ainda a utilização de grupos de controlo para melhor se evidenciarem os
resultados desses estudos.
Em suma, os resultados obtidos, sugerem-nos o aumento do declínio funcional entre o
período que antecedeu o aparecimento da doença, o internamento e a alta; a
existência de diferença no risco de queda nos idosos entre a admissão e a alta, sendo
maior na admissão quando comparado com a alta; e que maior declínio está
associado a maior risco de queda no momento da alta impondo-se que haja uma
avaliação rigorosa do idoso, imediata à sua admissão.
A planificação adequada e avaliação contínua dos cuidados, por forma a minimizar as
consequências da doença no idoso e contribuir para a promoção e ou preservação da
sua autonomia é fundamental. Para tal, o EEER, é o profissional que no seio da
equipa multidisciplinar melhor pode desempenhar este papel. Sinalizar idosos em
risco, implementar programas específicos e personalizados de reabilitação, com
avaliação contínua dos resultados, podem contribuir para a prevenção deste tipo de
complicações, esperando-se maior satisfação e melhor qualidade de vida para o idoso
e seus familiares, resultando na obtenção de ganhos em saúde nesta área.
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ANEXOS
ANEXO I – Autorizações para aplicação do formulário InterRAI – CA – PT e Escala de
Morse para risco de queda.
ANEXO II – Parecer da Comissão de Ética do HDFF,EPE e autorização do Conselho
de Administração do HDFF,EPE para aplicação do Instrumento de Recolha de Dados.
ANEXO III – Termo de Consentimento Livre e Informado para participação no estudo e
Instrumento de recolha de dados - Formulário InterRAI – CA – PT e Escala de Morse
para risco de queda.
ANEXO I – Autorizações para aplicação do formulário
InterRAI – CA – PT e Escala de Morse para risco de
queda.
Amaral 17 de
nov
Exmo Sr. Enfermeiro José Manuel Santiago Aranha de Sousa Serve este para autorizar a versão adaptada do InterRai (ac) traduzida e validada para Português por mim próprio no âmbito do projeto PTDC/CS-SOC/113519/2009 da FCT. Deve referenciar o artigo da validação publicado na Revista Referência António Fernando Amaral
ANEXO II – Parecer da Comissão de Ética do HDFF,EPE
e autorização do Conselho de Administração do
HDFF,EPE para aplicação do Instrumento de Recolha de
Dados.
ANEXO III – Termo de Consentimento Livre e Informado
para participação no estudo e Instrumento de recolha de
dados - Formulário InterRAI – CA – PT e Escala de
Morse para risco de queda.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO
Eu (nome em letra maiúscula),____________________________________________, abaixo-assinado, concordo em participar voluntariamente num estudo da autoria de José Manuel Santiago Aranha de Sousa, aluno do Mestrado de Enfermagem de Reabilitação na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, cujo tema é “Declínio funcional e o risco de queda em doentes agudos internados no HDFF,EPE ”.
A minha participação consiste em colaborar no preenchimento de um questionário InterRai, constituído por nove secções, e na avaliação do risco de queda, na admissão e na alta.
Estou ciente de que terei:
1 - A garantia de receber esclarecimento em qualquer momento que julgar necessário, antes e durante a minha participação no estudo; 2 - A liberdade de retirar o meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo sem nenhuma consequência ou penalidade para mim; 3 - A segurança de que não serei identificado e que será mantido o carácter de anonimato das informações prestadas; 4 - Assegurado que as informações prestadas e os resultados delas decorrentes destinar-se-ão à apresentação e/ou publicação de trabalhos de carácter científico; 5 - Os resultados do estudo estarão disponíveis para mim por meio das divulgações científicas e diretamente através do investigador. A assinatura abaixo representa a minha anuência em participar no presente estudo.
Data: ___ / ___ / 2014
________________________________________________
(Assinatura do participante)
Forma de contacto com o participante (para envio de uma cópia do presente documento e/ou comunicação dos resultados):
Contacto com o autor do estudo:
E-mail: jmsasousa@ gmail.com
Telemóvel:963220426
ESCALA DE MORSE PARA RISCO DE QUEDA
Item
Escala Pontuação
Data
1. Historial de quedas neste internamento/urgência ou nos últimos 3 meses
Não 0
Sim 25
2. Diagnóstico(s) secundário(s)
Não
0
Sim 15
3. Ajudas para caminhar
Nenhuma / ajuda de enfermeiro / acamado /cadeira de rodas 0
Muletas/Canadianas/Bengala/Andarilho 15 Apoia-se no mobiliário para andar 30
4. Terapia intra venosa / cateter periférico com obturador / heparina
Não 0
Sim 20
5. Postura no andar e na transferência
Normal/ acamado /imóvel 0 Debilitado 10
Dependente de ajuda 20
6. Estado Mental Consciente das suas capacidades 0 Esquece-se das suas limitações 15
Total
Nível de Risco Escala de MorsePontuação Ação
Sem, Risco 0 – 24 Bons cuidados de enfermagem
Baixo Risco 25 – 50 Intervenções padrão de prevenção de quedas
Alto Risco ≥ 51 Intervenções de prevenção de quedas de alto risco
1ª Avaliação – Primeiras 24 horas de internamento 2ª Avaliação – Dia da alta clinica