curso de graduaÇÃo em ciÊncias da natureza...

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1 CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA NATUREZA LICENCIATURA EM QUÍMICA AMANDA TAVARES MOTA LAYZZA TARDIN DA SILVA UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: ESTUDO APLICADO AO MÓDULO I DO CURSO DE ELETROTÉCNICA NA MODALIDADE PROEJA DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE Campos dos Goytacazes/RJ 2012

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA NATUREZA

LICENCIATURA EM QUÍMICA

AMANDA TAVARES MOTA

LAYZZA TARDIN DA SILVA

UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA

FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: ESTUDO APLICADO AO

MÓDULO I DO CURSO DE ELETROTÉCNICA NA MODALIDADE

PROEJA DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

Campos dos Goytacazes/RJ

2012

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AMANDA TAVARES MOTA

LAYZZA TARDIN DA SILVA

UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA

FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: ESTUDO APLICADO AO

MÓDULO I DO CURSO DE ELETROTÉCNICA NA MODALIDADE

PROEJA DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

Monografia apresentada ao Instituto

Federal de Educção, Ciência e Tecnologia

Fluminense (IFF campus Campos-Centro)

como requisito parcial para conclusão do

Curso de Graduação em Ciências da

Natureza - Licenciatura em Química.

Orientadora: Profª. Ms. Valéria de Souza

Marcelino

Campos dos Goytacazes/RJ

2012

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M917u

Tavares, Amanda Mota.

Uma abordagem interdisciplinar da fermentação alcoólica: estudo

aplicado ao módulo I do curso de eletrotécnica na modalidade do PROEJA do

Instituto Federal Fluminense / Amanda Tavares Mota e Layzza Tardin da Silva /

Campos dos Goytacazes, RJ: [s.n.], 2012.

73f.: il.

Orientadora: Valéria de Souza Marcelino

Monografia (Licenciatura em Química) Centro Federal de Educação

Tecnológica, Câmpus Campos-Centro. Campos dos Goytacazes, RJ, 2012.

Bibliografia: f. 49-58.

1. Abordagem interdisciplinar do conhecimento na educação. 2. Ciências

– Estudo e ensino. 3. Química – Estudo e ensino. I. Silva, Layzza Tardin da. II.

Marcelino, Valéria de Souza, orient. III. Título.

CDD – 371.1

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AMANDA TAVARES MOTA

LAYZZA TARDIN DA SILVA

UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA

FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: ESTUDO APLICADO AO

MÓDULO I DO CURSO DE ELETROTÉCNICA NA MODALIDADE

PROEJA DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

Monografia apresentada ao Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense (IFF campus Campos-Centro)

como requisito parcial para conclusão do

Curso de Graduação em Ciências da

Natureza - Licenciatura em Química.

Aprovada em 19 de março de 2012

Banca Avaliadora:

.............................................................................................................................................

Drª Oselys Rodriguez Justo

Doutora em Engenharia Química/ UNICAMP

Universidade Estadual de Campinas/São Paulo

.............................................................................................................................................

Profª Paula Gomes de Azevedo

Especialista em Pscicopedagogia e Pedagogia Empresarial/ISECENSA

Instituto Superior de Educação do Centro Educacional Nossa Senhora

Auxiliadora/Campos

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Agradecimentos

A Deus que nos deu paciência, sabedoria e saúde para que pudéssemos realizar

todo o trabalho. É preciso ter fé para a realização de qualquer projeto na nossa vida.

Gostaríamos de agradecer de forma especial a nossa orientadora Valéria de

Souza Marcelino que esteve sempre ao nosso lado durante o desenvolvimento deste

trabalho e nos fez acreditar que seríamos capazes de alcançar nossos objetivos.

Agradecimentos por Amanda Tavares Mota

Aos meus pais, Edina e Odivaldo, ao meu irmão Renato, minha avó

Alice, aos meus tios Janilce e Jamir e a todos os meus familiares que desde o início

desta monografia me deram apoio, força e coragem para a conclusão da mesma.

Ao meu namorado e aos meus amigos que com palavras ou gestos me

transmitiram confiança.

Agradecimentos por Layzza Tardin da Silva

Aos meus pais, Zilea e Alair, ao meu irmão Alan, à minha tia Ilma, a

minha saudosa avó Lea e a todos os meus familiares que desde o início da faculdade e

desta monografia me ajudaram em todos os sentidos.

Ao meu namorado e amigos pela força durante o ano.

Porque família é tudo.

E a todos que de alguma forma contribuíram para que pudéssemos concluir

nossa monografia.

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"O educador será aquele que oferece condições que potencializam o processo de auto-desenvolvimento do educando."

Luckesi Cipriano

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.

Dedicamos este trabalho aos nossos pais, familiares, e a

todos que aceitaram se privar da nossa companhia em tantos

momentos no desenvolvimento desta monografia. A nossa

orientadora pelos estímulos que nos impulsionaram a buscar

novos conhecimentos

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RESUMO

Atualmente os conteúdos no ensino de Ciências vêm sendo trabalhados de maneira

isolada e sem contextualização, revelando um ensino fragmentado e com barreiras

existentes entre a escola e a sociedade. A nossa proposta é utilizar a fermentação

alcoólica como tema para uma abordagem interdisciplinar e que promova uma ligação

entre conhecimento o escolar e o cotidiano dos estudantes do módulo do I do curso de

Eletrotécnica na modalidade PROEJA do Instituto Federal Fluminense. A fermentação

alcoólica encontra-se presente no município de Campos dos Goytacazes, que vivencia

questões referentes à produção do etanol por meio da fermentação, desde a queimada da

cana gerando a fuligem até o mau cheiro causado pelo resíduo deste processo, a

vinhaça. Para contextualização do tema, foi feito uma abordagem CTS (Ciência,

Tecnologia e Sociedade), além das questões sociais, também foram abordados os

conhecimentos de história, já que a cultura da cana-de-açúcar é típica na região. Esse

estudo conta com a aplicação de questionários e de uma aula, a fim de promover a

contextualização e a interdisciplinaridade no ensino de química.

Palavras-chave: Contextualização, Ensino de ciências, Interdisciplinaridade.

.

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Abstract

Nowadays, content in science teaching have been worked in isolation and without

context, showing a fragmented education and barriers between school and society. Our

proposal is to use fermentation as the theme for an interdisciplinary approach and to

promote a connection between knowledge and daily life of the school students of

module I of course PROEJA Electrotechnics in the modality of the Federal Fluminense.

The alcoholic fermentation is present in the country of Campos dos Goytacazes who

experiences issues related to the production of ethanol by fermentation, from the

burning of sugar cane soot generated by the stench caused by the residue of this process,

the slop. To contextualize the matter, was made an approach to STS (Science,

Technology and Society), and social issues were also addressed knowledge of history,

since the culture of cane sugar is typical in the region. This study relies on

questionnaires and a lesson in order to promote contextualization and interdisciplinarity

in science teaching

Keywords: Background, Science education, Interdisciplinarity.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA I: Colheita mecanizada 19

FIGURA II: Colheita manual 19

FIGURA III: Diagrama simplificado do processo de produção de açúcar e álcool 22

FIGURA IV: Primeira questão do questionário inicial 38

FIGURA V: Segunda questão do questionário inicial 39

FIGURAVI: Terceira questão do questionário inicial 40

FIGURAVII: Quarta questão do questionário inicial 40

FIGURAVIII: Primeiro subitem da quinta questão do questionário inicial 41

FIGURA IX: Primeiro subitem da quinta questão do questionário inicial 42

FIGURA X: Segundo subitem da quinta questão do questionário inicial 42

FIGURA XI: Primeira questão do questionário pós aula 43

FIGURA XII: Segunda questão do questionário pós aula 44

FIGURA XIII: Terceira questão do questionário pós aula 44

FIGURA XIV: Quarta questão do questionário pós aula 45

FIGURA XV: Quinta questão do questionário pós aula 46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

2. ASPECTOS GERAIS DA FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA 13

2.1 A HISTÓRIA DA FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA 13

2.2 CHEGADA DA CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO 14

2.3 A HISTÓRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR EM CAMPOS DOS GOYTACAZES 14

2.4 A CANA-DE-AÇÚCAR NOS DIAS ATUAIS 16

2.5 A CANA-DE-AÇÚCAR DO PLANTIO À USINA 17

2.6 A CHEGADA À USINA ATÉ A PRODUÇÃO DO BAGAÇO 20

2.7 O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA 21

3. ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROEJA: O ESTUDO DA FERMENTAÇÃO

ALCOÓLICA 23

3.1 O PROEJA: UM OLHAR SOBRE O ENSINO DE JOVENS E ADULTOS 23

3.2 UMA ABORDAGEM CTS: A HISTÓRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 25

3.3 UMA ABORDAGEM INTERDICIPLINAR: O PROCESSO DE

FERMENTAÇÃO 29

4. METODOLOGIA 35

4.1 CONTEXTO DA PESQUISA 35

4.2 COLETA DE DADOS 36

4.3 CAMINHO METODOLÓGICO 36

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 38

5.1 QUESTIONÁRIO INICIAL 38

5.2 QUESTIONÁRIO PÓS AULA 43

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 47

8 REFERÊNCIAS 49

9. ANEXOS 59

10. APÊNDICES 70

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1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que o ensino de Ciências tem sido um grande desafio para os docentes,

principalmente pela falta de motivação dos alunos que leva a um desinteresse pelo

conteúdo. De acordo com Cachapuz et al (2005) esse ensino vive um momento

caracterizado por “enorme fracasso escolar, aliado a uma crescente rejeição aos estudos

científicos”. O autor, então, aponta para a necessidade de uma renovação no ensino de

Ciências, onde a alfabetização científica seja prioritária, por meio de um ensino que vá

além da tradicional transmissão dos conteúdos científicos e favoreça a participação dos

cidadãos na tomada fundamentada de decisões.

A turma do PROEJA (Programa de Integração da Educação Profissional ao

Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) foi escolhida a fim de

aplicar as estratégias de ensino propostas no presente estudo, pois estes levam para as

salas de aula uma grande bagagem de informações que adquiriram no trabalho, com a

família, nas instituições sociais, por meio da televisão e outros meios de comunicação.

Muitos destes conhecimentos não possuem embasamento científico, ou seja, são

conhecimentos do senso comum, conhecimentos prévios que devem ser levados em

conta e aprimorados ou transformados com auxílio do professor (SCHNETZLER,

2002).

A cerca do ensino de Química, pode-se constatar que a grande preocupação dos

pesquisadores e professores é que a Química ensinada nas escolas tem pouco a ver com

a química da vida e que os objetivos, conteúdos e estratégias do ensino de Química

ainda não atendem a necessidade de formar um aluno capaz de exercer a cidadania,

como é determinado em nossos PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino

Médio) (SANTOS e SCHNETZLER, 2003).

Com isso constata-se a necessidade de mudanças, com aulas mais

interdisciplinares e contextualizadas. A proposta desta monografia é utilizar a

fermentação alcoólica como tema para uma abordagem interdisciplinar e que promova

uma ligação entre o conhecimento escolar e o cotidiano dos estudantes, o senso comum.

A partir de uma abordagem histórica e dos envolvimentos sociais gerados pela

indústria do açúcar, contempla-se as relações entre Ciência, Tecnologia, Sociedade

(CTS). Tendo em vista que o município de Campos dos Goytacazes, vivencia várias

questões referentes à produção do álcool por meio da fermentação, desde a queimada da

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cana gerando a fuligem até o mau cheiro causado pelo resíduo deste processo, o

vinhoto.

A interdisciplinaridade destaca-se por integrar conhecimentos de várias

disciplinas, por promover o diálogo e o enriquecimento das mesmas. Neste contexto, a

fermentação alcoólica abre um amplo leque de conhecimentos das mais diversas áreas.

O enfoque interdisciplinar do tema apresenta a proposta de estabelecer uma

comunicação entre as disciplinas de Química, Biologia e Física.

O trabalho desenvolvido foi baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais para

o Ensino Médio (BRASIL, 1999) que endossam a autonomia dos sistemas e unidades

escolares para contextualizar os conteúdos curriculares, de acordo com as características

locais da vida do aluno, sem com isso desconsiderar uma base nacional comum. Além

disso, nos indica a importância da interdisciplinaridade e estabelece a área de Ciências

da Natureza, que envolve as disciplinas de Química, Física e Biologia.

A pesquisa contou com a aplicação de dois questionários e uma aula no módulo I

do curso de eletrotécnica na modalidade PROEJA do IFF.

O questionário inicial composto por questões contextualizadas foi utilizado a fim

de investigar os conhecimentos do senso comum, estabelecendo relações (Ciência,

Tecnologia e Sociedade) CTS.

Em um segundo momento uma aula englobando tanto as relações CTS quanto

uma abordagem interdisciplinar foi aplicada a fim de facilitar o aprendizado dos jovens

e adultos do PROEJA.

A aplicação de um questionário pós aula teve como finalidade abordar alguns

conhecimentos de Biologia, Física e Química envolvidos no processo de fermentação

alcoólica.

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2. ASPECTOS GERAIS DA FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA

A produção do etanol é efetivamente realizada pelo processo de fermentação

alcoólica, a seguir serão apresentados alguns aspectos envolvidos desde a matéria prima

até o produto final.

2.1 HISTÓRIA DA FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA

O etanol (CH3CH2OH), é uma das mais importantes fontes de energia renovável.

Essa é sua nomeclatura oficial e pertence à função química dos alcoóis segundo a

IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry, União Internacional de

Química Pura e Aplicada), e é conhecido comercialmente como álcool etílico ou

simplesmente álcool. Este composto pode ser obtido a partir da cana-de-açúcar, por

meio da fermentação do seu caldo, por vários processos até se tornar uma bebida

presente no nosso cotidiano “a cachaça”, que teve origem na Ásia onde se tem registro

do primeiro cultivo (SANTOS e SALES, 2011).

Os egípcios foram os primeiros a fazerem a fermentação sendo ela um dos estágios

de produção da cachaça. Inicialmente os egípcios usavam a cachaça para curar vários

tipos de moléstias inalando o vapor do líquido aromatizado e fermentado o que era

absorvido direto do bico de uma chaleira, em um ambiente fechado.

Os gregos também utilizaram a cachaça em sua história, eles a chamavam de a

“Água que pega fogo” ou água ardente, até então uma bebida fermentada. Ela também

foi para as mãos dos Alquimistas que acreditavam que a bebida tinha propriedades

místico-medicinais, os alquimistas tinham para si que era a água da vida, um elixir da

longevidade.

Até então era uma bebida fermentada, depois foi para Europa e para o Oriente

Médio e foram os árabes que descobriram os equipamentos para sua destilação

semelhantes aos de hoje. Considerado uma tecnologia esses equipamentos se espalham

pelo velho e novo mundo. Na Itália o destilado de uva fica conhecido como Grappa, na

Alemanha começam a destilar a partir da cerveja, na Escócia fica popular o Whisky, no

Oriente, a aguardente tinha a função de esquentar a população do frio, na Rússia a

Vodka ganha seu espaço, e na China e no Japão o Sakê entra no cenário dos destilados

(SANTOS e SALES, 2011).

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2.2 CHEGADA DA CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL E NO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

Desde o século XVI, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil, e foi um dos

produtos básicos da economia brasileira até o século XX. Durante todo o período

colonial brasileiro a produção de cana-de-açúcar sofreu algumas modificações, mas

manteve três traços que são visualizados e percebidos até nos dias atuais como: cultivo

em latifúndios, monocultora e uso da força de trabalho compulsório para o

desenvolvimento (PARANHOS, 2006).

Na abordagem da história da produção de açúcar e álcool em nosso município

destaca-se de acordo com Azevedo (2002) a história da agroindústria canavieira do

Estado do Rio de Janeiro, de certa forma, ocorreu de forma similar ao do Brasil, porém

com suas peculiaridades especificas.

Os portugueses motivados pela exploração de novas terras chegam ao Brasil

trazendo suas especiarias e os alimentos que eram acostumados a terem em suas

refeições e dentre esses trouxeram a cana-de-açúcar originária do sul da Ásia.

De acordo com Azevedo (2002) a produção de açúcar e álcool teve início a partir

de 1534 quando o território brasileiro foi dividido em capitanias hereditárias. Ainda que

este sistema tenha fracassado na introdução da produção de açúcar, na região que hoje

conhecemos por Estado do Rio de Janeiro, mais tarde foi o que se mostrou com maior

produtividade, sendo as primeiras usinas do país fundadas em esta região.

2.3 A HISTÓRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR EM CAMPOS DOS GOYTACAZES

De acordo com Vieira (2011), em 1650 foi implantado o primeiro engenho no

município de Campos. O Visconde d'Asseca funda a vila de São Salvador dos Campos

dos Goytacazes em 1677, dominando a região por quase um século. Neste período há

grande expansão pecuária, contudo em 1750 ocorre a queda dos Assecas e a partir daí a

expansão da cana-de-açúcar, possível pela divisão dos grandes latifúndios.

A introdução do primeiro engenho a vapor na região, em 1830, trouxe grande

transformação no processo de produção de açúcar.

Na metade do século XX, o custo do açúcar no mercado mundial começou a

cair, causando uma desestabilidade no comércio brasileiro, onde este dependia ainda

dessa agricultura. Na época do Brasil colonial foi implantado um tipo de sistema, o

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regime de plantation, que deu início com o financiamento do capital mercantil e apoio

de governos metropolitanos (PARANHOS, 2006).

Segundo Paranhos (2006), junto ao processo produtivo, o monopólio da terra e

da agroindústria açucareira, surge o engenho, materializando essa combinação. O

engenho, a maioria, se localizava a beira de rios, com fácil localização e acesso as matas

e canaviais. Porém alguns se localizavam em matas pela maior fertilidade do solo e

fartura de lenhas para as fornalhas.

Em 1877, foram implantados na região os engenhos centrais (usinas), e

iniciou-se o processo de urbanização. Em 1890, o território do município já estava

reduzido praticamente às fronteiras atuais, e a partir desta época o comando da vida

cultural da região passa dos solares rurais para o núcleo urbano (VIEIRA, 2011).

Ao abordarmos a história da indústria açucareira e alcooleira nos embasamos em

Paranhos (2006) que relata:

“O certo é que Pero de Góis foi o primeiro a plantar cana-de-

açúcar no norte fluminense e, a respeito do tema e considerando as

diversas controvérsias verificadas, ficamos com o historiador

sanjoanense João Oscar (1985) que, além de compulsar todos os autores

citados, fez pesquisas in loco, chegando à conclusão de que as primeiras

mudas de cana foram plantadas em fins do ano de 1538, por Pero de

Góis, em região primitivamente habitada por indígenas goitacás e puris,

“numa pequena povoação a que deu o nome de Vila da Rainha, situada

a pouca distância da foz do rio Itabapoana, no atual município de São

João da Barra” (1985: 39), seguindo a praxe de se levantar engenhos em

regiões de abundantes recursos hídricos e próximo a matas para o

fornecimento de lenha.

Ele ainda afirma ainda que

“Alberto Ribeiro Lamego aborda em seus estudos que o

primeiro engenho de açúcar na região somente surgiria no século XVII,

com a fundação do engenho de São Salvador, em 1650, segundo

documentação encontrada no cartório do 1o Ofício de Campos.

Contudo, o certo é que a cultura da cana-de-açúcar apenas vingaria no

século seguinte, após a Revolta de Benta Pereira[*2], o que apressou a

retomada da Capitania por parte da Coroa portuguesa. Nesse momento

dá-se o início da cultura da cana-de-açúcar na planície goitacá,

sobrepujando a criação de gado, empurrada para o interior da região e

“sertões” de São João da Barra.

A elevação da vila a condição de cidade somente veio a ocorrer em 28 de março

de 1835. O aparecimento da ferrovia, em 1837, com a inauguração do trecho Campos-

Goitacazes; e posteriormente em direção ao trecho Norte-Sul, facilitou a circulação e

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transformou o município em centro ferroviário da região (VIEIRA, 2011).

De acordo com dados históricos a cultura de cana-de-açúcar começou a vigorar

em Campos no século XVIII, após a revolta de Benta Pereira. As principais usinas

fundadas neste século foram: Limão (1879); Queimado (1880); São José (1883); São

João (1884); Outeiro (1884) e Sapucaia (1884) (PARANHOS, 2006).

2.4 A CANA-DE-AÇÚCAR NOS DIAS ATUAIS

Atualmente, a principal destinação da cana-de-açúcar cultivada no Brasil, assim

como em Campos dos Goytacazes, é a fabricação de açúcar e álcool, principalmente do

álcool para obtenção do etanol, que serve como combustível para os automóveis. O

setor sucroalcooleiro é parte importante do agronegócio brasileiro, além de ser

referência para os demais países produtores de açúcar e álcool.

A cana-de-açúcar é a matéria prima que permite os menores custos de produção

de açúcar e álcool, de maneira especial, devido à energia consumida no processo que é

produzida a partir dos seus próprios resíduos (SALOMÃO, 2011).

Nos canaviais, a cana-de-açúcar passa pelas fases de crescimento (na época

quente e de chuvas) e maturação (na época fria e seca). Nesta fase a quantidade de

sacarose aumenta muito, onde ocorre o corte, que deve ser feito na época certa, senão a

própria planta começa a consumir o açúcar que produziu, diminuindo a quantidade de

álcool a ser obtida.

A colheita (o corte) realizada pelos boias-frias era mão de obra escrava, logo

passando a ser mão de obra barata até os dias atuais. Com o passar do tempo, e o fim da

escravidão o método de colheita ainda permaneceu com o mesmo procedimento junto às

queimadas.

Hoje em dia, ainda existindo leis que proíbem as queimadas para que os boias-

frias possam fazer o corte da cana, ocorre esse procedimento principalmente no interior

dos estados, especificamente em Campos dos Goytacazes, mesmo existindo a

mecanização.

No ano de 2011 o MPF (Ministério Público Federal) em Campos dos

Goytacazes, no norte do Estado do Rio recomendou que as cinco usinas locais de álcool

não recebessem a cana-de-açúcar de fornecedores que queimam a palha da cana. A

medida é mais uma ação do MPF para coibir a queimada na região. A Asflucan

(Associação Fluminense dos produtores de cana-de-açúcar), que defende a lei

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estadual 5.990, de 21 de junho de 2011, determina a redução gradativa da queima da

cana, de acordo com a reportagem da “R7”.

Nesse impasse, somente a Coagro produz diariamente 10 mil sacas de açúcar (o

equivalente a 500 kg) e 100 mil litros de etanol. A cooperativa emprega 2.500

trabalhadores e afirma que se esse impasse não for resolvido, não tem como manter os

trabalhadores segundo a reportagem da “R7”.

Com mecanização da colheita da cana-de-açúcar, vários pequenos agricultores

que fornecem as canas a uma determinada usina, teriam que modificar todo o processo

de plantio.

As colheitadeiras exigem um método de plantio da cana diferente da colheita

realizada pelos boias-frias. A colheitadeira para funcionar, tem que percorrer um terreno

plano com planejamento da área, realizando um levantamento topográfico além de ter

um método de plantio todo padronizado e adequado para essa mecanização

(SANTIAGO e ROSSETTO, 2005).

Esse processo tem um custo alto para esses pequenos agricultores que, não

valeria à pena, já que sua produção de cana não é tão abundante (por produtor).

2.5 A CANA-DE-AÇÚCAR DO PLANTIO À USINA

Segundo Severo (2003, apud FREITAS et al, 2004), na região Norte

Fluminense, o plantio de cana-de-açúcar é secular e predominante no segmento

industrial.

No ano de 2006, 425 milhões de toneladas de cana foram processadas em 310

usinas no Brasil, produzindo 30 milhões de toneladas de açúcar e 17 milhões de metros

cúbicos de etanol (MACEDO, 2007).

Existem mais de 600 espécies de cana-de-açúcar, a escolha de uma das

variedades para o plantio depende das condições de solo e clima, discorrido no vídeo

elaborado pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA).

As áreas de produção de cana-de-açúcar no Norte Fluminense estabelecem-se

em relevos de baixada, tabuleiro e morro, e nessas áreas ocorrem dois tipos de cultivo

da cana-de-açúcar: cana-planta (novo plantio) e cana-soca (brotação da soqueira).

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O plantio da cana-de-açúcar não irrigada é feito em dois períodos: entre janeiro e

março para a cana de ano e meio e entre outubro e dezembro para a cana de ano. Com

irrigação, os períodos podem ser de janeiro a abril e de setembro a dezembro, de acordo

com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (2012).

Inicialmente é feita a aração para preparar a terra para o plantio. As mudas

utilizadas no plantio são pedaços de cana, chamados de toletes que são depositados em

covas que são abertas no solo, também chamados de sulcos. Esta técnica é conhecida

como sulcamento. Em seguida são cobertos por outra camada de terra e compactados

de acordo com o vídeo da UNICA.

Para cada espécie de cana há um tipo de adubação. Uma prática que tem sido

bastante utilizada é adubação química por vinhaça (vinhoto) que apresenta alto teor de

potássio e outros nutrientes. A vinhaça é um resíduo líquido proveniente da destilação

de uma solução alcoólica chamada vinho, obtida do processo de fermentação para a

obtenção do álcool, segundo a agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (2011).

A colheita ocorre no ano seguinte do plantio a partir de maio. Esta pode ser

realizada de forma manual ou mecanizada. O corte manual ainda é uma prática muito

frequente na nossa região, pois é o modo mais comum de colheita da cana-de-açúcar,

porém é alvo de muitas polêmicas relacionadas à queima da cana antes da colheita, que

visa facilitar o corte além do mais, a demanda de mão de obra envolvida no corte da

cana é muito grande, porém é um trabalho sofrido e mal remunerado.

Figura I: Colheita mecanizada. Figura II: Colheita manual.

Em outros locais implica a questão da mecanização nas plantações da cana-de-

açúcar. Em São Paulo, por exemplo, a mecanização é em grande escala comparada ao

processo de colheita de Campos, devido à necessidade de atender as usinas produtoras

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de etanol.

Com o aumento do plantio da cana, houve a necessidade de implantar a colheita

mecanizada, a qual foi tomando o seu espaço e hoje domina o estado de São Paulo e

algumas capitais nos respectivos estados. Mas no interior dos estados, principalmente

no estado do Rio de Janeiro, especificamente em Campos, esse processo de

mecanização da colheita da cana-de-açúcar está apenas começando. Enquanto isso a

prática utilizada continua sendo a queimada.

Esta prática é muito contestada por diversos segmentos da sociedade, pois uma

elevada quantidade de poluentes é liberada na atmosfera. A lei estadual nº 2049 proíbe

as queimadas para a colheita da cana-de-açúcar em municípios do Rio de Janeiro desde

22 de dezembro de 1992.

De acordo com essa lei que proíbe a queima da cana-de-açúcar em todo o estado,

não é permitido à utilização das queimadas como um método para fazer a colheita da

cana. Este método é utilizado até hoje na região de Campos dos Goytacazes desde o

surgimento do plantio, pois facilita o corte, que é realizado pelas boias-frias e evita o

ataque de animais peçonhentos que vivem neste local.

Com a proibição das queimadas, a mão de obra utilizada nesse processo será

substituída pelas colheitadeiras, de acordo com o Art. 2° da Lei nº 2049. Sendo esta a

única forma, sem as queimadas torna-se difícil realizar a pré-colheita. Com a

mecanização da colheita da cana-de-açúcar, vários pequenos agricultores, que fornecem

as canas a uma determinada usina, teriam que modificar todo o processo de plantio.

Quando a colheita é feita de forma mecanizada não há necessidade de queima, a

palha é deixada sobre o solo e forma-se uma camada de proteção e pode ser utilizada

como adubação. A palha ou palhada é uma matéria-prima gerada na colheita da cana-de-

açúcar. Esse resíduo de produção pode ser utilizado na obtenção de vapor ou até mesmo

substituindo o óleo combustível utilizado em processos de aquecimento industrial

(FIESP/CIESP, 2001).

Comparada à queimada essa técnica é bastante eficaz em termos de

produtividade do solo e evita-se a emissão de gases poluentes. Parte da palha também é

levada para as usinas para produzir bioeletricidade, como ilustra o vídeo da UNICA.

2.6 A CHEGADA À USINA ATÉ A PRODUÇÃO DO BAGAÇO

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O transporte da cana é realizado por caminhões. Ao chegar à usina a cana passa

por alguns procedimentos iniciais. Em seguida, inicia-se o processo de moagem, os

colmos passam por picadores, a cana é triturada, desfibrada e enviada para moenda.

Durante a moagem o caldo é extraído, este processo ocorre várias vezes, tem adição de

água até se extrair o açúcar. E assim, se obtêm o caldo e um resíduo fibroso o qual é

conhecido como bagaço. O caldo segue para um processo de tratamento e o bagaço para

as caldeiras. Este é transportado por um sistema de esteiras e usado para abastecer

caldeiras que produzem vapor e aciona as turbinas para gerar eletricidade. Já no corte

mecanizado, de acordo com o vídeo da UNICA, a cana é picada na própria

colheitadeira.

Próximo às usinas geralmente é possível visualizar montanhas formadas pelo

acúmulo de bagaço o bagaço além de ser utilizado para a sustentação energética da

própria usina, o excedente deste resíduo pode ir às companhias distribuidoras de energia

elétrica e até mesmo em outros processos industriais (FIESP/CIESP, 2001).

Ao se aproximar das lavouras é possível sentir o cheiro da vinhaça que é

utilizada como fertilizante. Além disso, a palha proveniente do corte manual pode ser

empregada na adubação. Percebemos assim que além de benefícios econômicos o

reaproveitamento de resíduos traz benefícios ambientais (LIMA et al, 2010). Deste

modo, a usina é um exemplo de indústria autossustentável, grande parte dos resíduos de

sua produção são reaproveitados, como já foi citado acima.

2.7 O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA

Tendo em vista que a temperatura influencia nas reações químicas (PERUZZO e

CANTO, 2010), há uma temperatura ideal para ocorrer o processo de fermentação (28 e

30 ºC). Temperaturas baixas diminuem a atividade do fermento, enquanto que

temperaturas altas favorecem o desenvolvimento de bactérias indesejáveis, que

enfraquecem as leveduras (SEBRAE e SEAMA, 2001).

O etanol é obtido pelo processo da fermentação de polissacarídeos (amido e

celulose) ou dissacarídeos (sacarose e maltose). O caldo é purificado por vários

processos de filtragem para formar o mosto, que é fermentado e misturado com as

leveduras. Este se dá pela reação envolvendo enzimas de leveduras adicionadas a

mistura de açúcares e água (MOTOKANE E ABREU, 2005).

Inicialmente, a sacarose, que é um dissacarídeo, se hidrolisa na presença da

enzima invertase, produzindo glicose e frutose, ambos monossacarídeos (C6H12O6)

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segundo a reação 1. Glicose e frutose são substâncias isoméricas, ou seja, apresentam a

mesma fórmula molecular, mas possuem arranjos geométricos diferentes (Id., 2005,

p.10).

Reação 1: Hidrólise da sacarose:

H2O

C12H22O11 C6H12O6 + C6H12O6

Sacarose i n v e r t a s e glicose frutose

(Saccharomyces cerevisiae)

Na sequência, sob ação da enzima zimase, os monossacarídeos são fermentados

produzindo etanol e gás carbônico, segundo a reação 2.

Reação 2: Redução da glicose:

Zimase

(Saccharomyces cerevisiae)

C6H12O6 2 C2H5OH + 2 CO2

glicose ou frutose etanol gás carbônico

O álcool hidratado, produto final do processo de destilação e retificação, é uma

mistura binária, álcool e água, que atinge um teor da ordem de 96°GL. Este álcool

hidratado pode ser comercializado desta forma ou pode ser desidratado na presença de

ciclohexano (pode também ser utilizado benzeno) para obtenção do álcool absoluto 99,

7°GL, de acordo com a Alcoeste (2012).

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Figura III: Diagrama simplificado do processo de produção de açúcar e álcool.

Ao propormos a abordagem do tema fermentação alcoólica para o PROEJA, nos

basearemos em etapas apontadas pelo esquema acima para interdisciplinaridade e

contextualização dos conteúdos habitualmente trabalhados nesse nível de ensino.

Conteúdos:

Química: Reações Químicas, Componentes de uma reação, Fatores que

interferem na reação;

Biologia: Reino Fungi, Respiração celular, Digestão anaeróbica e Reino

Plantae;

Física: Calorimetria e Mecânica.

Ainda enfatizamos que os professores dessas disciplinas podem utilizar como

recursos textos, fotos e vídeos. Segundo Santos e Schnetzler (2003), para desenvolver

nos alunos a capacidade de tomar decisões por meio do uso de recurso audiovisual, por

exemplo, como método avaliativo para que a abordagem se caracterize com o enfoque

CTS.

Física:

Roldanas

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3. ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROEJA: O ESTUDO DA

FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA

Uma abordagem CTS e interdisciplinar serão apresentadas como estratégias de

ensino na modalidade PROEJA. Tais propostas serão descritas a fim de melhorar a

qualidade do ensino destes jovens e adultos que anseiam por uma oportunidade no

mercado de trabalho.

3.1 PROEJA : UM OLHAR SOBRE O ENSINO DE JOVENS E ADULTOS

O ensino de jovens e adultos se divide nas modalidades: EJA (Educação de

Jovens e Adultos) e PROEJA (Programa de Integração da Educação Profissional ao

Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos).

Apesar das grandes contribuições trazidas pela EJA, para Correia et al (2007),

esta modalidade de ensino começou a se demonstrar insuficiente. Muitos alunos não

conseguiam chegar nem mesmo ao Ensino Médio e havia uma baixa expectativa de

inclusão destes jovens de classes populares no sistema público de ensino

profissionalizante. Foi assim que surgiu o PROEJA, como uma forma de ampliar os

horizontes do ensino de jovens e adultos, ao contemplar a elevação da escolaridade por

meio da profissionalização.

O programa de EJA integrado a um curso profissionalizante, o PROEJA, foi

instituído pelo decreto nº 5.478, de 24 de junho de 2005. No ano seguinte, o PROEJA

começou a sofrer algumas mudanças e foi criado o decreto Nº 5.840, de 13 de julho de

2006. Este último se destina a toda a Educação Básica e substitui o primeiro que se

destinava apenas ao Ensino Médio.

Entre as modificações trazidas pelo novo decreto destaca-se também a carga

horária. O decreto Nº 5.478 se referia a uma carga horária máxima de mil e seiscentas

horas, já o decreto Nº 5.840 a uma carga horária mínima de mil e quatrocentas horas.

O PROEJA surgiu não apenas com a finalidade de ensinar os conteúdos

programáticos destinados ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, mas também para

ensinar uma profissão aos seus alunos. O documento que fundamenta o PROEJA

elaborado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica destaca:

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Os jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental e

médio na faixa etária denominada “regular”, em geral, não têm

nem a escolarização mínima nem qualquer tipo de formação

profissional, exigidas até mesmo para as tarefas mais simples do

mundo do trabalho contemporâneo. (MEC, 2007, p.22)

Neste aspecto, para estabelecer relações no mundo atual é preciso estar

capacitado. É preciso acompanhar as mudanças, aprender uma profissão e buscar

atualização.

Como diz Freire (1979), “o homem está no mundo e com o mundo”. O homem é

um ser capaz de estabelecer relações com o mundo. Este pensamento de Freire vai de

encontro a um dos objetivos do PROEJA: “O que se aspira é uma formação que permita

a mudança de perspectiva de vida por parte do aluno; a compreensão das relações que se

estabelecem no mundo do qual ele faz parte” (MEC, 2007, p.7).

Deste modo, o PROEJA forma cidadãos capazes de estabelecer relações com o

mundo que o cerca e se propõe a incluir aqueles que por algum motivo um dia foram

excluídos.

A grande maioria dos alunos do PROEJA foram crianças que não tiveram

infância, que já tinham a obrigação de ajudar financeiramente à família. “Crianças e

jovens pertencentes às famílias de baixa renda têm necessidade de trabalhar desde cedo

para manter-se ou contribuir para a renda familiar, o que dificulta, quando não impede,

seu acesso, permanência e progresso na escola” (MEC, 2007, p.16).”

Mediante estas condições os cursos destinados a jovens e adultos são noturnos

para atender as necessidades do educando, como aborda a LDB no Art. 4º, inciso VI e

VII, quando trata-se das especificidades do ensino de jovens e adultos.

Diante de todas estas experiências adquiridas por estes alunos, torna-se relevante

considerar que os discentes levam para as salas de aula uma grande bagagem de

informações que adquiriram no trabalho, com a família, nas instituições sociais, por

meio da televisão e outros meios de comunicação. “Pessoas detentoras de riquezas

contidas nos saberes populares, estão disponíveis para que conheçamos o que elas

sabem” (CHASSOT, 2001, p. 220).

Constantemente os adultos são tratados como crianças, pois os educadores não

foram preparados para trabalhar com alunos mais “maduros”. Os alunos na maioria das

vezes têm dificuldades no aprendizado, pois os professores não trabalham as

competências relativas às especificidades do estudante, dificultando assim o

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entendimento da forma de pensar e construir o conhecimento dos adultos (SOUZA,

2007 apud BARROS, 2011).

Dentre outros equívocos em torno do ensino de jovens e adultos:

Essa modalidade de ensino padece da falta de profissionais

qualificados, de materiais didáticos específicos e de espaços físicos

adequados, problemas estes agravados pela discriminação dos cursos e

alunos por parte dos dirigentes das unidades educativas e pela

ausência de um processo sistemático de acompanhamento, controle e

avaliação das ações desenvolvidas (MEC, 2007, p. 20).

Desta forma, há um grande descaso com o ensino de jovens e adultos, apesar do

grande número de publicações de educadores consagrados como Paulo Freire com uma

visão libertadora, ou seja, conscientizadora da educação de adultos.

Neste estudo, a contextualização e a interdisciplinaridade apresentam-se como

alternativas para o ensino no PROEJA.

3.2 UMA ABORDAGEM CTS: A HISTÓRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR

A utilização da CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) para trabalhar com o

PROEJA se apresenta como uma alternativa ao ensino tradicional, pois os cursos de

CTS estão centrados em temas de relevância social, explicando ao aluno as interfaces da

ciência, tecnologia e sociedade.

“O ensino de ciências deve apresentar informações que preparem os

cidadãos para tratar responsavelmente as questões sociais relativas à

ciência” (POGGE e YAGER, apud SANTOS e SCHNETZLER, 1987,

p.221).

Dessa forma, essa alternativa permite desenvolver habilidades básicas no aluno

para uma participação na sociedade democrática, ou seja, ajudando a desenvolver o seu

senso critico.

A partir da década de 1970 observou-se o surgimento de um movimento

pedagógico chamado Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e com isso a inserção nos

currículos de ensino de ciências de conteúdos que abordavam as relações entre aspectos

da ciência e da tecnologia e suas consequências para a sociedade. Esse fato se originou

devido ao agravamento dos problemas ambientais e diante de discussões sobre a

natureza do conhecimento científico e seu papel na sociedade, cresceu, então, no mundo

inteiro um movimento de crítica ao modelo de desenvolvimento científico e tecnológico

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que passou a refletir sobre tais relações (KRASILCHIK e MARANDINO, 2004;

SANTOS e COLS, 2009).

Constatou-se nas décadas seguintes a intensificação de artigos em periódicos de

ensino de Ciências, alguns dos quais dedicaram números especiais para a temática.

Santos e Cols. (2009) defendem o uso destes temas no ensino de Química e

definem um currículo com ênfase em CTS:

“Um currículo com ênfase em CTS se caracteriza pela integração entre

educação científica, tecnológica e social, em que conteúdos científicos e

tecnológicos são estudados juntamente com a discussão de seus

aspectos históricos, éticos, políticos e socioeconômicos. Esses

currículos são centrados nas inter-relações entre explicação científica,

planejamento tecnológico e solução de problemas e tomada de decisão

sobre temas práticos de importância social” (SANTOS e COLS, 2009,

p.21).

De acordo com Santos e Mortimer (2002), “os trabalhos curriculares em CTS

surgiram, assim, como decorrência da necessidade de formar o cidadão em ciência e

tecnologia, o que não vinha sendo alcançado adequadamente pelo ensino convencional

de ciências”.

Como objetivo central desse tipo de abordagem no ensino de ciências temos:

“O objetivo da educação de CTS no ensino médio é desenvolver a

alfabetização científica e tecnológica dos cidadãos, auxiliando o aluno a

construir conhecimentos, habilidades e valores necessários para tomar

decisões responsáveis sobre questões de ciência e tecnologia na

sociedade e atuar na solução de tais questões” (SANTOS e

MORTIMER, 2002, p.5).

Santos e Mortimer (2002), ainda enfatizam que estudos sobre CTS têm recebido

uma grande atenção no sentido de que se faz necessário a desmistificação do mito

cientificista, o qual se refere à crença da sociedade moderna na ciência e tecnologia

como se estas fossem uma divindade; também se faz necessário esclarecer que não

existe a neutralidade científica, a ciência sofre influência do contexto, de fatores

econômicos e; ainda observamos a grande influência da ciência sobre o meio ambiente,

gerando debates éticos devido aos seus efeitos e aplicações. Nesse contexto é que os

autores esclarecem que a principal proposição dos currículos com ênfase em CTS tem

sido a de esclarecer e disponibilizar as representações que permitam ao cidadão agir,

tomar decisões e compreender o discurso dos especialistas e não apenas mostrar as

maravilhas da ciência, como a mídia já faz.

No artigo acima citado os autores discutem a estrutura conceitual dos cursos de

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CTS, mostrando a visão de ciência, tecnologia e sociedade esperada de um currículo

com esse tipo de abordagem. Dentre essas categorias eles apontam aqueles que

poderiam ser propostos dentro da atual reforma do ensino médio e finalizam afirmando

que a implantação dessas mudanças no ensino de ciências depende da formação

continuada de professores, como vemos na seguinte afirmação:

“Não adianta apenas inserir temas sociais no currículo, sem qualquer

mudança significativa na prática e nas concepções pedagógicas. Não

bastam as editoras de livros didáticos incluírem em seus livros temas

sociais, ou disseminarem os chamados paradidáticos. Sem uma

compreensão do papel social do ensino de ciências, podemos incorrer

no erro da simples maquiagem dos currículos atuais com pitadas de

aplicação das ciências à sociedade. Ou seja, sem contextualizar a

situação atual do sistema educacional brasileiro, das condições de

trabalho e de formação do professor, dificilmente poderemos

contextualizar os conteúdos científicos na perspectiva de formação da

cidadania” (SANTOS e MORTIMER, 2002, p.18).

É necessário destacarmos que essa abordagem Educação CTS é tida como ponto

de partida para a chamada Educação CTSA (Ciência, tecnologia, sociedade e ambiente),

de acordo com Invernizzi e Fraga (2007):

“Foi precisamente no processo de transposição do campo de pesquisa

CTS para o ensino de ciências com tal enfoque que a sigla ganhou

mais uma letra, o 'A' de CTSA, aludindo ao ambiente. Muito embora a

dimensão ambiental fosse um dos tópicos fundantes do campo CTS”

(INVERNIZZI e FRAGA, 2007).

De acordo com Chassot (2001), que vai ao encontro a Santos e Schnetzler

(2003) uma das maiores contribuições seria se os professores trabalhassem a educação

através do ensino de ciências, dessa forma levariam aos alunos, seja no ensino de Física,

Biologia ou Química, uma concepção que destaque o papel social das mesmas, por meio

de uma contextualização social, política, filosófica, histórica, econômica e religiosa.

Segundo Santos e Schnetzler (2003), algumas estratégias do ensino baseado na

abordagem CTS é trabalhar com visitas a indústrias e museus; estudo de casos

envolvendo problemas reais da sociedade; utilização de entrevistas, relatório de dados e

análise de dado do computador. Outras sugestões também podem ser usadas como

estratégias de ensino, com a utilização de materiais audiovisuais, como slides, filmes,

kits e jogos.

Esse método tem por objetivo desenvolver nos alunos a capacidade de tomar

decisões por meio do uso de recurso audiovisual como método avaliativo em nosso

campo de pesquisa, que contribui para a formação da cidadania, segundo o ensino de

CTS. E desta forma criam-se condições para que o aluno possa refletir criticamente,

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tendo também a inserção do conteúdo científico, auxiliando o aluno na tomada de

decisões de modo colaborativo, de modo a tomarem decisões embasadas na avaliação

de “custo e benefícios” - como chamam Santos e Schnetzler (2003) - e nos valores do

sujeito, proposta pelo professor.

Segundo Cachapuz e colaboradores (2005), que vão ao encontro do autor Santos

e Schnetzler (2003), os estudantes que são educados de acordo com uma educação

científica e tecnológica devem aprender a resolver os problemas concretos e a atender as

necessidades da sociedade, utilizando suas capacidades e conhecimentos científicos e

tecnológicos. E hoje, ao deparar com essas exigências percebemos que é necessário

difundir e promover a alfabetização científica em todas as culturas e setores da

sociedade, proporcionando uma melhoria na formação de cidadãos, na tomada de

decisões referentes a novos conhecimentos.

Alfabetizar cidadãos em ciência e tecnologia é hoje uma necessidade do mundo

contemporâneo, não apenas por mostrar maravilhas da ciência, como a mídia já o faz,

mas poder disponibilizar representações que permitam ao cidadão agir, tomar decisão e

compreender o que o cerca em seu cotidiano. Essa tem sido a principal proposição dos

currículos com ênfase em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) (VAZ et al,

FAGUNDES e PINHEIRO, 2009).

Nesta perspectiva, uma abordagem CTS do tema Fermentação Alcoólica em uma

turma do PROEJA apresenta-se como meio de aproximar o cotidiano, ou seja, a

realidade do aluno, as questões sociais e a história local ao conhecimento científico.

Sabe-se que o ensino de Ciências tem sido um grande desafio para os docentes,

principalmente pela falta de motivação dos alunos que leva a um desinteresse pelo

conteúdo. Assim como ocorre nas turmas do ensino regular diurnas, no PROEJA, os

conteúdos são tratados de forma abstrata. Isto implica na desmotivação destes alunos

que buscam algum significado naquilo que aprendem. Os PCNs (Parâmetros

Curriculares Nacionais) do Ensino Fundamental na área de Ciências Naturais já

abordava a questão de selecionar temas que tenham algum significado para o aluno.

Com isso constata-se a necessidade de mudanças com aulas mais

interdisciplinares e contextualizadas. A proposta deste trabalho foi utilizar a

fermentação alcoólica como tema para uma abordagem interdisciplinar e que promova

uma ligação entre conhecimento escolar e o cotidiano dos estudantes. A fermentação,

por exemplo, acontece no nosso organismo, nas nossas casas, nas padarias, nas usinas e

fábricas de bebidas da nossa região. A turma do PROEJA é composta por muitas donas

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de casa que provavelmente irão se lembrar do fermento que utilizam para fazer o bolo.

O município, Campos dos Goytacazes, vivencia questões referentes à produção do

álcool por meio da fermentação, desde a queimada da cana gerando a fuligem até o mau

cheiro causado pelo resíduo deste processo, o vinhoto.

Nesta perspectiva, utilizar exemplos do cotidiano dos alunos do PROEJA deve

ser apenas uma forma de acolhê-los, uma forma de convidá-los a aprender os

conhecimentos científicos. O conhecimento popular pode aproximar os alunos do

conhecimento científico. “O saber popular é aquele que detém socialmente o menor

prestígio. Talvez devêssemos recordar que este saber popular, em algum tempo

foi/é/será um saber científico” (CHASSOT, 2001, p. 207).

Como já destacado no presente trabalho a cultura da cana-de-açúcar é típica no

município de Campos dos Goytacazes, consequentemente há um grande número de

usinas, caminhões que cruzam a cidade transportando a cana, a fuligem que cai sujando

as casas e ruas, o vinhoto, que possui um odor característico, enfim, inúmeras

evidências demonstram que a cana faz parte do contexto do aluno.

Os alunos do PROEJA certamente presenciaram e presenciam questões

referentes à cana-de-açúcar e a produção do etanol. E, já possuem algum conhecimento

adquirido na comunidade, com familiares, amigos ou conhecidos. Neste sentido Chassot

(2001) diz que espera-se que a escola defenda os saberes da comunidade, ou seja, não

despreze o saber local. Quando a ciência se relaciona aos conhecimentos locais,

consideram-se os saberes que são construídos ao longo da história na sociedade em que

o aluno está inserido.

Assim, considerar os saberes locais é o mesmo que não desprezar os

conhecimentos prévios do aluno, é também aproximar a escola da comunidade. Tudo

isso se torna relevante para ensinar jovens e adultos que se encontram no PROEJA não

só para aprender uma profissão, mas necessitam de uma educação de qualidade e

também inclusão social.

3.3 UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR: O PROCESSO DE

FERMENTAÇÃO

Para se falar em interdisciplinaridade é preciso esclarecer o conceito de

disciplina e definir suas possíveis relações. De acordo com o dicionário Michaelis da

Língua Portuguesa (2001), a palavra disciplina se define como: “Ensino, instrução e

educação; Conjunto de conhecimentos científicos, artísticos, linguísticos etc., que se

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professam em cada cadeira de um instituto escolar”.

Partindo deste pressuposto, esta palavra refere-se a conhecimentos específicos

de uma determinada área de ensino. “Uma disciplina é uma maneira de organizar e

delimitar um território de trabalho, de concentrar a pesquisa e as experiências dentro de

um determinado ângulo de visão” (SANTOMÉ, 1988, p.55).

Deste modo, uma visão disciplinar caracteriza-se como uma única maneira de

pensar, uma forma de isolar e fragmentar o conhecimento. Não há outros pontos de

vista, não há discussão ou troca de ideias, é um território particular.

Segundo Santomé (1988), desde o início do século XIX, as disciplinas são

utilizadas como forma de estruturar o conhecimento. Este processo foi favorecido pela

industrialização, que necessitava de uma especialização de acordo com os modos de

produção.

As disciplinas podem se relacionar umas com as outras. A classificação mais

conhecida referente às formas de relação entre as disciplinas é a de Erich Jantsch, as que

recebem maior destaque são: multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade,

interdisciplinaridade e transdisciplinaridade (JANTSCH, 1979 apud SANTOMÉ, 1988).

Os prefixos inter, multi, pluri e trans são acrescentados à palavra disciplina de acordo

com a maneira que estas se associam.

As distintas associações entre as disciplinas serão representadas de acordo com

Francischett (2005) baseada no modelo de Jantsch (1979).

Na multidisciplinaridade as disciplinas caminham paralelamente, mas não se

encontram. Cada retângulo seria uma disciplina disposta nas seguintes posições:

A pluridisciplinaridade seria representada pelo esquema que interliga as

disciplinas. É estabelecida certa relação entre as mesmas. Mais de uma disciplina

começa a ser utilizada em determinado estudo:

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32

Já interdisciplinaridade destaca-se por integrar conhecimentos de várias

disciplinas, por promover o diálogo e o enriquecimento das mesmas. Esta pode ser

ilustrada quando os retângulos começam a se relacionar ainda mais, como:

Segundo Francischett (2005), a transdisciplinaridade significa a coordenação de

todas as disciplinas com uma finalidade comum, a autora baseou-se no modelo de

Jantsch (1979), para representar também a transdisciplinaridade:

O Art. 5 da Carta da Transdisciplinaridade (1994), afirma que uma visão

transdisciplinar ultrapassa o domínio das ciências exatas, esta visão relaciona as mais

distintas áreas do conhecimento (Ciências exatas, Ciências Humanas, Literatura, Arte,

Poesia, entre outras).

De acordo com Fazenda (1994), o movimento de interdisciplinaridade surge na

Europa, principalmente na França e Itália em meados de 1960. Nessa época iniciou-se

apenas um eco de discussões, não havia reflexões a respeito da interdisciplinaridade,

esta era considerada apenas uma novidade, era vista com um modismo.

Da mesma forma, Santomé (1988), diz que a interdisciplinaridade surgiu com o

objetivo de vencer as barreiras impostas pelas disciplinas, de tornar o conhecimento

mais amplo, estabelecer uma conexão entre o conhecimento de diversas áreas a fim de

preparar um cidadão capaz de solucionar os problemas da sociedade atual, múltipla e

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conectada.

Fazenda (1994) afirma ainda, que foi na década de 70 que o conceito de

interdisciplinaridade começou a se estruturar. Nesta mesma década, a autora iniciou

seus estudos e teve contribuições muito significativas para o nosso país. Mas foi

Japiassú em 1976 o primeiro a publicar um livro sobre o tema no Brasil, intitulado:

Interdisciplinaridade e Patologia do Saber.

Somente na década de 80 que pesquisadores e educadores puderam ser ouvidos,

devido ao período de silêncio. Foi neste período que a interdisciplinaridade passou a

assumir maior destaque. Surgiram novos enfoques e políticas no contexto educacional

que motivaram uma visão mais integrada dos saberes, como destaca Santomé (1988):

“A interdisciplinaridade contribui de forma decisiva para esclarecer novos e ocultos

problemas que não podem ser vislumbrados por análises disciplinares”.

Este pensamento vai ao encontro com as ideias de Fazenda (1994) quando cita o

caráter de provisoriedade de uma atitude disciplinar devido à complexidade dos

fenômenos envolvidos nas ocorrências de sala de aula.

Neste sentido, para a compreensão de muitos assuntos tratados no contexto

escolar ou fora dele é preciso recorrer a mais de uma disciplina, uma visão disciplinar

passa a ser provisória.

A interdisciplinaridade tem estado presente também na legislação brasileira, na

Lei de Diretrizes e Bases Nº 5.692/71, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),

Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), nas escolas, nas

universidades, em debates, em artigos científicos e em outras publicações.

A interdisciplinaridade deve partir da necessidade sentida pelas

escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir,

mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a

atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p. 88-89).

Entretanto, as pesquisas mais recentes apontam que a

interdisciplinaridade tem sido utilizada muitas vezes de maneira equivocada, apenas por

obrigação por fazer parte da legislação. “A prática curricular corrente, apesar de já

passados sete anos desde a divulgação dos PCNEM, continua sendo predominantemente

disciplinar, com visão linear e fragmentada dos conhecimentos na estrutura das próprias

disciplinas” (OCNEM, 2006, p.102).

Fala-se em interdisciplinaridade constantemente, mas professores e alunos

apresentam grandes dificuldades em entender a complexidade deste tema e

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principalmente utilizá-lo na prática educacional.

Neste sentido Santomé (1988), diz que a interdisciplinaridade é um objetivo

nunca completamente alcançado e por isso deve ser permanentemente buscado. A

distinção e divisão entre trabalho de pesquisa e de aplicação pode funcionar como

impedimento a um trabalho interdisciplinar.

De acordo com as ideias de Fazenda (1994), as características de um professor

bem sucedido, as quais conduzem à interdisciplinaridade são: o gosto por conhecer (um

conhecimento de múltiplas e infinitas direções), um ser que busca, que pesquisa e que

tem compromisso com seus alunos. Para esse autor, nas poucas instituições que

valorizam este trabalho, costumam-se aplicar projetos interdisciplinares, estes, servem

como ancoras aos professores que buscam a interdisciplinaridade.

Fazenda (1994) sugere uma forma particular de pensar a prática e de

compreender a didática. A autora ressalta a importância de compartilhar as experiências

individuais para que esta possa ser analisada e discutida.

Nesta perspectiva, o ensino interdisciplinar não deve apenas ser discutido, mas

também praticado e adequado a sua realidade. A reflexão sobre a prática e o diálogo são

fundamentais para que o professor possa ensinar de forma diferenciada e focada na

interdisciplinaridade.

O tema fermentação alcoólica, por exemplo, é um assunto que envolve diversas

áreas do conhecimento, mas assim como outros conteúdos de ensino é tratado de forma

fragmentada.

Como foi proposto anteriormente no processo de fermentação ilustrado no

fluxograma, pode ser feito uma abordagem interdisciplinar, com os seguintes conteúdos:

De acordo com a pesquisa realizada, dentre os conteúdos propostos pelo MEC

para o Ensino Médio, o estudo deste tema envolve principalmente os seguintes assuntos:

Reações Químicas, Calorimetria (Temperatura), Classificação dos Seres Vivos (Reino

Plantae, Reino Fungi), Mecânica, Polias, Funções Orgânicas (álcoois), Ecologia, entre

outros.

A partir das concepções sobre interdisciplinaridade encontradas em: Fazenda

(1994), Santomé (1988), Japiassu (1976), nos PCNs (2002), na LDB (1996), entre

outras publicações, depreendemos que é possível que o processo de ensino e

aprendizagem seja desenvolvido de forma interdisciplinar. O tema fermentação

alcoólica, como exposto acima, um grande leque de opções para seguir esta proposta.

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4. METODOLOGIA

A pesquisa qualitativa (Lüdke e André, 1996), envolve a obtenção de dados

descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza

mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos

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participantes.

De acordo com as autoras, a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e

prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via

de regra através do trabalho intensivo de campo. Segundo Lüdke e André (1996), nesse

tipo de pesquisa, os problemas devem ser estudados no ambiente em que eles ocorrem

naturalmente, sem qualquer manipulação intencional do pesquisador.

Estas são as características mais importantes, das apresentadas pelas autoras (LÜDKE e

ANDRÉ, 1986: 18-21), para ter escolhido o estudo de caso como forma de abordar a

pesquisa:

Enfatiza o contexto da pesquisa para a interpretação do fenômeno;

Usa uma variedade de instrumentos para coletar os dados de modo a abranger o

fenômeno de forma mais profunda;

Utiliza uma linguagem mais acessível do que outros relatórios de pesquisa.

A pesquisa qualitativa não se preocupa com os aspectos quantitativos e com a

representatividade em termos numéricos.

4.1 CONTEXTO DA PESQUISA

A presente pesquisa foi realizada na cidade de Campos dos Goytacazes, Estado

do Rio de Janeiro, no Instituto Federal Fluminense (IFF), campus Centro, na

modalidade PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com

a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos).

De acordo com a Coordenadoria da EJA (que engloba o PROEJA), o PROEJA

possui um total de 218 alunos. Destes alunos, 127 estão matriculados no curso de

Eletrotécnica.

A turma escolhida para a investigação trata-se do módulo I do curso de

eletrotécnica, na qual é composta por 29 matriculados e apenas nove frequentam. Esses

alunos caracterizam-se como trabalhadores que buscam uma oportunidade de

aperfeiçoamento e um aprendizado de qualidade.

4.2 COLETA DOS DADOS

Por meio de pesquisas realizadas procurou-se basear-se em pressupostos do

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paradigma investigativo, utilizando uma abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa

tem origem na sociologia e na antropologia, mas tem sido muito utilizada no ensino

(Ludke e André, 1996).

De acordo com Triviños (1997) o pesquisador qualitativo considera a

participação do sujeito como um dos elementos de seu fazer científico e se apóia em

técnicas e métodos que ressaltam a participação do informante, ele lista os instrumentos

mais importantes para estudar os processos e produtos que o pesquisador qualitativo

mais se interessa:

- entrevista semi-estruturada;

- entrevista aberta ou livre;

- observação livre;

-questionário;

- método clínico;

- análise do conteúdo.

O método de coleta de dados será por meio de aplicação de questionários, que de

acordo com Cervo e Bervian (1983), é a forma mais usada para coletar dados, pois

possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja. Pode conter perguntas abertas ou

perguntas fechadas, ou ambas. Através das perguntas abertas obtêm-se respostas livres e

com perguntas fechadas as respostas são mais precisas e mais fáceis de serem

codificadas e analisadas.

4.3 CAMINHO METODOLÓGICO

Inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico em livros, artigos

científicos e periódicos a fim de analisar os seguintes temas: Ciências, Tecnologia e

Sociedade (CTS), Interdisciplinaridade, PROEJA e a história da indústria alcooeira em

Campos dos Goytacazes.

A coleta de dados foi realizada por meio de dois questionários aplicados em uma

turma do PROEJA, nos meses de janeiro e fevereiro de 2012.

Em um primeiro momento foi aplicado um questionário (apêndice) composto

por cinco questões abertas e fechadas a fim de detectar os conhecimentos prévios dos

alunos sobre o processo da fermentação. Antes de aplicarmos o questionário aplicamos

um fluxograma apresentando as etapas básicas do processo de fermentação. Esse

fluxograma foi apresentado com o objetivo de situar no contexto do processo. As

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questões foram referentes ao cotidiano do aluno a fim de contextualizar a temática e

aproximar seus conhecimentos prévios dos conhecimentos científicos.

No segundo encontro com a turma, ao aplicar a aula, foram feitos alguns

questionamentos sobre o tema. Como já tinha sido aplicado um questionário prévio, foi

obtido um feed back dos alunos. Com o uso de vídeos e slides a aula teve sequencia e

recorreu-se a lousa para esclarecer alguns conceitos.

A aula trabalhada a partir de uma abordagem interdisciplinar e contextualizada

baseou-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Brasil, 2000)

que endossam a autonomia dos sistemas e unidades escolares para contextualizar os

conteúdos curriculares de acordo com as características locais da vida do aluno, sem

desconsiderar uma base nacional comum.

No final da aula foi aplicado um questionário (apêndice) a fim de avaliar os

alunos, para detectar os conceitos construídos pelos discentes e posteriormente

compará-los aos conhecimentos prévios.

O questionário aplicado foi composto somente por questões fechadas, abordando

conhecimentos biológicos, físicos e químicos. As questões trataram dos seguintes

conceitos: equação da reação de fermentação, influência da temperatura na reação, a

levedura utilizada no processo, ou seja, de maneira geral foram tratadas algumas

condições propícias para ocorrer à fermentação alcoólica.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dois questionários constituídos de 05 itens respectivamente foram os

instrumentos utilizados para se verificar os conhecimentos dos discentes a respeito da

fermentação alcoólica.

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A seguir apresentam-se os resultados dos dados coletados através de sete

questionários na etapa inicial e mais seis questionários após a aula para os alunos do

curso de Eletrotécnica na modalidade PROEJA do IFF.

5.1 QUESTIONÁRIO INICIAL

Quando os alunos foram questionados sobre as diversas aplicações do etanol

(álcool), 42,86% associaram este composto a bebidas alcoólicas e combustíveis (Figura

IV).

Figura IV: Primeira questão do questionário inicial.

Certamente porque esse álcool encontra-se muito presente em suas vidas

cotidianas, encontramos esse nome nas prateleiras dos supermercados, nos rótulos das

bebidas ou como álcool utilizado para limpeza e outros fins domésticos e nos postos de

combustíveis.

Esta associação se deve ao fato das bebidas alcoólicas estarem cada vez mais

presentes na sociedade. Estes conhecimentos, então, podem ser uma “ponte” para o

aprendizado dos conhecimentos científicos como afirmam Cavalcanti et al (2010, p.31)

"um dos maiores desafios do ensino de Química, nas escolas de nível fundamental e

médio, é construir uma ponte entre o conhecimento escolar e o mundo cotidiano dos

estudantes".

Na segunda questão, que se refere à matéria prima utilizada na fabricação do

etanol, apenas 28,57%, não souberam fazer as associações necessárias para

42,86%

28,57%

12,28%

12,28%

Cite alguns meios de utilização do etanol (álcool)

combustíveis e bebidas

limpeza e exterilizaçãode materiais cirúrgicos

cosméticos

todos os itens

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compreender a origem do produto.

Figura V: Segunda questão do questionário inicial.

Desta forma, a grande maioria dos alunos (71,43%), respondeu corretamente a

questão. Certamente estes discentes associaram a cana-de-açúcar como matéria prima

por estarem habituados a visualizar caminhões transportando esta matéria prima.

Percebe-se que os PCNs (BRASIL, 2012 p. 94) recomendam considerações em

relação aos conhecimentos trazidos pelos alunos, afirmam que devem-se "[...] articular e

traduzir a linguagem do senso comum para a científica e tecnológica;" compreender a

participação de eventos químicos nos ambientes naturais e tecnológicos.

Na terceira questão (Figura VI) observa-se que a maioria dos alunos (71,43%),

reconhece a fermentação como um meio de obtenção do etanol através do caldo. Os

dados apontam que estes alunos possuem conhecimentos do senso comum que podem

ser um ponto de partida para os conhecimentos científicos envolvidos nesse processo.

71,43%28,57%

Você sabe quais as matérias primas usadas na fabricação do etanol

(álcool)?

sim

não

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Figura VI: Terceira questão do questionário inicial.

A questão seguinte (Figura VII) refere-se ao gás produzido durante o processo de

fermentação. De acordo com os dados 57,14% não souberam responder a questão.

Somente 12,29% responderam corretamente. Já 28,57% relacionaram ao metano, que é

proveniente do processo de decomposição de matéria orgânica. Isso demonstra que eles

não têm conhecimento da reação química que ocorre nesse processo e quais são os

reagentes e produtos.

Figura VII: Quarta questão do questionário inicial.

A última questão foi subdividida em dois subitens, no primeiro subitem foram

feitas duas perguntas. Na primeira pergunta (Figura VIII) criou-se uma situação

envolvendo uma temática do contexto local, a colheita da cana. Os alunos conseguiram

71,43%

28,57%

Qual é o processo que ocorre para que o caldo (extrato da matéria prima) se transforme em etanol

(álcool)?

fermentação

não sabem

57,14%

12,29%

28,57%

Qual é o gás presente no resultado desse processo?

não sabem

gás carbônico

metano

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ter uma boa compreensão do tema proposto, fato esse desejado, visto que “o ensino de

ciências deve apresentar informações que preparem os cidadãos para tratar

responsavelmente as questões sociais relativas à ciência” (POGGE e YAGER, apud

SANTOS e SCHNETZLER 1987, p.221).

Todos os alunos souberam identificar que a fuligem é oriunda da queima da

cana. Eles naturalizam esse fenômeno, por ser um fato comum no dia a dia, entretanto é

um resíduo nocivo ao ambiente e pode causar problemas respiratórios.

Figura VIII: Primeiro subitem da quinta questão do questionário inicial.

A colheita da cana pode ser manual ou mecanizada, a primeira necessita da

queima da cana e de mão de obra, os boias-frias. Já a mecanizada necessita de menor

quantidade de trabalhadores devido ao uso de máquinas. Na segunda pergunta ao serem

questionados sobre a implantação da mecanização ser lenta ou gradativa (Figura IX),

cerca de 71,43% dos alunos afirmaram que é devido ao alto custo das máquinas para os

pequenos produtores rurais. Já 28,57% dos alunos afirmaram que a mecanização é um

processo lento.

Essa discussão possibilita questionamentos que estão de acordo com os

pressupostos do CTS, segundo o qual o aluno deve ser formado para participar

criticamente de tomadas de decisão na sociedade, além de possibilitar uma união de

questões sociais às disciplinas científicas (SANTOS e SCHNETZLER, 2003).

100%

De onde vem a fuligem?

da queima da cana-de-açúcar

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Figura IX: Primeiro subitem da quinta questão do questionário inicial.

No segundo subitem dessa última questão (Figura X), nos refere-se à vinhaça

com uma linguagem popular, o mau cheiro. No entanto, os alunos apresentaram

facilidade em responder a questão, pois puderam utilizar os conhecimentos do senso

comum. O mau cheiro trazido pela vinhaça, resíduo do processo de fermentação, está

presente no dia a dia desses alunos. Percebemos novamente a importância de valorizar

esses conhecimentos como foi comentado anteriormente.

Figura X: Segundo subitem da quinta questão do questionário inicial.

71,43%

28,57%

Por que o processo de mecanização irá ser implantado gradativamente e

não de uma única vez?

alto custo das máquinaspara a empresa

o processo é lento

0%

99%

1%

O que causa o mau cheiro citado pela Dona Francisca?

carbono

cheiro do vinhoto, resíduode todo o processo

queima dos canaviais

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5.2 QUESTIONÁRIO PÓS AULA

A primeira questão refere-se à reação da fermentação alcoólica (Figura XI).

Cerca de 66,67% dos alunos escolheram a alternativa correta que se refere a glicose,

como reagente. Estes resultados indicam que houve uma compreensão dos componentes

da reação de fermentação por parte dos discentes.

Figura XI: Primeira questão do questionário pós aula.

Já os 16, 67% dos alunos que escolheram a galactose podem ter se confundido

devido à similaridade da palavra. Apesar da galactose também ser um monossacarídeo

como a glicose, ela está presente no leite e não pode ser extraída da cana-de-açúcar.

Na questão dois referente à classificação da Saccaromyces cereviseae (Figura

XII), 66,70% dos alunos responderam a alternativa correta. Certamente recorreram ao

momento da aula em que foram discutidos tais conceitos.

66,67%

16,67%

16,67%

Em relação ao gás carbônico liberado durante o processo de fermentação

Proveniente da glicose

Proveniente da água

Proveniente da galactose

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Figura XII: Segunda questão do questionário pós aula.

Já os 33,34% que responderam a alternativa incorreta, que a classificando este

microorganismo como bactéria, eles não conseguiram, mesmo depois da aula entender

que é um fungo ou levedura.

A questão três (Figura XIII) refere-se aos produtos finais da fermentação

alcoólica. Todos os alunos optaram pela alternativa correta.

Figura XIII: Terceira questão do questionário pós aula.

33,34%

66,70%

A Saccharomyces cerevisiae pode ser classificada como

Bactéria

Fungo

Vírus

100%

Quais são os produtos finais do processo de fermentação

Gás carbônico e água

Gasolina e água

Etanol e gás carbônico

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Durante a aula, a equação simplificada da fermentação foi discutida e de acordo

com os resultados, tais definições ficaram claras o suficiente para que os alunos

pudessem responder corretamente a questão. Pode-se concluir, então, que seus

conhecimentos evoluíram e eles reconhecem os reagentes e produtos desta reação

química.

Na questão quatro (Figura XIV), todos os alunos responderam que a temperatura

interfere na reação de fermentação.

Figura XIV: Quarta questão do questionário pós aula.

O conceito de temperatura e sua influência na reação foram bastante discutidos

na aula. A reação de fermentação alcoólica ocorre em uma temperatura considerada

ideal de 28° a 30°C (SEBRAE e SEAMA, 2001). A lousa foi utilizada para ilustrar o

grau de agitação das moléculas. As imagens das dornas de fermentação foram

apresentadas para identificar o local em que a temperatura é mantida para que o

processo de fermentação ocorra de forma eficaz. Percebe-se que o uso de imagens e

esquemas facilitou o processo de ensino aprendizagem.

Na questão cinco (Figura XV) 66,7 % marcaram a alternativa correta que afirma

que o processo de fermentação é anaeróbico obrigatório. Desta forma, estes alunos

associaram os conhecimentos de Biologia aos conhecimentos de Química para

responder a questão, alcançando os objetivos da proposta interdisciplinar. Já (16,67%)

dos alunos, uma minoria, que marcou a alternativa incorreta não souberam fazer as

associações necessárias para compreender tais conhecimentos abordados.

100%

A temperatura pode influenciar na fermentação alcóolica?

sim

não

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Figura XV: Quinta questão do questionário pós aula.

As questões trabalhadas foram constituídas com conhecimentos de Biologia,

Física e Química, de acordo com os conteúdos programáticos destinados ao Ensino

Médio.

Para o estudo da fermentação foram utilizados os seguintes conhecimentos:

Química: componentes da reação (glicose, gás carbônico, etanol, e etc.);

Biologia: reino Fungi (levedura) que promove a fermentação – respiração

celular – e digestão anaeróbica;

Física: a temperatura ideal para que ocorra a fermentação.

Para que ocorra a interdisciplinaridade não se trata de eliminar

as disciplinas, trata-se de torná-las comunicativas entre si, concebê-las

como processos históricos e culturais, e sim torná-la necessária a

atualização quando se refere às práticas do processo de ensino-

aprendizagem (FORTES 2009).

Tendo em vista que a glicose proveniente da cana-de-açúcar, é consumida

pela levedura Saccharomyces cerevisiae, em um processo anaeróbico, obtendo como

produtos finais gás carbônico e etanol, em uma temperatura ideal, é possível utilizar

conhecimentos das áreas a fins para a compreensão global do processo de fermentação

alcoólica. Quando há um diálogo entre esses conteúdos promove-se a

interdisciplinaridade.

16,70%

66,70%

16,70%

A fermentação é um processo:

Aeróbico

Anaeróbico obrigatório

Anaeróbico facultativo

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicialmente foi relacionado o tema fermentação alcoólica à cidade de Campos

dos Goytacazes nos seus aspectos históricos, procurando localizar a fermentação como

geradora de várias atividades industriais, que de forma direta ou indireta fazem parte do

cotidiano dos moradores desta região.

Neste trabalho deu-se enfoque a um ensino interdisciplinar, onde foram

propostos alguns conteúdos de Química, Física e Biologia referentes ao Ensino Médio

que puderam ser utilizados para a compreensão de assuntos referentes à cana-de-açúcar

com ênfase na Fermentação Alcoólica. Cada área específica pôde ser relacionada à

outra a fim de compreender o assunto de forma mais global. E constatou-se por meio

dos resultados que a proposta interdisciplinar foi alcançada como observado nas

respostas do questionário pós aula.

Partiu-se do tema Fermentação Alcoólica por este ser um tema local de

conhecimento de todos, principalmente de alunos como os do PROEJA, pois ao

considerarmos seus conhecimentos prévios, de senso comum, percebe-se que foi

possível uma contextualização mais efetiva ao abordarmos os conhecimentos científicos

de Biologia, Física e Química.

Visando a contextualização do tema, foram abordados também os

conhecimentos de História já que a cultura da cana-de-açúcar é típica no município de

Campos dos Goytacazes. Este conteúdo, apesar de não ter sido trabalhado em sala de

aula com os alunos, permeia todo o estudo realizado. A história da cana-de-açúcar em

Campos dos Goytacazes esteve inserida no presente trabalho, pois a cidade progrediu

em torno desta monocultura.

O desenvolvimento dos conhecimentos do senso comum, aliando questões da

ciência e questões sociais, são indispensáveis para a formação do cidadão. Baseado

neste pressuposto utilizou-se as relações CTS, na qual o aluno deve ser formado, para

participar criticamente de tomadas de decisão na sociedade. Percebe-se esta associação

quando questiona-se a respeito da mecanização da colheita da cana no questionário

aplicado antes da aula. Estes alunos associaram a colheita manual à oferta de trabalho

no período da colheita na região. Com o início da mecanização da colheita da cana, esta

oferta de trabalho estaria abolida. Essa discussão possibilita o desenvolvimento de uma

postura crítica pelos alunos.

Diante da aplicação dos questionários depreendemos que o professor de ciências

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precisa valorizar as experiências que o aluno já possui, pois isso é imprescindível no

processo de construção do conhecimento.

Foi constatado ainda que é possível trabalhar os conhecimentos de Química,

Física e Biologia de forma interdisciplinar, apesar do nosso ensino ainda estar preso a

um modelo segmentado entre as próprias disciplinas da área científica e, mais ainda

distanciado de questões sociais.

As estratégias de ensino apresentadas neste estudo são propostas para que o

ensino de Ciências não seja tratado de forma isolada, descontextualizada e fragmentada.

A aproximação entre as disciplinas das áreas a fins, entre Ciência, Sociedade e

Tecnologia, considerando os saberes do senso comum, e relacionando aos saberes

científicos, apresentam-se como uma busca por um ensino mais eficaz na modalidade

PROEJA.

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ANEXOS

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LEI Nº 2049, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1992.

Dispõe sobre a proibição de queimadas da vegetação no estado do rio de janeiro em

áreas e locais que especifica e dá outras providências.

O Governador do Estado do Rio de Janeiro:

Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Ficam proibidas no Estado do Rio de Janeiro as queimadas de vegetação nas

seguintes áreas e locais:

I - Nos perímetros urbanos e nos contornos dos mesmos, numa faixa de 2000 (dois mil)

metros;

II - Nos canteiros centrais e ao longo das rodovias federais, estaduais e municipais, na

faixa marginal de cada lado da pista, cuja largura mínima, medida a partir da linha de

servidão, será de 1000 (mil) metros para as auto-estradas, rodovias e estradas vicinais;

III - Ao longo das ferrovias federais e estaduais, em faixa marginal de 500 (quinhentos)

metros;

IV - Ao longo das linhas de transmissão de energia elétrica, numa faixa marginal de 500

(quinhentos) metros;

V - Ao redor das subestações de energia elétrica, numa faixa de 500 (quinhentos)

metros;

VI - Ao longo dos gasodutos e oleodutos, numa faixa marginal de 500 (quinhentos)

metros;

VII - Ao redor de aeroportos, numa faixa de 1000 (mil) metros;

VIII - Ao redor de estações de telecomunicações, numa faixa de 500 (quinhentos)

metros;

IX - Ao longo dos rios, ou de qualquer outro curso d’água, desde o seu nível mais alto

em faixa marginal, cuja largura mínima será:

a) 300 (trezentos) metros para os rios ou cursos de menos de 10 (dez) metros de largura;

b) 350 (trezentos e cinqüenta) metros para os rios ou cursos que tenham entre 10 (dez) e

50 (cinqüenta) metros de largura;

c) 400 (quatrocentos) metros para os rios ou cursos que meçam entre 50 (cinqüenta) e

100 (cem) metros de largura;

d) 450 (quatrocentos e cinqüenta) metros para os rios ou cursos d’água que possuam

entre 100 (cem) e 200 (duzentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros para os rios ou cursos com largura superior a 200 (duzentos)

metros.

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X - No contorno de lagos, lagoas, lagunas, reservatórios de água artificiais e áreas

estuarinas numa faixa de 500 (quinhentos) metros;

XI - Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer

que seja a sua situação topográfica numa faixa mínima de 500 (quinhentos) metros ao

seu redor;

XII - Nos contornos de Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, áreas de vegetação

nativa, Reservas Biológicas, Arqueológicas e Ecológicas, numa faixa de 1000 (mil)

metros;

XIII - Nas áreas consideradas de preservação permanente, quando assim declaradas por

Lei, na totalidade de suas delimitações e ao redor destas numa faixa mínima de 1000

(mil) metros;

XIV - Nas encostas ou parte destas, com declividade superior a 45º equivalente a 100%

(cem por cento) na linha de maior declive;

XV - No topo dos morros, montes, montanhas e serras, qualquer que seja a vegetação;

XVI - Em altitudes superiores a 1800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a

vegetação;

XVII - Nas florestas e demais formas de vegetação destinadas a:

a) Asilar exemplares de fauna e flora ameaçados de extinção;

b) Fixar dunas;

c) Manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

d) Atenuar a erosão de terras;

e) Assegurar condições de bem-estar público.

XVIII - Nas áreas de interesse arqueológico, histórico, científico, paisagístico e

cultural, quando assim declaradas por Lei, na totalidade de sua delimitação e ao redor

destas numa faixa de 500 (quinhentos) metros.

§ 1º - Define-se como queimada a queima a céu aberto de mato, árvores, arbustos ou

qualquer vegetação seca ou verde, com o objetivo de preparar terreno para semear,

plantar, colher, ou para qualquer outro fim, bem como a limpeza de pastos ou vegetação

invasora de terrenos;

§ 2º - VETADO

* Art. 2º - Os proprietários da terra, usineiros e plantadores de cana-de-açúcar, que

utilizam na colheita a prática de queimada, poderão ter uma adaptação gradativa, com

prazo de 4 (quatro) anos, de acordo com a seguinte tabela:

I - No 1º ano, somente poderão adotar a prática da queimada, na colheita de cana-de-

açúcar, em apenas 80% (oitenta por cento) da área a ser colhida neste período, devendo

colher a cana crua nos 20% (vinte por cento) restantes do talhão;

II - No 2º ano, somente poderão adotar a prática da queimada, para a colheita de cana-

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de-açúcar, em apenas 60% (sessenta por cento) da área a ser colhida neste período,

devendo colher a cana crua nos 40% (quarenta por cento) restantes do talhão;

III - No 3º ano, somente poderão adotar a prática da queimada, para a colheita de cana-

de-açúcar, em apenas 40% (quarenta por cento) da área a ser colhida neste período,

devendo colher a cana crua nos 60% (sessenta por cento) restantes do talhão;

IV - No 4º ano, somente poderão adotar a prática da queimada, para colheita de cana-

de-açúcar, em apenas 20% (vinte por cento) da área a ser colhida neste período,

devendo colher a cana crua nos 80% (oitenta por cento) restantes do talhão;

V - No 5º ano, já terão que colher a cana-de-açúcar crua em 100% (cem por cento) da

área total produzida que estiver pronta para a colheita neste período, não podendo mais

adotar a prática da queimada.

§ 1º - A aplicação da tabela referente à adaptação gradativa dos produtores de cana,

refere-se apenas às áreas plantadas que estiverem prontas para serem colhidas no ano

especificado, não significando, portanto, a área total plantada da propriedade.

§ 2º - Para o cumprimento desta tabela, fica o produtor de cana-de-açúcar obrigado a

fornecer, anualmente, ao órgão competente, as seguintes informações:

I - Área total plantada da propriedade;

II - Área total a ser colhida ao ano;

III - Épocas da colheita.

Art. 3º - VETADO

§ 1º - VETADO

§ 2º - VETADO

§ 3º - VETADO

* Artigo 2º - revogado pelo artigo 11 da Lei nº 5990/2011.

Art. 4º - A fiscalização do cumprimento do disposto nesta Lei será exercida pela

Comissão Estadual de Controle Ambiental - CECA de acordo com o inciso II do Artigo

4º do decreto-lei nº 134, de 16 de junho de 1975.

Parágrafo único - A fiscalização a que se refere este artigo poderá, mediante convênio,

ser cometida por outros órgãos ou entidades da Administração Direta, Indireta ou

Fundações do Estado, bem como órgão da Administração Municipal.

Art. 5º - Aos infratores das disposições desta Lei serão aplicadas as seguintes

penalidades:

I - Multa de 1 (uma) a 1000 (mil) UFERJs referentes à data da infração, por hectare de

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área queimada;

II - Obrigação de recomposição da área nos casos de vegetação natural protegida por

Lei, a qual será feita por meio de plantio de espécies nativas do local, sob supervisão da

Secretaria Estadual do Meio Ambiente, ou qualquer outro órgãos que seja o responsável

pela fiscalização, segundo o artigo 4º da presente Lei.

III - Aplicação de multas diárias e progressivas para os casos de continuidade ou

reincidência da infração, incluída a interdição da atividade, além da obrigação de

reparar, mediante restauração, os danos causados, segundo o item anterior deste artigo.

Parágrafo único - As penalidades previstas no inciso I deste artigo serão aplicadas sem

prejuízos das indicadas nos incisos II e III.

Art. 6º - As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:

a) Diretos,

b) Arrendatários, parceiros, posseiros, grileiros, gerentes, administradores, diretores,

promitentes compradores ou proprietários das áreas florestais e demais formas de

vegetação, desde que praticadas por prepostos ou subordinados e no interesse dos

preponentes ou superiores hierárquicos;

c) Autoridades que se omitirem ou facilitarem, por consentimento ilegal, a prática de

queimada.

Art. 7º - As circunstâncias atenuantes e agravantes a serem utilizadas na aplicação das

penalidades previstas nesta Lei são as mesmas contidas nos incisos I e II do Art. 37 do

Decreto Federal nº 88274, de 06 de junho de 1990, que regulamenta a Lei Federal nº

6938 de 31 de agosto de 1981.

Art. 8º - VETADO.

Art. 9º - As multas previstas nesta Lei deverão ser recolhidas pelo infrator dentro de 30

(trinta) dias, contados a partir da ciência da notificação para recolhimento de multa, sob

a pena de inscrição como dívida ativa.

Art. 10 - O recolhimento da multa deverá ser feito através do Documento de

Arrecadação do Estado do Rio de Janeiro - DARJ - a favor da Secretaria Estadual de

Meio Ambiente.

Art. 11 - Os recursos, que não terão efeito suspensivo, serão interpostos dentro de 30

(trinta) dias, contados a partir da ciência da notificação para recolhimento de multa.

Art. 12 - Não serão reconhecidos os recursos que deixarem de vir acompanhados de

cópia autenticada da guia de recolhimento de multa - DARJ.

Art. 13 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições

em contrário.

Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1992.

LEONEL BRIZOLA

Governado

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Carta da Transdisciplinaridade

(Adotada no Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade

Convento de Arrábida, Portugal, 2-6 novembro, 1994)

Comitê de redação: Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu

Preâmbulo

Considerando que a proliferação atual das disciplinas acadêmicas conduz a um

crescimento exponencial do saber que torna impossível qualquer olhar global do ser

humano;

Considerando que somente uma inteligência que se dá conta da dimensão

planetária dos conflitos atuais poderá fazer frente à complexidade de nosso mundo e ao

desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual de nossa espécie;

Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência

triunfante que obedece apenas à lógica assustadora da eficácia pela eficácia;

Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais

acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo

obscurantismo, cujas conseqüências sobre o plano individual e social são incalculáveis;

Considerando que o crescimento do saber, sem precedentes na história,

aumenta a desigualdade entre seus detentores e os que são desprovidos dele, engedrando

assim as desigualdades crescentes no seio dos povos e entre as nações do planeta;

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Considerando simultaneamente que todos os desafios enunciados possuem sua

contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário do saber pode conduzir a

uma mutação comparável à evolução dos humanóides à espécie humana;

Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial

de Transdisciplinaridade (Convento de Arrábida, Portugal, 2-6 de novembro de 1994)

adotaram o presente Protocolo entendido como um conjunto de princípios fundamentais

da comunidade de espíritos transdisciplinares, constituindo um contrato moral que todo

signatário deste Protocolo faz consigo mesmo, sem qualquer pressão jurídica e

institucional.

Artigo 1

Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-

lo nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a visão

transdisciplinar.

Artigo 2

O reconhecimento da existência de diferentes níveis de realidade, regidos por

lógicas diferentes é inerente à atitude transdisciplinar. Qualquer tentativa de reduzir a

realidade a um único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da

transdisciplinaridade.

Artigo 3

A transdisciplinaridade é complementar à aproximação disciplinar: faz emergir

da confrontação das disciplinas dados novos que as articulam entre sí; oferece-nos uma

visão da natureza e da realidade. A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre as

várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as

ultrapassa.

Artigo 4

O ponto de sustentação da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e

operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade

aberta por um novo olhar, sobre a relatividade das noções de definição e objetividade. O

formalismo excessivo, a rigidez das

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definições e o absolutismo da objetividade comportando a exclusão do sujeito levam ao

empobrecimento.

Artigo 5

A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela

ultrapassa o domínio das ciências exatas por seu diálogo e sua reconciliação não

somente com as ciências humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a

experiência espiritual.

Artigo 6

Com relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a

transdisciplinaridade é multidimensional. Levando em conta as concepções do tempo e

da história, a transdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte trans-

histórico.

Artigo 7

A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia, uma

nova metafísica ou uma ciência das ciências.

Artigo 8

A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica e planetária. O

surgimento do ser humano sobre a Terra é uma das etapas da história do Universo. O

reconhecimento da Terra como pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade.

Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, mas, a título de habitante da Terra, é

ao mesmo tempo um ser transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional de

um pertencer duplo - a uma nação e à Terra - constitui uma das metas da pesquisa

transdisciplinar.

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Decreto nº 5.840, de 13 de Julho de 2006

Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da

Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de

Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art.

84, inicso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 35 a 42 da Lei nº

9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004, no

art. 6º, inciso III, da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e no art. 54, inciso XV, da

Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da

Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e

Adultos - PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto.

§ 1º O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação

profissional:

I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e

II - educação profissional técnica de nível médio.

§ 2º Os cursos e programas do PROEJA deverão considerar as características dos

jovens e adultos atendidos, e poderão ser articulados:

I - ao ensino fundamental ou ao ensino médio, objetivando a elevação do nível de

escolaridade do trabalhador, no caso da formação inicial e continuada de trabalhadores,

nos termos do art. 3º, § 2º, do Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004; e

II - ao ensino médio, de forma integrada ou concomitante, nos termos do art. 4º, §

1º, incisos I e II, do Decreto nº 5.154, de 2004.

§ 3º O PROEJA poderá ser adotado pelas instituições públicas dos sistemas de

ensino estaduais e municipais e pelas entidades privadas nacionais de serviço social,

aprendizagem e formação profissional vinculadas ao sistema sindical ("Sistema S"),

sem prejuízo do disposto no § 4º deste artigo.

§ 4º Os cursos e programas do PROEJA deverão ser oferecidos, em qualquer caso, a

partir da construção prévia de projeto pedagógico integrado único, inclusive quando

envolver articulações interinstitucionais ou intergovernamentais.

§ 5º Para os fins deste Decreto, a rede de instituições federais de educação

profissional compreende a Universidade Federal Tecnológica do Paraná, os Centros

Federais de Educação Tecnológica, as Escolas Técnicas Federais, as Escolas

Agrotécnicas Federais, as Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais e o

Colégio Pedro II, sem prejuízo de outras instituições que venham a ser criadas.

Art. 2º As instituições federais de educação profissional deverão implantar cursos e

programas regulares do PROEJA até o ano de 2007.

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§ 1º As instituições referidas no caput disponibilizarão ao PROEJA, em 2006, no

mínimo dez por cento do total das vagas de ingresso da instituição, tomando como

referência o quantitativo de matrículas do ano anterior, ampliando essa oferta a partir do

ano de 2007.

§ 2º A ampliação da oferta de que trata o § 1º deverá estar incluída no plano de

desenvolvimento institucional da instituição federal de ensino.

Art. 3º Os cursos do PROEJA, destinados à formação inicial e continuada de

trabalhadores, deverão contar com carga horária mínima de mil e quatrocentas horas,

assegurando-se cumulativamente:

I - a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas para formação geral; e

II - a destinação de, no mínimo, duzentas horas para a formação profissional.

Art. 4º Os cursos de educação profissional técnica de nível médio do PROEJA

deverão contar com carga horária mínima de duas mil e quatrocentas horas,

assegurando-se cumulativamente:

I - a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas para a formação geral;

II - a carga horária mínima estabelecida para a respectiva habilitação profissional

técnica; e

III - a observância às diretrizes curriculares nacionais e demais atos normativos do

Conselho Nacional de Educação para a educação profissional técnica de nível médio,

para o ensino fundamental, para o ensino médio e para a educação de jovens e adultos.

Art. 5º As instituições de ensino ofertantes de cursos e programas do PROEJA serão

responsáveis pela estruturação dos cursos oferecidos e pela expedição de certificados e

diplomas.

Parágrafo único. As áreas profissionais escolhidas para a estruturação dos cursos

serão, preferencialmente, as que maior sintonia guardarem com as demandas de nível

local e regional, de forma a contribuir com o fortalecimento das estratégias de

desenvolvimento socioeconômico e cultural.

Art. 6º O aluno que demonstrar a qualquer tempo aproveitamento no curso de

educação profissional técnica de nível médio, no âmbito do PROEJA, fará jus à

obtenção do correspondente diploma, com validade nacional, tanto para fins de

habilitação na respectiva área profissional, quanto para atestar a conclusão do ensino

médio, possibilitando o prosseguimento de estudos em nível superior.

Parágrafo único. Todos os cursos e programas do PROEJA devem prever a

possibilidade de conclusão, a qualquer tempo, desde que demonstrado aproveitamento e

atingidos os objetivos desse nível de ensino, mediante avaliação e reconhecimento por

parte da respectiva instituição de ensino.

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Art. 7º As instituições ofertantes de cursos e programas do PROEJA poderão aferir e

reconhecer, mediante avaliação individual, conhecimentos e habilidades obtidos em

processos formativos extraescolares.

Art. 8º Os diplomas de cursos técnicos de nível médio desenvolvidos no âmbito do

PROEJA terão validade nacional, conforme a legislação aplicável.

Art. 9º O acompanhamento e o controle social da implementação nacional do

PROEJA será exercido por comitê nacional, com função consultiva.

Parágrafo único. A composição, as atribuições e o regimento do comitê de que trata

o caput deste artigo serão definidos conjuntamente pelos Ministérios da Educação e do

Trabalho e Emprego.

Art. 10. O § 2º do art. 28 do Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, passa a vigorar

com a seguinte redação:

"§ 2º A criação de cursos de graduação em direito e em medicina, odontologia e

psicologia, inclusive em universidades e centros universitários, deverá ser

submetida, respectivamente, à manifestação do Conselho Federal da Ordem dos

Advogados do Brasil ou do Conselho Nacional de Saúde, previamente à

autorização pelo Ministério da Educação." (NR)

Art. 11. Fica revogado o Decreto nº 5.478, de 24 de junho de 2005.

Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 13 de julho de 2006; 185º da Independência e 118º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Fernando Haddad

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APÊNDICES

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Questionário

1) Cite alguns meios de utilização do etanol (Álcool).

________________________________________________________________

2) Você sabe qual (ais) a(s) matéria(s) prima(s) usada na fabricação do Etanol

(Álcool)?

( ) SIM ( ) NÃO

Cite: _____________________________________________________

(Sobre o Fluxograma):

3) Qual é processo que ocorre para que o caldo (extrato da matéria prima) se

transforme em Etanol (Álcool)?

________________________________________________________________

4) Qual é o gás presente no resultado desse processo?

________________________________________________________________

5)"NEVASCA ATINGE CAMPOS DOS GOYTACAZES"

Uma nevasca negra atingiu a cidade de Campos dos Goytacazes, interior

do Rio de Janeiro, na tarde de Terça feira (6/07/11).

Era possível ver o "carbono-negro" despencar dos céu, assim como uma garoa,

enegrecendo a cidade, sujando vias, casas e terrenos.

Fuligem é o nome dado a esse pesadelo que ronda a vida de todos os Campistas

e também moradores vizinhos de Canaviais. Além de poluir, fazer mal ao meio

ambiente, médicos também alertam para a ocorrência de dificuldades

respiratórias, alergias, tosse e até outras doenças respiratórias graves.

Dona Francisca, 68 anos, natural de Campos reivindica:

" Já não aguento mais tanta sujeira, além da dificuldade de respirar, a tosse e o

mal da garganta seca. Para piorar, não vai demorar muito, vai aparecer também

aquele mal cheiro, que encobre toda a cidade! Não vejo a hora de acabar com

esses canaviais".

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Os dias para a fuligem estão contados, uma lei entra em vigor ainda esse

ano para que até 2017 a colheita da cana seja mecanizada, ou seja, será o fim das

queimadas.

(Folha da manha on-line Campos dos Goytacazes-RJ 07/7/2011)

a) De onde vem a Fuligem? Por que o processo de mecanização ira ser

implantado gradativamente e não de uma única vez?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

b) O que causa o mau cheiro citado pela Dona Francisca?

_________________________________________________________________

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Projeto: Uma abordagem interdisciplinar da fermentação alcoólica à produção do

etanol, em uma turma do PROEJA do instituto federal fluminense.

Curso: Eletrotecnico – PROEJA Módulo: 1º Data:

Professora: Alzira

ATIVIDADES

1) Em relação ao gás carbônico liberado durante o processo de fermentação é

correto afirmar que:

a) é proveniente da glicose

b) é proveniente da H2O

c) é proveniente da galactose

2) A Saccharomyces cereviseae pode ser classificada como:

a) Bactéria

b) Fungo

c) Vírus

3) Quais são os produtos finais do processo de fermentação alcoólica?

a) Gás carbônico e água

b) Gasolina e água

c) Etanol e gás carbônico

4) A temperatura pode influenciar na reação de fermentação alcoólica?

( ) sim

( ) não

5) A fermentação é um processo:

a) Aeróbico (ocorre na presença de oxigênio)

b) Anaeróbico Obrigatório

c) Anaeróbico Facultativo