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ADE-PR · Associação de Divulgadores do Espiritismo do Estado do Paraná CURITIBA · ANO XII · JULHO / AGOSTO 2008 · NÚMERO 68 www.adepr.org.br Educação Moral: o melhor antídoto à violência Educação Moral: o melhor antídoto à violência Sábia observação de Allan Kardec acrescentada à questão 685 de O Livro dos Espíritos. Fala-se da necessidade de se investir na educa- ção como sinônimo de instrução intelectual. Para o Espiritismo, ela possui significado mais amplo, aplicando-se ao homem em todas as suas dimensões: bio-psico-intelecto-sócio-moral, fundamentalmente esta. "Há um elemento (...) sem o qual a ciência econômica não é mais que uma teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a (...) moral e não a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na , a que porque a Quando se pensa na massa de indivíduos jogados cada dia na torrente da população, sem princípios, sem freios e entregues aos seus próprios instintos, deve-se espantar das conseqüências desastrosas que resultam?” arte de formar os caracteres dá os hábitos: educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Este é o tema da matéria da página 12. Os males da liberdade descomprometida no meio espírita O conceito de livre-arbítrio está presente na filosofia, nas religiões e na ciência. Entre os espíritas, reveste-se de caráter especial não só pelo alinhamento à lei moral de causa e efeito e oposição à fatalidade cega, mas pelo inalienável direito de auto-determinação. Pessoas imaturas, porém, ao exagerar esse direito, causam danos também a terceiros, a instituições e ao próprio Espiritismo. Editorial, página 02. Uma análise sobre as polêmicas curas espirituais O tema divide as opiniões. Muitos são contra, inclusive espíritas, que não deixam de a elas recorrer, às vezes antes mesmo de se esgotarem outras alternativas. Médiuns, nem sempre espíritas; os vários tipos de tratamentos; a opinião de Divaldo Pereira Franco e a recomendação de Paulo de Tarso. Página 05. A estranha mediunidade de Luísa B. Os jornais franceses noticiaram em 1865 e Kardec analisou na Revue em janeiro do ano seguinte. A moça dormiu 56 horas após a morte da irmã e depois passou a ver e ouvir o que ninguém mais percebia. Página 09. Wilson Garcia contesta matéria sobre o primeiro Centro Espírita do mundo Segundo o conhecido jornalista e escritor, trata-se de um equívoco cometido por boa parte da imprensa espírita considerar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec em 1º de abril de 1858, como um centro espírita. Seu artigo refutando a informação do “CAE” está nas , bem como alguns argumentos da nossa Redação, alimentando o debate. páginas 10 e 11 Outros Destaques Desta Edição ADEs da PB e do RN apresentam planos de trabalho Pág. 04. – A Associação de Divulgadores do Espiritismo da Paraíba, tendo à frente Raquel Maia, elaborou um projeto que já está em execução e contempla um programa de rádio, o lançamento de um livro, o seu site e futuramente programa na Tv. Já a co-irmã do Rio Grande do Norte, presidida por Nertan Jucá, também prevê a criação de um programa radiofônico, o portal e o jornal “O Mensagei- ro” já em circulação, inclusive como encarte de um jornal leigo de Natal. Vale a pena recordar Pág. 08. – Tem um sabor especial ler agora ou reler o que publicamos há dez anos. Em homenagem à data de nascimento de Allan Kardec, organizador do Espiritismo, aludimos a trechos especiais das cinco de suas principais obras. Mas houve mais: a importância de um departamento de divulgação nos Centros Espíritas e notícias diversas, entre elas o funcionamento da Livraria Ponto de Luz que é, desde então, um dos nossos anunciantes. A última geração que respeitou os pais é a primeira que teme os filhos Pág. 10. – Para o sociólogo Paulo R. Santos, os jovens de hoje são vítimas dos erros dos pais, educadores e da sociedade como um todo. A falta de limites, a incapacidade de lidar com as perdas e frustrações são apontadas por ele como as causas decisivas para a desorientação na vida. A propósito, leia-se o texto de Kardec acima. Assinatura Anual R$ 15,00 Exemplar Avulso R$ 2,00

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Page 1: CURITIBA · ANO XII · JULHO / AGOSTO 2008 · NÚMERO 68 ... › jornal › ed68_032008.pdfOs males da liberdade ... Pessoas imaturas, porém, ao exagerar esse direito, causam danos

ADE-PR · Associação de Divulgadores do Espiritismo do Estado do Paraná CURITIBA · ANO XII · JULHO / AGOSTO 2008 · NÚMERO 68 www.adepr.org.br

www.umoderna.pt

Educação Moral: o melhor antídoto à violênciaEducação Moral: o melhor antídoto à violência

Sábia observação de Allan Kardec acrescentada à questão 685

de O Livro dos Espíritos. Fala-se da necessidade de se investir na educa-

ção como sinônimo de instrução intelectual. Para o Espiritismo, ela possui

significado mais amplo, aplicando-se ao homem em todas as suas

dimensões: bio-psico-intelecto-sócio-moral, fundamentalmente esta.

"Há um elemento (...) sem o qual a ciência econômica não é mais

que uma teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a (...) moral

e não a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na

, a que porque a

Quando se pensa na massa de

indivíduos jogados cada dia na torrente da população, sem princípios,

sem freios e entregues aos seus próprios instintos, deve-se espantar das

conseqüências desastrosas que resultam?”

arte de

formar os caracteres dá os hábitos: educação é o

conjunto de hábitos adquiridos.

Este é o tema da matéria da página 12.

Os males da liberdadedescomprometidano meio espírita

O conceito de livre-arbítrio estápresente na filosofia, nas religiões e naciência. Entre os espíritas, reveste-se decaráter especial não só pelo alinhamento àlei moral de causa e efeito e oposição àfatalidade cega, mas pelo inalienável direitode auto-determinação. Pessoas imaturas,porém, ao exagerar esse direito, causamdanos também a terceiros, a instituições eao próprio Espiritismo. Editorial, página02.

Uma análise sobreas polêmicas

curas espirituais

O tema divide as opiniões.Muitos são contra, inclusive espíritas, quenão deixam de a elas recorrer, às vezesantes mesmo de se esgotarem outrasalternativas. Médiuns, nem sempreespíritas; os vários tipos de tratamentos;a opinião de Divaldo Pereira Franco e arecomendação de Paulo de Tarso. Página05.

A estranhamediunidadede Luísa B.

Os jornais franceses noticiaramem 1865 e Kardec analisou na Revue emjaneiro do ano seguinte. A moça dormiu56 horas após a morte da irmã e depoispassou a ver e ouvir o que ninguém maispercebia. Página 09.

Wilson Garcia contestamatéria sobre o primeiro

Centro Espírita do mundo

Segundo o conhecido jornalistae escritor, trata-se de um equívococometido por boa parte da imprensaespírita considerar a Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas, fundada por AllanKardec em 1º de abril de 1858, como umcentro espírita. Seu artigo refutando ainformação do “CAE” está nas

, bem como alguns argumentos danossa Redação, alimentando o debate.

páginas10 e 11

Outros Destaques Desta EdiçãoADEs da PB e do RN apresentam planos de trabalho

Pág. 04.

– AAssociação de Divulgadores doEspiritismo da Paraíba, tendo à frente Raquel Maia, elaborou um projeto que já está emexecução e contempla um programa de rádio, o lançamento de um livro, o seu site efuturamente programa na Tv. Já a co-irmã do Rio Grande do Norte, presidida por NertanJucá, também prevê a criação de um programa radiofônico, o portal e o jornal “O Mensagei-ro” já em circulação, inclusive como encarte de um jornal leigo de Natal.

Vale a pena recordar

Pág. 08.

– Tem um sabor especial ler agora ou reler o que publicamos há dezanos. Em homenagem à data de nascimento de Allan Kardec, organizador do Espiritismo,aludimos a trechos especiais das cinco de suas principais obras. Mas houve mais: aimportância de um departamento de divulgação nos Centros Espíritas e notícias diversas,entre elas o funcionamento da Livraria Ponto de Luz que é, desde então, um dos nossosanunciantes.

A última geração que respeitou os pais é a primeira que teme os filhos

Pág. 10.

– Para osociólogo Paulo R. Santos, os jovens de hoje são vítimas dos erros dos pais, educadores eda sociedade como um todo. A falta de limites, a incapacidade de lidar com as perdas efrustrações são apontadas por ele como as causas decisivas para a desorientação navida.Apropósito, leia-se o texto de Kardec acima.

AssinaturaAnual

R$ 15,00

ExemplarAvulso

R$ 2,00

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008PÁGINA 02 ANO XII · NÚMERO 68

Quando o livre-arbítrio não parece ser uma coisa boaO livre-arbítrio é uma aquisição

preciosa do espírito ao longo de sua jornadaevolutiva. Estagiando nos reinos inferiores danatureza como “princípio inteligente”, ingres-sa na humanidade, simples e ignorante, paraa partir daí desenvolver a capacidade de usoda razão e com ela aprender a discernir omoralmente certo do errado. À medida queprogride, mais se lhe ilumina a consciência,mais liberdade nas escolhas passa a desfru-tar e como conseqüência natural, pela lei deCausa e Efeito, assume proporcional respon-sabilidade por atos, palavras e pensamentosque dele procedem. O abuso do livre-arbítrioleva à necessidade de repetição de experiên-cias dolorosas e expiações e provas fazem-se acompanhar no seu dia-a-dia.

Nas atividades espíritas, aceitaslivremente, não é diferente. Há os maisdiversos comportamentos: os entusiastas, osfiéis servidores, os trabalhadores da primeirae da última hora, os desertores, mas a maio-ria fica no meio do caminho. Por inviolável oseu direito de permanecer ou sair, fazer outransferir, muitos trabalhadores com inegáve-is possibilidades de colaboração, acovar-dam-se diante não de grandes desafios, masde si mesmos por eleger os ideais efêmerosdo corpo acima do embelezamento da almaimortal.

Melindrosos, rechaçam qualquer tipode cobrança que possa lhes pôr ordem aospassos. Defendem-se com o argumento deque o Evangelho ensina que devemos – eles,os outros – ser tolerantes, indulgentes ecaridosos com as fraquezas e dificuldades

alheias – as nossas. Confundem o consensode que “não se pode exigir das pessoas maisdo que elas podem oferecer” com “não sepode pedir mais do que elas querem dar”.

Por serem serviços prestados semqualquer remuneração, encontram os maisdiversos pretextos para se eximirem deexecutá-los e a Doutrina acaba relegada aoúltimo patamar de suas preocupações.Farão, sim, afirmam, mas quando e se pude-rem. Normalmente há toda sorte de impedi-mento e limitações: de tempo, recursos,conhecimento, habilidade. O problema nãoestá em se reconhecer as próprias limitaçõesque é até uma demonstração de humildade,mas de se conformar com elas por uma vidainteira.

Há muitos anos um companheiro,palestrando em casa espírita, referiu-se aosmedíocres. O termo inicialmente pode cho-car. Ninguém gosta de ser chamado assim.Do mesmo modo que de ordinário, um deseus sinônimos. Mas medíocre significatambém comum e mediano. Infelizmente,muita gente que diz ser espírita, só o conhecede fachada, muito menos o vivenciam. Docontrário não agiriam com tanta mediocrida-de, fazendo mal à ela, a Doutrina, desrespei-tando outras pessoas e retardando o seupróprio progresso.

Na vida em sociedade, aprendemos aser educados com os outros. Se marcamosum encontro com um amigo ou mesmo anegócios com um estranho, se surgir algumcontratempo, fazemos o possível para avisarantes ou, na pior das hipóteses, justificar

depois. Mas muitos espíritas invocam a taltolerância evangélica e o livre-arbítrio paranão dar satisfação a ninguém. Faltam àsreuniões mediúnicas ou de fluidoterapia semjustificativas. Outros que assumiram gravesresponsabilidades na área administrativatornam-se muito “esquecidos” e mesmolembrados de incumbências e das reuniões,omitem-se sem razão.

Hipnotizados com o mundo material eseus “inadiáveis” compromissos, aceitam semanter medíocres. Enquanto isso a Doutrinapaga o preço de sua negligência e descaso.Tarefas são adiadas ou realizadas precaria-mente. Problemas agravam-se enquantopermanecem, no aguardo de soluções.Auxílios importantes deixam de ser presta-dos. Projetos de divulgação desmancham-sepor falta de mão de obra e boa vontade.

Mas nada de cobrar, por favor, O livre-arbítrio é o escudo atrás do qual se escondemos medíocres. Se convocados com maisênfase a dar o seu quinhão de trabalho, logose saem com a ameaça: “Se quiserem, éassim. Ou então, estou fora”.

Opinião do LeitorAproveito o ensejo para parabenizar a equipe da ADE-PRpelo envio do número 67 do Jornal ComunicAção Espíritapara a nossa ADE. Dentre as matérias publicadasrelacionadas com o meio espírita, interessante e oportunaa que destaca o assunto sobre " A natureza em fúria naÁsia". Tema social de magnitude, abordado com lógica ebom senso, à luz do conhecimento espíritaÉder Favaro – ADE-SP

Caro Wilson,Informo o recebimento do jornal da ADE-PR e parabenizovocês pela iniciativa de disponibilizar o periódico paravenda em Bancas de Jornais. Iniciativa simples e potenci-almente eficaz. Já experimentamos por aqui disponibilizarem Bibliotecas Públicas e Drogarias. Pode dar um bomresultado no caso de exemplares gratuitos.Um forte abraço,Paulo Santos/Minas

| Editorial |

Correção:Na matéria de capa da edição anterior, o númerocorreto de vítimas do tsunami de 2004 foi 220.000 enão como constou.

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 PÁGINA 03ANO XII · NÚMERO 68

| Subsídios para a Melhoria da Imprensa - XLXIX |

Dentre os equívocos de teorgramatical detectados com maiorfreqüência na revisão dos textosjornalísticos em vernáculo estão aquelesrelacionados com o emprego das iniciaismaiúsculas, da vírgula e do hífen, jádevidamente apresentados nos núme-ros precedentes deste jornal. Hoje seráfocalizado o uso da crase, outro itemque costuma causar muitas dúvidas nahora de elaborar uma redação para serpublicada.

Segundo Adriano da GamaKury, “a palavra crase, de origem grega,significa mistura, fusão, ou seja a uniãoíntima de dois elementos. Em gramática,usa-se o vocábulo crase para indicar ofato fonético de duas vogais iguais sefundirem, se unirem numa só” (1982, p.99).

De acordo com esse autor, hátrês casos em que ocorre a crase:1º caso – encontro da preposição acom o a inicial dos demonstrativosaquele(s), aquela(s), aquilo, que passama escrever-se àquele(s), àquela(s) eàquilo;2º caso – encontro da preposição acom o artigo definido feminino a; as;3º caso - encontro da preposição acomo pronome demonstrativo a.Como se pode constatar, em qualquerdos três casos, o primeiro a é semprepreposição. (1982, p. 100). O sinalgráfico indicador da crase é o acentograve (`) (Sacconi, 1990, p. 376).Assim, Kury enuncia a regra para o 1ºcaso: “todas as vezes que, numa frase, apreposição a vier seguida de aquele,aqueles, aquela, aquelas, aquilo, contrai-

se com o a inicial desses demonstrati-vos, marcando-se essa crase, na escrita,com um acento grave: àquele, àqueles,àquela, àquelas ou aquilo” (1982, p.102). Ex: Vá àquele supermercado.Limitou-se àquelas frutas.

Também é de Kury a regra parao 2º caso: “todas as vezes que, numafrase se encontram juntos a preposiçãoa (pedida por um verbo, um nome ouum advérbio) e o artigo a ou as (pedidopor substantivo feminino), os dois aa,por uma crase fundem num só, que seescreve à ou às” (1982, p. 103). Ex: Fui àguerra por amor à Pátria. Ele tem direitoàs férias no trabalho.

O mesmo autor acrescenta aregra para o 3º caso: “todas as vezesque, numa frase, se encontram apreposição a e o pronome demonstrati-vo a ou as, os dois aa, por uma crase, sefundem num só, que se escreve à ou às(1982, p. 106). Ex: Minha morte estáligada à do meu pai (depois de à estásubentendido morte). Ex: Minha casaestá ligada à (casa) de Maria

Eduardo Martins formula aseguinte recomendação: “substitua apalavra antes da qual aparece o a ou aspor um termo masculino. Se o a ou as setransforma em ao ou aos, existe crase;do caso contrário não”. Ex: Ele foi à loja.Ele foi ao mercado.

É dele a segunda recomenda-ção: “a combinação de outras preposi-ções com a (para a, na, da, pela e com a,principalmente) indica se o a ou as develevar crase (não é necessário que a frasealternativa tenha o mesmo sentido daoriginal, nem que a regência seja

correta)” (Martins, 1997, p. 315). Ex: Foià Espanha. Chegou da Espanha.

Eduardo Martins diz que não seusa a crase antes de:1. palavra masculina. Ex: Exijo pagamen-to a prazo.

Exceção: quando se pode subenten-der uma palavra feminina, como moda emaneira.

Ex: Ele usa barba à D. Pedro II.2. nome de cidade. Ex: Mauro foi aBocaiúva do Sul.

Exceção: quando se acrescenta umqualificativo para a cidade.

Ex: Ontem andei pela florida Curitiba.3. verbo (na forma verbal). Ex: Elecomeçou a praticar o boxe.4. substantivos repetidos. Ex: Elevenceu a corrida de ponta a ponta.5. pronomes pessoais, demonstrativose relativos. Ex: Ele emprestou o livro aela.6. outros pronomes que não admitemartigo, como ninguém, alguém, toda,cada, tudo, você, alguma, qual, etc. Ex:Não dou satisfação dos meus atos aninguém.7. fórmulas de tratamento. Ex: Querodizer a Vossa Senhoria...8. (o artigo indefinido) uma. Ex:Estouindo a uma reunião de caráter político.9. palavra feminina tomada em sentidogenérico (se couber o indefinido umaantes da palavra não haverá crase). Ex:Não cito as mulheres adultas, mas asmeninas. (1997, p. 316).10. distância, desde que não determina-da (quando se define a distância, existecrase). Ex: ensino a distância; ele estavaà distância de 50 metros.

11. casa, considerada como o lugar emque mora. Ele chegou a casa.

Nailson Gondim acrescentaainda outros casos em que não seemprega a crase:12. artigos indefinidos. Ex: Ele pagou adívida a uma credora.13. numerais cardinais. Ex: Enumere de1 a 10.14. antes de nome de santa. Ex: Vouprometer a Santa Inês.15. quando o a antecede palavra noplural. Ex: Ele atribuiu o prejuízo acausas diversas.

Dad Squarisi diz que: “éfacultativo o uso da crase antes de nomepróprio feminino ou pronomes posses-sivos femininos”. Ex: Paguei a conta aMaria; vou à minha casa.“Porém, se o possessivo estiver substi-tuindo o substantivo a crase é obrigató-ria” (2005, p.90).Ex: Não vou a sua casa, mas à minha.Referências:GONDIM, Nailson. Manual padrãopara redações. São Paulo: Scritta, 1993.KURY, Adriano da Gama. Ortografia,pontuação, crase. Rio de Janeiro:Fename, 1982.MARTINS, Eduardo. Manual deredação e estilo. 3ª ed.São Pulo: OESP,1997.SACCONI, Luiz Antonio. Nossagramática: teoria. 11ª ed. São Paulo:Atual, 1990.SQUARISI, Dad. Manual de redação eest i lo. Brasí l ia: Fundação AssisChateaubriand, 2005.

Y. ShimizuSubsídios para a Melhoria da Imprensa - XLXIX

REDAÇÃO DO TEXTO JORNALÍSTICO - XII

http://[email protected]

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008PÁGINA 04 ANO XII · NÚMERO 68

O conhecimento do acervobibliográfico de obras de autoresdesencarnados de alta credibilidade,recebidas por via mediúnica, reveste-sede importância primordial para odivulgador da Doutrina Espírita, nãoapenas para evidenciar a sobrevivênciae a comunicabilidade do espírito após amorte do corpo físico, como também,para elucidar as particularidades davida na erraticidade.

Assim, foram focalizadas nonúmero precedente as obras recebidaspor Francisco Cândido Xavier, semdúvida o médium de maior confiançada comunidade espírita brasileira.

Outro medianeiro que usufruide alta credibilidade no meio espíritabrasileiro e internacional é o tribunobaiano Divaldo Pereira Franco, comum acervo bibliográfico de quaseduzentos livros psicografados.

Dele podem ser mencionados:romances (como, por exemplo, os deVictor Hugo), relatos de vida

(como Além da Morte, deOtília Gonçalves), coletâneas decontos evangélicos (como as deAméliaRodrigues, de Ignotus, de Eros), livrosde poemas em prosa (como os do poetaindiano Rabindranath Tagore),mensagens doutrinárias de váriosteores (como as de Marco Prisco, deBezerra de Menezes, de Vianna deCarvalho, Carlos Torres Pastorino, e deoutros); dissertações de natureza ético-evangélicas para diversas situaçõesexistenciais, de autoria da mentorapessoal do médium Joanna de Angelis(como, por exemplo, Momentos deCoragem).

Desses, merecem destaquesespeciais, segundo a visão do signatá-rio, duas coleções, além das supracita-das: a) Série Psicológica - estudossobre as perturbações de teor psicológi-co e espiritual e propostas terapêuticasalicerçadas no Evangelho, nas teoriasj u n g u i a n a s e n a P s i c o l o g i aTranspessoal, ditados por Joanna deAngelis (como, por exemplo: Jesus e oEvangelho à Luz da PsicologiaProfunda); b) relatos de casos deperturbações obsessivas de encarnadosprovocados por espíritos infelizes e osprocedimentos saneadores pertinentes,vistos do plano espiritual narrados por

Manoel Philomeno de Miranda (como,por exemplo: Painéis da Obsessão).

O p r o f e s s o r d o u t o r d aUniversidade Federal Fluminense J.Raul Teixeira é outro nome que estáobtendo alta credibilidade, tanto naqualidade de tribuno como médiumpsicógrafo, inclusive com projeção emvários países da Europa e das Américas.De sua produção mediúnica destacam-se os livros ditados pelo seu mentorespiritual pessoal Camilo, provocandomuita reflexão e estímulo para otrabalho doutrinário.

YvonneA. Pereira é outro nomeque deve ser lembrado pela idoneidadecomprovada do seu exercício mediúni-co. Tanto os romances (como Memóriasde um Suicida), como os relatos de fatosocorridos no exercício de suas faculda-d e s ( c o m o R e c o r d a ç õ e s d aMediunidade, Devassando o Invisível)são relatos de grande autenticidadesobre as vivências do plano espiritual.

Finalmente, cabe mencionar oslivros recebidos pela pena mediúnica dapaulista Célia Xavier de Camargo,residente em Rolândia, no Estado doParaná. Em sua maioria são relatos deencarnações passadas e vivências emcolônias espirituais, apresentados deforma romanceadas, de fácil compreen-são e assimilação (como, por exemplo,as narrativas de: Jésus Gonçalves, LeonTolstoi, César Augusto Melero,Eduardo, Marcelo, Eric).

Há, ainda, outros relatos einformações de médiuns de alto teorperceptivo e deveras interessantes eelucidativos que podem ser temas deestudos, reflexões e investigações,podendo ser tomados como pontos departida para estudos sérios, confrontoscom dados e informações fornecidospor outros medianeiros e pesquisadores.

post-

mortem

| Biblioteca do Divulgador – XIII |

Obras relevantes da bibliografia espírita – VY. Shimizu

ADEs nordestinasanunciam projetos

Do mesmo modo que aAbrade optou pelo sistema deColegiado em sua administração,ainda em fase de implantação,também a ADE-PB decidiu, emAssembléia Geral, adotar a mesmamedida, aumentando participação edivisão de responsabilidades.

Raquel Maia, sua presidente,dá detalhes do projeto “Nas Ondasdo Consolador”, que englobadiversas ações, entre elas um pro-grama de rádio semanal de duashoras, aos domingos, e que pode serassistido pela internet no endereço

.Outra iniciativa foi o lança-

mento de um livro de autoria de JairHerculano com Cd anexo e quepossui o mesmo título do programaradiofônico, trazendo vários de seuseditoriais. Uma meta para aproxima-damente um ano é conseguir acriação de um programa de televi-são. Bons resultados têm sidoobtidos também nos relacionamen-tos com várias instituições, a federa-tiva local e, inclusive, outros seg-mentos religiosos!

Sobre o programa de rádio,informa Merlânio Maia que inicial-mente Jair Herculano apresentava omesmo numa rádio comunitária eque com o projeto o mesmo passoua ser veiculado na rádio Sanhauá-AM que possui alcance estadual.Depois veio o livro com o Cd gravadopor Jair dos melhores editoriais doprograma que tem sido solicitadoaté por pessoas de outras religiões.O livro está sendo lançado em todas

as casas espíritas do estado, noSENAC, Fundação José Américo eFEPB.

Na seqüência, será colocadono ar o site da ADE-PB propiciando apossibilidade de dosprogramas e uma loja virtual paracomercialização de livros e CDs. Nafase seguinte do projeto virá o jornalda ADE-PB com lançamento emtodas as casas espíritas, além de umsegundo volume do livro “Nas ondasdo Consolador”. Finalmente, com osrecursos auferidos destas vendas eas provenientes de algumas parceri-as o programa chegará à televisão,completando a execução do projeto.

Outra ADE que iniciou o anode 2008 com novidades é a do RioGrande do Norte. Entre as propostasaprovadas pela diretoria, lideradapor Nertan Jucá, estão a criação deum portal, um programa de rádiopara veiculação na internet e umprojeto do programa “VisãoEspírita”, que está em pleno desen-volvimento, contando com a presen-ça de diversos profissionais da áreade comunicação que estão dandouma formatação adequada aomesmo.

Uma parceria entre a ADE-RN e a FERN - Federação Espírita doRN está permitindo a edição doperiódico mensal “O Mensageiro”cuja distribuição no MovimentoEspírita está sendo feito através dasCasas Espíritas e, ao público emgeral, pelo encarte em um jornal degrande circulação no Estado do RN,“O Poti”.

www.radiosanhaua.com.br

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 PÁGINA 05ANO XII · NÚMERO 68

INTRODUÇÃO

MODALIDADES DE TERAPIAESPIRITUAL

ESPIRITISMO E MÉDIUMCURADOR

FINALIDADE DAS CURASESPIRITUAIS

Está ocorrendo uma ansiosabusca de espiritualidade. Quer aprovemtodas as pessoas ou não, estamos hojeem meio a um processo de transiçãopara uma nova era, o que muitosestudiosos chamam de "despertarespiritual".

Este encontro do Homemcontemporâneo com o pensamentometafísico é acompanhado de umainsistente busca da medicina alternativa:Acupuntura, Medicina Antroposófica,Bioenergética e principalmente, asterapias ditas espirituais. Milhares depessoas decepcionadas com a MedicinaConvencional têm buscado nos CentrosEspíritas, ou em outras correntesreligiosas o restabelecimento de suasaúde. Daí a importância do estudo dasdiversas modalidades terapêuticasoferecidas pela Casa Espírita.

trata-sedo Passe Magnético, da água fluidifica-da e da irradiação à distância, terapêu-ticas onde se trabalha com fluidoscuradores, encontradas em quase todosos centros espíritas;

o médium receitista,segundo Allan Kardec (que os denomi-nava também de médiuns medicinais),são aqueles cuja especialidade é a deservirem mais facilmente aos Espíritosque fazem prescrições médicas. Lembrao codificador que não se deve confundi-los com os médiuns curadores, porquenada mais fazem do que transmitir opensamento do Espírito e não exercempor si mesmos, nenhuma influência.Benfeitores espirituais dotados deconhecimentos sobre Medicina, queditam através do médium (geralmentepor psicografia) os medicamentos e asorientações que deve seguir para o seurestabelecimento. A maioria delestrabalha com Medicina Homeopática,lançando mão também de chás, ervas edrogas ditas naturais;

consiste na atuação terapêutica dosEspíritos sem a participação direta demédiuns. Talvez seja a mais comum dasmodalidades terapêuticas espíritas,onde os Benfeitores estarão mobilizandorecursos fluídicos específicos em be-nefício dos necessitados sem que eles,muitas vezes, percebam. Esta modalida-de pode desenrolar-se nos centrosespíritas ou mesmo nas residências dosenfermos. Em determinadas situações odoente é levado em corpo espiritual acertos hospitais do mundo extra-físico elá são submetidos a complexos proces-sos de reparação perispiritual;

caracteriza-se pela atuação de Espíritos desencarna-dos incorporados em médiuns específi-cos. No Brasil, ganhou muito destaque apartir dos médiuns José Arigó e EdsonQueirós. Utilizando-se das mãos domédium ou de instrumentais cirúrgicos,os cirurgiões desencarnados mobilizamrecursos fluídicos diretamente junto aocorpo físico e espiritual do doente.

Interrogado quanto à utilizaçãodesses instrumentos cirúrgicos nestetipo de assistência espiritual, o expositorDivaldo Franco assim se expressou:

”(1).O Dr. Jorge Andréa, médico e escritorespírita, adverte quanto à generalizaçãodeste tipo de modalidade terapêutica:

(2)Com relação aos resultados

destas operações espirituais, o Dr. JorgeAndréa esclarece que eles vão depender

de fatores ligados ao médium e ao do-ente. Os primeiros se relacionam àseriedade, honestidade de princípios emoralidade. Os fatores relacionados aosdoentes são: a fé, o merecimento e aprogramação cármica.

A mediunidade curadora deveser examinada tal qual qualquer outramodalidade mediúnica. Nesse sentido omédium de cura deve procurar canalizarseus recursos fluídicos para o bem,sustentado pelos princípios espíritas epela moral evangélica. Aquele que se vêcom esses dotes mediúnicos deveprocurar nortear sua conduta a partirdos seguintes itens:

amaior parte dos problemas observadoscom os médiuns curadores reside no fatode não se submeterem aos regimesdoutrinários de um Centro Espírita.Muitas vezes optam por trabalhoisolado, quando não constroem seupróprio centro espírita, estruturado emidéias errôneas e práticas inadequadas.Muitos inconvenientes seriam evitadosse ele se integrasse a um Centro Espíritacomo qualquer outro trabalhador deJesus e amparado pelas forças doscompanheiros encarnados e desencar-nados sofreria uma proteção muito maisefetiva;

não se pode separar a prática mediúnicado estudo constante dos postuladosespíritas. Sem esse conhecimentodoutrinário, facilmente o médium cairánas malhas dos Espíritos da sombra oude pessoas inescrupulosas e aproveita-doras;

a DoutrinaEspírita não se coaduna com qualquertipo de cobrança para prestação deserviço espiritual. A gratuidade estátambém relacionada com a questãomelindrosa dos "presentes" e das"doações para instituições" que muitasvezes nada mais são do que formasdisfarçadas de cobrança;

Allan Kardec assevera que o maiorescolho à boa prática mediúnica é avaidade e o orgulho. Nesse sentido, omédium de cura deve se conscientizar deque ele é apenas um elemento nacomplexa engrenagem organizada pelomundo maior, engrenagem esta que vaiencontrar no Cristo o seu condutormaior.

Sabemos que o grande papeldesempenhado pelo Espiritismo estárelacionado à moralização da humani-dade. Assim sendo, pergunta-se porqueassume a Doutrina Espírita compromis-sos com as curas espirituais? Qual afinalidade da existência de médiunscuradores? Quem responde é DivaldoFranco:

a) Fluidoterapia convencional:

b) Assistência através de médiunsreceitistas:

c) Assistência espiritual direta:

d) Operações espirituais:

a) Vinculação a um centro espírita:

b) Estudo sistemático do Espiritismo:

c) Gratuidade Absoluta:

d) Exercício constante da humildade:

"Na minha forma de ver, trata-se de ignorân-

cia do Espírito comunicante, que deve ser

esclarecido devidamente, e de presunção do

médium, que deve ter alguma frustração e, se

realiza desta forma, ou de uma exibição, ou

ainda para gerar melhor aceitação do

consulente, que condicionado pela aparên-

cia, fica mais receptivo. Já que os Espíritos se

podem utilizar dos médiuns que, nor-

malmente não os usam, não vejo porque re-

correr à técnica humana quando eles a

possuem superior.

“... existem desajustes na prática desse tipo

de tratamento que devem merecer, por

parte dos solicitantes, uma análise cautelosa,

porquanto os abusos são inúmeros e as

mistificações, conscientes ou inconscientes,

abundantes.”

“A prática do bem, do auxílio aos doentes. O

apóstolo Paulo já dizia: Uns falam línguas

estrangeiras, outros profetizam, outros

impõem as mãos... Como o Espiritismo é o

Consolador, a mediunidade, sendo o campo,

a porta pelos quais os Espíritos Superiores

semeiam e agem, a faculdade curadora é o

veículo da misericórdia para atender a quem

padece, despertando-o para as realidades da

Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a

recuperação da saúde, o paciente já não tem

direito de manter dúvidas nem suposições

negativas ante a realidade do que ex-

perimentou. O médium curador é o

intermediário para o chamamento aos que

sofrem, para que mudem a direção do

pensamento e do comportamento, inte-

grando-se na esfera do bem.”

Bibliografia

Fonte:

(1) Diretrizes de Segurança - Divaldo e RaulTeixeira(2) Psicologia Espírita - Dr. Jorge Andréa(3) Mãos de Luz - Dra. Barbara Brenan

Instituto de Difusão Espírita de Juiz deFora - MG

Mediunidade de CuraCVDEE – Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo. http://www.cvdee.org.br/em/em16.doc

Estudos sobre Mediunidade

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ANO XII · NÚMERO 68 COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008PÁGINA 06

| Divulgar com Eficiência |

Wilson CzerskiBanca do Livro EspíritaAtividade meio termo entre a Livraria e a Feira do

Livro. Esta externa e temporária; aquela interna eregular mas raramente permanente (horários contínu-os). As regras básicas de funcionamento são as mesmaspara as suas análogas. As observações que lhe sãopeculiares estão relacionadas com a escolha do local, oalvará específico junto aos órgãos públicos, a caracteri-zação de atividade comercial e suas implicações legaise a necessidade quase que imprescindível de funcioná-rio remunerado para o atendimento, visto que dificil-mente se poderá contar com o labor de pessoa voluntá-ria fixa para cumprir tal finalidade. Somente na situaçãode aposentado ou contando com muita dedicação porparte de uma família ou grupo para se obter o reveza-mento necessário sem prejuízos à assiduidade epontualidade de funcionamento.

E aí o cuidado que se deve ter ao avaliar aspossibilidades de sucesso do empreendimento. Se porum lado devemos ter coragem e determinação paraexecutar a tarefa, por outro não podemos nos deixarlevar pelo entusiasmo exagerado do idealismo a pontode desconsiderarmos como muito importante umaavaliação prévia da possibilidade de retorno financeiro.Para que o projeto não malogre, devemos já possuiralguma experiência de Feira de Livro, uma idéiarazoável sobre o perfil da população quanto à aceita-ção do livro espírita, etc. Temos que calcular antecipa-damente, considerando os fatores de capacidade deexposição da Banca, títulos a serem oferecidos, preçosmédios e descontos obtidos junto às edito-ras/distribuidoras, quanto em receita será necessáriopara, pelo menos, empatar com o salário pago edemais despesas decorrentes de seu funcionamento.

Entretanto, é indiscutível a grande relevânciapara a Doutrina Espírita de um trabalho dessa natureza.Imagine-se quantas obras (livros, revistas, jornais, Cds,fitas de vídeo) estarão sendo distribuídos por esserecurso de fácil acesso aos interessados em potencial. Euma cidade de porte médio ou grande, quantasmilhares de pessoas poderão tomar contato com amensagem espírita por meio de uma banca instaladanuma praça central funcionando cerca de 300 ou maisdias do ano? Com certeza valerá todos os esforços,todos os sacrifícios que se envidar para concretizar tal

ideal.Algumas cidades brasileiras

contam com esse tipo de trabalho.Onde pretenda-se iniciá-la, érecomendável antes consultar osresponsáveis e colher-lhes as expe-riências para se adquirir maiorsegurança no projeto.

Além destas observaçõesgerais acrescentamos algumas outraslembradas pelo “Manual da Banca doLivro Espírita”, disponível para

na íntegra no site da PetitEditora (www.petit.com.br) e comple-mentadas, por sua vez, por anotaçõesnossas.

Entre os objetivos destaatividade, além, obviamente, dadivulgação da literatura espírita e doaspecto comercial como meio desustentação de outras atividades-fins, pode-se citar adistribuição (vendida ou gratuita) de jornais e revistasespíritas e informações sobre o movimento espírita local,principalmente, incluindo endereços das casas espíritas,dias e horários de funcionamento. Podem também servirde apoio à formação de livrarias e bibliotecas nestasmesmas instituições ou ser um ponto de obtenção deassinantes dos Clubes do Livro.

Tal como as Feiras do Livro, preferencialmente,uma BLE deve estar vinculada a uma destas AssociaçõesEspíritas comuns (os centros) ou especializadas (ADEs,AMEs, Instituto de Pesquisa).

Um roteiro básico a ser seguido para a implan-tação de uma BLE iniciaria pelo requerimento à prefeitu-ra municipal para obter o alvará de funcionamento emlocal previamente escolhido e/ou permitido, seguido daaquisição das instalações (em certas cidades há umapadronização com as bancas de jornais comuns).

Definido quem fará o atendimento, em caso defuncionário remunerado, o mesmo deverá possuirrazoável conhecimento da literatura espírita e, em casode falta de experiência, ser treinado para prestá-lo.

Importante apresentar-se às editoras e distribui-doras solicitando fichas para cadastro, catálogos e

informações sobre condições de prazos e descon-tos. As compras, especialmente, no início, devempriorizar a diversidade de títulos e não grandesquantidades de poucos títulos.

Os preços de venda, em princípio serão osde capa para darem suporte à própria manutençãoe alcance das metas estabelecidas pela instituiçãopatrocinadora. Nada impede, porém, que seofereça descontos e promoções.

Os controles de vendas e estoque podemser feitos manualmente em caderno comum,anotando-se os títulos/quantidades vendidas evalores. Outra maneira seria destacar do exemplarvendido uma papeleta com o seu título e preçoimpressos ou carimbados e ali previamente afixa-dos. O movimento geral diário pode ir direto paraos controles informatizados no computador.

Quanto à exposição dos livros, a mesmadeve seguir critérios lógicos e práticos. Uma dasformas é distribui-los por gênero (romances, contos,filosóficos, científicos, infantis, dissertações, etc).Ou por autores. Lugar especial deve ser reservadoàs Obras Básicas de Allan Kardec e outro, sepossível, para os últimos lançamentos.

A divulgação, além de se contar com ospróprios centros espíritas, deve-se pensar napossibilidade de estendê-la também em jornaisleigos, emissoras de rádio, em eventos espíritas ounão, e locais como empresas, agências bancárias,órgãos públicos, sempre com a devida permissão.

Na parte externa, além da identificação daBLE, podem ser fixados cartazes com avisos diversosou mesmo de livros, as capas dos jornais e/ourevistas que estão à venda e uma lousa com o“Pensamento do Dia”, extraídos de livros ou mensa-gens volantes.

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O coordenador do Grupo de Estudos Espíritas de Ueda, LourençoMatiero, sugeriu e, como sempre, em trabalho conjunto, a equipe por eledirigida e a ADE-Japão, participaram no dia 26 de junho da festa junina doColégio Pitágoras - instituição de ensino voltada para os brasileiros resi-dentes no Japão -, unidade Nagano, na cidade de Monowa-shi, a 60quilômetros de suas sedes.

Devido as atuais dificuldades de se organizar uma Feira do LivroEspírita que ajude na obtenção de recursos necessários para custear asdespesas dos dois grupos espíritas, inclusive equipamentos auxiliares naapresentação de palestras, optou-se por esta oportunidade na qual foramcomercializados, em um dia de muita chuva, 360 pastéis e 150 refrigeran-tes com um lucro líquido de 23.650 ienes ou pouco mais de trezentos reais.

ANO XII · NÚMERO 68COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 PÁGINA 07

Festa junina traz rendapara ADE-JP e G.E.E.Ueda

ADE-JP reorganizaremessas para ADE-PR

Após alguns contratempos no envio dos valores relativos à parceria entreaADE-JP e aADE-PR quanto ao espaço disponibilizado à primeira neste jornal e aremessa de 100 exemplares a cada edição para distribuição no Japão, a situaçãotende a se normalizar a partir de agora com os depósitos sendo realizados entreduas agências do Banco do Brasil, em Ueda e Curitiba.

Pedimos desculpas pelo atraso na distribuição do periódico no Japão,mas estamos nos esforçando para evitar que tal problema se repita de agora emdiante.

Grupo de EstudosEspíritas de Gunma,

uma ponte para a integraçãoO novo Grupo de Estudos Espíritas de Gunma reúne membros de

três grupos espíritas do Japão. Organizado pelaADE-JP, tem como coorde-nadores Thiago e Patrícia Makyama.

O Grupo de Gunma foi uma das metas realizadas daADE-JPe, coma ajuda do casal Makyama, está em plena atividade e conseguindo reunirmembros de grupos espíritas de Fukaya, Tóquio e Ueda, por estar em umaregião estratégica entre a capital japonesa e a sede daADE-JP.

Com reuniões marcadas para o quarto domingo de cada mês,consegue reunir espíritas de diversas cidades da região. Com certeza umagrande ponte para a unificação da Doutrina Espírita no Japão. Parabénspara todos que participam do Grupo e ajudam na divulgação doutrinária naregião.

Grupo de Fukaya convoca espíritas da regiãopara o Curso Preparatório de Espiritismo

O G.E.E. Fukaya está convocando todas as pessoas interessadasem participar de um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita,com reuniões que acontecem no terceiro domingo de cada mês, nohorário das 10:00 às 12:00 horas. O principal objetivo é dar uma idéiageral do que seja o Espiritismo e suas diferenças com as demais religiões.

O endereço é Sangyo Kaikan – Saitama-ken – Fukaya-she – Naka-cho 20-1 sala 301 e a 302 reservada para as crianças – 3º andar. Fone:048-571-1126, informações em japonês, somente para o endereço dolocal; 048-575-2250 ou 090-18035298, com Cecília ou Cláudio emportuguês para reservas para o curso e demais informações. E-mail:[email protected] Participantes do Grupo Espírita em Gunma

Equipe da ADE-JP e G.E.E.-Ueda: venda de pastéis para reverterna divulgação espírita no país do oriente

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008PÁGINA 08 ANO XII · NÚMERO 68

Os Espíritos, Kardec e Herculano Pires ganharam voz na primeira páginada edição de 10 anos atrás. A necessidade de um departamento de divulgação nos

centros espíritas, o distanciamento entre as ADEs, a Comunhão Espírita Cristã de Itapoá-SCe a inauguração de uma nova livraria espírita na cidade.

A edição nº 09 do “ADE-PRInformativo”, referente ao bimestresetembro-outubro de 1998, estampouem sua primeira página, sob o título“Fala Kardec!” cinco trechos seleciona-dos, cada um deles, a partir de uma daschamadas Obras Básicas. O intuito,com esta idéia, era homenagear o ilustrecodificador do Espiritismo na data doseu 194º aniversário de nascimento, em03 de outubro.

Da primeira e principal obra,“O Livro dos Espíritos”, transcreveu-se osegundo parágrafo da sua introdução,de autoria do também tradutorHerculano Pires (editora Lake), no qual ofilósofo paulista afirma: “ Sobre este livroergueu-se todo um edifício: o dadoutrina espírita. Ele é a pedra funda-mental... seu marco inicial. Antes... nãohavia Espiritismo... Falava-se emEspiritualismo e Neo-Espiritualismo.Mas depois que Kardec lançou-o àpublicidade... uma nova luz brilhou noshorizontes do mundo”.

A seguir foram citadas asquestões 780 e 784. A resposta destaúltima conclui sabiamente sobre aperversidade humana: “É preciso quehaja excesso do mal, para fazer-lhecompreender a necessidade do bem edas reformas”.

Do “Evangelho Segundo oEspiritismo” também mencionou-setrecho de sua introdução, mas esta dopróprio Kardec. Ali o mestre lionêsinformava que “recebia comunicaçõesmediúnicas de perto de mil centrosespíritas sérios”. A concordância dos

ensinamentos pautara a elaboração doslivros e este controle universal garantia aunidade futura do Espiritismo.

Duas comunicações destas,uma de Santo Agostinho e a outra deSão Vicente de Paulo ilustram “O Livrodos Médiuns”. No primeiro o ex-bispode Hipona recomendava a separaçãodo trigo do joio em relação à divulgaçãodas doutrinas de um modo geral. JáVicente apregoava que “a união faz aforça”.

De “A Gênese” o destaque veiodo seu último capítulo – “Sinais dostempos”. “... a humanidade se transfor-ma... marcada por uma crise... freqüen-temente penosas, dolorosas, massempre seguidas de progresso material eespiritual... se as renovações moraiscoincidem... com as revoluções físicasdo globo elas podem ser acompanha-das ou precedidas de fenômenosinsólitos... de flagelos destruidores...não são causas, nem presságiossobrenaturais, mas conseqüências domovimento geral que se opera nomundo físico e moral”.

Finalmente, de “O Céu e oInferno”, extraiu-se os itens 2º, 3º, 6º e22º do capítulo VII da primeira parte quetrata do Código Penal da vida futura.Segundo os Espíritos, a felicidade éinerente à perfeição e qualquer imperfei-ção da alma acarreta conseqüênciasdesagradáveis. A soma das penas éproporcional à soma das imperfeições enão fazer o bem possível já é umaimperfeição. Assim, o espírito, após adesencarnação, sofre por todo o mal

praticado, mais todo o bem que poderiafazer e não o fez.

O Editorial chamava a atençãopara os aspectos da divulgação ecomunicação no âmbito interno dasinstituições. Falava da importância decada “centro” possuir um departamentoou coordenadoria para este fim quetrabalharia entrosadamente com a áreadoutrinária para bem atender a livraria,a biblioteca, a organização de cursos,seminários, palestras, a recepção e odiálogo fraterno.

Atividade relacionada de certaforma à divulgação seria prestadatambém pela Secretaria ou RelaçõesPúblicas ao estabelecer os necessárioscontatos para intercâmbio de informa-ções e realização de eventos comunscom outras instituições, inclusive não-espíritas. Neste ponto não se deixou decriticar o encaminhamento que muitasvezes se dá aos jornais e boletinsrecebidos e não disponibilizados aosfreqüentadores.

Sobre a falta de cooperaçãoentre as ADEs, o editorialista sintetizava:“Podemos optar pela união de esforços,como uma autêntica equipe em torno deobjetivos comuns. Ou continuar cadaum fazendo tudo sozinho, mesmo queoutros já disponham de experiência noassunto, com prejuízo de tempo,recursos e qualidade”.

A página 02 ainda trouxe asseguintes notícias: a) a inauguração daDistribuidora e Livraria Ponto de Luz nodia 15 de agosto, dirigida pelo confradeAlceu Coelho Martins; b) a presença de

Raul Teixeira, Altivo Ferreira e SandraDellapola na 3ª Conferência EstadualEspírita, promoção da FEP e realizadano Colégio Lins de Vasconcellos; c) ainauguração da Comunhão Espírita deItapoá-SC em 06 de setembro poriniciativa do confrade Nadil Furlan, deCuritiba e d) o lançamento do CDMomento Espírita vol.3, da FEP.

Na página 03, em “NotíciasADE” comunicou-se sobre o adiamentodo de jornalismo para maiodo ano seguinte, a Feira do Livro dejulho e a normalização dos cargos detesouraria que motivara um apelodramático na edição anterior. Na“Agenda” o Fórum Nacional deEspiritismo, promovida pela ADE-DF –hoje extinta - para novembro com otema “A Pol í t ica Nacional deComunicação Social Espírita”.

A última página trouxe, além daresenha literária sobre as obras deNazareno Tourinho, dois outros assun-tos. No primeiro a realização do 3ºSimpósio de Comunicação SocialEspírita, realização da ADE-SP, noferiadão de Sete de Setembro. Comcerca de 90 participantes, os temasgiraram em torno dos diversos canais decomunicação como o jornal, teatro,livro, rádio, Tv e internet.

A outra notícia referiu-se àgeração do programa “Espiritismo viaSatélite” do dia 23 de agosto, feitadiretamente da capital paranaense. Naocasião Alamar Régis falou de seusprojetos futuros em relação à comunica-ção espírita de massa.

workshop

| |Auto-retrato

SPEscola

Sebastião Paraná

Do maternalà 8ª série

Rua Major Fabriciano doRego Barros, 1152 · Hauer

MATRÍCULASABERTAS

3276-1595Entidade Mantenedora: Comunhão Espírita Cristã de Curitiba

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 PÁGINA 09ANO XII · NÚMERO 68

| Revista Kardec |

As obras deRicardo di Bernardi

Ricardo di Bernardi está setornando um conferencista e autorbastante conhecido e prestigiado emtoda a Região Sul do Brasil, pelaclareza e pela organização extrema-mente didática de suas exposições.

No seu primeiro livro, “Gesta-ção –Sublime Intercâmbio” (1993,210 p., ed. Universalista), ele realizana primeira parte uma exposiçãominuciosa do fenômeno da gesta-ção, passo a passo, desde o momen-to da fecundação até o nascimento,visto de ambos os lados da vida(ponto de vista físico e espiritual). Eleaborda, na segunda parte, váriasquestões de grande atualidade,como os abortos espontâneos eprovocados, a barriga de aluguel, aspatologias do sexo, os bebês deproveta, os anti-concepcionais,laqueadura de trompas e outras.

Em “Reencarnação e aEvolução das Espécies” (1996, 180p., ed. Universalista), publicado trêsanos após o primeiro livro, eleformula, na primeira parte, umateoria que ele denomina de neo-evolucionismo, na qual enuncia aexistência de uma energia cósmicaque nega a entropia; e também aexistência de uma energia espiritualque sobrevive à morte e evolui pormeio da reencarnação; e expõe asprovas de teor paleontológico,anatômico e embriológico daevolução. Ele explana, na segundaparte, acerca das experiênciascientíficas que evidenciam a reencar-nação.

A terceira obra, “Reencarna-ção em Xeque” (1997, 210 p., ed.Universalista) lista vinte argumentosque criticam e põem em dúvida areencarnação, tais como: de quedestrói a família, de que não temrespaldo bíblico, de não se recordarde vidas pregressas, de que é incom-patível com a Ciência. Aqui, o autorresponde com argumentos sólidos ebem fundamentados todas asobjeções comumente apresentadaspelos opositores.

A quarta obra se denomina“Dos Faraós à Física Quântica”(1997,190 p., ed. Universalista) e expõe

resumidamente as concepçõesbásicas das principais denominaçõesreligiosas (bramanismo, budismo,judaísmo, islamismo, sufismo,cristianismo, etc.) das correntesfilosóficas espiritualistas (rosacrucia-nismo, teosofia, antroposofia,seicho-no-ie, logosofia, etc.), decertas ciências e paraciências (proje-ciologia, parapsicologia, psicanálise,física quântica) e o entendimento dareencarnação em cada uma delas.

“Navegando nos Mares daImprensa” (2005, 364 p., ed.Universalista) é o título do quintolivro do autor. Aqui, ele enfeixa 50artigos e ensaios publicados nosúltimos vinte anos em periódicosespíritas do Brasil, de Portugal e daEspanha, abordando assuntos atuaise palpitantes, tais como: Brasil: ofuturo só a nós pertence?; um estudosobre a ingratidão; alcoolismo eobsessão; apometria, nem problema,nem solução; destino e livre-arbítrio;estupro e aborto; doação de órgãos;anencéfalo e abortamento; :o reencontro com o passado; salva-ção? não, obrigado.

“Reencarnação, Amor eSabedoria” (2006, 236 p., ed.Universalista) é sua publicação maisrecente. Trata-se da reedição do livro“Vôo Livre” (1999, 112 p., ed. MundoMaior), na qual busca apresentar areencarnação de maneira resumida eagradável, buscando sintetizar emuma única página, pesquisas históri-cas, raciocínios filosóficos e depoi-mento de cientistas em forma deconceitos relacionados com o temacentral: palingenesia, semeadura ecolheita, carma grupal, resgatecoletivo, gestação de aluguel, filhosadotivos, vasectomia, infertilidade,reencarnação compulsória, ninhouterino, etc, procurando elucidá-losà luz da Doutrina Espírita

Ricardo di Bernardi é catari-nense de nascimento, médicoh o m e o p a t a e p e d i a t r a e mFlorianópolis. Pertence ao Institutode Cultura Espírita de Florianópolis eà Associação Médico-Espírita deSanta Catarina.

déjà-vu

A Revista de Kardec(1º semestre de 1866)

Uma reportagem publica-da em vários jornais franceses,inclusive no , de 26 denovembro de 1865 e o

, de dois dias depois,foi reproduzida parcialmente eanalisada por Allan Kardec naRevista Espírita de janeiro do anoseguinte.

Trata-se do caso de LuísaB., uma jovem de 17 anos queapós a morte de uma irmã caiunum sono letárgico que durou 56horas. Ao despertar passou a secomportar de modo estranho.De dia, algo prostrada e profun-damente calma. Já à noite,voltava ao estado catalépticocom rigidez de membros e olharfixo. Então era capaz de ver cenase ouvir vozes reais, mas distan-tes, fora do alcance dos sentidoscomuns. Descrevia propriedadese destinação de objetos, plantas,minerais. Via as pessoas comotinham sido há anos atrás erecriava imagens vivas e perfeitasde indivíduos falecidos.

Ent re vár ios out roscomentários, Kardec explica queo profundo sentimento de perdapela morte da irmã deve teracionado mecanismos psíquicoscapazes de provocar a “emanci-pação da alma” tal como ocorredurante o sono, no sonambulis-mo, etc. O Espírito desliga-separcialmente do corpo e ampliaseu campo de percepção tantodo espaço como no tempo.

Em fevereiro, um dosassuntos é a cura espiritual daschamadas obsessões. Uma cartade Cazéres, escrita no mês anteri-or, informou o editor dasobre uma moça de 22 anos que,da condição de saúde perfeita,subitamente foi acometida poracessos de loucura. Internada

num hospício, não apresentouqualquer melhora. Tendo afamília ouvido falar sobre curaspara casos assim através doEspiritismo, procurou o articulis-ta. O espírito obsessor foi evoca-do por oito dias consecutivos aofim dos quais, devidamenteesclarecido, ele afastou-se davítima, retornando ela ao estadonormal.

Kardec, antes de passar aum novo caso, admite a existên-cia da verdadeira loucura – termogenérico à época, para todas aspatologias mentais – mas ratificaa autenticidade dos fatos em queespíritos moralmente atrasadosafetam a saúde e a razão depessoas encarnadas.

No outro caso, um cam-ponês em fúria atacava pessoas eaté animais pelo campo e na faltadeste invadia o galinheiro,fazendo vítimas as pobres aves.Sob tratamento espiritual, oobsessor relutou no início, masdepois de algum tempo renunci-ou à perseguição ao rapaz. Amelhoria foi gradual até a recu-peração total do equilíbrio.

Kardec compara essa açãode entidades desencarnadas comas que ocorrem entre os encarna-dos onde, muitas vezes, seresmaus e mais fortes atormentamoutros mais fracos até deixá-losdoentes ou matá-los. Sobre aquestão do porquê de Deuspermitir isso, argumenta que omesmo se pode indagar damaldade entre os vivos. Asobsessões, como as doenças eoutros males que afligem ahumanidade, fazem parte dasprovas e misérias devidas àinferioridade do meio e para oqual fomos atraídos por nossaspróprias imperfeições.

La Patric

L'

Evénement

Revue

| Resenha Crítica |

Resenha Crítica

Y. Shimizu

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008PÁGINA 10 ANO XII · NÚMERO 68

O primeiro centro espírita da história?Com o título "Há 150 anos surgia o

primeiro centro espírita do mundo", este jornalpublicou em seu número passado um artigo emque repete alguns equívocos cometidos poroutros órgãos da imprensa espírita, inclusivealguns escritores.

O primeiro deles é esta confusão desemelhança entre o centro espírita e a SociedadeParisiense de Estudos Espíritas. Não paira dúvidade que são duas coisas bem distintas, como severá mais à frente.

Outros equívocos são cometidos nasseguintes afirmações: 1) que "a sociedade erafranqueada a qualquer pessoa"; 2) que a "SPEEconstituiu-se no primeiro centro espírita domundo". Nem uma coisa nem outra são verda-deiras.

Chamo a atenção, também, para arevelação de que "1500 pessoas compareciamàs reuniões a cada ano", como a justificar o fatorelatado anteriormente de que a SPEE erafreqüentada por grande número de pessoas.Trata-se, aqui, de evidente ufanismo, que emgeral nós, os espíritas, alimentamos. Veja bem,se a SPEE se reunia uma vez por semana, aconsiderar o número absoluto citado, teremosem média 28 pessoas por sessão, o que não énenhum número expressivo.

Em geral, repito, a Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas, conhecida como SPEE, évista e citada como o primeiro centro espírita dahistória do Espiritismo. Foi fundada em Paris noano de 1858 por Allan Kardec e alguns amigos.Entretanto, será mais correto afirmar que a SPEEfoi a primeira sociedade espírita legalmenteorganizada, uma vez que entre ela e o centroespírita há muito pouca coisa em comum. Emmeu livro

faço esse registro a fim decontribuir para a formação de uma consciênciaa respeito da doutrina e a evolução de suaspráticas nestes cento e cinqüenta anos dehistória. Permito-me reproduzir aqui as reflexõesinseridas no referido livro sobre este interessanteassunto.

“O centro espírita não se limita a conso-lar os aflitos com palavras”. A afirmação deHerculano Pires revela o que é concebido deforma geral nos meios espíritas, mas presta-setambém a reflexões oportunas, uma vez que ocentro espírita como tal encontra-se ainda a

caminho de sua melhor definição. A Kardeccoube apenas conhecer os primeiros passos daSPEE que, então, não era conhecida por centroespírita.

A expressão ganhou novossentidos ao longo da história e, hoje, designa olocal onde se reúnem os adeptos do espiritismopara estudar e praticar a doutrina. É, também,em algumas situações, sinônimo de espiritismo,sentido este consagrado pela prática lingüística.Assim, o uso da expressão se generalizou e sesobrepõe ao próprio nome oficial das organiza-ções espíritas. Em geral, as pessoas dizem: "vouao centro espírita" e não à Associação de EstudosEspíritas Paulo e Estevão ou qualquer outronome que tenha a instituição. O termo, portanto,popularizou-se.

Desconhece-se qualquer instituição, nosprimórdios do Espiritismo na França, que fossedesignada por centro espírita. A expressão foi,certamente, criação brasileira e serviu tanto parapopularizar a doutrina quanto para se tornar suaprópria designação.

No início, faziam-se reuniões paraestudo e pesquisa dos fenômenos mediúnicos.Compreendê-los era o grande desafio dospesquisadores da segunda metade do séculoXIX. Ao publicar o primeiro livro da doutrina –

– Kardec abriu o leque dasinúmeras atividades que poderiam ser realizadaspor uma organização burocrática, somando-se,pois, ao estudo dos fenômenos mediúnicos e àsua pesquisa.

A passagem das reuniões mediúnicasinformais para as de uma sociedade organizada,interessada em prosseguir nas pesquisas, mas,também, em aplicar a teoria à prática do cotidia-no, forneceu diversos e interessantes desdobra-mentos. Com a filosofia básica estabelecida, oespiritismo não poderia se contentar apenas comos fenômenos e sua compreensão. Caso ofizesse, correria o risco de ter o número deinteressados reduzido paulatinamente. A maisconvincente razão, contudo, estava na própriarealidade doutrinária, plena de novas perspecti-vas capazes de sobrepor-se ao marasmo dasrepetitivas reuniões de pesquisa.

Kardec não teve tempo nem possibilida-de de fornecer algo próximo de um modelo decentro espírita capaz de atender ao desejo dohomem do século seguinte. O estatuto que

oferece no “Livro dos Médiuns” expressa aintenção de auxiliar através de instruções deriva-das especificamente da experiência com a SPEE,então fundada fazia pouco tempo, cuja estruturadifere bastante do centro espírita da atualidade.

Por ser a primeira instituição legalmenteorganizada, visando à aplicação prática doespiritismo e por haver surgido quase um anoapós o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, aSPEE é tipicamente uma associação disposta aoestudo dos fenômenos mediúnicos, interessadana sua compreensão e nos conhecimentosadvindos da relação com as inteligênciasinvisíveis. O artigo primeiro do seu estatutoassegura: “A sociedade tem por objeto o estudode todos os fenômenos referentes às manifesta-ções espíritas e sua aplicação às ciências morais,físicas, históricas e psicológicas”.

A sociedade foi, de fato, a primeirainstituição espírita legalmente fundada a funcio-nar como estimuladora do aparecimento deoutras dentro e fora da França. Limitava-se,contudo, aos objetivos expostos no seu regula-mento, nada possuindo daquilo que foi, com otempo, incorporado como serviço ao centroespírita. O regulamento é uma peça bastantecuriosa, mas é também severa do ponto de vistada disciplina, ao garantir direitos e estabelecerpenalidades para aqueles sócios que porventuraviessem a praticar atos que colocassem em riscoo nome da sociedade.

Pelo regulamento se fica sabendo queninguém poderia se tornar sócio sem a indicaçãode dois membros titulares e a aprovação dadiretoria. De certa forma, ainda hoje tal preceitose encontra em boa parte dos estatutos doscentros espíritas, mas com pequena aplicaçãoprática.

A SPEE jamais realizava reuniões públi-cas. Todas as suas sessões eram privativas dossócios e vedadas aos curiosos. Quem delasquisesse participar deveria obter autorização dopresidente e ainda assim participaria apenas dasessão para a qual a autorização tivesse sidoliberada. Os médiuns não detinham direitossobre as comunicações que obtinham; só lhesera permitido tirar cópia das comunicações,mantendo o original na sociedade. Assim, aSPEE se reservava o direito de uso das comunica-ções, seja para fins de publicação na RevistaEspírita seja para outras finalidades.

Nosso Centro, Casa de Serviços eCultura Espírita

centro espírita

Olivro dos espíritos

W.Garcia · Recife, [email protected]

(Continua na pág. seguinte)

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COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 PÁGINA 11ANO XII · NÚMERO 68

As reuniões ocorriam uma vez porsemana, às sextas-feiras às 20 horas, alternandosessões particulares e gerais. As primeiras eramvedadas aos não sócios e as gerais admitiam apresença de convidados devidamente autoriza-dos, mas os convidados não podiam fazer uso dapalavra senão em casos excepcionais.

Os sócios não podiam utilizar o título demembros da SPEE, inclusive nas suas produçõesintelectuais. Caso fosse de interesse de algumdeles fazer essa menção deveria submeter otrabalho à apreciação e aprovação da comissãorespectiva.

O regulamento garantia à SPEE o direitode fazer “exame crítico das diversas obraspublicadas sobre o Espiritismo” e entre essasmencionava as que fossem publicadas “por ummembro da sociedade sob o véu do anonimato esem nenhuma menção que possa torná-loconhecido como tal”. O exame era registrado emdocumento que, a critério da presidência,poderia ser levado à publicação na RevistaEspírita.

Como se vê, a SPEE era uma instituiçãocom objetivos diferentes dos de um centroespírita contemporâneo e, embora se tenhabastante o que aprender com ela, especialmente

no campo mediúnico do trato com os Espíritos,não se pode compreendê-la senão sob o viés desua realidade histórica.

– Este artigo chegou à redação após ofechamento da edição nº 67 e refere-se à maté-ria de capa da edição nº 66, do bimestre março-abril. Sem querer polemizar e a despeito dosvaliosíssimos esclarecimentos prestados pelonosso colaborador articulista, qualquer espíritamais ou menos bem informado sabe que oscentros espíritas atuais muito pouco têm emcomum com a SPPE.

Na verdade, como consta do Editorial de, da USE-SP, ed. nº 106, ao

referir-se ao artigo de sua jornalista-responsávelMartha Rui Guimarães, “A Sociedade fundadaem 1º de abril de 1858 e (grifonosso) considerada o primeiro centro espírita domundo...”, expressão que ela repete depois noartigo à pág. 6, é mesmo uma referência históri-ca, não significando que funcionasse nos moldesda prática atual, especialmente no Brasil.

Da mesma forma, colhida ao acaso,encontramos no Boletim Informativo nº 63(maio-junho) do suplemento de (nº2151, de junho-08): “Ao ensejo das comemora-

ções dos 150 anos de fundação da SociedadeParisiense de Estudos Espíritas e, considerandoque esta foi a primeira Casa Espírita do mun-do...”.

Quanto ao trecho referente às pessoasque a freqüentavam, o frisou em seu textoque “Desde que não fosse por simples curiosida-de ou claras intenções de causar perturbação, aSociedade era franqueada a qualquer pessoa...”o que já demonstra a existência de critérios paraparticipação.

Embora o articulista em certo parágrafoafirme que “A SPPE jamais realizava reuniõespúblicas. Todas sessões eram privativas dossócios...”, logo no parágrafo seguinte informaque as reuniões realizadas nas sextas-feirasalternavam-se em particulares e gerais, sendo asprimeiras vedadas aos não sócios.

De fato, na Revista Espírita, editada porKardec, referente a fevereiro de 1859, encontra-mos um aviso assinado por ele, informando queas sessões das terças-feiras estavam sendorealizadas às sextas, na nova sede e que

NR

CAE

Dirigente Espírita

Reformador

“Osestranhos só serão admitidos nas segundas,quartas e sextas-feiras, mediante cartões nomina-is e apresentação.

historicamente

Tempos atrás li uma interessantemensagem recebida pela internet, na quala autora mencionava que nossa geração(os de meia idade) era a última a respeitaros pais e a primeira a temer os filhos. Dá oque pensar!

De fato, nossos jovens estãocegos para muitas realidades da vida edesorientados diante de um mundo queapresenta mudanças rápidas demais, eapelos fora das possibilidades humanas,principalmente aqueles ligados a níveis deconsumo não só impossíveis comodesnecessários.

Apesar de todos os horroresperpetrados por jovens e mesmo crianças,é preciso cuidado para não criminalizar aadolescência e a juventude. Os paisnascidos no pós-guerra (refiro-me àSegunda Guerra) também não foramadequadamente educados para o pósmundo-modernidade, destroçado pelasseqüelas dos conflitos, destruído em seusvalores seculares.

Nossos jovens são vítimas de ummodelo de sociedade que estimula ocomportamento narcisista-individualista.São pessoas que crescem, mas nãoamadurecem para as coisas elementaresda vida, pois lhes falta orientação mínimaquanto a alguns impositivos da vida real.Eis alguns:

1 – Ausência da noção de limites. Amaioria dos limites não é inventada e nemimposta pelos pais, educadores ouautoridades de um modo geral. Refletemapenas algumas necessidades básicaspara que se tenha uma vida melhor e maissaudável. São necessários para que ocorpo e a mente se mantenham em ordeme, digamos, operacionais. Não comer nembeber em demasia. Cuidar da higienepessoal, da própria segurança, daorganização dos deveres pessoais, sociais,familiares etc.; saber administrar o tempoe tantas outras “bagatelas” são indispen-sáveis para o bem viver.

2 – Incapacidade de lidar com frustrações.É impressionante a falta de capacidade delidar com a perda do namorado ounamorada, do celular perdido em algumafesta, com a falta de dinheiro para o tênisnovo, o mp3, mp4 ...mp7. Que fazerdiante das grandes frustrações que a vidatantas vezes impõe? Para muitos ohomicídio, o suicídio, a fuga, a violência eo enfrentamento parecem ser soluçõessimples e eficazes. O diálogo como formade solucionar conflitos perdeu-se juntocom a capacidade de lidar com a palavra.

3 – Dificuldade em lidar com perdas. Nãohá quem atravesse a existência sem umadoença, limitações, uma tragédia pessoalou familiar. A perda de um emprego ou deuma oportunidade. A morte de parentes eamigos e tantas coisas mais, são contin-gências da vida. O envelhecimento não éuma piada da natureza, mas um determi-nismo biológico que promove a renova-

ção da vida orgânica na Terra enquantoliberta a alma.

As dificuldades da vida. Asmuitas e persistentes inibições comantecedentes espirituais ou não, servemtambém para fortalecer o caráter e apersonalidade. Vivemos tempos diferen-tes. A crise mundial se mostra não pelosfenômenos da globalização financeira,mas pelo atrofiamento da humanidade enas distorções psicológicas que a todosatinge. As muitas formas de violênciamostram a ponta da equação humanaainda mal resolvida.

No entanto, certamente issopassará. Não podemos nos esquecer queoutras civilizações já tiveram seu apogeue crise no passado da Terra. Mesmo que opreço da renovação social seja tão altocomo parece que será, eventualmentesentiremos os processos renovadoreschegando através das artes e da cultura,como já aconteceu antes. Lembram-se doRenascimento?

As muitas formas de violência mostram a ponta da equação humana ainda mal resolvida

Paulo R. Santos([email protected])

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ANO XII · NÚMERO 68 COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008PÁGINA 12

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o milheiro

Wilson CzerskiA educação moral é o antídoto perfeito contra a violênciaQuarenta mil homicídios, trinta e um mil mortos

no trânsito, dezenas de milhares de feridos, mutilados eincapacitados permanentes; bilhões de reais em prejuí-zos materiais e gastos com tratamentos médicos eindenizações. Esse o saldo "material" do inventáriomacabro anual no Brasil. E o sofrimento moral das vítimase suas famílias? Quanta dor, quanta impunidade e"injustiça" não reparada, quantas pessoas lançadastragicamente à viuvez e orfandade. Quantos talentos,quantas vidas ceifadas brutalmente!

O Espiritismo, pela sua filosofia e sua ética, podeser o elemento transformador por excelência do serhumano. Tem elementos suficientemente desenvolvidos,de modo racional e consistente, para contribuir nasolução dos grandes problemas que o afligem, oferecen-do valores concretos para a felicidade verdadeira, livre dailusão material, apesar de inserido, como ser encarnado,no contexto social momentâneo de sua evolução.

Se o objetivo parece inalcançável, ocorre nãopor falta de qualidade na mensagem espírita, mas peladeficiência na instrumentalização de fazê-la chegar àsmassas. Falta de conhecimento, indiferença ou falta depreparo das lideranças, metodologias ultrapassadas,linguagem inapropriada, falta de recursos humanos eeconômicos são alguns dos fatores que emperram adivulgação espírita, sonegando informações capazes de,se devidamente veiculadas, modificar de fato, a socieda-de.

São válidos os protestos, as passeatas e campa-nhas que visam atenuar o impacto da violência urbana etambém a rural. Mas não sejamos ingênuos de pensar quesó com isto o problema já estará resolvido. Devemosdesarmar, antes de tudo, nossos espíritos pela prática doamor e da fraternidade legítima extensiva a todos. É o quese deduz das palavras do Cristo:

A imensa maioria das pessoas que habitam estepaís é constituída por gente séria, honesta e trabalhadora,mas o poder da minoria bandida prevalece. Na resposta àquestão 934 de O Livro dos Espíritos, os OrientadoresEspirituais, uma vez mais

para a seguir,afirmarem que

(ao egoísmo).Anteriormente, na mesma obra, na questão 685, é opróprio Allan Kardec que acrescenta comentário sobre otema econômico dizendo:

(Neste parágrafo, o negritadoé do autor da obra e o sublinhado do autor deste artigo).

Educar, mais que instruir e não só pelos livrosmas pelo exemplo prático. Educação maciça iniciada noslares por pais bem preparados, conscientes e responsá-veis, passando pelos estabelecimentos de ensino ondepoderiam ser incluídas disciplinas específicas de trânsito,cidadania, meio ambiente, respeito ao patrimôniopúblico, prevenções sanitárias e anti-drogas, incluindo otabagismo e o alcoolismo; importância da doação deórgãos, etc. E campanhas envolvendo as igrejas de todosos credos - isto vale também para os espíritas -, ONGs einstituições diversas da sociedade civil como OAB, amídia e outras.

Este modelo, que possui a desvantagem deprovocar resultados mais significativos de médio e longoprazos, tem o mérito de ser mais definitivo, atacando ascausas dos males. Já as medidas repressivas, melhoraparelhamento policial, reformulação do sistemacarcerário e mecanismos de ressocialização dos ex-detentos, reestruturação do Judiciário, desarmamento etantos outros também são úteis e necessários, atacando,embora, apenas as conseqüências.

O egoísmo só poderá ser extirpado inteiramen-te do corpo social com o passar talvez de vários séculos,mas efeitos parciais e no âmbito individual podem sersentidos de imediato à aplicação quando simplesmenteensinamos nosso filho de três anos a respeitar o tambémfilhinho querido da empregada doméstica, mesmo quetenha outra cor de pele; ou quando não permitimos que ofilho adolescente dirija automóvel e, se mais velho ehabilitado, que receba aconselhamento, seja conscienti-zado para a responsabilidade que lhe pesa nos ombros

com relação à própria integridade física e a dos outros; ouquando rejeitamos a sugestão para adquirirmos umaarma de fogo a pretexto de proporcionarmos maissegurança a si e à família, idéia falaciosa e de risco.

As leis e a ordem impostas à sociedade comoresposta à exigência coletiva são bem-vindas e necessári-as, mas de maior eficiência quando todos souberem,senão amar e fazer ao próximo quanto o que desejariamque lhes fizessem, pelo menos respeitar seus direitos,especialmente os fundamentais como a vida.

Quanto à lei de Causa e Efeito ou justiça divina,ela se materializa através dos próprios homens equivoca-dos no passado longínquo ou recente, como contingênciado estágio evolutivo que nos encontramos. E não émenos verdadeiro que Deus dispõe de outros mecanis-mos para punir suas criaturas empedernidas no mal, feri-las em seu orgulho e atingir-lhes o ego. Dispensa o nosso"empurrãozinho", como muitos pensam ser necessário,justificando assim o estado de coisas atual e até a nossaprópria indolência.

Mas se amardes somenteàqueles que vos amam, que mérito tereis?

"À medida que os homens se esclarecemsobre as coisas espirituais, ligam menos valor às coisasmateriais... é preciso reformar as instituições humanas que o

entretêm .

"Há um elemento... sem o quala ciência econômica não é mais que uma teoria: .Não a educação intelectual, mas a ... moral e não a educa-ção moral pelos livros, mas aquela que consiste na

, a que : porqueQuando

se pensa na massa de indivíduos jogados cada dia na torrenteda população, sem princípios, sem freios e entregues aosseus próprios instintos, deve-se espantar das conseqüênciasdesastrosas que resultam?”

elegeram o egoísmo como ovilão máximo do sofrimento da humanidade

Isso depende da educação"

a educação

arte de

formar os caracteres dá os hábitos a

educação é o conjunto de hábitos adquiridos.

www.umoderna.ptwww.umoderna.pt

A infância é o período em que o Espírito está mais acessível àsinfluências recebidas dos encarregados de sua educação.

Questão 383 de O Livro dos Espíritos.

Educação Moral: o melhor antídoto à violência

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