cultivo do sorgo

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Cultivo do SorgoApresentaoA cultura do sorgo, no Brasil, apresentou avano significativo a partir da dcada de 70. Nesses poucos mais de 30 anos, a rea cultivada tem mostrado flutuaes, em decorrncia da poltica econmica, tendo a comercializao como principal fator limitante. Atualmente, a cultura tem apresentado grande expanso (20% ao ano, a partir de 1995), principalmente, em plantios de sucesso a culturas de vero, com destaque para o Estados de Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e regio do Tringulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granfero plantado no pas. Existe a expectativa de plantio de 850.000 ha, para a atual safra, com base na estimativa de sementes comercializadas e em vias de comercializao. Essa rea poder ser responsvel pela produo de 1.700.000 t de gros. Projees feitas sobre o potencial de expanso da cultura indicam aumento de at seis vezes da rea plantada, ainda nesta dcada, sem risco de excesso de oferta. Para o Brasil, estrategicamente importante ter uma rea ocupada com sorgo, para a garantia do abastecimento de gros. A produo brasileira de gros depende quase que exclusivamente da precipitao pluviomtrica. Em anos com a ocorrncia de condies desfavorveis, normalmente h dficit na produo de gros e o sorgo, sendo uma cultura de vocao para cultivo em condies adversas de clima e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de gros. O investimento na promoo da produo e utilizao do sorgo no Brasil se justifica dentro da poltica estabelecida pelo governo, que seria o aumento da eficincia, qualidade e competitividade dos produtores, e pelo conceito mundialmente aceito de agricultura sustentada. O sorgo pode substituir parcialmente o milho nas raes para aves e sunos e totalmente, para ruminantes, com uma vantagem comparativa de menor custo de produo e valor de comercializao de 80% do preo do milho. Alm disso, a cultura tem mostrado bom desempenho como alternativa para uso no sistema de integrao lavoura/pecuria e para produo de massa, proporcionando maior proteo do solo contra a eroso, maior quantidade de matria orgnica disponvel e melhor capacidade de reteno de gua no solo, alm de propiciar condies para uso no plantio direto. As contribuies dos setores pblico e privado, no oferecimento de cultivares adaptadas s condies de plantio e de alto potencial de produo tm possibilitado incrementos significativos na produtividade mdia nacional, com reflexos no aumento da oferta de gros, na competitividade e na gerao de renda. Procurando atender demanda por informaes sobre essa cultura, elaborou-se este Sistema de Produo, que abrange os aspectos relevantes do seu manejo, de modo a propiciar ao usurio condies para familiarizao com os seus fundamentos e para o planejamento e tomada de decises no negcio do sorgo. Este Sistema de Produo renova-se periodicamente, tendo em vista a demanda dos produtores por informaes atualizadas e o compromisso por um trabalho sistematicamente aliado tecnologia.

Importncia econmica IntroduoA moderna planta de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) ( Taxonomia ) um produto da interveno do homem, que domesticou a espcie e, ao longo de geraes, vem transformando-a para satisfazer as necessidades humanas. Sorgo uma extraordinria fbrica de energia, de enorme utilidade em regies muito quentes e muito secas, onde o homem no consegue boas produtividades de gros

ou de forragem cultivando outras espcies, como o milho. A origem do sorgo est provavelmente na frica, embora algumas evidncias indiquem que possa ter havido duas regies de disperso independentes: frica e ndia. A domesticao do sorgo, segundo registros arqueolgicos, deve ter acontecido por volta de 3000 AC, ao tempo em que a prtica da domesticao e cultivo de outros cereais era introduzida no Egito Antigo partir da Etipia. Quando e como o sorgo se dispersou para fora da frica matria de grande controvrsia. O Sorgo Durra, nome de um dos tipos raciais da espcie, encontrado extensivamente desde a Etipia, passando pelo Vale do Nilo at o Oriente Prximo, atingindo a ndia e a Tailndia. Os Durras provavelmente foram introduzidos no mundo rabe por volta de 1000 a 800 AC. As rotas comerciais terrestres ou martimas da antiguidade que levavam ao Extremo Oriente (China, Coreia, Japo) certamente foram usadas para introduzir o sorgo na ndia. Registros indicam que seu cultivo na ndia (que hoje a mais extensa rea de cultivo de sorgo no mundo) ( Estatsticas Mundiais ) remonta o sculo I DC. O sorgo chegou ao Oriente Prximo um pouco mais tarde e ao mesmo tempo atingiu a Europa atravs da Itlia, provavelmente com sementes trazidas da ndia por volta de 60 a 70 anos DC. Partindo, tambm da ndia, o sorgo chegou China no sculo III DC. Antes disso ocorrer, no entanto, sorgos do tipo Durra j eram observados na Coreia a nas Provncias Chinesas adjacentes, provavelmente introduzidos atravs das chamadas "rotas da seda" que partiam da sia Menor em direo ao Extremo Oriente. Sorgo no nativo do hemisfrio ocidental e nas Amricas de introduo bem mais recente. As primeiras introdues ocorreram no Caribe, trazidas por escravos africanos, e desta regio o sorgo atingiu o Sudoeste dos Estados Unidos por volta da metade do sculo XIX. Nos Estados Unidos, atualmente o maior produtor mundial de gros de sorgo ( Estatsticas ), a primeira lavoura de sorgo plantada de que se tem notcia, data de 1853, por William R. Prince de Nova Iorque. Quatro anos mais tarde, em 1857, o Departamento de Agricultura lanou o que pode ter sido a primeira cultivar comercial "moderna" de sorgo do mundo, fruto, j, da manipulao gentica promovida pelo homem. partir da numerosos materiais genticos foram introduzidos nos EUA pelo Departamento de Agricultura e outras agncias, provenientes de diversas partes do mundo. Os Durras chegaram Califrnia vindos do Egito em 1874. O tipo Shallu, da ndia em 1890; os Kafirs, da frica do Sul em 1904 e alguns anos mais tarde os Milo, os Feterita e os Hegari, do Sudo. Na primeira dcada do sculo XX, sorgo foi extensivamente cultivado nos EUA para produo de xarope ou melao. As cultivares eram de porte muito alto e tardias, com alguma semelhana fenotpica com os atuais sorgos forrageiros para silagem. O porte avantajado dessas cultivares no permitia sua utilizao como plantas granferas porque a colheita, mesmo que fosse por processo manual, era muito difcil. Alm disso, o ciclo extremamente longo, limitava seu cultivo s regies no sul do pas mais prximas da linha do equador. Os primeiros colonizadores das Grandes Plancies do Oeste Americano, ento, selecionaram plantas dos tipos Milo e Kafir mais adaptadas agricultura que se modernizava e que eram muito mais tolerantes ao clima seco da regio do que o milho. Com o advento da mecanizao na segunda dcada do sculo XX, novas selees foram sendo feitas a partir dos materiais originais, que acrescentaram mais valores s cultivares como precocidade e porte cada vez mais baixos. Mas foi a partir da dcada de 40, com o surgimento dos chamados "combine types" ou sorgos granferos como conhecemos hoje, que a cultura tomou um significativo incremento em vrias regies do Oeste dos EUA. Maiores progressos, no entanto estavam por vir, graas aos trabalhos de um grupo de cientistas como J.R.Quinby e J.C. Stephens, que viabilizaram os hbridos por volta do incio dos anos 60. O sorgo hbrido tornou-se um incontestvel sucesso nos EUA e a nova tecnologia rompeu suas fronteiras, tornando-se rapidamente uma cultura muito popular em diversos pases como: Argentina; Mxico; Austrlia; China; Colmbia; Venezuela; Nigria; Sudo; Etipia. No Brasil, onde o sorgo foi mais recentemente introduzido, seu cultivo est se popularizando tambm e j somos um dos 10 maiores produtores mundiais (

Estatsticas ). Em todo o mundo a combinao de potencial gentico e o uso de prticas de cultivo como fertilizao adequada; controle de doenas, insetos e plantas daninhas; manejo da gua de irrigao; zoneamento agroclimtico e altas populaes de plantas, tem propiciado altos rendimentos de gros e forragem em regies e condies ambientais desfavorveis para a maioria dos cereais. Importncia Econmica

Sorgo cultivado em reas e situaes ambientais muito secas e/ou muito quentes, onde a produtividade de outros cereais anti econmica. Embora de orgem tropical, o sorgo vem sendo cultivado em latitudes de at 45 norte ou 45 sul, e isso s foi possvel graas aos trabalhos dos melhoristas de plantas, que desenvolveram cultivares com adaptao fora da zona tropical. Sorgo cultivado principalmente onde a precipitao anual se situa entre 375 e 625 mm ou onde esteja disponvel irrigao suplementar. Sorgo , entre as espcies alimentares, uma das mais versteis e mais eficientes, tanto do ponto de vista fotossinttico, como em velocidade de maturao. Sua reconhecida versatilidade se estende desde o uso de seus gros como alimento humano e animal; como matria prima para produo de alcool anidro, bebidas alcolicas, colas e tintas; o uso de suas panculas para produo de vassouras; extrao de accar de seus colmos; at s inmeras aplicaes de sua forragem na nutrio de ruminantes. Agronomicamente os sorgos so classificados em 4 grupos: granfero; forrageiro para silagem e/ou sacarino; forrageiro para pastejo/corte verde/fenao/cobertura morta; vassoura. O primeiro grupo inclui tipos de porte baixo (hbridos e variedades) adaptados colheita mecnica. O segundo grupo inclui tipos de porte alto (hbridos e variedades) apropriados para confeco de silagem e/ou produo de acar e lcool. O terceiro grupo inclui tipos utilizados principalmente para pastejo, corte verde, fenao e cobertura morta (variedades de capim sudo ou hbridos inter especficos de Sorghum bicolor x Sorghum sudanense) ( Taxonomia ). O quarto grupo inclui tipos de cujas panculas so confeccionadas vassouras. Dos quatro grupos, o sorgo granfero o que tem maior expresso econmica e est entre os cinco cereais mais cultivados em todo o mundo, ficando atrs do arroz, trigo, milho e cevada. A produo mundial de gros de sorgo foi estimada em cerca de 58,9 milhes de toneladas mtricas em julho de 2002 ( Estatsticas ). A rea total cultivada com sorgo granfero de cerca de 37 milhes de ha, e deste total Asia e Africa participam com 82%. No entanto, a maior produo e produtividade esto na Amrica do Norte. Estados Unidos e Mxico juntos produzem 34% da produo mundial. Entre os maiores produtores de gros de sorgo do mundo, a ndia detm a maior rea plantada, com cerca de 11 milhes de ha. Mas os Estados Unidos lideram a produo mundial, com quase 14 milhes de t numa rea de pouco mais de 3 milhes de ha. India, Nigria, Mxico, Sudo, China, Argentina, Austrlia, Etiopia, Burkina, pela ordem , completam o grupo dos dez maiores produtores mundiais de gros de sorgo. Na Amrica do Sul, Argentina o maior produtor, seguido pelo Brasil, que est muito prximo de fazer parte do grupo dos dez. A produo brasileira est crescendo rapidamente e poder, ainda nesta dcada, se igualar ou superar a posio da Argentina no Continente. Em termos globais, sorgo a base alimentar de mais de 500 milhes de pessoas em mais de 30 pases. Somente arroz, trigo, milho e batata o superam em termos de quantidade de alimento consumido. Entretanto, a cultura de sorgo produz muito menos do que seu potencial oferece. O sculo XX foi o sculo do trigo, do arroz e do milho. O sculo XXI poder ser o sculo do sorgo. Sorgo no Brasil

O sorgo deve ter chegado ao Brasil da mesma forma como chegou na Amrica do Norte e Central: atravs dos escravos africanos. Nomes como "Milho d' Angola" ou "Milho da Guin", encontrados na literatura e at hoje no vocabulrio do

nordestino do serto, sinalizam que possivelmente as primeiras sementes de sorgo trazidas ao Brasil entraram pelo Nordeste, no perodo de intenso trfico de escravos para trabalhar na atividade aucareira. Mais recentemente, partir da segunda dcada do sculo XX at fins dos anos 60, a cultura reintroduzida de forma ordenada no pas atravs dos institutos de pesquisa pblicos e universidades. Deste perodo vamos encontrar registros de pesquisas com sorgo no Instituo Agronmico de Campinas, no Instituo Pernambucano de Pesquisas Agropecurias, de Pernambuco, e no Instituto de Pesquisas Agropecurias, do Rio Grande do Sul e em algumas Escolas de Agronomia, como a Esalq de Piracicaba, a Escola Superior de Agricultura de Lavras, a Escola Superior de Agronomia de Viosa, a Escola de Agronomia de Pernambuco e outras. Colees foram introduzidas da frica e dos Estados Unidos e deram origem a cultivares forrageiras comerciais cujos nomes at hoje so lembrados pelos produtores, como as variedades Santa Eliza, Lavrense, Atlas e Sart. O sistema de produo e distribuio de sementes melhoradas, no entanto, s viria a se desenvolver mais tarde, entre fins dos anos 60 e comeo dos 70. Foi quando o setor privado entrou no agronegcio do sorgo. E foi nesse momento que os hbridos de sorgo granfero de porte baixo recm lanados na Argentina (aqui chamados de "sorgo ano") chegaram ao Brasil atravs da fronteira gacha com os paises platinos. Neste perodo o Rio Grande do Sul tornou-se o maior produtor de gros de sorgo do pas. Somente o municpio de Bag, na fronteira com o Uruguai, chegou a plantar entre 20 e 25 mil hectares de sorgo. E do Rio Grande do Sul, os "modernos" hbridos desenvolvidos pelo trabalho dos melhoristas americanos e adaptados s condies da Pampa Argentina, chegaram a So Paulo. De So Paulo a cultura se expandiu para os estados centrais e durante os ltimos 25 anos, o sorgo alternou crescimento e declnio de rea plantada. Mas nos ltimos 5 anos a cultura de sorgo granfero parece ter encontrado seu nicho de mercado, e com o esforo da pesquisa e das empresas sementeiras consolidou sua posio de cultura alternativa ao milho no sistema de sucesso de culturas. O Rio Grande do Sul continua sendo um estado produtor e consumidor de gros de sorgo, mas no detm mais a liderana que tinha at os anos 70. O Centro Oeste atualmente a rea sorguera mais importante do pas. A expanso do sorgo nos anos 90

A rea cultivada com sorgo deu um salto extraordinrio partir do inicio dos anos 90. O Centro Oeste a principal regio de cultivo de sorgo granfero, enquanto o Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram a rea de sorgos forrageiros. O sorgo granfero cultivado basicamente sob 3 sistemas de produo no Brasil: no Rio Grande do Sul planta-se sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil Central a semeadura feita em sucesso s culturas de vero, principalmente a soja. E no Nordeste a cultura plantado na estao das chuvas ou de "inverno". Mais recentemente tem sido observado o plantio de sorgo sob irrigao suplementar, tanto no Nordeste como no Centro Oeste. No segmento de sorgo forrageiro o sistema de cultivo exclusivo de vero- outono e a maior rea plantada ainda para confeco de silagem. Mas nos ltimos 3 anos cresceu significativamente a rea de sorgos para pastejo e/ou corte verde, que tambm se prestam para formao de palha para plantio direto. Esses modernos cultivares tem se adaptado muito bem a sistemas integrados de agricultura e pecuria. O maior uso de gros de sorgo no Brasil est na avicultura e suinocultura. Bovinos, eqinos e pequenos animais so tambm consumidores mas em menor proporo. Praticamente no h consumo de sorgo em alimentao humana. A silagem de sorgo e o pastejo so igualmente utilizados para rebanhos de corte e de leite. A agroindstria de carnes est cada vez mais interessada em aumentar o consumo de sorgo em dietas de monogstricos. Estima-se que a produo de gros de sorgo poder se elevar at 4-5 milhes de t nesta dcada sem risco de excesso de oferta, uma vez que o balano demanda/oferta de milho est ajustado, e mais

recentemente o pas recomeou a exportar este cereal com bons resultados financeiros para produtores e exportadores (link estatsticas /consumo). O sorgo passa a assumir cada vez mais um papel estratgico para a consolidao de uma poltica de exportao de milho, quer sob a forma direta ou agregada em carnes de aves e sunos.

Clima poca de plantio

Embora a poca de plantio tenha relativamente pouco efeito no custo de produo, seguramente afeta o rendimento e o lucro do agricultor. A tomada de deciso quanto poca de plantio deve-se embasar nos fatores de riscos e nos objetivos propostos pelo agricultor, que tendem a ser minimizados quanto mais eficiente for o planejamento das atividades relacionadas produo. A produtividade do sorgo funo de vrios fatores integrados (interceptao de radiao pelo dossel, eficincia metablica, eficincia de translocao de fotossintatos para os gros, capacidade de dreno, entre outros). As relaes de fonte e dreno so funes de condies ambientais e genticas, e as plantas procuram se adaptar a essas condies. As respostas diferenciadas dos gentipos variabilidade ambiental, ou seja, interao gentipo x ambiente, significa que os efeitos genotpicos e ambientais no so independentes. Da a importncia de conhecer a poca de plantio analisando todo o ciclo da cultura, procurando prever as condies ambientais em todas as suas fases fenolgicas. A grande dificuldade que se encontra com respeito s variaes ambientais no previsveis. Essas variaes imprevisveis correspondem aos fatores ambientais altamente variveis, no s espacialmente como de forma temporal (precipitao, temperatura do ar, vento, radiao, etc.). Sabe-se que a interao gentipo x ambiente est associada a fatores simples e complexos. Os simples so proporcionados pela diferena de variabilidade entre gentipos nos ambientes e o complexos pela falta de correlao entre os desempenhos do gentipo nos ambientes. Como pode-se observar uma tarefa difcil estabelecer a poca de plantio para uma dada regio sem um conhecimento prvio das cultivares a serem plantadas e das condies ambientais onde se pretende desenvolv-las, embora a cultura do sorgo tenha uma ampla adaptao. No que se refere a resposta do sorgo a condies ambientais deve-se preocupar com temperatura do ar, precipitao e gua no solo. A maioria da reduo de produtividade esta relacionada ao decrscimo do nmero de sementes resultante da reduo do perodo de desenvolvimento da pancula. No que se refere a temperatura do ar, a literatura tem mostrado que existem diferentes temperaturas timas, ou seja, a temperatura tima varia com a cultivar e que 5 o C acima do valor da temperatura tima noturna pode reduzir at 33% a produtividade. Isso se deve ao aumento da taxa respirao noturna , chegando mesmo Eastin et al (1978) a concluir que para cada 1 o C de aumento a temperatura noturna h uma taxa de aumento de respirao em torno de 14%. Na literatura brasileira consultada a temperatura requerida para timo crescimento e desenvolvimento da cultura do sorgo no tem sido determinada para as diferentes cultivares de sorgo mas sabe-se que varia para cada cultivar. A literatura internacional tem mostrado que temperatura superior a 38 o C reduz a produtividade e que a maioria das cultivares no crescem bem em temperaturas inferiores a 16 o C. No que se refere a gua, vasta a literatura mostrando que diferentes gentipos apresentam diferente tolerncia ao estresse hdrico. O sorgo tem habilidade de manter-se dormente durante o perodo de seca e retorna o crescimento to logo o estresse desaparea, e possui relativamente boa resistencia dessecao. O sorgo tem mostrado a capacidade de recuperar aps prolongado perodo de murchamento. Bastam 5 dias de ritmo normal a abertura

de estmato retorna s atividades fisilogicas normais. As varias caractersticas xerofticas da planta de sorgo que o torna resistente a seca, porem a sua capacidade de recuperar aps a seca sua mais importante propriedade quando se pensa na predio de sua produtividade. Embora seja uma cultura resistente a estresse hdrico, ela tambm sofre efeito do dficit hdrico, chegando reduzir consideravelmente a produtividade Portanto, definir a poca de semeadura, refere-se ao perodo em que a cultura tem maior probabilidade de desenvolver-se em condies edafoclimticas favorveis. No Brasil Central, mais especificamente na regio dos Cerrados, embora o cultivo do sorgo seja feito em diversas condies climticas por ser uma cultura de ampla adaptao, considerando a variabilidade temporal e espacial do clima, pode-se observar que durante todo o ciclo da cultura a temperatura superior a 18 o C e raramente ocorrem geadas. A temperatura noturna em momento nenhum local ultrapassa valores superiores as 30 o C, inclusive, segundo a literatura apresenta valores abaixo da temperatura noturna otima. Pode, inclusive, ser em alguns locais onde a altitude mais elevada, a temperatura noturna se baixa prejudicando o desempenho das plantas. De uma forma geral pode-se sugerir que, nessa regio, a semeadura seja entre setembro e novembro, dependendo da poca de incio das chuvas da regio considerada. A produtividade , provavelmente, mais elevada quanto as condies do tempo permitem o plantio em outubro. Trabalhos de pesquisa no Brasil Central mostram que, o atraso do plantio a partir da poca mais adequada (geralmente em outubro) pode no causar danos a cultura, como causaria a cultura do milho, considerando que a mesma suporta, sem muita perda de produtividade, a dficits hdricos prolongados. Excetuando-se as elevadas altitudes, onde quem determina a poca de plantio a temperatura, no Brasil Central quem define a poca de plantio a distribuio das chuvas. O uso consuntivo de gua para o sorgo durante seu ciclo varia de 380 mm e 600mm dependendo das condies climticas dominantes. A gua absorvida diferencialmente com o estdio de crescimento e desenvolvimento da cultura. Vale a pena ressaltar a importncia da gua, ou seja, o dficit hdrico tem influncia direta na taxa fotossinttica que est associada diretamente com a produo de gros e, sua importncia varia com o estdio fenolgico em que se encontra a planta. Pesquisas mostram que at dias de estresse hdrico a cultura do sorgo recupera na sua quase totalidade de forma a reduzir muito pouco a produtividade. Em resumo, a poca de semeadura determinada em funo das condies ambientais (temperatura, fotoperiodo e distribuio das chuvas e disponibilidade de gua do solo) e da cultivar (ciclo, fases da cultura e necessidade trmicas das cultivares). Ainda com respeito ao clima deve-se levar em considerao a radiao solar e a intensidade e freqncia do veranico nas diferentes fases fenolgicas da cultura. O sorgo safrinha que plantado alem dos limites do Cerrado, no tem um perodo prefixado para seu plantio. uma cultura desenvolvida de janeiro a abril, normalmente aps a soja precoce e em alguns locais aps milho de vero e feijo das guas. Por ser plantado no final da poca recomendada, o sorgo safrinha era esperado ter sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitaes de radiao solar e de temperatura do ar na fase final de seu ciclo. Alm disso, como o sorgo safrinha plantado aps uma cultura de vero, a sua data de

semeadura depende da poca do plantio dessa cultura antecessora e de seu ciclo. Assim, o planejamento do sorgo safrinha comea com a cultura de vero, visando liberar a rea o mais cedo possvel. Quanto mais tarde for o plantio, menor ser o potencial e maior o risco de perdas por adversidades climticas ( temperatura do ar, fotoperiodismo e/ou geadas). Isso a torna uma cultura de maior risco uma vez que a temperatura do ar bastante heterognea nessa poca, ocorrendo uma variabilidade espacial e temporal muito grande e como conseqncia uma variabilidade de produo muito grande, alem disso a probabilidade de estresses hdricos muito prolongados grande. Na safrinha alm do potencial de produo ser reduzido, uma cultura de alto risco de frustao de safras e o produtor no investe, consequentemente, tem baixa produtividade e baixo lucro. Considerando a inviabilidade de antever a interao gentipo x ambiente, a variabilidade temporal do clima com inclusive viabilidade de influncia da temperatura e radiao alterando o ciclo da cultura para plantio aps o ms de fevereiro e o manejo diferencial da cultura, as pocas limites recomendadas preferencialmente para a semeadura, de acordo com vrios trabalhos de pesquisa encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Limite das pocas de semeadura para a cultura do milho safrinha, por estado e regio produtora. (1) Estado poca Altitude Regio (cidades referncia) Limite Mato 15 de Alta Centro-Norte (Sapezal, Lucas do Rio Verde) Grosso maro Gois e DF 15 de Baixa Sudeste (Bom Jesus, Santa Helena) fevereiro 28 de Alta Sudoeste (Rio Verde, Jata e Montividiu) fevereiro Minas 28 de Baixa Vale do Rio Grande (Conceio das Alagoas) Gerais fevereiro Mato 15 de Baixa e Centro-Norte (Campo Grande, So G. do Grosso do maro Alta Oeste, Chapado do Sul) Sul Baixa Centro-Sul (Dourados, Sidrolndia, Itapor, Ponta Por) So Paulo 28 de Alta Alto Paranapanema (Taquarituba, Itapeva, fevereiro Capo Bonito) 15 de Baixa Norte (Guara, Orlndia, Ituverava) maro Baixa Noroeste (Votuporanga, Araatuba) 30 de Baixa maro 30 de Alta janeiro 15 de Baixa maro 30 de Baixa maro BaixaFonte: Vrios

Paran

Mdio Vale do Paranapanema (Assis, Ourinhos) Transio (Wenceslau Braz, Mau da Serra, sul de Ivaipor, Cascavel, sul de Toledo at Francisco Beltro) Oeste e Vale do Iguau (Campo Mouro, sul de Palotina, Medianeira e Cruzeiro do Iguau) Norte (Cornlio Procpio, Londrina, Maring, Apucarana) Noroeste (Parava, Umuarama)citados por Duarte (2001)

autores

1) Alta = altitude igual ou superior a 600 m e Baixa = altitude inferior a 600 m .

Ecofisiologia IntroduoO sorgo uma planta C4, de dia curto e com altas taxas fotossintticas. A grande maioria dos materiais genticos de sorgo requerem temperaturas superiores a 21 o C para um bom crescimento e desenvolvimento. A planta de sorgo tolera mais, o dficit de gua e o excesso de umidade no solo, do que a maioria dos outros cereais e pode ser cultivada numa ampla faixa de condies de solo. Durante a primeira fase de crescimento da cultura, que vai do plantio da germinao at a iniciao da pancula (EC1) muito importante a rapidez da germinao, emergncia e estabelecimento da plntula, uma vez que a planta pequena, tem um crescimento inicial lento e um pobre controle de plantas daninhas nesta fase pode reduzir seriamente o rendimento de gros. Embora no exista dados concretos disponveis, acerca de como os estdios iniciais da cultura pode afetar o rendimento, lgico pensar que um bom estande, com rpida formao de folhas e sistema radicular tornar aquela cultura apta a enfrentar possveis estresses ambientais durante o seu ciclo. Os hbridos de maneira geral tem uma formao de folhas e sistema radicular mais rpidos do que linhagens ou variedades. Quando se compara materiais forrageiros, principalmente variedades, estas so mais lentas que os granferos. Na fase seguinte (EC2) que compreende a iniciao da pancula at o florescimento, vrios processos de crescimento, se afetados, podero comprometer o rendimento. So eles: desenvolvimento da rea foliar, sistema radicular, acumulao de matria seca e o estabelecimento de um nmero potencial de sementes. Esse ltimo provavelmente o mais critico desde que maior nmero de gros tem sido geralmente o mais importante componente de produo associado ao aumento de rendimento em sorgo. Na terceira fase de crescimento (EC3) que vai da florao a maturao fisiolgica os fatores considerados mais importantes so aqueles relacionados ao enchimento de gros. Durante as trs etapas de crescimento, a fotossntese, o particionamento de fotoassimilados e a diviso e expanso celular devem estar ajustados visando um bom rendimento da cultura. lgico pensar que o rendimento final funo tanto da durao do perodo de enchimento de gros como da taxa de acumulao de matria seca diria.

Altura da planta e desenvolvimento inicial das folhas Perfilhamento Sistema radicular Desenvolvimento da parte area Florescimento Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do sorgo Tanino no gro de sorgo

Altura da planta e desenvolvimento inicial das folhasA altura da planta importante para sua classificao relacionada ao seu porte. Pode variar desde 40 cm at 4 m. A altura do caule at o extremo da pancula varia

segundo o nmero e a distncia dos entrens e tambm segundo o pednculo e a pancula. A quantidade de ns est determinada pelos genes da maturao e por sua reao ao fotoperodo e a temperatura. A distncia dos entrens varia segundo as combinaes de 4 ou mais fatores genticos e segundo o ambiente. Por outro lado a distncia do pednculo e da pancula com fregncia so independentes. A altura da planta portanto controlada por quatro pares de gens principais (dw1, dw2, dw3 e dw4), os quais atuam de maneira independente e aditiva sem afetar o nmero de folhas e a durao do perodo de crescimento. As plantas com os gens recessivos nos quatro loci resultam em porte mais baixo (60-80 cm), caracterizadas pelo nanismo e so chamadas "ans-4"; enquanto que as plantas com gens recessivos em trs loci e dominante no outro locus so chamadas "ans-3". Cultivares granferos normalmente so "ans-3 e cultivares forrageiras so "ans-2 ou "ans-1", com gens recessivos em dois ou um loci respectivamente. A taxa de produo de matria seca no sorgo fortemente afetada pela rea foliar no primeiro estdio de crescimento (germinao a iniciao da pancula). A rea foliar final determinada pelas taxas de produo e durao da expanso, pelo nmero de folhas produzidas e a taxa de senescncia, os quais so fatores bastante afetados pelo ambiente. A temperatura, o dficit de gua e as deficincias pelos nutrientes, afetam as taxas de expanso das folhas, altura da planta e durao da rea foliar, sobretudo nos gentipos sensveis ao fotoperodo. Esses efeitos podem ser modificados por mudanas na durao do dia. A insuficincia de gua uma das causas mais comuns de reduo de rea foliar e est relacionada com a expanso das clulas. A temperatura noturna do ar baixa, geralmente atrasa o desenvolvimento dos estdios EC 2 e EC 3. Existem diferenas considerveis das taxas diurnas de crescimento das folhas de sorgo, provavelmente como reflexo das diferenas ambientais. Tem-se observado taxas de expanso foliar de aproximadamente 60 cm 2 planta-1 dia-1 o qual se traduz em taxa de crescimento relativo de 70% por dia. As folhas mais velhas mostram taxas de fotossntese e de crescimento mais baixas, devido a mudanas causadas pela senescncia. A quantidade e qualidade de luz tambm so importantes para a expanso foliar. Folhas que crescem em altas intensidade de luz, tm freqentemente um maior nmero de clulas maiores que aquelas que crescem em intensidade de luz mais baixas. O estdio de trs folhas completamente desenvolvidas caracterizado pelo ponto de crescimento ainda abaixo da superfcie do solo. Enquanto a taxa de crescimento da planta depende grandemente da temperatura, esse estdio usualmente ocorrer cerca de 10 dias aps a emergncia. Como o ponto de crescimento ainda est abaixo da superfcie do solo, caso acontea algum problema com a parte area, como por exemplo chuva de granizo ou alguma outra intemperia da natureza, isto no matar a planta, ela ter condio de sobreviver. O sorgo no entanto no recupera to vigorosamente como o milho. No estdio de 5 folhas, aproximadamente 3 semanas aps a emergncia o ponto de crescimento ainda est abaixo da superfcie do solo. A perda das folhas igualmente no matar a planta. O crescimento nesse caso ser mais vigoroso que no estdio anterior, porm ainda menos vigoroso que o milho. Nos estdios iniciais da planta de sorgo, ela entra no chamado perodo de crescimento rpido, acumulando matria a taxas aproximadamente constantes at a maturao, desde que as condies sejam satisfatrias. Com cerca de 30 dias aps a emergncia ocorre a diferenciao do ponto de crescimento (muda de vegetativo, "produtor de folhas" para reprodutivo, "produtor

de pancula"). O nmero total de folhas nesse estdio, j foi determinado e o tamanho potencial da pancula ser brevemente determinado. Cerca de 1/3 da rea total foliar est totalmente desenvolvida. Neste estdio a planta se encontra com 7 a 10 folhas, dependendo do seu ciclo, sendo que 1 a 3 folhas baixeiras j foram perdidas. Crescimento do colmo aumenta rapidamente, absoro de nutrientes tambm rpida. O tempo compreendido entre o plantio at a diferenciao do ponto de crescimento geralmente cerca de 1/3 do tempo compreendido entre semeadura e maturidade fisiolgica.

PerfilhamentoO perfilhamento no sorgo forrageiro uma caracterstica considerada vantajosa, ao passo que para o sorgo granfero pode no ser, sobretudo quando no h coincidncia de maturao entre planta me e perfilhos. Neste caso o perfilhamento pode ter efeito negativo no rendimento por sombrear as folhas da planta me e pela competio do uso de gua e nutrientes do solo. O perfilhamento influenciado pelo grau de dominncia apical, que regulado por fatores hormonais, ambientais e genticos. O perfilhamento pode ser basal ou axilar. O perfilhamento axilar originado nas axilas das folhas, enquanto que o basal origina-se de gemas basais (1 n) logo aps o incio do desenvolvimento das razes secundrias ou depois do florescimento. Todas as gemas dos ns so morfologicamente idnticas e possuem potencial para formar perfilho. No entanto so mantidos em "dormncia" atravs do fenmeno da dominncia apical. A dominncia apical uma caracterstica herdvel e pode ser modificada por fatores ambientais como: temperatura do ar, fotoperodo e umidade do solo. Fatores de manejo da cultura igualmente afetam o perfilhamento, como por exemplo a populao de plantas, quanto menor a populao de plantas maior a possibilidade de perfilhamento. O sorgo geralmente produz mais perfilhos em dias curtos e a temperaturas do ar mais baixas. Os perfilhos naturalmente so mais sensveis ao dficit hdrico que a planta me. Acredita-se que quanto maior a disponibilidade de fotoassimilados de reserva na planta maior ser o grau de perfilhamento. Dentro deste contexto quando no h fotoassimilados suficientes para a planta me e perfilhos, esses ainda que iniciados, podem simplesmente no se desenvolverem. Qualquer dano no pice de crescimento na planta pode iniciar o processo de perfilhamento, uma vez que a dominncia apical ser quebrada. Ex.: dano no pice por insetos, estresse severo de gua ou temperatura. Danos causados por insetos na pancula principal vai originar os perfilhos axilares, os quais se desenvolvem de gemas laterais.

Sistema RadicularO crescimento das razes de sorgo est relacionado com a temperatura do ar e limitado pela falta de umidade no solo e disponibilidade de fotoassimilados oriundos das folhas. Um dos fatores mais importantes que afetam o uso de gua e a tolerncia a seca um sistema radicular eficiente. Os tipos de razes encontrados no sorgo so: primrias ou seminais, secundarias e adventcias. As primrias podem ser uma ou vrias, so pouco ramificadas e morrem aps o desenvolvimento das razes secundarias. As secundarias desenvolvem no primeiro n, so bastante ramificadas e formam o sistema

radicular principal. J as adventcias podem aparecer nos ns acima do solo. Geralmente aparecem como sinal de falta de adaptao. So ineficientes na absoro de gua e nutrientes, sua funo mais de suporte. Se fizermos uma comparao entre razes primrias de milho e sorgo ser encontrado que ambas as culturas apresentam basicamente a mesma quantidade de massa radicular, porm as razes secundarias do sorgo so no mnimo o dobro daquelas encontradas no milho. Alm do mais o sistema radicular do sorgo mais extenso, fibroso e com maior nmero de plos absorventes. A profundidade do sistema radicular chega at 1,5 m (sendo 80% at 30 cm de profundidade no solo), em extenso lateral alcana 2,0 m. O crescimento das razes em geral termina antes do florescimento, nessa fase a planta passa a priorizar as partes reprodutivas (panculas) as quais apresentam grande demanda por fotoassimilados. Em solos cidos com alta saturao de Al txico a formao do sistema radicular reduzido. Plantas com gens para tolerncia a Al txico desenvolvem um sistema radicular mais profundo e mais eficiente na aquisio de gua e nutrientes. Geralmente variedades de sorgo resistentes a seca tem mais biomassa radicular e maior volume de razes e tambm maior proporo raiz/caule que os materiais susceptveis a seca. O estresse de fsforo, comum em solos dos Cerrados, pode ser corrigido atravs de adubaes fosfatadas. Neste caso, os subsolos do cerrado geralmente aumentam a proporo raiz / parte area das plantas na tentativa de explorar um perfil maior do solo.

Desenvolvimento

da

parte

area

A fotossntese fornece cerca de 90% a 95% da matria seca ao vegetal, assim como a energia metablica requerida para o desenvolvimento da planta. Durante o ciclo, a planta de sorgo depende das folhas como os principais rgos fotossintticos, e a taxa de crescimento da planta depende tanto da taxa de expanso da rea foliar, como da taxa de fotossntese por unidade de rea foliar. Na medida que a copa da planta se fecha, outros incrementos no ndice de rea foliar tm pouco ou nenhum efeito sobre a fotossntese, a qual passa a depender da radiao solar incidente e da estrutura da copa vegetal. A inflorescncia do sorgo, considerada grande para os padres normais, pode interceptar 25 a 40% da radiao incidente e fornecer 15% ou mais da fotossntese total da copa, variando claro com o gentipo As taxas de fotossntese das folhas do sorgo vo de 30 a 100 mg CO 2 dm -2 h -1 dependendo do material gentico, intensidade de luz fisiologicamente ativa e da idade das folhas. Folhas de sorgo contm um grande nmero de estmatos, por sinal tem sido estimado que estas possuem 50% a mais de estmatos por unidade de rea do que a planta de milho, porm os estmatos do sorgo so menores. O nmero total de folhas numa planta varia de 7 a 30, sendo geralmente de 7 a 14 para gentipos adaptados de sorgo granfero. O comprimento da folha pode chegar a mais de 1 metro, enquanto que a largura de 0,5 a 15 cm. Os fatores que determinam o nmero de folhas no sorgo so: cultivar, fotoperodo, e temperatura. As partes da folha incluem: limbo no qual esto presentes os estmatos localizados nas 2 faces; bainha a qual liga-se ao n e envolve o interndio acima e a lgula, que a juno da bainha com o interndio. A posio da folha na planta pode variar de vertical a horizontal, concentrando-se se mais na base ou ainda serem uniformemente distribudas na planta. As folhas do sorgo possuem depsito de substncia cerosa na juno da bainha com o limbo, o que leva a planta perder menos gua na transpirao, sendo importante para a economia de gua sobretudo em condies de estresse hdrico.

Leva-se de 3 a 6 dias entre a diferenciao de uma folha e a prxima no meristema. A expanso foliar pode continuar mesmo durante o desenvolvimento da pancula, o que pode gerar nesse caso competio por fotoassimilados disponveis. O embrio em um gro maduro j possui 6 a 7 primrdios foliares. Fato interessante observado na epiderme superior da folha, onde se observa filas de clulas especializadas que permitem a folha enrolar em condies de estresse hdrico, se constituindo portanto numa defesa da planta.

FlorescimentoO florescimento corresponde ao EC3 que engloba a polinizao, fertilizao, desenvolvimento e maturao do gro. A diferenciao floral do sorgo afetada principalmente pelo fotoperodo e pela temperatura do ar. O perodo mais crtico para a planta, onde ela no pode sofrer qualquer tipo de estresse bitico ou abitico vai da diferenciao da pancula a diferenciao das espiquetas (2 a 3 semanas de durao). Em condies normais a diferenciao da gema floral iniciase 30 a 40 dias aps a germinao (pode variar de 19 a mais de 70 dias). Em climas quentes o florescimento em geral ocorre com 55 a 70 dias aps a germinao (pode variar de 30 a mais de 100 dias). Normalmente a formao da gema floral ocorre 15 a 30 cm acima do nvel do solo, fato esse ocorre quando as plantas tm cerca de 50 a 75 cm de altura. A diferenciao da gema floral bloqueia a atividade meristemtica (diviso celular). Dai para frente, todo crescimento devido ao elongamento das clulas j existentes. Cerca de 6 a 10 dias antes do aparecimento da inflorescencia ela pode ser vista como algo semelhante a um "torpedo" dentro da bainha da folha bandeira. As flores na pancula desenvolvem-se sucessivamente do topo para a base (demora de 4 a 5 dias). Como nem todas as plantas num campo de sorgo florescem ao mesmo tempo, a durao do florescimento no campo pode variar de 6 a 15 dias. O nmero de espiguetas por pancula varia de 1500 a 7000. Existem mais de 5000 gros de polen por antera na maioria dos hbridos e variedades, o que equivale dizer que h mais de 20 milhes de gros de polen por pancula. Fertilizao A fertilizao inicia-se no topo da pancula e procede para a base (durao de 4 a 5 dias). Predomina a autofecundao e a taxa de fecundao cruzada pode variar de 2% a 10%. H casos em que a fecundao ocorre sem a abertura das espiquetas (cleistogamia). A pancula do sorgo varia muito quanto a forma e tamanho (compacta, aberta, grande, pequena). Seu comprimento vai de 4 a 25 cm e o dimetro de 2 a 20 cm. O plen germina imediatamente se ca num estgma receptivo e a fertilizao tem lugar ao redor de 2 horas depois, no entanto a luz necessrio para a germinao e o plen espalhado a noite no germina at o amanhecer. O gro de sorgo igualmente varia muito quanto a cor, dureza, forma e tamanho. A massa de 100 sementes varia de menos de 1g a mais de 6 g. Fotoperodo O sorgo sensvel ao fotoperiodismo, o qual pode ser definido como a resposta do crescimento a durao dos perodos, de luz e escuro. O comprimento do dia varia de acordo com a estao do ano e com a latitude. O sorgo uma planta de dias

curtos, ou seja floresce em noites longas. Em cultivares sensveis, a gema vegetativa (terminal) permanece vegetativa at que os dias encurtem o bastante para haver a sua diferenciao em gema floral, esse portanto o que se clama fotoperodo crtico. O fotoperodo crtico do sorgo poderia ento ser colocado da seguinte maneira: se o comprimento do dia aumenta, a planta no floresce, ao passo que se o comprimento do dia decresce a planta floresce. Diferentes materiais genticos variam quanto ao fotoperdo crtico. Por exemplo: algumas variedades tropicais tm dificuldade de florescerem em regies temperadas, onde os dias tm mais de 12 horas. Salienta-se que o fotoperodo crtico para estas variedades tropicais em torno de 12 horas. Por outro lado variedades temperadas sensveis tem um fotoperodo crtico maior, florescendo com facilidade nos trpicos. O fotoperodo crtico das variedades temperadas em torno de 13,5 horas. Portanto a durao do perodo sem luz que importante para estimular o florescimento. Os dispositivos que as plantas possuem os quais so responsveis pela captao e medio do comprimento dos dias so pigmentos chamados fitocromos. A grande maioria dos materiais comerciais de sorgo granfero foram melhorados geneticamente para insensibilidade ao fotoperodo, somente os gentipos de sorgo forrageiro so sensveis ao fotoperodo.

Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do sorgogua O sorgo requer menos gua para desenvolver quando comparado com outros cereais, sendo que o perodo mais crtico a falta de gua o florescimento. Ex: Sorgo - Necessita 330 kg de gua para produzir 1 kg de matria seca. Milho 370 kg de H 2 O/kg de matria seca Trigo - 500 kg H 2 O/kg de matria seca Quando comparado com o milho, o sorgo produz mais sobre estresse hdrico (raiz explora melhor o perfil do solo), murcha menos e capaz de se recuperar de murchas prolongadas. A resistncia a seca uma caracterstica complexa pois envolve simultaneamente aspectos de morfologia, fisiologia e bioqumica. A literatura cita trs mecanismos relacionados a seca: resistncia, tolerncia e escape. O sorgo parece apresentar duas caractersticas: escape e tolerncia. O escape atravs de um sistema radicular profundo e ramificado o qual eficiente na extrao de gua do solo. J a tolerncia est relacionada ao nvel bioqumico. A planta diminui o metabolismo, murcha (hiberna) e tem um poder extraordinrio de recuperao quando o estresse interrompido. Um dos fatores que mais complica a seleo para tolerncia a seca num programa de melhoramento de plantas a falta de uma caracterstica clara (marcador) para medir o grau no qual o gentipo considerado tolerante ou susceptvel ao estresse de seca. Medidas fisiolgicas tais como: potencial de gua na folha e ajustamento osmtico no correlacionam com diferenas em rendimento sob estresse. Este fato pode levar, freqentemente, a uma situao no qual materiais mais susceptveis, porm com potencial produtivo maior supere materiais genticos considerados resistentes, mas com potencial produtivo mais baixo em condies de estresse hdrico. Para evitar situaes semelhantes a esta, a pesquisa

tem concentrado esforos em estudar estresse hdrico durante o enchimento de gros, e tem sugerido utilizar a "porcentagem de trilhamento" como melhor caracterstica a ser utilizada em programas de seleo de gentipos tolerantes a seca. Esta taxa a relao entre a massa do gro/massa total da pancula. Em geral parece haver no sorgo uma correlao grande entre resistncia ao calor e a falta de gua. Tambm parece haver correlao entre resistncia a seca e a teores de alumnio no solo. O dficit hdrico quando acontece no estdio EC1, provoca menos danos a planta do que em EC2. No estdio EC2 a escassez de gua vai resultar na reduo das taxas de crescimento da pancula e das folhas e no nmero de sementes por pancula. Esses efeitos so devidos provavelmente a uma reduo na rea foliar, resistncia estomatica aumentada, fotossntese diminuda e a uma desorganizao do estado hormonal da pancula em diferenciao. Quando a falta de gua acontece no EC3, o resultado a senescencia rpida das folhas inferiores, com consequente reduo no rendimento de gros. O sorgo para produzir gros requer cerca de 25 mm de gua aps o plantio, 250 mm durante o crescimento e 25 a 50 mm durante a maturidade. Luz Em condies no estressantes, fotossntese afetada pela quantidade de luz fotossinteticamente ativa, proporo desta luz interceptada pela estrutura do dossel e pela distribuio ao longo do dossel. O efeito do sombreamento no sorgo, com a consequente reduo da fotossntese, tem um efeito menor quando acontece em EC1 do que quando em EC2 e EC3. Isto pode ser explicado pela maior atividade metablica da planta nesses dois estdios. Alm da maior atividade, a demanda por fotoassimilados tambm maior, portanto requer da planta uma taxa fotossinttica alta para satisfazer os rgos reprodutivos em crescimento. Muito embora o sombreamento vai sempre resultar numa reduo de crescimento da cultura, em proporo direta a reduo da radiao, o efeito final no rendimento de gros pode ser pequeno. Temperatura do ar Devido a sua origem tropical o sorgo um dos cultivos agrcolas mais sensveis a baixas temperaturas noturnas. A temperatura tima para crescimento est por volta de 33 a 34 C. Acima de 38 C e abaixo de 16 C a produtividade decresce. Baixas temperaturas durante o desenvolvimento vegetativo,(< 10 C) causam reduo na rea foliar, perfilhamento, altura, acumulao de matria seca e um atraso na data de florao. Isto devido a uma reduo da sntese de clorofila, especialmente nas folhas que se formam primeiro na planta jovem com conseqente reduo da fotossntese. Os efeitos da temperatura durante EC2 se manifesta no nmero de gros por pancula afetando diretamente o rendimento final de gros. Temperaturas mais altas geralmente tendem a antecipar a antese, assim como pode causar aborto floral. O desenvolvimento floral e a fertilizao dos gros pode ocorrer at com temperaturas de 40 a 43 C, 15% a 30% de umidade relativa, desde que haja umidade disponvel no solo. Altas e baixas temperaturas estimulam perfilhamento basal. Quando comparado ao milho, o sorgo mais tolerante a temperaturas altas e menos tolerante a temperaturas baixas. A temperatura baixa afeta, o

desenvolvimento da pancula principalmente por seu efeito sobre a esterilidade das espiguetas. A sensibilidade a temperaturas baixas maior durante a meiose.

Tanino no gro de sorgoDevido ao fato do sorgo no apresentar uma proteo para as sementes, como por exemplo a palha no caso do milho, as glumas para o trigo e a cevada, a planta de sorgo produz vrios compostos fenlicos os quais servem como uma defesa qumica contra pssaros, patgenos e outros competidores. Toda planta de sorgo possui aproximadamente os mesmos nveis de protena, amido, lipdios etc., porm vrios compostos fenlicos pode ocorrer ou no, e entre esses compostos destaca-se o tanino condensado que tem ao antinutricional principalmente para os animais monogastricos. Como esses polifenis so metablitos secundrios, ou seja no participam de vias metablicas responsveis por crescimento e reproduo, a presena e a natureza deles variam enormemente. A presena do tanino no gro de sorgo depende da constituio gentica do material. Caso os gentipos possuam os genes dominantes B 1 , e B 2 , este sorgo considerado com presena de tanino. No passado, era comum encontrar classificao de sorgo, dos grupos I, II e III representando teores baixos, mdios e altos de tanino. Hoje sabe-se que o tanino est presente ou ausente no gro. A pesquisa tem mostrado que percentuais abaixo de 0,70% no gro, verificado em algumas anlises laboratoriais, so devidos a outros fenis e no ao tanino condensado, e que portanto, no so prejudiciais a dieta alimentar dos animais. Assim, este sorgo considerado com ausncia de tanino, acima de 0,70% de fenois totais considerado com presena de tanino. O tanino no sorgo tem causado bastante controvrsia, uma vez que, apesar de algumas vantagens agronmicas, como a resistncia a pssaros e doenas do gro, ele causa problemas na digesto dos animais pelo fato de formarem complexos com protenas e assim diminurem a sua palatabilidade e digestibilidade. A determinao da presena dos taninos no gro de sorgo apresenta vrios problemas, uma vez que os mtodos colorimtricos geralmente no diferenciam taninos de outros compostos fenlicos. Outra dificuldade a obteno de substncias adequadas para serem utilizadas como padro para estes mtodos. Os vrios compostos fenlicos presentes no gro de sorgo podem afetar a cor, a aparncia e a qualidade nutricional . Esses compostos podem ser classificados em trs grupos bsicos: cidos fenlicos, flavonides e taninos. Os cidos fenlicos so encontrados em todo tipo de sorgo, ao passo que flavonides podem ser detectados em muitos porm no em todo sorgo. O fenol conhecido como tanino encontra-se concentrado na testa da semente. A testa um tecido altamente pigmentado localizado logo abaixo do pericarpo. A presena da testa fator determinante da presena de tanino em sorgo. Existem duas classes de taninos: hidrolizveis e condensados. No h evidncias da presena de grandes quantidades de tanino hidrolizvel no sorgo. J o tanino condensado aquele que encontrado em materiais de sorgo resistentes a pssaros. Os cidos fenlicos no tem efeito adverso na qualidade nutricional, porm podem causar cor indesejvel aos alimentos quando processados sob condies alcalinas. Os flavanides, a exemplo dos cidos fenlicos, tambm no causam problemas na digestibilidade e palatabilidade do sorgo. Constituem-se em um amplo grupo de compostos fenlicos encontrados nas plantas, sendo que alguns deles esto entre

os principais pigmentos presentes em vegetais.

SolosO cultivo do sorgo, assim como qualquer outra cultura inserida num sistema de rotao e/ou sucesso, necessita de condies mnimas de solo para que a cultura se estabelea e se desenvolva normalmente. Especialmente no caso da safrinha importante manejar adequadamente o solo para proporcionar o rpido estabelecimento da segunda safra, uma vez que essa se desenvolver em condies menos favorveis especialmente quanto umidade disponvel no solo. Com este enfoque, o sistema de plantio direto (SPD) apresenta vantagens comparativas aos mtodos tradicionais de preparo do solo, que envolvem arao e gradagens, devido ao ganho de tempo que se consegue na implantao da cultura em sucesso, com menor consumo de energia e, a maior infiltrao da gua associado a menor perda por evaporao que resulta em maior conservao de umidade.

Solos Manejo do solo para o cultivo do sorgoA rea cultivada com sorgo deu um salto extraordinrio partir do inicio dos anos 90. O Centro Oeste a principal regio de cultivo de sorgo granfero, enquanto o Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram a rea de sorgos forrageiros. O sorgo granfero cultivado basicamente sob 3 sistemas de produo no Brasil: no Rio Grande do Sul planta-se sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil Central a semeadura feita em sucesso s culturas de vero, principalmente a soja. E no Nordeste a cultura plantado na estao das chuvas ou de "inverno". Esse tpico trata basicamente do sorgo plantado aps a soja precoce, (ou sorgo safira) portanto o manejo do solo deve ser considerado levando em considerao essa sucesso de culturas e no somente o sorgo. O sorgo safrinha definido como sorgo de sequeiro cultivado extemporaneamente, de fevereiro a abril, quase sempre depois da soja precoce, na regio Centro-Sul brasileira, envolvendo basicamente os estados de SP, GO, MT, MS, DF, MG e BA A implantao do sorgo safrinha no final do perodo chuvoso deixa o agricultor na expectativa de ocorrncia de dficit hdrico a partir desse perodo. Assim, toda estratgia de manejo do solo deve levar em considerao propiciar maior quantidade de gua disponvel para as plantas. Nesse caso, sempre que possvel deve-se optar pelo sistema de plantio direto, pois oferece maior rapidez nas operaes, principalmente no plantio realizado simultaneamente colheita, permitindo o plantio o mais cedo possvel. Alm disso, um sistema de plantio direto, com adequada cobertura da superfcie do solo, permitir o aumento da infiltrao da gua no solo e a reduo da evaporao. Em algumas reas de plantio direto, j se constatou aumento do teor de matria orgnica do solo, afetando a curva de reteno de umidade e aumentando ainda mais o teor de umidade para as plantas. Embora exista uma grande diversidade de preparo de reas para o cultivo do sorgo na segunda safra, predomina o emprego do plantio direto permanente (PDP) ou temporrio (PDT), visando antecipar a implantao do sorgo safrinha. No preparo direto temporrio realiza-se a semeadura direta do sorgo safrinha e o preparo convencional para a soja. Nesse caso, no vero, tem sido freqente o preparo com grades. Em reas com grande infestao de plantas daninhas, no momento da colheita da soja, e quando o agricultor no dispe de mquina para semeadura direta, utiliza-se o preparo com grades no outono-inverno. Uma desvantagem da grade aradora que provoca grande pulverizao do solo. Alem disso, o uso da grade continuamente no vero e na safrinha por anos sucessivos pode provocar a formao do "p-degrade", uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da grade, a

10-15 cm. Essa camada reduz a infiltrao de gua no solo, o que, por sua vez, ir favorecer maior escorrimento superficial e, consequentemente a eroso do solo e a reduo da produtividade do sorgo safrinha Em preparo convencional, o revolvimento da camada superficial do solo tem por objetivo bsico otimizar as condies de germinao, emergncia e o estabelecimento das plntulas, entretanto tambm deve ser visto como um sistema que dever aumentar a infiltrao de gua, de modo a reduzir a enxurrada e a eroso a um mnimo tolervel. Deve ser levado em considerao que em reas onde as exploraes agrcolas so mais intensivas, a exemplo do plantio da safrinha de sorgo aps a colheita da soja, em que o solo mais intensamente trabalhado, a probabilidade de acelerar sua degradao devido arao e gradagem, aumentando os problemas de compactao, eroso e reduo de sua produtividade, bem maior. Alm disto, muito importante a reduo do tempo entre a colheita da cultura de vero e o plantio do sorgo na sucesso, o que poder afetar a deciso sobre qual sistema de preparo do solo dever ser empregado. No demais lembrar que as gradagens destorroadoras e de nivelamento diminuem a rugosidade e pulverizam o solo, favorecendo a eroso, portanto, deve haver critrios na sua utilizao evitando excessos. O caso do sorgo tpico em que, com freqncia, a recomendao tcnica explicita a necessidade de destorroar bem o solo para o plantio, devido ao menor tamanho da semente. Nestes casos, de utilizao excessiva de gradagens, provoca uma pulverizao do solo na camada superficial, aumentando os riscos de ocorrencai de compactao (p-de arado ou p-de-grade) e de eroso. Com o propsito de minimizar o impacto negativo do preparo do solo deve-se sempre ter em mente que as operaes devem contemplar, de uma maneira harmoniosa, no somente o solo mas, tambm, as suas interaes com a gua, com vistas ao planejamento integrado visando a sustentabilidade da atividade. Neste sentido a rea agrcola deve ser cuidadosamente planejada. Em funo das condies locais de clima e solo elabora-se o planejamento conservacionista da glebas que dever ser dotado de sistema de terraceamento, em nvel ou com gradiente e canais escoadouros. Conforme o tipo de solo e a declividade os terraos podero ser de base larga (declividade menor que 12%) ou base estreita (declividade at 18%). Acima desta declividade os riscos de degradao do solo aumentam, no sendo recomendado o seu uso com culturas anuais.Uma das maneiras de reduzir a compactao alternar a profundidade de preparo do solo. importante tambm atentar para as condies de umidade do terreno por ocasio de seu preparo. O ponto de umidade ideal aquele em que o trator opera com o mnimo esforo, produzindo os melhores resultados na execuo do servio. Com o solo muito mido aumentam os problemas de compactao. H maior adeso da terra nos implementos, chegando a impedir a operao. Em solo muito seco preciso um nmero maior de passadas de grade para quebrar os torres exigindo maior consumo de combustvel. Com isso, o custo de produo fica maior e o solo pulverizado. A eficincia do SPD tem sido atribuda ao estabelecimento de uma camada de cobertura do solo com resduos vegetais, que seja persistente ao longo do tempo e que cubra a maior parte da superfcie do solo. A cobertura morta atua na proteo contra o impacto das gotas de chuva e da ao de ventos, reduzindo a eroso, protegendo o solo contra o efeito de raios solares, reduzindo a evaporao, a temperatura do solo e a amplitude trmica e hdrica, incorporando matria orgnica ao solo, necessria a uma atividade microbiana intensa e permitindo maior reciclagem de nutrientes. Neste aspecto a relao C:N da espcie utilizada para cobertura do solo de grande importncia, pois reflete a velocidade com que a decomposio do material pode se processar. Neste particular a cultura do sorgo ocupa posio de destaque pois a sua palhada possui uma relao C:N elevada o que concorre para a sua persistncia na superfcie do solo. Soma-se a isto, ainda, a possibilidade de adoo de menores espaamentos para o sorgo o que decisivo na taxa de cobertura do solo com plantas em crescimento conferindo-lhe maior proteo contra a eroso e, tambm, com um sistema radicular mais bem distribudo possibilitando explorar intensamente maior volume de solo, reciclando

mais nutrientes e, depois, formando uma rede de canalculos por toda a extenso da camada superficial do solo. So reconhecidas duas fases distintas no processo de adoo do SPD com relao a formao de palhada sobre o solo. A primeira delas, de estabelecimento, que dura at que se consiga uma quantidade adequada de palha sobre a superfcie do solo. A durao desta fase varivel conforme a regio e normalmente conseguida depois de alguns anos de adoo do sistema. Espcies como o sorgo devem ser includas nesta fase devido palhada mais persistente. A outra fase a de manuteno do sistema aps ter-se estabelecido a cobertura do solo com palha. O sistema somente se estabilizar quando estiver instalado um esquema de rotao de culturas. A combinao de espcies com diferentes exigncias nutricionais, produo de fitomassa e sistema radicular torna o sistema mais eficiente, alm de facilitar o controle integrado de pragas, doenas e plantas daninhas. O sorgo uma cultura que apresenta algumas vantagens comparativas especialmente em regies onde a distribuio das chuvas errtica. Ele apresenta um sistema radicular profundo que alm da reciclagem de nutrientes confere maior tolerncia ao dficit hdrico possibilitando ainda, quando da sua ocorrncia, uma rpida recuperao do crescimento. Adicionalmente ele apresenta rebrota que, dentre outros usos, poder contribuir no aporte de material vegetal para a formao de palhada. Por se tratar de um sistema complexo, o plantio direto exige o envolvimento de vrias culturas e, muitas vezes, uma associao de agricultura e pecuria onde, mais uma vez, o sorgo aparece como tima opo devido aos seus usos mltiplos na pecuria. Recentemente a Embrapa lanou uma tecnologia, o Sistema Santa F, onde o sorgo, juntamente com o milho, so as melhores opes para cultivo associado s braquirias em plantio direto com vistas produo de gros, forragem conservada (silagem ou feno), pasto para a entressafra e palhada para o plantio direto. A habilidade das plantas em explorar o solo, em busca de fatores de crescimento, depende grandemente da distribuio de razes no perfil do solo, que por sua vez, so dependentes das condies fsicas e qumicas, as quais, so passveis de alteraes em funo do manejo aplicado. Uma destas alteraes de maior impacto a compactao. Ela aparece geralmente abaixo da camada revolvida pela ao dos implementos de preparo do solo, especialmente arado de discos e grades, ou na superfcie devido ao trfego. Em situaes onde a compactao ainda no muito intensa possvel contornar o problema modificando o sistema de manejo de solo e de rotao de culturas incluindo plantas de sistema radicular mais vigoroso, capaz de penetrar em solos que ofeream maior resistncia penetrao. Neste aspecto o sorgo apresenta grande potencial como cultura recuperadora de solo pois possui um sistema radicular abundante com capacidade de crescer em profundidade, especialmente devido s razes de menor dimetro. Como a taxa de crescimento de razes se d primeiramente devido resistncia oferecida pelo solo penetrao do que pela presso que elas possam exercer, as razes de menor calibre como as do sorgo certamente encontram menor resistncia ao aprofundamento no solo em relao quelas de maior dimetro, por exemplo, as da soja. Isto de importncia fundamental pois os canalculos deixados aps a sua decomposio passam a funcionar como verdadeiras galerias para a penetrao de razes mais grossas, o que de certa forma facilita a diversificao de espcies, aumentando as possibilidades para a rotao de culturas. Caso a compactao seja mais intensa o rompimento da camada deve ser feito com implemento que alcance a profundidade imediatamente abaixo da zona compactada. importante salientar que os equipamentos de discos so ineficientes nessa operao. Entretanto, para que os maiores benefcios advindos do manejo do solo sejam alcanados necessrio que haja um planejamento prvio. Os equipamentos e as mquinas disponveis tambm tem de ser levados em considerao para a tomada de deciso de como fazer o preparo do solo, os tratos culturais, a colheita e de como manejar os resduos da cultura visando a prxima safra. A recomendao a de que arao e gradagens sejam eliminadas como mtodos de manejo do solo devido ao impacto negativo sobre o solo e ao meio ambiente. extremamente desejvel planejar as atividades

com vistas introduo de sistema SPD e de integrao lavoura-pecuria que possibilitam o uso intensivo e sustentvel do recurso solo. Somente com a tomada de conscincia de que todas estas etapas so igualmente importantes e que o produto final, a produtividade, vai refletir aquela etapa que for executada com pior qualidade que se conseguir eficincia no manejo do solo. Em outras palavras, em nada adiantar alta eficincia nas atividades se, em apenas uma delas, houver descuido. Esta falha vai nivelar por baixo a produtividade, com graves prejuzos ao produtor. Disto se conclui que o manejo do solo deve contemplar, de maneira harmoniosa, atividades relacionadas ao solo, s plantas e aos seus resduos visando maximizao da produtividade sem perder de vista os seus efeitos no manejo e na conservao do solo e da gua.

Equipamentos para o manejo do soloA escolha e utilizao dos equipamentos agrcolas, nos diferentes sistemas de manejo do solo, so dependentes do tratamento que se quer dar ao solo para explorao agrcola. Alm disso, os requerimentos de energia nos sistemas de manejo do solo podero definir a viabilidade econmica dos referidos sistemas. Para que um equipamento seja utilizado racionalmente e eficientemente, necessrio conhecer o sistema de manejo de solo que ele vai atender, as caractersticas desejveis que o solo dever apresentar, a energia consumida e, tambm a sua capacidade efetiva de trabalho, (ha/h). Dos diferentes sistemas de manejo de solo e suas caractersticas, utilizados, em diferentes regies produtoras do mundo, podemos destacar a seguir: 1. Sistema Convencional: combinao de uma arao (arado de disco) e duas gradagens, feitas com a finalidade de criar condies favorveis para o estabelecimento da cultura. 2. Sistema Cultivo Mnimo: refere-se quantidade de preparo do solo, para criar nele condies necessrias a uma boa emergncia e estabelecimento de planta. 3. Sistema Conservacionista: qualquer sistema de preparo do solo que reduza a perda de solo ou gua, comparado com os sistemas de preparo que o deixam limpo e nivelado. 3.1. Plantio Direto: mtodo de plantio que no envolve preparo de solo, a no ser na faixa e profundidade onde a semente ser plantada. O uso de picador de palha na colhedora automotriz importante para uma melhor distribuio da palhada na superfcie do solo e as plantas daninhas so controladas por processos qumicos. 3.2. Escarificador: tem a finalidade de quebrar a estrutura do solo a uma profundidade de 20-25 cm, atravs do arado escarificador, sem inverso da leiva, deixando o solo com bastante rugosidade e com uma aprecivel quantidade de cobertura morta. Com isto, apresenta uma excelente capacidade de infiltrao de gua no solo. 3.3. Camalho: pode-se fazer camalhes anuais e permanentes, sendo, em ambos os casos, usados para plantio de culturas em linha. Os melhores resultados deste sistema so em solos nivelados, mal drenados. Os camalhes podem ser construdos com arado de aiveca, sulcadores ou

implementos prprios. O plantio feito aps reduzido preparo de solo. A conservao do solo apresentada neste sistema vai depender da quantidade de resduo e direo das linhas de plantio. Plantio em curva de nvel, juntamente com o acmulo de resduo na superfcie reduz as perdas de solo. Equipamentos agrcolas utilizados para o manejo da palhada. Nos sistemas de produo onde o agricultor explora uma cultura anualmente, o picador de palha tem a finalidade de aumentar a rapidez de decomposio dos restos de cultura, melhorar a habilidade de o arado incorpor-lo e evitar embuchamento nas operaes de plantio. Nos sistemas de produo de duas culturas anuais, (inverno e vero) o volume de restos de cultura maior e o tempo disponvel para decomposio dos mesmos menor; conseqentemente, h necessidade de uma boa distribuio deste material no solo para maior facilidade das operaes subseqentes. O material deve ser bem picado, para evitar embuchamento junto aos sulcadores das semeadoras. Caso seja adotado o sistema convencional de preparo do solo, os motivos para se usar o picador de palha so os mesmos descritos anteriormente. Se o sistema adotado for de plantio direto o uso do picador de palha trar como conseqncias uniformizao da palhada em toda a rea, diminuindo a evaporao da gua da superfcie, e a melhoria da eficincia dos herbicidas. Nos sistemas de explorao de culturas mecanizadas, esta etapa de picar palha, realiza-se durante a colheita, tendo-se vista que as colhedoras so geralmente providas de um picador de palha, posteriormente sendo esta palha distribuda na superfcie do solo, Mesmo assim, para cultura do milho, haver necessidade de uma operao complementar para picar melhor a palha, pois, somente uns 30% da palhada passa por dentro da colhedora. Para tanto, pode-se utilizar uma roadeira ou de um picador de palha. Para outras culturas, tais como soja, trigo e arroz a necessidade da operao complementar vai depender da altura do corte da colhedora. Caso a colheita seja feita com a barra de corte bem prxima ao solo e com colhedora equipada com picador de palha, esta operao ser dispensada. Para o caso de no utilizao de colhedoras com picadores e h necessidade de manejar outras culturas de cobertura, pode-se usar triturador, roadora ou um rolo-faca. Tanto o triturador quanto a roadora promovem uma fragmentao excessiva, recomendada apenas quando h grande quantidade de massa vegetal e quando se utiliza semeadoras com espaamento entre linhas reduzido(menor que 50cm). O rolo faca realiza o acamamento e o corte total ou parcial do material, dependendo de suas caractersticas construtivas. Como a palha no muito picada , a decomposio dos resduos mais lenta, no entanto, sua eficincia depende do tipo de cobertura vegetal, do desenvolvimento da planta na poca do manejo, da umidade do solo e da regularidade da sua superfcie. Equipamento para Preparo do Solo O nosso sistema convencional de preparo de solo consiste de uma arao com arado de disco e duas gradagens com grade (destorroadora e niveladora). Para as culturas anuais, as grades pesadas vinham sendo bastante utilizadas, por promoverem maior rendimento por hectare, devido s altas velocidades de trabalho e pela habilidade de trabalhar nos solos, recm desmatados, onde o sistema radicular da vegetao traz srios problemas para os arados.

Tem sido verificado que a medida que se aumenta a rea da propriedade, h uma preferncia pela grade aradora em detrimento do arado de disco, conforme mostrado na Tabela 1. Tabela 1. Distribuio percentual do uso do Arado de Disco e da Grade Pesada por extrato de reas no municpio de Ituiutaba, MG rea (ha) Arado de Disco Grade Aradora 0-50 51-100 101-200 201-500 501-1000Fonte:

84 100 75 25 0

16 0 25 75 100Gois(1993)

Esta tendncia confirmada por Melo Filho &Richetti (1998) que ,em levantamento realizado no MS, verificaram que a grade pesada usada por 57,32% dos produtores entrevistados enquanto que o arado de discos, utilizado por apenas 5,10% dos produtores. A maior preferncia pela grade aradora ou grade pesada pode ser atribudo a seu maior rendimento de trabalho e menor consumo de combustvel (Tabela 2). Tabela 2. Consumo de combustvel e rendimento de diferentes implementos de preparo do solo. Equipamento Consumo de combustvel Rendimento l/h Arado de discos Grade pesada Escarificador A Escarificador B Escarificador C Escarificador D 25,7 13,9 17,1 20,2 17,4 20,6 Relativo(%) (100) (54) (67) (79) (68) (80) ha/hora 0,40 0,90 0,83 0,78 0,87 0,70

Fonte: Hoogmoed e Derpsch,1985 citados por Derpsch, et al.,1991

Uma desvantagem da grade aradora que provoca grande pulverizao do solo. Alm disso, o uso da grade continuamente, no vero e na safrinha, por anos sucessivos, pode provocar a formao do "p-de-grade", uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da grade, a 10-15 cm. Essa camada reduz a infiltrao de gua no solo, o que, por sua vez, ir favorecer maior escorrimento superficial e, conseqentemente, a eroso do solo e a reduo da produtividade do milho safrinha (DeMaria & Duarte, 1997; DeMaria et al., 1999) e do milho na safra normal (Cruz,1999). A incorporao de corretivos e, esporadicamente, de fertilizantes a menores profundidades, com a grade aradora, associada existncia de uma camada compactada logo abaixo, vai estimular o sistema radicular das culturas a permanecer na parte superficial do solo. A planta passa a explorar, portanto, menor volume de solo e fica mais vulnervel a veranicos que porventura ocorram durante o ciclo da cultura, podendo causar prejuzos ao agricultor (Castro, 1989, DeMaria et al., 1999). Devido a dificuldades tcnicas encontradas no uso dos arados de aiveca, fabricados no Pas, para trao mecnica, os mesmos vinham sendo mais utilizados para trao animal. Entretanto, nos ltimos anos, alguns fabricantes comearam a se interessar por este tipo de

arado, e com isso alguns modelos tem sido disponibilizado no mercado, no sentido de melhorar a resistncia dos materiais utilizados neste arado, mecanismos de segurana contra quebra dos mesmos e tambm, a largura de trabalho, para coloc-lo apto trao mecnica nestas regies. Na dcada de 90, o arado escarificador, disponibilizado para agricultura brasileira compe mais um sistema conservacionista, de manejo do solo. Basicamente, estes trs tipos de arados tm as seguintes caractersticas: Arado de disco: recomendados para solos duros, com razes e pedras, solos pegajosos abrasivos e solo turfosos. Arado de aiveca: promove incorporao de resduo e boa pulverizao do solo, sob condies ideais. Apresenta diferentes tipos de aiveca de acordo com o tipo de solo. Arado escarificador: aumenta a rugosidade do solo, deixando uma aprecivel quantidade de cobertura morta e tambm quebra a estrutura do solo a uma profundidade de 20 a 25 cm. Com estas trs caractersticas, este sistema aumenta a capacidade de infiltrao de gua no solo, diminui a evaporao e quebra a camada compactada, abaixo da rea de preparo de solo, denominada "p de arado".

As enxadas rotativas, como uma outra alternativa de manejo do solo, apresentam uma caracterstica de preparo bastante conhecida: pulverizao do solo. Apresenta possibilidade de regulagens, tanto na rotao das enxadas, como tambm no tamanho de torro que se quer obter. Tem seu uso bastante aconselhado para os trabalhos em horticultura, devido s exigncias do plantio, onde as sementes utilizadas so de tamanho muito reduzido. Geralmente, desaconselhado seu uso em solos localizados em regies declivosas, pois a quebra da estrutura do agregado poder favorecer os processos de eroso. Requerimento de Energia Os requerimentos de energia das operaes de manejo de solo so dependentes do tipo de solo e do tratamento que o solo sofreu anteriormente. Valores de consumo de energia das diferentes operaes com implementos foram obtidos na Tabela 3 para os solos de alta, mdia e baixa resistncia trao. Os esforos de trao para os trs tipos de solos, foram convertidos para energia na barra de trao (Kwh/ha). A energia na tomada de potncia, TDP (Kwh/ha), foi calculada, usandose uma eficincia tratora entre 50% e 70%, dependendo do tipo e condies do solo. O consumo de combustvel foi calculado, usando-se uma estimativa de consumo de 2,46 TDP Kwh/l de diesel. Tabela 3 . Requerimento de energia e consumo de combustvel para as diferentes operaes de preparo de solo e plantio. produtora. Classificao de Resistncia do Solo Trao Baixa Mdia Alta TDP 1/ha TDP 1/ha TDP 1/ha (Kwh/ha) (Kwh/ha) (Kwh/ha) 18,5 7,5 18,5 7,5 18,5 7,5 33,2 22,2 9,2 13,1 53,5 8,9 3,7 35,1 9,2 21,5 73,8 14,0 48,0 3,7 9,2 30,0 20,0 3,7

1. Picador de Palha 2. Arado (disco ou aiveca) 3. Arado escarificador 4. Grade (em palha)

5. Grade (gradagem convencional) 11,1 6. Mquina para camalho 7. Cultivador 9. Plantadora (plantio direto) 10. Enxada rotativa 33,2 11,4 9,6 3,7

4,7 4,7 3,7 4,2 1,4 1,9 2,3et

12,9 23,1 11,4 12 5,5 5,9 7,9

5,1 9,4 4,7 4,7 2,3 2,5 3,3 trator:

14,8 35,1 13,8 15,7 7,4 7,9 10,5all,

6,1 19,7 14 5,6 6,6 2,8 3,3 4,2 2,46 Kwh/ha1977

13,1 40,6

16,4 48,0

8. Plantadora (plantio convencional) 9,2

11. Cultivador (plantio 4,6 convencional) 12. Cultivador (plantio direto) 6,1Fonte:

Consumo

de

Richey

combustvel

do

Para efeito comparativo de consumo de energia nos diferentes sistemas de manejo de solo, Gunkel et all 1976 mostram que a equivalncia em diesel dos herbicidas utilizados no controle de plantas daninhas de 66 Kwh/kg de ingredientes ativo (i.a.) no seu meio de disperso. Wittmus e Lane, 1973, estudando o contedo de energia no leo diesel, mostraram que esta relao de 11,35 Kwh/l, sendo que 5,82 de leo diesel equivalem a 1kg do ingrediente ativo do herbicida. Adoo de qualquer sistema de manejo do solo pelo agricultor dependente do consumo de energia do sistema e do conhecimento das caractersticas dos implementos agrcolas utilizados. A Tabela 4 mostra uma comparao de consumo de combustvel entre os sistemas Convencional e Plantio Direto, para um solo de resistncia mdia. Tabela 4. Consumo de combustvel (l/ha) para as diferentes operaes de campo nos sistemas Convencional e de Plantio Direto, em solos de resistncia mdia trao. Sistemas de Manejo e operaes de campo Diesel requerido (l/ha) Plantio Picagem de Palha Arao 1 gradagem 21.5 5.1 Convencional (1) 7.5

Aplicao de Herbicida (ALACHLOR = 2,4 kg/h + 22.69 ATRAZINE = 1,5 kg/ha) 2 gradagem 3 gradagem Plantio Total Plantio Picagem de Palha Arao 1 gradagem 2 gradagem Plantio 1 cultivo 2 cultivo Convencional 5.1 5.1 4.7 71.69 (2) 7.5 21.5 5.1 5.1 4.7 9.4 9.4

Total Plantio 1 pulverizao (0,4 kg/ha)PARAQUAT 2 pulverizao (2,4 kg/ha) ALACHLOR (1,5 kg/ha) ATRAZINE Plantio TotalFonte: Richey et

62.7 Direto 2.528 13.986 8.73 4.7 29.726all, 1977

Iniciado nos estados do Paran e Rio Grande do Sul, em 1970, e com o processo de adoo pelos agricultores a partir de 1976, o Plantio Direto est hoje sendo adotado e adaptado a quase todas as regies do Brasil. Segundo levantamento da Federao Brasileira de Plantio Direto na Palha (Febrapdp), na safra 90/91, apenas 1 milho de hectares eram cultivados com o sistema. Dois anos depois, em 92/93, a rea dobrou e, em 1994, atingia trs milhes de hectares, alcanando hoje, cerca de 12 milhes de hectares, incluindo tanto grandes como mdios e pequenos produtores, dentre estes os que utilizam trao animal, e expandindo-se em todo o territrio nacional ( Tcnicos, 2000). Os estados do Rio Grande do Sul e Paran e a regio dos Cerrados so os locais de maior expanso dessa tcnica, que hoje aplicada no s nas culturas de soja e milho, mas tambm de feijo, sorgo, arroz, trigo, cana-de-acar e pastagens, alm das aplicaes de pr-plantio para florestas, citrus e caf (Frutos da terra, 2000).

Nutrio e adubao IntroduoA fertilidade dos solos, a nutrio e adubao so componentes essenciais para a construo de um sistema de produo eficiente. A disponibilidade de nutrientes deveestar sincronizada com o requerimento da cultura, em quantidade, forma e tempo. Um programa racional de adubao envolve as seguintes consideraes: a) diagnose da fertilidade do solo; b) requerimento nutricional do sorgo de acordo com a finalidade de explorao, gros ou forragem; c) os padres de absoro e acumulao do nutrientes, principalmente N e K; d) fontes dos nutrientes; e) manejo da adubao. importante ressaltar que nos ltimos anos, a agricultura brasileira, de um modo geral, vem passando por importantes mudanas tecnolgicas resultando em aumentos significativos da produtividade e produo. Dentre essas tecnologias destaca-se a conscientizao dos agricultores da necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma produo sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos est geralmente relacionada ao manejo adequado, o qual inclu entre outras prticas, a rotao de culturas, o plantio direto e o manejo da fertilidade atravs da calagem, gessagem e adubao equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes qumicos e/ou orgnicos (estercos, compostos, adubao verde, etc). Diagnose da fertilidade do solo Os solos apresentam diferenas em sua capacidade no fornecimento de nutrientes, dependendo da quantidade de reservas totais, dinmica de mobilizao e fixao e da disponibilidade dos nutrientes para as razes, Desse modo, necessrio quantificar, por meio de anlises qumicas, o potencial dos solos em fornecer os nutrientes e oestado nutricional das plantas, como instrumentos para o uso

eficiente de corretivos e fertilizantes. Alm destes fatos, necessrio tambm levar em considerao osdiferentes esquemas de rotao e sucesso de culturas que apresentam diferenasnas exigncias nutricionais e reciclagem dos nutrientes pelas diferentes culturas componentes dos sistemas de produo utilizados nas propriedades agrcolas. A Figura 1, ilustra a classificao da fertilidade dos solos, utilizada para interpretao da capacidade dos solos em suprir nutrientes as culturas. Para que o objetivo do manejo racional da fertilidade do solo seja atingido imprescindvel a utilizao de uma srie de instrumentos de diagnose de possveis problemas nutricionais que, uma vez corrigidos, aumentaro as probabilidades de sucesso na agricultura. Assim, o agricultor ao planejar o cultivo do sorgo deve levar em considerao os seguintes aspectos: a) expectativa de produo; b) diagnose adequada dos problemas anlise de solo e histrico de calagem e adubao das glebas; c) quais nutrientes devem ser considerados neste particular caso? (muitos solos tem adequado suprimento de Ca, Mg, Fe, etc.); d) quais nutrientes no necessitam ser considerados a cada ano ? (Ca e Mg suprido pela calagem; Zn e Cu residual no solo e, maior ou menor exigncia da cultura); e) quantidades de P e K necessrios na semeadura ? - determinado pela anlise de solo e removido pela cultura; f) qual a fonte, quantidade e, quando aplicar N ? (baseado na anlise de solo e produtividade desejada); g) quais nutrientes podem ter problemas neste solo ? (lixiviao de nitrognio em solos arenosos, ou so necessrios em grandes quantidades); h) outros fatores agronmicos (hbridos, espaamento, densidade de plantas, sanidade, disponibilidade de gua, etc.), so satisfatrios?.

Figura 1. Conceitos utilizados para interpretao dos indicadores da fertilidade dos solos e sua capacidade potencial no suprimento de nutrientes s culturas. Exigncias nutricionais O requerimento nutricional varia diretamente com o potencial de produo. Por exemplo, os dados apresentados na Tabela 1, do uma idia da extrao de nutrientes pelo sorgo. Observa-se que a extrao de nitrognio, fsforo, potssio, clcio e magnsio aumenta linearmente com o aumento na produtividade, e que a maior exigncia do sorgo refere-se ao nitrognio e potssio, seguindo-se clcio, magnsio e fsforo. Devido ao fato de culturas com maiores rendimentos extrarem e exportarem maiores quantidades de nutrientes (Tabela 1) e, portanto, necessitarem de doses diferentes de fertilizantes, nas recomendaes oficiais de adubao para a cultura do sorgo no Brasil, as doses dos nutrientes so segmentadas conforme a produtividade esperada. Isso se aplica mais apropriadamente, a nutrientes como nitrognio e o potssio, extrados em grandes quantidades, mas tambm valido para o fsforo e, de certo modo para o enxofre. O conceito menos importante

para o clcio e o magnsio, cujos teores nos solos, com a acidez adequadamente corrigida, devem se suficientes para culturas de sorgo com altas produtividades. Tabela 1. Extrao produtividades. Matria seca total kg/ha 7.820 2/ 9.9503/ 12.5403/ 16.5803/ mdia de nutrientes pela cultura do sorgo em diferentes nveis de Gros % 37 18 16 18 Nutrientes extrados1/ N P K Ca Mg ---------------------------kg/ha ------------------------------93 13 99 22 8 137 21 113 27 28 214 26 140 34 26 198 43 227 50 47

1/ Para converter P em P2O5, K em K2O, Ca em CaO e Mg em MgO, multiplicar por 2,29, 1,20, 1,39 e 1,66, respectivamente. Fonte: 2/Pitta et al. (2001) e 3/Fribourg et al. (1976).

No que se refere exportao dos nutrientes (Tabela 1), o fsforo e o nitrognio quase todo translocado para os gros, seguindo-se o magnsio, o potssio e o clcio. Isso implica que a incorporao dos restos culturais do sorgo devolve ao solo parte dos nutrientes, principalmente potssio, clcio e magnsio, contidos na palhada. Entretanto, mesmo com a manuteno da palhada na rea de produo e, em decorrncia da grandes quantidades que so exportadas pelos gros, faz-se necessria a reposio desses nutrientes em cultivos seguintes. O sorgo destinado a produo de forragem, tem recomendaes especiais porque todo material cortado e removido do campo antes que a cultura complete seu ciclo. Com isso, a remoo de nutrientes muito maior do que aquela para a produo de gros. Diagnose foliar Alm dos sintomas caractersticos de uma ou outra desordem que s se manifestam em casos graves, a identificao do estado nutricional da planta somente possvel pela anlise qumica da mesma. A utilizao da anlise do tecido vegetal como critrio diagnstico baseia-se na premissa de existir uma relao bem definida entre o crescimento e a produo das culturas e o teor dos nutrientes em seus tecidos. A parte amostrada deve ser representativa da planta toda e o rgo preferencialmente escolhido a folha, pois a mesma a sede do metabolismo e reflete bem, as mudanas na nutrio. No caso do sorgo, folhas na posio mediana da planta, coletadas por ocasio do emborrachamento so comumente utilizadas. Normalmente recomenda-se a coleta de 30 folhas por hectare ou talho homogneo. No se deve coletar amostras das folhas quando, nas semanas antecedentes, fez-se uso de adubao no solo ou foliar, aplicaram-se defensivos ou aps perodos intensos de chuva. O ideal que as amostras cheguem ao laboratrio ainda verdes, no mesmo dia a coleta, acondicionadas em sacos plsticos, identificadas e transportadas em caixas com gelo. Caso isto no seja possvel, aconselhvel que as folhas sejam rapidamente lavadas com gua corrente e enxaguadas com gua filtrada ou destilada, acondicionadas em sacos de papel reforados e postas para secar ao sol ou em estufa a 70oC. A identificao da amostra deve conter o seu nmero, cultura, localidade, data da coleta, nutrientes para analisar e endereo para resposta. Os teores foliares de macro e micro nutrientes considerados adequados para culturas produtivas de sorgo, so apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Valores de referncia dos teores foliares de nutrientes considerados adequados para a cultura do sorgo Macronutrientes Teor (%) Micronutrientes Teor (mg/dm3) Nitrognio 2,31- 2,90 Boro 20 Fsforo 0,44 Cobre 10-30

Potssio Clcio Magnsio Enxofre

1,30 - 3,00 0,21 - 0,86 0,26 - 0,38 0,16 - 0,60

Ferro Mangans Molibdnio Zinco

68-84 34-72 sem informao 12-22

Fonte: Martinez et al. (1999).

Sintomas de Deficincia Os sintomas de deficincia podem constituir, ao nvel de campo, em elemento auxiliar na identificao da carncia nutricional. No entanto, para a identificao da deficincia com base na sintomatologia, necessrio que o tcnico tenha razovel experincia de campo, uma vez que deficincias, sintomas de doenas e distrbios fisiolgicos podem ser confundidos. A sintomatologia descrita e apresentada a seguir, em forma de chave, foi adaptada de Malavolta & Dantas (1987). Sintomas Iniciais na Parte Inferior da Planta Com clorose Amarelecimento da ponta para a base em forma de "V"; secamento comeando na ponta das folhas mais velhas e progredindo ao longo da nervura principal; necrose em seguida e dilaceramento colmos fino, reduo do tamanho da pancula e a produo de gros (Figura 2) - NitrognioFoto: Embrapa Milho e Sorgo

Figura

2.

Sintomas

de

deficincia

de

nitrognio.

Clorose nas pontas e margens das folhas mais velhas seguida por secamento, necrose ("queima") e dilacerao do tecido; colmos com interndios mais curtos; folhas mais novas podem mostrar clorose internerval tpica da falta de ferro (Figura 3) PotssioFoto: Embrapa Milho e Sorgo

Figura

3.

Sintomas

de

deficincia

de

potssio.

As folhas mais velhas amarelecem nas margens e depois entre as nervuras dando o aspecto de estrias; pode vir a seguir necrose das regies clorticas; o sintoma progride para as folhas mais novas (Figura 4) MagnsioFoto: Embrapa Milho e Sorgo

Figura 4.

Sintomas

de deficincia de magnsio. Foto: Embrapa Milho e

Sorgo

Faixas brancas ou amareladas entre a nervura principal e as bordas, podendo seguir-se necrose e ocorrer tons roxos; as folhas novas se desenrolando na regio de crescimento so esbranquiadas ou de cor amarelo - plido, interndios curtos (Figura 5) ZincoFoto: Grundon et al. (1987)

Figura 5. Sintomas de deficincia de zinco. Foto: Grundon et al. (1987). Sem necrose Cor verde escuro das folhas mais velhas seguindo-se tons roxos nas pontas e margens; o colmo tambm pode ficar roxo (Figura 6) - FsforoFoto: Embrapa Milho e Sorgo

Figura 6. Sintomas de deficincia de fsforo. Pequenas manchas brancas nas nervuras maiores, encurvamento do limbo ao longo da nervura principal - Molibidnio. Sintomas Iniciais na Parte Superior da Planta Com clorose

As pontas das folhas mais novas gelatinizam e, quando secas, grudam umas s outras; medida que a planta cresce, as pontas podem estar presas. Nas folhas

superiores aparecem, sucessivamente, amarelecimento, secamento, necrose e dilacerao das margens e clorose internerval (faixas largas); morte da regio de crescimento (Figura 7) ClcioFoto: Embrapa Milho e Sorgo

Figura

7.

Sintomas

de

deficincia

de

clcio.

Faixas alongadas aquosas ou transparentes que depois ficam brancas ou secas nas folhas novas, o ponto de crescimento morre; baixa polinizao; quando as espigas se desenvolvem podem mostrar faixas marrons de cortia na base dos gros (Figura 8) BoroFoto: Grundon et al. (1987).

Figura

8.

Sintomas

de

deficincia

de

boro.

Amarelecimento das folhas novas logo que comeam a se desenrolar, depois as pontas se curvam e mostram necrose, as folhas so amarelas e mostram faixas semelhantes s provocadas pela carncia de ferro; as margens so necrosadas; o colmo macio e se dobra (Figura 9) Cobre

Foto: Grundon et al.(1987)

Figura 9. Sintomas de deficincia de cobre. Foto: Grundon et al.(1987). Clorose internerval em toda a extenso da lmina foliar, permanecendo verdes apenas as nervuras (reticulado finas de nervuras) (Figura 10) - FerroFoto: Grundon et al. (1987)

Figura

10.

Sintomas

de