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Edição 27 | Dezembro 2019

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tivemos uma grande expansão no cultivo da cultura do sor-go. Esse crescimento se dá devido ao alto potencial de produção de grãos da cul-tura e nas cultivares destinadas a forragem e alimentação animal apresenta alta produção de matéria seca. Outras características importantes para o meio pro-dutivo é sua excelente capacidade de suportar estresses ambientais, principal-mente déficit hídrico. Apresenta-se também como opção em solos com condições de baixa fertilidade, onde oferece maiores riscos para outras culturas, es-pecialmente milho.

Levando em consideração o mercado de grãos, o sorgo, na sucessão à culturas de verão, é a op-ção com melhor custo e de produção, atendendo a alta demanda de alimentos de boa qualidade para alimentação animal, para pecuaristas como para a agroindústria de rações, sendo o substituto parcial do milho na composição de concentrados para aves, suínos e totalmente para bovinos de corte e leite e na produção de silagem.

Para o agronegócio brasileiro, é estrategicamente importante ter uma área ocupada com sorgo para a garantia do abastecimento de grãos. A produção bra-sileira de grãos depende quase que exclusivamente da precipitação pluviométrica. Em anos com ocorrência de condições desfavorá-veis, normalmente há déficit na produção de grãos, e o sorgo, sendo uma cultura de vocação para cultivo em condições adversas de clima e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de grãos com valor de comercialização de 80% do preço do milho.

Os estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais (Triângulo Mineiro) e Bahia (Oeste baiano) são responsáveis por, aproximadamente, 89% da área de sorgo granífero plantada no Brasil, sendo este cultivo, predominantemente, realizado

Por Rafael CamargosDesenvolvimento de Mercado GO, MG e SP

Expansão no cultivo da cultura do sorgo

na época de safrinha.Conab divulgado em agosto/2018, a estima-

tiva de produção do sorgo é de 2,1 milhões de toneladas, produtividade de 2.756 kg/ha e área plantada de 761,5 mil hectares.

ADAPTAÇÕES AO CLIMA

O sorgo é uma planta altamente eficiente às condições adversas, de clima quente, apresen-tando caraterísticas xerófilas e mecanismos efi-cazes de tolerância a seca.

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A produtividade do sorgo está relacionada com diversos fatores: • Interceptação de radiação pelo dossel; • Eficiência metabólica; • Eficiência de translocação de produtos da fotossíntese para os

grãos; • Capacidade de dreno.

As relações de fonte e dreno dependem de condições am-bientais e características genéticas, e as plantas procuram se adaptar a tais condições, apresentando respostas diferenciadas.

A literatura internacional tem mostrado que temperaturas superiores a 38º ou inferiores a 16º limitam o desenvolvimento da maioria das cultivares. Um aumento 5º em relação à tempera-tura ótima noturna pode implicar numa redução de até 33% da produtividade, uma vez que ocorre um aumento da taxa de respi-ração noturna. A cada 1 grau centígrado de aumento da tempera-tura noturna, a respiração aumenta em torno de 14%.

A cultura suporta elevados níveis de radiação solar devido às características específicas do grupo das plantas C4 à qual per-tence. Assim, apresenta altas taxas fotossintéticas, minimizando a abertura dos estômatos e consequente perda d`água. O au-mento da intensidade luminosa implica em maior produtividade, sempre que as demais condições sejam favoráveis. O consumo de água pelo sorgo varia entre 380 e 600 mm durante o ciclo da cultura, dependendo principalmente das condições climáticas dominantes (Sans et al., 2003).

A planta de sorgo possui características fisiológicas que per-mitem paralisar seu crescimento, ou diminuir o seu metabolismo, durante o estresse hídrico, e reiniciá-lo quando a água torna-se disponível.

CULTIVARES

Para obtenção de maiores produtividades das lavouras, é pri-mordial ter atenção à escolha das cultivares adaptadas às suas regiões e aos seus sistemas de produção, além de realizar pla-nejamento para implantação e condução da lavoura. A escolha da cultivar a plantar é fundamental para o produtor alcançar ele-vadas produtividades. Sendo assim, o produtor deve pensar bem antes de tomar esta decisão.

No cultivo em safrinha na região Centro-Oeste, em áreas de cerrado conhecidas por solos com baixos teores de P e com te-ores de Al tóxico consideráveis, os programas de melhoramento genético buscam desenvolver e ofertar ao mercado cultivares de sorgo com elevada produtividade e qualidade de grãos, tolerantes à seca e a altas temperaturas, com ciclo precoce a médio, altura de planta compatível com a regulagem de colhedoras, resistentes ao acamamento e quebramento de plantas, eficientes na utilização de nutrientes, resistente às principais doenças e pragas, e que deixem no campo palhada para o plantio da próxima safra no sis-tema de plantio direto.

HÍBRIDO NTX S100

Dentre as cultivares disponíveis no mercado, a Nortox apre-senta seu lançamento NTX S100, um híbrido de alta tecnologia e produção. O material apresenta ampla adaptabilidade e estabi-lidade de produção. Principalmente para o plantio em sucessão, são observadas as seguintes características: • Tolerância a períodos de déficit hídrico, principalmente em

pós-florescimento; • Resistência ao acamamento e ao quebramento; • Ausência de tanino nos grãos e coloração alaranjada; • Porte entre 1,3 m com boa produção de massa residual; • Ciclo precoce; • Resistência às doenças predominantes na região de plantio.

Os híbridos expressam a produtividade máxima na primei-ra geração, sendo necessária a aquisição de sementes todos os anos. O plantio de sementes da segunda geração (F2) proporcio-nará redução na produtividade, dependendo do híbrido, de 15% a 40% e grande variação entre plantas com efeito negativo na qualidade do produto.

Devido às características da planta de sorgo, de tolerância a seca e de maior eficiência na utilização de água para completar seu ciclo vital, quando comparada à planta de milho, as datas limi-tes para seu plantio são superiores às do milho, fazendo com que o sorgo seja uma melhor opção para o plantio no avançar dos dias na safrinha.

Tabela 1 - Características do produtoVersão ConvencionalCiclo PrecoceFlorescimento 65 diasColheita 130 diasAltura da Planta (m)

1,30

Stay-green BomCor dos Grãos Alaranjado sem TaninoDry Down RápidoPanícula Semi-abertaColmo ExcelenteRaiz Agressivo. Tolerante ao acamamentoProdução de Grãos

Granífero

Vantagens do Produto

Altíssimo Potencial Produtivo combinado com sanidade foliar e qualidade de colmo. Altamente responsivo ao aumento do nível tecnológico. Altíssi-ma produção de palhada no sistema.

Benefícios ao Produtor

Altíssima produtividade, sanidade foliar e qualidade de colmo, garantem alto retorno financeiro nos períodos de plantio recomendados com segu-rança na safrinha. Sustentabilidade do plantio direto (palhada superior).

Recomendações Ideal para abertura e fechamento de plantio em regiões de terras altas (> 700m) e abertura em terras baixas (< 700m) e plantios sob irrigação. Ideal para altas produtividades. Altamente responsivo ao aumento do nível tecnológico.

População de plantas

Safrinha Até 15/02: 200 mil a 220 mil sementes/haDe 15/02 a 15/03: 200 mil sementes/ha

Verão e áreas irrigadas 200 mil a 220 mil sementes/hectare

Tolerância a Doenças

Antracnose (Colletotrichum sublineolum) ToleranteHelmintosporiose (Exserohilum turcicum) ToleranteFerrugem (Puccina purpurea) ToleranteMacrofomina (Macrophomina phaseolina) ToleranteFusarium Tolerante

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CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

A literatura indica que, não havendo o controle das plantas daninhas nas quatro primeiras semanas após a emergência do sorgo granífero, pode ocorrer uma redução na produção de grãos da ordem de 35%. Em caso de não se empregar nenhum método de controle, esta redução pode chegar a aproximadamente 71%. A redução na produtividade de sorgo granífero foi de 52,4%, mantendo a cultura sem capina até 42 dias após semeadura, mas quando mantida no limpo até 26 dias após semeadura, a redução foi de 41,7%, em relação à produção da testemunha no limpo, indicando a necessidade de controle do mato entre 26 e 42 dias. Em terras baixas de clima temperado, o controle das plantas daninhas na cultura do sorgo deve ser realizado no período entre a emissão da terceira e a da sétima folha, ou seja, em torno de 20 dias no verão e de 30 dias em plantios tardios.

O herbicida registrado para o sorgo é atrazina, que foi estudado e desenvolvido primariamente para sorgo granífero.

Tabela 2 - Herbicidas recomendados e registrados para o controle pré e pós-emergente de plantas daninhas na cultura do sorgo.

Princípio ativo Produtos comerciais Dose

(kg/ha) Aplicação

Atrazine

Atranex WG 2,0 a 3,0 PÓSAtrazina Nortox 500 SC 3,0 a 6,5 PRÉ e PÓS1

Coyote WG 2,0 a 3,0 PÓSGesaprim GrDa 2,0 a 3,0 PRÉ e PÓSGesaprim 500 4,0 a 5,0 PRÉ e PÓS2

Herbitrin 500 BR 4,0 a 5,0 PÓS inicial4

Proof 4,0 a 5,0 PRÉ e PÓS3

1 Pós-semeadura da cultura.2 Condição de aplicação (pré ou pós) depende da espécie da planta daninha.3 Aplicar quando as plantas estiverem com 2 a 4 folhas.4 Não deve ser aplicado na condição de pré-emergência.Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Os herbicidas do grupo das triazinas (atrazine) são utilizados na cultura do sorgo, sobretudo para o controle de plantas dani-nhas dicotiledôneas (folhas largas) e algumas gramíneas (folhas estreitas).

Atrazina Nortox 500 SC deve ser aplicado em pré-emergência e pós-semeadura. Usa-se 3,0 L ha-1 p.c. em solo leve, 5,0 L ha-1 em solo médio e 6,5 L ha-1 p.c. em solo pesado. Esse herbicida deve ser aplicado sobre o solo bem preparado, livre de torrões, resídu-os, detritos e contendo um bom teor de umidade para a sua me-lhor ação herbicida. A umidade do solo é importante para a ativa-ção do herbicida. Não aplique o produto com o solo seco.

O sorgo cultivado na “safrinha” após soja convencional pode ter crescimento afetado por resíduos de diclosulam aos 115 dias após a aplicação na soja. Apesar de reduzido, o flumioxazin aplicado na soja tem potencial de deixar resíduo para sorgo em sucessão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Embrapa Milho e Sorgo

Flávia Machado Starling Soares – Analista de Mercado, Conab

A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil

Alimentação, forragem, bovinos.

Ivan Silva França 1 José Crisólogo de Sales Silva2 Pedro Queiroz de Lima1 1Especialização em Bovinocultura de leite,Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL, ivansilvazoo@hotmail.com. 2 professor titular, Zootecnia, Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, Doutorado em Ciências, Biotecnologia pela Universidade Federal de Alagoas- UFAL, Pós-doutorado pelo CENA USP, nutrição animal.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portarias de Zoneamento Agrícola de Risco Climático por Unidade da Federação. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/politica-agricola/zoneamento-agricola/portarias-segmentadasporuf>. Acesso em: 24 jun. 2010.

CIIAGRO/IAC – Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas/ Instituto Agronômico de Campinas. (disponível em http://www.ciiagro.sp.gov.br/zoneamento/sorgo.htm, acessado em 11/set/2008)

MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M.; SCHAFFERT, R. E. Fisiologia da planta de sorgo. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2000. 46p. (Embrapa Milho e Sorgo - Circular Técnica, 3).

RESULTADOS

Município UF Híbrido Data plantio Stand Final (Pl./ha)

Espaçamento (cm) (Sc/ha)

Ipameri GO

NTX S100

27/02/2019 198.000 45 104,20Acreúna GO 20/02/2019 212.000 50 119,25

Rio Verde GO 23/03/2019 210.000 50 103,15Itumbiara GO 23/02/2019 189.000 45 107,00

Unaí MG 27/02/2019 188.000 50 132,82Uberaba MG 25/02/2019 198.000 50 105,00

Gameleira de Goiás GO 25/02/2019 200.000 50 132,20

Jatai GO 27/02/2019 210.000 45 152,00Jatai GO 25/02/2019 222.220 45 128,48