cuidador de idosos

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1 CUIDADOR DE IDOSOS Princípios das Nações Unidas para o Idoso Resolução 46/91 Aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas 16/12/1991 INDEPENDÊNCIA: * Ter acesso à alimentação, água, moradia, vestuário, à saúde, ter apoio familiar e comunitário. * Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras formas de geração de renda. * Poder determinar em que momento deverá afastar-se do mercado de trabalho. * Ter acesso à educação permanente e a programas de qualificação e requalificação profissional. * Poder viver em ambientes seguros adaptáveis à sua preferência pessoal, que sejam passíveis de mudanças. * Poder viver em sua casa pelo tempo que for viável. PARTICIPAÇÃO: * Permanecer integrado na sociedade, participar activamente na formulação e implementação de políticas que afectam directamente o seu bem-estar e transmitir aos mais jovens conhecimentos e habilidades. * Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comunidade, trabalhando como voluntário, de acordo com seus interesses e capacidades. * Poder formar movimentos ou associações de idosos. ASSISTÊNCIA: * Beneficiar-se da assistência e protecção da família e da comunidade, de acordo com os valores culturais da sociedade. * Ter aceso à assistência da saúde para manter ou adquirir o bem-estar físico, mental e emocional, prevenindo-se da incidência de doenças. * Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que lhe proporcionem protecção, reabilitação, estimulação mental e desenvolvimento social, em um ambiente humano e seguro. * Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem melhores níveis de autonomia, protecção e assistência * Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando residente em instituições que lhe proporcionem os cuidados necessários, respeitando-se sua dignidade, crença e intimidade. Deve desfrutar ainda o direito de tomar decisões quanto à assistência prestada pela instituição e à qualidade de sua vida.

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Page 1: Cuidador de idosos

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CUIDADOR DE IDOSOS

Princípios das Nações Unidas para o Idoso

Resolução 46/91

Aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas 16/12/1991

INDEPENDÊNCIA:

* Ter acesso à alimentação, água, moradia, vestuário, à saúde, ter apoio familiar e comunitário.

* Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras formas de geração de renda.

* Poder determinar em que momento deverá afastar-se do mercado de trabalho.

* Ter acesso à educação permanente e a programas de qualificação e requalificação

profissional.

* Poder viver em ambientes seguros adaptáveis à sua preferência pessoal, que sejam

passíveis de mudanças.

* Poder viver em sua casa pelo tempo que for viável.

PARTICIPAÇÃO:

* Permanecer integrado na sociedade, participar activamente na formulação e implementação

de políticas que afectam directamente o seu bem-estar e transmitir aos mais jovens

conhecimentos e habilidades.

* Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comunidade, trabalhando como

voluntário, de acordo com seus interesses e capacidades.

* Poder formar movimentos ou associações de idosos.

ASSISTÊNCIA:

* Beneficiar-se da assistência e protecção da família e da comunidade, de acordo com os

valores culturais da sociedade.

* Ter aceso à assistência da saúde para manter ou adquirir o bem-estar físico, mental e

emocional, prevenindo-se da incidência de doenças.

* Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que lhe proporcionem protecção,

reabilitação, estimulação mental e desenvolvimento social, em um ambiente humano e seguro.

* Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem melhores níveis de autonomia,

protecção e assistência

* Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando residente em instituições que lhe

proporcionem os cuidados necessários, respeitando-se sua dignidade, crença e intimidade.

Deve desfrutar ainda o direito de tomar decisões quanto à assistência prestada pela instituição

e à qualidade de sua vida.

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AUTO-REALIZAÇÃO:

* Aproveitar as oportunidades para total desenvolvimento de suas potencialidades.

* Ter acesso aos recursos educacionais, culturais, espirituais e de lazer da sociedade.

DIGNIDADE:

* Poder viver com dignidade e segurança, sem ser objecto de exploração e maus-tratos físicos

e/ou mentais.

* Ser tratado com justiça, independente da idade, sexo, raça, etnia, deficiências, condições

económicas ou outros factores.

Todo o ser humano, incluindo os idosos, têm direito a ter uma vida longa, digna,

activa, livre, participativa, etc., direitos estes consignados nos princípios das Nações

Unidas para o idoso. Contudo, não é isso que verificamos no nosso dia-a-dia, muitas

vezes, o apoio afectivo e a inexistência de programas que façam os idosos ter um

envelhecimento activo escasseiam.

O idoso exige dois ingredientes cada vez mais raros no mundo actual: recursos e

carinho.

Nos dias de hoje, é preciso dar cada vez mais atenção e carinho aos mais velhos,

só assim se poderá obter um conhecimento da situação que estes enfrentam, das suas

limitações e do seu desejo de serem amados e aceites pela e na sociedade.

Os comportamentos e as práticas de discriminação feitos aos idosos, são injustas

os idosos não podem ser banidos da sociedade, muito menos sofrerem de discriminação,

independentemente do seu estado físico e mental.

Cuidar de idosos é para muitos uma boa fonte de rendimento. A remuneração

depende exclusivamente da negociação entre o “profissional” e o contratante. O

problema é que não basta vontade para exercer esta actividade, é preciso preparo e

mesmo vocação. Há muita procura e pouca oferta de pessoas realmente qualificadas,

mesmo nas instituições vocacionadas para esta actividade.

A atenção à saúde da pessoa idosa exige conhecimento sobre as alterações

decorrentes do processo de envelhecimento normal, e também sobre as doenças típicas

dessa etapa do ciclo de vida, assim como a compreensão de todo meio em que o idoso

vive.

Dificilmente uma pessoa assume que é um cuidador, pois acha que cuidar de

alguém que se ama não é uma tarefa, mas sim, algo natural. Ser um cuidador requer

aprendizagens e adaptações, bem como ter acompanhamento de profissionais

habilitados, o que raramente acontece.

O cuidador é uma pessoa importantíssima na observação, repassando para os

profissionais da saúde toda e qualquer alteração, mudança de comportamento por mais

simples que seja. Cabendo aos profissionais da saúde avaliar todos os dados fornecidos,

no entanto na maioria dos casos este acompanhamento por profissionais habilitados não

existe. O idoso está entregue a si mesmo e ao cuidador muitas vezes sem preparação.

O envelhecimento, quando acompanhado de limitações funcionais, exige

cuidados em várias áreas, que precisam ser abordados por profissionais habilitados a

reconhecer os distúrbios típicos das doenças ligadas ao envelhecimento, para garantir

atendimento adequado.

O cuidador deve zelar pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal,

educação, cultura, recreação da pessoa idosa.

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O Cuidador seja ele familiar ou “profissional” contratado, é peça fundamental na

difícil tarefa de proporcionar um envelhecimento mais saudável, com menor

comprometimento funcional e menor sofrimento. Apesar dos esforços despendidos para

garantir uma velhice cada vez mais activa e saudável, a maioria dos idosos tornam-se

frágeis nessa fase da vida, vindo a precisar de ajuda, de cuidadores. Esta “obrigação”

devia ser dos filhos, cônjuge, familiares, mas isso nem sempre ocorre ou é possível, face

aos compromissos profissionais e até mesmo por vínculos afectivos inexistentes. As

alterações, tanto orgânicas quanto psicológicas, sofridas pelo idoso, provoca um

ambiente de stress e nem sempre existem apoios de profissionais habilitados para ajudar

o idoso e o cuidador.

Cuidar de um idoso é muito mais que um acto; cuidar é uma atitude. Requer

conhecimento, responsabilidade mas também muita afectividade. O cuidador deve antes

de tudo saber e querer cuidar de si próprio, para então cuidar do outro, que está

incapacitado funcionalmente. Só o trabalho, só o acto de zelar, não faz um cuidador. O

Cuidador de Idoso, deve estar capacitado para substituir o conceito de doença, pelo de

incapacidade funcional, enfatizando os cuidados preventivos, com ajuda assídua de

profissionais habilitados.

Cuidar não é apenas zelar de um corpo físico mas observar a palavra não dita,

expressa através do corpo físico, muitas vezes, frágil, debilitado, um corpo físico que

por medo, se retrai, escondendo manifestações físicas e emocionais de grande

importância e que mais tarde se manifestam em forma de doença. Muitos cuidadores,

mais vulgarmente chamado e conhecido por “apoio ao domicilio” nada disto observam,

limitando-se a zelar um corpo físico e o espaço físico onde o idoso permanece, numa

corrida, porque o tempo é dinheiro…a seguir a um, há mais um e mais um… Estar

atento é prevenção, é promover a saúde, a qualidade de vida.

Como cuidadora (filha) sinto no dia a dia a falta de apoio de profissionais habilitados,

dos cuidados continuados integrados. O Estado através dos Centros de Saúde deveria

colocar nestes locais enfermeiros com especialização para o acompanhamento do idoso,

para a sua reabilitação e apoio ao cuidador. Os enfermeiros dos Centros de Saúde não

podem dar resposta quando solicitados, uma vez que são poucos e os seus utentes

muitos, alguns não tem especialização, e as directrizes emanadas pelos seus superiores

lhes limitam o campo de acção. Como exemplo: um simples acto de colher amostra de

urina por sonda a um idoso que não está algaliado o enfermeiro do Centro de Saúde o

não pode fazer, o seu superior não autoriza. No entanto o “milagre” acontece e no

centro de saúde de Abrantes – Extensão de Saúde de Tramagal – através do Projecto da

Enfermeira Raquel Olhicas, foram colocados dois enfermeiros em estágio do Curso Pós

Licenciatura de Especialidade em Enfermagem de Reabilitação, a minha mãe de 94

anos que há um ano estava acamada, com imobilização dos membros superiores, com

consecutivas aspirações, ao fim de três semanas de reabilitação feita pelo enfermeiro

Diamantino Veríssimo, foi transferida para a cadeira de rodas, podendo assim deslocar-

se. A qualidade de vida não tem idade, nem extracto social, por mais adjectivos que

pudesse escrever, jamais conseguiria transmitir o que foi observado através das

expressões faciais e das reacções físicas….. um sonho realizado, mas não continuado. O

País das Maravilhas não existe e a fase do êxtase depressa desaparece e a realidade nua

e crua regressa, o enfermeiro Diamantino vai partir e tudo vai voltar ao mesmo. Ao

mesmo? Não! Como cuidadora aprendi, observei, vou aplicar mas a minha mãe tem o

direito, como tantos idosos nesta terra a cuidados continuados integrados. Um

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desabafo…. Se os nossos governantes não se deslocassem em carros topo gama e

…e…e…!!! Haveria certamente dinheiro, para que todos os idosos tivessem mais

assistência, outro tipo de cuidados…os cuidados continuados integrados, e aí sim os

Princípios das Nações Unidas para o idoso teriam sentido neste país onde vivo.

Muito agradecida Enfermeiro Diamantino…. Enfermeira Raquel……Valeu……

Maria Helena Neto filha de Gertrudes Cristina – 94 anos dependente