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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM CUIDADOS CLÍNICOS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ENFERMAGEM LUCIANA ALVES DA ROCHA CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: relação entre diagnósticos NANDA, modos adaptativos de Roy e intervenções da NIC FORTALEZA 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM CUIDADOS CLÍNICOS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ENFERMAGEM

LUCIANA ALVES DA ROCHA

CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM A PESSOAS

COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: relação entre

diagnósticos NANDA, modos adaptativos de Roy e

intervenções da NIC

FORTALEZA

2008

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LUCIANA ALVES DA ROCHA

CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM A PESSOAS

COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: relação entre

diagnósticos NANDA, modos adaptativos de Roy e

intervenções da NIC

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Cuidados Clínicos em Saúde, na área de concentração em Enfermagem.

Orientadora: Prof. Dra. Lúcia de Fátima da Silva.

FORTALEZA

2008

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LUCIANA ALVES DA ROCHA

CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: relação entre diagnósticos NANDA, modos

adaptativos de Roy e intervenções da NIC

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Cuidados Clínicos em Saúde, na área de concentração em Enfermagem.

Defesa em: 26/02/2008

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Profa. Dra. Lúcia de Fátima da Silva Orientadora-UECE

____________________________________ Prof. Dr. Marcos Venícios de Oliveira Lopes

Membro efetivo

____________________________________ Profa. Dra. Maria Célia Freitas

Membro efetivo

____________________________________ Profa. Dra. Maria Vilani Cavalcante Guedes

Membro suplente

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Linha de Pesquisa: Concepções Teóricas e Filosóficas da Saúde e de Enfermagem

Pesquisa financiada pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai Luiz e minha mãe Salete pelas oportunidades que me proporcionaram na vida e pelos incentivos que muito contribuíram para as minhas conquistas. À minha irmã-mãe Luiziete, a quem amo muito e que está sempre presente ao meu lado, me apoiando, incentivando e que me faz crer que pela dedicação e força de vontade tudo é possível.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por estar sempre presente em minha vida, me guiando pelo caminhar da

sabedoria e pela graça de tornar possível mais uma conquista.

Aos meus pais Luiz e Salete, por tudo o que fizeram, fazem e farão por mim.

Ao meu namorado, Roney, pela cumplicidade, carinho, atenção e pelo incentivo em

busca dos meus ideais.

À professora Lúcia de Fátima da Silva, minha orientadora, pessoa que admiro

imensamente pela inteligência e capacidade de raciocínio. Obrigada por me orientar

e contribuir para o meu crescimento pessoal e profissional.

Aos membros da Banca, Dr. Marcos Venicios de Oliveira, Dra. Célia Freitas e Dra.

Vilani Guedes, por terem aceitado a participar da avaliação deste estudo e por suas

contribuições para o aprimoramento do estudo.

As minhas amigas do Mestrado Rita e Larissa pela amizade e companherismo.

À enfermeira Maria José de Assis que me acolheu de braços abertos em sua

unidade, contribuindo para meu crescimento profissional e aperfeiçoamento.

À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(FUNCAP), pelo apoio financeiro dispensado a equipe.

À funcionária Rafaela do Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde pela

atenção dispensada.

À funcionária Toinha do ambulatório do Hospital de Messejana pela receptividade no

serviço e pela ajuda na aproximação com os pacientes.

Aos pacientes com insuficiência cardíaca, por terem aceitado participar do estudo.

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RESUMO

Estudo acerca da adaptação de pessoas portadoras de insuficiência cardíaca (IC) à sua condição de doente crônico que objetivou caracterizar portadores de IC acompanhados em um ambulatório de cardiologia, em Fortaleza-Ceará; associar os modos de adaptação de Callista Roy a diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados na clientela; analisar os problemas de adaptação por ela apresentados; e propor intervenções de enfermagem necessárias, a partir da taxonomia NIC. Trata-se de pesquisa descritiva e transversal, desenvolvida entre maio e agosto de 2007, com 28 pessoas portadoras de IC. Utilizou-se, para coletar os dados, uma entrevista clínica e um roteiro de exame físico. Após identificar os diagnósticos de enfermagem, com base em Risner, eles foram relacionados aos problemas comuns de adaptação de Callista Roy. Tal associação foi discutida com base na literatura vigente e, para os problemas de adaptação, foram propostas intervenções de enfermagem. Todos os preceitos legais foram rigorosamente considerados. O estudo revelou uma população predominantemente masculina; casada, de faixa etária entre 35 e 60 anos; residente na capital; com ensino fundamental incompleto e renda familiar de 1 a 3 salários mínimos. Quanto à etiologia da IC, a mais freqüente foi a miocardiopatia dilatada. Foram analisados 21 dos 27 diagnósticos de enfermagem. Os principais foram: Dentição prejudicada; Intolerância à atividade; Sentimento de impotência; Desempenho de papel ineficaz; Disfunção sexual; Insônia; Controle ineficaz do regime terapêutico; Comportamento de saúde propenso a risco; Dor aguda; Constipação; Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais; Percepção sensorial perturbada – visão. Os diagnósticos de enfermagem identificados se caracterizavam como problemas de adaptação à condição de saúde. Como principais problemas de adaptação identificados mencionam-se: intolerância à atividade; impotência; falha de papel; disfunção sexual; privação de sono; dor aguda, constipação; nutrição desequilibrada mais do que as necessidades corporais; deficiência de um sentido primário. Diante dos achados, espera-se suscitar reflexões dos enfermeiros para considerarem os problemas de adaptação de seus pacientes portadores de IC no desempenho do cuidado clínico a eles dispensados, de modo que ao implementarem intervenções de enfermagem, os estimulem ao alcance de sua adaptação à condição de doente crônico. Assim, o estudo traz contribuições para a consolidação do uso de teorias no processo de cuidar em enfermagem.

Palavras-chave: Insuficiência Cardíaca. Adaptação. Enfermagem. Teoria de Callista Roy.

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ABSTRACT

Study concerning the adaptation of people carriers of cardiac insufficiency (CI) to its condition of chronic diseased person that objectified to characterize carriers of CI followed in a cardiologic ambulatory, in Fortaleza-Ceara; to associate the ways of adaptation by Callista Roy to the nursing diagnostic by NANDA identified in the clientele; to analyze the problems of adaptation presented for the clientele; and to consider the necessary nursing interventions, starting from the NIC taxonomy. It is a descriptive and transversal research, developed between May and August of 2007, with 28 people carrying of CI. It was used, to collect the data, a clinical interview and a script of physical examination. After to identify the nursing diagnostics, based on Risner, they had been related to the common problems of adaptation of Callista Roy. Such association was discussed based on the effective literature and, for the adaptation problems, had been proposed nursing interventions. All the legal rules had been rigorously considered. The study disclosed a population predominantly masculine; married, between 35 and 60 years; resident in the capital; with incomplete basic education and familiar income of 1 to 3 minimum wages. How about the etiology of CI, the most frequent one was the dilated myocardiopathy . Had been analyzed 21 of the 27 nursing diagnostics. The main ones had been: Harmed dentition; Intolerance to the activity; Feeling of impotence; inefficacious performance; sexual dysfunction; sleeplessness; inefficacious control of the therapeutic regimen; health behavior inclined to risk; acute pain; constipation; unbalanced nutrition: more than the corporal necessities; sensorial perception disturbed - vision. The identified nursing diagnostics were characterized as problems of adaptation to the health condition. As main identified problems of adaptation were mentioned: intolerance to the activity; impotence; failure of the role; sexual dysfunction; sleep privation; acute pain, constipation; nutrition unbalanced more than the corporal necessities; deficiency of a primary sense. Ahead of the findings, we expect to excite reflections of the nurses to consider the problems of adaptation of their patients carriers of CI in the execution of their clinical care, in way that when implementing interventions of nursing, stimulate them to the reach of its adaptation to the condition of chronic diseased person. Thus, the study brings contributions for the consolidation of the uses of theories in the process of to take care in nursing. Word-key: Cardiac insufficiency. Adaptation. Nursing. Theory of Callista Roy.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. 11

LISTA DE TABELAS......................................................................................... 12

LISTA DE QUADROS........................................................................................ 13

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................

14

2 OBJETIVOS....................................................................................................

19

3 REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................

20

3.1 Adoecimento por insuficiência cardíaca.......................................... 20

3.2 As classificações da prática de enfermagem como subsídio

para o cuidado clínico sistematizado................................................

24

3.3 Processo de raciocínio diagnóstico................................................. 31

4 REFERENCIAL TEÓRICO (Teoria de Callista Roy).....................................

32

4.1 Contribuição de estudos a partir do referencial de Callista Roy... 39

5 METODOLOGIA .............................................................................................

41

5.1 Tipo de estudo ................................................................................... 41

5.2 Caracterização do local da pesquisa................................................ 41

5.3 População e amostra.......................................................................... 42

5.4 Instrumento de coleta de dados........................................................ 43

5.5 Procedimento de coleta de dados.................................................... 44

5.6 Identificação dos diagnósticos de enfermagem.............................. 45

5.7 Organização e análise dos dados..................................................... 45

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................

47

6.1 Caracterização dos clientes com insuficiência cardíaca............ 47

6.2 Diagnósticos de enfermagem identificados nos clientes com

insuficiência cardíaca......................................................................

56

6.3 Associação entre os diagnósticos de enfermagem segundo a

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NANDA e a tipologia de problemas comuns de adaptação

segundo a Teoria de Callista Roy...................................................

58

6.4 Discussão dos problemas comuns de adaptação e seus

estímulos segundo os modos fisiológico, desempenho de

papel, autoconceito de Callista Roy.............................................. 66

7. CONCLUSÕES.............................................................................................. 99

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................

102

9. APÊNDICE....................................................................................................

119

10. ANEXOS......................................................................................................

121

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LISTA DE ABREVIATURAS

AVC Acidente vascular cerebral

COFEN -Conselho Federal de Enfermagem

DM -Diabetes melitus

HAS -Hipertensão Arterial Sistêmica

IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC - Insuficiência cardíaca

IMC -Índice de Massa Corporal

MCPD - Miocardiopatia dilatada

LDL -Low Density Lipoprotein

NANDA -North American Nursing Diagnosis Association

NYHA - New York Heart Association

NIC - Classificação das Intervenções de Enfermagem

NOC -Classificação dos Resultados de Enfermagem

OMS -Organização Mundial de Saúde

SAE -Sistematização da Assistência de Enfermagem

SUS -Sistema Único de Saúde

UTI -Unidade de Terapia Intensiva

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca segundo os indicadores de sexo, idade, escolaridade, renda familiar, estado civil, religião e procedência

47

TABELA 2: Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca de acordo com as co-morbidades

53

TABELA 3: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem identificados nos pacientes com insuficiência cardíaca

56

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Classificação da NYHA para a insuficiência cardíaca 21 QUADRO 2: Estágios da insuficiência cardíaca 22 QUADRO 3: Princípios do tratamento da insuficiência cardíaca 23 QUADRO 4: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo fisiológico de Callista Roy

34

QUADRO 5: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de desempenho de papel de Callista Roy

36 QUADRO 6: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de autoconceito de Callista Roy

36

QUADRO 7: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de interdependência de Callista Roy

37

QUADRO 8: Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo fisiológico

59 QUADRO 9: Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do modo de desempenho de papel

64 QUADRO 10: Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do modo de autoconceito

65

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1 INTRODUÇÃO

O interesse pela temática do processo de cuidar em enfermagem, de modo

especial, pelo cuidado sistematizado, surgiu ao longo do curso de Graduação.

Desde essa época, percebe-se que muitas vezes o cuidado de enfermagem

focaliza-se predominantemente nos aspectos biológicos e na imposição de novas

regras de vida, sobretudo quando se trata de portadores de adoecimento crônico.

Portanto, diante da insatisfação pela forma como os pacientes com

adoecimento crônico são cuidados e, em face da oportunidade decorrente da

condição de bolsista de iniciação científica, quando acadêmica de enfermagem,

desenvolveu-se uma investigação na qual se analisou a contribuição da educação

em saúde, por meio de práticas grupais, no processo de adaptação das pessoas à

situação de serem hipertensas. O estudo foi fundamentado na Teoria de

Enfermagem de Callista Roy que trata o cuidado de enfermagem como um suporte

profissional dispensado pelos enfermeiros aos seus pacientes com vistas à sua

adaptação às diversas condições de vida (ROY; ANDREWS, 1999). Conforme os

resultados possibilitaram perceber, efetivamente, a enfermeira deve se utilizar do

seu papel de educadora em saúde para auxiliar na mudança comportamental dos

clientes, com a finalidade de contribuir para que eles alcancem a melhor condição de

saúde (ROCHA; SILVA, 2004).

Na oportunidade de produzir uma monografia de pós-graduação, em nível

lato sensu, também com pacientes portadores de adoecimento crônico, estudou-se a

sistematização do cuidado de enfermagem dispensada a essas pessoas. Por meio

do estudo, ficou evidenciada a importância de desenvolver um cuidado

sistematizado, pois este fornece subsídios para elaboração de planos de cuidados,

implementação das intervenções e avaliação de resultados, de acordo com as

necessidades dos pacientes (ROCHA, 2005).

Como a aproximação da pesquisadora com pessoas adoecidas

cronicamente vem sendo uma constante, também na função de enfermeira

assistencial, em um hospital de referência em doenças cardiovasculares, tem-se a

oportunidade de observar e trabalhar no cuidado de pessoas com diversas

patologias cardíacas. Ali, segundo se tem percebido, todo um aparato tecnológico é

utilizado para se chegar ao diagnóstico preciso das doenças, assim como é este o

norte para implementação de terapêutica a estas pessoas. Porém, o cuidado aos

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pacientes deve ir além dos aspectos biológicos, e respeitar, de modo particular, a

singularidade e subjetividade de cada pessoa.

Na prática, por conseguinte, percebe-se a importância de adquirir e

aprofundar conhecimentos sobre o cuidado de enfermagem a pacientes cardíacos

que requerem domínio clínico da enfermeira de modo que ela dispense à sua

clientela cuidado qualificado, individualizado, pautado na precisão de intervenções,

no dinamismo das ações e baseado na competência técnico-científica, sem, no

entanto, perder de vista o fundamento humanitário.

A partir do contato com as pessoas portadoras de adoecimento crônico, em

especial entre os portadores de insuficiência cardíaca (IC) no setor onde a

pesquisadora trabalha, pôde-se compreender que muitos pacientes internados,

quase sempre por complicações da doença, tinham ou tiveram dificuldades de

adaptação ao novo estilo de vida imposto pelo adoecimento. Impressiona ouvi-los

falar da dificuldade em adaptar-se a novas condições, até mesmo da impossibilidade

de fazê-lo, apesar de demonstrarem consciência de que sua nova condição de vida

requer mudanças.

Mesmo a despeito de no ambiente de trabalho ter-se como base do

processo de trabalho um modelo de sistematização de cuidar pré-estruturado, ainda

não se conseguiu ajudá-los o quanto é possível.

O processo sistematizado então utilizado baseia-se no Modelo de

Diagnósticos de Enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association-

NANDA (NANDA, 2000), na sua versão da Taxonomia I. Mas a NANDA avançou

para a versão da Taxonomia II, a qual lhe permite maior flexibilidade na apreensão

de seus diagnósticos de enfermagem.

Contudo, como na prática sente-se falta de um referencial teórico que dê

suporte às ações de enfermagem, vislumbra-se o uso do Modelo de Adaptação de

Callista Roy (ROY; ANDREWS, 1999) como um referencial no desenvolvimento do

cuidado de pessoas com enfermidade crônica, entre elas, portadores de IC, em

especial, aqueles que têm feito parte do dia-a-dia da autora como enfermeira.

Consoante se percebe, o referencial teórico de Roy oferece elementos

adequados ao cuidado de enfermagem por colaborar na adaptação de pacientes

com doenças crônicas, tais como, portadores de IC, pois busca fornecer subsídios

para a implementação de um cuidado clínico qualificado quando auxilia o paciente

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na sua trajetória de adoecimento, contribuindo para a promoção de sua adaptação

às novas condições de saúde e doença.

De acordo com os pressupostos dessa teoria, a meta da enfermagem é

promover respostas humanas, utilizando os modos adaptativos fisiológico, de

desempenho de papel, de autoconceito, e de interdependência, em vista de serem

estas as respostas que se relacionam positivamente com a saúde.

Conforme este entendimento, o objetivo da enfermeira é, pois, reduzir

respostas inefetivas e promover a saúde em todos os processos de vida,

estimulando, nas pessoas cuidadas, respostas adaptativas. Lembre-se que a Teoria

de Callista Roy considera uma pessoa adaptada quando ela se encontra em

equilíbrio consigo mesma, e, ao mesmo tempo, mantém harmonioso relacionamento

com os outros. Logo, o período de adaptação a um agravo à saúde interliga-se com

o retorno à percepção de bem-estar físico, psíquico e social (ROY; ANDREWS,

1999).

Diante do exposto, pressupõe-se o que a associação entre os modos

adaptativos de Roy e os diagnósticos de enfermagem da NANDA apresentados por

estas pessoas portadoras de IC levará à identificação de intervenções de

enfermagem capazes de melhorar suas respostas adaptativas.

O cuidado clínico de enfermagem, fundamentado na Teoria de Roy,

favorece a adaptação de pessoas portadoras de IC a assumirem estilo de vida que

lhes proporcione bem estar.

Nesta perspectiva, ante a oportunidade de desenvolver a dissertação no

Curso de Pós-Graduação, na modalidade stricto sensu, como exigência à conclusão

do referido curso, vislumbrou-se a realização da presente investigação. Para

elaborá-la, optou-se pelo estabelecimento de uma associação entre os modos

adaptativos, segundo Roy e Andrews (1999), apresentados pelas portadoras de IC,

e os diagnósticos de enfermagem identificados na referida clientela de acordo com a

Taxonomia II da NANDA. Assim, com base nesta associação, foram planejadas as

Intervenções de Enfermagem da NIC capazes de contribuir para o processo

adaptativo destas pessoas à sua condição de saúde.

A escolha por esta camada de pessoas adoecidas (portadoras de IC)

decorreu do elevado índice da IC como uma das principais causas de morte e

incapacidade (OMS, 2003; OPAS, 2003). Entre essas, as mais relevantes para a

saúde pública são as cardiovasculares, o câncer e o diabetes mellitus (DM). Nas

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cardiovasculares sobressaem a doença isquêmica cardíaca, a cerebrovascular

(AVC), a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a insuficiência cardíaca (IC) (OPAS,

2003; OMS, 2003; SMELTZER; BARE, 2005).

Consoante estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil

deverá comprometer 3 bilhões de dólares de toda sua produção nacional devido a

mortes prematuras por doenças do coração, AVC e diabetes mellitus (OPAS, 2005).

Entre as doenças cardiovasculares, a IC é fonte de inquietação e de rico

aprendizado. Ultimamente, referida doença tornou-se um dos maiores problemas de

saúde pública, tendo a prevalência de 1 a 2% na população mundial (GRADY;

DRACUP; KENNEDY et al., 2000).

Como mostra a literatura, esta é a via final mais comum da maioria das

cardiopatias, uma síndrome endêmica em todo o mundo e um importante problema

de saúde pública, com prevalência e incidência crescentes e altos índices de

hospitalizações associadas à alta morbimortalidade, sobretudo quando presentes

co-morbidades (BARRETO; DRUMOND NETO; MADY et al., 2002; OCHIAI;

FRANCO; GEBRARA et al., 2004; CASTRO; VERDEJO; VUKASOVIC et al., 2006).

É, também, a principal causa de internação nos países desenvolvidos e no

Brasil é a terceira causa geral de internação e a primeira em cardiovascular, com

alta mortalidade (BOCCHI; VILAS-BOAS; PERRONE et al., 2005; DBHA, 2006).

Segundo dados do Sistema Único de Saúde, em 2002, no Brasil, cerca de

398 mil hospitalizações e 26 mil mortes ocorreram devido à IC. No ano de 2004,

foram realizadas cerca de 11,5 milhões de internações, sendo as doenças do

aparelho cardiovascular responsáveis por mais de 1,2 milhão. Naquele ano foi a

causa cardiovascular mais freqüente, determinando 339.770 hospitalizações

(BRASIL, 2004; BRASIL, 2005).

Quanto ao custo social e econômico da doença, é bem elevado, pois há

grandes gastos com medicamentos, internações, perda da produtividade,

aposentadorias precoces, cirurgias e eventualmente transplante cardíaco. Para

Araújo, Tavares, Veríssimo et al. (2005), o custo direto está relacionado com as

hospitalizações e gastos com medicamentos, enquanto os custos indiretos estão

relacionados ao impacto econômico. Estes, porém, assemelham-se aos custos

diretos.

Determinados fatores elevam o número de hospitalizações. Como afirmam

Bennett (1997) e Barreto e Bocchi (2003), o fator que eleva o número de

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hospitalizações é a não-adesão ao tratamento ao passo que a adesão reduz as

internações ocasionadas pelas descompensações da doença.

Portanto, trata-se de uma doença crônica para a qual se exigem adaptações

nos hábitos de vida diária das pessoas e, estas modificações geralmente são

conflitantes, por interferirem em vários aspectos da vida dessas pessoas.

Outra afirmativa relevante é a de Ferreira e Gallani (2005), quando referem

que a produção científica brasileira na enfermagem sobre IC ainda é limitada. Como

esta clientela faz parte do cuidado prestado por muitas enfermeiras, é indispensável

o desenvolvimento de estudos sobre o cuidado de enfermagem, diagnóstico e

intervenção dos pacientes para pessoas com IC.

Assim, considera-se que este estudo com foco no nível de adaptação dos

pacientes com IC e a identificação dos diagnósticos de enfermagem presentes

contribuirá para definir o perfil dessa clientela e conhecer as características da

população na qual se trabalha. Complementarmente, a partir de então, poderá se

planejar as intervenções de enfermagem para resolução de problemas, evitar

complicações com risco de vida, além de melhorar a qualidade de vida.

Para a pesquisadora, a associação entre os diagnósticos de enfermagem da

NANDA e o modo de Roy é importante, pois mostra ser possível utilizar a taxonomia

da NANDA com a teoria de adaptação de Roy com vistas a alcançar adaptação.

Ademais, a proposta de intervenção a partir da taxonomia da NIC favorece o

direcionamento para um cuidado clínico de enfermagem mais qualificado.

Além destes, outro aspecto deve ser considerado, qual seja, o uso da Teoria

de Enfermagem de Callista Roy, por certo, contribui para a construção do

conhecimento e engrandecimento da profissão como ciência, pois a utilização de

teorias propicia embasamento científico para o desempenho do cuidado clínico de

enfermagem. Deste modo, este estudo foi desenvolvido também nesta perspectiva.

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2 OBJETIVOS

• Geral

Analisar os diagnósticos de enfermagem relacionados ao processo de

adaptação de um grupo de pessoas portadoras de IC tendo como base o Modelo de

Adaptação de Roy

• Específicos

Identificar as características dos pacientes com insuficiência cardíaca

acompanhados em um ambulatório, tendo como base os indicadores sexo, idade,

escolaridade, religião, estado civil, renda familiar e história na família de doença

cardíaca;

Levantar os diagnósticos de enfermagem da NANDA em pessoas com

insuficiência cardíaca;

Estabelecer a relação entre os modos de adaptação de Roy e os

diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados em um grupo de pessoas

portadoras de IC.

Analisar os problemas de adaptação de Roy apresentados em pessoas

com insuficiência cardíaca.

Relacionar intervenções de enfermagem segundo a taxonomia da NIC aos

problemas de adaptação identificados nos participantes do estudo.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Para desenvolver o estudo faz-se necessário o conhecimento e

embasamento teórico de componentes vistos como capazes de propiciar reflexões

sobre a prática e melhor compreensão dos conceitos e pressupostos. Portanto,

buscaram-se informações sobre a insuficiência cardíaca, processo sistematizado de

enfermagem e a Teoria de Enfermagem de Callista Roy.

3.1 Adoecimento por insuficiência cardíaca

A IC constitui um dos maiores motivos de procura às emergências, uma

causa constante de internações em unidades de terapia intensiva e um dos quadros

clínicos que o médico enfrenta desde a formação acadêmica (BELZITI, 2006).

É uma síndrome clínica complexa, definida como falência do coração em

prover o suprimento adequado de sangue capaz de suprir as necessidades

metabólicas e tissulares, ou o fazer somente com elevadas pressões de enchimento.

Resulta de uma desordem funcional ou estrutural que prejudica a função do

ventrículo (HUNT; BAKER; MARSHALL et al, 2001; ARONOW, 2003; KOPEL;

CARVALHO; LAGE, 2004).

Ultimamente, a abordagem da IC vem sofrendo modificações, sobretudo

relacionadas à compreensão de mecanismos fisiopatológicos, principalmente

moleculares. Para Consolim-Colombo e Atala (2004), a definição de IC era baseada

nas alterações hemodinâmicas decorrentes da falência do músculo cardíaco como

bomba de sangue, com ênfase na presença de sinais e sintomas sugestivos da IC.

Tal modelo hemodinâmico foi substituído para o neuro-humoral, resultando

numa melhor compreensão de sinais e sintomas que compõem o quadro clínico

desta síndrome (STOCCO; BARRETO, 2000).

Clinicamente, a IC é definida como uma síndrome que consiste em fadiga,

dispnéia, retenção de sal e água (edema periférico e pressão venosa jugular

elevada). São sinais e sintomas decorrentes da resposta fisiopatológica diante da

incapacidade de o coração liberar sangue para atender às necessidades

metabólicas dos tecidos, a despeito de adequadas pressões de enchimento

(BARRETO;BOCCHI, 2003).

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QUADRO 2-Estágios da insuficiência cardíaca Estágio A

Pacientes em risco de desenvolver IC em virtude de condições co-mórbidas associadas com o desencadeamento da IC. Os pacientes são assintomáticos, não havendo anormalidades estruturais valvulares ou ventriculares. Ex: hipertensos, portadores de doença coronária, diabetes.

Estágio C

Pacientes que apresentam prévia ou atual IC sintomática, associada com doença estrutural cardíaca.

Estágio B

Pacientes que desenvolveram doença cardíaca estrutural, fortemente associada com o desenvolvimento da IC, mas não têm sintomas de IC. Ex: hipertrofia ventricular esquerda, doença valvular cardíaca assintomática com dilatação ventricular, IAM prévio.

Estágio D

Pacientes com nítidos sintomas de IC em repouso, a despeito da máxima terapia farmacológica, e que necessitam de intervenções especializadas. Ex: pacientes que não podem ter alta do hospital, recorrência de hospitalização, pacientes com suporte inotrópico contínuo para alívio sintomático ou em assistência circulatória.

Fonte: Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002); Barreto e Bocchi (2003).

Ressalta-se, no entanto, que apesar de novos recursos para o diagnóstico

da IC, a análise dos sinais e sintomas é importante, pois complementa o raciocínio

clínico para se chegar ao diagnóstico da doença (STOCO; BARRETO, 2000). Para

esses autores, é necessário uma boa coleta de dados e um exame físico minucioso,

podendo utilizar-se da classificação juntamente com os sinais e sintomas a seguir:

1. Sinais atribuíveis ao coração: taquicardia, ritmo de galope, intolerância

aos esforços, cardiomegalia e arritmias.

2. Sinais e sintomas de insuficiência ventricular esquerda: dispnéia de

esforço, ortopnéia, tosse, expectoração, edema agudo de pulmão,

cianose, fraqueza, fadiga.

3. Sinais e sintomas de insuficiência ventricular direita: ingurgitamento

jugular, hepatomegalia congestiva, reflexo hepatojugular, derrame

pleural, sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, anorexia).

4. Evidências de hiperatividade adrenérgica: vasoconstricção periférica,

cianose de extremidades, arritmias.

Mesmo assim, no idoso, o diagnóstico de IC é dificultado pelas alterações

da percepção e pela autolimitação da atividade física, associadas à perda de

audição, de memória e de compreensão comuns nessa faixa etária (SACOMANN,

2006).

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Como afirmam Smeltzer e Bare (2005), a IC pode ser aguda ou congestiva.

Na IC aguda o acometimento é súbito e decorre de qualquer situação que torne o

coração incapaz de um bombeamento eficaz, como infarto agudo do miocárdio ou

arritmia severa do coração. Exige tratamento médico emergencial e é fatal na

maioria das vezes. Na IC congestiva o desenvolvimento é gradual, e embora possa

durar anos, pode também ter o acometimento de forma súbita. Por ser uma condição

crônica, gera a possibilidade de adaptações do coração e, deste modo, permite uma

vida prolongada, com limitação, se tratada de forma correta.

A IC pode ser resultante de qualquer doença que comprometa o

funcionamento cardíaco. Além disso, mais de um fator etiológico pode estar

presente numa mesma pessoa. Contudo, a cardiopatia isquêmica é a principal

etiologia da IC (BARRETO; BOCCHI, 2003).

Conforme o estágio da doença, o tratamento da IC pode ser não-

farmacológico, farmacológico, e cirúrgico, baseado em determinados princípios. De

acordo com Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002), e como mostra o Quadro 3,

os princípios do tratamento são os seguintes:

QUADRO 3 - Princípios do tratamento da insuficiência cardíaca

Manuseio não- farmacológico

Identificação da etiologia e remoção de causas subjacentes

Eliminação ou correção de fatores agravantes

Medidas não farmacológicas e aconselhamentos sobre a doença

Exercício físico

Vacinação para o vírus da gripe

Medidas farmacológicas

Inibidores da enzima conversora

Diuréticos

Betabloqueadores

Antagonistas dos receptores de aldosterona

Antagonistas dos receptores de angiotensina II

Digitálicos

Agentes vasodilatadores

Inodilatadores

Anticoagulantes

Antiarrítimicos

Cirurgia e marcapasso

Marcapasso

Desfibriladores implantáveis

Cirurgia de correção da insuficiência mitral

Revascularização do miocárdio

Ventriculectomia

Cardiomioplastia

Transplante cardíaco

Fonte: Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002).

Entre as medidas não-farmacológicas utilizadas para minimizar os sintomas,

retardar as complicações e melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras da

IC, algumas sobressaem, como: alterações no estilo de vida, hábitos alimentares,

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manutenção do peso, correção da obesidade, controle na ingestão de sal, líquidos e

álcool, atividade física e laborativa.

Contudo, modificações nos hábitos da vida diária geralmente são

conflitantes, pois vão de encontro a vários aspectos da vida dessas pessoas. Desse

modo, é preciso enfocar a adesão ao tratamento e à nova condição de vida

(BARRETO; BOCCHI, 2003).

Sobre as medidas não-farmacológicas ressalta-se o seguinte: desde 2001,

as enfermeiras na Espanha desenvolvem programas com enfoque no tratamento

não-farmacológico da IC. Esses programas são baseados em modelos de

programas europeus e norte-americanos. A pessoa portadora de IC é educada

sobre a doença, as medicações, a dieta a ser seguida e a monitorização diária do

peso e dos sinais e sintomas da descompensação da doença. Ademais, nesses

programas, as enfermeiras seguem o pressuposto de que a partir do conhecimento

da doença, dos sinais e sintomas, do tratamento, os pacientes aderem melhor ao

tratamento (HOLST; KAYE; RICHARDSON et al, 2001; STAPLES; EARLE, 2004;

GONZÁLEZ; LUPÓN; PARAJÓN et al., 2004).

Por ser uma enfermidade crônica e requerer alterações no estilo de vida, a

IC exige total cooperação dos clientes. Entretanto, os profissionais de saúde

observam a não-adesão e a dificuldade destes de se adaptar ao novo estilo de vida.

Diante disto e com vistas a melhores resultados, as orientações de

enfermagem devem ser iniciadas logo após o diagnóstico. Mas as orientações não

se reduzem apenas ao repasse de informações, pois cada pessoa portadora da IC

deve ser vista como um ser individual, considerando seus aspectos culturais,

sociais, econômicos e educacionais. O cuidado de enfermagem deve ser

desenvolvido em conjunto com a pessoa portadora da IC e, assim, melhores

resultados poderão ser alcançados.

3.2 As classificações da prática de enfermagem como subsídio para o cuidado clínico sistematizado

No intuito de prestar cuidado de enfermagem qualificado e direcionado, o

enfermeiro cada vez mais aprimora seus conhecimentos e, assim, vem

desenvolvendo uma metodologia própria de trabalho, fundamentada em um

processo sistematicamente planejado de cuidar. Como um método científico

largamente utilizado para instrumentalizar a resolução de problemas dos pacientes e

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tornar o cuidado individualizado, a Sistematização da Assistência de Enfermagem

(SAE) embasa e fundamenta cientificamente as ações da enfermeira (SILVA, 2004).

Segundo a Resolução 272, de 27 de agosto de 2002, do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN), a enfermeira é responsável pela SAE, como consta nos seus

artigos 1º, 2 º e 3 º.

Artigo 1o: ao enfermeiro incumbe privativamente a implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem. Para a implantação da assistência de enfermagem devem ser considerados os aspectos essenciais das seguintes etapas: Histórico de Enfermagem, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição de enfermagem e evolução de enfermagem;

Artigo 2o: a implantação da SAE deve ocorrer em toda a instituição de saúde pública e privada.

Artigo 3: A SAE deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo ser composta por: Histórico de enfermagem; Exame físico; Diagnóstico de Enfermagem; Prescrição da Assistência de Enfermagem; Evolução da Assistência de Enfermagem e Relatório de Enfermagem.

Essa sistematização é um instrumento ou modelo metodológico utilizado

pelas enfermeiras para favorecer o cuidado e organizar as condições necessárias

para concretizá-lo. A aplicação de tal processo de modo sistemático e planejado

permite a identificação, compreensão, descrição e explicação de como os pacientes

respondem aos problemas de saúde; permite, também, às enfermeiros, com as

respostas obtidas, determinar quais aspectos devem ser alvo do seu cuidado

profissional (GARCIA; NÓBREGA; CARVALHO, 2004).

Para Leopardi (2006), este processo é uma atividade unificadora da

profissão. A função da enfermagem, por meio do uso da ciência e da arte, recupera

para essa profissão o compromisso de cuidar de pessoas.

Ao discutir o processo de enfermagem, Alfaro-Lefevre (2004), define como

um método sistemático de prestação de cuidados humanizados, com a finalidade de

obter resultados desejados de maneira rentável. É sistemático porque é constituído

de cinco etapas:

1. Investigação: consiste na coleta e análise da informação sobre a situação

de saúde, na busca de funcionamento anormal ou de fatores de risco que

contribuam para os problemas de saúde.

2. Diagnóstico: análise das informações obtidas com a investigação e a

identificação de problemas que serão a base do cuidado de enfermagem.

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3. Planejamento: nessa etapa são determinadas as prioridades,

estabelecidas as metas e os resultados esperados, especificadas as

intervenções e o registro da individualização do plano de cuidados.

4. Implementação: é a colocação do plano em ação, investigação de novos

problemas, realização das intervenções, comunicação e registro.

5. Avaliação: é a determinação se os resultados foram atingidos e se as

intervenções foram efetivas.

No desenvolvimento do processo, a etapa da investigação representa um

levantamento de informações, utilizando-se entrevista e exame físico para que, ao

interpretar estes dados, as enfermeiras identifiquem as necessidades ou fenômenos

sobre os quais vão agir. Mediante a identificação dos focos de atuação

caracterizados com os diagnósticos de enfermagem, eles planejam intervenções a

serem implementadas pela equipe de enfermagem. Por fim, analisam os resultados

obtidos com as ações empreendidas, retroalimentando o processo científico do

cuidar.

Para a utilização do processo de enfermagem é essencial trabalhar com um

sistema padronizado de linguagem, tanto para diagnósticos, como para intervenções

e resultados. Essa padronização pode ser obtida com a utilização de classificações

conhecidas internacionalmente.

Conforme a literatura, a linguagem padronizada de enfermagem iniciou-se

na década de 1970, com o desenvolvimento da Classificação de Diagnósticos da

North American Nursing Diagnosis. Tal associação foi formada em 1973, por um

grupo de enfermeiras em St.Louis, Missouri, nos EUA. Elas organizaram a primeira

Conferência Nacional do Grupo para a Classificação de Diagnósticos de

Enfermagem. Até a aceitação da Taxonomia I, foram promovidas sete conferências

(JOHNSON; BULECHEK; DOCHETERMAN et al., 2005).

A Taxonomia I foi publicada em 1989, e até 2000 a NANDA classificava os

diagnósticos utilizando-se dessa nomenclatura. Inclui nove Padrões de Respostas

Humanas, que compreendem os domínios: trocar, comunicar, relacionar, valorizar,

escolher, mover, perceber, conhecer e sentir (NANDA, 2000).

De acordo com a NANDA (2000), o diagnóstico de enfermagem é:

Um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da comunidade aos problemas de saúde/processos vitais reais ou

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potenciais. Um diagnóstico proporciona a base para a seleção de intervenções de enfermagem para garantir os resultados pelas quais a enfermeira é responsável.

Após várias críticas à Taxonomia I, motivadas pela impossibilidade de

incorporar novos diagnósticos devido sua estrutura e definição, foi desenvolvida a

Taxonomia II, que distribui os seus diagnósticos de enfermagem em domínios e

classes e passou a ser multiaxial. Desse modo, permite flexibilidade da nomeclatura,

modificações e inclusão de novos diagnósticos. Cada domínio é composto por

classes e cada classe é composta por conceitos diagnósticos. Esta Taxonomia era

composta, inicialmente, por treze domínios, 106 classes, 155 diagnósticos e sete

eixos (NANDA, 2002).

Os treze domínios são: promoção da saúde; nutrição; eliminação;

atividade/repouso; percepção/ cognição; autopercepção; relacionamento de papel;

sexualidade; enfrentamento/tolerância ao estresse; princípios da vida;

segurança/proteção; conforto; crescimento/desenvolvimento. Os sete eixos

correspondem a: conceito diagnóstico; tempo; unidade de cuidado; idade;

potencialidade; descritor; topologia. Esses eixos permitem inúmeras possibilidades

de diagnósticos, aumentando a cobertura das situações clínicas (NANDA, 2002).

Com a publicação da Taxonomia II surgiram mais três edições da NANDA.

Nestas, os diagnósticos de enfermagem seguem a Taxonomia II, estrutura

taxonômica oficial, e são apresentados a partir de seus componentes básicos, ou

seja, definição, características definidoras, fatores relacionados e/ou fatores de risco.

Na edição de 2003-2004, houve a inclusão de doze diagnósticos, sendo, portanto,

167 diagnósticos e três revisados (NANDA, 2005). A edição de 2005-2006 reúne

172 diagnósticos, dos quais cinco são novos e três revisados.

Já na edição de 2007-20008, houve a maior revisão e acréscimo de

diagnósticos de enfermagem à Taxonomia da NANDA Internacional. Foram

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respostas humanas e, assim, as intervenções serão as mais apropriadas e os

resultados mais eficazes e positivos (LUNNEY, 2004).

O diagnóstico de enfermagem é uma etapa complexa do processo de

enfermagem. É uma coleção de dados por meio de observação, interação,

mensuração e interpretação de dados baseados no conhecimento e experiência da

enfermeira (RISNER, 1990). Para Jesus (2000), a enfermeira a partir de estratégias

e com base em suas experiências, conhecimentos e valores, avalia o significado dos

dados sobre os pacientes, estabelece relações entre os dados e nomeia o

fenômeno, concluindo então a etapa do diagnóstico.

Como afirmam Galdeano, Rossi, Nobre et al. (2003), o raciocínio

diagnóstico é um processo de observação crítica e de agrupamento dos dados

utilizados para identificar e classificar os fenômenos encontrados em uma situação

clínica.

De acordo com Lunney (2004), o raciocínio diagnóstico ou aplicação do

pensamento crítico à identificação dos problemas exige conhecimento, habilidades e

experiência da enfermeira. Envolve processos interpessoais, técnicos e intelectuais.

Os interpessoais estão relacionados à comunicação das enfermeiras com os

pacientes a fim de coletar os dados. Os técnicos envolvem habilidades com a coleta

da história de saúde, avaliação do indivíduo, da família e a realização de exame

físico. E os intelectuais estão relacionados ao desenvolvimento da inteligência e uso

do pensamento crítico para coletar e analisar os dados, tomando decisões

posteriormente.

Após a identificação dos diagnósticos de enfermagem, a enfermeira, junto

com o paciente ou com a família, deve planejar o cuidado de enfermagem e, nesse

planejamento, estarão contidas as intervenções de enfermagem. Para essas

intervenções já existe um sistema padronizado de linguagem: a Classificação das

Intervenções de Enfermagem (NIC).

A NIC é uma taxonomia abrangente que engloba intervenções de

enfermagem da prática generalista até as áreas de especialidade, e pode ser

utilizada por diferentes pessoas em diversas partes do mundo. O foco de atenção

são as ações das enfermeiras para auxiliar o paciente na obtenção do resultado

desejado (DOCHTERMAN; BULECHEK, 2008).

Em 1987, uma equipe da Universidade de Iowa desenvolveu a NIC. Como

uma linguagem abrangente e padronizada das intervenções executadas pelos

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A NIC é considerada importante recurso para favorecer a prática de

enfermagem, tanto no ensino como na pesquisa e cuidado. De acordo com estudo

de Napoleão, Chianca, Carvalho et al. (2006), a variedade de pesquisas sobre a NIC

permite uma noção de sua magnitude para a enfermagem, além de contribuir para a

realização de outras pesquisas voltadas a revelar novos aspectos de conhecimento

relativo a tal taxonomia.

Como ressaltado por Mccloskey e Bulechek (2004), houve desde cedo a

percepção de que seria necessária uma classificação para os resultados esperados

dos pacientes a fim de completar as exigências para a documentação de um

encontro clínico de enfermagem.

Assim, alguns anos depois do desenvolvimento da NIC, em 1991,

determinados membros da equipe da Universidade de Iowa desenvolveram a

Classificação dos Resultados (NOC) atrelados ao cuidado de enfermagem, sendo a

primeira edição publicada em 1997, com 190 resultados (JOHNSON; MAAS;

MOORHEAD, 2004).

Em 2000 foi publicada a segunda edição, da qual constam 260 resultados

divididos em 29 classes e 7 domínios: saúde funcional, saúde fisiológica, saúde

psicossocial, conhecimento e comportamento da saúde, saúde percebida, saúde da

família e saúde da comunidade. O resultado é composto de título, definição e lista de

indicadores para avaliar a condição do paciente em relação aos resultados

(JOHNSON; MAAS; MOORHEAD, 2004; JOHNSON; BULECHEK; DOCHTERMAN

et al., 2005).

A NOC é utilizada para avaliar os resultados nas intervenções de

enfermagem. Tais resultados servem como critério para o julgamento do sucesso de

uma intervenção de enfermagem e descrevem o estado, os comportamentos, as

reações e os sentimentos do paciente em resposta ao cuidado que foi proporcionado

(JOHNSON; BULECHEK; DOCHTERMAN et al., 2005).

Salienta-se que um dos pontos do estudo é a identificação dos diagnósticos

de enfermagem da NANDA (2008). Esses diagnósticos são elaborados por meio do

raciocínio diagnóstico de Risner (1990), descrito a seguir.

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3.3 Processo de raciocínio diagnóstico

Para confirmar um diagnóstico de enfermagem identificado exige-se a

utilização do raciocínio diagnóstico e este é descrito conforme o referencial adotado.

Segundo Risner (1990), um diagnóstico de enfermagem deve ser expresso de forma

clara e concisa. É o resultado de um processo e está baseado nas inferências

elaboradas a partir dos dados obtidos.

De acordo com este autor, o raciocínio diagnóstico é dividido em duas

fases: a análise e síntese dos dados coletados e o estabelecimento dos diagnósticos

de enfermagem.

A análise é a separação do material em partes que possuem características

essenciais comuns e que se relacionam. Compreende a categorização dos dados e

a identificação de lacunas e dados divergentes. Tal categorização é a análise e

organização dos dados em grupos ou classes, de forma lógica e sistemática, em

consonância com o referencial teórico adotado.

Já a síntese é a combinação de partes ou elementos dentro de uma

entidade única e compreende o seguinte: agrupamento dos dados, comparação dos

dados, identificação de inferências e hipóteses diagnósticas. Por agrupamento dos

dados entende-se a combinação de partes do todo que possuem relação entre si. A

comparação dos dados é a determinação de critérios, padrões, aplicação de

normas, teorias e modelos, isto é, a associação instantânea do quadro que o

paciente apresenta com um padrão conhecido e aceito. E a identificação de

inferências e hipóteses diagnósticas é a formulação de um diagnóstico de

enfermagem a partir de um dado precoce do paciente.

Como estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem compreende-se o

resultado do processo de raciocínio diagnóstico. O diagnóstico de enfermagem é o

resultado de um processo e está alicerçado nas inferências elaboradas a partir dos

dados obtidos. E a fase final de todo o processo compreendendo a nomeação e a

validação das conclusões.

Como mencionado, este estudo se fundamenta na Teoria de Enfermagem

de Callista Roy. Por isto, a seguir será apresentado o referencial teórico nele

utilizado.

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Na Teoria de Roy são desenvolvidos conceitos de ambiente, saúde,

enfermagem, pessoa e adaptação, interrelacionando-os continuamente. Enquanto o

ambiente representa todas as condições, circunstâncias e influências que afetam o

desenvolvimento e o comportamento humano como um sistema adaptativo, com

considerações particulares da pessoa, a saúde é um estado e processo de ser e

tornar-se integrado como um todo.

Já a enfermagem é a promoção de respostas adaptativas em relação aos

modos adaptativos e a pessoa é vista como um sistema adaptativo e

constantemente responde a estímulos do meio ambiente interno e externo. Pode

ser um indivíduo, uma família, uma comunidade. Por adaptação entende-se uma

resposta comportamental expressa pelas pessoas em constante interação com o

ambiente, por mecanismos de enfrentamento refletidos a partir dos estímulos

internos e externos (ROY; ANDREWS, 1999).

Roy, em sua teoria, considera o homem como um sistema humano

adaptativo holístico. A visão da pessoa como sistema adaptativo é representada

pelo input, que são os estímulos; pelo controle, que representam os mecanismos de

enfrentamento; pelo output, que são os comportamentos encontrados, e pelo

feedback ou retroalimentação.

O modelo de adaptação de Roy descreve três classes de estímulos, quais

sejam: focais, contextuais e residuais. Os focais são os estímulos internos e

externos mais imediatamente presentes na consciência humana e afetam

diretamente a pessoa.

Os contextuais são aqueles que estão presentes nas situações e

contribuem para afetar o estímulo focal. E os residuais são os fatores capazes de

afetar o comportamento. Estes nem sempre são conhecidos pelos pacientes (ROY;

ANDREWS, 1999; GEORGE, 2000). Mencionadas categorias são passíveis de

mensuração, portanto, podem ser aplicadas na prática.

Como o surgimento de estímulos leva à necessidade de respostas por parte

da pessoa, são acionados os mecanismos de enfrentamento, que podem ser inatos

ou adquiridos. Tais mecanismos estão divididos em dois subsistemas: o regulador,

que envolve os sistemas químicos, neuronais e endócrinos; e o cognato, que

abrange os canais cognitivo-emocionais. Não se pode observar diretamente o

funcionamento desses subsistemas, mas sim as respostas por eles produzidas. E

essas respostas podem ser percebidas por meio dos quatro modos adaptativos:

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fisiológico, desempenho de papel, autoconceito, e interdependência (ROY;

ANDREWS, 1999).

Ao considerar que no presente modelo a meta da enfermagem é promover a

adaptação, Roy identifica a utilidade de uma tipologia de indicadores de adaptação

positiva associada com cada modo. Ademais, descreve uma tipologia dos problemas

de adaptação.

Em seguida, serão apresentadas as tipologias de indicadores de adaptação

positiva e de problemas de adaptação segundo o modelo de Roy.

O modo fisiológico diz respeito à resposta física aos estímulos ambientais.

Esse modo envolve cinco necessidades básicas (oxigenação; nutrição; proteção;

eliminação; atividade e repouso) e quatro processos complexos (função neurológica;

função endócrina; sentidos; eletrólitos, fluídos e balanço ácido-base) (ROY;

ANDREWS, 1999). Tal modo é apresentado no Quadro 4.

QUADRO 4 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo fisiológico de Callista Roy.

MODO FISIOLÓGICO

Tipologia de indicadores de adaptação positiva Tipologia de problemas comuns de adaptação Oxigenação Processos de ventilação estáveis Padrão de troca gasosa estável Transporte de gases adequados Processos de adequação compensados

Oxigenação Hipóxia Choque Deficiência ventilatória Troca de gases inadequada Transporte de gás inadequado Perfusão tissular alterada Mau recrutamento dos processos compensatórios para necessidade de troca de oxigênio

Nutrição Processos digestivos estáveis Padrão nutricional adequado para as exigências do organismo Necessidades nutricionais e metabólicas preenchidas durante os meios alterados de ingestão

Nutrição Nutrição maior ou menor que as necessidades do organismo Anorexia Náuseas e vômitos Estratégias de enfrentamento ineficientes para a eliminação alterada

Eliminação Processos intestinais homeostáticos efetivos Padrão estável de eliminação intestinal Processos de formação de urina efetivos Padrão de eliminação urinária estável Estratégias de enfrentamento efetivas para eliminação alterada

Eliminação Diarréia Incontinência intestinal Constipação Incontinência urinária Retenção urinária Flatulência Estratégias de enfrentamento ineficientes para a eliminação alterada

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Atividade e repouso Processos de mobilidade integrados Recrutamento adequado dos processos de movimentos compensatórios durante a inatividade Padrão efetivo de atividade e repouso Modificações ambientais efetivas para as condições de sono alteradas

Atividade e repouso Imobilidade Intolerância à atividade Padrão inadequado de atividade e repouso Mobilidade, andar e /ou coordenação restritos Síndrome do desuso Potencial para distúrbio no padrão do sono Fadiga Privação do sono

Proteção Pele íntegra Resposta de cicatrização efetiva Proteção secundária adequada para as modificações na integridade da pele e no estado imunológico Processos de imunidade efetivos Regulação de temperatura efetiva

Proteção Integridade de pele prejudicada Escaras Prurido Cicatrização retardada Infecção Potencial para enfrentamento ineficiente da reação alérgica Enfrentamento ineficiente das modificações do estado imunológico Regulação da temperatura inefetiva Febre Hipotermia

Sentidos Processos de sensações efetivos Integração efetiva da entrada sensorial à informação Padrões estáveis de percepção, interpretação e apreciação de entrada Estratégias de enfrentamento efetivas para sensibilidade alterada

Sentidos Deficiência de um sentido primário Potencial para lesão Perda de habilidade de autocuidado Monotonia ou distorção sensorial Sobrecarga ou privação sensorial Potencial para comunicação distorcida Dor aguda Dor crônica Deficiência perceptiva Estratégias ineficientes para a deficiência sensorial

Fluidos e eletrólitos Processos estáveis de equilíbrio hídrico Estabilidade de eletrólitos nos líquidos dos organismos Equilíbrio no sistema ácido-base Regulagem efetiva de proteção química

Fluidos e eletrólitos Desidratação Edema Retenção de líquido intracelular Choque Hiper ou hipo calcemia, calemia ou natremia Desequilibrio ácido-base Regulagem ineficiente da proteção para a mudança do pH

Função neurológica Processos efetivos de excitação/atenção; sensação/percepção; codificação, formação de conceitos, memória, linguagem; planejamento, resposta motora Processos de pensamento e sentimentos integrados Plasticidade e eficiência funcional no desenvolvimento, envelhecimento e nas alterações do sistema nervoso

Função neurológica Nível de consciência diminuído Processamento cognitivo deficiente Déficit de memória Instabilidade de comportamento e humor Compensação inefetiva para déficit cognitivo Potencial para dano cerebral secundário

Função endócrina Regulação hormonal efetiva dos processos metabólicos e orgânicos Regulagem hormonal efetiva do desenvolvimento reprodutor Padrões estáveis dos sistemas hormonais; feedback negativo

Função endócrina Regulação hormonal inefetiva Desenvolvimento reprodutivo ineficiente Instabilidade dos sistemas hormonais Instabilidades dos ritmos internos cíclicos Estresse

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Padrões estáveis dos ritmos dos hormônios cíclicos Estratégias de enfrentamento efetivas para o estresse Fonte: Roy e Andrews (1999).

O desempenho de papel, outro modo adaptativo, representa os aspectos

sociais relacionados aos papéis que a pessoa ocupa na sociedade (ROY;

ANDREWS, 1999), está exposto no Quadro 5.

QUADRO 5 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de desempenho de papel de Callista Roy. MODO DE DESEMPENHO DE PAPEL

Tipologia de indicadores de adaptação positiva Tipologia de problemas comuns de adaptação Clareza de papel Processos efetivos de transição de papel Integração dos comportamentos de papéis primário, secundário e terciário Padrão efetivo de desempenho de papel Processos efetivos de enfrentamento das modificações dos papéis Desempenho de papel responsável Padrão estável de domínio de papel

Transição de papel inefetivo Distância do papel prolongado Conflito de papel Falha no papel Ambigüidade no papel

Fonte: Roy e Andrews(1999).

Já o autoconceito, mais um modo adaptativo, enfoca os aspectos

psicológicos e espirituais da pessoa. Manifesta a visão de si mesma, os valores e

expectativas. É dividido em eu físico e eu pessoal, como mostra o Quadro 6 (ROY;

ANDREWS, 1999).

QUADRO 6 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de autoconceito de Callista Roy.

MODO DE AUTOCONCEITO

Tipologia de indicadores de adaptação positiva Tipologia de problemas comuns de adaptação Eu físico Imagem corporal positiva Função sexual efetiva Integridade psíquica com crescimento físico Compensação adequada para as modificações corporais Estratégias de enfrentamento efetivas para a perda Eu pessoal Padrão estável de autocoerência Integração efetiva de auto-ideal Auto-estima funcional Estratégias de enfrentamento efetivas para as ameaças do ser

Eu físico Perturbação da imagem corporal Disfunção sexual Síndrome pelo trauma do estupro Perda

Eu pessoal Ansiedade Impotência Culpa Baixa auto-estima

Fonte: Roy e Andrews(1999).

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Após os três modos mencionados, passa-se ao modo de interdependência.

Este modo abrange as relações interativas que a pessoa mantém com os outros na

tentativa de obter satisfação de suas necessidades (ROY; ANDREWS, 1999), como

consta no Quadro 7.

QUADRO 7 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de interdependência de Callista Roy. MODO DE INTERDEPENDÊNCIA

Tipologia de indicadores de adaptação positiva Tipologia de problemas comuns de adaptação recorrentes

Padrão estável de dar e receber energia Padrões efetivos de isolamento e relacionamento Estratégias de enfrentamento efetivas para separação e solidão

Padrão inefetivo de dar e receber energia Padrões inefetivos de isolamento e relacionamento Ansiedade de separação Isolamento

Fonte: Roy e Andrews(1999).

Com vistas a promover a adaptação, a partir da observação dos dados

obtidos, a enfermeira avalia se as respostas são adaptativas ou não em relação aos

modos adaptativos.

Conforme ressaltado, a Teoria de Roy pode ser usado em várias situações

e contextos, e pode envolver a pessoa, família, comunidade, sociedade, sempre

enfocando a participação destes nos cuidados.

De acordo com Roy e Andrews (1999), o processo de enfermagem descrito

por Roy relaciona-se diretamente com a visão do comportamento humano como

sistema adaptativo e corresponde aos seguintes passos:

1. avaliação do comportamento

2. avaliação do estímulo

3. diagnóstico de enfermagem

4. estabelecimento de metas

5. intervenção

6. evolução.

A etapa inicial (avaliação de comportamento) é a coleta de dados apoiada

nos quatro modos adaptativos: fisiológico, desempenho de papel, autoconceito e

interdependência sobre os comportamentos da pessoa. Estes modos são descritos

com base em dados objetivos e subjetivos. Após, então, a enfermeira passa à

segunda etapa, avaliação dos estímulos, na qual identifica as respostas adaptativas

ou inefetivas.

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A terceira etapa é o diagnóstico de enfermagem, quando os dados são

interpretados. Roy descreve três maneiras de formulação de diagnóstico. Na

primeira se utiliza uma tipologia de diagnósticos desenvolvida pela autora e

relacionada com os quatro modos adaptativos. Na segunda, o diagnóstico é feito a

partir da resposta observada de modo conjunto aos estímulos mais influentes. E, na

terceira, as respostas são resumidas em um ou mais modos adaptativos

relacionados com o mesmo estímulo.

Conforme consta no livro de Roy e Andrews (1999), as autoras estabelecem

no final de cada modo (fisiológico, desempenho de papel, autoconceito e

interdependência,) uma associação com os diagnósticos de enfermagem da

NANDA.

A quarta etapa é o estabelecimento de metas, isto é, comportamentos finais

a serem alcançados pela pessoa, por meio dos cuidados de enfermagem. Após

esta, vem a quinta etapa, denominada de intervenção, com a finalidade de alterar ou

controlar os estímulos focais ou contextuais. Por fim, a sexta etapa, a evolução, na

qual as metas de comportamentos são comparadas com os comportamentos de

saída da pessoa. Nesse momento, as respostas comportamentais são reavaliadas e

podem ser ajustadas conforme a necessidade.

Como a meta da enfermagem é promover as respostas adaptativas em

relação aos quatro modos adaptativos, e essas respostas são as que se relacionam

positivamente com a saúde, o objetivo do profissional desta área do saber é reduzir

as respostas adaptativas ineficientes e promover a saúde em todos os processos de

vida. Desta forma, considera a pessoa adaptada quando se encontra em equilíbrio

consigo mesma e mantendo relacionamento harmonioso com os outros. Logo, o

período de adaptação relaciona-se com a volta ao bem-estar físico, psíquico e social

(ROY; ANDREWS, 1999).

Para Leopardi (2006), a relação paciente-enfermeira é considerada

importante por Roy. Mediante respostas adaptativas ou inefetivas, as enfermeiras

agem e manipulam o que julgam indispensável para ocorrer adaptação. Mas os

valores do paciente devem ser respeitados e considerados centrais a fim de reduzir

as reações ineficazes e promover respostas adaptativas.

Entretanto, a interação entre enfermeiras e pacientes com IC é um desafio,

sobretudo por desencadear reflexões sobre o comportamento do homem. Tais

reflexões, porém, são fundamentais em virtude de desenvolverem uma consciência

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crítica no profissional, fazendo-o se sentir responsável pela adaptação dessas

pessoas e não apenas reprodutor de conceitos.

4.1 Contribuição de estudos a partir do referencial de Callista Roy

Ao fazer um levantamento de literatura nos últimos anos, confirmou-se o

interesse de outros enfermeiros brasileiros pela aplicabilidade da referida teoria.

Entre estes, Lopes, Araújo e Rodrigues (1999), que trabalharam na identificação de

problemas comuns de adaptação em mulheres com angina pectoris; Castro e Lopes

(2000), cujo estudo se baseou na identificação de diagnósticos de enfermagem em

busca da adaptação do ostomizado; e Arruda e Garcia (2000), que estabeleceram

um perfil de diagnósticos de enfermagem do componente oxigenação em vítimas de

trauma, por meio do modo fisiológico de Roy.

A estes, somaram-se outros, como o de Rodrigues, Caetano e Soares

(2002), no qual o foco era o cuidado de enfermagem à mulher com câncer

ginecológico, à luz do referencial de Roy; o de Ximenes, Pinheiro e Varela (2002),

que analisaram o conceito de adaptação a partir da percepção de mães que

experienciaram o acompanhamento dos filhos no ambiente hospitalar; o de Oliveira,

Araújo, Melo et al. (2002), sobre a avaliação do processo adaptativo de um idoso

portador de hipertensão arterial; o de Rodrigues, Silva e Rodrigues (2002), referente

às repercussões da mastectomia sobre a vida de mulheres com base no modo de

interdependência de Roy; e o de Melo, Araújo, Oliveira et al. (2002), que estudaram

os comportamentos de mulheres mastectomizadas em tratamento quimioterápico na

perspectiva do modelo adaptativo de Roy.

Outros nomes podem ser mencionados: Ivo e Carvalho (2003)

desenvolveram um estudo com foco na assistência de enfermagem a portadores de

anemia falciforme, à luz do referencial teórico de Roy, enquanto Salvodi, Neves,

Santos et al.(2003) pesquisaram sobre o modo de ser trabalhador saudável por meio

da auto-avaliação, apresentando os modos de Roy na manutenção do bem-estar.

Incluem-se, ainda, Rodrigues, Pagliuca e Silva (2004), que analisaram a

utilização da Teoria de Roy nas respostas comportamentais de mulheres durante a

parturiação; Caetano e Soares (2005), que trabalharam com mulheres

mastectomizadas diante do processo de adaptação do eu físico e eu pessoal. Já

Lira, Guedes e Lopes (2005) estudaram a adaptação psicossocial do adolescente

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pós-transplante renal, segundo o modelo de Roy; e Guedes e Araújo (2005)

utilizaram a classificação das intervenções de enfermagem em uma mulher com

crise hipertensiva, no intuito de alcançar respostas adaptativas.

Os estudos prosseguem. Mais recentemente, Pagliuca, Araújo e Aragão

(2006) desenvolvevaram uma proposta de cuidado baseado mo modelo de Roy de

uma pessoa com amputação no pé; Brandalize e Zagonel (2006) buscaram delinear

um marco conceitual ao familiar da criança com cardiopatia congênita; Fortes, Lopes

(2005) analisaram o nível de adaptação psicossocial de mães de crianças com

síndrome de Down, com base no modelo de Roy; Fortes e Lopes (2006) analisaram

os indicadores positivos de adaptação psicossocial de mães de crianças com

síndrome de Down; e Rojas, Freitas e Veiga (2007) abordaram os aspectos

psicossociais dos pacientes submetidos a cateterismo cardíaco, segundo o modelo

de adaptação de Roy.

Tais autores produziram e divulgaram trabalhos relacionados à Teoria de

Roy. Como evidenciado, que a convergência dada a essa teoria reside na

possibilidade de sistematizar o cuidado de enfermagem, permitindo um

direcionamento das ações dos enfermeiros.

Diante de tais estudos, como constatado, a Teoria de Roy pode ser aplicada

em diversas situações e pessoas que necessitam de modificações no estilo de vida

e, assim, a adaptação das pessoas à sua nova condição é possível.

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5 METODOLOGIA

5.1Tipo de estudo

Para atender aos objetivos propostos no estudo, desenvolveu-se pesquisa

descritiva do tipo transversal. Segundo Polit e Hungler (2004), a pesquisa descritiva

tem como objetivo classificar os fenômenos, observar, descrever e explorar aspectos

de uma situação, sendo de grande valor para a enfermagem. E o estudo transversal

é aquele que ocorre em um único momento do tempo (HULLEY; CUMMINHS;

BROWNER et al., 2006).

A opção por este tipo de pesquisa deveu-se a uma postura científica voltada

para a identificação tanto dos modos de adaptação segundo Roy, como dos

diagnósticos de enfermagem conforme a Taxonomia II da NANDA com a perspectiva

de propor intervenções de enfermagem de um grupo de pessoas com IC em um

período do tempo, com vistas a alcançar adaptação.

Justifica-se a utilização da Teoria de adaptação de Roy como marco teórico

do estudo por ser mais apropriada aos objetivos propostos, mais abrangente e

permitir a associação com os diagnósticos de enfermagem de acordo com a

taxonomia da NANDA.

5.2 Caracterização do local da pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida no ambulatório de um hospital pertencente a

rede pública no município de Fortaleza, Estado do Ceará, referência para o

tratamento de doenças cardiovasculares e pulmonares. Este hospital atende

pacientes clínicos, cirúrgicos e ambulatoriais e está contratualizado como hospital de

ensino pelo Ministério da Saúde, constituindo-se campo de estágio de alunos da

graduação e pós-graduação nas diversas áreas da saúde.

Composto de 306 leitos, estes estão distribuídos da seguinte forma: uma

unidade semi-intensiva; seis unidades de terapia Intensiva (UTI), oito unidades

clínico-cirúrgicas, tipo enfermaria; emergência; centro cirúrgico e central de

esterelização e ambulatório.

No ambulatório onde ocorreu a pesquisa há 21 salas para consultórios e

salas com serviço de chefia de enfermagem, nutrição, serviço social, realização de

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eletrocardiograma (ECG), farmácia, sala de marcação de consultas, ambiente para a

espera de consultas (corredor com cadeiras), banheiros, laboratórios e lanchonete.

Na porta de cada consultório há uma mesa e uma cadeira onde fica a secretária, e

no corredor, há uma balança.

Os consultórios são ocupados por profissionais médicos (especialistas e

residentes) e enfermeiros, para atendimento diurno em dias úteis.

Quanto ao atendimento no ambulatório às pessoas com IC, população do

estudo ocorre às terças-feiras pela manhã e é realizado por três médicos, dos quais

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Como critérios de inclusão dos participantes do estudo, especificaram-se os

seguintes:

Diagnóstico médico de insuficiência cardíaca explicitado no prontuário

clínico.

Não ser transplantado, nem ser candidato a transplante cardíaco.

Estar orientado e verbalizar.

Estar sendo acompanhado há pelo menos seis meses no ambulatório do

referido hospital.

Atenderam a esses critérios de inclusão 31 pessoas. Destas, duas se

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Após o pré-teste, procederam-se aos devidos ajustes. Algumas perguntas

foram acrescentadas, outras reajustadas de forma mais direta ao assunto. Ressalta-

se que os três pacientes do pré-teste não fizeram parte da amostra.

5.5 Procedimento de coleta de dados

Como previsto, a coleta de dados foi mediada pela utilização das duas

primeiras fases do processo de enfermagem: investigação e diagnóstico de

enfermagem.

Os dados foram obtidos no período de maio a agosto de 2007 por meio da

entrevista e exame físico dos pacientes com IC atendidos no ambulatório. Às

segundas-feiras, a pesquisadora consultava os prontuários e selecionava as

pessoas que preenchiam os critérios de inclusão do estudo.

Além disso, na terça-feira, por volta das 6 horas e 40 minutos, antes do

início das consultas, chegava no ambulatório e se dirigia à secretária com a qual se

encontrava a lista das pessoas que haviam chegado. A partir dessa lista, chamava a

pessoa selecionada. Esta, então, era convidada a participar do estudo e, nesse

convite, a pesquisadora se apresentava e explicava o significado do estudo e os

objetivos. Nesse momento, era entregue o termo de consentimento livre e

esclarecido para a pessoa ler e, posteriormente, assinar.

O termo de consentimento (APÊNDICE A) continha os objetivos, garantia o

sigilo da identidade, o uso das informações para o estudo e retirada do

consentimento quando a pessoa achasse necessário.

Após esse procedimento inicial, a pessoa era convidada a se deslocar para

umas cadeiras mais afastadas onde pudesse ser aplicado o instrumento, longe do

barulho. E este era aplicado antes da consulta médica. Concluída a entrevista, era

realizado o exame físico, em uma sala do ambulatório onde a enfermeira fazia as

consultas de enfermagem.

No exame físico foram utilizados os métodos propedêuticos (inspeção,

palpação, percussão e ausculta), além da verificação dos sinais vitais e medida da

circunferência da cintura, peso e estatura (JARVIS, 2002).

Como recomendado pela V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial

(DBHA, 2006), a pressão arterial foi verificada duas vezes, uma no braço esquerdo e

outra no braço direito (ANEXO B).

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As medidas de peso e estatura também foram verificadas pela pesquisadora

em uma balança antropométrica. E a estatura foi mensurada com régua em

alumínio, existente na referida balança. Ao ser mensurado, o paciente era orientado

a subir na balança descalço, com os pés juntos e voltados para a frente, ombros

relaxados e braços ao longo do corpo.

Para a medida da circunferência da cintura (CC) usou-se uma fita métrica

numerada até 150 cm. O paciente ficava na posição ortostática, com o mínimo de

roupa possível.

5.6 Identificação dos diagnósticos de enfermagem

Com a aplicação do instrumento e a realização do exame físico, procedeu-

se à identificação dos diagnósticos de enfermagem, segundo a Taxonomia II da

NANDA (NANDA, 2008). O processo utilizado para a identificação dos diagnósticos

baseou-se no proposto por Risner (1990). Deste modo, foram seguidas as etapas de

análise e síntese para se chegar aos diagnósticos de enfermagem.

Os passos utilizados foram:

1. Categorização dos dados

2. Identificação das lacunas de dados

3. Agrupamentos dos dados relevantes em padrões

4. Comparação dos agrupamentos com os padrões, normas e conceitos dos

diagnósticos

5. Identificação dos desvios ou potencialidades de saúde

6. Proposições de relações etiológicas.

5.7 Organização e análise dos dados

Feita a identificação dos diagnósticos de enfermagem, esses foram

correlacionados com os problemas comuns de adaptação do modo de Callista Roy.

Os diagnósticos de enfermagem foram agrupados de acordo com os modos de

adaptação ao qual se assemelhavam (fisiológico, desempenho de papel,

autoconceito). Contudo, o modo interdependência não esteve relacionado a nenhum

diagnóstico de enfermagem, e, portanto, foi excluído no presente estudo.

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A associação procedida foi discutida com base na literatura vigente para

cada problema de adaptação encontrado e os respectivos estímulos propostos.

Considerou-se como estímulos os fatores relacionados dos diagnósticos de

enfermagem.

Para a análise estatística contou-se com um professor de bioestatística da

Universidade Estadual do Ceará (UECE). Enquanto os dados foram compilados e

analisados nos programas computacionais Excel 2003 e SPSS 13.0, os resultados

foram analisados de forma descritiva e interpretativa e apresentados em quadros e

tabelas com indicação de freqüências absolutas e porcentagens.

Algumas falas foram utilizadas nos modos de desempenho de papel e de

autoconceito, pois, nestes modos, as falas têm importante expressão de valor. Tais

falas foram identificadas pela inicial E, do termo entrevista, seguida de um número,

em algarismo arábico, correspondendo à ordem de entrada do participante no

estudo.

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6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados e as discussões do estudo estão apresentados na seguinte

ordem: caracterização dos pacientes com IC, segundo o sexo, a idade, a

escolaridade, a renda familiar, o estado civil, a religião e a procedência. Na

seqüência, encontra-se a caracterização dos pacientes de acordo com a etiologia da

IC e as co-morbidades (HAS, DM, presença de colesterol elevado e Índice de Massa

Corporal). A partir de então, estão categorizados os diagnósticos de enfermagem

identificados nos clientes com IC; a associação entre os diagnósticos de

enfermagem da NANDA e os problemas comuns de adaptação segundo Roy

descritos por Roy e Andrews (1999), acrescidos das intervenções de enfermagem

que contribuíram para respostas adaptativas dos portadores de IC.

6.1 Caracterização dos pacientes com insuficiência cardíaca

TABELA 1 -Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca segundo os indicadores de sexo, idade, escolaridade, renda familiar, estado civil, religião e procedência. Fortaleza-CE, 2007

Indicadores Freqüência % Sexo Masculino 21 75,0 Feminino 7 25,0 Idade Até 35 anos 1 3,6 35 a 60 anos 15 53,6 Acima de 60 anos 12 42,9 Escolaridade Até ensino fundamental incompleto 16 57,1 Com ensino fundamental 6 21,4 Com ensino médio 6 21,4 Renda Familiar Até 1 salário mínimo 5 17,9 1 a 3 salários mínimos 21 75,0 Acima de 3 salários mínimos 2 7,1 Estado Civil Casado/União estável 24 85,7 Viúvo 4 14,3 Religião Católica 19 67,9 Evangélica 7 25,0 Nenhuma 2 7,1 Procedência Capital 17 60,7 Interior 11 39,3 n=28

Como mostra a Tabela 1, em relação ao sexo, há um predomínio do sexo

masculino (75%). Na literatura, também foram encontrados estudos nos quais a

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população masculina apresenta maior freqüência. Por exemplo, no estudo

desenvolvido por Areosa, Almeida, Carvalho et al. (2007), de 330 pessoas com IC,

77,3% eram homens. Também, Silva, Bacal, Pires et al. (2007) relatam que de 96

pessoas por eles avaliadas, 60 eram homens e 36 mulheres.

Acredita-se que a maior presença de IC na população masculina possa

estar relacionada aos fatores de risco para a referida doença, sobretudo as doenças

coronarianas. De acordo com o estudo de Saccomman. (2006), os principais fatores

de risco para doenças coronárias foram o processo de envelhecimento e o fato do

paciente ser do sexo masculino.

No referente à idade dos participantes, variou de 30 a 74 anos. Contudo, a

faixa etária mais acometida inclui pessoas entre 36 e 60 anos (53,6%), porém a

diferença entre essa faixa e a que está acima de 60 anos (42,9%) não foi

significativa. Observa-se, também, que na faixa mais acometida as pessoas estavam

no seu período produtivo.

A incidência da IC aumenta proporcionalmente com o aumento da

população de meia idade e idosa. No estudo de Framingham, principal fonte

longitudinal de dados sobre a epidemiologia da IC, esta teve uma incidência de

cerca de 1% para aqueles menores de 55 anos e atinge níveis de 30% nos maiores

de 85 anos (HO; PINSKY; KANNEL et al., 1993; BARRETO; WAJNGARTEN, 1998;

OCHIAI; FRANCO; GEBRARA et al., 2004).

Segundo as expectativas para o Brasil, a tendência é de crescimento da

população idosa. Para Tavares, Velarde, Miranda et al. (2006), em 2025, o país

possuirá a sexta maior população de idosos do mundo e 15% da população total

terá IC como a primeira causa de morte por doença cardiovascular.

No estudo ora elaborado, a média de idade foi de 53,1 anos nos homens e

59,7 nas mulheres. Esta média ficou abaixo da observada no estudo de

Framingham: 65 anos (HO; PINSKY; KANNEL et al., 1993). Outros trabalhos como

os de Tavares, Victer, Linhares et al. (2005) e Silva, Bacal, Pires et al. (2007)

também apresentaram uma média abaixo de 65 anos: 61,1 e 52,4 anos,

respectivamente.

Quanto à escolaridade, a maioria dos participantes (57,1%) não concluiu o

ensino fundamental. Esse achado corrobora os dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) de 2005 em relação a este indicador. Nos adultos

funcionais, isto é, pessoas com que são aqueles que possuem mais de 25 anos, a

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porcentagem de analfabetos é de 44,7,% no Ceará; 44,8% no Nordeste e 28,7% no

Brasil (IBGE, 2007).

Saber ler e escrever pode ser pré-requisito para se exercer direitos e

deveres de cidadãos. Quanto menor a escolaridade, menores são as chances de

inserção no mercado de trabalho. Nessa condição, as pessoas obrigam-se a aceitar

qualquer ocupação e por qualquer remuneração.

No estudo desenvolvido por Araújo, Tavares, Veríssimo et al. (2005), em um

hospital universitário no Rio de Janeiro, 20% dos participantes eram analfabetos e

62,8% possuíam apenas o primeiro grau (hoje denominado de fundamental).

Já em outro estudo, de Tavares, Victer, Linhares et al. (2005), com pessoas

com IC internadas em um hospital no Rio de Janeiro, a porcentagem de analfabetos

foi de 50%.

A escolaridade também interfere na saúde. Como afirmam Smeltzer e Bare

(2005), o nível de escolaridade, o acesso à informação e a educação em geral

tornam as pessoas mais preocupadas com a saúde e mais disponíveis a fazer o que

é necessário para mantê-la.

Segundo observado, o cuidado de enfermagem favorece maior interação

entre enfermeiro e paciente. Para atuar devidamente, este profissional deve avaliar

as necessidades de aprendizado dos pacientes, o grau de dificuldade ou facilidade

de aprendizado, com vistas a fornecer informações adicionais sobre a doença e seu

tratamento. Mas o ensino deve ser cuidadosamente planejado, alicerçado em

informações importantes para o bem-estar do paciente no momento necessário.

Outro indicador do estudo foi a renda familiar dos participantes, na qual

predominou de 1 a 3 salários mínimos (75%). Esse índice, apesar de ser mais

elevado, corresponde aos dados de 2005 do IBGE quanto à renda. De acordo com o

IBGE (2007), o percentual de pessoas com até 2 salários mínimos no Brasil era de

59,1%, aumentando para 67,2% no Nordeste e 68,7% no Ceará.

Embora tal renda seja superior aos índices brasileiros, pode ser justificada

porque 92,9% da clientela era aposentada. Em conversa informal com os

participantes do estudo, alguns afirmaram que tiveram de se aposentar por não

terem mais condições de exercer as atividades anteriores. No estudo de Araújo,

Tavares, Veríssimo et al. (2005), de 70 pessoas com IC, 20 se aposentaram e isso

representou perda de R$182.000,00 de produtividade.

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Apesar da baixa renda, essas pessoas sustentam filhos, esposas ou

maridos e ainda custeiam seu tratamento de saúde, pois nem todos os

medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Dos 28 participantes, 24 (85,7) compravam algum medicamento e conforme o relato

deles, eram os mais de maior custo, porque de modo geral, o governo distribui

apenas os mais baratos. Entre os medicamentos que compravam citaram

principalmente os betabloqueadores selozok (succinato de metoprolol) e carvedilol.

Como consta em Silva (2004), nos termos do artigo 196 da Constituição

Federal, o Estado deve atuar para garantir o acesso da população aos tratamentos

de saúde. Mas, o problema do acesso da população aos tratamentos de saúde

decorre muito mais de sua baixa renda do que do próprio preço dos medicamentos.

Portanto, a disponibilidade de condições financeiras é decisiva nesse

tratamento, pois a falta de recursos para custeá-lo pode acarretar abandono ou

utilização incorreta do medicamento. No estudo de Araújo, Tavares, Veríssimo et al.

(2005), os medicamentos foram financiados exclusivamente pelos pacientes e

familiares e a ausência de política farmacêutica do SUS nesse caso levou a

descompensações da IC e repetidas internações hospitalares pela falta de

continuidade do tratamento farmacológico. Havia um descompasso entre o

incremento da renda do paciente e a elevação do preço dos medicamentos e, desse

modo, o tratamento ficava comprometido pela impossibilidade de obter os produtos.

Mesmo nessas condições, é preciso orientar o paciente como profissional

de saúde, cabe ao enfermeiro atuar também neste aspecto. Particularmente no caso

de pacientes com IC, faz-se necessária a participação do enfermeiro na orientação

do uso de medicamentos, pois a utilização incorreta e o não uso acarretam

problemas sérios de descompensações. Mas ante a falta de condições financeiras e

de medicamentos para os pacientes, dificultando um tratamento correto surge o

questionamento sobre como atuar, já que muitas vezes esse questionamento é feito

pelo paciente.

Em continuidade ao estudo, ao se trabalhar o estado civil, o casado

predominou em 24 pacientes (85,7%). Esse termo casado incluiu as uniões estáveis.

Como observado, apenas 4 (14,3%) eram viúvos. Tais dados podem ser

equiparados aos de Rezende (2006), no qual os casados foram a maioria, com 50%,

seguidos de viúvos (30%).

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No presente estudo, porém, os participantes, sejam casados ou viúvos,

afirmaram ter um bom suporte familiar em relação à saúde. Eles relataram serem

cuidados principalmente por esposas/maridos, filhos e pais.

Para Bennet, Baker e Huster (2001), os pacientes casados têm um bom

suporte emocional e este suporte diminui a ansiedade e melhora a qualidade de

vida. De acordo com Saad (2004), a redução da mortalidade em idades avançadas

pode implicar redução de viuvez, e, associada às demais transformações da família,

esta pode alterar as formas de ajuda.

Em alguns estudos, a presença do apoio vindo da família, sobretudo do

cônjuge, tem sido salientada quanto à reabilitação do paciente cardíaco. As

atividades referidas pelos pacientes como sendo de maior apoio foram aquelas

relacionadas a mudanças de comportamento, tais como: preparar dietas saudáveis;

auxiliar nas tarefas domésticas; encorajar a participar de atividades de lazer,

aliviando o estresse (DANTAS; STUCHI; ROSSI, 2001; BOUTIN-FOSTER;

CHARLSON, 2002).

Sobre a religião, a grande maioria é católica: 19 (67,9%) dos participantes.

Segundo relatos dos participantes do estudo, eles utilizam a fé para enfrentar os

problemas e, entre estes, a doença.

Marques (2003) afirma que a espiritualidade é vivenciada e desenvolvida

por uma religião, e, portanto, esta deveria estimular não somente o contato com o

divino, com a essência da vida, mas, em especial, aplicação dessas experiências na

vida cotidiana, no enfrentamento de situações corriqueiras, nos pequenos desafios.

Outro indicador do estudo é a procedência. No referente a esta,16 (60,7%)

eram da capital. Contudo, não foram encontrados na literatura estudos em relação à

procedência e à insuficiência cardíaca. Porém, o hospital onde se desenvolveu a

pesquisa é referência em cardiologia do estado e do Nordeste e nele havia três

pessoas procedentes de outros estados: Rio Grande do Norte, Paraíba e Tocantins.

Diferentemente do verificado para este indicador, a caracterização dos

participantes quanto aos dados social e econômicos corrobora a literatura, pois

segundo Yusuf, Reddy, Ôumpuu et al. (2001), as razões econômicas ou ambientais

social e culturais são mencionadas como uma possível explicação para as amplas

variações geográficas de prevalência de doenças cardiovasculares.

No estudo de Lessa, Araújo, Magalhães et al. (2004), a população de

Salvador que tem baixa escolaridade e baixa renda possui elevado risco de doença

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cardiovascular. Logo, uma melhoria indiscriminada no nível de escolaridade, seria

acompanhada de uma melhoria no nível social econômico e poderia minimizar a

influência da prevalência das doenças cardiovasculares.

Confirma-se o papel da educação em saúde como propulsora de mudanças.

Mas as ações educativas e informativas devem ser desenvolvidas levando em

consideração o nível social econômico e a escolaridade, questões culturais com

vistas à participação do paciente no seu processo de saúde-doença.

Conforme se sabe, as características dos participantes do estudo podem

facilitar ou dificultar o processo de adaptação à condição de portadores de IC. Em

relação ao gênero, tanto homens quanto mulheres podem apresentar dificuldade de

adaptação, isto é, dificuldade para enfrentar a doença, pois esta pode impossibilitá-

los de continuar exercendo o papel até então ocupado em casa e na sociedade.

Como mencionado, a idade predominante do estudo foi de 36 a 60 anos. Isto,

também, pode afetar negativamente a adaptação, já que nessa faixa etária as

pessoas são produtivas e em alguns casos precisam se afastar do trabalho.

Conseqüentemente, há sentimento de impotência.

Ainda conforme se sabe, o baixo grau de instrução dos participantes pode

ser um fator limitante para a educação na adaptação e seguimento do tratamento

farmacológico e não-farmacológico da IC, assim como a baixa renda familiar limita a

capacidade destes de autofinanciar os recursos necessários para o tratamento.

Já a presença de um apoio seja por meio da religião ou da família é um fator

facilitador na adaptação à doença, no tratamento e nas conseqüências que essa

pode causar.

A seguir, em continuidade à caracterização dos pacientes, serão

apresentadas e discutidas as co-morbidades identificadas na população estudada e

expostas na Tabela 2.

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TABELA 2 – Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca de acordo com as co-morbidades. Fortaleza-CE,2007

Freqüência % Etiologia da IC segundo diagnóstico médico Miocardiopatia dilatada 23 82,1 Miocardiopatia chagásica 2 7,1 Miocardiopatia peri-parto 2 7,1 Miocardiopatia alcoólica 1 3,6 Hipertensão Arterial Sistêmica Sim 17 60,7 Não 11 39,3 Diabetes Mellitus Sim 9 32,1 Não 19 67,9 Presença de colesterol Elevado Sim 7 25,0 Não 21 75,0 Índice de Massa Corporal Até 35 12 42,9 Acima de 35 16 57,1 n=28

Conforme mostra esta Tabela, a principal causa de IC presente como

diagnóstico médico nos prontuários dos participantes foi a miocardiopatia dilatada

em 23 (82,1%) pessoas. Essa é uma doença primária ou secundária do miocárdio,

caracterizada por dilatação do ventrículo esquerdo ou biventricular e perda da

contratilidade miocárdica (BARRETO; BOCCHI, 2003). Apesar das miocardiopatias

dilatadas terem várias etiologias, nos prontuários dos pacientes só apareceram

especificadas a chagásica, a peri-parto e a alcoólica, em cinco prontuários. Nos

outros apenas constava o nome miocardiopatia dilatada.

No estudo desenvolvido por Volpato, Poletto e Ayoub (1997), as etiologias

mais freqüentes da IC foram a doença de Chagas e HAS. Já no estudo de Rabelo,

Aliti, Goldraich et al. (2006) a etiologia mais freqüente foi isquêmica, e no de Grell,

De Paula e Tobias (2006) foi a HAS e miocardiopatia idiopática.

Quanto à presença de pessoas com hipertensão arterial, neste estudo,

observa-se que a porcentagem foi de 17 (60,7%) enquanto de DM foi de 11 (32,1%).

Sobre a obesidade, representada pelo Índice de Massa Corporal (IMC),

predominaram as pessoas com IMC elevado, acima de 35 (57,1%). A dislipidemia foi

uma co-morbidade de reduzida porcentagem, apenas 25% das pessoas do estudo.

Portanto, entre as co-morbidades associadas à IC, predominou a HAS.

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Esses dados podem ser equiparados aos do estudo desenvolvido com 93

pessoas com IC, no estado São Paulo, no qual foi constatado que 20,8% dessas

pessoas apresentavam DM e 28,9% dislipidemia.

Em outro estudo, de Saccomann (2006), com 170 idosos portadores de IC e

em tratamento ambulatorial, segundo, constatou-se, 77,6% dessa população era

hipertensa; 35,9% possuía dislipidemia e 34,7% DM.

A IC é uma epidemia cardiovascular emergente cujo aumento está

relacionado ao crescimento da população e das condições predisponentes à sua

presença, destacando-se os componentes da síndrome metabólica (DM, HAS,

dislipidemia e obesidade). Esta síndrome é caracterizada por um conjunto de fatores

de risco que, quando presentes, se associam aos elevados eventos

cardiovasculares, entre eles o risco de IC (WONG; O’MOORE –SULLIVAN; FANG

et., al, 2005; COELHO; MOUTINHO; MIRANDA et al., 2007).

Por ser um problema de alta prevalência e pela gravidade de suas

complicações como a IC, a HAS destaca-se. Portanto, é considerada como um

importante causa da IC e o fator de risco mais comum para essa doença (LlYOND-

JONES; LARSON; LEIP et al., 2002; SANTOS, 2007).

Para Maciel (2001), a IC pode surgir em decorrência de um conjunto de

mecanismos adaptativos desencadeados pelo aumento persistente da pós-carga

ventricular, resultando em disfunção sistólica e diastolica.

Evidências epidemiológicas apontam cada vez mais para a associação

entre a síndrome metabólica e a presença de alterações cardiovasculares. No

estudo realizado por Ingelsson, Sundström, Ärnlov et al. (2005), foi identificado maior

risco de aparecimento de IC nas pessoas com a síndrome metabólica,

particularmente homens de meia idade e idosos.

Conforme Thierer (2006), a prevalência da IC e DM continua crescendo.

Elas estão associadas e, são verdadeiras pragas da civilização ocidental, e até

ameaçam se converterem em epidemia nos próximos anos.

Além disso, a associação entre elas é bidirecional, ou seja, o DM é causa da

IC e esta com o tempo pode causar o surgimento de DM. Tal associação pode ser

motivada por vários fatores. Entre eles: fatores de risco para o desenvolvimento de

IC são mais freqüentes nas pessoas com DM; estas pessoas têm maior incidência e

prevalência de doença coronária; os processos fisiopatológicos são comuns entre

essas doenças, como a disfunção endotelial e o aumento do estresse oxidativo.

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Ademais, além do pior controle metabólico das pessoas com DM acarreta maior IC

(IRIBARREN; KARTER; GO et al., 2001; GILES, 2003; FONAROW; ADAMS;

ABRAHAM et al., 2005; KOSTIS; SANDERS, 2005).

Segundo afirmam Ingelson, Sundström, Ärnlov et al. (2005), DM e

obesidade são fatores de risco para IC e ambos são associados a resistência à

insulina. No estudo desenvolvido por estes autores com homens adultos em

Upssala, na Suécia, foi demonstrado que a resistência à insulina é um fator de risco

para IC.

Outros autores, como Pinheiro, Nakassato, Iosaki et al. (2007) afirmam que

o desenvolvimento da IC está associado a altos valores de IMC, porém uma vez

instalada a IC, o IMC elevado pode indicar maior sobrevida. Tal fato pode ocorrer

porque pessoas com sobrepeso ou obesidade moderada podem representar um

grupo com maior reserva metabólica, tolerando melhor ou por mais tempo o estresse

metabólico proporcionado pela IC.

Porém, no estudo realizado pelos pesquisadores ora citados, com pacientes

com IC, os obesos grau II não tiveram nenhuma internação ou óbito no período do

estudo e melhoraram a classe funcional enquanto os eutróficos foram aqueles que

possuíram maiores números de internações e óbitos, embora sem diferença

significativa. Logo, como os resultados mostraram, o IMC elevado não foi associado

à melhora do prognóstico dessas pessoas.

Ainda obre IC e IMC, no trabalho de Kenchaich, Evan, Levy et al. (2002),

que analisou no estudo de Framingham a relação entre IMC e a incidência de IC, os

resultados mostraram risco para desenvolvimento de IC e o aumento da unidade do

valor de IMC normal. Quando comparados com os eutróficos, os indivíduos obesos

apresentaram o dobro de risco.

Conhecer as co-morbidades, as complicações causadas por elas e o

tratamento farmacológico e não-farmacológico faz parte do saber clínico da

enfermeira. Essa deve analisar as co-morbidades para definir com o cliente o

cuidado e ajudá-lo na adaptação, já que a presença das co-morbidades citadas

dificulta o processo de adaptação, pois o indivíduo necessita lidar com as alterações

do cotidiano.

Diante da associação entre essas co-morbidades e a IC, é importante que

os enfermeiros atentem para desenvolver um trabalho junto com a população, de

modo a despertá-la para as necessidades de hábitos de vida saudáveis, com vistas

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a reduzir tanto a ocorrência das co-morbidades quanto das doenças

cardiovasculares.

6.2 Diagnósticos de enfermagem identificados nos pacientes com insuficiência cardíaca

Conhecidas as características pessoais e de adoecimento dos participantes

do estudo, conforme anunciado, identificou-se o rol de diagnósticos de enfermagem.

TABELA 3 - Distribuição dos diagnósticos de enfermagem identificados nos

pacientes com insuficiência cardíaca. Fortaleza-CE, 2007

Diagnósticos de Enfermagem f %

Dentição prejudicada 28 100,0

Intolerância à atividade 25 89,3

Sentimento de impotência 24 85,7

Desempenho de papel ineficaz 24 85,7

Disfunção sexual 24 85,7

Insônia 24 85,7

Controle ineficaz do regime terapêutico 21 75,0

Comportamento de saúde propenso a risco 21 75,0

Dor aguda 16 57,1

Constipação 15 53,6

Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais 15 53,6

Percepção sensorial perturbada - visão 15 53,6

Fadiga 13 46,4

Memória prejudicada 10 35,7

Risco de desequilíbrio de volume de líquidos 10 35,7

Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais 6 21,4

Manutenção do lar prejudicada 5 17,9

Volume excessivo de líquidos 4 14,3

Disposição para bem- estar espiritual 4 14,3

Disposição para autoconceito melhorado 4 14,3

Risco de intolerância à atividade 3 10,7

Perfusão tissular ineficaz - periférica 1 3,6

Incontinência urinária de urgência 1 3,6

Deambulação prejudicada 1 3,6

Risco de infecção 1 3,6

Integridade da pele prejudicada 1 3,6

Risco de quedas 1 3,6

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Como mostra esta Tabela, a análise das informações coletadas a partir do

raciocínio diagnóstico, levou à identificação de 27 diagnósticos de enfermagem, com

freqüência relativa que variou entre 3,6 e 100,0%. Destes, quatro se caracterizavam

como de risco, quais sejam: Risco de desequilíbrio de volume de líquidos; Risco de

Intolerância à atividade; Risco de infecção e Risco de quedas.

Conforme NANDA (2008), os diagnósticos de enfermagem de risco são “as

respostas humanas a condições/ processos vitais podem se desenvolver em uma

pessoa, família ou comunidade. Sustentado por fatores de risco que aumentam a

vulnerabilidade”. Contudo, esses diagnósticos de risco foram excluídos da presente

discussão, pois na tipologia dos problemas de adaptação do modo de Roy não há

risco e sim o problema propriamente dito.

Ademais, do rol de diagnósticos de enfermagem identificados, foram

excluídos, também, os diagnósticos Disposição para bem-estar espiritual e

Disposição para autoconceito melhorado. Tal exclusão se justifica, pois eles se

associam à tipologia de indicadores de adaptação positiva de Roy e, nesta

investigação, o foco é voltado às necessidades de adaptação apresentadas pelas

pessoas portadoras de insuficiência cardíaca.

Portanto, trabalhou-se com 21 diagnósticos de enfermagem associados à

tipologia de indicadores de problemas de adaptação da referida teoria. De posse

destes, procurou-se estabelecer uma associação entre os diagnósticos de

enfermagem identificados e o rol de indicadores de problemas de adaptação,

considerando os modos adaptativos.

Neste estudo, as associações estabelecidas abrangem a relação entre os

diagnósticos de enfermagem encontrados e os modos adaptativos fisiológico,

desempenho de papel e autoconceito de Roy. Quanto ao modo de interdependência,

como mencionado, não foi possível relacionar nenhum diagnóstico de enfermagem

identificado nos participantes do estudo a este modo.

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6.3 Associação entre os diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA e a tipologia de problemas comuns de adaptação segundo a Teoria de Callista Roy

A associação estabelecida entre os diagnósticos de enfermagem e os

modos fisiológico, desempenho de papel e autoconceito permitiu identificar os

problemas comuns de adaptação de Callista Roy na população estudada, assim

como favoreceu a identificação dos estímulos a serem trabalhados como medida

interventiva que viabilizasse a adaptação destas pessoas à condição de portador de

IC.

Deste modo, expôs-se, na seqüência, a relação das associações procedidas

entre os diagnósticos de enfermagem presentes na população estudada e os

problemas comuns de adaptação segundo a Teoria de Callista Roy (ROY;

ANDREWS, 1999).

Inicialmente, estão representados os diagnósticos de enfermagem da

NANDA (2008) relacionados ao modo fisiológico de Roy, conforme mostra o Quadro

8.

Ao se observar o Quadro 8, conforme se percebe, no domínio nutrição,

encontrou-se o diagnóstico de enfermagem Nutrição desequilibrada: mais do que as

necessidades corporais; Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades

corporais e volume excessivo de líquidos.

A Nutrição desequilibrada mais do que as necessidades corporais foi

identificada em 15 participantes (53,6%). De acordo com a NANDA (2008), este

diagnóstico é definido como “ingestão de nutrientes que excede as necessidades

metabólicas”. Para este diagnóstico, as características definidoras apresentadas

foram as seguintes: peso 20% acima do ideal para a altura e compleição e nível de

atividade sedentário, e como fator relacionado, a ingestão excessiva quanto às

necessidades metabólicas.

Segundo a NANDA (2008), a Nutrição desequilibrada menos do que as

necessidades corporais é definida como “ingestão insuficiente de nutrientes capaz

de satisfazer as necessidades metabólicas” e foi identificada em 6 pessoas (21,4%).

As características definidoras apresentadas na população do estudo foram a falta de

interesse na comida e a ingestão inadequada de alimentos menor do que a porção

diária recomendada. E os fatores relacionados foram biológicos.

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QUADRO 8 - Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo fisiológico. Fortaleza- CE,2007

Diagnósticos de enfermagem da NANDA (2008) Problemas comuns de adaptação do Modo

fisiológico segundo Roy (ROY; ANDREWS, 1999).

Domínio Rótulo diagnóstico Necessidades e processos complexos do modo fisiológico

Problemas comuns de adaptação

▪Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais ▪Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais

Nutrição

▪Nutrição maior do que as necessidades corporais ▪Nutrição menor do que as necessidades corporais

Nutrição

▪Volume excessivo de líquidos

Fluídos, eletrólitos e balanço ácido-base

▪Edema

Eliminação/troca

▪Constipação ▪Incontinência urinária de urgência

Eliminação

▪Constipação ▪Incontinência urinária

▪Intolerância à atividade ▪Insônia ▪Deambulação prejudicada

Atividade e repouso

▪Intolerância à atividade ▪Privação de sono ▪Padrão inadequado de atividade e repouso

Atividade/repouso

▪Percepção sensorial perturbada-visão

Sentidos ▪Deficiência de um sentido primário

Percepção/cognição ▪Memória prejudicada Função neurológica ▪Déficit de memória

▪Integridade da pele prejudicada ▪Dentição prejudicada

Proteção

▪Integridade da pele prejudicada

Segurança/proteção

▪Perfusão tissular ineficaz

Oxigenação ▪Perfusão tissular alterada

Conforto ▪Dor aguda Sentidos ▪Dor aguda

Ao se analisar conceitualmente os diagnósticos de enfermagem da NANDA

percebeu-se que os dois primeiros diagnósticos citados mostraram estreita relação

com os problemas de adaptação Nutrição desequilibrada maior do que as

necessidades corporais e Nutrição desequilibrada menor do que as necessidades

corporais, pertencentes ao componente nutrição da Teoria de Roy (1999). Este

componente é definido como uma série de processos pelos quais a pessoa adquire

e assimila os nutrientes e os usa para manter os tecidos corporais, promover

crescimento e prover energia (ROY; ANDREWS, 1999).

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Deambulação prejudicada; Mobilidade física prejudicada; Fadiga e Débito cardíaco

diminuído.

No presente estudo, a Intolerância à atividade esteve presente em 25

(89,3%) dos 28 pacientes avaliados. NANDA (2008) define o diagnóstico de

enfermagem intolerância à atividade como “energia fisiológica ou psicológica

insuficiente para suportar ou completar as atividades diárias requeridas ou

desejadas”. Este diagnóstico teve como características definidoras: desconforto aos

esforços; dispnéia aos esforços e relato de fadiga relacionados ao desequilíbrio

entre a oferta e a demanda de oxigênio.

Ainda como observado, o diagnóstico Insônia foi identificado em 24 pessoas

(85,7%). Em NANDA (2008) este diagnóstico é definido como “distúrbio na

quantidade do sono que prejudica o funcionamento normal de uma pessoa” Estas

pessoas apresentaram como características definidoras para este diagnóstico o

relato de falta de energia, insatisfação com o sono, dificuldade para permanecer

dormindo e como fator relacionado o desconforto físico (falta de fôlego, tosse).

Outro diagnóstico deste estudo foi Deambulação prejudicada, apresentado

por apenas 1 paciente (3,6%). Para NANDA (2008), a Deambulação prejudicada é a

“limitação à movimentação independente, a pé, pelo ambiente”. A característica

definidora foi a capacidade prejudicada de percorrer as distâncias necessárias e

como fator relacionado o prejuízo neuromuscular.

Já em relação a Fadiga, NANDA (2008) define como “sensação opressiva e

sustentada de exaustão e de capacidade diminuída para realizar trabalho físico e

mental no nível habitual. Este diagnóstico foi identificado em 13 participantes

(46,4%). Nele as características definidoras foram cansaço, desempenho diminuído,

verbalização de uma opressiva falta de energia e o fator relacionado foi estado de

doença e privação de sono.

Os diagnósticos de enfermagem do domínio atividade/repouso ora citados

possuem estreita relação com os seguintes problemas de adaptação: intolerância à

atividade; privação de sono e padrão inadequado de atividade e repouso. Tais

problemas estão contidos no componente atividade e repouso do modo de Roy.

Segundo Roy e Andrews (1999), atividade e repouso são as chaves para

sobrevivência humana e estão associados ao processo de mobilidade e sono.

Quanto ao domínio percepção/cognição, emergiram os seguintes

diagnósticos de enfermagem: Percepção sensorial perturbada e Memória

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prejudicada. A Percepção sensorial perturbada é vista por NANDA (2008) como

“mudança na quantidade ou no padrão dos estímulos que estão sendo recebidos,

acompanhada por resposta diminuída, exagerada, distorcida ou prejudicada a tais

estímulos”. Este diagnóstico foi identificado em 15 participantes do estudo (53,6%).

Sua característica definidora foi distorção sensorial e o fator relacionado foi a

recepção sensorial alterada.

Ainda sobre diagnósticos, identificou-se o diagnóstico de enfermagem

Memória prejudicada, presente em 10 participantes do estudo (35,7%). Memória

prejudicada é a “incapacidade de lembrar ou recordar partes de informação ou

habilidades comportamentais” (NANDA, 2008). As características definidoras foram

incapacidade de aprender novas informações e experiências de esquecimento e o

fator associado, distúrbios ambientais excessivos.

Os diagnósticos do domínio percepção/cognição foram associados a

componentes diferentes do modo de Roy. A Percepção sensorial perturbada

apresentou relação com o problema de adaptação deficiência de um sentido

primário que é componente do processo complexo sentidos. Eles são canais de

impulsos necessários para as pessoas interagirem com as trocas ambientais (ROY;

ANDREWS, 1999).

A relação do diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada esteve

associada ao problema déficit de memória, que é constituinte da função neurológica

da Teoria de Roy. Essa função é a chave para a adaptação da pessoa, pois os

subsistemas regulador e cognato são baseados nos processos de função

neurológica (ROY; ANDREWS, 1999).

No domínio segurança/proteção foram encontrados os diagnósticos de

enfermagem: Integridade da pele prejudicada, Integridade tissular prejudicada e

Dentição prejudicada.

Os diagnósticos de enfermagem Integridade da pele prejudicada e Perfusão

tissular prejudicada estiveram presentes em apenas 1 participante (3,6%). Em

relação à Integridade da pele prejudicada, segundo NANDA (2008), significa

“epiderme e/ou derme alteradas”. Nestes diagnósticos, o rompimento da superfície

da pele foi a característica definidora e a circulação prejudicada foi o fator

relacionado. Este diagnóstico foi associado ao problema de adaptação integridade

da pele prejudicada do componente proteção da teoria de Roy. Mencionada

necessidade consiste de dois processos básicos de vida: processo defensivo não

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específico e processo defensivo específico. Juntas essas duas defesas funcionais

trabalham para proteger o corpo de substâncias estranhas, tais como bactéria, vírus

e células do corpo anormais (ROY; ANDREWS, 1999).

Como consta em NANDA (2008), o diagnóstico de enfermagem Perfusão

tissular ineficaz periférica é a “diminuição na oxigenação, resultando na

incapacidade de nutrir os tecidos no nível capilar”. As características definidoras

foram pulsação arterial diminuída e pulsos fracos e o fator relacionado foi a

interrupção do fluxo sangüíneo. Esse diagnóstico foi associado ao problema

adaptativo perfusão tissular alterada, que faz parte do componente oxigenação, já

citado anteriormente.

Consoante evidenciado, o único diagnóstico presente em todos os

participantes foi a Dentição prejudicada. Segundo a NANDA (2008), este diagnóstico

de enfermagem é o “distúrbio nos padrões de desenvolvimento/erupção dentário ou

integridade estrutural dos dentes de um indivíduo”. As características definidoras

foram a ausência de dentes, dentes desgastados e estragados e perda de dentes.

Como fatores relacionados identificaram-se a falta de acesso a cuidados

profissionais, conhecimento deficiente a respeito da saúde dental, hábitos

alimentares.

Entretanto, o diagnóstico de enfermagem Dentição prejudicada não está

relacionado explicitamente com os problemas de adaptação da Teoria de Callista

Roy. Faz parte do processo desenvolvido pela enfermeira na avaliação do

comportamento do componente nutrição e a presença desse comportamento é que

vai influenciar no metabolismo, um dos processos da nutrição.

Em continuidade, no domínio conforto, encontrou-se o diagnóstico de Dor

aguda em 16 participantes (57,1%). De acordo com NANDA (2008), esse

diagnóstico de enfermagem é definido como

Experiência sensorial e emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão; início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, com término antecipado ou previsível e duração de menos de seis meses (NANDA, 2008).

Nele, a característica definidora apresentada foi o relato verbal de dor

relacionada aos agentes lesivos.

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Esse domínio foi associado ao problema de adaptação dor aguda do

componente sentido da Teoria de Roy, já citado.

Após esta análise, na seqüência, será apresentada a associação entre os

diagnósticos de enfermagem da NANDA e o modo de desempenho de papel.

QUADRO 9 -Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA

identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo de desempenho de papel. Fortaleza- CE, 2007

Diagnósticos de Enfermagem da NANDA (2008) Problemas comuns de adaptação do

Modo de desempenho de papel de Roy (Roy; Andrews, 1999).

Domínio Rótulo Diagnóstico Problema comum de adaptação

Autopercepção ▪ Desempenho de papel ineficaz

Promoção da saúde ▪Controle ineficaz do regime terapêutico

▪Manutenção do lar prejudicada

Enfrentamento/Tolerância ao estresse

▪ Comportamento de saúde propenso a risco

Falha no papel

Quanto ao domínio autopercepção do diagnóstico de enfermagem da

NANDA, emergiu o diagnóstico Desempenho de papel ineficaz em 24 participantes

do estudo (85,7%), apresentando como características definidoras a insatisfação

com o papel e a adaptação inadequada à mudança, ambas relacionadas a doença.

NANDA (2008) define este diagnóstico como “padrões de comportamento e auto-

expressão que não combinam com o contexto, as normas e as expectativas do

ambiente”.

Já no domínio Promoção da saúde foram identificados os diagnósticos

Controle ineficaz do regime terapêutico, em 21 pessoas (75%), e Manutenção do lar

prejudicada, em 5 participantes (17,9%).

O Controle ineficaz do regime terapêutico foi definido por NANDA (2008)

como “padrão de regulação e integração à vida diária de um programa de tratamento

de doenças e suas seqüelas que é insatisfatório para atingir objetivos específicos de

saúde”.

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65

Neste diagnóstico, a característica definidora foi escolha da vida diária

ineficaz para atingir os objetivos de saúde e os fatores relacionados foram

complexidade do regime terapêutico e dificuldades econômicas.

Quanto à Manutenção do lar prejudicada, NANDA (2008) define como

“incapacidade de manter de forma independente um ambiente imediato e seguro e

que promova crescimento”. Nele, a característica definidora foi a descrição de

membros da família de crises financeiras relacionadas à doença.

No domínio enfrentamento/tolerância ao estresse surgiu o diagnóstico de

enfermagem Comportamento de saúde propenso a risco em 25 (75%) pessoas. De

acordo com NANDA (2008), esse diagnóstico é a “incapacidade de modificar estilo

de vida/comportamentos de forma compatível com mudanças no estado de saúde”.

Foi identificada como característica definidora o não alcance de uma completa

sensação de bem-estar relacionada a múltiplos estressores.

Assim, estes diagnósticos de enfermagem da NANDA apresentaram estreita

relação com o problema adaptativo falha de papel, pertencente ao modo de

desempenho de papel. Segundo Roy e Andrews (1999), a necessidade básica

desse modo é a integridade social e o foco é o papel ocupado pelas pessoas na

sociedade.

Em continuidade à associação entre os diagnósticos de enfermagem da

NANDA e os problemas comuns de adaptação, no Quadro 10, a seguir, será

apresentada a associação dos diagnósticos de enfermagem da NANDA com o modo

de autoconceito de Roy.

QUADRO 10 -Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo de autoconceito. Fortaleza- CE, 2007

Diagnósticos de Enfermagem da NANDA (2008)

Problemas comuns de adaptação do Modo de autoconceito (ROY; ANDREWS, 1999).

Domínio Rótulo Diagnóstico Problemas comuns de adaptação

Sexualidade ▪Disfunção sexual Eu físico

▪Disfunção sexual

Autopercepção

▪Sentimento de impotência

Eu pessoal

▪Impotência

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No domínio sexualidade da NANDA, encontrou-se o diagnóstico de

enfermagem Disfunção sexual em 24 participantes (85,7%), cuja definição pela

NANDA (2008) é “o estado em que um indivíduo passa por mudança na função

sexual, durante as fases de resposta sexual de desejo, excitação e/ou orgasmo, que

é vista como insatisfatória, não compensadora e inadequada”. A característica

definidora foi limitação percebida imposta pela doença relacionada à estrutura

corporal alterada-processo de doença.

Quanto ao domínio autopercepção da NANDA, nele emergiu o diagnóstico

de enfermagem Sentimento de impotência, presente em 24 pessoas (85,7%). Tal

diagnóstico de enfermagem é a “percepção de que uma ação própria não afetará

significativamente um resultado; falta de controle percebida sobre uma situação

atual ou um acontecimento imediato” (NANDA, 2008). A característica definidora foi

a expressão de insatisfação quanto à incapacidade de realizar tarefas/atividades

prévias relacionadas à doença.

Os diagnósticos de enfermagem identificados no Quadro 10 apresentaram

relação com os problemas de adaptação constituintes do modo de autoconceito de

Roy. Tal modo é definido por Roy e Andrews (1999) como um composto de crenças

e sentimentos que a pessoa tem sobre si mesma em um dado momento do tempo.

Neste modo, os problemas adaptativos podem interferir na habilidade da pessoa em

fazer o que é necessário para manter os aspectos de saúde.

6.4 Discussão dos problemas comuns de adaptação e seus estímulos segundo os modos fisiológico, desempenho de papel e autoconceito de Callista Roy

Estabelecida a associação entre os diagnósticos de enfermagem

encontrados no grupo de pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de

adaptação de Roy, como forma de fortalecer sua existência no cotidiano destas

pessoas, desenvolveu-se a análise de cada problema comum de adaptação e os

diversos estímulos que afetam o comportamento.

Como afirmam Roy e Andrews (1999), os estímulos podem ser internos ou

externos e incluem todas as condições, circunstâncias e influências circundantes ou

que afetam o desenvolvimento e comportamento do sistema adaptativo humano.

Após a análise dos estímulos que afetam a adaptação, elaborou-se um

planejamento de intervenções de enfermagem, na tentativa da enfermeira mediante

seu cuidado clínico, oferecer uma contribuição ao processo adaptativo do paciente,

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permitindo-se, com isso, a substituição de respostas ineficazes por respostas

adaptativas, visando sua melhor qualidade de vida.

▪MODO FISIOLÓGICO

Neste modo, no componente nutrição, teve três problemas identificados:

nutrição desequilibrada maior do que as necessidades corporais, nutrição

desequilibrada menor do que as necessidades corporais e dentição prejudicada.

Contudo, no estudo ora realizado, a alteração neste componente foi mais

afetada pelo problema nutrição desequilibrada maior do que as necessidades

corporais e teve como estímulo a ingestão excessiva em relação às necessidades

metabólicas. Ressalta-se que essa ingestão elevada associada ao sedentarismo e

outros fatores acarreta o aumento de peso ou agravamento da obesidade.

Como é um problema de saúde pública mundial, a obesidade acomete

todos os estratos da sociedade moderna indiscriminadamente, e constitui a principal

contribuinte para a carga global de doenças crônicas e invalidez (OMS, 2000).

É uma doença crônica, multifatorial, reconhecida internacionalmente como

fator de risco independente para doenças cardiovasculares. Essa doença está

fortemente associada com outros fatores de risco para as doenças cardiovasculares,

tais como HAS, DM e dislipidemia (KATZMARZYK; CRAIG; BOUCHARD, 2001;

NCEP, 2002).

De acordo com Kenchaiah, Evan, Levy et al. (2002), a obesidade é

reconhecida como fator de risco para IC. Segundo mostraram o estudo de

Framingham, o aumento do IMC em uma unidade aumenta o risco de apresentar IC

em 5% nos homens e 7% nas mulheres.

Atualmente, as elevadas prevalências das doenças cardiovasculares e

obesidade na população brasileira estão sendo associadas à modificação dos

hábitos alimentares. Entre essa modificação inclui-se a redução no consumo de

hortaliças, fibras e frutas, além do consumo elevado de gorduras trans (MONTEIRO;

MONDINI; COSTA, 2000; WONG; MONTEIRO; POPKIN, 2002).

Os hábitos alimentares representam marcadores de risco para doenças

cardiovasculares, sobretudo porque consumo elevado de colesterol, lipídios e ácidos

graxos, somados ao baixo consumo de fibras, participa na etiologia das

dislipidemias, obesidade, DM e HAS (PARADA; COZZA; PARADA, 1999; FORNÉS;

SALAS; MIGUEL; 2000; GUEDES; GUEDES, 2001).

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68

Vários estudos abordam os tipos de alimentação dos pacientes com

alterações cardiovasculares. Destes, cita-se o de Fornés, Salas e Miguel (2002)

desenvolvido em um município do estado de São Paulo. Naquele estudo, consoante,

o consumo de carnes (bovina, suína, aves, vísceras e carnes processadas), leite e

derivados de ovos correlaciona-se com o aumento do low density lipoprotein (LDL).

E, ainda, segundo concluíram os autores, a redução nos riscos de doenças

cardiovasculares pode ser alcançada por meio de controle da dieta.

Pierin (2004) corrobora a importância da alimentação e afirma ser

importante seguir uma conduta alimentar no qual se estabeleça um valor energético

suficiente para reduzir/manter o peso no limite desejável. A dieta deve ser composta

de até 15% de proteínas, de 50 a 60% de carboidratos e de no máximo 30% de

gorduras. Nela, a ingestão de colesterol deve corresponder a 300mg/dia. Além

disso, as fibras devem estar presentes na dieta e o sódio deve ser restrito, conforme

a condição da pessoa.

Logo Castro, Franceschini, Priore et al. (2004) também se pronunciam sobre

o assunto. Para eles, a avaliação do estado nutricional é de grande utilidade e no

estabelecimento de estratégias de intervenção com vistas à prevenção de doenças

cardiovasculares.

Portanto, para a prevenção e correção de sobrepeso e obesidade e como

forma de reduzir os fatores de risco para doenças cardiovasculares, é preciso que o

indivíduo faça modificações no seu estilo de vida. E, para orientar e auxiliar as

pessoas, é indispensável a participação da enfermeira na educação alimentar dos

pacientes com problemas cardíacos, entre eles, os pacientes com IC, alvo do

presente estudo. A orientação alimentar é uma medida não-farmacológica essencial

para evitar complicações de doenças cardiovasculares.

Quanto à dieta para os pacientes com IC, recomenda-se uma alimentação

fracionada, em pequeno volume e de fácil digestão (MUSTAFA; LEVERVE, 2001),

além de hábitos alimentares saudáveis.

Nos portadores de IC, deve-se observar não apenas a quantidade e a

qualidade dos alimentos ingeridos, mas também o uso do sódio nos alimentos, pois

o excesso do consumo de sódio contribui para à ocorrência de HAS,

descompensações da IC e diminuição da eficácia de diuréticos.

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69

Para Barreto e Bocchi (2003), a restrição de sódio é uma das bases para o

tratamento da dieta do paciente com IC, sendo variável e dependente da classe

funcional e da situação clínica do paciente.

Segundo adverte o consenso atual, as pessoas com IC não devem

adicionar sal nos alimentos já preparados e devem evitar a ingestão de produtos

enlatados (VAN DER WALL; JAARSMA; VANVEDHUISEN, 2005). Mas Lopes,

Barreto-Filho, e Riccio (2003) chamam atenção para o fato de que uma dieta muito

pobre em sal pode resultar em alterações metabólicas e hormonais no paciente. No

estudo desenvolvido por esses autores, a dieta com teor de sódio muito reduzido

ocasiona aumento de catecolaminas plasmáticas, de colesterol de lipoproteína de

baixa densidade (LDL- colesterol) e de triglicérides, como da resistência à insulina.

Contudo, a restrição moderada não interfere nesses aspectos. Portanto, com poucas

ressalvas, é consenso que a dieta com moderada restrição de sódio é ideal.

Deve, pois, a enfermeira orientar os pacientes a evitar a adição de sal,

produtos industrializados, salgadinhos, molhos. Ela deve, também, orientar a

preparação dos alimentos com produtos naturais, tais como alho, cheiro verde,

gengibre. Isto é, a enfermeira, além de orientar o paciente, deve em conjunto

encontrar melhores alternativas para os pacientes, pois mudanças alimentares,

assim como nos hábitos de vida, envolvem questões econômicas, culturais,

psicológicas.

O segundo problema de adaptação do componente nutrição foi a nutrição

desequilibrada menos do que as necessidades corporais, tendo como estímulos os

fatores biológicos.

Como mostra a literatura, a IC ocasiona perda de peso que pode levar a

caquexia cardíaca, chegando esse peso a um déficit de 20%. Tal fato está

relacionado a alterações no organismo, as quais afetam o estado nutricional. Neste

caso, o trato digestivo é o mais prejudicado, principalmente em nível de compressão

gástrica, congestão hepática, edema de alça intestinal, enteropatia perdedora de

proteína, náuseas, falte de apetite, dispnéia e fadiga. Estes sintomas contribuem

para anorexia (MAGNONI; STEFANUTO; KOVACS, 2005).

Assim, a orientação nutricional é igualmente importante e necessária para

esses pacientes, porquanto uma boa alimentação fornecerá energia e nutrientes

para evitar o esforço cardíaco. Para Barreto e Bocchi (2003), os suplementos

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nutricionais com alta densidade calórica podem ser úteis para manter ou recuperar o

estado nutricional dos pacientes com IC.

No presente estudo foram identificados dois estímulos que estavam

dificultando a adaptação na parte nutricional dos pacientes: ingesta excessiva e

fatores biológicos. As intervenções de enfermagem propostas são baseadas nesses

estímulos. Na seqüência serão mostradas as possíveis intervenções de enfermagem

segundo a NIC (2008).

• Estabelecer relação terapêutica com base na confiança e no respeito

• Discutir as preferências e os alimentos de que o paciente não gosta

• Facilitar a identificação dos comportamentos a serem modificados

• Discutir as exigências nutricionais e as percepções do paciente sobre a

dieta recomendada

• Oferecer informações sobre a necessidade de saúde para modificação da

dieta: perda de peso, aumento de peso, restrição de sódio, redução de

colesterol

• Discutir hábitos de compra e de limites orçamentários

Acredita-se que a nutrição é complexa e a enfermeira, ao desenvolver o seu

cuidado clínico, deve propor intervenções baseada na alimentação saudável com

vistas à adaptação dos pacientes e conseqüente melhora na qualidade de vida.

Como mencionado, no presente estudo foi identificado o diagnóstico de

enfermagem Dentição prejudicada. Esse diagnóstico, porém, não é visto por Roy

como um problema de adaptação, e, sim, como comportamento necessário para o

componente nutrição.

Segundo Roy e Andrews (1999), a avaliação da condição da cavidade oral é

importante na determinação da saúde nutricional da pessoa e na identificação de

deficiências. Tal avaliação deve ser feita em toda a cavidade oral, incluídos os

dentes. Por exemplo, os adultos têm 32 dentes permanentes e eles são examinados

para condições que diminuem a ação destes, tais como a perda dos dentes ou

desgastes.

De modo geral, os hábitos alimentares podem comprometer a cavidade

bucal direta ou indiretamente. Da mesma forma, os dentes são afetados por cáries e

doença periodontal, e essas podem ocasionar á perda dental, a qual, por sua vez,

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pode influenciar na escolha da dieta. Ademais, a perda dos dentes ou uma dentição

comprometida, dores bucais e perda do paladar podem forçar muitas pessoas a

mudar seus hábitos alimentares. Logo, a escolha dos alimentos e a qualidade

nutricional da dieta podem ser alteradas pela instalação de próteses parciais

removíveis ou próteses totais, principalmente quando mal-adaptadas ou com dentes

artificiais gastos (PAPAS; PALMER; ROUNDS, 1998).

Diante destas afirmações, é inegável a importância da manutenção da

dentição natural ou de parte dela sempre que possível, assim como a correta

informação sobre a devida adaptação nutricional quando o paciente é portador de

próteses.

Conforme se sabe, porém, a manutenção da dentição natural é rara, pois a

cárie ainda é uma doença que acomete todos os segmentos sociais. E, nos lugares

onde uma proporção significativa da população não tem acesso regular a ações de

promoção da saúde bucal e a serviços odontológicos, o tratamento dessa

enfermidade, em estágio tardio, é realizado pela extração dos dentes afetados

(HIRAMATSU; TOMITA; FRANCO, 2007).

Portanto, o diagnóstico Dentição prejudicada, discutido no presente estudo,

encontra eco em outros trabalhos como os desenvolvidos por Sousa, Sousa, Vale et

al. (2007) com idosos em atendimento ambulatorial e por Guerra, Cipulo, Finger et

al. (2005) com pessoas com indicação de transplante cardíaco, apresentam

freqüência elevada para dentição prejudicada.

Embora este diagnóstico não entre na relação direta com a doença

insuficiência cardíaca, e sim com questões como hábitos alimentares e econômicos

como barreiras econômicas que nesse estudo dificultam o acesso ao profissional

especializado, ele interfere no tratamento da IC.

Quanto à faixa etária mais prevalente dos participantes, ficou entre 41 e 50

anos e 61 e 70 anos, ambos com nove pessoas, mas a perda total ou parcial dos

dentes não ocorrem somente nos idosos.

No presente estudo, os participantes com IC ou não possuíam todos os

dentes e/ou usavam prótese dentária (superior e/ou inferior). Em vinte desses, a

falta de dentes era visível e comprometia o aspecto estético. Apesar de terem sido

detectados problemas nos hábitos alimentares dos participantes, o principal

problema identificado quanto à dentição foi a falta da visita regular ao dentista e tal

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fato estava relacionado à dificuldade de ir a uma consulta com esse profissional, já

que a demanda desse serviço é grande.

Segundo o Modelo de Atenção á Saúde Bucal, e de acordo com o relatório

final da 2a Conferência Nacional de Saúde Bucal, deve ser garantida a "assistência

integral em todos os níveis e faixas etárias”. Ainda de acordo com este documento,

propõe-se

garantir que os portadores de deficiência física, mental, motora ou múltiplas, ou de doenças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas tenham o seu atendimento básico executado em qualquer Unidade Básica de Saúde da rede SUS que deverá contar com concepção arquitetônica adequada, normas e rotinas de biossegurança, e recursos humanos devidamente capacitados para tal fim (BRASIL, 1993:16).

Parte integrante e inseparável da saúde geral dos indivíduos, no Brasil, a

saúde bucal tem sido relegada ao completo esquecimento, principalmente quando

se refere à saúde bucal do idoso, já que a sociedade e os odontólogos aceitam

como normal e natural a perda dos dentes com o avançar da idade. De modo geral,

os serviços públicos odontológicos possuem extrema limitação no atendimento e nos

adultos limitam-se a práticas multiladoras (PUCCA JÚNIOR, 2002).

A perda dos dentes, portanto, deve ser configurada como resultado, ou seja

é um quadro de seqüela ocasionada por um processo de desgaste do corpo e os

componentes desse desgaste se sobrepuseram aos demais. Logo, quando a perda

dos dentes está presente, é porque as medidas de atenção à saúde bucal anteriores

fracassaram ou não existiram. Embora se deva criticar as formas de acesso aos

serviços e os programas odontológicos, há necessidade de reestruturação do

sistema e uma mudança de atitude diante dos problemas de saúde bucal (PUCA

JÚNIOR, 2002).

A necessidade de acesso aos serviços odontológicos e conseqüentemente

à saúde bucal se faz urgente não soem virtude de aspectos estéticos, mas para a

saúde como um todo, pois as condições bucais se relacionam a todos os aspectos

da vida do indivíduo, sobretudo na parte da nutrição, componente importante para

todos.

Mesmo em face das limitações, algumas intervenções de enfermagem

podem ser postas em prática. Entre estas, algumas apresentadas pela NIC (2008),

que podem ser implementadas pelas enfermeiras no cuidado aos pacientes.

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• Orientar quanto à necessidade de uma rotina diária de cuidado oral

• Orientar a pessoa a escovar os dentes, as gengivas e a língua

• Encorajar os usuários de dentadura a escovarem as gengivas e a língua e a

enxaguarem a cavidade oral diariamente

• Recomendar uma alimentação saudável

• Monitorar a mucosa oral na consulta de enfermagem

• Providenciar as consultas dentárias.

Como já visto, a dentição prejudicada afeta não apenas a cavidade oral.

Portanto, é preciso ampliar as intervenções de enfermagem a fim de atuar nos

problemas relacionados à dentição e, assim, promover a saúde oral de forma a

evitar complicações aos pacientes e ajudar na adaptação.

Em relação ao componente eliminação foram identificados dois problemas

de adaptação: constipação e incontinência urinária de urgência, sendo este último

atribuído a um fato particular e discutido posteriormente.

No presente estudo, os estímulos para o problema de adaptação

Constipação foram: atividade física diminuída; hábitos alimentares deficientes;

ingesta insuficiente de fibras e medicações.

No estudo desenvolvido por Oliveira, Rocha, Paes et al. (2000), com

pessoas atendidas em ambulatórios de diversas especialidades, a prevalência da

constipação foi alta e com características epidemiológicas. Segundo afirmam estes

autores, a maioria das pessoas experimenta períodos de constipação no transcorrer

de suas vidas. E essa constipação pode ser causada por diferentes mecanismos e

por vários sintomas.

Para Santos Júnior (2005), a constipação tem causas primárias e/ou

secundárias. Das causas primárias fazem parte hábitos alimentares, aspectos

culturais e controle sistemático da defecação; das secundárias, efeitos de

medicações, doenças endócrinas e neurológicas.

É importante salientar que os estímulos atividade física diminuída e

medicações utilizadas estão relacionados à IC. De modo geral, a ausência de

atividade física dos participantes é decorrente da dispnéia ao realizar atividade física

e /ou em repouso. Tal dispnéia é caracterizada como um sintoma da IC (STOCCO;

BARRETO, 2000). Como a diminuição da atividade física provoca diminuição do

peristaltismo, conseqüentemente, há retenção das fezes.

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Para Smeltzer e Bare (2005), a mobilidade é responsável pela manutenção

do tônus e resistência muscular (abdominal) enquanto a diminuição ou restrição de

movimentos pode causar constipação.

De acordo com Andrade, Silva, Mendonça et al. (2003) o sedentarismo e a

falta de exercícios contribuem para o surgimento de sintomas da constipação, pois

favorecem a eficácia dos movimentos peristálticos e o desenvolvimento da

musculatura abdominal, que irá atuar no hábito de defecação.

Quanto à relação entre a constipação e a medicação, conforme Andrade,

Silva, Mendonça et al. (2003) relatam que vários medicamentos têm como efeitos

adversos a constipação, entre eles, os antiarrítmicos e anti-hipertensivos e os

diuréticos. Esses medicamentos são bastante utilizados pelos pacientes do estudo,

pois fazem parte do tratamento farmacológico para IC.

Ao discutirem os hábitos alimentares, Roy e Andrews (1999) ressaltam que

a quantidade e o tipo de dieta são importantes para o padrão de eliminação. No

presente estudo, consoante observou-se, alguns participantes mantinham hábitos

alimentares insuficientes e, entre esses hábitos, a ingesta diminuída de fibras. Tal

estímulo, no entanto, não tem relação direta com a IC, mas pode ser decorrente de

hábitos culturais e econômicos.

A causa mais comum de constipação é a ausência de fibras na

alimentação. Além de atuar na prevenção de doenças intestinais, como constipação,

hemorróidas, hérnia hiatal, doença diverticular e câncer de cólon, a fibra alimentar

pode contribuir, também, na prevenção e no tratamento da obesidade, na redução

do colesterol sangüíneo, na regulação da glicemia após as refeições e, ainda,

diminuir o risco de doenças cardiovasculares e diabetes (MARLETT; MCBURNEY;

SLAVIN, 2002).

Como asseveram Alves, Cherulli, Mannarino et al. (2005), as fibras

interferem na função intestinal. Esse componente da dieta atua por meio dos

seguintes mecanismos: absorção da água pela fibra causando aumento do volume

fecal e, conseqüentemente, estímulo da peristalse; ação bacteriana sobre as fibras,

levando à formação de ácidos orgânicos que atuam de forma irritativa e osmótica no

cólon, estimulando sua contração.

Mais uma vez, como profissional, e mediante seu cuidado, a enfermeira tem

papel fundamental na detecção clínica de constipação e das causas dessas nos

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pacientes. Com esta finalidade, seu cuidado deve enfocar a prevenção e tratamento

da constipação de acordo com a necessidade de cada paciente.

É preciso enfatizar a importância de adquirir um hábito intestinal, ou seja,

adotar horários diários para evacuação. Faro (2000) sugere que as evacuações

sejam feitas após as refeições, aproveitando o refluxo gastrocólico. Orienta também

sobre uma massagem feita da direita para a esquerda com a mão espalmada, a

qual se realizada, após trinta minutos das refeições, pode contribuir para a

estimulação da motilidade intestinal.

Surge-se, também, o consumo de uma dieta bem equilibrada, a exemplo de

frutas, hortaliças e fibras. Mas essa orientação alimentar deve ser em conjunto com

os pacientes e/ou família, pois deve se atentar para as condições econômicas

dessas pessoas. Quanto ao estímulo da prática de exercícios, é orientado levando

em consideração as limitações provocadas pela IC.

Alguns estímulos já citados foram identificados no estudo como

dificultadores ou causadores de constipação. Diante disto, foram propostas

intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008), tais como:

• Monitorar sinais e sintomas da constipação

• Explicar ao paciente a etiologia do problema e a justificativa das ações

• Orientar o paciente/família sobre a dieta com elevado teor de fibras

• Orientar o paciente/família sobre a relação entre a dieta, o exercício e a

ingestão de líquidos e a constipação/impactação

• Ensinar ao paciente/família os processos digestivos normais.

A implementação dessas intervenções de enfermagem associada com a

participação dos pacientes contribuirá para o controle e/ou melhora da constipação

referida pelos participantes.

No componente eliminação, o problema incontinência urinária foi

identificado em uma participante que no momento da coleta dos dados apresentava

infecção urinária. Portanto, não estava relacionado à IC.

Entre as mais freqüentes infecções bacterianas do ser humano, inclui-se a

infecção do trato urinário sintomática, predominando entre os adultos do sexo

feminino. Alguns fatores aumentam o risco na mulher como: episódios prévios de

infecção urinária, o ato sexual, a gestação, o número de gestações, o diabetes e a

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higiene deficiente, principalmente em mulheres obesas e com piores condições

social econômicas (VALIQUETTE, 2001).

Apesar de ter sido um fato particular é importante o cuidado de enfermagem

na infecção urinária a fim de evitar maiores complicações ocasionadas pela doença

e manter um ótimo padrão de eliminação da urina. Diante disto, algumas

intervenções de enfermagem conforme a NIC (2008) foram propostas, tais como:

• Monitorar a eliminação urinária, incluindo a freqüência, o odor, o volume e a

cor

• Orientar o paciente sobre sinais e sintomas de infecção do trato urinário

• Encaminhar o paciente ao médico.

No componente atividade e repouso foram identificados os seguintes

problemas de adaptação e estímulos: intolerância à atividade cujo estímulo era o

desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio; padrão inadequado de

atividade e repouso devido a doença IC e privação de sono ocasionada pelo

desconforto físico.

Segundo se percebe, os problemas de adaptação e os estímulos

identificados estão diretamente associados entre si e com a fisiopatologia,

manifestações clínicas e complicações da IC. Isto é, o desequilíbrio entre a oferta e

a demanda de oxigênio e a resistência vascular diminuída são características

fisiopatológicas da IC e ocasionam manifestações clínicas como desconforto físico

ao realizar atividades e outras manifestações que alteram o padrão de sono,

provocando diminuição das atividades diárias e qualidade de vida dos portadores de

IC.

A IC é uma síndrome clínica e complexa que vai muito além de falha na

“bomba cardíaca”. É um problema sistêmico, neuro-hormonal que envolve

alterações metabólicas, na musculatura esquelética e aumento no tônus vasomotor.

As manifestações periféricas da IC, como a disfunção endotelial, alterações

musculares esqueléticas e distúrbios no controle ventilatório, são determinantes

para a intolerância ao exercício e tal fato é ocasionado pelo comprometimento da

perfusão periférica e do metabolismo muscular (FERARRI; BACHETTI; AGNOLETTI

et al., 1998).

Consoante relata Joyner (2004), nos últimos 25 anos houve um grande

avanço no conhecimento da fisiopatologia do exercício na IC, permitindo demonstrar

que alterações estruturais, funcionais e metabólicas dos sistemas músculos-

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esqueléticos, respiratório e nervoso, junto com o sistema cardiovascular estão

envolvidos na intolerância ao exercício. Tudo isto contribui para redução na

capacidade funcional.

Dal Lago, Stein, Ribeiro (2005) corroboram este relato, ao afirmar que as

anormalidades da resposta cardiovascular, músculo-esqulética e ventilatória durante

o exercício na IC são multifatoriais e mais complexas do que se pensava

anteriormente. Durante o exercício, as alterações periféricas parecem ter

participação fundamental na resposta funcional. A fadiga está associada às

anormalidades musculares e vasculares periféricas; a dispnéia está relacionada

com as modificações do sistema respiratório e com as anormalidades metabólicas

dos músculos periféricos.

Diante dessas características, segundo esses autores acreditam, em

pacientes com IC compensada o condicionamento físico resulta na reversão de

diversas alterações fisiopatológicas que limitam a capacidade funcional desses

pacientes.

Ante o interesse na ampliação da capacidade funcional dos portadores de

IC vários trabalhos foram produzidos. Em 1999, publicou-se o primeiro estudo

randomizado com 99 pacientes para determinar se o exercício moderado, a longo

prazo, poderia melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida em pacientes

com IC. Os resultados do estudo mostraram melhora na capacidade funcional e na

qualidade de vida de pacientes treinados. Posteriormente, outros estudos como o de

Piña, Apstein, Balady et al. (2003) e Thompson, Buchner, Pinã et al. (2003)

demonstraram que a atividade física pode ser segura para pessoas com IC.

De acordo, porém, com Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002),

dependendo da gravidade da doença, a intolerância ao exercício pode ser um dos

fatores limitantes durante a realização de atividades da vida diária. Portanto, a

orientação deve ser individualizada conforme o grau de IC e a idade do paciente.

No presente estudo, a maioria dos participantes relatou não praticar

atividade física por apresentarem dispnéia aos esforços e/ou fadiga, estando, pois,

em um grau de IC mais avançado e também pela idade.

Contudo, como recomendada, a orientação para atividade física deve estar

incluída no tratamento não-farmacológico da IC e deve ser abordada nas consultas

de enfermagem, mas de forma individualizada e em conjunto com os pacientes, a

fim de não sobrecarregar o trabalho cardíaco.

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O estímulo desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio e os

sintomas causados por ele é uma característica da IC, sendo, portanto, um

processo fisiopatológico. De modo geral, os participantes do estudo relataram

dispnéia aos esforços e essa pode ocasionar complicações mais sérias. Neste

momento, o enfermeiro pode implementar intervenções clínicas de enfermagem e

deve ficar atenta à tolerabilidade de cada pessoa. Entre as possíveis intervenções

de enfermagem incluem-se as seguintes:

• Investigar experiências anteriores com exercícios

• Investigar as barreiras ao exercício

• Auxiliar o indivíduo a desenvolver um programa de exercícios apropriado, se

indicado.

Outro problema de adaptação foi a privação no sono, que teve como

estímulo o desconforto físico. Este, nos participantes do estudo, foi causado pelo

desconforto físico decorrente da IC. Os pacientes relataram falta de sono e

interrupção do sono devido a falta de ar e a tosse.

Segundo Smeltzer e Bare (2005), as pessoas com IC podem apresentar

ortopnéia, isto é, a dificuldade de respirar quando deitam. Algumas dessas pessoas,

porém, apresentam dispnéia apenas à noite: é a conhecida dispnéia paroxística

noturna. Tal fato ocorre porque a pessoa que passou um longo período sentado

com os pés e as pernas pendentes acumulam líquidos durante o dia e esse é

absorvido para dentro do volume circulante. Tais sintomas comprometem a

qualidade de sono dos pacientes que os apresentam.

Stocco e Barreto (2002) relatam que os pacientes portadores de IC em

virtude da disfunção do ventrículo esquerdo manifestam insônia como um dos sinais

e sintomas, isto é, o baixo fluxo cerebral ocasiona este problema.

Contudo, no estudo ora elaborado, segundo se acredita, a privação de sono

dos participantes do estudo advém não só problemas físicos, mas de problemas

psicossociais ocasionados pela IC, como aposentadorias precoces, diminuição da

renda familiar, medo da morte, problemas familiares e efeitos colaterais de

medicações.

As desordens do sono são comuns e multifatoriais e o risco aumenta com a

idade, apesar de ser comum em todos os estágios da vida. Dessas desordens, a

mais prevalente é a insônia, considerada como um problema de saúde pública e

definida como uma dificuldade para iniciar o sono ou para se manter dormindo.

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Neste momento, pode haver uma diminuição total ou parcial da quantidade e/ou da

qualidade do sono (AVIDAN, 2005; SUMMERS; CRISOSTOMO; STEPANSKI,

2006).

Outro estudo confirma as desordens do sono. Por exemplo, o de Sá, Mota e

Oliveira (2007) concluiu que há uma alta prevalência de insônia crônica, sobretudo

entre os idosos, e que a privação de sono interfere na qualidade de vida dessas

pessoas.

Mais uma vez o enfermeiro pode exercer sua prática e no seu cuidado

clínico de enfermagem deve enfocar não apenas o desconforto físico que causa a

insônia, mas também as conseqüências desta para a qualidade de vida dos

pacientes. Conforme observado, o padrão de sono inadequado interfere na

adaptação, pois pode provocar instabilidade de humor, afetar as atividades diárias,

o relacionamento com as pessoas, causar ansiedade.

Como o estímulo desconforto físico é próprio da doença apresentada pelos

participantes, a enfermeira pode desenvolver algumas intervenções de enfermagem

segundo a NIC (2008), quais sejam:

• Determinar o padrão de sono/atividade

• Orientar o paciente para monitorar os padrões de sono

• Monitorar a participação em atividades que produzem fadiga durante o sono

• Auxiliar a eliminar situações estressantes antes do horário de dormir

• Orientar o paciente e as pessoas significativas sobre os fatores que

contribuem para distúrbios no sono (fisiológicos, psicológicos, estímulos de

vida).

A enfermeira ao implementar essas intervenções basearão seu cuidado

clínico nas conseqüências da privação do sono a fim de facilitar os ciclos regulares

de dormir/acordar.

No componente sentidos foram identificados dois problemas de adaptação:

dor aguda e percepção sensorial perturbada- visão. Neste estudo, 16 pessoas

(57,1%) relataram dor e esta era aguda, já que havia se manifestado até seis

meses. As queixas dos pacientes foram de cefaléia, epigastralgia, precordialgia,

membros inferiores e dor nos ossos. Destas, a dor mais relatada foi a epigastralgia,

por 8 pessoas (28,6%).

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Acredita-se que as queixas de dores no estômago estejam associadas ao

tratamento medicamentoso da IC, isto é, a quantidade de medicamentos utilizados

diariamente e a ausência de um medicamento de proteção gástrica. Essa dor pode

estar relacionada, também, com os eventos adversos dos medicamentos.

Diante da doença e da medicação, exige-se adaptação. Entre as várias

condições necessárias para adaptação de uma pessoa, há o alívio ou ausência da

dor, pois essa interfere na qualidade de vida e pode desencadear estresse e

depressão. O estímulo medicação, identificado como responsável pela dor, é

importante no tratamento dos pacientes, portanto, não pode ser eliminado. Propõe-

se, então, as seguintes intervenções de enfermagem, conforme a NIC (2008):

• Realizar uma avaliação abrangente da dor, que inclua o local, as

características, o início, a duração, a freqüência, a qualidade, a intensidade

ou gravidade da dor e os fatores predisponentes

• Investigar o conhecimento e as crenças do paciente acerca da dor

• Determinar o impacto da experiência da dor sobre a qualidade de vida

• Investigar com o paciente os fatores que aliviam/pioram a dor

• Investigar o uso atual que o paciente faz de métodos farmacológicos de alívio

da dor

• Avaliar com o paciente e a equipe de cuidados de saúde a eficácia de

medidas de controle da dor que têm sido utilizadas.

A enfermeira ao desenvolver essas intervenções de enfermagem estará

desenvolvendo um cuidado clínico de forma a promover alívio da dor ou conforto a

um nível de adaptação aceitável para a pessoa.

Quanto à deficiência do sentido primário - visão, o estímulo mais

encontrado foi a catarata, em 12 pessoas. Em âmbito mundial, a catarata é a

principal causa de cegueira e é definida como qualquer opacidade do cristalino, que

não necessariamente afete a visão. De modo geral, as pessoas idosas têm mais

chances de desenvolver catarata e a maioria dessas pessoas está acima de 50

anos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).

O estímulo catarata afeta na adaptação do indivíduo, pois a visão

diminuída pode causar problemas no desempenho de atividades diárias,

ocasionando problemas de depressão, retraimento negação dentre outros.

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Portanto, durante o exame físico realizado pela enfermeira na consulta de

enfermagem, é importante que o problema visual seja detectado com a finalidade de

se orientar os pacientes e esclarecê-los sobre a importância de medidas de

segurança e sobre a necessidade de consulta com médico especializado no assunto

no intuito de corrigir o problema e, assim, evitar a cegueira.

As intervenções de enfermagem selecionadas para as pessoas com esse

problema segundo a NIC (2008) foram:

• Prevenir quedas

• Oferecer suporte emocional

• Encaminhar o paciente com problemas visuais à instituição adequada.

Como observado, o componente fluidos, eletrólitos e balanço ácido-base

apresentou apenas um problema de adaptação, o edema, e teve como estímulo os

mecanismos reguladores comprometidos. Esse problema está associado às

alterações produzidas no sistema cardiovascular.

Segundo Stocco e Barreto (2002), o edema é o acúmulo de líquidos no

espaço intersticial e uma das manifestações clínicas tanto da IC esquerda quanto da

IC direita. No estudo ora elaborado, o edema se manifestou em decorrência da IC

direita e os pacientes apresentaram edema nos pés e tornozelos.

De acordo com Smeltzer e Bare (2005), quando o ventrículo direito falha, o

coração não consegue ejetar o sangue e, então, ocorre a congestão de vísceras e

dos tecidos periféricos. Inicialmente, o edema localiza-se nos membros inferiores,

pela ação da gravidade, começa nos maléolos. À medida que vai progredindo atinge

pernas e coxas, mas diminui quando o paciente eleva as pernas.

No cuidado de enfermagem ao paciente com IC, deve se orientar, entre

várias outras atividades, sobre a restrição hídrica, porém, no estudo desenvolvido

por Rabelo, Domingues, Aliti et al. (2003), com pacientes ambulatoriais, 56% desses

pacientes relatam não terem sido orientados neste aspecto na consulta de

enfermagem.

Segundo Gibbs e Lip (2000), a restrição de líquidos continua sendo uma

das bases do tratamento não-farmacológico da IC, porém essa restrição varia de

acordo com a classe funcional e condição clínica do paciente. Como regra,

contudo, recomenda-se que a ingestão de líquidos não ultrapasse 1200 a 1500 ml.

Já Barreto e Bocchi (2003) recomendam na prática, um consumo de 500 a 1500 ml

por dia, com o objetivo de prevenir descompensações. No entanto, diretrizes

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nacionais e internacionais não mencionam a quantidade de líquidos a ser prescrita

(AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2001; BARRETO; DRUMOND NETO; MADY,

2002).

Estudiosos europeus realizaram um estudo randomizado, no qual o grupo

controle foi orientado para uma restrição hídrica de 1500 ml por dia e o grupo

intervenção para a ingesta de uma quantidade individualizada de líquido por dia (30-

35 ml/kg/dia). Os resultados desse estudo mostraram que a ingesta hídrica,

baseada na necessidade fisiológica, melhora a sensação de boca seca e de sede e

ainda auxilia o paciente no estresse relacionado ao seu tratamento (HOLST;

STRÖMBERG; LINDHOLM et al., 2003).

Acredita-se que a orientação sobre ingestão de líquido depende da

condição clínica do paciente e da classe funcional deste. Entretanto, não deve ser

imposta e, sim, trabalhada, pois como se observa muitas vezes na prática os

pacientes não são orientados e apenas seguem as “recomendações” divulgadas

nos diversos meios, sobretudo quanto à importância da ingestão de água para a

saúde. Ademais, por usarem diuréticos, supõem que ao perderem líquido é preciso

repô-lo.

O estímulo responsável pelo edema foi o comprometimento dos

mecanismos reguladores. Este não pode ser eliminado, mas monitorizado. A seguir

serão apresentadas algumas intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008):

• Determinar a história da quantidade e do tipo de ingestão de líquidos e dos

hábitos de eliminação

• Monitorar o peso

• Monitorar a ingestão e a eliminação

• Monitorar a pressão sangüínea, a freqüência cardíaca e o padrão respiratório

• Monitorar veias do pescoço dilatadas, creptações nos pulmões, edema

periférico e aumento no peso.

A enfermeira no seu cuidado clínico, ao trabalhar com essas

intervenções, objetiva monitorar e regular clinicamente o equilíbrio hídrico com

vistas à percepção precoce de complicações.

Tal como o componente fluidos, eletrólitos e balanço ácido-base, a função

neurológica também apresentou somente um problema de adaptação, déficit de

memória, cujo estímulo foi o distúrbio ambiental excessivo. Contudo, associado aos

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distúrbios do ambiente, o fator idade contribuiu significantemente para a memória

prejudicada.

No idoso, a perda da memória é uma das principais queixas, sendo

considerada como um problema natural que não o impede levar sua vida

normalmente (VIEIRA, 2007).

Para Machado e Dutra (2006), tal perda vem sendo uma das queixas

predominantes nos atendimentos ambulatoriais. Isto preocupa pacientes e

familiares. Estes autores desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar o nível

de perda de memória dos idosos a partir de 60 anos de idade. Foram avaliados

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Exemplifica-se: uma participante tinha DM e desenvolveu como

complicação a doença vascular periférica. Ela teve uma lesão nos pododáctilos

devido a um corte no pé. Tal lesão não cicatrizou, infeccionou e levou à amputação

de dois pododáctilos.

O pé diabético é uma das principais complicações do DM. Caracterizado

pela presença de lesões nos pés decorrentes de neuropatias periféricas, doença

vascular periférica e deformidades, representa uma parcela significativa de

internações hospitalares prolongadas, morbidade e mortalidade. Como mostra a

literatura, as complicações, de caráter crônico, ocorrem em média dez anos após o

aparecimento da doença e, associadas às infecções, podem evoluir para

amputações não traumáticas de membros inferiores (MILMAN; LEME; BORELLI,

2001;PACE; NUNES; VIGO, 2003).

Conforme asseverado no estudo de Milman, Leme, Borelli et al. (2001), o

pé diabético é uma patologia grave no nosso meio, levando a uma alta taxa de

amputações, internações prolongadas e altos custo hospitalares.

As amputações são, pois, mais prevalentes em pessoas portadores de DM,

que apresentam um risco de 15 a 46 vezes maior de ocorrência quando

comparadas àquelas com glicemias normais (HUNT, 2002).

Dados de pesquisas realizadas nos Estados Unidos indicam que de 9 a

20% de pessoas com DM precisam ser submetidas a segunda amputação e cerca

de 28 a 41% que sobrevivem precisam fazer uma segunda intervenção na mesma

perna. Diante de dados como estes, faz-se necessário implementar a prevenção

mediante programas de educação e treinamento com vistas ao cuidado com pés

(ZAVALA; BRAVER,2000; ABARCA; PADILHA, 2001).

Para Haas e Ahroni (2001), a educação na assistência ao pé é mais que

transmitir informações. Seu objetivo primordial é a mudança no comportamento.

Essa educação envolve a pessoa diabética em todas as fases do processo

educacional, pois, para assumir a responsabilidade do papel terapêutico, as

pessoas diabéticas precisam ter conhecimentos acerca das suas necessidades e

interesses.

Logo, a enfermeira deve estar atenta aos portadores de DM, sobretudo por

meio de controle glicêmico, da educação em saúde e do cuidado com os pés, com a

finalidade de prevenir amputações e outras complicações. Nesse intuito, algumas

intervenções de enfermagem com base na NIC (2008) foram selecionadas:

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• Examinar a pele em busca de evidências de higiene insatisfatória

• Examinar as unhas dos pés

• Examinar a pele quanto a cor, temperatura, hidratação, fissuras ou lesões

• Examinar entre os dedos em busca de fissuras ou lesões

• Determinar o estado de mobilidade

• Monitorar a força muscular nos tornozelos e nos pés

• Examinar os pés quanto a evidência de pressão

• Perguntar acerca da presença de parestesias

• Palpar pulsos dorsais dos pés e tíbia posterior

• Determinar reações proprioceptivas

• Monitorar a adequação dos sapatos

• Identificar serviços especializados de cuidados dos pés, quando necessário.

Essas intervenções clínicas de enfermagem ao serem implementadas pelas

enfermeiras buscam evitar lesões em extremidades inferiores, principalmente em

pessoas com DM.

Salienta-se a importância e a necessidade de planejar e, posteriormente

implementar as intervenções clínicas de enfermagem no modo fisiológico com vistas

a adaptação. Ressalta-se que algumas intervenções de enfermagem não possam

eliminar os problemas, mas minimizá-los com vistas a evitar complicações maiores.

MODO DE DESEMPENHO DE PAPEL

No referente a este modo, apenas um problema de adaptação foi

identificado: a falha no papel. Para Roy e Andrews (1999), na falha de papel, o

indivíduo não quer assumir o papel. Isto é decisivo, pois o elemento-chave desse

papel é o desejo individual. Esse problema teve como estímulos a doença IC, a

complexidade terapêutica desta e as dificuldades econômicas decorrentes de

alteração na vida provocada por essa doença.

Logo, os estímulos estavam relacionados à IC. Isto é, a IC é um problema

complexo que provoca sintomas físicos passíveis de alterar as atividades de

trabalho dos pacientes. Mencionada alteração pode ocasionar diminuição da renda e

como conseqüência, as dificuldades econômicas. Ademais, é uma doença que exige

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modificações no estilo de vida. Para muitas pessoas, tais modificações são difíceis

de serem realizadas.

De acordo com Roy e Andrews (1999), o modo de desempenho de papel é

dividido em: papéis, primários, secundários e terciários.

O papel primário determina a maioria dos comportamentos que a pessoa

adquire durante um período particular da vida. Isso é definido pela idade, sexo e

estágio desenvolvimental (ROY, ANDREWS, 1999). No presente estudo, o papel

primário foi desempenhado por 21 participantes homens e sete mulheres. Quanto à

idade, variou de 30 a 80 anos.

Já o papel secundário, segundo a mesma fonte, é aquele que a pessoa

assume para completar a tarefa do estágio desenvolvimental do papel primário

(ROY;ANDREWS, 1999). Em relação aos papéis secundários, eram

desempenhados pelos participantes homens na condição de marido, pai, filhos,

trabalhadores e provedores de sustento da família, enquanto as mulheres

apresentavam o papel de esposa, mãe, dona de casa e trabalhadora. Tanto os

homens quanto as mulheres desempenhavam na condição de pessoas com

comprometimento de saúde que necessitavam de mudança no estilo de vida.

Porém, em relação ao papel de trabalhador e provedor de sustento da

família, dos 21 participantes homens, dezenove tinham comprometimento nesse

papel. Segundo relataram, eles não podem e não exercem mais as atividades de

trabalho desde o surgimento dos sintomas da doença. Sobre esse aspecto, alguns

participantes discursam:

“[...] eu deixei de fazer muita coisa, aliás deixei de fazer quase tudo. Não trabalho. Tudo o que eu quero preciso pedir ou pagar alguém e isso é muito triste” (E 9). “[...] hoje eu não tenho mais vida, não posso mais fazer nada, trabalhar[...]” (E 13). “[...] antes da doença eu tinha uma vida de muita satisfação, eu era feliz e não sabia, porque eu podia trabalhar, ganhar meu dinheiro e hoje não posso fazer mais nada” (E15).

“[...] trabalhava demais [...], hoje sou parado, não posso trabalhar porque o cansaço não deixa” (E 17).

Quanto às participantes, das sete mulheres, cinco apresentaram alteração no

papel de trabalhadora e dona de casa e, dessas cinco, duas tinham alteração

também no papel de mãe. De acordo com tal papel as participantes relatam:

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“Minha vida era normal, fazia tudo, mas agora não posso fazer mais nada, principalmente os trabalhos de casa, porque me dá logo uma canseira” (E 4) “[...] antes eu trabalhava fora e em casa, fazia comida, lavava roupa, varria casa. Hoje eu sou quase morta” (E 8). “[...] deixei de trabalhar na roça porque os médicos proibiram, disseram que eu ia morrer se continuasse a trabalhar. Parei de fazer as coisas da minha casa porque até varrer fico botando a língua para fora” (E 11). “[...] nem tomar banho em pé posso, quanto mais trabalhar. Tudo o que eu faço canso, não posso trabalhar nas casas de família e, as condições lá em casa ficaram péssimas, porque só meu marido trabalha e só ganha um salário.Também não pude aproveitar minha filha como aproveitei a outra. Nunca peguei minha filha nos braços” (E 7). “Minha vida era de trabalho, tanto na roça quanto em casa e das filhas. Hoje não consigo trabalhar, não recebo dinheiro, meu marido tá desempregado, tá horrível” (E 12).

Ao se observar os estímulos responsáveis pela falha no papel de

trabalhador (nos homens e nas mulheres) e dona de casa, identificaram-se a IC e

seus sintomas físico, isto é, a ocorrência da IC levou à necessidade de afastamento

do trabalho em virtude das limitações físicas impostas pela doença. Como as

principais manifestações da IC são a dispnéia e a fadiga, podem limitar a tolerância

ao exercício (HUNT, 2001;ARONOW, 2003).

Conforme mencionaram, os participantes do estudo apresentavam dispnéia

ao realizar atividades e, portanto, não conseguiam exercer o trabalho de antes. Esta

situação é comprometedora, pois a falha no papel de trabalhador tem como

conseqüência a diminuição da renda e, por extensão, do sustento da família.

Os participantes também manifestaram falha no papel de pessoas que

necessitavam de mudanças no estilo de vida. Tal falha estava relacionada à

complexidade do regime terapêutico e às dificuldades econômicas. Sobre esses

aspectos, os pacientes relataram:

“A gente tem que fazer muita mudança, principalmente na alimentação, e isso é muito difícil [...] deixar de comer um churrasco, beber uma cervejinha [...] (E 1).

“Eu não sigo o que eles mandam não, é muita coisa e também porque é ruindade minha mesmo” (E2).

“É difícil com o que a gente ganha ter que tomar os comprimidos caros. Tem mês que acaba e não tomo ou tenho que deixar de

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pagar alguma coisa, mas sei que tenho é que tomar porque o médico disse que se eu não tomar eu vou morrer” (E4).

“[...] de repente você tem que mudar, tem que tomar remédio todo dia e são muitos remédios e caros” (E 5).

“[...] não é fácil mudar sua vida, a comida, o trabalho, ter que tomar remédio, às vezes dá uma tristeza” (E 28).

Como se observa nos relatos, os participantes tinham dificuldades em

seguir a terapêutica da IC por ser complexa e exigir mudanças no estilo de vida e

também pelas dificuldades econômicas. Consoante mencionado, a renda familiar

predominante nos participantes do estudo era entre 1 e 3 salários mínimos, portanto,

insuficiente para a compra de remédios.

Segundo Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002), não há cura para IC.

Assim, a terapêutica baseia-se na melhora dos sintomas e da qualidade de vida,

bem como no prolongamento dessa, enquanto o tratamento abrange as mudanças

no estilo de vida, uso de medicamentos e procedimentos cirúrgicos.

O regime terapêutico não-farmacológico da IC requer inúmeros ajustes no

estilo de vida, como evitar exageros na alimentação, limitar o aporte hídrico e salino,

a prática de atividade física, quando possível, além de abolir álcool e fumo

(BARRETO;BOCCHI, 2003).

Outra dificuldade no seguimento do tratamento da IC era a econômica,

como enfatizado por algumas falas. Conforme os participantes verbalizaram, eles

não teriam condições financeiras para comprar todos os medicamentos prescritos, já

que a maioria não é distribuída gratuitamente, sobretudo os de maior custo

econômico.

Atualmente, a assistência farmacêutica é um dos grandes desafios e

prioridades do Sistema Único de Saúde, e o acesso ao medicamento é um dos

maiores problemas dos sistemas de saúde. Segundo o IBGE, 55% das pessoas não

podem pagar os medicamentos, em especial os de uso contínuo, relacionados às

doenças crônicas. Para suprir esta carência, o governo federal tem garantido o

fornecimento de remédios para a rede pública através dos Programas de Farmácia

Popular (SILVA, 2004).

Apesar dos esforços, nem todos os medicamentos são distribuídos. Esta

afirmação é corroborada por Lima, Pereira e Chianca. (2006), cujo estudo mostra

que as pessoas pesquisadas apresentavam o controle ineficaz do regime

terapêutico, em decorrência da terapia medicamentosa e déficit financeiro.

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No estudo desenvolvido por Correa, Santos, Sousa et al. (2006), também se

enfocam as dificuldades financeiras. Entre as queixas encontradas dos pacientes

com IC, 24% dizia respeito, a gastos excessivos com a medicação; 24% à

dificuldade financeira e 11% à quantidade exagerada de remédios.

O controle ineficaz do regime terapêutico é comum quando as pessoas ou

famílias acometidas por problemas de saúde agudos ou crônicos enfrentam

programas de tratamento que exigem mudanças nos estilos de vida e nos

comportamentos que influenciam a saúde.

De acordo Aliti, Rabelo, Domingues et al. (2007) a complexidade do manejo

das pessoas com IC é um desafio para a equipe de saúde envolvida. Nessa equipe,

a atuação da enfermagem é fundamental.

Como membro dessa equipe, a enfermeira pode trabalhar na educação e

orientação dos pacientes quanto à terapêutica da IC, esclarecendo a etiologia da

doença, os sintomas de descompensação, a importância da aderência ao tratamento

medicamentoso e não-medicamentoso, a educação para repouso e exercício, a

dieta e hábitos sociais. Inclui-se, ainda, ajuda na adaptação das mudanças no estilo

de vida.

Para serem eficazes, as intervenções de enfermagem devem se centrar nos

estímulos identificados associados à IC e suas conseqüências, como a

complexidade terapêutica e condições econômicas, visando melhorar as relações

por meio de esclarecimento e da suplementação de comportamentos específicos.

Entre as intervenções da NIC (2008), ressaltam-se:

• Auxiliar o paciente a identificar os vários papéis na vida

• Auxiliar o paciente a identificar seu papel usual na família

• Auxiliar o paciente a identificar a ineficiência do papel

• Auxiliar o paciente a identificar as mudanças necessárias ao papel, devido a

doença ou incapacitação

• Auxiliar o paciente a identificar estratégias positivas para lidar com as

mudanças de papel

• Facilitar a discussão de adaptações de papel pela família, de modo a

compensar as mudanças de papel dos membros doentes

• Ensinar novos comportamentos necessários ao paciente de modo a satisfazer

ao papel.

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• Auxiliar o paciente a identificar estratégias positivas para lidar com as

limitações e administrar mudanças necessárias no estilo de vida e no

desempenho de papéis

• Avaliar o atual nível de conhecimento do paciente ao processo de doença

específico

• Descrever o processo da doença

• Oferecer informações sobre as medidas de diagnóstico disponíveis

• Discutir mudanças nos estilos de vida que podem ser necessárias para

prevenir complicações futuras e controlar o processo da doença

• Descrever as razões que fundamentam as recomendações sobre tratamento

Discutidos o papel primário e o secundário, passa-se agora ao papel

terciário, o qual está relacionado primariamente ao papel secundário. É normalmente

temporário e de livre escolha pelo indivíduo e nele podem estar incluídas atividades

como clubes e passatempo (ROY; ANDREWS, 1999). Neste papel, percebem-se

atividades associadas à tentativa de distração e de adaptação às limitações e

mudanças ocasionadas pela doença. Percebe-se, também, uma espécie de fuga.

Nos depoimentos dos participantes apenas oito relataram não ter atividades

de lazer ou passatempo, por falta de disposição. Os outros, em suas falas, citaram:

passeio e conversa na casa de amigos, dos filhos, brincadeira com netos, ida à

igreja, jogo de dominó e baralho, programas de televisão, pescaria, reunião com a

família e cuidar dos passarinhos.

“O meu lazer é ir para o grupo de idosos da igreja. É muito bom conversar com outras pessoas iguais a mim” (E 4).

“O que me distrai e me faz esquecer dos problemas é brincar com meus netos e cuidar dos meus passarinhos” (E 13).

“Onde eu moro não tem muito o que fazer, por isso meu lazer é ver televisão, assistir novelas” ( E 12).

Embora apenas oito participantes afirmam não terem atividades de lazer e

passatempo, esse dado é significativo, pois como mencionam Berry e Macmurray

(1999), a piora funcional da IC pode limitar atividades da vida diária, a interação

social, a recreação, divertimento e satisfação com a vida geral.

O convívio com uma doença crônica constitui uma tarefa complexa por

exigir modificações no estilo de vida. Entre as doenças crônicas, sobressai a IC, que

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requer mudanças e ocasiona muitas limitações físicas. Mesmo nessas condições,

essas pessoas devem ter atividades de lazer, passatempo que as distraiam, ocupem

seu tempo e ajudem no processo de adaptação à doença e à mudança por ela

ocasionada na busca de uma vida com mais qualidade.

Para promover relaxamento e intensificação das habilidades sociais, ans

intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008) devem enfocar as atividades de

lazer e recreação. Com esta finalidade, devem adotar as seguintes medidas:

• Auxiliar na identificação das atividades recreativas favoritas das pessoas

• Monitorar as capacidades físicas e mentais para a participação de atividades

recreativas

• Oferecer reforço positivo para a participação nas atividades.

Assim como nos outros modos citados, fisiológico e autoconceito, acredita-

se que para alcançar adaptação no modo de desempenho de papel, é necessária a

implementação das intervenções clínicas de enfermagem citadas, salientando

também a participação e vontade do paciente e da família.

MODO DE AUTOCONCEITO

Neste modo foram identificados os seguintes problemas de adaptação:

disfunção sexual e sentimento de impotência. Conforme se percebe, tais problemas

de adaptação estão relacionados diretamente com a IC e/ou com suas

conseqüências. Quanto ao estímulo desses problemas, foi o mesmo, isto é, a

doença IC que provocou alterações no conceito do indivíduo sobre si mesmo,

dificultando o processo de adaptação à doença e às mudanças necessárias nos

estilos de vida.

O modo em discussão é dividido em eu físico e eu pessoal. O eu físico

compõe-se de sensação corporal e imagem corporal. Já a imagem corporal é a

visão da pessoa sobre o eu físico e a aparência pessoal. Como sensação corporal

incluem-se sentimentos e experiências do eu em relação ao físico (ROY;

ANDREWS, 1999).

O eu pessoal abrange o eu consistência, o eu ideal e o eu ético, moral e

espiritual. Enquanto o eu consistência representa a visão do eu no referente ao

desempenho atual ou resposta à situação, como traços da personalidade, o eu ideal

é o aspecto do eu componente da pessoa relacionado ao que esta gostaria de ser

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ou era capaz de fazer. E o eu ético, moral e espiritual é a sensação do eu em

relação as crenças éticas; a visão do eu em relação ao sistemas de valor, crenças

sobre o “ certo” e o “errado” (ROY;ANDREWS, 1999).

Sobre o eu físico, percebeu-se que houve alteração apenas na sensação

corporal, sendo o problema de adaptação a disfunção sexual. Esta disfunção pode

ter sido causada por um ou vários fatores associados direta ou indiretamente à IC.

De um modo geral, a presença de disfunção erétil em pacientes com IC é

comum, e muitas vezes é difícil determinar a etiologia do problema. Vários fatores

contribuem para esta disfunção, tais como: limitação física decorrente da IC;

transtornos psicológicos ocasionados pela doença; efeitos colaterais das

medicações utilizadas (betabloqueadores e diuréticos) e disfunção orgânica

provocada por comorbidades, como HAS e DM (AMERICAN HEART

ASSOCIATION, 2001;BARRETO; DRUMOND NETO; MADY, 2002, BOCCHI, 2004).

Consoante acreditam Rerkpattanapipat, Stanek e Kotler. (2001) há diversas

explicações para o comprometimento da atividade sexual após problemas cardíacos.

Entre estas, citam o medo da morte, reinfarto, dispnéia, ansiedade, angina do peito,

ansiedade, impotência, alterações no desejo sexual, perda da libido e sensação de

culpa.

No estudo ora elaborado, dos 28 participantes, 24 mencionaram disfunção

sexual, como mostram os seguintes relatos:

“A parte do sexo foi uma coisa que me afetou muito, não tenho a mesma vontade que eu tinha antes e além do mais canso muito” (E 1).

“Sou uma pessoa jovem e é muito ruim não poder ser o que eu era antes na parte do sexo. Até gostaria de saber por que é assim” (E 4).

“Depois da doença, mudei muito até no sexo, porque diminui o número de vezes, tenho medo de morrer e muitas vezes não tenho nem vontade” (E 10).

Conforme observado, à disfunção sexual dos participantes do estudo estava

relacionada a dispnéia durante o ato, impotência, perda da libido e alterações no

desejo sexual. Portanto, esta disfunção sexual pode ter sido motivada pelos fatores

já citados.

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Conforme afirma Melo (2004), a sexualidade humana é um processo

complexo que abrange dimensões psicológicas, biológicas e sociais. Uma mudança

na função sexual decorrente do processo de doença acarretará mudança na saúde

sexual do indivíduo.

Por ser a IC uma doença que ocasiona vários sintomas e, entre eles, a

dispnéia aos esforços ou em repouso, dependendo do estágio da doença, esses

sintomas provocam limitações de atividades, incluída a disfunção sexual.

Durante a atividade sexual, a freqüência cardíaca e a pressão arterial

aumentam tal como em qualquer atividade aeróbica. Logo, é importante atentar para

o fato dos riscos dessa atividade (DEBUSK, 2000).

Para Stein e Hohmamm (2006), a disfunção erétil tem sido uma das queixas

mais freqüentes nos consultórios e clínicas e o uso de fármacos para o tratamento

de doenças cardiovasculares pode produzir diversas mudanças no desempenho

sexual.

De acordo com o diagnóstico, os participantes do estudo utilizavam diversas

classes de fármacos, como anti-hipertensivos, diuréticos, betabloqueadores e

digitálicos. Segundo Rerkpattanapipat, Stanek e Kotler. (2001), praticamente todas

as classes de fármacos usadas no tratamento de doenças cardiovasculares podem

causar alterações nas atividades sexuais. Destes, os anti-hipertensivos e os

diuréticos são os principais causadores de alteração sexual, como a impotência e a

diminuição da libido.

Sabidamente, a HAS é um fator de risco para disfunção sexual e no

presente estudo 60,7% dos participantes apresentavam essa co-morbidade. Coelho

e Coelho Filho. (2001) afirmam que a HAS possui expressiva relação com a

disfunção erétil e é a co-morbidade mais comum em portadores dessa incapacidade,

aumentando sua incidência e prevalência.

Ainda como observado, determinados participantes do estudo (32,1%),

apresentavam DM e, desses todos apresentavam disfunção erétil. Para Lewis

(2001), a prevalência de disfunção erétil em pacientes com DM foi estimada entre 35

e 75%. Contudo, a disfunção erétil ocorre em pelo menos 50% dos homens com DM

com até dez anos do seu diagnóstico.

Também, no presente estudo provavelmente a disfunção sexual está

relacionada com problemas psicossociais ocasionados pela IC. Moreira, Abdo,

Torres. (2001) corroboram esta afirmação pois, segundo eles, a disfunção erétil é

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No eu pessoal, integrante do modo de autoconceito, houve alteração no

componente eu consistência, ou seja, a forma como o eu é visto na relação com o

desempenho atual ou em resposta à situação. Manifestou-se pelo Sentimento de

impotência, cujo estímulo foi a doença IC.

Consoante identificado, no presente estudo, o Sentimento de impotência

estava relacionado ao afastamento do trabalho e das atividades diárias decorrentes

dos sintomas provocados pela IC. Diante dos acontecimentos, os participantes do

estudo se sentiam incapazes e inválidos porque não conseguiam desenvolver as

atividades anteriores, como apontam as seguintes falas:

“É muito ruim você imaginar que está com uma doença e não poder fazer mais nada que fazia antes” (E 3). “Minha vida era normal, fazia tudo, mas agora não posso fazer mais nada e isso me deixa muito triste e arrasado” (E 4). “Tudo ficou diferente depois da doença, principalmente porque eu deixei de trabalhar, parei de fazer o que tanto gostava, que era trabalhar e ganhar dinheiro” (E 5) “Me vejo como uma pessoa parada, quase morta, trabalhava e hoje não consigo nem tomar banho em pé, nem segurar minha filha no colo” (E 7). “Antes desse problema no coração eu fazia tanta coisa, trabalhava fora de casa e quando chegava ainda fazia comida, lavava, mas hoje não consigo fazer nada, me dá logo uma falta de ar” (E 8). “Sou um homem incapaz de tudo, que não pode trabalhar, ganhar dinheiro” (E 10). “Sou um inválido, quem não trabalha porque não pode trabalhar é um inválido” (E 19).

Esse diagnóstico também foi identificado no trabalho desenvolvido por

Braga e Cruz (2003) sobre pessoas no pós-operatório de cirurgia cardíaca. No

mencionado estudo, 58,7% das pessoas submetidas a cirurgia apresentaram algum

grau de impotência. Dessas, 77,3% relatavam sentimentos de insatisfação e

frustração pela inabilidade do desempenho de tarefas e/ou atividades pessoais.

Como advertem essas autoras, estudos desse tipo são um desafio às enfermeiras

na busca de um cuidar holístico.

Geralmente as doenças, tanto as crônicas quanto as agudas, provocam

sentimentos perturbadores. Tais sentimentos estão relacionados ao modo das

pessoas atribuírem significados ao adoecer e ao tratamento. Portanto, elas

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apresentam respostas ao adoecer e estas podem ser orgânicas ou psicossociais. As

orgânicas são mais fáceis de serem visualizadas pelos profissionais, mas as

psicossocias são mais difíceis de se caracterizarem, porquanto envolvem vários

fatores, como culturais, sociais, experiências passadas e características da

personalidade.

Logo, a enfermeira deve estar atenta para as respostas psicossociais dos

pacientes, pois muitas vezes o cuidado com as respostas orgânicas sobressai e se

restringe ao biológico. Mas o enfermeiro não pode esquecer que o cuidado holístico

é essencial e todas as partes precisam funcionar bem.

Conforme mencionado, o estímulo que provocou o sentimento de

impotência foi a doença, porém essa não pode ser eliminada. Contudo, as seguintes

intervenções de enfermagem conforme a NIC (2008) podem ser implementadas:

• Encorajar o paciente a reconhecer e discutir seus pensamentos e sentimentos

• Despertar o paciente para identificar os valores que contribuem para o

autoconceito

• Auxiliar o paciente para identificar situações usuais sobre si mesmo

• Auxiliar o paciente a identificar o impacto da doença no autoconceito

• Auxiliar o paciente a aceitar a dependência dos outros

• Auxiliar o paciente a identificar atributos positivos de si mesmo

• Ajudar o paciente/a família a identificar razões para a melhora.

A enfermeira ao implementar essas intervenções clínicas de enfermagem

tem como foco o cuidado ao paciente. Desse modo, ele poderá compreender seus

sentimentos, motivações e comportamentos e assim uma melhor qualidade de vida.

Nos participantes do estudo, muitas foram as repercussões provocadas

pela IC. Entretanto, houve a manifestação de mecanismos de enfrentamento tal

como a busca de apoio familiar e a fé em Deus.

Como é notório, a presença de doença em um membro familiar é fonte de

estresse para toda a família. E quando há constatação de uma doença crônica,

principalmente quando atinge adultos que desempenham papéis sociais definitivos,

gera desequilíbrio no sistema familiar (HOJAIJ; ROMANO, 1994).

Porém, no estudo em desenvolvimento, conforme identificou-se, os

pacientes buscaram apoio na família para superar os transtornos causados pela

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doença e, assim recuperar sua posição no contexto familiar e social. Com seus

familiares se sentem bem cuidados e protegidos, como mostram as falas.

“Minha família me ajuda demais, me dá muita força para enfrentar todas as mudanças que tive que ter depois da doença. Minha mulher é minha força. Quando estou caindo ela me ajuda” (E5) “Ah! se não fossem minhas irmãs, não sei o que seria de mim. Quando elas estão perto, me sinto melhor, cuidam muito bem de mim. Me levam para o médico, cuidam das minhas filhas” (E7). “Deus me ajuda a enfrentar os problemas, me guia. Eu penso que se Deus quis assim é porque tem que ser” (E 21).

Considerada uma unidade primária de cuidado, a família constitui o espaço

social onde seus membros interagem, trocam informações, apóiam-se mutuamente,

buscam e medeiam esforços para amenizar ou solucionar problemas. Todos estes

aspectos formam a cultura familiar. De acordo com Hojaij e Romano. (1994), a

cultura familiar é determinada pelo conjunto de princípios implícitos e explícitos que

norteiam os indivíduos na sua concepção de mundo, maneira de sentir, experienciar

e de se comportar.

Ao interagirem, os membros da família identificam vínculos de apoio social,

mediante os quais são respeitados e amados. Isto gera efeitos positivos com

sensações positivas em suas vidas. Porém, quando se deparam com efeitos

negativos, de maneira geral, experienciam, em graus variados, perdas importantes

de laços familiares e sociais (GONGORA, 1998).

Por isto, para ser mais efetivo, o cuidado de enfermagem não deve ser

restrito ao paciente. Ele deve se estender à família e ao cuidador. É inegável a

importância do apoio e da participação na família no enfrentamento da doença, das

conseqüências dessa, do tratamento e das várias modificações que uma doença

crônica ocasiona. No intuito de facilitar a participação da família no cuidado

emocional e físico do paciente, algumas intervenções de enfermagem conforme a

NIC (2008) podem ser implementadas, tais como:

• Estabelecer uma relação pessoal com o paciente e com os membros da

família que se envolverão nos cuidados

• Identificar as capacidades dos membros da família para o envolvimento no

cuidado do paciente.

• Identificar os recursos físicos, emocionais e educacionais do principal

provedor de cuidados

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• Oferecer aos membros da família informações essenciais sobre o paciente,

de acordo com a preferência deste

• Identificar e respeitar os mecanismos de enfrentamento usados pelos

membros da família

• Informar os familiares sobre os fatores que podem melhorar a condição do

paciente.

A enfermeira ao implementar as intervenções clínicas de enfermagem

buscam facilitar a participação da família no cuidado emocional e físico do paciente.

Com vistas a alcançar a adaptação no modo de autoconceito, essas

intervenções clínicas de enfermagem poderão ser implementadas, mas ressalta-se

que a participação do paciente no seu cuidado é imprescindível já que os problemas

desse modo estão relacionados ao eu do paciente.

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7 CONCLUSÕES

Os resultados identificados neste estudo permitiram concluir que:

Em relação a idade da amostra estudada, identificou-se que 15 (53,6%)

participantes estavam entre a faixa de idade dos 35 aos 60 anos, 12 (42,9%)

estavam acima de 60 anos. Considerando o sexo, o masculino representou 21

(75%) da amostra estudada e o sexo feminino com sete (25%).

Quanto a escolaridade, 16 (57,1%) dos participantes não concluíram o

ensino fundamental incompleto. Em relação a renda familiar, 21 (75%) participantes

ganhavam de 1 a 3 salários mínimos.

O estado civil casado predominou no estudo com 24 (85,7%) participantes.

Considerando a procedência dos participantes, 17 (60,7%) eram provenientes da

capital e 11 (39,3%) do interior.

O diagnóstico médico identificado na amostra foi, em sua grande maioria, a

miocardiopatia dilatada 23 (82,1%) participantes. Quanto aos fatores de risco para

insuficiência cardíaca, 17 (60,7%) possuíam HAS, 9 (32,1%) DM, 7 (25%) colesterol

elevado e 16 (57,1%) IMC acima de 35 anos.

No presente estudo foram identificados 27 Diagnósticos de enfermagem

Porém, desses diagnósticos de enfermagem foram excluídos 6 da discussão, pois

não se incluíam nas características do estudo.

Ao analisar os 21 diagnósticos de enfermagem identificados e discutidos na

população estudada, segundo a taxonomia II da NANDA (2008), observou-se que

estavam inseridos em nove domínios, assim distribuídos:

Nutrição: Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais

15 (53,6%), Nutrição desequilibrada menos do que as necessidades corporais 6

(21,4%) e Volume excessivo de líquidos 4 (14,3%).

Eliminação/troca: Constipação 15 (53,6%) e Incontinência urinária de

urgência 1 (3,6%).

Atividade/repouso: Intolerância à atividade 25 (89,3%), Insônia 24 (85,7%),

Deambulação prejudicada 1 (3,6%) , Fadiga 13(46,4%)

Percepção/cognição: Percepção sensorial perturbada –visão 15 (53,6%) e

Memória prejudicada 10(35,7%).

Segurança/proteção: Dentição prejudicada 28 (100%), Integridade da pele

prejudicada 1 (3,6%) Integridade tissular prejudicada 1 (3,6%).

Conforto: Dor aguda 16 (57,1%).

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Autopercepção: Desempenho de papel ineficaz 24 (85,7%), Sentimento de

impotência 24 (85,7%).

Sexualidade: Disfunção sexual 24 (85,7%).

Promoção da Saúde: Controle ineficaz do regime terapêutico 21 (75%) e

Manutenção do lar prejudicada 5 (17,9%).

▪ Ao fazer a associação entre os Diagnósticos de enfermagem da

taxonomia II da NANDA (2008) e os problemas de adaptação de Callista Roy,

encontrou-se as seguintes necessidades dos modos: fisiológico, autoconceito e

desempenho de papéis e os problemas de adaptação:

Modo fisiológico

Oxigenação: Transporte de gás inadequado e perfusão tissular alterada.

Nutrição: Nutrição maior que as necessidades corporais e Nutrição menor

que as necessidades corporais.

Eliminação: Constipação e Incontinência urinária

Atividade/repouso: Intolerância à atividade; Privação de sono,

Mobilidade/andar e/ou coordenação restritos, Padrão inadequado de atividade e

repouso.

Sentidos: Deficiência de um sentido primário

Proteção: Integridade da pele prejudicada

Fluidos, eletrólitos e balanço ácido-base: edema

Função neurológica: Déficit de memória

Modo de desempenho de papel

Falha de papel

Modo de autoconceito

Impotência

Disfunção sexual

▪ Quanto à análise dos problemas de adaptação comum, em relação os

estímulos identificados, este estudo permitiu concluir que para os problemas de

adaptação, os estímulos foram:

Perfusão tissular alterada: interrupção do fluxo sanguineo.

Nutrição desequilibrada maior do que as necessidades corporais: Ingestão

excessiva em relação às necessidades metabólicas.

Nutrição desequilibrada menor do que as necessidades corporais: fatores

biológicos.

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Constipação: atividade física diminuída; hábitos alimentares deficientes,

ingestão insuficiente de fibras e medicação.

Incontinência urinária: infecção do trato urinário

Intolerância à atividade: desequilíbrio entre a oferta e a demanda de

oxigênio

Privação de sono: desconforto físico.

Padrão inadequado de atividade e repouso: doença IC

Deficiência de um sentido primário: a catarata

Integridade da pele prejudicada: circulação prejudicada

Dor aguda: agentes lesivos

Edema: mecanismos reguladores comprometidos e ingesta excessiva de

líquidos.

Déficit de memória: distúrbios ambientais excessivos.

Modo de desempenho de papel

Falha de papel: a doença IC, a complexidade terapêutica da IC e as

dificuldades econômicas decorrente de alteração na vida provocada por essa

doença.

Modo de autoconceito

Impotência: doença.

Disfunção sexual: a estrutura corporal alterada- processo de doença.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O motivo que ensejou o presente estudo foi a inquietação que

acompanhava o transcurso da minha trajetória profissional referente a pessoas com

adoecimento crônico, em especial os pacientes internados por IC descompensada.

Toda a problemática em torno destes, poderia estar relacionada a não adaptação,

embora cientes, a doença e ao estilo de vida imposto por esta, o que levaria a

descompensação e a sérios problemas físicos e psicossociais. Portanto, na

oportunidade de desenvolver uma dissertação de mestrado, partiu-se em busca de

conhecer os principais problemas de adaptação dos pacientes com insuficiência

cardíaca, com vistas a planejar as intervenções de enfermagem capazes de

melhorar as respostas adaptativas.

O caminho escolhido foi a identificação dos diagnósticos de enfermagem

segundo a NANDA e, posteriormente, a associação destes com os problemas de

adaptação de acordo com os modos de Callista Roy, apresentados pelas pessoas

portadoras de IC. E, posteriormente, foram planejadas intervenções de enfermagem

segundo a NIC.

A taxonomia da NANDA foi escolhida por ser bastante conhecida e de larga

utilização pelos enfermeiros. A associação entre os diagnósticos de enfermagem e

os problemas comuns de adaptação mostrou que é possível e que deveria ser mais

difundida a utilização de um modelo teórico que desse embasamento científico ao

cuidado clínico de enfermagem. A teoria de Callista Roy foi usada porque se

acredita que funcione bem para atender os objetivos do estudo e a necessidade dos

pacientes em questão.

O estudo foi, então, produzido sob o pressuposto de que a relação entre os

diagnósticos de enfermagem e os problemas de adaptação de Roy levariam as

intervenções de enfermagem que poderia favorecer a adaptação de pessoas

portadoras de IC a assumirem estilo de vida que lhes proporcione bem estar.

Algumas dificuldades, porém, circundaram o desenvolvimento da presente

investigação, especialmente no que diz respeito a um segundo momento com os

pacientes, já que as consultas eram agendadas a cada três a quatro meses. Porém,

como estavam sendo desenvolvidas apenas as etapas iniciais do processo de

enfermagem, essa dificuldade não causou prejuízo aos resultados do estudo.

Constatou-se que o estudo possibilitou um conhecimento das pessoas e do

seu processo saúde-doença e que foram identificados diferentes problemas de

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adaptação, relacionados tanto aos aspectos fisiológicos quanto psicossociais dos

pacientes.

Ao analisar o modo fisiológico de Roy, percebeu-se que alguns problemas

de adaptação identificados nos participantes estavam relacionados diretamente com

a IC e outros, eram conseqüências ou fatores de risco para referida doença.

Portanto, é importante para esses pacientes, orientação sobre: os sinais e sintomas

da doença, as limitações físicas ocasionadas por ela, uma alimentação equilibrada,

a manutenção de peso adequado, benefícios da atividade física, quando possível de

ser realizada.

Através dos discursos dos participantes, constatou-se que os problemas de

adaptação do modo de desempenho de papel e de autoconceito, isto é, os fatores

psicossociais relacionavam-se diretamente com IC, ou seja, com as modificações

que a doença ocasiona ou ocasionou na vida das pessoas. Esses problemas

provocaram ansiedade e depressão, interferindo na qualidade de vida dos

participantes.

Percebeu-se, também, que, embora a IC provoque limitações físicas

próprias, é importante e necessária a adaptação das pessoas a sua condição de ser

portador de IC para prevenir complicações e possuir uma melhor qualidade de vida.

Salienta-se que no local onde ocorreu a coleta de dados, não é

desenvolvida consulta de enfermagem, e sim do profissional médico e, este ainda

está muito centrado no biológico. Diante de tal fato e dos resultados do estudo,

percebeu-se a importância de ser desenvolvida consulta de enfermagem, com

levantamento dos reais problemas de adaptação, seja físico e psicossocial,

planejamento e implementação das intervenções de enfermagem, além de

avaliação periódica com vistas a acompanhar a evolução e progressão das

intervenções e as respostas adaptativas.

Considera-se pertinente a realização de novos estudos com uma maior

amostra e com implementação e avaliação dos resultados. Através da aplicação do

processo de enfermagem, com embasamento em um referencial teórico, é possível

desenvolver um cuidado clínico de enfermagem mais direcionado para os

problemas e necessidades das pessoas e com um melhor alcance dos objetivos.

Diante dos achados, espera-se suscitar reflexões dos enfermeiros para

considerarem os problemas de adaptação da sua clientela portadora de IC no

desempenho do cuidado clínico a ela dispensado, a partir da implementação de

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intervenções de enfermagem que se caracterizam como estímulo à sua adaptação.

Assim, o estudo traz contribuições para consolidação do uso de teorias no processo

de cuidar em enfermagem.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu Luciana Alves da Rocha, enfermeira do Hospital de Messejana e

Mestranda em Cuidados Clínicos em Saúde e em Enfermagem estou realizando,

neste momento, um trabalho com o título Cuidado clínico de enfermagem à pessoas

com insuficiência cardíaca: relação entre diagnósticos NANDA, modos adaptativos

de Roy e intervenções da NIC.

Neste estudo pretendemos identificar os principais problemas de adaptação

dos pacientes com insuficiência cardíaca de acordo com a teoria de Calista Roy e a

partir das respostas, planejar o cuidado de enfermagem pautado nas intervenções

de enfermagem da NIC. A coleta de dados será feita quando vossa senhoria estiver

no ambulatório. Além disso, estarei sempre disposta a dar informações sobre o

trabalho.

Garanto que as informações que obtiver, serão usadas apenas para a

realização do trabalho e, também, lhe asseguro que a qualquer momento terá

acesso às informações sobre os procedimentos e benefícios relacionados ao estudo,

inclusive para esclarecer dúvidas que possam ocorrer. Você tem a liberdade de

retirar seu consentimento a qualquer momento, sem que isso lhe traga qualquer

prejuízo. Quando apresentar o trabalho, seu nome não será usado e nem será dada

nenhuma informação que possa identificá-lo.

Informo meu endereço, caso precise entrar em contato comigo.

Luciana Alves da Rocha Rua Rocha Pombo, 74 Telefone: 32820528 e-mail: [email protected]

Assinatura do informante

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ANEXOS

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ANEXO A INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Identificação pessoal e dados sócio-demográficos Iniciais: 1 Sexo 1 � M 2 � F 2 Idade .......... anos 3 Escolaridade (tempo de estudo)...................................................................... 4 Formação profissional...................................................................................... 5 Religião............................................................................................................. 6 Naturalidade..................................................................................................... 7 Procedência..................................................................................................... 8 Renda familiar................................................................................................... 9Trabalha � sim � não 9.1 � Aposentado � Desempregado � Outros Qual?......................................... 10 Estado civil 1 � solteiro 2 � casado/união estável 3 � divorciado � viúvo 11 Diagnóstico médico:....................................................................................... 11.1 Quantas internações após a descoberta da doença .................................. Domínio 1: Promoção da saúde

12 Tempo de descoberta da doença: ........................................................... 13 Sinais e sintomas da doença � dispnéia ao realizar atividade física � dispnéia paroxística noturna � dispnéia em repouso � fadiga � ortopnéia � tosse seca � tosse produtiva � palpitações � edema � ganho de peso � anorexia � outros 14Sinais e sintomas depois � dispnéia ao realizar atividade física � dispnéia paroxística noturna � dispnéia em repouso � fadiga � ortopnéia � tosse seca � tosse produtiva � palpitações � edema � ganho de peso � anorexia � outros

15 Como era sua vida antes da doença? 16 Como é agora depois do adoecimento? 17 O que você faz para melhorar seu estado de saúde? � uso de medicações � vai às consultas � alimentação saudável � atividade física � outros 18 Quais as medicações em uso? � captopril � furosemida � aldactone � carvedilol � hidroclorotiazida �anlodipina � digoxina �selazok �losartan �outros 19 Como consegue as medicações? � recebe no hospital � recebe no posto � compra 27 Presença de hipertensão � sim � não

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27.1 Tratamento medicamentoso � sim � não 27.2Tratamento não medicamentoso � sim � não 28 Presença de Diabetes melitus � sim � não 28.1 Tratamento medicamentoso � sim � não 28.2Tratamento não medicamentoso � sim � não 29 Presença de colesterol � sim � não 29.1 Tratamento medicamentoso � sim � não 29.2 Tratamento não medicamentoso � sim � não 30 Tabagismo prévio � sim � não 30.1 Se sim qual a quantidade? � 1-5 cigarros/dia � 6-10 cigarros/dia �11-15 cigarros/dia � maior que 15 cigarros/dia � parou 30.2 Tempo de tabagismo? � até 5 anos � após 5 anos � não fez uso 30.3 Parou há ......... anos? � até 5 anos � após 5 anos � não fez uso 31 Bebidas alcoólicas prévia � sim � não 31.1Quantidade � diariamente � final de semana � raramente � parou 31.2 Tempo de uso de bebidas alcoólicas? � até 5 anos � após 5 anos � não fez uso 31.3Parou há............ anos? � até 5 anos � após 5 anos � não fez uso Domínio 2: Nutrição 32Como era sua alimentação antes da doença? 33 Como é sua alimentação atualmente? 34 Que recomendações você recebe acerca da dieta? 35Como era seu apetite antes da doença? � conservado � diminuído � aumentado 36 Como é seu apetite atualmente? � conservado � diminuído � aumentado 37 Distúrbios alimentares � anorexia � disfagia � empachamento � alteração no paladar � dificuldade de mastigação � dificuldade de deglutição � outros � nenhum 37.1 Dentição � completa � incompleta � uso de próteses � dor 37.2 Vai ao dentista regularmente? � sim � não � difícil acesso � falta de tempo � medo 37.3 Há quanto tempo não vai ao dentista? � até 2 anos � há mais de 2 anos 38Quantidade de líquidos antes � menos de 1,5 l/dia � 1,6 a 2 l/dia � mais de 2,1l/dia 38.1Quantidade ingerida atualmente � menos de 1,5 l/dia �1,6 a 2 l/dia �mais de 2,1l/dia Domínio 3: Eliminação 39 Intestinal � nenhum � constipação � diarréia � dor retal �incontinência �esforço ao evacuar � uso de laxativos � outros 39.1Frequência �1 vez ao dia � mais de 1 vez ao dia � dias

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alternados � outros Quais? 40 Urinária � desconforto ao urinar � retenção � uso de diurético � incontinência urinária � urgência de urinar � nictúria � outros � nenhum 40.1 Frequência � 1 vez ao dia � 2 vezes ao dia � 3ou mais vezes ao dia � outros Quais? 40.2 Características � límpida � amarela âmbar � hematúria � amarronzada � outra Qual? Domínio 4: Atividade/repouso 41 Acorda disposto para as atividades diárias? � sim � não 42Faz alguma atividade física? � sim � não � caminhada � hidroginástica � outra 43 O que você sente ao realizar atividades de esforço? � dispnéia � palpitações � dor torácica � outros � nada 44 Problemas de sono � nenhum � insônia � cansado ao acordar � initerrupto � agitado � outro Qual? 44.1 Usa remédios para dormir? � sim � não Se sim, qual? 44.2 Hora de dormir: � manhã � tarde � noite 44.3 Você tem atividade de lazer? � sim � não Qual atividade de lazer? � conversar com amigos � ficar com a família � pescar � encontro com idosos � igreja � outros Domínio 5: Percepção/Cognição 45 Como é para você? 45.1 Aprender coisas novas � fácil � difícil 45.2 memorizar � fácil � difícil 45.3 falar � fácil � difícil 45.4 escrever � fácil � difícil 45.5 ler � fácil � difícil 45.6compreender � fácil � difícil 46 O que você sabe sobre sua doença e tratamento? Domínio 6: Autopercepção 47 Como você vê a si próprio? 47.1 Gostaria de ser diferente? 47.2 Você está satisfeito com o seu estilo de vida? Domínio 7: Relacionamento de papel 48 Mora com quem? � esposa/marido � filhos � irmãos � pais � outros Quem? 48.1 Você se relaciona bem com a sua família? � sim � não 48.2 Quem tomava as decisões em sua casa? � a própria pessoa � esposa/marido � filhos 48.3 E atualmente? �a própria pessoa � esposa/marido � filhos 48.4 Recebe cuidados da família? � sim � não � esposa/marido � filhos

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48.5 Como é esse cuidado? � acompanhando nas consultas �preocupação com a alimentação � preocupação com os medicamentos 48.6 Depois da doença houve alguma mudança no relacionamento com alguém? � sim � não. Com quem? 48.7 Problemas ocasionados com a doença � trabalho � lazer �financeiro � familiar Justifique: Domínio 8: Sexualidade 49Vida sexual � sim � não Porque? 49.1 Com a doença freqüência diminuiu? � sim � não � dispnéia � falta de interesse 50Faz acompanhamento com o ginecologista? � sim � não não é mulher � difícil acesso 51 Menopausa � sim � não 52Faz o auto-exame das mamas? � sim � não 3 � não é mulher 53Acompanhamento com o urologista ? � sim � não � não precisa � constrangido � não é homem Domínio 9: Enfrentamento/Tolerância ao Estresse 54 Como você reage diante do estresse ? � prefere ficar só � chora � não se alimenta � pede ajuda � fala demais �outros Qual? 55Qual o sentimento mais freqüente? � medo � alegria � tristeza � raiva � depressão � insegurança �desvalorização � outro Qual? 56Como você enfrenta a doença? 57 Você tem fé? � sim � não Domínio 10: Princípios da vida 58 A fé ajuda a você enfrentar os problemas diários? Domínio 11: Segurança/ Proteção 59 Dificuldade para andar? � sim � não Por que? 60 Integridade da pele prejudicada � sim � não Domínio 12:Conforto 61 Você sente alguma dor? � sim � não 61.1 Local � não sente dor � estômagogo � cefaléia � ossos � dor abdominal � MMII � precordialgia 61.2 Frequência � até 1 vez por semana � mais de 1 vez por semana �não sente dor 61.3 O que faz para melhorar? � toma remédio � nada � procura o médico � não sente dor 61.4 Faz muito tempo que você sente essa dor?

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� até 3 meses � de 3 a 6 meses � não sente dor Domínio 13- Crescimento e desenvolvimento 62 Você tem alguma dificuldade para o seu cuidado? � sim � não Roteiro de exame físico

Tipo morfológico Nível de orientação Brevilíneo � Orientado � Normolíneo � desorientado � Longilineo � Pele Movimentação Corada � Sem alterações � Cianose � Claudicante � Icterícia � Não deambula � Hipocorada � Outros � Acuidade auditiva

Acuidade visual Sem alterações � Sem alterações � Reduzida � Reduzida � Uso de prótese

auditiva �

Uso de óculos � ouvidos Outros � Sem alterações �

Olhos Alterações � Sem alterações � Qual Alterações � Ausculta pulmonar Qual Murmúrios

vesiculares �

Tórax Creptações � Sem alterações � Estridor � Simétrico � Estertores � assimétrico � sibilos � Abdome

Ausculta cardíaca Plano � BNF � Rígido � Bulhas extras � Globoso � Sopros � Doloroso � Outros � Flácido �

Turgor cutâneo RHA presentes � Diminuído � RHA ausentes � Aumentado � Outro � normal �

Membros superiores Mamas

Sensilibidade e força mantida

� Sem alterações �

Paresia � Nódulo � Parestesia � Outros � Edema � Membros inferiores outros � Sensibilidade e

força mantida �

Quebradiças � Parestesia �

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Cianóticas � Edema � Sem alterações � paresia �

mensuração

Outros �

boca Xerostomia �

Cintura Peso Altura Língua saburrosa � Halitose � Sinais vitais PA: BE: BD: FC: FR:

Descamação Gengivite

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ANEXO B

TÉCNICA DA MEDIDA INDIRETA DA PRESSÃO ARTERIAL

(Baseada no procedimento de coleta de dados e preparo do paciente para a

medida da pressão arterial da V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial).

Preparo do paciente para a medida da pressão arterial

1. Explicar o procedimento ao paciente

2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente claro

3. Evitar a bexiga cheia

4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes

5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos

antes

6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso e recostado na

cadeira e relaxado

7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito

8. Posicionar o braço na altura do coração, apoiado, com a palma da mão

voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido

9. Solicitar para que não fale durante a medida.

Procedimento de medida da pressão arterial

1. Medir a circunferência do braço do paciente

2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço

3. Colocar o manguito sem deixar folga acima da fossa cubital, cerca de 2

a 3 cm

4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria

braquial

5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar o

manguito até seu desaparecimento, desinflar rapidamente e agurdar 1

minuto antes da medida)

6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do

estetoscópio sem compressão excessiva

7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da

pressão sistólica

8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mmHg por

segundo)

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9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de

Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares, e, após,

aumentar ligeiramente a velocidade de deflação

10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de

Korotkoff)

11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar

seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa.

12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão

diastólica no abafamento de sons (fase IV de Korotkoff) e anotar

valores da sistólica/diastólica/zero

13. Esperar 1 a 2 minutos antes de novas medidas

14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente

15. Anotar os valores e o membro.

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