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Informativo Especial 36º Congresso #1 Cuiabá (MT) Janeiro de 2017 Bem-vindos ao 36º Congresso do ANDES-SN T em início nesta segunda (23), o 36º Congresso do ANDES-SN, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O even- to, instância máxima de deliberação do Sindicato Nacional, é organizado em conjunto com Associação dos Docen- tes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN), e tem como tema "Em defesa da educação pública e contra a agenda regressiva de rerada dos direitos dos trabalhadores e trabalha- doras". A expectava é que mais de 500 pessoas parcipem do encontro. Durante seis dias, docentes de todo o país, entre delegados e observa- dores, de universidades e instutos federais, universidades estaduais, municipais e parculares, debaterão e deliberarão as ações do ANDES-SN para o ano de 2017, definindo a centralidade da luta do Sindicato Nacional para esse período e seus planos de lutas, Gerais e específicos dos setores das Instuições Federais de Ensino (Ifes) e das Instui- ções Estaduais e Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes). Com isso, o 36º Congresso tem como meta preparar a categoria docente e estabelecer estratégias para o ano vi- gente, que será de intensas mobilizações devido às propostas de contrarreformas Trabalhista e Previdenciária, a serem votadas pelos parlamentares, e ainda pelas propostas legislavas aprovadas no ano anterior como a PEC 55 (agora EMC 95/2016), que congela os gastos públicos por 20 anos, a Lei Complemen- tar 156 (ango PLP 257 - renegociação das dívidas dos estados), a MP 746 (atual PLV 34 - contrarreforma do Ensino Médio), além de outros ata- ques aos direitos dos trabalhadores e a intensificação da criminalização das lutas. “A perspecva é de que o acúmu- lo que vemos em 2016 sirva para subsidiar o nosso debate de constru- ção de um Plano de Lutas que esteja à altura dos desafios que teremos em 2017, que certamente começa com uma grande campanha para barrar a contrarreforma da Previdência, a contrarreforma Trabalhista e contra esse conjunto de rerada de direitos. Isso é o que esperamos que o 36º Congresso do ANDES-SN aprove”, disse a presidente do ANDES-SN, Eblin Farage. Em Cuiabá Essa é a terceira vez que a capital mato-grossense recebe um congres- so do Sindicato Nacional. Em 1992, Cuiabá sediou o 11º Congresso, e, em 2006, a 25ª edição do evento. A cidade também recebeu o 10º Conad do ANDES-SN, em 1984. “É um orgulho receber na capital mato-grossense, e pela terceira vez, um dos eventos polícos mais importantes do país. A compreensão da sociedade em que a gente vive e das relações às quais estamos submedos é indispensável aos ci- dadãos que se organizam de alguma forma. Isso só é possível por meio do debate, da troca de impressões e experiências, e o ANDES-SN é um espaço muissimo interessante para esse exercício”, afirma Reginaldo Araújo, presidente da Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN.

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Informativo Especial36º Congresso #1

Cuiabá (MT)Janeiro de 2017

Bem-vindos ao 36º Congresso do ANDES-SNTem início nesta segunda (23), o

36º Congresso do ANDES-SN, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O even-

to, instância máxima de deliberação do Sindicato Nacional, é organizado em conjunto com Associação dos Docen-tes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN), e tem como tema "Em defesa da educação pública e contra a agenda regressiva de retirada dos direitos dos trabalhadores e trabalha-doras". A expectativa é que mais de 500 pessoas participem do encontro.

Durante seis dias, docentes de todo o país, entre delegados e observa-dores, de universidades e institutos federais, universidades estaduais, municipais e particulares, debaterão e

deliberarão as ações do ANDES-SN para o ano de 2017, definindo a centralidade da luta do Sindicato Nacional para esse período e seus planos de lutas, Gerais e específicos dos setores das Instituições Federais de Ensino (Ifes) e das Institui-ções Estaduais e Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes).

Com isso, o 36º Congresso tem como meta preparar a categoria docente e estabelecer estratégias para o ano vi-gente, que será de intensas mobilizações devido às propostas de contrarreformas Trabalhista e Previdenciária, a serem votadas pelos parlamentares, e ainda pelas propostas legislativas aprovadas no ano anterior como a PEC 55 (agora EMC 95/2016), que congela os gastos públicos por 20 anos, a Lei Complemen-tar 156 (antigo PLP 257 - renegociação

das dívidas dos estados), a MP 746 (atual PLV 34 - contrarreforma do Ensino Médio), além de outros ata-ques aos direitos dos trabalhadores e a intensificação da criminalização das lutas.

“A perspectiva é de que o acúmu-lo que tivemos em 2016 sirva para subsidiar o nosso debate de constru-ção de um Plano de Lutas que esteja à altura dos desafios que teremos em 2017, que certamente começa com uma grande campanha para barrar a contrarreforma da Previdência, a contrarreforma Trabalhista e contra esse conjunto de retirada de direitos. Isso é o que esperamos que o 36º Congresso do ANDES-SN aprove”, disse a presidente do ANDES-SN, Eblin Farage.

Em CuiabáEssa é a terceira vez que a capital

mato-grossense recebe um congres-so do Sindicato Nacional. Em 1992, Cuiabá sediou o 11º Congresso, e, em 2006, a 25ª edição do evento. A cidade também recebeu o 10º Conad do ANDES-SN, em 1984.

“É um orgulho receber na capital mato-grossense, e pela terceira vez, um dos eventos políticos mais importantes do país. A compreensão da sociedade em que a gente vive e das relações às quais estamos submetidos é indispensável aos ci-dadãos que se organizam de alguma forma. Isso só é possível por meio do debate, da troca de impressões e experiências, e o ANDES-SN é um espaço muitíssimo interessante para esse exercício”, afirma Reginaldo Araújo, presidente da Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN.

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36º Congresso/20172

EXPEDIENTEO Informandes é uma publicação do ANDES-SN // site: www.andes.org.br // e-mail: [email protected] // Diretor responsável: Giovanni Frizzo

Redação: Renata Maffezoli, Mathias Rodrigues e Luana Soutos (Adufmat-SSind) // Edição: Renata Maffezoli MTb 37322 // Diagramação: Renata Fernandes

Uma capital com ares de inte-rior. Cuiabá tem a fama de cidade acolhedora e calorosa, em todos os sentidos. A ca-

pital mato-grossense, que completará 300 anos em 2019 com cerca de meio milhão de habitantes, divide qualida-des e dilemas típicos de áreas urba-nas. Num contexto de efervescência política e conservadorismo, sediará pela terceira vez, em 2017, um dos mais importantes eventos políticos da classe trabalhadora brasileira: o 36º Congresso do ANDES - Sindicato Nacional, no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso.

Assim como outras regiões bra-sileiras, Cuiabá surge e se desenvol-ve em decorrência da extração das suas riquezas. Primeiro, a exploração do ouro e da força de trabalho da população indígena. Atualmente, a terra cuiabana serve à exploração do agronegócio, se não no plantio, como em outros municípios do estado, nas relações comerciais. Por esse motivo, os governantes locais reivindicam para Cuiabá o reconhecimento internacional de capital do agronegócio.

Cuiabá: contradições e resistências de uma pequena gigante

Essa relação influencia a dinâmica econômica e social da região. No Congresso Nacional, os represen-tantes do estado são, notadamente, ruralistas, conservadores. Mas, nesse ambiente, muitas resistências histó-ricas surgiram.

LutasTereza de Benguela é um dos gran-

des símbolos regionais. No Quilombo de Quariterê, comandou a maior co-munidade de resistência da capitania do Mato Grosso, ainda no século XVIII. Registros apontam que as estruturas administrativa, política, econômica e de segurança do quilombo eram avançadíssimas. Assim, por mais de 20 anos, a população escravizada resistiu bravamente aos ataques da Coroa. O Quariterê existiu próximo à capital de Mato Grosso na época, o município de Vila Bela da Santíssima Trindade (533 km de Cuiabá).

Como a “Rainha Tereza”, outras mulheres se destacaram na história do estado, a partir da luta pela liber-dade. A emblemática Maria Taquara é uma delas. Já por volta de 1940,

quando Cuiabá passava pelo seu primeiro período de modernização urbana radical, uma mulher franzi-na, que carregava diariamente uma trouxa de roupa na cabeça, abalou a capital mato-grossense. As histórias são inúmeras, mas a única certeza é: Maria Taquara era uma transgressora.

Foi a primeira mulher a vestir cal-ças na região. Sobrenome, origem ou paradeiro, ninguém sabe, mas sua contribuição está viva entre os cuiabanos. Muitas manifestações do Movimento Feminista em Cuiabá partem ou terminam na esquina Maria Taquara, que ostenta a estátua da mulher que, certamente, enfrentou com bravura inúmeros preconceitos.

Disputa pela terraO caráter conservador que ainda as-

sombra a população mato-grossense revela outra importante característica local: a disputa pela terra. Os movi-mentos de trabalhadores do campo começaram a realizar ocupações no

Tereza de Benguela, símbolo regional de luta e resistência quilombola

F. Vallotton/Herdeiras de Aqualtune

Ponte Sérgio Motta sobre o Rio Cuiabá, que faz fronteira entre Cuiabá e Várzea Grande

José

Med

eiros

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36º Congresso/2017 3

estado no final da década de 1980. Porém, somente em 1996, com a chegada do Movimento dos Traba-lhadores Rurais Sem Terra (MST) à região, a demanda começou a ganhar mais força, garantindo a permanência dos grupos em assentamentos.

Até hoje, os conflitos pela terra são as disputas mais violentas no estado. A população indígena e os produtores da agricultura familiar sofrem diretamente os efeitos do latifúndio, pressionando para ampliar suas terras de monocultura, cujos principais representantes são a soja, o milho e o algodão. As investidas são

Trabalhadores unificam a luta e vão às ruas de Cuiabá em defesa de seus direitos. Servidores estaduais realizaram, em 2016, uma greve geral de mais de 30 dias

realizadas, muitas vezes, por meio de ataques diretos, tentativas de in-timidação ou ameaças, mas também com a utilização de veneno. Aviões com agrotóxico sobrevoam aldeias, pequenas plantações e povoados , despejando o produto sem se importar com o efeito que as substâncias, mui-tas delas proibidas em vários países, provocarão nos seres humanos, nos animais e nas pequenas plantações.

Dentro desse contexto, destaca-se o trabalho de Pedro Casaldáliga, Bispo Emérito que reside na região do Ara-guaia, que internacionalizou a situação local. Em documentários como “O anel de Tucum” e “Descalço sobre a Terra Vermelha” é possível entender um pouco do trabalho de Casaldáliga na defesa dos trabalhadores rurais e dos povos indígenas num ambiente completamente hostil e violento.

Apesar de toda a luta, uma pesquisa realizada nos últimos anos revelou que a água, o ar e o leite materno, em alguns municípios, já estão con-taminados, tamanha a proporção da utilização de substâncias agrotóxicas e da extensão do Agronegócio. De acor-do com uma das principais referências nos estudos dessa área, professor da UFMT, Wanderley Pignati, há inúme-ros danos à saúde da população e ao

meio ambiente.

A luta sindicalA luta sindical tem se fortalecido

em Cuiabá nos últimos anos. Em 2016, servidores estaduais se uniram em uma greve geral histórica, de mais de 30 dias, contra as políticas do Governo Pedro Taques (PSDB). Organizações de trabalhadores e estudantes em fóruns e coletivos unificados se tornam cada vez mais comuns, à medida que as políticas de retirada de direitos são impostas pelos governos municipal, estadual e federal.

“A realização do 36º Congresso do ANDES-SN, nesse espaço de contradi-ções e ebulição social que movimenta Cuiabá, vai fortalecer as relações dos movimentos organizados locais e o nosso próprio sindicato. Foi isso que a gente imaginou quando propôs sediar o evento, e é com essa expectativa que nós aguardamos os companheiros de todo o país: dividir ideias e experiên-cias para fortalecer a luta na defesa de direitos, num momento em que nós precisamos ser extremamente fortes para barrar reformas que vão preju-dicar sobremaneira os trabalhadores, como a da Previdência e a Trabalhista”, ressalta Reginaldo Araújo, presidente da Adufmat - SSind.

Monumento Maria Taquara no centro de Cuiabá

José

Cân

dido

/Pan

oram

ioLuana Soutos (Adufm

at-Ssind)

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36º Congresso/20174

Entidades parceiras do ANDES-SN participam do 36º Congresso

Uma atividade diferente irá marcar o primeiro dia do 36º Congresso do ANDES--SN. Nesta segunda-feira

(23), haverá uma palestra às 21h, com entidades parceiras do Sindicato Nacional. O objetivo da atividade é aprofundar o diálogo e a aproximação do ANDES-SN com o Casarão da Luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Auditoria Cidadã da Dívida e a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

A relação do ANDES-SN com es-sas entidades vem de longa data. A ENFF foi criada em 2005 pelo MST. A escola se localiza em Guararema, região metropolitana de São Paulo, e promove cursos formais e informais

em diversas áreas, que estimulam a capacidade crítica das pessoas e o desenvolvimento de conhecimento para a construção de um projeto popular para o Brasil. Exemplos de cursos ministrados na ENFF são: alfabetização; administração coope-rativista; pedagogia da terra; saúde comunitária; planejamento agrícola; técnicas agroindustriais.

Já a Auditoria Cidadã da Dívida foi criada em 2000, após a realização do Plebiscito Popular da Dívida Externa. A organização foca suas ações na denúncia da política de geração e manutenção da dívida pública, que consome, anualmente, quase metade do orçamento brasileiro, desviando recursos que poderiam ser utilizados para a garantia de direitos sociais. A

Auditoria Cidadã da Dívida também contribuiu com processos de auditoria das dívidas de países como Equador e Grécia, além de ter assessorado a Co-missão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública em 2009 e 2010.

O Casarão da Luta é um espaço do MTST em Taboão da Serra, também na região metropolitana da capital paulista. Fruto da desapropriação de uma casa ociosa, o Casarão tem como objetivo a consolidação de um espaço nacional de formação para trabalha-dores sem teto, com biblioteca, vide-oteca, alojamento, sala de reuniões, brinquedoteca e creche. Ao lado do Casarão está localizado o Condomínio João Cândido, construído pelo próprio MTST por meio do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades.