Informativo Especial #133º Congresso

São Luís (MA) Fevereiro de 2014

Bem vindos ao 33º Congresso do ANDES-SNEncontro tem como tema central “ANDES-SN na defesa dos direitos dos trabalhadores: organização docente e integração nas lutas sociais”

Terra de conflitos violentos e de histórica resistência popu-lar, o Maranhão recebe em sua capital, São Luís, entre

os dias 10 e 15 de fevereiro, o 33º Congresso do ANDES-SN, que tem com o tema central “ANDES-SN na defesa dos direitos dos trabalhadores: organização docente e integração nas lutas sociais”.

No momento em que se colocam em cheque as políticas públicas dos governos, os participantes do en-contro terão como principal desafio definir as políticas prioritárias para o plano de lutas do Sindicato Nacional em 2014.

A presidente do ANDES-SN, Mari-nalva Oliveira, afirma que a expecta-tiva é que este seja um ano de muitas mobilizações, na esteira das centenas de manifestações de 2013, por conta da atual conjuntura, marcada pelo aumento do custo de vida, o descaso governamental com as políticas sociais e a realização da copa do mundo este ano no país.

“O ano de 2013 resultou em um

acúmulo de forças muito grande dos movimentos sindicais e sociais, o que poderá redundar, neste ano, em uma mobilização intensa pelos direitos dos trabalhadores. Teremos um ano ex-tremamente rico com possibilidades de grandes ações”, prevê.

O cronograma prévio do 33º Con-gresso foi divulgado e está disponível no Caderno de Textos. Fique atento às possíveis alterações, que serão discutidas e definidas na plenária de instalação, realizada na tarde desta segunda-feira, das 14h às 16h. Na ocasião, também será sugerida pela comissão de organização uma programação cultural, que prevê a realização do tradicional jantar de confraternização.

EleiçõesO 33º Congresso marca o início das

eleições para a próxima diretoria do ANDES-SN, com a aprovação do Regi-mento Eleitora, durante a plenária de Questões Organizativas e Financeiras, na tarde de sexta-feira (14). As chapas têm até uma hora após a aprovação

do Regimento para apresentar o manifesto e o pedido de inscrição, acompanhado pelo menos dos nomes de candidatos à presidência, tesoura-ria e secretaria geral.

As eleições devem ocorrer, por votação direta e secreta em todo o Brasil, nos dias 13 e 14 de maio. Os formulários para inscrição dos nomes estão anexados ao texto de resolução do Regimento Eleitoral proposto pela diretoria do ANDES-SN.

São LuísEsta não é a primeira vez que um

evento nacional do Sindicato Nacio-nal é realizado em São Luís (MA). Em junho de 1995 e em julho de 2007, a Associação dos Professores da UFMA (Apruma) sediou o 30º e o 52º Conad, respectivamente. E neste ano, respon-sável pela organização do Congresso.

“A realização de um congresso nacional do nosso Sindicato em terras maranhenses reverte-se, para nós da Apruma, de grande significado políti-co”, afirma o presidente da Apruma, Antônio Gonçalves Filho.

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EXPEDIENTEO Informandes é uma publicação do ANDES-SN // site: www.andes.org.br // e-mail: imprensa@andes.org.brDiretor responsável: Luiz Henrique Schuch // Redação, edição, diagramação e fotos: Renata Maffezoli MTb 37322 // Colaboração: Apruma SSind

Francesa, portuguesa...brasileira

Embora soe charmoso e dê certo orgulho aos maranhenses a alusão ao fato de que a capital

do Maranhão, São Luís, teve sua origem ligada à breve ocupação francesa na região na tentativa de fundar a França Equinocial, é notoriamente portuguesa a sua imagem, principalmente no seu centro histórico.

Dos portugueses vieram o traçado urbano, o casario colonial, e muitos dos hábitos dos ludovicenses (assim é o gentílico para quem nasce ou mora em São Luís) como o de azulejar as fachadas das casas. Mas São Luís demonstra con-temporaneamente mais traços de bra-silidade do que de influência europeia. Esses traços, marcantes, estão ligados à cultura miscigenada, às características da política local e à realidade do país.

A cidade, que surgiu europeia, amal-gamou-se a partir de várias culturas, com grande ênfase para a participação negra e indígena. Se a quadrilha junina tem influência europeia, o tambor-de-

-crioula deriva da religiosidade e festas africanas e o bumba-meu-boi, que ex-

pressa várias culturas em uma festa só, demonstra a forte influência indígena, das indumentárias aos personagens. A culinária variada e os folguedos popu-lares evidenciam ainda as influências africana e indígena.

Estado de ContradiçõesA brasilidade é percebida também

nas graves questões sociais, urbanas e rurais, que se apresentam na capital e por todo o estado. Dos mais simples aos mais complexos, os problemas en-frentados lembram-nos as contradições do nosso país.

Marcado pela concentração de renda, trabalho escravo, corrupção e constan-tes de conflitos agrários, principalmente pela expansão do agronegócio, o Ma-ranhão é palco constante de violência e agressões sofridas, principalmente, pelos povos indígenas, quilombolas e população rural, com o assassinato de lideranças, a desocupação e despejos forçados.

Na capital maranhense, os portu-gueses deixaram os azulejos, mas a especulação imobiliária e a ocupação desordenada poluíram as praias e pra-

ticamente dizimaram as comunidades de pescadores, que foram obrigados a mudarem-se para as cidades vizinhas ainda na ilha de São Luís ou arranja-rem outra profissão. O romantismo do centro histórico foi atingido pela transformação urbana e pela cultura do shopping center, desfavorecendo a ocupação cultural dos espaços da cidade e ao descaso com a preservação do patrimônio histórico.

Recentemente foco da imprensa nacional e estrangeira a situação car-cerária do estado reflete as políticas tradicionais adotadas desde há muito no Maranhão. Sob o mando de um mesmo grupo político – com raros, e curtos, momentos de exceção – há praticamente 50 anos, o estado segue uma linha de patrimonialismo, con-servadorismo político desresponsabi-lização do estado frente às políticas públicas e desrespeito às necessidades mais elementares da população, que redundou na sua presença constante entre piores indicadores sociais e de desenvolvimento humano.

Enquanto os palácios eram abas-tecidos das mais finas iguarias com o

Capital do Maranhão, São Luís é uma cidade de lutas e contradições

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dinheiro público, cabeças rolavam, literalmente, no maior presídio do estado. Mas a situação precária não se resume a esse aspecto.

Os grandes projetos apresentados como capazes de redimir o estado e sua população passaram longe disso.

O Centro de Lançamento de Alcân-tara desrespeitou, na sua implanta-ção, moradores seculares da região, atingindo fortemente trabalhadores rurais e o movimento quilombola, em um estado cuja população negra e mestiça são dominantes.

Em contrapartida, os movimentos sociais e sindicais da região demons-tram forte organização, com tradição histórica de luta e resistência em defesa dos direitos sociais.

Um exemplo é a luta contra os problemas gerados pelo Grande Carajás - planejado pelos militares nos anos 1980 como um dos maiores investimento em exploração mineral do país. A ausência do Estado na solução dos conflitos agrários, rema-nejamento de camponeses, êxodo rural, poluição e desmatamento levou os movimento sociais a reagirem no apoio às lideranças comunitárias, aos povos indígenas e às populações tradicionais. Em maio deste ano será realizado, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFMA, o Seminário Internacional

“Carajás 30 Anos” a fim de discutir a temática e atualizar os dados sobre a região e suas dificuldades.

Eventos como este demonstram a necessidade constante de articulação dos movimentos sociais em torno dos problemas que afetam São Luís e o Maranhão.

Bandeiras históricas de lutas dos movimentos sociais estiveram amea-çadas, ou no mínimo fragilizadas, após a adesão de parte de suas lideranças ao projeto de poder predominante no estado. Mas a organização de negros, quilombolas, funcionários públicos, urbanitários, professores, comerciários, industriários, estudan-tes, camponeses, entre muitos outros agentes sociais, permaneceu ativa e reagiu às tentativas de controle e/ou intimidação.

Em um estado em que a palavra contradição expressa sua realidade, a reação dos movimentos sociais organizados tem conseguido manter as lutas em dia e em evidência, como se percebeu recentemente quando do desrespeito aos direitos humanos nos presídios do estado.

No âmbito da universidade, as tentativas de controle dos órgãos ligados aos professores e estudantes foi também evidente, refletindo uma política de âmbito nacional. Mas as estratégias conservadoras e adesis-tas não foram aceitas pela maioria dos estudantes e professores, assim como tem sido a rotina no movimento sindical atuante e combativo.

Monumento faz homenagem aos pescadores na Praia São Marcos, local atualmente dominado por hotéis e apartamentos de luxo. Alguns quilômetros dali, a pequena capela resiste à invasão dos grandes prédios à beira-mar, no centro novo de São Luís

*Com a colaboração do Prof. Carlos Augostinho Couto

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