crônica de juventude x novo hamburgo

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15 Noia perde para o Juventude e dá adeus ao Gauchão CRISTOFER DE MATTOS O campeonato do Novo Hamburgo era outro. Ele ha- via acabado no domingo pas- sado, quando se manteve de forma guerreira na elite do futebol gaúcho. Uma série de erros haviam sido superados por uma campanha incrível na Taça Farroupilha. A clas- sificação para as quartas de final era a cereja do bolo, que desandou na Serra. A derrota por 3 a 2, ontem à noite, pa- ra o Juventude, em Caxias do Sul, foi o último capítulo de um Gauchão de aprendiza- dos. A eliminação foi de um time que deixa a competição de pé - e sem quedas. Bem postado, marcan- do bem com três volantes à frente da zaga e insinuante com velocidade no ataque. Tudo se encaminhava para uma noite exitosa, daquelas de fazer entrar na história por meio de relatos de avô para neto. Mas em decisão errar é proibido. O goleiro Max er- rou a reposição e gerou es- canteio. A defesa sofreu uma pane mental. Bergson cabe- ceou na trave e a bola sobrou livre para Zulu só completar para o gol. Castigo anilado aos 17min. A defesa do Noia vazava por todos os lados. Os alvi- verdes penetravam como pa- rasitas na zaga de baixa imu- nidade anilada, que não tinha antídoto para suas próprias fraquezas. O zagueiro Ra- fael Pereira de cabeça, após cobrança de escanteio e Ro- gerinho, de chapa, em con- tra-ataque bem armado fize- ram o segundo e terceiro gols do Ju. Havia pouco a fazer e muito a lamentar. Porém, esse grupo que dis- putou o segundo turno é um dos mais guerreiros que o Noia já montou. Assim como não se entregou para a Série B, o anilado não se despe- diria de forma melancólica. Paulinho Macaíba fez de pê- nalti sofrido por ele próprio, aos 24min. Havia um sopro de esperança. E ele mais uma vez pôs fogo no jogo quando fez o segundo gol aos 41min, após cobrança de escanteio. A reação foi tardia. A queda foi de pé. O resto é história. Eliminado, mas de pé ANILADAS O volante Mateus entrou no segundo tempo e foi um dos alicerces da reação anilada na partida. Para ele, o que faltou foi entrar no jogo em clima de decisão. “Nossa equipe começou o jogo e forma muito morna, levou os gols e acordou, mas era tarde. O time precisou levar 3 a 0 para acordar”, declarou o jogador, que destacou a espera já pela Copa FGF, no segundo semestre Essa foi a 46ª partida sem derrotas do Juventude em casa. A equipe da Serra está há dois anos sem perder no Estádio Alfredo Jaconi. O atacante Zulu, que marcou o primeiro gol da eliminação anilada, fez o seu 50º com a camisa alviverde E! ESPORTE FOTOS RODRIGO RODRIGUES/GES ALFREDO JACONI: mesmo sob forte marcação, Paulinho Macaíba marcou os dois gols do Noia, mas não foi o suficiente para vencer ontem à noite Fernando; Murilo (Moisés), Rafa- el Pereira, Diogo e Alan; Fabrício, Jardel (Gustavo), Diogo Oliveira e Rogerinho; Bergson (Danilo) e Zulu. Técnico - Lisca. Max; Carlinhos (Rafael Ceará), Zé Carlos, Lucas Staudt (Geova- ne Martins) e Peixoto; Roberto Lo- pes (Mateus), Fábio Gomes, Már- cio Hahn e Geovani; Lucas Santos e Paulinho Macaíba. Técnico - Ita- mar Schulle. JUVENTUDE 3 NOVO HAMBURGO 2 DETALHES - Local - Estádio Al- fredo Jaconi, em Caxias do Sul. Arbitragem - Francisco Neto, auxiliado por Altemir Hausmann e José Inácio de Souza. Domingo, 21.4.2013 / ABC DOMINGO POUCOS, MAS FIÉIS O ônibus programado pela diretoria anilada acabou não subindo a Serra por falta de torcedores dispostos a encarar uma viagem para ver futebol no atípico horário de sábado à noite. Apesar disso, o Noia não esteve sozinho. À esquerda das cabines de imprensa, atrás da goleira da ferradura do Alfredo Jaconi, cerca de 20 torcedores apoiavam a equipe. Com faixas e entusiasmo, eles mostraram que apesar de poucos, são bons. Podem não ter lotado um ônibus, mas quem disse que para ser fiel é preciso estar em grande número? DURA VIDA DE GOLEIRO Nenhum jogador tem vida tão complicada quanto o goleiro. O goleiro Max foi um dos responsáveis pela recuperação anilada na Taça Farroupilha. Mas quis o destino que ele vivesse no Estádio Alfredo Jaconi uma noite de oito a oitenta. O gol de Zulu nasceu de um erro em sua reposição. Também foi dele uma das mais belas defesas deste Gauchão: o lateral Murilo bateu de perna direita no ângulo esquerdo do goleiro anilado, que voou para salvar o que seria o segundo gol. Esta é a dura vida do goleiro.

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Crônica publicada no jornal ABC Domingo, de 21-04-13, sobre a eliminação do Novo Hamburgo do Gauchão.

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Page 1: Crônica de Juventude x Novo Hamburgo

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Noia perde para o Juventude e dá adeus ao Gauchão

CRISTOFER DE MATTOS

O campeonato do Novo Hamburgo era outro. Ele ha-via acabado no domingo pas-sado, quando se manteve de forma guerreira na elite do futebol gaúcho. Uma série de erros haviam sido superados por uma campanha incrível na Taça Farroupilha. A clas-sificação para as quartas de final era a cereja do bolo, que desandou na Serra. A derrota por 3 a 2, ontem à noite, pa-ra o Juventude, em Caxias do Sul, foi o último capítulo de um Gauchão de aprendiza-dos. A eliminação foi de um time que deixa a competição de pé - e sem quedas. Bem postado, marcan-do bem com três volantes à frente da zaga e insinuante com velocidade no ataque. Tudo se encaminhava para uma noite exitosa, daquelas de fazer entrar na história por meio de relatos de avô para neto. Mas em decisão errar é proibido. O goleiro Max er-rou a reposição e gerou es-canteio. A defesa sofreu uma pane mental. Bergson cabe-ceou na trave e a bola sobrou livre para Zulu só completar para o gol. Castigo anilado aos 17min. A defesa do Noia vazava por todos os lados. Os alvi-verdes penetravam como pa-rasitas na zaga de baixa imu-nidade anilada, que não tinha antídoto para suas próprias fraquezas. O zagueiro Ra-fael Pereira de cabeça, após cobrança de escanteio e Ro-gerinho, de chapa, em con-tra-ataque bem armado fize-ram o segundo e terceiro gols do Ju. Havia pouco a fazer e muito a lamentar. Porém, esse grupo que dis-putou o segundo turno é um dos mais guerreiros que o Noia já montou. Assim como não se entregou para a Série B, o anilado não se despe-diria de forma melancólica. Paulinho Macaíba fez de pê-nalti sofrido por ele próprio, aos 24min. Havia um sopro de esperança. E ele mais uma vez pôs fogo no jogo quando fez o segundo gol aos 41min, após cobrança de escanteio. A reação foi tardia. A queda foi de pé. O resto é história.

Eliminado,mas de pé

ANILADASO volante Mateus entrou no segundo tempo e foi um dos alicerces da reação anilada na partida. Para ele, o que faltou foi entrar no jogo em clima de decisão. “Nossa equipe começou o jogo e forma muito morna, levou os gols e acordou, mas era tarde. O time precisou levar 3 a 0 para acordar”, declarou o jogador, que destacou a espera já pela Copa FGF, no segundo semestre

Essa foi a 46ª partida sem derrotas do Juventude em casa. A equipe da Serra está há dois anos sem perder no Estádio Alfredo Jaconi. O atacante Zulu, que marcou o primeiro gol da eliminação anilada, fez o seu 50º com a camisa alviverde

E!ESPORTE

FOTOS RODRIGO RODRIGUES/GES

ALFREDO JACONI: mesmo sob forte marcação, Paulinho Macaíba marcou os dois gols do Noia, mas não foi o suficiente para vencer ontem à noite

Fernando; Murilo (Moisés), Rafa-el Pereira, Diogo e Alan; Fabrício, Jardel (Gustavo), Diogo Oliveira e Rogerinho; Bergson (Danilo) e Zulu. Técnico - Lisca.

Max; Carlinhos (Rafael Ceará), Zé Carlos, Lucas Staudt (Geova-ne Martins) e Peixoto; Roberto Lo-pes (Mateus), Fábio Gomes, Már-cio Hahn e Geovani; Lucas Santos e Paulinho Macaíba. Técnico - Ita-mar Schulle.

JUVENTUDE 3

NOVO HAMBURGO 2

DETALHES - Local - Estádio Al-fredo Jaconi, em Caxias do Sul. Arbitragem - Francisco Neto, auxiliado por Altemir Hausmann e José Inácio de Souza.

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POUCOS, MAS FIÉISO ônibus programado pela diretoria anilada acabou não subindo a Serra por falta de torcedores dispostos a encarar uma viagem para ver futebol no atípico horário de sábado à noite. Apesar disso, o Noia não esteve sozinho. À esquerda das cabines de imprensa, atrás da goleira da ferradura do Alfredo Jaconi, cerca de 20 torcedores apoiavam a equipe. Com faixas e entusiasmo, eles mostraram que apesar de poucos, são bons. Podem não ter lotado um ônibus, mas quem disse que para ser fiel é preciso estar em grande número?

DURA VIDA DE GOLEIRONenhum jogador tem vida tão complicada quanto o goleiro. O goleiro Max foi um dos responsáveis pela recuperação anilada na Taça Farroupilha. Mas quis o destino que ele vivesse no Estádio Alfredo Jaconi uma noite de oito a oitenta. O gol de Zulu nasceu de um erro em sua reposição. Também foi dele uma das mais belas defesas deste Gauchão: o lateral Murilo bateu de perna direita no ângulo esquerdo do goleiro anilado, que voou para salvar o que seria o segundo gol. Esta é a dura vida do goleiro.