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PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RS - ANO XV Nº 7 II 5 - JANEIRO/MARÇO 2013 Impresso Especial 9912280025/2011 DR-RS CRMV/RS CORREIOS Médicos veterinários empreendedores investem em negócio próprio p.13 Aluno com melhor média de aprovação será premiado pelo Conselho Entrevista: “Se um animal está na rua é porque, lá atrás, alguém o abandonou”, diz a secretária especial dos direitos animais Regina Becker p.09 p.4 e 5 Entrevista: “Se um animal está na rua é porque, lá atrás, alguém o abandonou”, diz a secretária especial dos direitos animais Regina Becker p.4 e 5 CRMV-RS e Prefeitura da Capital são parceiros na construção do primeiro hospital veterinário público do País p. 08 Ivo Gonçalves/PMPA

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PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RS - ANO XV Nº 7II 5 - JANEIRO/MARÇO 2013

ImpressoEspecial

9912280025/2011 DR-RS

CRMV/RS

CORREIOS

Médicos veterinários empreendedores investem em negócio própriop.13

Aluno com melhor média de aprovação será premiado pelo Conselho

Entrevista: “Se um animal está na rua é porque, lá atrás, alguém o abandonou”,diz a secretária especial dos direitos animais Regina Becker

p.09

p.4 e 5

Entrevista: “Se um animal está na rua é porque, lá atrás, alguém o abandonou”,diz a secretária especial dos direitos animais Regina Becker

p.4 e 5

CRMV-RS e Prefeitura da Capital são

parceiros na construção do primeiro hospital

veterinário público do Paísp. 08

Ivo Gonçalves/PMPA

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ENDEREÇOS

PORTO ALEGRERua Ramiro Barcelos, 1793 – 2º andarPorto Alegre/RS - CEP 90035-006Fone: (51) 2104-0566 – Fax: (51) 2104-0573E-mail: [email protected]

PASSO FUNDO Rua General Osório, 1204/602 – Passo Fundo/RSCEP 99010-140 – Fone: (54) 3317-2121E-mail: [email protected]

PELOTASRua Andrade Neves, 2077/402 - Pelotas/RSCEP 96020-080 – Fone: (53) 3227-0877E-mail: [email protected]

SANTA MARIARua Appel, 475 – Santa Maria/RSCEP 97015-030 – Fone: (55) 3223-6824E-mail: [email protected]

SANTANA DO LIVRAMENTORua 13 de Maio, 460/604 – Santana do Livramento/RSCEP 97573-500 – Fone: (51) 9180-8370E-mail: [email protected]

www.crmvrs.gov.brwww.twitter.com/crmvrs

www.facebook.com/crmvrs

EXPEDIENTE

Veterinária & Zootecnia é um veículo de divulgação da classe dos médicos veterinários e dos zootecnistas, editado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS). Os textos são de responsabilidade dos autores.

DIRETORIA EXECUTIVA DO CRMV-RS GESTÃO 2011/2014Presidente:Rodrigo Marques LorenzoniVice-presidente:José Arthur de Abreu MartinsSecretária-geral:Gloria Jancowski BoffTesoureiro:Mauro Gregory Ferreira

Conselheiros Efetivos: Vera Lúcia Machado da Silva, Maristela Lovato, Júlio Otávio Jardim Barcellos, Carlos Guilherme de Oli-veira Petrucci (licenciado), André Mello da Costa Ellwanger e An-gélica Pereira dos Santos Pinho.

Conselheiros Suplentes: Thais Des Essarts Brasil da Silva Tavares, Ricardo Reis Boher, Gomercindo João Dariva, Juliana Iracema Mi-lan, Carlos de Lima Silveira e Ana Flávia Motta Gomes.

REVISTA VETERINÁRIA & ZOOTECNIARedação e Edição: Hosana Dias Aprato – Jornalista MTE: 15.901Colaboração: Sabrina Strack - Estagiária de JornalismoFotos: Divulgação CRMV-RSDiagramação e impressão: Gráfica e Editora Líder Ltda.Tiragem: 12 mil exemplares

Pág. 3.............................................................................................................................................................Editorial

Pág. 4 e 5....................................................Entrevista: secretária especial dos direitos animais, Regina Becker

Pág. 6 e 7.............................................RT em indústria de produto de origem animal e fiscalização no litoral

Pág. 8................................................................................Parceria entre Prefeitura de Porto Alegre e CRMV-RS

Pág. 9..................................................................................Diploma Mérito Acadêmico e 10º Simpósio do Leite

Pág. 10.................................................................................Seminário de RT e CRMV-RS no Circuito da Saúde

Pág. 11.......................................................................................Pesquisa do CFMV sobre perfil dos profissionais

Pág. 12.........................................................................9ª Fenasul e II Congresso de Especialidades Veterinárias

Pág. 13.......................................................................................Carreira: médicos veterinários empreendedores

Pág. 14...............................................................................................................Carreira: RT em eventos equestres

Pág. 15...............................................................Homenagem aos alunos da UFSM e nova resolução do CFMV

Pág. 16 e 17............................................................Parecer do CRMV-RS sobre Leishmaniose Visceral Canina

Pág. 18....................................................................................................Artigo: Ética - uma relação entre colegas

Pág. 19...............................................................................................................Balanço Financeiro do CRMV-RS

SumárioSumário

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Em nosso País, existe a cultura de que o ano só começa após o carnaval, mas, para quem está sempre vigilante e atento, os 365 dias do ano passam sem intervalo e num piscar de olhos. É assim que o CRMV-RS, seus diretores, conselheiros efetivos e suplentes, e servidores têm trabalhado. É o empenho, a união e a concretização de so-nhos que nos movem para trabalhar incansavelmente na conquista da excelência dos serviços oferecidos pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul e pela confiança que a sociedade pode e deve depositar em nós médicos vete-rinários e zootecnistas.

As nossas ações têm sido pautadas pelo anseio de uma classe mais unida, homogê-nea e determinada na luta por reconhecimento da sociedade, entidades e órgãos pú-blicos. Algumas iniciativas já nos renderam excelentes frutos. Uma delas foi a recente parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, um fato histórico, com certeza. O CRMV--RS será um dos parceiros na construção do primeiro hospital veterinário público do sul do Brasil. Por acreditarmos em reais ações de cunho social, que respeitem a ética, os preceitos técnicos da profissão e reconheçam a importância do profissional médico veterinário e zootecnista, é que sempre estaremos envolvidos em projetos de impacto

e relevância para as nossas profissões. Tão importante quanto sermos parceiros de ór-

gãos públicos, é valorizarmos os profissionais e, por-que não, os acadêmicos. Eles serão os futuros colegas que trabalharão para elevar o nível das nossas profis-sões. Foi com esse intuito que criamos o diploma Mé-rito Acadêmico - Médico Veterinário e Zootecnista - ao aluno-destaque da turma dos cursos de Medicina

Veterinária e Zootecnia das universidades gaúchas. Consideramos essa condecoração um impulsionador para o seu futuro profissional, afinal nosso compromisso também é pela promoção da educação de qualidade.

Nesta edição da revista, outros assuntos serão abordados, entre eles, o empre-endedorismo de dois colegas médicos veterinários que se aventuraram em abrir o próprio negócio e estão muito bem colocados no mercado. Uma recente pesquisa do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) mostrou que somente 13% dos médicos veterinários e zootecnistas brasileiros arriscam serem donos do próprio ne-gócio, contrariando o bom momento do mercado. Acreditamos que também é papel do CRMV-RS fomentar novas áreas e modos de atuação para os profissionais por isso, contamos um pouco da história de sucesso desses colegas.

Ao longo de 2013, muitos projetos ainda serão concretizados, porém precisamos, ainda mais, do apoio, compreensão e confiança de todos. Quero lembrá-los que o CRMV-RS sempre estará ao lado dos bons profissionais e zelando para que tenhamos o merecido espaço no mercado de trabalho e o reconhecimento da população. Todos precisam saber que o médico veterinário e o zootecnista são peças fundamentais para o funcionamento da sociedade.

365 dias de empenho e união

Rodrigo LorenzoniPresidente do [email protected]

EditorialEditorial

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Veterinária & Zootecnia - O que motivou a SEDA a cons-truir a Unidade de Saúde Animal (USA) Vitória?

Regina Becker - O sonho de uma Unidade de Saúde Animal pública me acompanha desde que comecei o trabalho de proteção, há quase 30 anos. É muito difícil para um protetor ter que arcar com as despesas de um animal doente, atropelado ou vítima de maus tratos. São muitos animais que surgem num piscar de olhos na vida de um protetor. Então, quando meu marido José Fortu-nati assumiu a Prefeitura de Porto Alegre, em 2010, “desenhamos” um órgão público que realmente se preocupasse com os animais. E quando falo em um órgão públi-co voltado a animais, isso englo-ba outras questões, pois somente a esterilização não resolve o pro-blema. Precisávamos pensar em como levar nossa mensagem às

pessoas (educação) e como evi-tar a proliferação de animais e transmissão de doenças na peri-feria (saúde). Meu sonho foi para o papel e, do papel, passou para o exame público. Recebemos mui-to apoio e, também, muitas críti-cas. A SEDA foi criada com uma pequena equipe e, à medida que aumentava a demanda, mais com-prometidos ficávamos com a cau-sa animal. Não existe em nosso quadro nenhum servidor que não esteja emocionalmente evolvido com o trabalho. Apesar dos obs-táculos e críticas que enfrentamos, aos poucos, fomos nos tornando conhecidos e referência. Foi num encontro informal que um em-presário solidarizou-se com nossa missão e disponibilizou-se a doar a construção da Unidade de Saúde Animal (USA) Vitória, totalmente equipada.

V&Z - Como irá funcionar a

Unidade de Saúde Animal? Regina - A Unidade será um

braço do trabalho realizado na Área de Medicina Veterinária da SEDA e prestará atendimento a animais vítimas de acidentes e maus tratos, a animais de famílias de baixa renda (renda familiar até três salários mínimos) e oferecerá, basicamente, os procedimentos de esterilização. Dependendo da demanda e da estrutura, cirurgias de diferentes complexidades. Esta-mos nos preparando para atender a 100 animais por dia, 60 a mais do que a Área de Medicina Vete-rinária atende atualmente. Impor-tante ressaltar que a USA é uma unidade de saúde animal, e não é um canil ou gatil. Seguiremos as políticas públicas estabelecidas na Pasta de não procedermos com o recolhimento de animais porque, além de submetê-los a confina-mento eterno, esta atitude, quando tem o respaldo do poder público,

Porto Alegre terá o primeiro hospital veterinário público do país

Modelo em políticas públicas para o controle po-pulacional de animais de rua, Porto Alegre conta com a dedicação e o trabalho da Secretaria Espe-cial dos Direitos Animais (SEDA). Dentro de bem pouco tempo, outras capitais e municípios brasilei-ros deverão seguir essa iniciativa que vem gerando resultados positivos, conforme conta, na entrevista abaixo, a primeira-dama da Capital e secretária Especial dos Direitos Animais Regina Becker. Para o próximo ano, Porto Alegre terá o primeiro hospi-tal veterinário público do país, fruto de muita de-dicação e empenho dos gestores públicos na causa animal.

Unidade de Saúde Animal Vitória inicialmente contará com 18 médicos veterinários

EntrevistaEntrevista

Regina Becker dedica-se à proteção dos animais há quase 30 anos

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acaba incentivando o abandono. A sociedade precisa acordar para a senciência animal, que não é mais possível admitir a sua reclu-são, seu afastamento do convívio com outros seres e do mundo para agradar uma pessoa que se inco-moda com sua condição de vul-nerabilidade. Se um animal está na rua é porque, lá atrás, alguém o rejeitou, abandonou. Não cabe somente às ONGs, protetores e ao poder público assumir tal respon-sabilidade. Todos nós somos res-ponsáveis.

V&Z - Quantos médicos vete-rinários irão trabalhar na Uni-dade?

Regina - Já está em andamento um processo interno visando à realização de concurso pú-blico para a contratação de, inicialmente, 18 médicos ve-terinários. Espero que nosso trabalho seja cada vez mais enraizado na cultura dos ci-dadãos porto-alegrenses e que possamos servir de referência, também, aos governos estadual e federal. É imperioso que abracem de uma vez a causa animal. Assim, teremos mais recursos para inves-tir nessa matéria.

V&Z - Quem fará a gestão da USA? O serviço será executado pelo município ou por empresa terceirizada?

Regina - A USA será gerida pelo poder municipal, o que muito me orgulha, pois será a primeira ins-tituição pública do país. Ao con-trário do que tem sido veiculado, é Porto Alegre, e não São Paulo, a primeira capital brasileira a ofere-cer serviço público aos animais.

V&Z - Como a prefeitura da Capital enfrenta o problema dos animais de rua?

Regina - Quando criamos a SEDA, sabíamos que a luta não seria fácil. Mas alcançamos resul-tados surpreendentes nestes 18 meses de atividades: mais de 10 mil esterilizações; 2,5 mil aten-dimentos; 700 cirurgias; e 7 mil fiscalizações que se dão através de seis equipes que percorrem a cidade averiguando denúncias de maus tratos, a maioria, de animais domiciliados. Nem Porto Alegre e nenhuma cidade do Brasil jamais tiveram um trabalho voltado aos Direitos Animais. São anos, dé-cadas, séculos de uma situação de abandono. Não dá para esquecer também a questão “desenvolvi-mento urbano”. As cidades foram crescendo e as casas, com bichos

correndo pelo pátio, foram subs-tituídas por prédios. Por consequ-ência, os animais foram ficando para trás, “por falta de espaço” nes-sa nova configuração de “cidades”. Temos que entender que qualquer administrador público deve pre-zar pela aplicação dos preceitos legais, que são os princípios da legalidade, impessoalidade, mo-ralidade, publicidade e eficiência. Isto significa que devem ser rigo-rosamente seguidos todos os ritos legais, o que torna as ações mais lentas de serem implementadas o que, para alguns, é incompreensí-vel. Mas acredito que é o começo de um novo tempo e, mesmo mais lento do que gostaria que fosse, es-tamos avançando.

V&Z - Quais são as principais dificuldades nesse trabalho?

Regina - A incompreensão. A

equipe da SEDA trabalha muito, se envolve demais com os casos que chegam diariamente, e, ainda sim, tem quem não compreenda nosso trabalho. Na verdade, as crí-ticas não vêm de quem lida com isso todos os dias, vêm de pessoas que não ajudam nem os animais, nem as crianças, nem os idosos, nem a si mesmo. Vem daqueles que não têm amor pela vida, que tudo é ruim, tudo é negativo. So-mos uma equipe com cerca de 80 servidores e todos gostariam de ajudar os 400 mil animais de rua da Capital, mas isto, em 18 meses, é humanamente impossível. Possí-vel é permitir que, neste período, mais de 30 mil animais já passa-ram pelas nossas mãos; mais de

dois mil alunos já receberam ensinamentos sobre Direitos Animais e guarda responsá-vel; e fomos ao encontro de mais de 30 comunidades.

V&Z - Qual a importância dos médicos veterinários nesse processo?

Regina - Toda. O veterinário é o médico do animal. É o terapeu-ta do tutor e àquele que estende a mão num momento de dor e de-sespero. É aquele em quem de-positamos toda a esperança para salvar a vida do nosso bichinho de estimação. É a mão e o coração de Deus para quem realmente ama os animais.

V&Z - Como a senhora avalia a parceria técnica da SEDA com o CRMV-RS?

Regina - Esta parceria repre-senta a compreensão do Conselho sobre o papel da SEDA em nossa Porto Alegre e o suporte técnico à USA Vitória, a valorização da ati-vidade veterinária e o efetivo com-prometimento da prefeitura com a causa animal.

Já está em andamento umconcurso público para a

contratação de 18médicos veterinários

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A atuação do médico veterinário como Responsável Técnico (RT) nos estabelecimentos fabricantes ou be-neficiadores de produtos de origem animal é uma exigência legal. As de-terminações devem ser seguidas por matadouros e frigoríficos, fábricas de embutidos, beneficiadores de lei-te e derivados, mel, granjas de ovos e indústrias de pescados. O CRMV--RS, por meio do Setor de Fiscali-zação, vistoria estabelecimentos de todo o estado exigindo que os mes-mos possuam Responsável Técnico e registro na Autarquia. Além disso,

através da fiscali-zação do exercí-cio profissional, é verificado o cum-primento das nor-mas de sanidade e bem-estar animal, bem como as con-dições higiênico--sanitárias dos estabelecimentos.

Dentre as prin-cipais irregula-ridades encon-tradas durante as fiscalizações destas empresas

estão a ausência de médico vete-rinário Responsável Técnico, ina-dequada higiene das instalações, manuseio de matérias-primas e de produtos. No caso de matadouros e frigoríficos, além destas irregu-laridades, são verificadas situações que incidem na qualidade dos pro-dutos e no bem-estar animal, como tempo inadequado de descanso dos animais no pré-abate e métodos que não respeitam as normas de abate humanitário. Outro aspecto impor-tante que merece destaque é que, além da presença de RT, os estabele-

cimentos devem ser fiscalizados, no momento do abate, por um médico veterinário do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), da Coordenação de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (CIS-POA) ou Serviço de Inspeção Fede-ral (SIF).

O médico veterinário responsá-vel técnico deve orientar a empresa em todos os processos que envolvem a produção, trabalhando sempre em consonância com as determinações dos serviços oficiais de inspeção e vigilância sanitária. O RT deve atu-ar desde a chegada dos animais ou da matéria-prima, passando pelas condições de abate, manipulação e armazenagem dos produtos, geren-ciamento do sistema de produção, controle de pragas até a expedição e transporte dos produtos finais. De acordo com o supervisor da fiscali-zação do CRMV-RS, Mateus Lange, o médico veterinário é o único pro-fissional com conhecimento técnico e científico capaz de garantir a exce-lência na execução de todas as eta-pas dos processos de fabricação dos produtos de origem animal, pro-porcionando à população alimentos saudáveis.

Indústrias de produtos de origem animal devem atender padrões exigidos pela legislação

Foco da fiscalização do CRMV-RS é na exigência de médico veterinário para a garantia da saúde pública, da sanidade e do bem-estar animal

FiscalizaçãoFiscalização

A Lei nº 5.517/68, que trata do exercício da profissão do médico veterinário, e o Manual do Responsável Técnico do CRMV-RS, estabelecem as áreas de atuação do profissional, bem como as atividades que deverão ser desempenhadas nos locais de trabalho. O Decreto nº 30.691/52,

que aprova o novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, define padrões sanitários para que esses estabelecimentos funcionem adequadamente, visando, ao final do processo, a saúde da população. A Resolução nº 592, de 26 de junho

de 1992, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), lista os tipos de empresas sujeitas a registro na Autarquia. As Resoluções do CFMV nº 680/2000 e nº 683/2001 dispõe, respectivamente, sobre a inscrição de pessoa jurídica e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Regulamentação para o correto exercício do Responsável Técnico (RT) e empresas

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De 230 estabelecimentos fiscali-zados, 96 apresentaram irregulari-dades e foram autuados pelos fiscais do CRMV-RS. O balanço, divulgado pelo Conselho na primeira semana de março, apresenta dados do proje-to “Verão, com médico veterinário, tem mais saúde”. A operação iniciou em 01 de dezembro do ano passado e seguiu até o início de março com fiscalizações sendo realizadas em 14 cidades do litoral norte e sul gaú-cho.

O objetivo da ação foi a fiscaliza-ção de estabelecimentos comerciais relacionados à Medicina Veteriná-ria. O foco principal da vistoria fo-ram os locais que comercializam e industrializam produtos de origem animal (laticínios e frigoríficos), empresas com prestação de servi-ços veterinários (clínicas e consul-tórios) e locais que comercializam produtos de uso veterinário (casas agropecuárias e pet shops).

A infração mais freqüente foi a falta de médico veterinário como Responsável Técnico, motivo de 55 autuações. A fiscalização constatou 35 estabelecimentos sem registro junto ao CRMV-RS. Também foram

verificados recorrentes casos de feiras de filhotes atuando de forma irregular nas praias do Estado. Nor-mas importantes, estabelecidas pela Resolução nº 844/06, não estavam sendo seguidas, como os atestados sanitários dos animais, que devem ser preenchidos de forma individu-al, assim como as carteiras de vaci-nação, emitidas sem a assinatura do médico veterinário. Além dessas, a realização de procedimentos cirúr-gicos em consultórios veterinários, prática proibida pela Resolução nº

670 (que, a partir de julho deste ano, será substituída pela Resolução 1015) também foi constatada pelos fiscais. As cirurgias somente podem ocorrer em clínicas ou hospitais ve-terinários.

Os estabelecimentos que apre-sentaram irregularidades recebe-ram uma autuação do CRMV-RS, com o prazo de 30 dias para que o problema seja resolvido e regulari-zado. O local será multado caso o problema persista depois desse pe-ríodo.

CRMV-RS divulga dados da fiscalização no litoral gaúcho

Segundo a Resolução nº 682 do CFMV, de 16 de março de 2001, a empresa, sujeita a inscrição e registro CRMV-RS, que não cumprir as determinações estabelecidas na legislação, em sentido amplo, esta sujeita ao pagamento de multa no valor

de R$ 3.000,00, dobrada na reincidência até o limite de R$ 24.000,00. A empresa que, mesmo registrada, não contar com médico veterinário ou zootecnista como Responsável Técnico pagará multa no valor de R$ 3.000,00. O RT terá 10 dias após firmado o contrato de

Responsabilidade Técnica com o estabelecimento, para providenciar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao Conselho. Nesse caso, se o estabelecimento se regularizar no prazo que lhe foi concedido, será dispensado o recolhimento do valor da multa.

Penalidades para empresas

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O Conselho prestará assessora-mento e acompanhamento técnico à Prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA), para a construção do primeiro hospital veterinário público do Rio Gran-de do Sul. Batizado de Unidade de Saúde Animal (USA) Vitória, a iniciativa terá o apoio do CRMV--RS para a elaboração do projeto arquitetônico, colaboração para a execução e implantação das obras de instalação do hospital. O as-sessoramento foi selado através da assinatura do Termo de Coo-peração Técnica, realizada no dia 08 de março, no Salão Nobre do Paço Municipal, em Porto Alegre. Médicos veterinários, assessores e conselheiros da Autarquia presti-giaram a solenidade.

Na qualidade de órgão de con-sulta dos governos da União, dos Estados, dos Municípios e dos Territórios, em todos os assun-tos relativos à profissão, confor-me estabelecido em lei, é que o CRMV-RS firmou o termo com a Prefeitura. Para o presidente do Conselho, Rodrigo Lorenzoni, essa iniciativa é um reconheci-mento da Prefeitura de Porto Ale-gre sobre a importância da Me-

dicina Veterinária e da aplicação das normas técnicas na constru-ção do hospital. “Reconhecemos essa iniciativa como mais uma ferramenta para garantir condi-ções adequadas de tratamento aos animais e seguir as normas e le-gislações que regem a prática da Medicina Veterinária”, conclui.

O Termo considera o propósito comum da Prefeitura Municipal e do Conselho de Medicina Veteri-nária em viabilizar e garantir con-dições de sanidade e bem-estar aos animais que serão atendidos na unidade. “Não estamos sim-plesmente assinando só um do-cumento que vai marcar a história de Porto Alegre e, certamente, a história do Brasil. Estamos mos-trando que através do diálogo-franco e aberto, que as questões técnicas estarão sempre pautando as nossas ações”, disse o prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti, após a assinatura do Termo de Cooperação. Para ele, a Unidade Vitória será um marco e, em nome da Prefeitura, agradeceu a parce-ria do CRMV-RS em ter abraçado a causa dos animais e por ser par-ceiro dos bons projetos.

Fica estabelecido, pelo con-vênio, que a Autarquia manterá

uma comissão especial para res-ponder às consultas da Seda. Os médicos veterinários do setor de fiscalização do Conselho José Pe-dro Martins e Mateus Lange fo-ram os nomeados para assessorar os trabalhos técnicos, que deve-rão respeitar as regulamentações previstas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Durante a solenidade, a primeira--dama e secretária especial dos Direitos Animais Regina Becker ressaltou a atenção que o CRMV--RS tem dedicado à USA, desde o início. “Quero dizer que hoje sin-to-me muito segura, pois tenho a parceria de pessoas dedicadas a esse projeto. O Conselho foi fun-damental para nós. Ele soube va-lorizar uma causa e o trabalho dos médicos veterinários envolvidos nesse grande projeto”, completa.

O documento entrou em vigor na data da assinatura e terá vigên-cia até a conclusão das obras do hospital. Posteriormente, o CR-MV-RS irá fiscalizar as condições dos equipamentos e de funciona-mento da nova unidade pública voltada ao tratamento de animais em condições de vulnerabilidade da Capital.

NotíciasNotícias

CRMV-RS e Prefeitura da Capital firmam parceria Conselho será consultor técnico na construção do hospital veterinário público

Médicos veterinários, assessores e conselheiros da Autarquia prestigiarama solenidadeCRMV-RS dará assessoria técnica para a construção da Unidade de Saúde

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Além de orientar e fiscalizar o exercício da profissão de médicos veterinários e zootecnistas, o Conselho Re-gional de Medicina Veterinária do RS também tem a preocupação com a excelência na formação profissional. No dia 04 de março, o Plenário do CRMV-RS aprovou a Resolução nº 20, que institui a concessão do Diploma – Mérito Acadêmico Médico Veterinário e Mérito Aca-dêmico Zootecnista ao aluno-destaque da turma de for-mandos dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia no Estado do Rio Grande do Sul.

Com base nas atribuições regimentais conferidas pela Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968, regulamen-tada pelo Decreto nº 64.704, de 17 de junho de 1969, o Conselho criou o título de melhor aluno por consi-

derar importante a integração entre as instituições de ensino da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Assinada pelo presidente do CRMV-RS Rodrigo Lorenzoni, a resolução também consi-dera importante o estímulo aos alunos na busca constante do conhecimento e pela excelência no processo de ensino--aprendizagem. “Nosso objetivo é va-lorizar os acadêmicos e incentivá-los a sempre primarem pela excelência e ética. Queremos que eles já ingressem no mercado de trabalho com um dife-rencial no currículo”, completa.

O Diploma – Mérito Acadêmico Médico Veterinário e Mérito Acadê-mico Zootecnista será concedido ao aluno laureado com a melhor média de aprovação em cada curso de Medicina Veterinária e de Zootecnia do Estado.

Para a concessão do título, os coordenadores dos cur-sos deverão encaminhar ao CRMV-RS, até um mês an-tes da cerimônia de colação de grau, por intermédio de protocolo oficial, a relação dos formandos, destacando o nome do aluno a ser agraciado com a distinção, utili-zando o critério do melhor desempenho acadêmico du-rante o curso. O melhor aluno será conhecido durante cerimônia de colação de grau. Um representante, nome-ado pela presidência do CRMV-RS, fará a entrega do di-ploma ao agraciado. Lorenzoni lembra que o Conselho apoia a educação e defende a formação de qualidade no Estado. “Precisamos de profissionais preparados para o futuro, para oferecer excelentes serviços e avanços à nossa sociedade”, enfatiza.

Conselho institui prêmio destaque ao melhor alunoTítulo será concedido aos alunos dos cursos de Medicina Veterinária e de Zootecnia do Estado

CRMV-RS estará na 10ª edição do Simpósio do LeiteReconhecido por ser uma importante ferramenta de

qualificação para produtores rurais, médicos veterinários, acadêmicos e demais profissionais do setor leiteiro, o Sim-pósio do Leite completa, este ano, 10 anos. Ao longo desse tempo, CRMV-RS tem sido um fiel parceiro da Associação dos Médicos Veterinários do Alto Uruguai (Amevau), en-tidade organizadora do evento. Este ano, o 10º Simpósio do Leite será realizado nos dias 18 e 19 de junho, em Erechim, RS. Além de apoiador, o CRMV-RS estará presente no evento também como expositor, com estande disponível à

todos os visitantes e participantes dos eventos técnicos. Pa-ralelamente ao Simpósio, acontece o 4º Fórum Nacional de Lácteos e a 2ª Mostra de Trabalhos Científicos, sendo todos os assuntos relacionados à cadeia do leite.

Dentre os temas das palestras já definidas estão a pecu-ária leiteira como unidade de negócio e o gerenciamento de propriedades produtoras de leite. A programação tam-bém abrange informações pertinentes à atuação dos mé-dicos veterinários, que podem aproveitar o momento para renovar e trocar informações com especialistas.

Melhor aluno será conhecido durante cerimônia de colação

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Este ano a avenida Beira Mar de Tramandaí recebeu a visita de muitos veranistas para aproveitar as ações do Cir-cuito da Saúde, promovido pelo Fórum dos Conselhos Pro-fissionais do Rio Grande do Sul (FOCO). Pela primeira vez o CRMV-RS foi parceiro dos conselhos da área da saúde na realização de atividades como orientação sobre bem-estar animal e zoonoses, testes de glicose e nutricional, aferição da pressão, entre outros serviços no litoral gaúcho. O even-to ocorreu nos dias 26 e 27 de janeiro e teve o objetivo de esclarecer a população sobre a importância dos Conselhos na defesa da saúde coletiva, além de promover os cuidados com a saúde humana e dos animais. O presidente do CR-MV-RS Rodrigo Lorenzoni, o secretário executivo Tiago Dutra e a secretária geral Glória Boff estiveram presentes nos dois dias da ação, onde esclareceram as dúvidas dos ve-ranistas em relação, principalmente, a alimentação de cães e gatos, transmissão de zoonoses e a atividade do médico veterinário em prol da sociedade. O CRMV-RS também di-vulgou a campanha “Aqui tem médico veterinário, aqui tem mais saúde” que tem o objetivo de alertar sobre a importân-cia do profissional em agropecuárias e pet shops. A zootec-nista e conselheira da Autarquia Angélica Pinho sanou as dúvidas do público sobre a profissão e as atividades de tra-

balho da Zootecnista. O vice-presidente da Associação dos Médicos Veterinários do Litoral Norte, Márcio Madallena também esteve no Circuito da Saúde. As atividades foram realizadas em um estande junto a Casa de Verão do SESC, em Tramandaí, e conselhos com os de Nutrição, Educação Física, Odontologia e Enfermagem também foram parcei-ros da iniciativa.

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi a primeira instituição de ensino do Estado a receber um Seminário de Responsabilidade Técnica, promovido pelo CRMV-RS, em 2013. Médicos veterinários e estudantes

debateram, no dia 15 de março, temas como a responsa-bilidade técnica, legislações, mercado de trabalho e ética profissional no Módulo Básico do Seminário. No mes-mo dia, à tarde, foi a vez do marketing profissional e as oportunidades para empresas e empresários do mercado pet serem debatidas. O Seminário de Responsabilidade Técnica - Módulo Avançado em Comércio de Produtos de Uso Veterinário também discutiu assuntos como a responsabilidade técnica no comércio de produtos vete-rinários e o relacionamento da farmacologia com o Res-ponsável Técnico. Os palestrantes dos dois encontros fo-ram os médicos veterinários José Pedro Soares Martins - coordenador técnico da fiscalização do CRMV-RS, Jú-lio Barcellos - professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rodrigo Lorenzoni - presidente do CRMV-RS, Eduardo Lucas - diretor da Dasppet Pro-dutos Veterinários, e Augusto Langeloh – farmacologista. Os seminários foram realizados no Colégio Politécnico da UFSM.

UFSM abriu calendário de seminários do Conselho em 2013Primeiro evento do ano debateu marketing profissional e mercado de trabalho

EventosEventos

CRMV-RS levou orientação sobre os cuidados com os animais à praia

Veranistas receberam material da campanha de valorização pro ssional

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Com o objetivo de ampliar e va-lorizar a imagem do profissional de Medicina Veterinária e Zootecnia e de posicionar o Conselho Profissio-nal – Nacional e Regional – como um instrumento de proteção para a sociedade foi que o Conselho Fede-ral de Medicina Veterinária (CFMV) fez uma pesquisa online com mais de quatro mil médicos veterinários e 400 zootecnistas. A pesquisa levan-tou informações sobre as áreas de atuação dos profissionais, vínculos empregatícios e em quais áreas gos-tariam de aprofundar seus conheci-mentos.

Numa avaliação geral, a região su-deste do país absorve 39% dos médi-cos veterinários e 33% dos zootecnis-tas. A área de atuação dos médicos veterinários com o maior número de profissionais no Brasil é clínica e cirurgia de pequenos animais, se-guida de responsabilidade técnica e saúde pública, agropecuária, e clíni-ca e cirurgia de grandes animais. Já a maioria dos zootecnistas atua com nutrição animal, seguida por exten-são rural, produção de alimentos e criação de animais domésticos.

No Rio Grande do Sul, os médicos veterinários atuam principalmen-

te com clínica e cirurgia de peque-nos animais. Na seqüencia, estão as áreas da saúde pública, responsa-bilidade técnica e agropecuária. Os zootecnistas do estado atuam, em sua maioria, com nutrição animal, seguida por produção de alimen-tos, criação de animais domésticos e educação. A classe médico-veteri-nária revelou ainda que gostaria de aprofundar seus conhecimentos nas áreas do bem-estar animal, NASF, vi-gilância sanitária, segurança alimen-tar, meio ambiente, bioética, animais silvestres, bioterrorismo, animais selvagens e bioterismo.

Estudo traz informações sobre áreas de interesse e atuação dos profissionais

CFMV entrevistou médicos veterinários e zootecnistas para traçar panorama das profissões

MercadoMercado

* Os resultados ultrapassam 100% porque o questionário foi formulado com questões de múltipla escolha.

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A 9ª Feira Nacional de Agronegócios do Sul (Fenasul) conta esse ano, com o apoio do CRMV-RS. O Conselho faz parte da comissão organizadora dos eventos técnicos, juntamente com a Associação dos Criadores de Gado Holandês do RS (Gadolando) e Secretaria da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento do RS (Seapa), e outras entidades. A feira, que acontece de 15 a 19 de maio no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio, tem como objetivo a qualificação profissional, o desen-volvimento tecnológico da cadeia leiteira e a geração de bons negócios nos segmentos da agropecuária, comércio e indústria.

Este ano, a feira terá inúmeras novidades para visi-tantes, expositores, produtores e médicos veterinários. O destaque fica por conta da Jornada Técnica que a co-missão organizadora preparou. O evento será realizado nos dias 16 e 17 de maio com palestras abordando temas direcionados aos produtores rurais, técnicos e médicos veterinários. Os assuntos em pauta no primeiro dia da Jornada serão as doenças infecciosas, tuberculose e bru-celose, tanto em relação aos riscos para a saúde animal como para a saúde humana; atualizações sobre o Pro-grama Nacional e Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina (PNCEBT). Nesse contexto, também entra em debate as indenizações em relação ao aspecto de sanidade animal. No segundo dia serão abordados temas como doenças cujas notificações são obrigatórias, sanidade do rebanho, qualidade do leite

(IN 62) e o novo código florestal. Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento (Mapa), Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Conselho de Produtores e Indústrias de Leite (Conseleite/RS), Gru-po Hospitalar Conceição e Santa Casa de Misericórdia es-tão entre os palestrantes. Paralelo à Fenasul, ocorre a 36ª Exposição Estadual de Gado Leiteiro (Expoleite). Além da participação na organização das palestras, o CRMV--RS abrirá a Casa do Veterinário, sua sede administrativa no parque, para recepcionar médicos veterinários, zoo-tecnistas e visitantes. A programação completa da Jor-nada Técnica estará disponível no site da Autarquia, no

Fenasul terá jornada técnica voltada à sanidade animal Evento será realizado nos dias 16 e 17/05 no Parque de Exposições Assis Brasil

Bento Gonçalves sedia Congresso de Especialidades Veterinárias em julho

O Rio Grande do Sul será palco para um grande de-bate sobre as inovações da Medicina Veterinária. Entre os dias 24 e 27 de julho, o Parque de Eventos de Bento Gonçalves recebe o II Congresso de Especialidades Ve-terinárias, organizado pela Revista Científica Medvep. Com o apoio institucional do CRMV-RS, o evento con-tará com a participação de 20 associações nacionais de especialidades e mais de seis mil congressistas.

Cardiologia, Comportamento, Acupuntura, Repro-dução e Ortopedia são alguns dos assuntos confirma-dos. Entre os especialistas, estará a médica veterinária e presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CRMV-RS Ceres Faraco, que, durante os três dias do evento, ministrará palestras sobre bem-estar animal e

comportamento. O presidente do CRMV-RS Rodrigo Lorenzoni será mediador em mesas redondas durante o Congresso.

O médico veterinário e presidente da comissão científica do evento, Ney Luis Pippi, explica que o objetivo esse ano é aumentar o número de inscritos e aprimorar os assuntos. Nessa edição, um importan-te apoiador é o CRMV-RS, disse ele. “O Conselho é o nosso lastro e o nosso norte, pois nos orienta e apoia em diversas situações, sendo a sua participação no evento muito importante”, completa.

Paralelamente às atividades do Congresso, os mem-bros da Comissão de Bem-Estar Animal do CRMV-RS farão reunião para deliberar assuntos sobre o tema.

Feira terá exposição de animais da raça holandesa

EventosEventos

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O mercado para a Medicina Veterinária vive um momento de expansão, gerando oportunidades aos profissionais para empreende-rem e investirem em negócios. O profissional, com criatividade, um pouco de conhecimento do merca-do e visão empreendedora, pode desenvolver negócios diferencia-dos, que atendam as novas neces-sidades do mercado.

Atualmente, o mercado pet no Brasil é o segundo maior do mun-do, com cerca de 50 milhões de animais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo a Asso-ciação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estima-ção (Abinpet), o mercado brasi-leiro de ração, cuidados e serviços veterinários, faturou, em 2012, R$ 14,2 milhões. De olho nesses nú-meros é que o médico veterinário, formado pela Universidade Fede-ral do Rio Grande do Sul (UFR-GS), Eduardo Maschka investiu, em 2004, na compra da distribui-dora de produtos veterinários, da

qual já era um dos representantes comerciais desde 1999. Antenado nesse crescimento, logo alterou o segmento de atuação, antes dire-cionado a grandes animais, para produtos voltados somente aos pe-quenos animais, como ração, me-dicamentos, acessórios e equipa-mentos. “Percebi que o mercado de grandes animais estava tornando o distribuidor menos importante, e que no mercado pet o distribuidor era mais valorizado. Identifiquei isso como uma oportunidade” conta Maschka.

O empresário diz ainda que o sólido conhecimento que tinha na área de produtos veterinários, por ter trabalhado como representante comercial, foi primordial para as-sumir o empreendimento, que na época contava com apenas cinco colaboradores. Hoje esse núme-ro já passou para 50. Ele ressalta que é importante ter persistência e aprender com os próprios erros. “Não tinha muito conhecimen-to em gestão de pessoas e na área administrativa, por isso procurei o Sebrae/RS para me aperfeiçoar”, conta. Para que haja crescimento, reinvestir na própria empresa e valorizar os funcionários é funda-mental. “Até hoje, em 10 anos de negócio, não tirei nada além do meu pró-labore. Todo o recurso que ele gerou foi reinvestido”, dis-se.

Para aproveitar outra fatia do mercado, foi que a médica veteri-nária Carla Hennemann, gradu-ada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) e doutora pela Universidade de Múrcia na Espa-nha, resolveu deixar a docência e empreender. Em 2003 inaugurou seu próprio laboratório veteriná-rio, ao perceber a necessidade que

havia no mercado de um serviço qualificado e diferenciado para o auxílio diagnóstico. Carla, assim como Maschka, também ressalta a importância da experiência prévia no ramo. Ela lembra que mesmo durante o período acadêmico, atu-ava com análises clínicas. “Sempre fui responsável por essa área no hospital veterinário da universi-dade, o que me proporcionou uma importante bagagem técnica”, ar-gumentou.

Para a médica veterinária, o profissional precisa estar motivado a encarar novos desafios quando decide assumir a própria empresa. “A pessoa deve ser capaz de propor novas idéias, conhecer o mercado de trabalho e estar disposta a assu-mir responsabilidades”, disse. Ela também salientou que na Medici-na Veterinária, a experiência pro-fissional, aliada ao preparo técnico relativo à atividade proposta, é de suma importância para aumentar as chances de sucesso.

Médicos veterinários ousam em negócios própriosProfissionais precisam aliar conhecimento técnico e motivação ao espírito empreendedor

Carla atuou por 10 anos na árealaboratorial antes de empreender

CarreiraCarreira

Antes de adquirir a empresa,Eduardo trabalhava como representante

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Os cavalos são personagens prin-cipais de diversos eventos equestres espalhados pelo mundo, como ro-deios, exposições, feiras e leilões, oportunizando a médicos veteriná-rios inúmeras opções de trabalho. Para garantir a sanidade e o bem-es-tar dos animais durante a realização desses eventos, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), através da Resolução 592, de 26 de junho de 1992, estabeleceu que toda empresa de exploração pecuária, in-clusive as organizadoras de feiras, exposições ou leilões de animais, devem possuir registro jun-to à Autarquia. Nesses casos, um médico vete-rinário deve estar pre-sente como Responsá-vel Técnico (RT), para garantir que os animais sejam tratados e trans-portados corretamente.

Além disso, outras duas leis regulamen-tam, principalmente, os rodeios no Estado e no País. A lei estadual nº 12.567 de 2006, que institui oficialmente o rodeio crioulo como um dos com-ponentes da cultura popular do Rio Grande do Sul, estabelece que a en-tidade promotora do evento deve providenciar um médico veterinário habilitado, que será responsável por garantir as boas condições físicas e sanitárias dos animais. Com a regu-lamentação, profissionais da Medi-cina Veterinária encontram coloca-ção profissional também nesse tipo de evento. A lei federal nº 10.519 de 2002 determina, da mesma forma, a fiscalização da defesa sanitária ani-mal em rodeios.

O médico veterinário Henrique Noronha, contratado para, pelo me-nos, um evento eqüestre por mês, trabalha como clínico de equinos em uma empresa especializada no atendimento desses animais. Ele atua, principalmente, em cavalga-das, rodeios e eventos hípicos. Para Noronha, a principal vantagem de se trabalhar nesse segmento é a sa-tisfação profissional com relação ao bem-estar animal, seguido pelo fato de que é um mercado que remunera muito bem e que proporciona uma

ampla divulgação do trabalho feito pelo médico veterinário.

A sanidade dos cavalos é o prin-cipal objetivo da exigência de um RT em qualquer evento desse ramo, ponto igualmente ressaltado pelo também médico veterinário, espe-cializado em Medicina de Equinos (Hipiatria), Alexandre Montever-de. Para ele, a vantagem de se ter um profissional nos eventos é em relação ao bem-estar dos animais, pois, muitas pessoas, por desconhe-cimento, acabam negligenciando a saúde física e psíquica deles. Noro-

nha diz ser primordial a exigência da contratação de um RT por parte das empresas organizadoras. “Só um RT presente e capacitado pode ga-rantir a qualidade do evento”, relata. Para Monteverde, só o profissional qualificado pode identificar quan-do estiver ocorrendo abuso e maus tratos.

Dentre as atribuições do profissio-nal, segundo o Manual do Respon-sável Técnico do CRMV-RS, está o dever de garantir que todos os ani-mais do evento estejam acompanha-

dos dos atestados e exa-mes exigidos, e também providenciar a remoção imediata de animais com problemas sanitários. Além de ter que infor-mar imediatamente as autoridades no caso de enfermidades e outros problemas, o médico veterinário deve orien-tar quanto ao transporte adequado para os ani-mais e a obrigatoriedade de estar presente durante todo o evento, principal-mente enquanto estiver ocorrendo a entrada e

saída de animais do recinto.Na prática, de acordo com No-

ronha, cada tipo de evento tem as suas particularidades. “Em cavalga-das, é importante verificar o anda-mento da marcha de acordo com o clima e com o terreno, além de fa-zer o controle sanitário dos cavalos participantes, locais de descanso e disponibilidade de água”, completa. Ele explica que o RT precisa estar à disposição para qualquer situação clínica que aconteça, e cumprir com o regulamento e com as normas sa-nitárias nacionais e internacionais.

Tradicionais no estado, eventos equestres devem ter responsável técnico

Presença do médico veterinário é exigida em rodeios, cavalgadas, feiras e exposições

CarreiraCarreira

Sanidade dos cavalos é o principal objetivo da exigência de um RT

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O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) publicou, no início de março, no Diário Oficial da União, a Resolução nº 1.023, que altera e revoga incisos dos artigos 2º, 3º e 4º da Resolução nº 844/2006. As alterações se referem à carteira de vacinação e aos atestados - sanitário e de óbito - dos animais. Os ates-tados de óbito de eqüídeos devem passar a relatar o porte do animal e a apresentação da resenha, além de detalhes do local da morte, como informações da cidade, unidade da federação e identificação do local (clínica, residência, fazenda, etc.).

A modificação principal no atestado sanitário é, assim como o de óbito, o acréscimo da obrigação de apresen-tação da resenha para eqüídeos. Em relação à vacinação, foram acres-cidos os incisos X e XI, que trata da não apresentação da carteira de vacinação do animal, por perda ou qualquer outro motivo. Nesse caso, o médico veterinário deverá infor-mar que as novas anotações estão registradas em uma 2º via ou sub-seqüente. Se o profissional que fez a atualização for autônomo, a carteira de vacinação deve conter seu nome completo, endereço e telefone.

O episódio que marcou o Rio Gran-de do Sul, na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, também deixou rastros na história da Medicina Vete-rinária e Zootecnia gaúcha. A tragédia tirou a vida de 241 jovens, e deixou centenas de feridos. Muitos deles eram ainda estudantes, outros já bem suce-didos profissionais. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) per-deu 116 alunos. Desses, 15 eram aca-dêmicos do curso de Medicina Vete-rinária e cinco do curso de Zootecnia.

Pouco mais de um mês depois da tragédia, o CRMV-RS prestou home-nagem aos alunos da UFSM, que esta-

vam entre as vítimas da tragédia, e os eternizou na história da Medicina Ve-terinária e da Zootecnia. O Conselho, como órgão de defesa e fiscalização profissional, homenageou os futuros profissionais e colegas de profissão, pais, familiares e amigos das vítimas. Durante as cerimônias de colação de grau das turmas de Medicina Ve-terinária e Zootecnia, realizadas no início de março, o vice-presidente do CRMV-RS, José Arthur Martins, lem-brou, em nome da Diretoria Executiva e Conselheiros, a memória dos futu-ros profissionais da UFSM.

Com o consentimento do Conse-

lho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), os Registros Profissionais de nº 12.701-VP, utilizado para o registro de médico veterinário, e o nº 950-ZP, empregado para o cadastro de zootec-nista, nunca serão utilizados para fins de inscrição no Rio Grande do Sul. Esses números ficarão na memória do CRMV-RS como forma de homena-gear àqueles futuros profissionais que tiveram seus sonhos interrompidos. Os números ficarão eternizados na história da Medicina Veterinária e da Zootecnia do País.

CRMV-RS homenageia alunos da Medicina Veterinária e da Zootecnia

Vítimas da tragédia em Santa Maria foram lembrados em formatura na UFSM

NotíciasNotícias

CFMV publica nova resolução sobre documentação animal

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Parecer do nº 11, do CRMV-RS, de 19 de Fevereiro de 2013

Vem muito a propósito a pre-sente solicitação, que mais uma vez contrapõe o debate técnico com o jurídico, a exemplo do que já ocorre com o tema envolvendo o direito de fiscalização de empresas que explo-ram atividades afetas ao campo de atuação da Medicina Veterinária e Zootecnia.

Do ponto de vista técnico, a Leish-maniose Visceral Canina é conside-rada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das seis maiores epidemias de origem parasitária do mundo, e que continua a se expan-dir. Trata-se de uma doença mortal, de curso lento e difícil diagnóstico, que atinge principalmente o cão e se propaga facilmente aos seres huma-nos. Ela é responsável por descama-ções na pele, úlceras, falta de apeti-te, perda de peso, lesões oculares e atrofia muscular em humanos e ani-mais. Em estágios avançados, atinge os rins e o baço, provocando a mor-te do animal. No Brasil, estima-se que mais de 500 mil casos tenham sido detectados de 1985 a 2003. De acordo com o DNDI, sigla em inglês para Drugs for Neglected Diseases Initiative, que propõe iniciativas de tratamento medicamental para do-

enças negligenciadas, a Leishmanio-se é uma doença característica des-se comportamento perigoso e não sanitário. Segundo dados retirados de pesquisas da área, o Brasil já é o principal foco da doença em todas as Américas, atingindo não mais áreas isoladas do meio rural, mas centros urbanos densamente povoados.

Em regiões altamente afetadas, de 2000 a 2011, como o Pará e o Mara-nhão, enquanto as mortes por Den-gue atingem a soma de 230 vítimas, a Leishmaniose já atinge 487 casos. Em Minas Gerais, o número de ví-timas da doença atinge 445 casos, comparados com 177 de Dengue. Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda mostram uma realidade bas-tante distinta de todo o resto do Bra-sil, não registrando no período casos de morte por Dengue ou Leishma-niose. Não é à toa que todos os ór-gãos com conhecimento técnico no assunto, e responsáveis pelo controle de disseminação da doença, comba-tem a negligência com o assunto, es-tabelecendo mecanismos de contro-le cada vez mais rígidos, justamente como o caso requer.

A Portaria Interministerial nº 1.426, de 11 de julho de 2008, ema-nada pelos Ministérios da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Abaste-

cimento proibiram o tratamento da Leishmaniose Visceral em cães in-fectados ou doentes com produtos de uso humano ou que não tenham registro federal. A medida ainda é um caminho alternativo à rigidez tutelada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que considera infração ética o tratamen-to da Leishmaniose Visceral Canina, reforçando que o profissional que in-siste na prática desrespeita o Decreto nº 51.838, de 1963, que determina a “eliminação dos animais domésticos doentes”.

Do ponto de vista técnico, por-tanto, o assunto parece bastante cla-ro – a Leishmaniose é uma epidemia grave negligenciada pelos governos; está se alastrando em todo o territó-rio nacional e já foi responsável pela morte de 2609 humanos em 10 anos (o que a revela ser tão grave como a Dengue, que matou 2867 no mesmo período); já transformou o Brasil no principal foco da doença em todas as Américas; e para seu controle de-pende de políticas públicas sanitá-rias e de erradicação.

Tudo levaria a crer que nenhuma medida judicial jamais contestaria o cabedal impressionante de dados técnicos envolvendo o tema, os ris-cos sanitários que a doença abrange,

Conselho reforça posicionamento sobre a leishmaniose visceral canina

Parecer jurídico auxilia nos frequentes debates sobre o assunto

NotíciasNotícias

Devido às inúmeras solicitações recebidas pelo Plenário do CRMV-RS, por ocasião de decisões judiciais que tutelam o direito ao tratamento clínico de animais infectados pela Leishmaniose Visceral Canina, o Setor Jurídico do Conselho elaborou parecer sobre o assunto. O Parecer nº 11, de 19 de fevereiro de 2013, aborda assuntos como a Portaria Interministerial nº 1.426/2008; Leishmaniose Visceral Canina; sacrifício de animais doentes; enten-dimento judicial pela ilegalidade da norma; e a posição do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) sobre o assunto. O estudo na íntegra segue abaixo para a consulta de todos os médicos veterinários e interessados no tema.

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especialmente por envolver o risco de vida de cidadãos brasileiros me-nos favorecidos de recursos e con-dições físicas para suportar o ataque brutal da doença instalada.

Infelizmente esta não é uma rea-lidade para o sistema democrático brasileiro: o direito ao livre conven-cimento do magistrado está vincu-lado exclusivamente à sua consci-ência. O juiz, muitas vezes alheio ou indiferente à realidade que não o circunda, define um conflito especí-fico da vida real, exercendo sua con-cepção de justiça para caso concreto. Ora, dado que o magistrado pode se compreender limitado a não realizar a justiça social (políticas públicas) através de sua decisão – até porque esta é uma atribuição relegada cons-titucionalmente a outros poderes – nada lhe impulsionaria a concordar com argumentos técnicos de caráter social, porquanto a questão jurídica que deve resolver limita-se a decidir pelo direito à vida do animal adoen-tado. Esse ponto de vista é sutil, mas absolutamente definitivo, e passa por compreender qual a equação ju-rídica que o juiz resolverá. O juiz até pode compreender que sua decisão tem efeitos anexos, tem conseqüên-cias que podem atingir a vida de terceiros e problemas sanitários gra-ves a toda sociedade. Mas isso não o obriga a enxergar enquanto dilema jurídico, senão que uma questão de políticas públicas sanitárias da qual ele próprio está impedido constitu-cionalmente de intervir ou promo-ver. Nesse caso, ele se sentirá omisso se não decidir sobre o direito dos animais infectados a um tratamento digno! Isolando-se o debate sanitá-rio da equação jurídica, o direito à vida e ao tratamento digno dirige o tema a uma resposta única: em que a eutanásia seria um controle sani-tário nefasto e injurídico, ofendendo um direito constitucional amparado por inúmeros tratados internacio-

nais.Curiosamente, a decisão que pro-

moveu o maior alarde político ocor-reu em Mato Grosso do Sul, local onde o número de vítimas fatais da Leishmaniose é três vezes maior do que de Dengue (194 para 65). O caso envolveu o cachorro Scooby infecta-do pela doença, que teria sido vítima de maus tratos por seu dono, que o levara a um Centro de controle de zoonoses onde seria sacrificado. A ONG Abrigo dos Bichos solicitou o direito de cuidar do animal e a ilega-lidade da portaria interministerial, foi atendida pelo juiz federal local, em decisão posteriormente referen-dada pelo TRF 3, em São Paulo.

Cabe referir, no entanto, que o compromisso do sistema mantém--se inalterado, qualquer que seja o entendimento judicial. Tanto que a Presidente do CRMV local, Sibele Cação, também defensora do tra-tamento de animais infectados, foi destituída do cargo por decisão do CFMV por conta de seu comporta-mento relativo ao tema, incompatí-vel com a postura institucional do Sistema CFMV/CRMV.

De tudo quanto acima está expos-to, retira-se uma verdade incontras-tável da cultura jurídica brasileira, que serve de lição para os caminhos políticos a serem tomados. Isso por-que é sintomático num sistema de irresponsabilidade judicial perante as decisões tomadas, que temas de-veriam obter o amparo técnico res-ponsável antes de uma saída jurídica inconseqüente, sejam fruto de um lento, gradual e incessante trabalho de convencimento íntimo e extraju-dicial do magistrado.

Cabe acrescentar, ainda, quanto a argumentos jurídicos a serem susten-tados sobre o tema, que embora não se desconheça o vínculo emocional eventualmente estabelecido entre as pessoas e os animais, os mesmos são definidos pelo Direito como “coisas”,

consistindo, portanto, em objeto de direitos, e não de sujeitos de direitos, nos termos do tratamento conferido pelo Código Civil de 2002.

Nesse sentido, o esclarecimento doutrinário-jurídico sobre o tema:

É coisa de tudo o que existe no universo e que, sendo útil para a sa-tisfação das necessidades humanas, se torna valioso e, por isso mesmo, objeto de apropriação. Há coisas úteis, mas não apropriáveis, como as coisas comuns (res communes) a luz, o ar, o mar, o sol, as estrelas. Não são de ninguém e são de todos. E há coi-sas que embora suscetíveis de apro-priação, como os animais de caça, os peixes, coisas abandonadas (res de-relictae), não pertencem a ninguém (res nullius). Os animais são coisas, porém objeto de proteção jurídica especial, por si mesmo e como sal-vaguarda dos sentimentos das pes-soas.” (Francisco Amaral, em Direi-to Civil, 5. ed., São Paulo: Renovar, 2003, p. 309)

Assim, muito embora se defenda a proteção especial conferida aos ani-mais, a responsabilidade do Conse-lho de Medicina Veterinária também é com a saúde humana. Dessa for-ma, quanto à situação ora analisada, verifica-se que a atuação do Sistema CFMV/CRMV se mostra coerente com o tratamento jurídico dado aos animais e a proteção à saúde huma-na garantida constitucionalmente.

Medidas envolvendo a redação de artigos jurídicos sobre o assun-to, bem como a divulgação de pa-lestras com especialistas na área são iniciativas fundamentais para disseminar o risco de uma decisão politicamente inconsequente, ainda que juridicamente perfeita. Essas e outras iniciativas podem ser objeto de um trabalho conjunto com todos os jurídicos do sistema, sendo para o momento a melhor alternativa para combater o risco de propagação de decisões no mesmo sentido.

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A palavra ética vem do grego “ethos”, que significa “modo de ser” ou “caráter”, e se confunde em conceito com a palavra “moral”, de origem latina “Morales”, e que significa “relativo aos costumes”. Na filosofia, ética e moral também possuem significados diferentes. A “Ética” está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade. A moral é o conjunto de costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas pela sociedade, aplicados ao dia--a-dia de cada cidadão, norteando as ações dos indivíduos, dando o direcionamento de certo e errado, moral e imoral.

Pragmaticamente, ética e moral tem finalidades muito semelhantes e guiam a conduta das pessoas, de-terminam o seu caráter, altruísmo e virtudes, ensinando-as a agir e se comportar em sociedade. A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e cultu-rais do seu povo.

Ética em ambientes específicos e ética profissional.

Ambas são compostas de prin-cípios gerais que norteiam o bom funcionamento de determinado grupo. Ética profissional é o con-junto de princípios que regem a conduta funcional de uma profis-são. Assim, cada indivíduo tem um senso ético particular, mas ao abraçar uma profissão passa a ter obrigações éticas com a atividade exercida.

Na Medicina Veterinária, pro-fissão reconhecida há mais de 250 anos, a primeira citação sobre um Código de Ética surgiu por ocasião do Congresso Brasileiro de Medi-cina Veterinária (Conbravet), rea-lizado em 1950, em São Paulo. Na época, a Comissão de Política Pro-

fissional do congresso recomendou que a elaboração fosse feita pelo Conselho Federal de Medicina Ve-terinária (CFMV) e Conselhos Re-gionais. Coube então ao advogado Genésio Estrella, assessor jurídico do CRMV1 (atual CRMV-RS) e designado pelo CFMV à época, a honrosa missão de elaborar a reda-ção final do anteprojeto do código de Ética Profissional, chamado de I Código de Deontologia Médico Veterinária, aprovado pela Reso-lução nº 23, de 10 de outubro de 1969. O Código passou a permitir que se instaurasse e concluísse um processo disciplinar obedecendo à trâmites e uma sequência lógica, desde a instauração, instrução, re-latoria, julgamento e acórdão, até o recurso junto ao CFMV. Além dis-so, assegura um amplo direito de defesa e do contraditório as partes envolvidas, sendo o sigilo uma ca-racterística de todos os processos.

Vale destacar que no Sistema CFMV/CRMVs os instrumentos legais que dão legitimidade aos Processos Éticos Profissionais são as Resoluções nº 130 e 722, do CFMV, a Lei nº 5.517/68 e o Decre-to nº 64.704/69, todos disponíveis na íntegra no site do CRMV-RS e do CFMV. Os Conselhos Regionais têm a função de instaurar proces-sos éticos profissionais que podem ser estabelecidos através de ofício, representação, queixa ou denún-cia. O presidente do conselho tem o prazo de cinco anos para decidir sobre a instauração ou arquiva-mento do processo. O denuncia-do é notificado e tem 30 dias para apresentar sua defesa por escrito. O presidente então nomeia um conselheiro, denominado de Con-selheiro Instrutor, que organizará as oitivas (ouvir as partes) e um “relatório de instrução”, encami-nhado ao presidente. Logo após, o

presidente nomeia um Conselhei-ro Relator, cujo trabalho será o de ler o processo e elaborar um voto em um documento fechado, que será aberto na Sessão Especial de Julgamento, marcada pelo presi-dente com a finalidade específica de julgamento. Nessa Plenária, os conselheiros votam depois de ou-vir as partes e o voto do relator pela condenação ou improcedência da denúncia. Depois disso, será redi-gido um acórdão, sendo que ainda existe a possibilidade de recurso perante o CFMV. As penalidades, estabelecidas no Código de Ética Profissional, Capítulos XIV e XV e seus incisos, são gradativas, educa-tivas e punitivas, de acordo com a sua gravidade.

Com o crescente número de pro-fissionais, escolas de Medicina Ve-terinária e o nível de informação do público em geral, é cada vez maior o número de Processos Éticos Pro-fissionais. Preocupados com esse fato, o CRMV-RS tem distribuído um exemplar do Código de Ética Profissional na ocasião da colação de grau nas diversas universidades do estado, além de o assunto ser sempre tratado nos Seminários de Responsabilidade Técnica.

Por fim, assim como cada indi-víduo tem um senso ético parti-cular, os conselheiros dos CRMVs se esmeram ao exercer o honroso e delicado cargo que lhes permi-te julgar seus pares em nome da profissão de médico veterinário. É uma árdua tarefa na qual estão en-volvidos funcionários, assessores jurídicos, presidência e conselhei-ros na busca de justiça e de uma profissão mais ÉTICA.

Médica Veterinária, Conselheira e Presidente da Comissão da Mu-lher do CRMV - RS

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Vera Lúcia Machado*

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