cristo e cumprimento das profecias

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1.Questão hermenêutica O presente trabalho tratou no capítulo 3 sobre a questão hermenêutica. Aquela abordagem tratou sobre a história e desenvolvimento da interpretação bíblica e focalizou no aspecto profético. O seu objetivo era preparar caminho para compreender a hermenêutica usada pelas correntes escatológicas e fazer uma escolha consciente da hermenêutica usada neste trabalho. Por isso que este assunto é retomado aqui. Hoekema também pensa assim “Há uma diferença básica entre o método de interpretação empregado pelos pré- milenistas e o empregado pelos arnilenistas” e Ladd concorda, na mesma obra, entende que o pré-milenismo dispensacionalista “ baseia-se no tipo de hermenêutica que julga que as profecias do Antigo Testamento devem ser interpretadas literalmente”. E C. Ryrie completa: Inquestionavelmente, as diferentes interpretações do milênio resultam de hermenêuticas diferentes. Ou seja, possuem princípios de interpretação distintos. Os pré-milenistas usam a interpretação literal ou normal em todas as áreas da verdade bíblica, enquanto os amilenistas utilizam um princípio não-literal ou espiritual na área da escatologia. Todos os conservadores, independentemente de seus argumentos escatológicos, usam a interpretação literal ou normal em todas as Escrituras, menos na escatologia. Floyd Hamilton, um amilenista, reconhece que “uma interpretação literal das profecias do Antigo Testamento apresenta-nos uma imagem do reino terreno do Messias igual à dos pré-milenistas”. Os amilenistas, claro, não aceitam essa imagem do

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Page 1: Cristo e Cumprimento Das Profecias

1.Questão hermenêutica

O presente trabalho tratou no capítulo 3 sobre a questão hermenêutica.

Aquela abordagem tratou sobre a história e desenvolvimento da interpretação bíblica

e focalizou no aspecto profético. O seu objetivo era preparar caminho para

compreender a hermenêutica usada pelas correntes escatológicas e fazer uma

escolha consciente da hermenêutica usada neste trabalho. Por isso que este

assunto é retomado aqui.

Hoekema também pensa assim “Há uma diferença básica entre o método

de interpretação empregado pelos pré-milenistas e o empregado pelos arnilenistas”

e Ladd concorda, na mesma obra, entende que o pré-milenismo dispensacionalista “

baseia-se no tipo de hermenêutica que julga que as profecias do Antigo

Testamento devem ser interpretadas literalmente”. E C. Ryrie completa:

Inquestionavelmente, as diferentes interpretações do milênio resultam de hermenêuticas diferentes. Ou seja, possuem princípios de interpretação distintos. Os pré-milenistas usam a interpretação literal ou normal em todas as áreas da verdade bíblica, enquanto os amilenistas utilizam um princípio não-literal ou espiritual na área da escatologia. Todos os conservadores, independentemente de seus argumentos escatológicos, usam a interpretação literal ou normal em todas as Escrituras, menos na escatologia. Floyd Hamilton, um amilenista, reconhece que “uma interpretação literal das profecias do Antigo Testamento apresenta-nos uma imagem do reino terreno do Messias igual à dos pré-milenistas”. Os amilenistas, claro, não aceitam essa imagem do futuro, porque ela utiliza hermenêuticas distintas na área da profecia.

Kim Kiddlebarger vai mais além:

Everyone has presuppositions that color how they read the Scriptures. The assumption that any one of these millennial views is the result of a straightforward, unbiased reading of Scripture is overly simplistic. To understand why Christians reach such diverse opinions, we must identify and carefully evaluate the presuppositions they hold before they come to the biblical text. It is vital to know what these presuppositions are and to determine how they affect a reading of prophetic sections of the Bible if we are to get past trading proof texts with opposing viewpoints.(posição 580).

Assim, a maneira como abordamos o texto bíblico irá determinar a sua interpretação.

No capítulo 3, foi dito que o método adotado seria o método histórico-gramatical. No

entanto, toda as correntes escatológicas afirmam utilizar este método, mas os

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dispensacionalistas acusam os amilenistas de alegorizar ou espiritualizar as

profecias e, por sua vez, os amilenistas acusam os dispensacionalistas de usar

indevidamente a interpretação literal. Ryrie demonstra muito bem isto em sua

Teologia Básica:

Nenhum literalista nega que a Bíblia contém figuras de linguagem, porém insiste que elas descrevem verdades literais.(...) Mas, veja bem, os amilenistas querem ser capazes de afirmar que não podemos ter certeza de que as profecias do Antigo Testamento, em relação ao reino milenar, serão cumpridas literalmente, pois nenhum tipo de cumprimento chegou a acontecer ainda. Mas como a Igreja possui algumas características similares ao reino, então a Igreja deve estar cumprindo essas profecias do Antigo Testamento. (Pag 518-519)

Diante deste impasse, Kiddlebarger mostra uma maneira de determinar o caminho:

The best way to choose the correct eschatological position from among the differing systems is to identify and evaluate the underlying hermeneutics involved. By examining the hermeneutical methods of each system, we can then decide which interpretation makes the most sense of the biblical data. (posição 585).

Como dito na conclusão do capítulo 3, este trabalho adota o método histórico-gramatical na perspectiva protestante histórica. Em resumo, este método tem três pressupostos que são pertinentes a este trabalho:

a) o Novo Testamento explica o Velho Testamento, tendo autoridade para determinar a plena interpretação do Velho Testamento. E nisto Kiddlebarger demonstra o porquê de não aceitar o método literal dos dispensacionalistas:

If the New Testament writers spiritualize Old Testament prophecies by applying them in a nonliteral sense, then the Old Testament passage must be seen in light of that New Testament interpretation, not vice versa. (posição 657).

b) Os profetas falaram da glória da era messiânica nos termos da própria era pré-messiânica. Os termos usados por estes profetas refletiram a cultura que eles viveram. No entanto, estes termos eram sombras e figuras que foram reinterpretados no Novo Testamento na pessoa de Jesus Cristo.

c) Analogia da fé. Este termo demonstra a necessidade de interpretar os textos obscuros à luz dos textos mais claros.

Page 3: Cristo e Cumprimento Das Profecias

Revelação Progressiva das Escrituras

É o princípio pelo qual a interpretação de qualquer parte ou assunto é ajudada por

uma consideração das menções progressivas do seu assunto nas Escrituras. As

escrituras foram escritas durante um longo período de tempo de pelo menos 1600

anos, de Moisés (1445 ac) até o Apostolo João (96 ad). Esta revelação foi sendo

expandida no decorrer da história, no início era incompleta e parcial, até que ela se

tornou completa com a vinda de Cristo. Foi o próprio Deus que tomou iniciativa e se

encarregou de realizar a revelação de si mesmo e de seus propósitos ao ser

humano. Ao escrever as Escrituras, Deus utilizou o método literário da menção

progressiva, de tal maneira que em cada menção sucessiva de um assunto bíblico,

Ele deu mais entendimento quanto ao seu sentido e uma compreensão maior do seu

significado.

Assim, Deus não revelou a verdade completa de uma só vez, ela foi feita

progressivamente, detalhe por detalhe, com cada parte fornecendo mais

acréscimos e esclarecimentos, com cada uma delas apresentando uma parte da

verdade.

A revelação progressiva pode ser verificada em seis áreas principais que são

princípios, eventos, símbolos, pessoas, lugares, e) profecias.

Com isto, podemos dizer que a revelação progressiva veio em dois sentidos: a) no

sentido material, onde ocorreu o acréscimo de documentos, começando pelos

documentos escritos por Moisés e terminando pelos documentos escritos pelo

apostolo João. b) no sentido cognitivo, onde a revelação mais nova completa o

sentido da revelação mais antiga.

Isto é demonstrado no livro de Hebreus quando diz que a lei era “a sombra dos bens

futuros, e não a imagem exata das coisas” (Hb 10:1) e que tinha “Deus antigamente

falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos

nestes últimos dias pelo Filho (Hb 1:1). Assim, o Antigo Testamento era a sombra

(forma rudimentar, protótipo) das coisas que viriam. E tudo apontava para Cristo,

seja profecias, ritos ou símbolos, por isso o ensino (revelação) bíblico alcança a sua

plenitude no Novo Testamento, isto é, em Cristo Jesus onde “habita corporalmente

toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9)

Page 4: Cristo e Cumprimento Das Profecias

E é provado quando os escritores no Novo Testamento citam passagens do Antigo

Testamento com outro enfoque ou aplicação, geralmente como previsões de coisas futuras.

Exemplo disto é o discurso de Pedro no Pentecostes quando ele menciona uma profecia de

Moisés e o aplica em Cristo Jesus:

Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povoAtos 3:22-23

E ele não ficou só nisto:

Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias.Atos 3:24

Não só os profetas foram interpretados à luz do Novo Testamento, os Salmos também seguiram pelo mesmo caminho, ou revelação:

Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. Atos 2:29-32

Este é o processo que a Bíblia usa para revelar os seus ensinos. Eles começam como uma semente que durante o tempo ela cresce e se torna uma frondosa árvore, ou seja, a forma elementar de uma doutrina se encontra no inicio das Escrituras e a forma mais desenvolvida se encontra nos livros posteriores. E por fim, esta frondosa arvore é Jesus Cristo que veio para dar à lei o sentido e a coerência que nunca teve, dando-lhe um sentido mais completo.

ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO

Depois que Cristo lançou luz sobre a pessoa e os propósitos de Deus para o homem, fica fácil ver que o povo de Deus não se iniciou com a chamada de Abraão ou o Pacto do Sinai feito através de Moisés. O povo de Deus nasceu na eternidade passada, quando o Deus trino decidiu criar um povo para ser santo e irrepreensível em Cristo Jesus.

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o

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beneplácito de sua vontade, Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,Efésios 1:4-6

E com isto em mente, Deus iniciou a execução deste propósito. Criou os céus e a terra, criou Adão e Eva sem pecado e os colocou no Jardim do Éden, num mundo perfeito e sem morte.

Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens.Salmos 115:16

No entanto, Adão e Eva falharam, desobedecendo a ordem de Deus de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e mal (Gn3:1-7). E como resultado, eles perderam a vida perfeita, foram expulsos do Éden e a terra foi amaldiçoada (Gn 3.8ss).Porém, tudo isto estava previsto no propósito de Deus feito antes da fundação do mundo. Assim, Deus profetizou sobre a semente (descendente) da mulher que “esta te ferirá a cabeça (da serpente), e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15).A partir daí começou o desenrolar da linhagem que viria a semente da mulher, o salvador da humanidade. De Adão iniciaram duas descendências, a de Cain e a de Sete. Como Cain matou o seu irmão Abel, Deus escolheu a descendência de Sete que começou a invocar a Deus (Gn 4:25-26). Quando Deus decidiu enviar o Dilúvio para julgar e destruir a raça humana, Ele salvou Noé e seus filhos, que eram descendentes de Sete. Dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé, Deus escolheu Sem para gerar a semente da mulher. E de Sem veio Abraão.

Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.Gênesis 12:1-3

E também Deus lhe prometeu a terra de Canaã:

Assim partiu Abrão como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã. E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e chegaram à terra de Canaã. E passou Abrão por aquela terra até ao lugar de Siquém, até ao carvalho de Moré; e estavam então os cananeus na terra. E apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua descendência darei esta terra.Gênesis 12:4-7

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Na sua velhice, Abraão e Sara tiveram, milagrosamente, Isaque. Isaque teve dois filhos: Esaú e Jacó. Esaú, que era o filho mais, menosprezou o seu direito de primogenitura e o vendou a seu irmão mais novo, Jacó, por um prato de ervilhas (Gn 25; Hb 12: 14-17). Com isto, foi através de Jacó, depois depois mudou seu nome para Israel, que Deus cumprir a promessa feita a Abraão (Gn 35:9-12).Após um período de fome, Israel e sua família descem para o Egito. Eles se multiplicam e se transforma em uma grande nação, mas são escravizados pelo Faraó. No tempo determinado por Deus, Ele levanta Moisés e com mão poderosa o povo de Israel é libertado do Egito e levado para a terra que prometera a Abraão. No caminho para Canaã, na planície do Sinai:

E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim;Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. E veio Moisés, e chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas estas palavras, que o Senhor lhe tinha ordenado. Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos. E relatou Moisés ao Senhor as palavras do povoÊxodo 19:3-8

Sob Josué, o povo tomou posse da terra. Depois veio o tempo do Juízes até que o povo pediu um rei e Deus lhe deu Saul. Após este ter se desviado, Deus escolher alguém que fosse fiel, Deus escolheu Davi que era em segundo o coração de Deus.

Porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou. 1 Samuel 13:14

E, quando este foi retirado, levantou-lhes como rei a Davi, ao qual também deu testemunho, e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade. Atos 13:22

E a Davi Deus prometeu:

E há de ser que, quando forem cumpridos os teus dias, para ires a teus pais, suscitarei a tua descendência depois de ti, um dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino.Este me edificará casa; e eu confirmarei o seu trono para sempre.

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Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e a minha benignidade não retirarei dele, como a tirei daquele, que foi antes de ti.Mas o confirmarei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu trono será firme para sempre.1 Crônicas 17:11-14

Salomão pecou contra Deus e adorou outros deuses. Deus, então, dividiu o seu reino em dois. O Reino do Norte com dez tribos cuja capital era Samaria, e o Reino do Sul formado pelas tribos de Judá e Benjamim, e cuja capital era Jerusalém. Reino do Norte se desviou por completo e Deus trouxe a Assíria e destruiu-o em 722 a.C.Já no Reino do Sul, houve alternância entre reis que temiam ao Senhor e reis que praticavam idolatria. Após Deus ter enviado vários profetas, e ter sido rejeitado, Ele trouxe os Babilônicos para invadirem Judá e levar o povo cativo à Babilônia. Jerusalém e o templo foram destruídos, o reino acabou. Mas Deus tinha feito promessas a Abraão e a Davi. Junto com as profecias de juízos, vieram também as profecias de restauração e Judá retornou do cativeiro e reconstruí Jerusalém e o Templo. No entanto, sempre ficou dominada por outros reinos: o medo-persa; Grécia; os Ptolomeus do Egito; os Seleucidas da Síria e Roma.E sob Roma e sob Herodes, rei idumeu vassalo de Roma, o Messias nasceu para cumprir o propósito de Deus estabelecido “antes da fundação do mundo”, o de preparar um povo para Deus:

Da descendência deste, conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para Salvador de Israel;Atos 13:23

O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.Tito 2:14

E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue nos compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação;E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra.Apocalipse 5:9,10

E o de preparar um reino:

Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai;E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.Lucas 1:30-33

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

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Mateus 25:34

E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: Depois disto voltarei,e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo.Atos 15:15,16

No entanto, primeiro era necessário que o Messias sofresse pelo pecado do seu povo e depois ressuscitasse.

Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia.Mateus 16:21

Mas, alcançando socorro de Deus, ainda até ao dia de hoje permaneço dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer, Isto é, que o Cristo devia padecer, e sendo o primeiro da ressurreição dentre os mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios.Atos 26:22,23

2. o único povo de deus

Tem sido ensinado que Deus tem dois povos distintos que são tratados de forma diferente. Este é o ensino popular nos dias de hoje em virtude da popularidade do Dispensacionalismo. No entanto, quando olhamos para a Bíblia percebemos que só existe um povo de Deus. Este povo começou com os israelitas e alcançou os não-israelitas e que hoje formam a igreja, o único povo de Deus.

2.1 A semente de Abraão

O apostolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, ao levar o Evangelho aos gentios revelou algo surpreendeu a todos – judeus e gentios – que a promessa feita a Abraão de uma semente (descendência) incluía não somente aos judeus, mais também aos gentios. E mais, que a semente prometida, antes de ser cumprida nos judeus e gentios, ela foi cumprida em Cristo Jesus.

O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas;A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;Efésios 3:5,6

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Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.Gálatas 3:16

Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.Gálatas 3:28,29

E a revelação mais revolucionaria foi que os verdadeiros filhos de Abraão não eram segundo a carne e sim segundo a fé:

Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.Gálatas 3:7-9

Voltando ao inicio, vemos que a promessa feita a Abraão não se referia ao Israel étnico, e sim à semente da mulher que haveria de esmagar a cabeça da serpente, e este semente é Jesus Cristo.

Hendriksen confirma este ensino:

(...) que Deus prometeu a salvação não à descendência física de Abraão, e, sim, aos verdadeiros crentes, a todos eles (sejam eles judeus ou gentios) e a eles somente, ele estão dizendo que esta grande bênção está centrada em uma só pessoa, ou seja, Cristo. É nele, e somente nele, que toda esta multidão de judeus e gentios crentes é abençoada. É neste sentido que semente é singular (não plural). Pag 196.

E acrescenta que o proposito de Paulo era demonstrar que: a) a promessa seria realizada em seu sentido mais rico e espiritual por Jesus Cristo, a verdadeira semente. b) que somente aqueles que estão na semente é que serão salvos. c) que a lei mosaica é incapaz de quebrar esta promessa (Gl 3:17).

Wiersbe confirma este entendimento:

Em última análise, Deus fez sua promessa pactual com Abraão por meio de Cristo, de modo que as únicas partes que podem alterar qualquer coisa nesse acordo são Deus o Pai e Deus o Filho. Nem Moisés pode mudar essa aliança!(pag 917)

Desta forma, Paulo diz que as promessas abraâmicas pertencem a todos que

estão em Cristo e somente àqueles em Cristo. Ele é o verdadeiro herdeiro, a

verdadeira semente e ninguém pode herdar as promessas fora de Cristo, seja judeu

ou seja gentio. Storms entende da mesma forma:

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Here is Paul’s stunning point: Jesus the Messiah is the one seed or progeny or offspring of Abraham to whom the promises were given. (…) Paul´s conclusion is that in the final analysis one’s ethnicity has nothing to do with or will not inherit the promises. Neither does gender (“heither male nor female”) or socio-economic status (“there is neither slave nor free”). The only relevant criterion is whether or not you are related by faith to the one seed of Abraham for whom the covenant promises were intendend. (pag 190)

E Hendriksen comenta:

Sendo que Cristo é tanto “a semente da mulher” quanto “a semente de Abraão”, não surpreende que nele judeus e gentios se reúnam a fim de se tornarem “um novo homem”, uma nova humanidade (cf. 4.24; Cl 3.10,11). Nele ambos foram feitos uma nova “criação” (cf. v. 10). (pag 162)

Conclusão:

Paulo demonstrou que a descendência de Abraão não era os seus filhos

naturais. Esta promessa primeiro se referia a Jesus Cristo - que disse que Abraão

viu o seu dia e se alegrou (Jo 8:56) – e depois se referia aos filhos pela fé, que até o

advento de Cristo estava quase que restrito a uma parcela dos filhos naturais de

Abraão e que, após o advento de Cristo, se abriu a todos os povos e a quantos o

Senhor nosso Deus chamar (Atos 2:39).

2.2 A metáfora da oliveira

O apostolo Paulo no capítulo 11 de Romanos usa a ilustração da oliveira para

ensinar a natureza do povo de Deus. Aqui Paulo faz alusão às palavras de Jeremias

que diz que “Denominou-te o Senhor oliveira verde, formosa por seus deliciosos

frutos” (Jr 11:16) e de Oséias que disse que “a sua glória (de Israel) será como a da

oliveira” (Os 14:6) e toma esta comparação para explicar o acréscimo dos gentios ao

povo de Deus.

No começo do capitulo 11, Paulo demonstra que Deus não rejeitou o seu

povo, e que este povo não é formado pela descendência física de Abraão e sim pela

descendência da fé. Nesta metáfora da oliveira, Paulo demonstra que a oliveira é o

Israel étnico e que os ramos são os indivíduos, o agricultor é Deus e a raiz é Cristo.

Os ramos quebrados são os judeus incrédulos e os ramos enxertados são os

cristãos gentios que se uniram aos ramos naturais que não foram quebrados. Assim,

ambos – os ramos naturais remanescentes e os enxertados – estão unidos

“participante da raiz e da seiva da oliveira” e formam o povo de Deus. No Antigo

Testamento é recorrente o uso do remanescente fiel e da salvação dos gentios:

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Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra. Isaías 1:9

Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um remanescente dele se converterá.Isaías 10:22

Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra. Isaías 49:6

E esta distinção entre o incrédulo e fiel Israel ficou claro quando Cristo veio.

Tanto é assim que quando ocorreu o Pentecostes a Igreja era composta do Israel

verdadeiro, isto é, do remanescente do Israel nacional. Com a expansão do

evangelho para fora de Jerusalém, os gentios começaram a ser adicionados à

Igreja, que por sua vez, era o Israel verdadeiro. Isto demonstra o fato que existia e

existe uma continuidade entre o Israel do Antigo Testamento e a igreja do Novo

Testamento.

Este ensino foi doloroso aos judeus. No livro de Atos fica evidente a lutas dos

judeus para compreender este mistério: que Deus chamou os gentios para serem

co-herdeiros de Cristo na comunidade da graça. Esta foi a causa do primeiro concilio

da Igreja que chegou a seguinte conclusão:E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Homens irmãos, ouvi-me: Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas, Conhecidas sào a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras.Atos 15:13-18

Sim, o apostolo Tiago reconheceu que Deus tinha profetizado que os gentios

seriam acrescidos ao povo de Deus: “Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te

tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos

gentios. (Isaías 42:6)”. E o mais surpreendente é que Tiago usada a passagem de

Amós que trata da restauração de Israel e sua linhagem real e o aplica na igreja

neotestamentária que é formada pelos judeus e gentios.

Keith Mathison confirma este entendimento:No Antigo Testamento ela tinha contido tanto judeus incrédulos quanto crentes. Mas quando Cristo veio, os judeus incrédulos foram cortados, deixando apenas os judeus crentes. Crentes gentios estavam então, e ainda estão agora sendo enxertados nessa oliveira boa – o remanescente crente – o Israel verdadeiro. Fosse verdade o dispensacionalismo, a ilustração não

Page 12: Cristo e Cumprimento Das Profecias

faria sentido. Paulo não diz que Deus plantou uma oliveira completamente nova, na qual ele agora enxerta judeus e gentios crentes. Não, os judeus crentes continuaram ali onde estavam em sua relação pactual com Deus. Deus trouxe os crentes gentios para essa relação pactual já existente. O remanescente crente de Israel, o Israel verdadeiro, e a Igreja do Novo Testamento são um e o mesmo corpo de crentes. Esses crentes judeus e gentios são a oliveira boa

Hendriksen vai na mesma esteira:Paulo adverte o gentio para que não se glorie do fato de que, emboraalguns dos ramos naturais - judeus incrédulos - tenham sido podados,ele, esse gentio, foi enxertado entre os ramos (judaicos) remanescentes, com tudo isso implícito na referência à participação de “a seiva nutritiva da raiz da oliveira”, as bênçãos prometidas aos patriarcas e concretizadas em sua vida e na vida de seus filhos tementes a Deus. (pag 492)

Storms concorda com isto:Of course, the nucleus of the early Church was Jewish. They were members of the Church, however, not because they were Jewish, but because they were believers! (…). One cannot read Romans 11 and conclude that the Church is wholly separate from Israel. Although we can surely speak of believing Israelites (i.e., the physical descendants of Abraham who come to faith in Christ) and believing Gentiles, they are together, as natural and unnatural branches respectively, one people of God, one olive tree. (pag 195).

Francisco Magalhães em seu artigo expõe a intenção de Deus ao chamar Abraão:Não se pode analisar Israel sem entender quais os requisitos que Deus exigia para que alguém fizesse parte desse Israel, seu povo. Para isso, é preciso analisar um fator importante: Deus jamais buscou um povo étnico específico. Quando Deus chamou Abraão, ele disse: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Deus chamou Abraão, não para formar um povo baseado apenas em um critério étnico, mas para aglomerar povos, etnias e nações que respondessem com fé à promessa do pacto perfeito que viria com o Messias. Paulo explicou isso, escrevendo aos Gálatas que “os da fé é que são filhos de Abraão” (3.7). O apóstolo indica que o anúncio de Deus a Abraão demonstrava que o seu povo era um grupo que cria na promessa do Pacto, não importando a etnia, mas a postura e resposta de fé para com Deus. Ele completa dizendo que “os da fé são abençoados com o crente Abraão” (Gl 3.9) e que a Escritura previu, quando falou a Abraão, que os gentios seriam justificados pela fé. (pag 11)

Conclusão

Com isto, demonstramos que a Bíblia contradiz o ensino que Deus possui dois

povos distintos. Ele sempre teve um único povo em Jesus Cristo, que é o único

descendente genuíno de Abraão. Portanto, “não há judeu nem grego nem escravo

nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus. E se

vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa”

(Gl 3.28,29).

2.3 e todo Israel será salvo

É ensinado pelos dispensacionalistas que estes versículos de Romanos 11

significam que ocorrerá uma grande conversão em massa dos judeus após o

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arrebatamento da Igreja e no fim da grande tribulação, quando Cristo voltar da

implantar o seu reino milenar. Atualmente esta é a visão mais popular, no entanto ao

observar este capitulo 11 de Romanos, esta interpretação sofre fortes objeções.

Este capitulo 11 começa com Paulo respondendo a pergunta se Deus tinha

rejeitado o seu povo, no caso, Israel. Paulo responde que não, no entanto, através

do episodio do profeta Elias (que pensou que não tinha mais nenhum fiel a Deus no

reino do norte e Deus lhe disse que Ele tinha preservado sete mil homens fiéis a

Ele), Paulo ensina que Deus não iria salvar todos os judeus naturais. Somente um

remanescente “segundo a eleição da graça” alcançaria a salvação e os demais

seriam endurecidos.

Após passar pela metáfora da oliveira (onde Paulo ensina o enxerto dos

gentios fiéis na oliveira podada do remanescente fiel de Israel e que juntos formam o

povo de Deus), Paulo revela um mistério:

Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo.Romanos 11:25,26a

Paulo se dirige à Igreja de Roma e esclarece que Deus não rejeitou o povo

judeu, mesmo que aparentemente a nação judaica tenha rejeitado Cristo.

Na historia do povo judeu sempre houve dois grupos de pessoas: os fiéis e os infiéis.

Com este argumento, Paulo procura demonstrar que a salvação nunca foi por

critério racial e sim pela fé:

Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas; Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência.Romanos 9:6-8

E através do episodio de Elias, Paulo mostra que Deus sempre resguardou

para Si um remanescente fiel no passado, no presente (com a conversão dos judeus

a Cristo) e no futuro quando se completar a plenitude dos gentios.

Hendriksen concorda com isto:Em harmonia, pois, com a substância desse mistério, aqui no versículo 25, o apóstolo declara que veio endurecimento, sobre parte de Israel. Isso foi verdade no passado, o é agora e será verdade no futuro. Não é o mesmo que declarar que um remanescente de Israel, em cada época, é salvo (ver 9.27; 11.1-5)?(pag 498)

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No que tange a “todo Israel será salvo” há cinco possibilidades, segundo Sam

Storms:

a) todo descendente étnico de Abraão de cada era;

b) todo descendente étnico de Abraão vivendo no futuro quando Cristo

retornar;

c) a massa ou maioria dos descendentes étnicos de Abraão vivendo no futuro

quando Cristo retornar;

d) ambos os judeus eleitos e os gentios eleitos que juntos formam a Igreja de

Jesus Cristo, o verdadeiro “Israel de Deus”;

e) todos os israelitas eleitos dentro da comunidade étnica de Israel (cf. Rm

9:6).

As possibilidades número 1 e 2 não procedem, pois o número 1 seria o

universalismo, ensino negado pelas Escrituras, e o número 2, por analogia, não

procede por nunca o endurecimento dos israelitas foi completo, assim a salvação

não alcançará a todos os indivíduos.

Assim, sobram as três teorias. A possibilidade número 3 é a mais popular

atualmente. Hendriksen a explica da seguinte forma:“Todo o Israel” indica a massa de judeus que estará vivendo sobre a terra no tempo do fim. O número completo dos gentios eleitos será congregado. Em seguida a massa dos judeus - Israel em grande escala - será salva. Isso se dará um pouco antes ou no mesmo instante do Regresso de Cristo. (pag 500)

Ou seja, refere-se ao Israel étnico, não a cada indivíduo judeu, mas à

maioria em determinado ponto da história. Algumas objeções são levantadas,

primeiramente que o termo “e assim” são significa uma sucessão cronológica, e sim,

uma consequência de alguma coisa, neste caso , a salvação continua dos judeus

remanescentes. Segundo, se o endurecimento for tirado dos judeus étnicos, como

consequência lógica, todos os judeus étnicos (cada indivíduo) teriam que ser salvos,

visto que não terá mais impedimento para não crer no Messias, e isto não inclui o

livre-arbítrio, visto que a salvação do remanescente não pelas obras, é pela fé (Rm

11:6). Terceiro, o contexto da argumentação de Paulo não trata do futuro, trata do

que está acontecendo agora (Rm 11:5, 30-31). Quarto, Paulo não fala sobre

salvação maciça, ele fala sobre a salvação do remanescente em qualquer época

passada, presente e futura. Quinto, para esta teoria, o termo Israel do versículo 25

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se refere à nação étnica até o retorno de Cristo, e o Israel do versículo 26 se refere

àquela geração da Parousia de Cristo, isto é uma incongruência, visto que o Israel

do versículo 25 é o mesmo do versículo 26.

a teoria número quatro foi desenvolvida por Calvino, no entanto, ela não procede

porque o termo “Israel” que aparece nos capitulo 9 e 11 sempre se refere ao Israel

étnico, além de que no versículo 25 Paulo usa Israel em referencia a sua etnicidade

e o mesmo ocorre no versículo 26. Hendriksem explica isto melhor:Em contrapartida, a aplicação de Calvino do termo “Israel”, no versículo 26 a todo o povo de Deus, tanto judeus quanto gentios, é errônea. No contexto precedente, as palavras Israel, israelita(s) ocorrem não menos de onze vezes: 9.4; 9.6 (duas vezes); 9.27; 9.31; 10.19; 10.21; 11.1; 11.2; 11.7; e 11.25. Em cada caso, a referência é claramente aos judeus, nunca aos gentios. (pag 502)

E por fim, resta a teoria número cinco que significa o número total do

remanescente fiel de Israel de todas as eras. Pelo contexto do capitulo 11, Paulo faz

um paralelo da “plenitude dos gentios” com “todo Israel” e que Deus esta tratando

destes dois grupos ao mesmo tempo, isto é, que Deus esta reunindo todos os

indivíduos eleitos durante o tempo presente e até a consumação dos tempos.

Storms também pensa assim: “All Israel” thus parallels the fullness of the Gentiles

(v25)”. E Hendriksen completa: “Os versículos 25, 26 esclarecera plenamente que

Deus está tratando com ambos os grupos, esteve salvando- os, está salvando-os e

prosseguirá salvando-os”. (pag 502).

Outro argumento que Storm apresenta é que o versículo 26 está dizendo que

“Paul is not simpliy asserting thar all elect Esrael will be saved but is describing th

mysterious manner in which it will occur” (pag 329), ou seja a ênfase do versiculo 26

esta no modo que Deus esta salvando-o e não no tempo que isto ocorre, “ in other

words, Paul is not telling us when all Israel shall be saved but how”(pag 331).

Com isto, este trabalho defende esta última teoria, que todo Israel será salvo

não significa que toda a nação étnica ou a sua grande será salva, e sim que todos

os judeus eleitos de toda a era será salvo.