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Cristo 12. Para onde vamos? Introdução: Chagamos a fase final do nosso estudo. Nesta etapa queremos estudar sobre as coisas do fim. Estudar as coisas do fim possui um nome técnico: ESCATOLOGIA. Estudar as coisas do fim vai além da segunda vinda de Cristo, mas percorre todo o processo entre sua ascensão 1 e sua segunda vinda. Queremos defender, por exemplo, que já vivemos os “últimos dias”. Outra percepção que precisamos ter é a seguinte: chegamos ao Apocalipse. Começamos em Gênesis 1 e chegaremos, neste estudo, ao último livro da Bíblia. Quando Deus nos deixou a Bíblia, seu objetivo era nos revelar aquilo que nos levaria até ele. Por isso, procuramos, durante esse estudo, percorrer os principais pontos bíblicos e chegarmos até o fim de todas as coisas. Se o Gênesis é o início de tudo, o Apocalipse é a transformação de todas as coisas. Vamos nos aprofundar um pouco mais nisso, porque, Às vezes, muitos têm medo do Apocalipse, mas isso não é necessário. Quando falamos das coisas do fim queremos que você tenha esperança. No final das contas não haverá uma destruição de tudo, mas uma transformação de todas as coisas. Se o pecado perverteu a ordem da Criação e infectou a Criação com o mal, Cristo veio restaurar a ordem da Criação com uma Nova Criação. Por falar nisso, Nova Criação é um termo que usaremos muito, porque Deus não destruirá tudo, como alguns dizem. Deus transformará todas as coisas e dará um status de glória maior do que o primeiro. Deus não nos criou ou criou o cosmos para que isso seja destruído, simplesmente. Mas, Cristo veio 1 Quando Jesus subiu aos céus, depois de ressuscitar (At 1:1-11)

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Cristo

12. Para onde vamos?

Introdução:

Chagamos a fase final do nosso estudo. Nesta etapa queremos estudar sobre

as coisas do fim. Estudar as coisas do fim possui um nome técnico:

ESCATOLOGIA. Estudar as coisas do fim vai além da segunda vinda de

Cristo, mas percorre todo o processo entre sua ascensão1 e sua segunda

vinda. Queremos defender, por exemplo, que já vivemos os “últimos dias”.

Outra percepção que precisamos ter é a seguinte: chegamos ao Apocalipse.

Começamos em Gênesis 1 e chegaremos, neste estudo, ao último livro da

Bíblia. Quando Deus nos deixou a Bíblia, seu objetivo era nos revelar aquilo

que nos levaria até ele. Por isso, procuramos, durante esse estudo, percorrer

os principais pontos bíblicos e chegarmos até o fim de todas as coisas. Se o

Gênesis é o início de tudo, o Apocalipse é a transformação de todas as

coisas.

Vamos nos aprofundar um pouco mais nisso, porque, Às vezes, muitos têm

medo do Apocalipse, mas isso não é necessário. Quando falamos das coisas

do fim queremos que você tenha esperança. No final das contas não haverá

uma destruição de tudo, mas uma transformação de todas as coisas. Se o

pecado perverteu a ordem da Criação e infectou a Criação com o mal, Cristo

veio restaurar a ordem da Criação com uma Nova Criação.

Por falar nisso, Nova Criação é um termo que usaremos muito, porque Deus

não destruirá tudo, como alguns dizem. Deus transformará todas as coisas e

dará um status de glória maior do que o primeiro. Deus não nos criou ou

criou o cosmos para que isso seja destruído, simplesmente. Mas, Cristo veio

1 Quando Jesus subiu aos céus, depois de ressuscitar (At 1:1-11)

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para nos resgatar e resgatar toda a Criação. Por isso, toda a Criação será

transformada.

Esse é um efeito da obra do Senhor Jesus: transformar todas as coisas!

Vamos juntos nessa jornada final.

1) A segunda vinda de Jesus

Para começar esse estudo, em primeiro lugar, precisamos pensar na volta do

Senhor Jesus. Não são poucos os textos bíblicos que nos demonstram essa

verdade. Vejamos alguns:

que lhes disseram: "Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este

mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma

como o viram subir". (Atos 1:11)

Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria

dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os

levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. (João 14:2-3)

Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra

se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e

grande glória. (Mateus 24:30)

Uma afirmação precisa ser feita: não sabemos o tempo da volta de Jesus.

Quando ele voltará? Não sabemos! Os textos da Escritura são vastos e nos

mostram essa realidade, ou seja, o Senhor voltará, mas não sabemos

quando (Mt 24:36). O que a Escritura nos diz é que, juntamente com a

segunda vinda do Senhor, haverá a ressurreição dos mortos (1ª Co 15:23-24;

2ª Pe 3:4-10), um grande julgamento (Mt 25:31-46) e a restauração de todas

as coisas (At 3:20-21). Sobre esses assuntos, falaremos um pouco mais

adiante, mas sobre a hora da volta de nosso Senhor, ninguém sabe.

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A volta de Cristo é um evento único. É importante ressaltar que a volta de

Cristo é única, porque a Escritura assim afirma (At 1:11; At 3:20-21).

Todavia, os dispensacionalistas2 não pensam assim. O dispensacionalista é

aquele que crê que Jesus voltará algumas vezes aqui nesta terra (falaremos

mais disso adiante). Na verdade, nesta forma de visão, Jesus pode voltar,

até, quatro vezes. Isso é um absurdo bíblico. Jesus voltará uma vez só! Não

há, sequer, uma passagem bíblica que nos remeta a mais de uma volta do

Senhor Jesus. Todas as vezes que a Escritura afirma a volta do Senhor

Jesus, faz isso de maneira única. Além disso, não há nenhuma passagem

bíblica que expresse a isenção da igreja quanto à Grande Tribulação. Outra

coisa, não, biblicamente falando, um plano específico para Israel. A Igreja é o

povo de Deus, em Cristo. Não há um plano específico para os judeus. O

dispensacionalismo é incoerente e inconsistente. Jesus voltará uma vez só!

Nós, que cremos na Teologia do Pacto (Pacto de Obras e Pacto da Graça),

interpretamos a Bíblia como Palavra de Deus. Toda a Escritura é inspirada.

Além disso, toda Escritura é revelada e essa revelação é progressiva. Há,

claramente, na Escritura um pacto, com duas administrações: Lei e

Evangelho. A Lei vigorou até João Batista e o Evangelho se deu a partir de

Jesus. Não falamos de uma divisão entre lei e graça, porque na

administração de Lei havia graça e na administração do Evangelho há lei e

graça.

Por isso, a Teologia do Pacto vê Israel como sendo a nação preparada por

Deus, a fim de que Jesus viesse. Depois de sua vinda, Deus não tem mais

compromisso pactual com Israel. Deus tem compromisso com sua igreja,

que é o povo de Deus. Em sua vinda, única, o Senhor Jesus virá julgar os

vivos e os mortos e transformará todas as coisas, a fim de que o seu Reino

seja final. Todos aqueles que creem em Cristo fazem parte do pacto,

2 Dispensacionalismo é uma maneira, antagônica à Teoloigia do Pacto, de interpretar as Escrituras. Segundo os dispensacionalistas, Deus tratou de maneiras diferentes (dispensações) Sua casa. Segundo esta forma de pensar há 7 dispensações: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, Lei, Graça ou Igreja, Reino Milenal e Estado Eterno.

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independentemente de cor, raça, tribo ou língua. O pré-requisito básico para

ser de Cristo é fé, assim como Abraão, ainda na antiga administração do

pacto (Rm 4:10-25). E aqueles que estão em Cristo esperam sua vinda única.

Sendo assim, deixemos a Escritura falar e nos perguntemos o seguinte:

como será essa volta do Senhor Jesus? O que podemos dizer é que ela

possui algumas características. Seguem algumas:3

a) Será pessoal: a morte é a separação do corpo e da alma. A

ressurreição é a junção do corpo com a alma novamente. Jesus

ressuscitou e sua volta será pessoalmente. Ele não mandará preposto.

Não há nada de subjetivo na volta de Cristo. Alguns acreditam que

essa vinda é figurada, ou seja, Jesus não voltará, mas o “espírito de

Cristo”, travestido de um avanço moral na história humana será a

volta de nosso Senhor. A Bíblia explica que Cristo voltará

pessoalmente (At 1:11; 3:20-21; Mt 24:44; 1ª Co 15:22; Fp 3:20; Cl

3:4; 1ª Ts 2:19; 3:13; 4:15-17; 2ª Tm 4:8; Tt 2:13; Hb 9:28).

b) Física: alguns afirmam que a vinda do Senhor é espiritual. Por

exemplo, no Pentecostes o Senhor teria vindo em espírito. Às vezes,

utilizam a palavra parousia, que quer dizer presença, a fim de dizer

que Jesus já voltou. Mas, parousia, também, quer dizer chegada, ou

seja, o Senhor Jesus chegará. Além disso, a Escritura nos mostra mais

três palavras para a segunda vinda de Jesus: apokalupsis, epiphaneia

e phanerosis. Todas as três nos remetem a uma realidade futura. Além

do mais, a Escritura nos mostra Cristo vindo fisicamente (At 1:11;

3:20-21; Hb 9:28; Ap 1:7).

c) Visível: As Testemunhas de Jeová, por exemplo, afirmam que Cristo

voltou em 1874, invisivelmente, mas em 1914 voltaria com poder, a

fim de retirar a igreja do mundo e, depois disso, derrubar os reinos do

mundo. O problema? Passou 1914 e Jesus ainda não voltou, porque

3 Berkhof, Louis. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã. São Paulo – SP, 2007. Página 649-650.

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sua vida é visível (Mt 24:30; 26:64; Mc 13:26; Lc 21:27; At 1:11; Cl

3:4; Tt 2:13; Hb 9:28; Ap 1:7).

d) Repentina: Conforme já enunciamos, anteriormente, a vinda do

Senhor é surpresa. Não sabemos o horário (Mt 24:37-44; 25:1-12; Mc

13:33-37; 1ª Ts 5:2-3; Ap 3:3; Ap 16:15).

e) Gloriosa e Triunfal: O Senhor Jesus não voltará num corpo

corruptível, sofredor e humilde. Ele virá com toda a sua glória. Ele virá

com os seus anjos. Todos os povos se dobrarão a ele. Ele voltará como

Rei dos Reis e colocará todos embaixo dos seus pés (Hb 9:28; Mt

24:30; 2ª Ts 1:7; 1ª Ts 4:16; 1ª Ts 4:16; 1ª Ts 3:13; 2ª Ts 1:1-10; 1ª Co

15:25; Ap 19:11-16).

2) O Estágio Intermediário e a Ressurreição dos Mortos

O ponto anterior foi um pouco mais teológico, por isso, queremos equilibrar

a argumentação e fazermos a discussão de uma maneira mais prática. A

volta de Jesus traz consigo duas realidades maravilhosas: a ressurreição dos

mortos (1ª Co 15:23-24) e a transformação de todas as coisas (At 3:20-21).

Então, antes da ressurreição, vamos nos perguntar o seguinte: onde estão

aqueles que já estão mortos? Já sabemos que a morte é a separação do

corpo e alma; sabemos, também, que o espírito volta para Deus e que o

corpo volta para a terra (Eclesiastes 12:7). O corpo, então, volta ao pó (Gn

3:19), mas o que acontece com o Espírito?

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que não há aniquilação da alma. Todos

os seres são eternos. A filosofia antiga reforça essa crença, uma vez que

“seguindo o exemplo de Pitágoras, Heráclito e Empédocles, especialmente

Platão (em Fédon), procurou fundamentar sua crença religiosa na

imortalidade pela argumentação filosófica. Essencialmente, suas provas

limitam à opinião de que a alma, que extrai da memória seu conhecimento

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de ideias, já existia antes de habitar em um corpo e, portanto, continuará

existindo para sempre depois de deixa-lo”.4

Um grande conceito aqui é necessário, porque, assim como na Teologia, a

Filosofia crê que a consciência está na alma. O ser humano é corpo e alma

(ou espírito). Nosso sistema nervoso é uma ponte de contato entre os dois. A

consciência, então, está na alma, que extrai isso da nossa experiência de

vida.

Aqui começamos a responder àqueles que perguntam se, depois da morte,

lembraremos de tudo. Claro que sim! Porque nossa consciência está na

alma. Por isso, as almas que estão debaixo do trono de Deus, em Apocalipse

6:9-11, estão clamando por justiça. Elas são conscientes. Ah, e elas não

estão tristes e não ficaremos tristes depois da ressurreição dos mortos.

Muitos especulam dizendo que ficaremos tristes, porque não encontraremos,

na glória, alguns queridos amigos e irmãos.

Em nome de Jesus, o julgamento de Deus é PERFEITO! Quem precisa de

lugar garantido na glória é o Senhor Jesus, porque dependemos dele. Quem

será salvo? Quem Jesus quiser! E quem será condenado? Quem Jesus

quiser! Quando passarmos pelo julgamento eterno, teremos a seguinte

percepção: “Deus é justo e os ímpios não deveriam mesmo estar aqui!”. Não

sentiremos saudade, porque o Senhor será tudo em todos. Seremos plenos,

em Cristo. Seremos, completamente, transformados.

Ao nos apropriarmos desta direção na argumentação dizemos que as almas

estão conscientes e não dormindo. Alguns pregam o sono da alma, ou seja,

que a alma, depois da morte, dorme e espera a volta de Jesus. Não há

espaço para isso (Lc 16:19-31; 2ª Co 5:6-9; Fp 1:23; Hb 12:23; Ap 6:9; Ap

20:4). Vamos deixar isso bem claro, porque elas estão clamando debaixo do

trono de Deus, ou seja, estão muito ativas. E, por sua vez, não estão nem

4 Bavinck, Herman. Dogmática Reformada: Espírito Santo, igreja e nova criação: volume 4. São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2012. Página 597.

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serão aniquiladas. Repare que, depois da ressurreição dos mortos, uns irão

morar com Cristo e outros irão para o inferno (Ap 20:11-15). Ninguém será

aniquilado.

Para você não ficar confuso, a Teologia Reformada chama isso de Estágio

Intermediário. Pense bem: onde estão as almas dos ímpios agora? E onde

estão as almas dos santos? E o que seria esse estágio intermediário?

Segundo Berkhof, “diz a Confissão de Westminster que as almas dos ímpios,

após a morte, “são lançadas no inferno, onde ficarão, em tormentos e em

trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia final”. Ademais,

acrescenta: “Além desses dois lugares (céu e inferno) destinados às almas

separadas de seus respectivos corpos, as Escrituras não reconhecem

nenhum outro lugar”. E a Segunda Confissão Helvética prossegue, depois da

citação acima feita: “De modo semelhante, cremos que os incrédulos são

precipitados no inferno, do qual não há retorno aberto para o ímpios, pois

coisa alguma que os que vivem façam”.”.5

Aqui podemos chamar a parábola do rico e Lázaro, em Lucas 16, para nos

ajudar na explicação deste ponto. O rico morreu e foi para o hades/sheol,6

que quer dizer inferno ou lugar de tormento eterno. Ele estava consciente,

procurou a amenização de sua condição e não foi atendido, porque não há

uma segunda chance. Depois da morte não há uma nova chance. Por outro

lado, Lázaro aproveita a presença de Deus e tem repouso e alegria.

Estágio intermediário é o estado em que as almas se encontram entre a

morte e a ressurreição. As almas dos santos, que estão em Cristo, vão para o

céu e ficam na presença de Deus. Por outro lado, os ímpios, que morreram

sem Cristo, estão no inferno em tormentos eternos.

5 Berkhof, Louis. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã. São Paulo – SP, 2007. Página 625. 6 Sheol é a palavra hebraica para inferno, sofrimento eterno ou lugar dos mortos – sepultura. Hades é a palavra grega, também, para inferno, lugar de tormento e sofrimento ou lugar dos mortos - sepultura.

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Agora, precisamos falar da ressurreição dos mortos. Tomemos por base as

palavras de Paulo em 1ª Co 15. Todos serão ressuscitados! A ressurreição

acontece, exatamente, após a volta de nosso Senhor e todos serão

ressuscitados, bons e maus, santos e ímpios. Depois da ressurreição, o

tribunal de Deus será instalado e o grande julgamento acontecerá (Mt 25:31-

46; Ap 20:11-15).

No último dia, quando a última trombeta soar, Cristo rasgará os céus e os

mortos serão ressuscitados. Todos se dobrarão aos seus pés. Ele não pisará

nesta terra, porque ela será completamente transformada. Os santos

encontrarão o seu Senhor nos ares e os ímpios serão lançados no lago de

fogo e enxofre. Os ímpios padecerão para sempre, mas os santos, em Cristo,

serão glorificados e viverão em Novos Céus e Nova Terra eternamente. Mais

para frente falaremos um pouco mais desta nova realidade.

É importante ressaltarmos que conhecer o estágio intermediário e a

ressurreição dos mortos deve trazer paz e sossego para as nossas vidas.

Termos certeza do nosso futuro e da ação poderosa de Deus na história.

Conhecer um pouco mais do plano de Deus deve confortar o seu coração.

Toda a Escritura é revelação de Deus, a fim de que seu povo o conheça mais

e possa adorá-lo e glorifica-lo melhor.

3) Milênio?

Esta será dedicada ao esclarecimento de uma dúvida enorme no meio das

igrejas. O livro do Apocalipse traz um texto muito interessante sobre o

milênio. Vejamos:

Vi descer do céu um anjo que trazia na mão a chave do abismo e uma grande

corrente. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o

acorrentou por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele,

para assim impedi-lo de enganar as nações até que terminassem os mil anos.

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Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo. Vi tronos

em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para

julgar. Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de

Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua

imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles

ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. (O restante dos mortos

não voltou a viver até se completarem os mil anos.) Esta é a primeira

ressurreição. Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A

segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de

Cristo, e reinarão com ele durante mil anos. (Apocalipse 20:1-6)

A realidade aqui exposta traz um pouco de confusão e muitas doutrinas têm

sido levantadas a partir daqui. O cerne da discussão é o verso 2, quando o

texto fala do milênio. Trata-se de um texto chave que culmina com o Reino

de Cristo instalado, após o julgamento de Satanás e dos mortos. Por isso, o

milênio é muito discutido. Afinal de contas, quando Jesus instalará o seu

Reino? Haverá um milênio literal e Cristo reinará, na terra? Como podemos

interpretar isso?

Mais uma vez você pode se perguntar: Por que preciso saber disso? O

simples fato de ser Palavra de Deus já deveria te impulsionar. Todavia, a

Revelação foi dada, a fim de que não percamos a esperança. Lembre-se que o

livro do Apocalipse foi dado a João em um período de grande perseguição, a

fim de que o povo tivesse consolo. Conhecer um pouco mais do milênio é

saber como Cristo reinará e, por isso podemos ter confiança nele.

Passamos, agora, a analisarmos algumas interpretações deste texto.

a) Pré-milenismo: Esta, no século 20, foi a visão mais predominante

entre os cristãos. O pré-milenismo é a visão de que após a sua

segunda vida, Jesus Cristo governará a terra por 1000 anos. Assim, a

segunda vinda é antes do milênio (pré-milenista). Os pré-milenistas

ensinam que na segunda vinda de Cristo, os santos que estiverem

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vivos serão rapturados e os santos mortos serão levantados dentre os

mortos. Todos esses santos receberão corpos glorificados e imortais.

Eles encontrarão Cristo nos ares e retornarão para governar com ele a

terra por 1000 anos. Esse período de 1000 anos será um de paz e

justiça mundial. No final desse período, Satanás será solto de sua

prisão para enganar as nações. Inúmeros exércitos se rebelarão e

atacarão Cristo e os santos em Jerusalém; esses exércitos serão então

destruídos por fogo do céu. Após a derrota desses exércitos rebeldes,

acontecerá a ressurreição e o julgamento final; então começará o

estado eterno.7 Algumas objeções claras se levantam contra o pré-

milenismo:8

I) A teoria se baseia numa interpretação literal dos

delineamentos proféticos do futuro de Israel e do Reino de

Deus, o que é inteiramente insustentável. Pens bem: se

todo o livro de Apocalipse é figurado, por qual razão só o

milênio é literal?

II) Não há absolutamente prova nenhuma de que Jesus

pregou dois Evangelhos diferentes, primeiro o do Reino e

depois o da graça de Deus, esta distinção é insustentável.

Isto é dito, porque os pré-milenistas afirmam que Jesus

pregou que o Reino (teocracia judaica) esta às portas. Mas,

uma vez que os judeus não creram em Cristo, ele propôs o

estabelecimento do Reino judaico até a segunda vinda.

III) É contra o juízo final, a ressurreição e a transformação de

todas as coisas, porque estes eventos são sincronizados e

não há mil anos entre eles.

IV) A Bíblia não permite uma dupla, tripla ou quádrupla

ressurreição, conforme os pré-milenistas.

7 Disponível em http://www.monergismo.com/textos/pre_milenismo/Decepcao_Schwertley.html. Acessado em 05 de maio de 2015. 8 Berkhof, Louis. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã. São Paulo – SP, 2007. Página 656-659.

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V) Como a velha terra e os pecadores viverão na presença de

santos e do próprio Cristo? Como o Cristo, glorificado,

estabelecerá um reino nesta terra caída? Essa é uma

barreira intransponível para o pré-milenismo.

b) Pós-milenismo: “O pós-milenismo espera que a proclamação do

evangelho ganhe a vasta maioria dos seres humanos para Cristo na

presente era. O aumento do sucesso do evangelho produzirá

gradualmente um tempo na história antes do retorno de Cristo no qual

a fé, justiça, paz e prosperidade prevalecerão nos assuntos do povo e

das nações. Após uma extensa era de tais condições, o Senhor

retornará visível e corporalmente, e em grande glória, terminando a

história com a ressurreição geral e o grande julgamento de toda a

humanidade”.9 Para os pós-milenistas, o milênio corresponde ao

período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Algumas

objeções claras se levantam contra o pós-milenismo:10

I) O pós-milenismo ensina que o Evangelho, que é o poder de

Deus para a salvação, terá sucesso em escalas mundiais, e

influenciará toda a sociedade humana. Por causa da

influência do Cristianismo, o mundo gozará de um grande

período de paz e prosperidade. Por crer na depravação

total do homem, o pós-milenismo não crê que tais

melhorias advirão da “evolução” do homem, mas sim do

poder de Deus, atuando mediante a Sua Palavra e o Seu

Espírito, regenerando corações, e sujeitando as nações à

Cristo. Não obstante muitos covardes dizerem que o pós-

milenismo tem muito em comum com a evolução, isso não

passa de calúnia de quem comenta o que não conhece,

9 Disponível em http://www.monergismo.com/textos/pos_milenismo/artigo-resumo-posmilenismo_k-gentry.pdf. Acessado em 05 de maio de 2016. 10 Disponível em http://www.monergismo.com/textos/pos_milenismo/a-heresia-do-posmilenismo_felipe-sabino.pdf. Acessado em 05 de maio de 2016.

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conforme podemos verificar analisando as obras de

referência sobre o assunto, quer antigas ou modernas.

Embora nem todos serão salvos, o Cristianismo será a

norma da nossa sociedade, num tempo futuro

determinado por Deus.

II) O pós-milenismo ensina que Jesus Cristo retornará

pessoal e visivelmente no final da história para julgar o

mundo. Tal retorno será após o que chamamos de milênio,

o período desde a primeira vinda de Cristo até a sua

segunda vinda. O pós-milenismo ensina que a paz e a

prosperidade que reinarão no mundo serão resultados

provenientes da conversão em massa de pessoas ao

Cristianismo. O Cristianismo não será apenas a crença

comum, mas também a prática. Em outras palavras,

veremos o Cristianismo verdadeiro, que inclui a prática da

doutrina pregada.

c) Dispensacionalismo: Já definimos rapidamente aqui, mas nos

aprofundaremos no que é o dispensacionalismo. O dispensacionalista

é aquele que crê que quando Jesus voltar arrebatará a Igreja de forma

secreta dos sete anos de tribulação que virá sobre a terra, para que

assim muitos judeus e até não judeus se convertam neste tempo.

Então, passado os sete anos, Jesus voltará, novamente, com a igreja,

todos como novos corpos, transformados e inicia-se o Milênio. Este

Milênio, que falaremos melhor mais tarde, será com a Igreja e aqueles

judeus e não judeus, que se converteram na tribulação com seus

corpos naturais. Cristo reina por mil anos e, então, vem o julgamento

final. Depois disso, os Novos Céus e a Nova Terra. E para crer nesta

posição é necessário entender que Deus tem um plano para Israel e

outro para Igreja. Além disso, a Igreja é um parêntese na história,

porque as promessas de reino do Antigo Testamento se cumprirão com

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Israel no Milênio. Por isso, a tribulação é necessária para Israel se

purificar e converter-se. Assim, eles entram no Reino.11 As seguintes

bases bíblicas são utilizadas para essa construção teológica: 1ª Ts

4:15-16; Mt 24:14; Rm 11:26; 2ª Ts 2:8-10; 1ª Ts 3:13; Mt 25:31-46;

2ª Ts 2:1-2 & 8; 2ª Ts 2:1-7-10; Mt 24:4-26; Lc 21:36; 1ª Tm 4:1-3; 2ª

Tm 3:1-5; Ap 7:14.

Algumas objeções claras se levantam contra o pós-milenismo:

I) A Bíblia não fala em várias voltas de Cristo, como querem propor

os dispensacionalistas.

II) Não há qualquer evidência de que a igreja não passará pela

grande tribulação.

III) Utilizam uma interpretação literal em algumas partes, mas em

outras utilizam uma interpretação figurada.

IV) Não há um plano para Israel na nova aliança. Israel cumpriu o

seu papel de nação para que o Messias viesse por ele. Agora,

porém, não há necessidade de olharmos para esta nação. O povo

de Deus é a igreja.

a) Amilenismo: O amilenismo é nossa forma de enxergar Apocalipse 20.

Na verdade, esse nome não concede dignidade ao nosso pensamento,

porque não há uma negação do milênio, mas compreende-se que já

estamos no milênio. Mil anos é sinal de muitos anos, que

compreendem a primeira e a segunda vinda de Cristo. Ou seja,

estamos no milênio e vivemos nos últimos dias. O Reino de Jesus é já,

mas ainda não. Quer dizer que Jesus já Reina, mas seu Reino será

glorioso na segunda vinda. Satanás não está solto, mas seu poder está

limitado. Ainda que ele aja com mais intensidade ou frequência em

alguns momentos, seu poder está limitado por Cristo, que amarrou o

valente. Cristo pode voltar a qualquer momento e julgará os vivos e os

11 Disponível em http://theologiaevida.blogspot.com.br/2011/05/por-que-deixei-o-dispensacionalismo.html. Acessado em 04 de maio de 2016.

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mortos. Depois do juízo de Cristo, a restauração da Criação será

efetuada e os de Cristo viverão com ele eternamente. Por outro lado, o

Diabo, os demônios e os ímpios arderão no fogo e enxofre.

4) Novos Céus e Nova Terra

Chagamos ao último bloco de nosso estudo e queremos falar um pouco da

vida eterna. As perguntas são: onde viveremos? Como viveremos? Pouco

material sério, feito a partir de um estudo bíblico sistemático, tem sido

produzido. Mas, tentaremos, de maneira sucinta falar um pouco do habitat

humano no futuro.

Bavinck afirma algo que começa a nos dar um pouco de luz no final do

túnel: “A renovação da criação acontece depois do juízo final. De acordo com

a Escritura, o mundo presente não continuará para sempre nem será

destruído e substituído por um mundo totalmente novo. Em vez disso, ele

será purificado de pecado e recriado, renascido, renovado, totalmente

novo”.12 O mito de que o mundo será aniquilado e moraremos no céu, como

anjos, tocando harpa eternamente, precisa ser substituída, porque o que

haverá será uma Nova Criação.

Em primeiro lugar, começamos nosso estudo no jardim, mas terminaremos

numa cidade (Ap 21) – Nova Jerusalém. A partir desta afirmação vamos

começar nosso estudo. Mas, é preciso pensar no lugar desta cidade.

Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra

tinham passado; e o mar já não existia. (Apocalipse 21:1)

A Escritura utiliza as expressões “novo céu” e “nova terra”. Seriam duas

coisas diferentes? Haverá um céu e uma terra diferentes? Claro que não!

Analise Gênesis 1:1:

12 Bavinck, Herman. Dogmática Reformada: Espírito Santo, igreja e nova criação: volume 4. São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2012. Página 724.

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No princípio Deus criou os céus e a terra. (Gênesis 1:1)

As expressões utilizadas em Apocalipse 21:1 são um complemento do que é

utilizado em Gênesis 1:1. O primeiro céu e a primeira terra foram

corrompidos por Adão, através do pecado. Mas, em Cristo, haverá uma nova

terra e um novo céu, completamente santificados.

Mas, você poderia dizer: o que nos garante que esse novo céu e essa nova

terra são feitos a partir da transformação desse céu e terra? Simples! A

palavra utilizada por João para novo é kainós (καινός). A outra palavra

utilizada para novo é neós (νεος). “Há úma distinção qualitativa entre as duas

ordens mundiais. Kainoj (novo) usualmente indica novidade em termos de

qualidade, não tempo; a novidade em termos temporais é uma nuança típica

de neoj, embora as duas palavras possam algumas vezes ser sinônimas”.13

Uma distinção importante é que neoj trata de algo nascido recentemente,

jovem e juvenil. Por outro lado, kainoj trata de novo em relação à forma. É

algo recentemente feito, fresco, não usado, não surrado. Com respeito à

substância, é um novo tipo, sem precedente, incomum e desconhecido.

Ou seja, quando a Escritura fala de um novo céu e uma nova terra está

apontando para transformação deste céu e desta terra. É uma nova

substância. A glória de Deus será colocada nesta Criação e teremos, enfim

uma nova Criação. Onde iremos morar? No Novo Céu e na Nova Terra.

Ninguém ficará com asas, como anjos, tocando harpa no céu, mas ficaremos

na Nova Criação.

Outro importante destaque está relacionado à Nova Jerusalém. O Texto

bíblico diz:

Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,

preparada como uma noiva adornada para o seu marido. (Apocalipse 21:2)

13 Beale, G. K. The Book of Revelation – A Comentary on the Greek Text. Grand Rapids, Mich: Eedmans, 1999. Página 1040.

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O primeiro mistério está no fato desta cidade descer dos céus. Essa é mais

uma evidência de que ficaremos na Nova Terra com o Senhor. A Nova

Jerusalém é a capital desta nova criação e será governada pelo Cordeiro –

Jesus. “O habitat original, que era o Éden (a terra), tinha como capital o

jardim de Deus, o paraíso. Portanto, assim como o jardim de Deus era o

centro e a “capital” da terra original, assim também a nova Jerusalém, a

cidade santa, é a capital da nova terra”.14

Segundo João 14:2-3, esta cidade está sendo construída e, no dia

derradeiro, o Senhor descerá com ela do céu. Para fechar essa parte, vamos

pensar que o Senhor Jesus veio substituir Adão e nos dar uma Nova

Criação. Ao invés do Éden, o Senhor Jesus Cristo nos dará uma nova cidade.

Esta cidade descerá dos céus e, depois que a terra for purificada (2ª Pe 3:10),

viveremos com ele eternamente.

Outra constatação é que o Pacto da Graça será confirmado eternamente, e o

Senhor Jesus governará o seu povo de perto.

Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo (skene -

σκηνή) de Deus está com os homens, com os quais ele viverá (skenoo -

σκηνόω). Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o

seu Deus. (Apocalipse 21:3)

Preste bem atenção nestas duas expressões do verso 3. O primeiro diz que o

tabernáculo de Deus desceu para a nova Jerusalém. O verbo tabernacular

não existe na língua portuguesa, mas “skene” significa aquele templo móvel

de Deus, feito por Moisés, que se movia no deserto. Mas, o interessante é

que a expressão “ele viverá” é “skenoo”, que é da mesma raíz que “skene”.

“Ele viverá” ou “skenoo” significa permanecer, viver, residir. Ou seja, Deus

instalará o seu trono na nova Jerusalém e viverá com o seu povo, porque os

14 Campos, Heber Carlos de. O habitat humano: o paraíso restaurado: parte 1. São Paulo – SP, Hagnos, 2014. Página 48.

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termos do pacto são repetidos: Eles serão os seus povos; o próprio Deus

estará com eles e será o seu Deus.

E qual será a condição daqueles que vivem na nova terra com Cristo?

Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem

tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou. (Apocalipse 21:4)

Nas palavras de Barclay: Esta comunhão com Deus, na idade dourada, vai

acompanhada de certas coisas. Desaparecerão as lágrimas, a dor e o pranto.

Este também foi um dos sonhos dos profetas de Israel: Isaías 35:10; 65:19.

Também desaparecerá a morte. Os profetas anteciparam, do mesmo modo,

esta maravilhosa realidade: Isaías 25:8. Trata-se, então, de uma promessa

para o futuro. Não chegamos ainda a essa era quando desaparecerá toda

dor, quando não haverá lágrimas e quando a morte não terá mais poder.

Mas até neste mundo é verdade que os que choram são bem-aventurados,

porque encontram consolação, e que a morte é tragada na vitória de Cristo

para todos os que o conhecem e compartilham sua comunhão, a comunhão

com seus sofrimentos e o poder de sua ressurreição (Mateus 5:4; Filipenses

3:10).15

Não há espaço para o mau. Não há espaço para o pecado. O Cordeiro será

tudo em todos. Os habitantes da nova terra serão santos e não haverá

impureza. A glorificação dos habitantes, por ocasião da segunda vinda de

Cristo, garantirá que eles sejam como Cristo. A imagem e semelhança

voltará perfeita e glorificada.

Mas, uma consideração final precisa ser feita. Se não ficaremos pulando

nuvens e tocando harpa, o que faremos na Nova Criação?

15 Barclay, Willian. O Apocalipse de João. Associação Edições A Aurora. Buenos Aires – Argentina, 1983. Página 442.

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As nações andarão em sua luz, e os reis da terra lhe trarão a sua glória. Suas

portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite. A glória e a honra

das nações lhe serão trazidas. (Apocalipse 21:24-26)

Pensemos o seguinte, a partir deste texto simples:

Haverá nações;

As nações andarão na luz do Senhor;

Haverá reis;

Os reis trarão os pertences gloriosos;

Os reis trarão a glória das nações.16

Vamos por partes. A palavra para nações é “ethne”, de onde procede a

palavra etnia. Ou seja, haverá pessoas de várias etnias na nova terra. Gente

salva, mas de todas as nações. Elas andarão na luz do Senhor, ou seja,

participarão do seu reino e herdarão seu reino. Serão retos e justos. Serão

iluminados pela glória do cordeiro. Na Nova Criação, haverá várias nações

em que a glória do Cordeiro será aquilo que as guiará com justiça e

equidade.

Na Nova Criação, nestas nações, haverá governos, como diz Apocalipse 22:5:

Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia nem da luz do

sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre.

(Apocalipse 22:5)

Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre

as nações. (Apocalipse 2:26)

É impossível sabermos o nome desses reis e o nome dessas nações. Todavia,

a Nova Jerusalém é de grandes dimensões (Ap 21:10-27) e, com certeza

avida administrativa da cidade será intensa. Além disso, haverá a vida fora

da Nova Jerusalém, o que, também, demandará administrações. É certo que,

16 Campos, Heber Carlos de. O habitat humano: o paraíso restaurado: parte 1. São Paulo – SP, Hagnos, 2014. Página 403.

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a critério do Grande Rei, pessoas trabalharão na administração da nova

Criação.

Ao contrário da corrupção vigente nesta Criação, na nova Criação não será

assim. o texto bíblico é enfático ao dizer que os reis trarão pertences

gloriosos e trarão a glória das nações aos pés do Cordeiro de Deus, o Grande

Rei.

“Eles trarão tudo de glorioso que possuem para deleite do seu Senhor.

Qualquer coisa gloriosa para eles não se compara à glória que o próprio

Senhor tem. Portanto, o que vierem a trazer de glorioso não aumentará, em

nada, aquele que é, em si mesmo, revestido de glória”.17 ou seja, por um ato

de devoção e adoração, os reis da nova terra trarão o melhor dela para

Cristo.

E não somente isso, mas as nações trarão sua glória para o Senhor.

“Quando Apocalipse 21 descreve os reis como marchando para Jerusalém,

devemos também ver a cultura de seus países sedo trazidas com eles. O que

é bom e singular na cultura de cada nação será apresentado como tributo a

Deus e enriquecerá a vida da nova terra”.18

Quando falamos que os reis trazem a glória e que as nações trazem a glória

precisamos ter em mente o elemento cultural de cada uma das nações da

nova Criação. Não quer dizer nada, necessariamente, de riquezas, mas de

cultura. A graça comum nos brindou com muitas coisas maravilhosas e tudo

isso será colocado aos pés do Senhor. Todas as nossas produções que o

glorifiquem.

As nações trarão seus instrumentos, suas músicas, suas danças, suas

vestes, suas comidas, sua ciência, sabedoria, suas práticas diárias, com sua

forma de se expressar, segundo sua linguagem e adorarão o Senhor. Tudo

17 Campos, Heber Carlos de. O habitat humano: o paraíso restaurado: parte 1. São Paulo – SP, Hagnos, 2014. Página 416. 18 Campos, Heber Carlos de. O habitat humano: o paraíso restaurado: parte 1. São Paulo – SP, Hagnos, 2014. Página 416-417.

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isso sem pecado e num estado de glória. Teremos prazer nesse ato e ele terá

prazer em nos ver perto dele.

Quando o Senhor Jesus nos restaurar completamente, restaurará, também,

a cultura e poderemos dizer como Isaías 2:3-4:

Virão muitos povos e dirão: "Venham, subamos ao monte do Senhor, ao templo

do Deus de Jacó, para que ele nos ensine os seus caminhos, e assim andemos

em suas veredas". Pois, a lei sairá de Sião, de Jerusalém virá a palavra do

Senhor.

Ele julgará entre as nações e resolverá contendas de muitos povos. Eles farão

de suas espadas arados, e de suas lanças foices. Uma nação não mais

pegará em armas para atacar outra nação, elas jamais tornarão a preparar-se

para a guerra. (Isaías 2:3-4)

Haverá cultura e, também, haverá paz entre as nações. O clima será de

cooperação. Nesta Criação, por causa do pecado, isto é impossível, mas na

nova Criação, essa será uma realidade presente e perfeita.

Diante do exposto, só podemos clamar uma coisa: MARANATA! VEM,

SENHOR JESUS!