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Cristina Ponte Tempos digitais. Quotidianos de crianças e adolescentes portugueses no acesso e uso da internet I Encontro de Neurodesenvolvimento Centro Hospitalar da Cova da Beira Covilhã, 27 de Junho de 2014 Co-funded by the European Union www.eukidsonline.net http://www.fcsh.unl.pt/eukidsonline/ www.netchildrengomobile.eu

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Cristina Ponte

Tempos digitais. Quotidianos de crianças e adolescentes

portugueses no acesso e uso da internet

I Encontro de Neurodesenvolvimento – Centro Hospitalar da Cova da

Beira – Covilhã, 27 de Junho de 2014

Co-funded by the European Union

www.eukidsonline.net

http://www.fcsh.unl.pt/eukidsonline/

www.netchildrengomobile.eu

Estrutura da apresentação

o O projecto Net Children Go Mobile

o Apresentação de alguns resultados

o Acessos - comparação com resultados do inquérito EU Kids Online

Portugal, de 2010

o Atividades mais frequentes paração com resultados do inquérito EU Kids Online Por

o Redes sociais (perfil em rede social, nº de contactos, relações de ‘amizade’, definições de privacidade)

Net Children Go Mobile

Objectivos do projeto NCGM

Net Children Go Mobile

• Estudar as alterações introduzidas nas práticas online de crianças e jovens (9-16 anos), com o acesso crescente à internet através de meios móveis e convergentes

• Alterações incluem... o Equipamentos portáteis

o Media convergentes

o Equipamentos pessoais

o Privatização

o Acesso “em qualquer lugar, a qualquer hora”

o Diferentes convenções sociais (de utilização, mediação, etc.)

Metodologia combinada

oInquérito por questionário, face a face, aplicado em casa; Módulo de auto-preenchimento para questões ‘sensíveis’.

oAmostra representativa a nível nacional, de crianças e jovens (9-16 anos) utilizadores da internet (500 em cada país)

o Entrevistas e grupos de foco a crianças e jovens que acedem à internet por meios móveis; grupos de foco a pais e professores.

Net Children Go Mobile

Primeiros

Resultados

Net Children Go Mobile

Formas de ligação através de telemóvel/smartphone

•1/3 não se liga à internet através do telemóvel, valor acima da média europeia

•Wifi gratuita como forma de ligação mais comum: perto de metade no caso português, contra pouco mais de 1/3 na média europeia.

•Pacote de internet móvel apenas em cerca de 1 em 10 crianças/jovens portugueses - importância do custo na escolha de opção de ligação

•Apenas 1 em 10 combina pacote de internet + wifi gratuita, abaixo da média europeia de 1 em 4.

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Pacote de internet móvel e wifi grátis

Pacote de internet móvel apenas

Wifi grátis apenas

Telefone não se liga à internet

Portugal Média europeia

Net Children Go Mobile

Predomínio do acesso doméstico e privado

• Continuidade do acesso doméstico como espaço principal (meios de acesso, wi-fi)

• Maior importância dos espaços comuns em relação ao quarto – maior ‘privatização’ através de meios móveis

Em relação aos resultados de 2010 (inquérito EU Kids Online Portugal)

• Menor acesso na escola, em contexto pedagógico

• Maior acesso em movimento/ fora de casa - em 2010 era de 5%

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No quarto

Em casa, mas não no quarto

Na escola

Noutros lugares

Fora de casa/em movimento

Diariamente

Pelo menos 1 vez semana

Idade continua a fazer diferença •Efeito evidente da idade: mais velhos = maior uso em todos os contextos – diversificação de situações de uso

•Destaque para o uso nos espaços comuns da casa e no espaço privado do quarto, sobretudo nos adolescentes

•Mas também no espaço da escola e nos restantes espaços públicos – maior autonomização dos usos

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No quarto

Em casa, mas não no quarto

Na escola

Noutros lugares

Fora de casa/em movimento

9-10 anos 11-12 anos 13-14 anos 15-16 anos

Local de acesso: género faz mais diferença

• Se as diferenças de género são pequenas no espaço doméstico são mais evidentes no espaço público

• Raparigas afirmam utilizar mais fora de casa, sobretudo na escola, noutros lugares (bibliotecas, cybercafés, etc.) e em movimento

•Valores que se alteraram substancialmente em relação a 2010. Pressão pelo contacto decorrente dos meios móveis?

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No quarto

Em casa, mas não no quarto

Na escola

Noutros lugares

Fora de casa/em movimento

Rapazes Raparigas

Net Children Go Mobile

Tempos e espaços de socialização

• Agora posso aceder à internet em todo o lado em que esteja. Agora uso mais o Twitter do que o Facebook para ver as postagens das pessoas e também para escrever coisas. Porque é mais pessoal, porque as pessoas que nos seguem e que nós seguimos não nos conhecem e então podemos dizer tudo o que quisermos. No Facebook não podemos dizer tantas coisas porque são amigos nossos e depois… é um bocado estranho chegar à escola no dia seguinte e toda a gente saber tudo sobre nós… (Nádia, 15 anos)

Uso diário de equipamentos de acesso à internet

•Predomínio da utilização do portátil (valor um pouco abaixo de 2010 = 67%), bastante superior à media europeia

•Importância do smartphone, embora abaixo da média europeia, e de telemóvel (não smartphone), acima da média europeia

•Tablets representam cerca de 1/5, próximo da média europeia

•Restantes equipamentos com peso baixo ou residual, abaixo da média europeia

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Computador de secretária

Computador portátil

Telemóvel (não smartphone)

Smartphone

Tablet

Leitor de E-book

Outros equipamentos móveis

Consolas de jogos

Portugal Média europeia

Idade (média) em que pela primeira vez...

•Idade média de utilização da internet é a mais baixa

•A variação com a idade sugere que os mais novos estão a ter o 1º acesso mais cedo (7 em vez de 9 anos)

•O acesso ao 1º telemóvel tem o mesmo padrão, mas com cerca de um ano de diferença.

•A idade de aquisição do 1º smartphone distancia-se mais, sobretudo no grupo etário mais velho, sugerindo diferença geracional

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Utilizaram a internet

Tiveram um telemóvel

Tiveram um smartphone

Actividades online realizadas diariamente

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Entretenimento e comunicação

Constrangimentos de tempos

Conversar é melhor pelo Facebook e Skype. Porque há coisas que não conseguimos dizer… Por exemplo, nós na aula não podemos conversar e depois toca e eu tenho de ir-me embora porque a minha mãe já ´tá à minha espera. E eu tenho de falar e não posso… por exemplo, tenho uma piada, tenho de ir dizer a piada pela internet, posso esquecer-me... (Diogo, 11anos).

Para os trabalhos da escola, nós temos de ficar um tempo juntos e como não temos esse tempo utilizamos por exemplo o Skype para falarmos ao mesmo tempo. Iniciamos um chatgroup no Facebook. Não precisamos sempre de combinar onde tem de ser ou então até que horas. É mais fácil. É pelo computador. (Paulo, 12 anos)

Perfil em redes sociais •Portugal acima da média europeia

•Diferença mínima por género

•Aumento evidente com a idade

•Percentagem significativa de crianças com menos de 13 anos com perfil

•Facebook como rede hegemónica: 97% - era a rede principal para 51% em 2010 – o que mudou nos constrangimentos para se estar no “Face”

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Nº de contactos em redes sociais

• Pequenas diferenças de género

•Diferenças importantes por idade: mais novos = circulo mais restrito; mais velhos = circulo mais vasto

•Perto de metade (46%) tem até 50 contactos e menos de um quarto tem mais de 100

• Média europeia oscila entre Dinamarca (51% com menos de 50 contactos) e Roménia (39% com 300+ contactos) – sugerindo diferentes formas de ‘regulação’

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Até 10 | 10-50 | 51-100 | 101-300 | 300+

Resposta aos pedidos de ‘amizade’

• Alguma variação de género: raparigas um pouco mais restritivas

•Diferenças etárias: mais novos são mais ‘cautelosos’, mais velhos estão mais propensos a alargar circulo de relacionamentos

•Portugal lidera no número dos que reportam aceitar apenas se “conhecem bem” (31%)

• Em geral, reforço de laços existentes: cerca de 3/4 apenas aceita pedidos de quem já conhece ou conhece bem

• Apenas 6% aceita todos os pedidos

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Raparigas

Rapazes

% Normalmente aceito todos os pedidos

% Só aceito se tivermos amigos em comum

% Só aceito se conheço as pessoas

% Só aceito se conheço bem as pessoas

Definições de privacidade

•Cerca de metade mantém privacidade = círculo restrito

•Perto de 1/4 controla em parte a informação que disponibiliza aos outros

•Quase 1/4 não restringe acesso a informação

•Idade importa: mais novos, menor controlo, embora metade defina perfil privado – diferentes competências digitas?

•Diferença significativa por género: rapazes menos restritivos

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Portugal

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9-10 anos

Raparigas

Rapazes

% Público, toda a gente o pode ver % Parcialmente privado % Privado, só os teus amigos o podem ver

Net Children Go Mobile

Gerindo relações na rede e fora dela

Para mim o Facebook é mesmo

para mandar mensagens

privadas só. Algumas vezes eu

penso antes de… quando estou

a falar com um amigo meu ou

uma amiga e eles querem tirar

print da conversa e colar no

Facebook, eu penso, tipo, se

calhar tem asneira, não vou

deixar a minha mãe ver mas

não há nada que eu… que eu

ponha de mal. (Rapariga, 15

anos)

Sou amigo do meu pai no

Facebook, da minha mãe não

sou. Nós éramos, mas não faz

sentido. Ela não comentava

mas acho que ela ia lá ver as

minhas coisas e depois não

gostava muito. Mas tem o seu

direito, afinal quando somos

amigos de alguém no Facebook

temos de ter isso em conta,

que eles podem aceder às

nossas coisas, foi por isso que

eu tirei a minha mãe. (Rapaz, 15

anos)

Em síntese O comportamento online de crianças e jovens

portugueses, como noutros países, decorre

em complexas teias de socialização e de

usos do digital.

Se o tempo gera mudanças nas tecnologias e

ofertas disponíveis, essas mudanças

enfrentam posições estruturais. Género e

idade têm-se vindo a reconfigurar

permanecendo, contudo, as marcas perenes

do complicado processo de desenho do eu.

EU Kids Online Portugal: Resultados nacionais de 2010

Análises comentadas sobre

Ambientes online

Cultura do quarto e uso excessivo da

internet

Riscos e danos

Mediações dos usos da internet

Obrigada!

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