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Prof. Antonio José Eça Criminologia CRIMINOLOGIA INTRODUÇÃO É uma ciência humano-social, visa o estudo global do homem criminoso, da criminalidade e sua causas e das possíveis soluções para o problema da criminalidade. Leva para isto em conta: - a gênese do crime (criminogênese) – o antes; - a classificação dos delinqüentes - o durante; - o tratamento penal – o depois . Lei: tudo o que se escreve, se diz - passa de geração a geração e penaliza o infrator com a multa, prisão, reclusão; ou, com a figura do pecado - castigo se torna eterno; seu 1

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Prof. Antonio José Eça Criminologia

CRIMINOLOGIA

INTRODUÇÃO

É uma ciência humano-social, visa o estudo global do

homem criminoso, da criminalidade e sua causas e

das possíveis soluções para o problema da criminalidade.

Leva para isto em conta:

- a gênese do crime (criminogênese) – o antes;

- a classificação dos delinqüentes - o durante;

- o tratamento penal – o depois .

Lei: tudo o que se escreve, se diz - passa de geração a geração e penaliza o

infrator com a multa, prisão, reclusão; ou, com a figura do pecado - castigo se

torna eterno; seu

objetivo é manter o tecido social dentro de padrões determinados.

 

Em síntese, se considera que cada indivíduo concorda (ou não) com

objetivos do legislador, mas obedece (ou não) temeroso (ou não) do castigo.

O Criminoso, por sua vez\, é o objeto do estudo para:

- compreensão dos mecanismos que o levam a descumprir a lei e

que se relacionam com o universo do homem,

tem enfoque sobre óticas diversificadas e

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leva em conta a relatividade das lei,

já que

não existe “criminoso padrão”, e com isto se

tenta chegar à explicações e previsibilidade.

Modernamente, t

enta-se estudar o delito como fenômeno social, e tal estudo c

ompreende:

- O processo de elaboração de leis;

- A Infração delas;

- A Realização social do indivíduo .

Ensinava o prof. Nelson Hungria que era necessário estudar o crime

para entender a sua etiologia e se conseguir estudar a forma de debelar o

crime, por meios preventivos e curativos.

CIÊNCIAS AFINS DA CRIMINOLOGIA:

Estudam a relação entre o crime e o criminoso

e tal estudo se nutre de outras ciências para entender o fenômeno

social para chegar à CRIMINOGÊNESE.

Exemplos de

Ciências Afins:

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MEDICINA LEGAL: é a ciência preocupada em encontrar provas

técnicas, circunstâncias e fatos relevantes (principalmente no físico e no

palpável).

“PSICOLOGIAS”: do criminoso normal, a Psicologia Forense

do criminoso anormal, a Psicopatologia Forense

FILOSOFIA: resumidamente pode-se considerar que

- a Ética: consiste na valoração das condutas humanas;

- estabelece o que é bom e o que é mal - (por conceitos relativos,

relacionados ao tempo e ao lugar )

- desenvolve a personalidade por acertos e erros;

- dá os valores e é evolutiva (está pois, ligada ao ego na

Psicanálise Criminal)

- a Moral: por sua vez, consiste observância de normas e preceitos;

- não entra no mérito do problema;

- tira o poder de realização

- impinge determinada conduta por medo de punição (está ligada

ao super ego na Psicanálise Criminal)

- exemplo do ‘embate’ da Ética versus Moral:

Ético: “não roubo porque não é meu, eu que batalhe pelo meu”.

Moral: “não roubo porque não pode, prendem a gente”.

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ESCOLA JURÍDICA:

Esta tem por objetivo embasar o Direito Penal;

- para compreender os fatores que levam o homem a cometer o ato

ilegal;

- para tentar entender porque as pessoas infringem as leis.

Para tanto, o j

urista formula propostas para aplicação e elaboração, o legislador transforma

em leis;

A Crítica que cabe é que

- o legislador legisla sem conhecer outros parâmetros, tais como:

- ‘polícia não entra em favela’;

- ‘lei do cão na cadeia’;

- ‘lei do silêncio’;

- ‘a comunidade se acerta’.

É, a escola jurídica, dominada pelo Livre Arbítrio e a livre

Determinação.

Cabe também uma crítica, que seria que :

- Nem todos têm livre arbítrio, nem sempre há livre determinação.

(Daí advém a necessidade de se socorrer de outras ciências);

não por acaso, estudou-se que 90% dos crimes que abalaram SP são fruto de

anormalidades de conduta. (foge, portanto à escola jurídica)

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- ainda mais, para a escola jurídica, o fato típico depende da

vontade e da liberdade, mas, como critica, se pergunta:

- E quando não possui liberdade de vontade?

O que se deve considerar também é que o crime quando:

. Integrado à personalidade do indivíduo normal é “normal”

, mas integrado à personalidade do doente, é um “ato psicopatológico”, não

normal.

- O Direito Penal tem visão básica que é

- Subjetiva, isto é, o indivíduo sabia que era crime e escolheu

praticar; a crítica que se pode fazer é que a visão pode ser

- Objetiva também quando o ato é visto como o criminoso o vê;

por exemplo,

. Entregar “aviãozinho”(pacote pequeno de droga);

. Roubo de comida;

. Bater na mulher.

É importante saber quais são os

Pressupostos para o ato ser considerado crime:

- voluntário;

- conhecimento do fato como crime;

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- capacidade criminal.

Capacidades:

- criminal: capacidade (psíquica) para receber pena;

- o que o doente mental não tem; neste caso, o crime é:

. um ato anormal – condutopata

. Um ato sintomático – doente propriamente dito.

- imputação: capacidade para ser responsabilizado;

- penal: capacidade para ser punido; para tanto, o criminoso

precisa conseguir entender o sentido da pena.

A PSICOPATOLOGIA

È a ciência que objetiva o estudo da vida psíquica anormal do indivíduo, ou

seja, estuda as patologias psíquicas que um indivíduo pode desenvolver,

aspirando o conhecimento científico.

A Psiquiatria, por sua vez, preocupa-se com o quadro clínico; através

dos dados fornecidos pela psicopatologia, age efetivamente, na prevenção, no

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tratamento e na cura das patologias psíquicas e anormalidades desenvolvidas

pelo indivíduo.

Por outro lado, a PSICOLOGIA FORENSE,

objetiva o conhecimento da vida psíquica do Criminoso normal, o que inclui:

- a consciência;

- a conduta;

- os sentimentos;

- a vontade;

- as eventuais influências dos aspectos sociais

A Estruturação da vida psíquica normal:

Funções – momento dado – durante a vida

Pensar - consciência – inteligência

Sentir – humor – temperamento

Querer – impulso – vontade

Agir – conduta – caráter

A Estruturação da Individualidade:

-Inteligência;

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-Sentimentos orgânicos ou vitais;

-Personalidade:

. Sentimentos;

. valores

. tendências

. volições.

A

Estruturação dos Valores:

Que seriam as ‘altas elaborações da cultura’.

Elaborados pelo pensar,

- sobre os SENTIMENTOSSENTIMENTOS,,

- em função das experiências da vida.

Ex.: roubo da caneta.

-Personalidade:

Sentimentos,

Tendências, e

Volições que são Inatos

Valores, por sua vez, são Adquiridos

- Valores: Critérios da importância deles:

- Sociológicos: (morar bem)

- Criminológicos: (estuprador não)

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- Filosóficos: (estudar)

- Psicológicos e Psicopatológicos:

(normalidade ou anormalidade do ato / do fato:

matar os pais - mãe prostituta)

Critérios de avaliação da normalidade:

- Estatístico: (Normal é o mais freqüente)

- Valorativo: (normal é o de maior valor elaborativo

– saber é melhor do que ter)

- Funcional: [normal é o que serve mais para determinado fim

- escolha de veículos (4x4) ]

- Sociológico: [normal é o que está de acordo com aquela

estrutura social – (4x4) ]

Valores:

Critérios quanto aos mesmos :

- Quanto mais raro o ato, mais anormal ele é.

- Hoje é anormal, amanhã não é;

(alguns sempre são- matar os pais)

A Crítica que se pode fazer é que o Direito precisaria levar isto

mais em conta

A PSICOPATOLOGIA FORENSE, objetiva, o conhecimento da vida

psíquica do Criminoso não normal, para poder fornecer ao Direito subsídios

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para uma correta aplicação da lei; no campo penal por exemplo, visa

determinar o grau de imputabilidade e responsabilidade em relação ao fato

criminoso.

O Código Penal de 1940 , com as alterações de 1984, se refere à

Imputabilidade Penal nos seguintes termos:

- “Artigo 26: É isento de pena o agente que, por doença mental ou

desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou

da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de

determinar-se de acordo com esse entendimento.

E mais adiante:

- “Parágrafo único: A pena pode ser reduzido de um a dois terços, se

o agente em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento

mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o

caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse

entendimento”.

Daí se extrai que existem os seguintes tipos de criminosos:

- OS IMPUTÁVEIS:

É o sujeito mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o

caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.”

(estará sujeito à Pena)

- OS INIMPUTÁVEIS:

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É o sujeito inteiramente incapaz de entender a ilicitude do fato e de

determinar-se de acordo com esse entendimento.

( estará sujeito À Medida De Segurança)

- OS SEMI-IMPUTÁVEIS:

É o sujeito que, embora, aparentemente são, não possuía a plena

capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se

conforme esse entendimento.

(estará sujeito ou a Pena, ou a Medida de Segurança)

Assim, a inimputabilidade, está prevista no artigo 26, caput, do C.P:

- É isento de pena o agente que, por

- DOENÇA MENTAL

- DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO

- DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO

Por sua vez, a semi-imputabilidade, está prevista no parágrafo único do

artigo 26 do C.P:

- A pena será reduzida de um a dois terços se, por

- PERTURBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL

- DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO

- DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO

AS PATOLOGIAS PSÍQUICAS

Qualitativos – (algo novo)

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(a loucura, a psicose)

Quantitativas – (para mais ou para menos) (a anormalidade)

Qualitativos:

Orgânicas: Conhecidas e Desconhecidas

Psíquicas: O Desenvolvimento Delirante

Orgânicas Conhecidas - Psicoses Sintomáticas.

Desconhecidas – - Distúrbio Bi- Polar – PMD

- Esquizofrenia

- Epilepsia- (Psicoses ligadas à)

Psíquicas - Desenvolvimento Delirante

Quantitativos:

- Deficiência Mental – (Oligofrenia)

Débil mental

Imbecil

Idiota

-Desenvolvimento Simples e Neurótico

- Personalidade Psicopática

(DE ACORDO COM O CÓDIGO PENAL):

- Doença mental: - (qualitativos)

- Todas as psicoses

- Os desenvolvimentos delirantes

- O alcoolismo grave*

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- A toxicomania grave*

- Desenvolvimento mental retardado:

- Todos os Oligofrênicos

(menos o débil mental leve)

- O Surdo Mudo não educável

- Desenvolvimento mental incompleto:

- Os Menores

- O Surdo Mudo educável

- O índio não aculturado

- Perturbação da Saúde Mental:

- O Débil Mental Leve

- A Personalidade Psicopática (condutopatias)

- O Desenvolvimento Neurótico e o Simples

- as condutopatias:

- Constitucional: A Personalidade Psicopática

- Adquirido: A Pseudo Psicopatia

- Psicológico: O Caráter Neurótico

Ex.: vê violência para resolver conflitos, cresce e evolui

vendo isto e aprende.

- Social: A Sociopatia

- causas sociais

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O CRIMINOSO E SUA CLASSIFICAÇÃO

Criminoso: - objeto do estudo, mas para isto é preciso saber o que são, frente

ao Delito, a

Delinqüência: situação de delinqüir;

Ambiente delinqüencial: que é o delinqüente e sua vida: pensa,

sente e age como delinqüente.

- Alcagüete não tem caráter sempre;

- caso da lei do cão;

- critérios pouco compreensíveis: “torturador que afastava os

sádicos”

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Ambiente delinqüencial:

- Épocas de guerra;

- Culturas:

cowboys;

Lampião;

- Determinadas “áreas de fogo”:

- Zona de prostituição;

- “Cracolândia”;

- Presídios

Ambiente “pré” delinqüencial:

- Alterações mentais várias:

- Polícia;

- Industria e Comércio e Licitações. (“colarinho branco”)

- Torcidas de futebol.

A classificação dos criminosos: (mais de 60)

-Ocasionais: condições pessoais, principalmente dificuldades;

- se arrependem

-

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-Habituais: começam cedo; quadrilhas, escória da cadeia; não se emendam - o

crime como profissão.

- Impetuosos: “curto circuito”, sem premeditação, ligado à “paixões

cegas”;

- Fronteiriços: frieza e insensibilidade; tomados por normais; fácil agir

com rituais; principalmente as personalidades psicopáticas;

- Loucos Criminosos: reações primitivas patológicas, com elaboração

delirante.

A

Criminogênese:

Tenta explicar as manifestações criminosas humanas através de

Teorias

- Jurídica: ato de vontade; (Escola Clássica).

- Endocrinológica: alteração de glândulas e

hormônios: TPM, Puerperal.

- Antropológica: pré determinado; (empirismo científico);

- inicio da medicina legal

- Sociológica: pré determinado pela sociedade;

-Psicológica:

-psicologia compreensiva- lógico e aceitável;

delírio de ciúmes em impotente.

- psicologia profunda –psicanálise: explica mas

não justifica;

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“Chico Picadinho” versus Imagem da mãe.

-Psicopatológica:

Eclética: Realiza o Diagnóstico Pluridimensional e a

Análise Estrutural, já que as outras são unilaterais;

“a ocasião não faz o ladrão, faz o crime; o ladrão já estava feito”

ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

- Etapa da Escola Clássica do Direito: 1764 a 1832; -

Principal nome: Cesare Beccaria - “Dos Delitos e Das Penas” e “O Programa

do Curso de Direito Criminal”.

- Postulados:

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- O crime não é uma entidade de fato, mas de direito;

- O homem – possui razão e livre-arbítrio;

- A conduta criminosa é escolha racional, opção;

- A pena (o castigo) é necessária e suficiente para acabar com a

criminalidade – de utilidade para manter (ou não) o pacto social.

- Etapa Científica da Criminologia

- teorias base da sistematização científica da Criminologia –

século XIX;

- crítica e alternativa à Escola Clássica, com diferentes métodos

e postulados;

- método: empírico-indutivo - observação dos fatos.

- compreende os períodos da:

Antropologia criminal (1.876 – 1.890),

Sociologia criminal (1.890 – 1.905),

Política Criminal ou Fase Eclética (a partir de 1.905).

- Período da Escola Positiva Italiana, também chamada de Escola

Positiva do Direito: (sécs. 19 / 20)

- Antropologia Criminal

 -  Expoentes:

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. Cesare Lombroso (o antropólogo),

. Henrico Ferri (o sociólogo) e

. Rafael Garofalo (o jurista).

- Postulados:

- Nega o livre-arbítrio - afirma a previsibilidade do comportamento

humano (determinismo);

- A liberdade humana é uma ficção;

- Causas dos crimes - a partir dos criminosos;

- Sujeito a leis naturais (biológicas, psicológicas e sociais);

- Seu estudo e compreensão são inseparáveis do exame do delinqüente e

da sua realidade social

- Criminosos - subtipos humanos, diferente dos demais cidadãos;

- Crime - entidade de fato real, histórico e natural, um fenômeno da

natureza e não uma fictícia abstração jurídica;

- A pena (castigo) é inútil - a conduta criminosa é sintoma de doença e

deve ser tratada;

- Finalidade da lei penal é combater o fenômeno social do crime,

defender a sociedade;

- Sobrepõe a rigorosa defesa da ordem social frente aos direitos do

indivíduo

- CESARE LOMBROSO - o antropólogo

  - médico psiquiatra – obra: “O homem delinqüente”

(1.876);

- método empírico:

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. Teoria do delinqüente nato - quatrocentas autópsias e

seis mil análises de delinqüentes vivos;

. Atavismo - estudo de vinte e cinco mil reclusos;

     

- Teoria:

- delinqüência é fenômeno atávico; (Atavismo seria o

reaparecimento, nos descendentes, de caracteres ancestrais

desaparecidos nas gerações imediatamente anteriores.

- Delinqüente é gênero especial de homem, degenerado, marcado

por estigmas que lhe delatam, identificam e se transmitem por via hereditária.

- Características do homem delinqüente:

. Taras anatômicas: existência da fosseta occipital média...;

. Taras degenerativas fisiológicas (funcionais): o daltonismo; a

insensibilidade à dor...

. Taras psicológicas: a vaidade, as ações impulsivas...

- Tipologia: distinguia seis tipos de delinqüentes: o nato (atávico);

o louco moral (doente);

o epilético;

o louco;

o ocasional;

e o passional.

 

Como Críticas a sua teoria, pode-se dizer que

- evolucionismo carente de base empírica;

- não existe correlação necessária entre estigmas e tendência criminosa:

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- nem todos delinqüentes apresentam tais anomalias e nem os não

delinqüentes estão livres delas.

- menospreza a relevância dos fatores exógenos, sociais;

- incompleto nas investigações, apaixonado e até inescrupuloso;

- concluiu prematuramente, baseado em premissas não suficientemente

estudadas;

- interpretações despropositadas;

- serviu de base às teorias racistas do nacional-socialismo.

- ENRICO FERRI – o sociólogo

 - (1.856 – 1.929); professor universitário, advogado, político e cientista.

- Teoria:

delito não é produto exclusivo de nenhuma patologia social - resultado

de diversos fatores:

- individuais (biológicos): constituição orgânica do indivíduo,

constituição psíquica, características pessoais - raça, sexo, estado civil, etc.

- físicos: clima, estações, temperatura, etc.

- sociais: densidade da população, opinião pública, família,

moral, religião, educação, etc.

- Lei da saturação criminal: num determinado líquido, a determinada

temperatura, ocorrerá a diluição de determinada substância, sem uma

molécula a mais ou a menos; da mesma forma, em determinadas condições

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sociais serão produzidos determinados delitos, nem um a mais nem um a

menos.

  - Criminalidade é fenômeno social - pode ser evitado por ação realista e

científica dos poderes públicos, que incida nos fatores criminológicos,

neutralizando-os

- Pena é ineficaz se não vem acompanhada ou precedida de reformas

econômicas, sociais, etc..

  - Combate ao delito - através de Sociologia Criminal integrada;

pilares:

- a Psicologia Positiva;

- a Antropologia Criminal;

- a Estatística Social.

- Tipologia: seis categorias: (Lombroso)

. o nato; nato

. o louco; louco;

. o habitual; louco moral (doente);

. o ocasional; ocasional;

. o passional; passional.

.o involuntário. epilético;

A Crítica que se pode fazer é que vê uma necessidade da defesa da

ordem social a todo custo, mesmo com:

- sacrifício dos direitos individuais;

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- da segurança jurídica;

- da própria humanidade das penas

- preferência pelas medidas de segurança;

- pela sentença com prazo indeterminado;

- a hostilidade em relação aos jurados;

- a admissão da pena de morte.

RAFAEL GAROLAFO – o jurista

- (1.862 – l.934) jurista e magistrado conservador. Principal obra:

“Criminologia” - 1.884.

- Teoria: 

Delito natural: se existe um criminoso nato, deve existir uma

conduta nociva per se, (“nata”), em qualquer sociedade e em qualquer

momento.

Esta seria a ofensa aos sentimentos altruístas fundamentais de

piedade e probidade, na medida média em que os possua um determinado

grupo social.

Tipologia:

- os que vão contra o sentimento de piedade, como os

assassinos;

- os que vão contra o sentimento de probidade, como os

ladrões;

- os que atentam contra ambos os sentimentos, como os

salteadores;

- os cínicos, que cometem os delitos sexuais.

 

Característico da teoria de Garofalo:

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- fundamentação do comportamento e do tipo criminoso em

anomalia psíquica ou moral; assim, um déficit na esfera moral da

personalidade do indivíduo, de base orgânica, transmissível por via hereditária

e com conotações atávicas e degenerativas.

Principal contribuição:

- Teoria do castigo: define fundamentos da pena e das medidas

de segurança, e repressão da criminalidade:

- a pena serve à defesa social, que goza de supremacia radical

frente aos direitos do indivíduo;

- a pena deve estar em função das características de cada

delinqüente;

- descarta o caráter retributivo, corretivo ou preventivo da pena;

- descarta a idéia de proporção.

Sociologia Criminal

  Período da Escola Francesa ou de Lyon, e de outras teorias do

meio ambiente.

- compreende as teorias sociais que se levantaram contra

Lombroso.

- sustentavam que eram os fatores exógenos, o meio

ambiente, que determinavam a conduta do indivíduo.

  - Três grupos:

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(a) teorias antropo-sociais;

(b) teorias sociais;

(c) teorias socialistas.

A – Teorias Antropo-Sociais

- o meio social influi sobre indivíduos predispostos, levando-os a

cometer delitos;

- não aceita tese do delinqüente nato, preferindo o termo predisposto

- expoentes: Lacassagne, Aubry, Manouvier e outros

- ALEXANDRE LACASSAGNE (1.834 – 1.924)

- duas classes de fatores que influem sobre o indivíduo:

- predisponentes (de caráter somático – corporal)

- determinantes (os sociais, decisivos)

- maior desorganização social, maior criminalidade; menor

desorganização social, menor criminalidade

- as sociedades têm os criminosos que merecem

- similaridade com o micróbio para explicar:

. o micróbio é o crime, um ser que permanece sem

importância até o dia que encontra o caldo de cultivo que lhe permite

brotar

- fatores sociais atuam sobre sujeitos predispostos; (conceito de

nato foi substituído pelo de predisposto)

- PAUL AUBRY (1.858 – 1.899):

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- causa fundamental da criminalidade é o contágio moral que sofre o

predisposto

(a influência do cinema sobre crianças e certos adolescentes

predispostos)

- existem:

fatores predisponentes ao contágio (hereditariedade) e

. fatores transmissores do contágio (educação familiar)

B – Teorias Sociais  

- Elimina todo o fator endógeno e dá importância exclusivamente aos

fatores exógenos

tudo é influência do meio social

- Expoentes: Tarde, Nordau, Auber e Vaccaro

 GABRIEL TARDE (1.843 – 1.904)

- “A criminalidade comparada” (1.886);

“As leis da imitação” (1.890)

“A filosofia penal” (1.890)

Teoria:

- relevantes os fatores sociais:

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. sociedade, ao propagar suas idéias e valores, influi mais no

comportamento delitivo que o clima, a hereditariedade, a enfermidade

corporal e a epilepsia.

- delito, como qualquer outro comportamento, começa sendo

‘moda’ - torna-se depois um hábito ou costume; como em qualquer outro

fenômeno social, o mimetismo – a imitação – tem um papel decisivo. Assim, o

delinqüente é, consciente ou inconscientemente, um imitador

- delinqüente é um profissional:que necessita período de

aprendizagem, de técnicas de comunicação e cnvivência com seus camaradas.

C – Teorias Socialistas

- dentre os fatores sociais, o que mais influi é o econômico;

- cada sistema de produção tem os delinqüentes que merece;

- miséria e pobreza tem influência na criminalidade; o que

realmente interessa é a influência do sistema econômico em geral e não um

aspecto parcial.

- TURATTI (1.857 – 1.932):

- a cobiça e a promiscuidade são características essenciais do

capitalismo;

- o regime capitalista produz indigência, aumenta as necessidades

das classes pobres, estimula a cobiça,

e isto: - favorece crimes contra a propriedade.

(grandes conglomerados - mais evidente o contraste entre o magnata e o

desamparado )

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- esse regime capitalista:

. impede o indivíduo de viver cômoda e honestamente;

. facilita os delitos sexuais, devido à promiscuidade, que é

conseqüência da falta de moradias, etc.

COLAJANNI (1.874 – 1.921):

- Um sistema econômico no qual houvesse:

. melhor distribuição de riqueza;

. máximo de estabilidade do próprio regime

excluiria a criminalidade

Política Criminal ou Fase Eclética

Características: 

- Marca trégua na discussão entre as escolas italiana e francesa

sobre as teorias lombrosianas;

- Busca fórmula que satisfaça ambas as correntes:

. da escola italiana, com o princípio da influência dos

fatores endógenos;

. da escola francesa, com princípios sociológicos, ou

influência dos fatores do meio ambiente ou exógenos

- Destacam-se as seguintes escolas:

(a) a Terza Scuola;

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(b) a Escola de Marburgo ou Jovem Escola Alemã de Política

Criminal;

(c) a Escola da Defesa Social;

(d) a Escola Espiritualista.

A TERZA SCUOLA

  Postulados fundamentais:

- o Direito Penal deve manter-se como ciência independente; (a teoria

lombrosiana queria incluí-lo na Criminologia)

- O delito tem várias causas:

. não exclusivamente fruto da constituição criminosa do

indivíduo, por fatores endógenos, como dizia a escola italiana, com a teoria

do delinqüente nato.

. O indivíduo poderá se converter em delinqüente, quando o meio

é propício, ou seja, pela influência de fatores endógenos, (quando aceita o

princípio da escola francesa, ao considerar o sujeito predisposto por fatores

endógenos).

- Penalistas, junto com sociólogos

- tentar obter as reformas sociais, tendentes a modificar as condições de

vida em que vive a massa para criar melhores condições de vida; aceita pois o

postulado da escola francesa sobre a influência dos fatores exógenos

- Substituição da tipologia positivista por outra mais simplificada

. delinqüentes ocasionais, habituais e anormais;

- Dualismo penal:

. uso complementar de penas e medidas de segurança

- Atitude eclética a respeito do livre arbítrio:

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.responsabilidade moral: fundamento da pena;

temibilidade: fundamento da medida de segurança.

- Fins da pena:

- atender as exigências da retribuição e também ser corretiva.

- Representantes mais significativos:

Alimena, Carnevale e Ipallomeni

  Terza Scuola:(Resumo)

- Direito Penal como ciência independente;

- O delito tem várias causas;

- Tentar obter melhora nas condições de vida;

- Atitude eclética a respeito do livre arbítrio:

.responsabilidade moral e temibilidade:

- Substituição da tipologia positivista por outra mais simplificada;

- Uso de penas e medidas de segurança

- Pena retributiva e corretiva.

A ESCOLA DE MARBURGO

(Ou Jovem Escola Alemã De Política Criminal)

  Postulados:

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- Análise científica da realidade criminal – para a busca das

causas do crime; a ótica jurídica (contemplação filosófica) não substitutiva da

empírica.

- A defesa social - objetivo prioritário da função penal -

acentua a prevenção especial.

  Postulados:

- “Desdramatização” - relativização do problema do livre arbítrio:

. Leva à dualismo penal, quando compatibiliza penas

(culpabilidade) e medidas de segurança (periculosidade).

Expoente: FRANZ VON LISZT :

- Delito é resultado:

- da idiossincrasia do infrator no momento do fato e

- das circunstâncias externas que lhe rodeiam nesse preciso

instante.

- Sugere ‘Ciência total ou totalizadora’ do Direito Penal:

. fariam parte: várias disciplinas além da dogmática jurídica

. tentaria obter e coordenar um conhecimento científico das

causas do crime e combatê-lo eficazmente.

- Afasta-se dos clássicos, que pretendiam lutar contra o crime sem

conhecê-lo e dos positivistas;

(conserva intactas as garantias individuais e os direitos do cidadão

- a seu juízo, é o que representa o Direito Penal)

Escola De Marburgo:Resumo:

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- Análise científica da realidade criminal – busca das causas do crime;

- A defesa social é objetivo prioritário da função penal.

- “Desdramatização” - relativização do problema do livre arbítrio, que

leva à dualismo penal

ESCOLA OU MOVIMENTO DA DEFESA SOCIAL

  - propõe defesa da sociedade por:

. ação coordenada do Direito Penal, da Criminologia e da Ciência

Penitenciária - bases científicas e humanitárias;

. vê delinqüente como membro da sociedade, chamado a nela se

reincorporar, o que obriga a respeitar sua identidade e dignidade.

ESCOLA ESPIRITUALISTA

- volta aos postulados da Escola Clássica do Direito Penal

- reação às doutrinas do criminoso nato

- cada indivíduo tem a vontade livre de fazer o que lhe dá prazer

-Permitiu o aparecimento da Escola Neo-espiritualista - média

entre o ‘livre arbítrio’ e o ‘determinismo’

– se é verdade que o homem tem liberdade, ela existe no sentido amplo

em que a consideram os filósofos e políticos, mas tem limitações impostas

pelo meio ambiente.

Escolas Criminológicas

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- Período da Criminologia Atual

Escolas Sociológicas Atuais

- Ressaltam a importância do “meio” na gênese da

criminalidade;

- Observam o fato delitivo como “fenômeno social”.

- A Sociologia Criminal Atual se bifurca em dois modelos:

- o europeu e

- o norte-americano.

 

- A Sociologia Criminal Atual parte do princípio de que:

. O crime é um fenômeno social seletivo, unido a certos

processos, estruturas e conflitos sociais;

. Tenta isolar suas variáveis.

- Modelo Europeu:

Ligado à DURKHEIN (1858 – 1917)

Teoria da Anomia - a normalidade do delito no contexto sócio-cultural.

 

- Modelo Norte-Americano:

Ligado à Escola de Chicago: Admite a existência de Subculturas

Criminais, conforme Clifford Shaw

 

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- Modelo Norte-Americano:

A partir dela nasceram diversos esquemas teóricos

- Teoria ecológica,

- Subculturas,

- Reação Social,

- Etiquetamento / Rotulagem

e outras.

- Modelo Europeu: Durkhein

- Teoria Estrutural - Funcionalista ou da “Anomia”

Observa que:

- volume constante da criminalidade

- existência inevitável em qualquer tipo de sociedade

- e em qualquer momento histórico de

uma taxa constante de delinqüência.

Daí extraiu duas conseqüências:

- conduta irregular é inextirpável, desde que a conduta social é concebida

como conduta regular por normas;

- as formas de conduta “anômica”

se delineiam pelo tipo social dominante e

seu estado de desenvolvimento.

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Admite que:

- o delito é um comportamento normal;

- pode ser cometido por qualquer pessoa de qualquer das divisões da

pirâmide social e em qualquer modelo de sociedade;

- se deriva não de anomalias do indivíduo, nem da desorganização

social, mas das estruturas e comportamentos cotidianos no seio de uma

ordem social intacta.

Diz que

“Uma determinada quantidade de crimes forma parte integrante de

toda sociedade sã”.

R. Merton - agregou a idéia de que o crime:

“Sintoma ou expressão do vazio que se produz nos meios sócio-

estruturais existentes, por não servirem para satisfazer as expectativas de

uma sociedade”.

A tensão entre as estruturas social e cultural, força o indivíduo a optar

por:

. Conformidade;

. Inovação; comportamentos

. Ritualismo; desviados

. Fuga do mundo; ou irregulares

. Rebelião.

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- Modelo Norte-Americano:

    Escola de Chicago – Teoria Ecológica -

Berço da moderna sociologia norte-americana;

Temática: .“a Sociologia da grande cidade”,

. a análise do desenvolvimento urbano,

. da civilização industrial,

e as relações com a morfologia da criminalidade nesse novo meio.

- Atentou para o impacto da mudança social que se evidenciou nas

grandes cidades norte-americanas (industrializações, emigrações, conflitos culturais, etc);

- Se interessou pelos grupos e culturas minoritárias;

- Aprofundou-se na “grande urbe”: compreender, de dentro para fora, o mundo dos desviados,

analisando os mecanismos de aprendizagem e transmissão das culturas “desviadas”.

Na teoria ecológica: ponto de atenção é a grande cidade como unidade

ecológica.

A cidade é “produtora” de criminalidade.

Daí nasceram progressivamente diversos esquemas teóricos

. Teoria do Conflito;

. Subculturas;

. Da reação social;

. Etiquetamento/rotulagem

e outras.

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     Teoria do Conflito

Pressupostos:

- Existência de pluralidade de grupos e subgrupos sociais que

podem apresentar discrepâncias em suas medidas de valores.

- Crime é fruto dos conflitos existentes na sociedade, não

necessariamente nocivos a ela.

- O comportamento delitivo é reação à desigual distribuição de

poder e riqueza.

- Chamblis e Seidman: a justiça penal não é um mecanismo neutro,

capaz de resolver de forma pacífica os conflitos sociais, mas antes mera

expressão de estrutura conflitual.

- Quimmey: a distribuição diferenciada do poder produz os conflitos entre os

diversos grupos da sociedade que pretendem monopolizá-la.

 

- O conflito de acordo com o Marxismo Ortodoxo:

O crime é função das relações de produção da sociedade capitalista (pensamento de Marx e Engels)

- Diversas denominações: criminologia crítica, criminologia radical,

nova criminologia e outras mais (à frente).

- Marx diz sobre o delito:

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“É sempre um produto histórico-patológico e contingente da

sociedade capitalista”.

  - O conflito é inerente à sociedade capitalista;

- É conflito de classes enraizado na infra-estrutura econômica e

nos modos de produção;

- É o conflito de classe que cria o sistema legal, para auxiliar a

classe dominante a oprimir a classe trabalhadora.

  As Teorias Subculturais

Década de 50 - resposta ao problema das minorias marginalizadas nos

EUA: étnicas, políticas, raciais, culturais, etc.

- A ordem social é uma gama de diferentes grupos e subgrupos,

fragmentada e conflitiva;

- Cada grupo ou subgrupo tem seu código de valores;

- Eles nem sempre coincidem com os valores oficiais;

- Todos querem fazê-los valer frente aos restantes, procurando ocupar

seu espaço social.

Portanto:

Conduta delitiva: não produto de ausência de valores sociais,

Mas Expressão de outros sistemas de normas e de valores: Os

Subculturais.

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Subcultura prevê:

- Sociedade com vários sistemas de valores ao redor dos quais se

organizam outros tantos grupos “desviados”.

- Delito é expressão de outros sistemas de regras (os subculturais)

- valores quando não contrapostos, diferem bastante destes.

COHEN:

- o jovem delinqüente resolve a “frustração de estatus”

enfrentando abertamente os padrões da sociedade;

- a rebeldia é o que lhe confere prestígio dentre os outros

indivíduos do mesmo grupo.

- formação reativa explica as características da delinqüência

subcultural.

Então:

Mecanismo de neutralização:

. compensação das angústias dos jovens das baixas classes

sociais

. para conseguir estima social de seu grupo

. se atira contra os valores e estilos de vida das classes médias.

     A Etiquetagem

- Vem dos anos 70;

- Explicação interacionista - parte dos conceitos de conduta

desviada versus reação social.

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- Apresenta reação científica aos processos de criminalização, e

às carreiras criminais.

Assim:

- Não se pode compreender o crime, deixando de lado a reação social, o

processo social de definição de certas pessoas e condutas etiquetadas como

delitivas.

- Delito e reação social são interdependentes, recíprocas e inseparáveis.

- O controle social gera a criminalidade.

- O cunho delitivo depende de processos sociais de definição, que lhe

atribuem caráter e que etiquetam o autor como delinqüente.

- Conseqüência: a criminalidade é criada pelo controle social e este é

altamente discriminatório e seletivo.

Os riscos de ser etiquetado como delinqüente não dependem

exclusivamente do delito, mas também da posição social do indivíduo.

  Associação Diferencial

SUTHERLAND E CRESSEY - anos 30.

- Ligada às teorias de aprendizagem social.

- A conduta desviada não pode ser simplesmente auferida a

disfunções ou inadaptação dos indivíduos da chamada classe baixa, mas sim à

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APRENDIZAGEM efetiva dos valores criminais, que pode ocorrer em

qualquer cultura.

Sustenta ser o crime fruto do aprendizado:

“aprende-se a ser criminoso, como se aprende a ser sapateiro”.

Para desenvolver sua teoria do comportamento aprendido, utilizou se

das seguintes posições:

- Conduta criminal é aprendida como se aprende a tocar piano por meio

do processo de comunicação;

- A parte decisiva desse processo de aprendizagem ocorre no seio das

relações íntimas do indivíduo;

- Influência criminógena depende do grau de intimidade;

- Aprendizagem inclui as técnicas para a prática do delito e também

orientação sobre atitudes a serem tomadas e os mecanismos inerentes.

Um se converte em delinqüente, quando aprendeu mais modelos criminais que

modelos respeitosos à lei e ao Direito.

Criminologia Clínica

 

É a busca de diagnóstico, prognóstico e tratamento do indivíduo

delinqüente, que é visto em sua totalidade bio psico-sociológica como um

doente social que tem seus próprios referenciais e valores.  

Revisão crítica das instituições sociais, na medida em que polariza no

indivíduo o centro da questão criminal.

Aponta para a tendência à ocorrência do

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“crime do colarinho branco”

-manifestação do crime na forma atualizada de fraude e astúcia, que demanda

especialização através do conhecimento

É uma forma de expressão da consciência crítica bem definida em

função e como resultado de uma tomada de posição filosófica.

Richard Quinney:

“Vai às raízes de nossas vidas, às bases e aos fundamentos, ao essencial

da consciência. Uma filosofia crítica é uma forma de vida”, e pretende ver a

realidade como ela é sem as limitações impostas pelo que está estabelecido;

- caminha a um descondicionamento para descobrir a realidade

escondida sob os preconceitos.

- Atentar aos fatos relevantes da sociedade;

- Cumprir papel de filtro, retendo para o Direito só o que interesse e

mereça a punição reclamada pelo consenso social;

- Denunciar expedientes destinados a incriminar condutas que,

contrárias aos interesses dos poderosos, venham a ser transformadas em

crime.

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VITIMOLOGIA

A vítima:

 

Homem vive em sociedade - tem influência no acontecimento criminoso

- Passou-se a considerar a interação entre o criminoso e o mundo que o

cerca.

Deste mundo faz parte a vítima - passou a ser considerada parte do

processo criminoso e sua p

ersonalidade passou a ser estudada com o mesmo interesse que era voltado

para a do criminoso.

Von Hentig - “a vítima dá forma e modela o delinqüente”.

- não mais apenas seria a parte ofendida e digna de piedade, pois em

certos casos, a vítima é a única insufladora de um crime.

 

Comportamento de ambos influem-se reciprocamente e constituem um

todo inseparável.

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Cada indivíduo possui maior ou menor capacidade de ser vítima - pode

variar com as circunstâncias do acontecimento ou com a personalidade dos

mesmos.

Classificação:

 

- Determinadas, representa um valor negativo para o criminoso -

com sua eliminação soluciona-se o problema do agente ativo - infanticídio;

 

- Selecionada, se mostra ao delinqüente com um interesse

particular - latrocínio;

 

- Acidental, se transforma em vítima sem haver contribuído para

tanto - assaltos.

Atualmente estuda-se muito a participação da vítima nas ocorrências

que envolvem crimes de ordem sexual; assim, n

a sedução, toda vítima tem um pouco de sedutora, e todo sedutor tem um

pouco de vítima – apesar das críticas.

 

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Certas pessoas têm condições vitimógenas, isto é, são mais susceptíveis

de se tornarem vítimas de: Crimes de roubo, Estelionato, Estupro, de

Criminosos seriais.

Participação da vítima - de múltiplas formas:

- direta ou indiretamente;

- explícita ou latentemente;

- consciente ou inconsciente.

Pode haver uma Busca inconsciente de fracasso, de privação, do

acidente, e esta é uma condição que pode estar presente em muitas pessoas.

Há também um d

esejo de autodestruição e tendência suicida, e um processo autodestrutivo de

duplo sentido:

- ou busca inconsciente do sofrimento, fracasso, humilhação,

punição ou até mesmo da morte;

- ou busca de satisfações fáceis, de prazer, de ganho, de sucesso,

busca de soluções fáceis para frustrações profundas e antigas. - (Psicanálise

Criminal)

Vamos poder encontrar no

Estado de alma das vítimas

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- fragilidade;

- frustração;

- carência afetiva, econômica e social,

- baixa auto-estima;

- susceptibilidade, sugestionabilidade, ingenuidade.

  Prevenção contra a Vitimização:

- não só cuidados redobrados em relação a lugares perigosos e em

relação a pessoas suspeitas,

- mas muitas vezes primeiramente suspeitar de si mesmas.

 

 Os tais estados de fragilidade, carências, frustrações, permeado de

fantasias e sonhos, podem levar à ver somente verdade e esperança naquele

que a seduz e ficar totalmente cega para as armadilhas que ele lhe está

preparando.

CRIMINOSO SERIAL:

Este normalmente está à procura de satisfação plena e a vítima, em

estado de alma frágil, carente, vulnerável, crivado de frustrações, também;

Há portanto uma atração por parte da vítima, ainda que frente a um

criminoso por ela desconhecido.

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A escolha da vítima - depende da percepção que o criminoso tem dela.

pois algumas apresentam maior ou menor acessibilidade, disponibilidade,

fragilidade e carência.

O poder de sedução do Criminoso Serial se estribam em  

        - Total insensibilidade do infrator para com sua vítima - facilita

sua façanha persuasiva;

- Estado de fragilidade e carência do infrator – permite

sintonia com o estado de fragilidade e carência da vítima;

         - Estado de fragilidade, carência e inexperiência da vítima.

 

         - Medidas de prevenção da violência:

- dependem de:

. esquemas de segurança;

. medidas governamentais;

. operações policiais eficientes;

. programas de prevenção da criminalidade junto aos

grupos de risco, evitando que se tornem e que voltem à delinqüência, mas

também dependem de programas de prevenção das vítimas, de cuidados

especiais por parte de todas as pessoas. Se se protegessem mais, haveriam

menos crimes.

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- há necessidade de se olhar para o interior de si próprias, pois pode

estar se instalando um estado de “ descuido inconsciente”, quando não

reconheceriam ou minimizariam condições de risco a que se expõem.

Se assim ocorresse, não estariam buscando soluções fáceis e imediatas,

tomadas por sonhos e fantasias, e com isto, se expondo a armadilhas e se

tornando vulneráveis às mesmas.

Muitos crimes não aconteceriam se não houvessem as chamadas

“presas fáceis”.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO

 

Desde a Idade Média há um fascínio por notícias sobre crimes,

principalmente por crimes cometidos por alta potencialidade delituosa,

natureza superficial e por sede de vingança e busca de dinheiro; tal fascínio

que se reforça ainda mais através da mídia.

 

 

  Deve-se considerar que os meios de comunicação ajudam a formar os

valores de uma sociedade; desde o nascer da criança a mesma é despertada

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para relações sociais – principalmente na escola, na igreja, TV; elas são, então

de grande influência nas atitudes humanas e na sua conduta.

A

Mídia tem forte capacidade de alterar o conteúdo significativo da própria

realidade, submete a população desde a infância até a morte as suas

influências.

O Mundo real difere do mundo imaginário e os meios de comunicação

se tornam ficção - assumindo papel bem maior do que a própria realidade.

(por exemplo, nas novelas)

 

Constata-se através da mídia que existem fatos que revelam com crueza

os acontecimentos, que não respeitam a privacidade e que retratam histórias,

fatos e deslizes morais; o r

epórter cria o seu próprio objeto de investigação através de seu olho clínico

diante da realidade.

 

Através dos meios de comunicação, são despertados sentimentos

intensos e ocultos através de notícias envolvendo agressividade, preconceitos

raciais, morais e principalmente o medo; a maioria da população possui este

medo, que pode se tornar patológico e até exagerado diante de tantas

emoções.

 

A c

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rítica que se pode fazer, é que se por um lado é bom deixar os indivíduos

envolvidos na situação em que o país se encontra...p

or outro é prejudicial, pois estas notícias são na maioria das vezes ilusórias e

acabam despertando sentimentos como o medo.

 

 

 

Tanta informação aumenta o medo de se tornar vítima dessa violência e

ao mesmo tempo, se tornar sujeito ativo e passivo de uma elaboração do seu

próprio medo pode leva-lo a ser autor de violência.

 

 

 

Evandro Lins e Silva (citando o jornalista Luiz Lobo):

“a paranóia, o medo e a sensação de insegurança interessam

somente àqueles que exploram o crime, seja de que maneira for,

interessam apenas àqueles que não estão interessados em resolver

os verdadeiros motivos da violência, aos que usam a desculpa

para serem violentos.”

 

 

Com as Informações da mídia, o homem cria condutas como uma espécie de

justificativa para seu próprio comportamento, seja ele bom ou ruim; daí se

considerar que os meios de comunicação de massa formam e deformam um

comportamento.

 

 

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Há uma constante discussão entre a mídia e a violência, já que o mundo

da TV é um objeto de fascinação, um espetáculo planetário; é então que

ocorre uma troca entre o real e o imaginário e o homem, acostumado com

um mundo de ilusões, deixa a realidade pelo irreal (da violência).

 

 

 

Os quatro principais canais de televisão americana, quais sejam, a ABC,

a CBS, a NBC e a FOX, participaram de uma reunião para reduzir o impacto

da violência na TV e tentar evitar um sistema de códigos de censura a

programas de TV; decidiram então que iriam veicular um alerta aos pais antes

da exibição de filmes violentos (piada!).

Mas, deve-se considerar que os

Países centrais, não mostram falsa imagem e sim a própria realidade.

A Mídia impõe próprias informações, não sendo a verdadeira realidade

dos fatos; trata-se de um espetáculo criado para nos colocarmos em contato

com um mundo imaginário, apenas de ilusões, fazendo com que se desperte o

sentimento de medo.

 

 

  Este “falso mundo”, de certa forma, influencia a justiça criminal,

intervindo na própria legislação penal;

De um lado, há a plena liberdade de comunicação e a livre manifestação do

pensamento, enquanto que

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Do outro, aparece o devido processo legal, com a presunção de inocência,a

proteção da honra e da intimidade das pessoas. (Escola de Base)

 

 

 

Em nosso país não se tem tanta preocupação com o processo legal,

como na doutrina estrangeira.

Por exemplo, considerando o princípio da inocência, o nome do

acusado não poderia ser citado pela imprensa sem antes a sua condenação

definitiva.

 

Na Alemanha, por exemplo, ao contrário da exposição do acusado,

quem sofre mais a intervenção dos meios de comunicação e da mídia, são os

júris populares.

 

 

Em ‘92, foi disciplinada a concessão de entrevistas, por aquele que

fosse acusado de algum crime, pois se pretendia assim preservar a dignidade e

evitar prejuízos aos cidadãos (jurados) diante das afirmações precipitadas.

 

 

 

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Eis algumas formas de solução dos conflitos que a mídia e os meios de

comunicação causam:

 

- Não haver qualquer censura ou auto-censura.

(a publicação irresponsável acarretaria a obrigação de reparação do

dano causado).

- Inconvenientes:

. Alguns bens são insuscetíveis de reparação ou não possuem sua

adequada valorização. (honra - escola de base)

. Em danos morais só são mensurados valores pecuniários de

forma irrisória.

 

- A auto-censura.

.Quando o interesse público for prioritário deverá ser cedido espaço

para que se tenha acesso a notícia. (Caso contrário prevalecerá o interesse

individual).

. Elevar o nível das notícias.

 

- Impedir que se publiquem notícias que possam eventualmente

prejudicar os bem jurídicos.

(ECA, art. 247: fala que fica vedada a divulgação “por qualquer meio de

comunicação, nome, ato ou documento de procedimento judicial relativo a

criança ou ao adolescente a que se atribuía ato infracional”).

 

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Outra solução para acabar com este mundo irreal é a imposição de

censura, já que grande parte da população procura notícias sobre violência,

buscando um espetáculo. (“Cidade Alerta”)

SISTEMAS PRISIONAIS

Prevenção do Crime

Prevenção

“PRIMÁRIA”, “SECUNDÁRIA” E “TERCIÁRIA”.

 

A distinção baseia-se em diversos critérios:

- maior ou menor relevância etiológica;

- nos destinatários aos quais se dirigem;

- nos instrumentos e mecanismos que utilizam;

- nos âmbitos e fins perseguidos.

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A PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Foco na raiz do conflito criminal para neutraliza-lo antes que o

problema se manifeste;

Discussão:

- Tempo para prática é longo e o custo maior;

- Melhor idéia de prevenção;

- Baseada na social democracia de direito:

. resolver situações carênciais criminógenas;

- prevenção vem com uma gama muito maior de objetivos sociais;

- procura uma socialização proveitosa de acordo com tais objetivos.

Exemplos:

- educação e socialização;

- casa, trabalho;

- bem estar social;

- qualidade de vida,

que são essenciais para prevenção primária, pois tornam o homem com

maior igualdade dentro em sua sociedade.

 

- Robert Park:

Playgrouds:

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. voltados para a formação de associações permanentes entre as

crianças; administrados por agências que formam o caráter: a escola, a igreja

ou outras instituições locais.

Pretendem c

riar vínculos positivos entre pessoas, a partir da infância; é uma tentativa de

preencher o espaço formador que era ocupado pela família - as condições da

vida urbana fizeram com que muitos lares fossem transformados em pouco

mais que meros dormitórios.

A PREVENÇÃO SECUNDÁRIA

Atua mais tarde em termos etiológicos:

não quando nem onde o conflito criminal se produz ou é gerado, mas quando

e onde se manifesta.

- Opera a curto e médio prazo;

- Se orienta seletivamente a concretos setores da sociedade:

. grupos e subgrupos que ostentam maior risco de padecer ou

protagonizar o problema criminal.

- Programas de prevenção ligados aos meios de comunicação;

- Conecta-se com a política legislativa penal, assim como com a ação

policial, fortemente polarizada pelos interesses de prevenção geral.

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Criminalização: ocorre quando um novo fato delituoso surge, necessitando a

Ciência Penal em buscar formas de punição para contê- lo. Ex. pedofilia

Descriminalização: quando algo que se pratica deixou de ser crime por ser um

fato aceito dentro da sociedade, não criando mais alarme. Tocar buzina

em frente ao hospital, anuncio de pílula anticoncepcional

A PREVENÇÃO TERCIÁRIA

Tem destinatário especifico:

a população carcerária

- Objetivo: evitar a reincidência; está ligado a pena e sua execução;

pretende fazer, pela pena, que o criminoso não volte a delinqüir.

- é a que tem maior caráter punitivo;

- se distancia das raízes do problema criminal;

- atua diretamente no ponto final da problemática criminal;

- tenta evitar não o cometimento de um crime mas a sua reincidência.

- Crítica:

- carece de eficiência;

- atua de forma tardia no meio social, depois de já cometido o delito;

- atua de forma parcial só atingindo a população carcerária;

- não neutraliza as causas do problema criminal;

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- não há antecipação nos cuidados para que o delinqüente não pratique

o delito: o que há é uma pena para que posteriormente não torne o pratica –

lo

Outros Modelos:

A Prevenção Socialista:

- desenvolveu com maior convicção a teoria e a práxis do controle

social;

- “investigou” as causas da criminalidade , elaborando planos e

estratégicas de sua prevenção.

- conseguiu êxito indiscutível na prevenção do delito;

- controle social não é o único nem o principal indicador de sua

qualidade - ponderar os “ custos” e os “ riscos”.

O Modelo Clássico

- firmado no castigo do delinqüente;

- na rigidez da pena: o rigor da pena, faz com que o indivíduo não torne

a delinqüir - esquecem dos fatores anteriores ao delito.

Crítica:

Mesmo com duras penas, o indivíduo devido a problemas sócio-cultural

e econômico termina por delinqüir, e a reincidir no crime.  

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O Modelo Neoclássico

 

- não prevê preocupação com o preso e sua colocação na sociedade,

mas:

- melhoria do judiciário - melhores juízes

- melhoria da polícia - policiais com treinamento sofisticado e

aprimorado, e condição material

- melhor condição ao preso - condições mais humanas de vida , e

colocando-o de volta com formação de trabalho.

A Prevenção Geográfica

 

Escola de Chicago:

- intervenção do poder público em áreas , onde o nível de

marginalização é mais acentuado - condições precárias de vida, a falta de

infra-estrutura

- possibilitaria programas de reordenação e equipamento urbano,

melhorias, serviços públicos básicos e outros.

Critica:

- não favorece a prevenção do delito, apenas

desloca-o para outras áreas

- Prof. Eduardo Reale Ferrari:

“ é evidente que o meio atrai, porém não cria”.

“ não adianta aumentar o muro das residências ou blindar os carros,

se não houver uma modificação no quadro social – comunitário; o “

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criminoso” certamente se especializará, migrará e criará fórmulas de

ultrapassar os artificiais e individuais obstáculos”.

SISTEMAS PRISIONAIS

Pensilvânico: 

- da Filadélfia, criado em 1829, na penitenciária de East;

Características:

- isolamento total;

- celas separadas e individuais;

- não permitido sair a não ser sozinho para

um passeio em pátio fechado;

- bíblia a única leitura permitida;

- trabalhar somente em sua própria cela;

- únicas visitas permitidas: o diretor, o médico, o sacerdote ou

pastor os funcionários do estabelecimento.

  - abolido em 1913

. inúmeros casos de loucura;

. ainda é adotado por alguns países. (“papillon”- Guiana

Francesa)

 

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Auburniano:

- novo modelo Pensilvânico;

- adotado por Auburne - Estado de Nova Iorque;

Características:

- isolamento celular noturno; evitou-se assim grande parte da

homossexualidade,

- aprisionamento coletivo durante o dia;

- permitido o trabalho comum porém em silêncio;

- visa a reeducação profissional e social do delinqüente.

 

Progressivo: 

 

- adotado em 1854 , nas prisões da Irlanda;

- condicionado ao binômio conduta-trabalho.

  - adotado por quase todos os países do mundo Inglaterra, Suíça ,

Dinamarca, Holanda, França , Itália , Espanha , Portugal;

- o Brasil também adotou esse sistema .

Prof. Antonio José Eça

- Medicina Legal -

- Psiquiatria Forense -

- Criminologia

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