Crianças Índigo

O apêndice que ora tentam transplantar para o movimento espírita, chamado de crianças índigo, precisa ser extirpado para que o verdadeiro pensamento kardecista possa prevalecer no espírito do Espiritismo.

Sem respaldo científico, sem coerência filosófica, sem o aval do bom senso e sem o selo da confiabilidade dos espíritas conscientes, certamente ele está condenado ao fracasso.

Todavia, uma epidemia começa com um simples doente, espalhando-se através do contágio a centena de outras pessoas. As crianças índigo, segundo seus criadores, os americanos Lee Carrol e Jan Tobler, são crianças portadoras de aura azul, devido a uma modificação em seu DNA.

Elas deverão preparar um novo corpo para que, mais tarde, outras crianças ainda mais evoluídas, as cristais, iniciem o período de regeneração da Terra.

São inúmeros os pontos de conflito dessa seita com o Espiritismo. Se um bom fruto surge obrigatoriamente de uma boa árvore, coloquemo-nos no lugar do jardineiro:

a seita movimenta milhões de dólares, afirmando repassar mensagens de Kyron, o Espírito mais evoluído que a Terra já contatou.

Ocorre que tais mensagens divulgam o panteísmo, mudanças magnéticas no eixo da Terra, datas precisas para eventos fabulosos (forte sinal de mistificação segundo anotou Kardec), venda de um lugar na galáxia para a qual irão os índigos, possibilitada através da alteração do DNA levada a efeito por tratamento energético, logicamente feito pelos criadores da novidade.

Repetem-se aqui velhos vícios humanos, bem próprios da imaturidade do senso moral: a cobiça (venda das indulgências), o orgulho (pensar que tem um filho índigo), a ignorância científica (o DNA transmite para descendentes virtudes morais), a contradição (crianças com comportamento violento e indisciplinado formarem um modelo para abrigar Espíritos nobres), dentre outros.

Madre Tereza de Calcutá, Bezerra de Menezes, Chico Xavier, Gandhi e dezenas de outros missionários necessitaram de corpos modificados com precedentes azulados?

Aproveitar-se do tímido senso crítico de alguns espíritas é uma coisa, mas subestimar a

inteligência de todos é inadmissível.

Histórias assim têm lugar garantido entre os contos da

carochinha.

Texto de: Luiz Gonzaga Pinheiro

Formatação: Castro Neto