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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM VIGILÂNCIA SANIATÁRIA E CONTROLE DE QUALIDADE DOS ALIMENTOS CRIAÇÃO, ABATE E COMERCIALIZAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES RICARDO DE OLIVEIRA ALVES Brasília – DF, julho de 2009.

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM VIGILÂNCIA SANIATÁRIA E

CONTROLE DE QUALIDADE DOS ALIMENTOS

CRIAÇÃO, ABATE E COMERCIALIZAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

RICARDO DE OLIVEIRA ALVES

Brasília – DF, julho de 2009.

RICARDO DE OLIVEIRA ALVES Aluno do curso de Especialização Latu Sensu em Vigilância Sanitária e Controle de

Qualidade dos Alimentos

CRIAÇÃO, ABATE E COMERCIALIZAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

Trabalho de conclusão de curso, apresentado à Universidade Castelo Branco como requisito parcial à obtenção do grau de especialista no curso de Pós-graduação em Vigilância Sanitária e Controle da Qualidade dos Alimentos, sob orientação do Prof. Me. Manoel Silva Neto.

Brasília – DF, jul. 2009.

CRIAÇÃO, ABATE E COMERCIALIZAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

Elaborado por Ricardo de Oliveira Alves Aluno do curso de Especialização em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade dos

Alimentos

Foi analisado e aprovado com grau: ...................................

Brasília, 9 de julho de2009.

______________________ Me. Manoel Silva Neto

Professor Orientador

Brasília – DF, jul. 2009.

ii

Dedico este trabalho aos meus familiares, em especial ao meu pai, por tornar real esse sonho.

iii

Agradeço em primeiro lugar à Deus, por cada dia abençoado; ao meu pai, pela confiança e amor; à minha mãe, por todo amor; à Kátia, pelo sorriso de cada dia; à Renata, pela cumplicidade; à Gabriella, pelo incentivo de sempre; à Gisely e Ana Cristina, pelos dias que foram e por todos os que virão pela frente; à Bia, simplesmente por ser ela; ao Fabiano, pelo companheirismo; aos amigos Carlos Eduardo e Luana, pela amizade; e ao Professor Manoel, pela orientação. Obrigado a todos vocês por fazerem a diferença.

iv

ALVES, Ricardo de Oliveira CRIAÇÃO, ABATE E COMERCIALIZAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES Resumo A exploração zootécnica de espécies silvestres, por ser uma boa alternativa econômica e

ambiental, tem atraído a atenção e o investimento de muitos produtores rurais. A

competição nas atividades tradicionais, o alto valor agregado e a normatização da criação

de animais silvestres para fins comerciais, são fatores que contribuem para a ampliação da

atividade. Centenas de criadores de animais silvestres se estabeleceram no Brasil

interessados na tecnologia de criação em cativeiro, deixando a questão mercadológica

relegada a segundo plano. O objetivo desse trabalho é responder algumas perguntas,

levantar possibilidades e indicar diretrizes referentes ao sistema de criação, abate e

comercialização de animais silvestres, abordando alguns tópicos como os aspectos legais e

ambientais, as espécies a criar, os sistemas de produção, o manejo sanitário e reprodutivo,

a montagem e a operação de um abatedouro, as formas de comercialização, o mercado, os

exemplos de empresas e a importância econômica que a produção de carnes de animais

silvestres tem para o país.

Palavras-chave: Animais silvestres; Abate; Manejo sanitário.

v

Abstract Once it is a good economic and environmental alternative, the zootechnical exploitation of

wild species has attracted attention and investment of many farmers. The intense

competition in traditional areas, the aggregate value and the normalization of wild animals’

breeding for economic purposes promote the growth of such activity. Hundreds of wild

animals breeders set up in Brazil interested in the captivity technology and gave low

priority for market issues. This paper intends to answer some questions, consider

possibilities and draw up guidelines concerning the breeding, slaughter and trading systems

of wild species. The approach is developed regarding topics as legal and environmental

aspects, breeding species, production systems, sanitary and reproductive control,

slaughterhouse building and operating, trading options, market, companies’ models and the

economic importance the meat of wild animals has for the country.

Keywords: Wild animals; Slaughter; Sanitary control.

vi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1 2. ASPECTOS LEGAIS 3 3. SISTEMAS DE PRODUÇÃO 7 4. FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO 10

4.1. Venda de animais vivos 4.2. Comércio no varejo 4.3. Pró-Fauna

5. ABATE COMERCIAL 16 5.1. Abate humanitário

6. MONTAGEM E OPERAÇÃO DO ABATEDOURO 21 6.1. Instalações e Equipamentos 6.2. Operação do abatedouro 6.2.1 Corte 6.2.2 Embalagem 6.3. Fiscalização 6.4. Higiene

7. MERCADO 31 8. PRINCIPAIS ESPÉCIES DA FAUNA SILVESTRE ATUALMENTE EXPLORADAS PARA FINS COMERCIAIS 34

8.1. Capivara 8.2. Cateto e Queixada 8.3. Tartaruga-da-Amazônia 8.4. Ema 8.5. Paca 8.6. Cutia 8.7 Jacaré

9. CONCLUSÃO 51 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Índices zootécnicos para capivaras em cativeiro. 37

Quadro 2: Índices zootécnicos para queixadas em cativeiro 40

Quadro 3: Dados produtivos da paca. 47

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Pesagem de capivara (Hidrochoerus hidrochoeris). 8

Figura 2: Carcaça de jacaré. 16

Figura 3: Limpeza de carcaça de jacaré. 17

Figura 4: Localização dos cortes de Jacaré do Pantanal (Cayman yacare) efetuados pela

COOCRIJAPAN em sua instalação frigorífica. 26

Figura 5: Carne congelada de jacaré. 27

Figura 6: Ilustração de Capivara (Hidrochoerus hidrochoeris). 34

Figura 7: Capivaras (Hidrochoerus hidrochoeris). 36

Figura 8: Cateto (Tayassu tajacu). 39

Figura 9: Queixada (Tayassu pecari). 40

Figura 10: Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa). 43

Figura 11: Ema (Rhea americana). 44

Figura 12: Paca (Agouti paca). 46

Figura 13: Cutia (Dasyprocta fuliginosa). 48

Figura 14: Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris). 50

ix

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos 15 a 20 mil anos o homem domesticou cerca de 50 a 60 espécies de

animais que hoje constituem a base da indústria animal. Os rendimentos das atividades

agropecuárias convencionais no Brasil estão sob pressão devido à superprodução de

produtos agrícolas, competição de produtos no exterior e os subsídios pagos por alguns

países aos seus produtores. Como resultado, está havendo um maior interesse, por parte

dos produtores rurais, no desenvolvimento de criações alternativas que possam aumentar

os rendimentos das atividades agropecuárias (LAVORENTI, 1997).

A exploração zootécnica de espécies de vida silvestre tem atraído atenção de muito

produtores rurais. A competição nas atividades tradicionais,o alto valor agregado e a

normatização da exploração de animais silvestres são fatores que estão contribuindo para a

ampliação da atividade. Mais do que uma nova atividade comercial, a criação de animais

silvestres se integra em um conjunto de alternativas para utilização sustentada e racional

dos recursos naturais, que afirma que pode explorar comercialmente esses recursos sem

necessariamente devastá-los ou extingui-los, da mesma forma, promove a valorização dos

recursos faunísticos nacionais, representando uma alternativa para a produção de proteína e

subprodutos de origem animal altamente adaptada às reais condições naturais do ambiente

(SANTOS et al, 2007).

Existem várias espécies de animais tais como as capivaras, catetos e queixadas, que

podem adaptar-se aos possíveis sistemas de criação freqüentemente usados com animais

domésticos, contando ainda com um mercado para os produtos e subprodutos de tais

criações. Geralmente a carne de animais silvestres contém baixo teor de gordura e são ricas

em proteínas, qualidades ideais para os consumidores que procuram carnes mais saudáveis

(VALADARES, 1997).

Esse trabalho teve como objetivo fornecer informações e metodologias sobre a

produção e a comercialização de animais silvestres, mostrando que esse tipo de criação

pode também constituir uma importante atividade econômica, estimulando a pequena

empresa e o comércio, gerando empregos e aumentando a renda dos produtores brasileiros.

2. ASPECTOS LEGAIS

No Brasil, o IBAMA autoriza o manejo de animais silvestres em sistemas

extensivos, somente nos casos em que os animais fazem parte de uma população isolada

geograficamente de outras populações, uma vez que a Lei de Proteção à Fauna Silvestre

permite apenas a comercialização de animais nascidos em cativeiro. Todavia, em função

do crescente interesse no uso racional da fauna silvestre, já há uma discussão em

andamento, envolvendo técnicos de várias instituições, em busca de subsídios para a

reformulação desta legislação (DRUMOND, 2006).

Legalmente a portaria n° 118 de 1997 do IBAMA, considera fauna silvestre todos

aqueles animais pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas

ou terrestres, reproduzidos ou não em cativeiro, que tenham seu ciclo biológico ou parte

dele ocorrendo naturalmente dentro dos limites do Território Brasileiro e suas águas

jurisdicionais. Essa informação é básica para quem pretende entrar no ramo da criação de

animais silvestres, pois com a grande variedade de espécies exploradas fica difícil

distinguir o que é silvestre e o que é exótico. Segundo as normas do IBAMA, animais

exóticos são todos aqueles pertencentes às espécies cuja distribuição geográfica não inclui

o Território Brasileiro e que foram nele introduzidas pelo homem ou que tenham entrado

espontaneamente. Como exemplos de animais silvestres explorados zootecnicamente, têm-

se a capivara, o cateto, o queixada, a ema, entre outros animais típicos do Brasil. Como

exemplos de animais exóticos, têm-se o javali, a rã, a avestruz e a perdiz, que são

originários de outros países (IBAMA, 2009).

Segundo Rocha (2001), o criador tem a opção de produzir animais silvestres ou

exóticos. Quando a produção é de exóticos, encontram-se várias barreiras para a

legalização do sistema, pois a preocupação dos órgãos responsáveis é o desequilíbrio

ecológico. Se um animal que não pertence à fauna nativa fugir do seu criadouro e

conseqüentemente aumentar sua população, o ecossistema será desequilibrado. Já na

criação de silvestres essas barreiras são mais facilitadas, principalmente junto ao IBAMA e

também nas secretarias municipais, estaduais, federais e no Ministério da Agricultura, onde

os produtos deverão estar registrados.

O sistema de animais silvestres possui incrementos e facilidades para a

comercialização como, por exemplo, isenção fiscal. Já no sistema de animais exóticos a

facilidade é para a importação dos produtos, em contrapartida, a dificuldade para a

comercialização no mercado interno faz com que esse tipo de criação desanime o produtor.

O conselho dos especialistas em criação de animais silvestres e exóticos é de investir nos

animais nativos nacionais. Segundo Oliveira (2008), a vantagem da criação de animais

silvestres é grande em relação à de animais exóticos, pois são animais já adaptados e que

podem ser adquiridos do próprio IBAMA, além de ter a certeza de que o produtor não

passará por problemas comerciais futuros.

A partir de 1993, o IBAMA publicou diversas portarias e instruções normativas

com intuito de ordenar a criação de animais silvestres em cativeiro. A Lei 5197 de 1967,

conhecida como Lei da Fauna, enquadra os animais silvestres como pertencentes à União,

considerando como crime a perseguição, captura e matança desses animais. Contudo, essa

mesma Lei, juntamente com a Lei de Crimes Ambientais, a 9605 de 1998, permitem a

criação racional de tais animais com finalidade comercial. O IBAMA é o órgão oficial que

normatiza e fiscaliza a criação de animais silvestres no Brasil, sendo os projetos de criação

encaminhados a ele para análise e emissão de parecer (IBAMA, 2009).

A legalização de um criatório junto ao IBAMA requer a apresentação de um projeto

específico. Existem quatro categorias de criatórios: Científico, conservacionista, comercial

da fauna exótica e comercial da fauna silvestre brasileira. No caso de um projeto para

exploração zootécnica, o criatório se enquadra na modalidade comercial. Esse projeto

deve conter as informações necessárias sobre a infra-estrutura da propriedade, espécie a ser

criada, bem como o manejo a ser aplicado (ROCHA, 2001).

O plantel inicial de matrizes e reprodutores deverá ser, preferencialmente,

originário de animais provenientes de outros criatórios registrados ou o produto de

apreensões dos órgãos fiscalizadores. Poderá ser autorizada a captura de animais na

natureza em áreas onde as espécies estejam comprovadamente causando danos à

agricultura ou em locais que a espécie ocorra em abundância, obedecendo à estrutura

familiar peculiar de cada espécie e mediante solicitação formal contendo o levantamento

da espécie e informações sobre a captura (IBAMA, 2009).

Essa burocracia faz com que muitos produtores desistam da atividade, porém é

necessário que haja esse controle rigoroso para que não exista a exploração demasiada das

espécies. Quem cria, abate e comercializa carne e subprodutos de animais silvestres sem o

registro no IBAMA e nas secretarias ou no Ministério da Agricultura (os chamados

criatórios clandestinos), poderá ter pena de seis meses a um ano de detenção e multa

(GIANNONI, 2001).

A demanda existente e a pouca oferta de carnes de animais silvestres, faz com que o

valor agregado da carne alcance altos preços atraindo cada vez mais um maior número de

produtores rurais. Os povos primitivos já se alimentavam da carne de diversos répteis,

assim como outros animais silvestres sempre freqüentaram o cardápio dos brasileiros

(ROCHA, 2001). Muitas espécies estão em via de extinção, conseqüência da grande

procura e da perseguição desmedida do homem que promove a destruição do habitat

natural desses animais. Porém, índios, antigos colonizadores e moradores de áreas rurais,

têm como parte importante de suas dietas, diversos animais da nossa fauna. Na tentativa de

reverter esse quadro, o IBAMA encontrou como alternativa viável, permitir a criação de

algumas espécies de animais silvestres em cativeiro (FOLHA DO MEIO AMBIENTE,

2008).

O IBAMA (2009), através da Instrução Normativa n. 2, de 2 de março de 2001,

delimita (a partir desta data) um prazo de 360 dias para que todos os animais silvestres e

exóticos mantidos em cativeiro no Brasil apresentem um sistema individual de marcação.

O objetivo é controlar, com mais eficácia, a entrada e o gerenciamento sobre manutenção

dos animais em cativeiro assim como reduzir a possibilidade de importação de espécies

nocivas. Esta norma também irá contribuir para a redução do tráfico de animais uma vez

que a marcação é sempre associada à documentação do animal.

Os criadores, devidamente legalizados, podem reproduzir e comercializar animais

sem prejudicar o meio ambiente. O mercado de carnes silvestres tem crescido

excepcionalmente no Brasil. Hoje em dia são cerca de 800 criatórios de animais silvestres

legalizados (FOLHA DO MEIO AMBIENTE, 2008).

3. SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Oliveira (2008) relata que existem no país três sistemas básicos de produção. O

primeiro deles é o sistema de pequeno porte ou sistema de subsistência, pois o criador

utiliza a carne produzida para o próprio consumo e eventualmente para a venda de alguns

quilos de produto. Nessa categoria, estão aproximadamente 90% dos criadores. O segundo

deles é o intermediário, no qual o criador em geral, tem em seu criatório cerca de 40 a 60

matrizes. Nessa categoria estão criadores que abatem animais duas ou três vezes ao ano, já

atendendo alguns clientes com certa freqüência. Nesse caso, pode-se considerar a atividade

como comercial, havendo uma visão empresarial do criatório, porém considerando que

ainda se encontra em fase intermediária de estabelecimento. A terceira e última categoria

dos sistemas de criação é o de grande porte, que podemos chamar de empreendimento.

Nesse porte de negócio o criador já pensa no mercado atacadista e mesmo na possibilidade

de exportação. A atividade pode até não ser a principal da fazenda, mas deve estar entre as

principais e o criador tem em mente a necessidade de ganho em escala.

O ideal é que todo criador comece na primeira categoria, permanecendo nela por no

máximo dois anos para adquirir experiência em cima de um plantel pequeno e

minimizando possíveis prejuízos. Entretanto é indispensável que o criador tenha capital

para investir e passar para a segunda categoria, a intermediária, fugindo do sistema de

subsistência e depois evoluir até o porte de criatórios da terceira categoria. Permanecer na

primeira categoria por mais de dois anos é problemático para a cadeia produtiva e para o

mercado, pois não existe economia de escala, a produção não viabiliza o frete e faz com

que ocorra um aumento dos custos comerciais, tanto para quem vende e para quem

compra. No transporte, no abate e até na embalagem de pouca mercadoria, o custo será

muito alto, então a pequena propriedade poderá chegar a um nível de comercialização onde

não há produto suficiente para vender e tornar viáveis todas as fases comerciais (ROCHA,

2001).

Figura 1: Pesagem de capivara (Hidrochoerus hidrochoeris).

Fonte: PÁGINA RURAL, 2009. Capturado na internet: http://www.paginarural.com.br.2009.

Para quem pretende entrar no negócio de criação de animais silvestres deve

começar como pequeno criador, para ganhar mais experiência, entretanto permanecer por

mais de dois anos é mau negócio, além disso, outro ponto a considerar é a legislação, seja

referente ao meio ambiente, à vigilância sanitária ou à tributação. Antes de iniciar o projeto

do criatório, o futuro criador deve se informar, nos órgãos governamentais afins, sobre os

possíveis problemas legais e tributários que poderá enfrentar. O sistema de produção de

animais silvestres possui barreiras bem evidentes, uma delas é a barreira legal. Para

comercializar animais silvestres é necessário o registro no IBAMA (KINLAW, 1997).

4. FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO

Preservar o meio ambiente deixou de ser uma luta apenas dos ecologistas e um

conceito sintonizado com o correto para angariar dividendos às empresas. Mais do que a

preservação da natureza, produtos elaborados a partir de matérias-primas vindas da fauna e

flora nacionais, apontam um mercado promissor em desenvolvimento no país. Acredita-se

que as organizações estão de olho na sustentabilidade de seus negócios e preocupadas em

conceber produtos, serviços e processos que as aproximem do equilíbrio ambiental

(FARIAS, 2002).

4.1 Venda de animais vivos

Pode-se dizer que depois da carne os principais produtos comercializáveis, em um

criatório de animais silvestres, são as matrizes e os reprodutores. Mas vale destacar que,

historicamente, o mercado de reprodutores de animais nativos não tem oferecido a mesma

remuneração que ofereceram os mercados de exóticos, como é o caso dos javalis, que na

década de 90 foram vendidos a preços altíssimos, isso porque essas espécies passaram por

um período em que muito se especulou com seu preço e disponibilidade, porém essa

diferença de remuneração tende a desaparecer, pois algumas espécies exóticas têm sofrido

queda em seu comércio por causa de problemas legais (ROCHA, 2001). Outras questões

também tornam o mercado de reprodutores menos atrativo, pois os criatórios de animais

nativos podem, por exemplo, adquirir reprodutores e matrizes provenientes do IBAMA,

oriundos da apreensão de contrabandos ou de criatórios não legalizados. Em determinadas

situações podem, ainda, ser capturados na natureza, mediante a autorização do IBAMA e

verificada a existência de população natural suficiente (IBAMA, 2009).

Apesar de todas essas questões, alguns criatórios oferecem os reprodutores como

um item de seus produtos e em geral a venda se dá a um preço ligeiramente superior ao

pago pelos animais destinados ao abate. Se de um lado há certa disponibilidade de animais

praticamente sem custos de aquisição junto ao IBAMA, do outro é importante considerar

que como o mercado está em evolução, geralmente os criadores evitam vender

reprodutores para manter seu próprio plantel em crescimento e vale destacar que vender

reprodutores é atividade para criatórios que já possuem um plantel bastante numeroso

(NETO, 1997).

4.2 Comércio no varejo

Muitos hotéis fazenda e restaurantes rurais tornaram-se pontos de venda da carne de

animais silvestres, incluídas no cardápio como atração principal. Alguns deles chegaram a

instalar pequenos criatórios como atração para seus hóspedes ou clientes, criando na

maioria das vezes apenas uma espécie, sem a menor pretensão de alcançar uma escala de

produção. Esse tipo de empreendimento turístico é, portanto, um potencial comprador do

produto, principalmente quando não há um criatório próprio (CARRER, 2001).

Entre os restaurantes, as churrascarias são os maiores compradores de carne de

animais silvestres. O produto tornou-se um importante diferencial para esse tipo de

estabelecimento que atrai fregueses interessados em consumir alimentos diferenciados. O

consumo nas maiores churrascarias pode passar de uma tonelada ao mês, fato já relatado

por distribuidores de carne. As churrascarias também têm feito excelente divulgação da

carne de animais silvestres, ajudando a difundir a venda a varejo. Vários outros tipos de

restaurantes, mais ou menos sofisticados que atendem clientela de diferentes níveis

socioeconômicos, cada vez mais tem incluído em seus cardápios as carnes silvestres

(ROCHA, 2001).

Os supermercados também se tornaram compradores dessas carnes. A maioria das

grandes redes tem procurado produtos diferenciados, havendo boa receptividade dos

clientes. Açougues de maior porte e as chamadas boutiques de carnes, também se

apresentam como clientes de grande potencial para a colocação do produto no varejo

(OLIVEIRA, 2008).

Sejam restaurantes ou açougues, os pontos de venda a varejo onde são

comercializados produtos oriundos da fauna silvestre, também precisam estar registrados

no IBAMA (IBAMA, 2009).

4.3. Pró-fauna

A Pró-fauna pode ser considerada um modelo de empresa no ramo de criação, abate

e comercialização de animais silvestres. Sua meta principal é fazer com que a atividade

cresça em todo o país. Possui um quadro de técnicos especialistas na área, formado por

agrônomos, biólogos, zootecnistas e veterinários que estudam alternativas de produção

para as propriedades rurais brasileiras, desenvolvendo projetos que sejam economicamente

viáveis, socialmente interessantes e ecologicamente adequados (OLIVEIRA, 2008).

A empresa tem como objetivo garantir a biodiversidade da fauna brasileira,

viabilizar economicamente áreas com vegetação natural e garantir a conservação e

preservação de áreas da Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. Além disso, busca geração

de emprego e de renda com atividades que causam impactos positivos sobre o meio

ambiente, realizando pesquisas e prestando consultoria sobre manejo de fauna silvestre e

produção comercial. Para viabilizar essas duas linhas de trabalho, reúne profissionais de

alto nível que fazem diversos experimentos organizados de maneira sistematizada, testando

tecnologia de manejo que são repassadas aos clientes e parceiros. Essa diretriz procura

atender a falta de conhecimentos acumulados sobre a fauna nativa e seu manejo em

cativeiro (PRÓ FAUNA, 2009).

A empresa foi criada em 1991 para dar suporte técnico a novos criadores de

animais silvestres e acabou evoluindo para o interessante modelo de parcerias. Entre seus

parceiros estão vários dos principais criadores do país, que encontraram segurança para

comercializar seus produtos com tranqüilidade. Por esse motivo que a Pró-fauna, para os

que tem produção suficiente e gostariam de investir no negócio para crescer, é um

excelente modelo a ser seguido. Para quem cria ou vai criar, mas sabe dos problemas

técnicos e mercadológicos que pode enfrentar, a Pró-fauna é um potencial parceiro, pois

presta assessoria à parte do projeto, legalização, fornecimento de matrizes, transporte de

animais e comercialização. Ao executar os projetos, são consideradas as características

geográficas, as condições físicas, operacionais, econômicas e biológicas da área de cada

propriedade (OLIVEIRA, 2008).

A empresa possui duas fazendas, localizadas em Iguape no litoral sul do estado de

São Paulo, com criações de catetos, queixadas e capivaras. A fazenda Devaneio, (fazenda

sede que possui seu próprio abatedouro), é subdividida em piquetes que alojam

separadamente os grupos de catetos, queixadas e capivaras. São piquetes de áreas enormes

cercados com telas de arame, contendo em seu interior cochos cobertos, fonte de água

potável, gramíneas de boa qualidade e áreas nativas de mata. No caso das áreas destinadas

à criação de capivaras, existem aguadas artificiais além da estrutura comum às outras

espécies de animais (PRÓ FAUNA, 2009).

A propriedade apresenta muitas áreas de matas nativas, que funcionam como abrigo

e constituem fontes naturais de alimento. Esse tipo de manejo permite a geração de renda a

partir do uso da floresta sem ter que desmatá-la. O novo meio em que será submetido o

animal, deve ser o máximo parecido com seu meio natural para reduzir o estresse da

adaptação e exprimir o potencial de produção e reprodução sem falhas. De acordo com

Baeta e Souza (1997), o ambiente estressante pode provocar várias respostas negativas,

dependendo apenas da capacidade do animal de adaptar-se.

Segundo Paulo Bezerra Silva (citado por OLIVEIRA, 2008), proprietário da Pró-

fauna, para cada espécie deve ser designada uma área de pelo menos 25 mil metros

quadrados, o que praticamente não é um “cativeiro” e a criação é em sistema semi-

intensivo. Somente os machos são abatidos e todos os animais ficam soltos no ambiente

mantendo sua função ecológica. Eles se alimentam do pasto natural e recebem ração feita

com 60% de proteína como suplemento (para isso utiliza-se cabeças de peixes na sua

formulação).

A empresa, devido ao crescimento e à grande demanda, montou seu próprio

abatedouro. O primeiro de animais silvestres do país com registro no Ministério da

Agricultura, enquadrado legalmente junto às autoridades sanitárias como abatedouro de

pequenos animais e licenciado junto ao IBAMA para a comercialização de carnes

silvestres. O abatedouro é pequeno, mas ainda está longe da sua capacidade, justamente

por falta de animais. Com capacidade para abater 40 animais por dia, tem abatido 40 por

semana (OLIVEIRA, 2008).

A Pró-fauna compra animais de outras propriedades e comercializa a produção das

fazendas de animais silvestres de todo o Brasil e, para comercializar as carnes, a empresa

mantém a Empório Silvestre, uma boutique de carnes onde é feita a venda no varejo e ao

mesmo tempo, por causa da venda em maior quantidade aos restaurantes e outros

distribuidores de carnes, a loja tornou-se também um pequeno atacadista. Lá se encontram

produtos de primeira linha, como carne de capivara, queixada, cateto, jacaré, aves

silvestres e ainda carnes exóticas, como as de javali e rã (EMPÓRIO SILVESTRE, 2009).

5. ABATE COMERCIAL

O produtor tem poucos caminhos a seguir com relação ao abate. O primeiro deles é

contratar os serviços de um abatedouro de pequenos animais, (essa categoria de

estabelecimentos abate suínos, ovinos e outros pequenos animais), que tenha inspeção

sanitária. Com mínimas adaptações, sua estrutura pode ser usada para o abate de capivaras,

catetos, queixadas, pacas e javalis (OLIVEIRA, 2008).

Figura 2: Carcaça de jacaré.

Fonte: OESTE INFORMA, 2008. Capturado na internet: http://www.oesteinforma.com.br.

A maioria dos criadores começa fazendo o abate caseiro, que geralmente é feito no

quintal de suas casas e sem as menores condições, depois percebem que a distribuição de

seu produto, em escala comercial, torna-se inviável porque não há como comercializar sem

o aval da inspeção. Outro aspecto a considerar é que a infra-estrutura disponível, para o

abate caseiro, geralmente é bastante precária inviabilizando o abate de um maior número

de animais, e pior são as condições higiênicas que são desfavoráveis, comprometendo a

qualidade do produto que será entregue a uma clientela que, normalmente, ainda está

desconfiada diante de um produto novo. Portanto, na hora de planejar um criatório, deve-se

levar isso em consideração (OLIVEIRA, 2008).

Quanto à legislação, essa modalidade de abatedouro está amparada legalmente para

fazer o abate de pequenos animais de qualquer espécie, inclusive silvestres, sendo

necessário também o registro junto ao IBAMA. O maior problema a ser enfrentado por

quem tem animais para abate é a baixa prioridade dada aos animais silvestres nesse tipo de

frigorífico. Estabelecidos especializados no ramo de suínos, por exemplo, considerando

ainda o pequeno significado do abate de animais silvestres em seu faturamento, acabam

dando muito mais prioridade ao abate de suínos (ROCHA, 2001).

Figura 3: Limpeza de carcaça de jacaré.

Fonte: GLOBO AMAZÔNIA, 2009. Capturado na internet: http://www.globoamazonia.com.

As alternativas para o produtor são a verticalização da atividade com a construção

de um abatedouro ou as parcerias entre os criatórios e os frigoríficos. Na primeira

alternativa é preciso, obviamente, levar em conta que há necessidade de alta produção para

que o abatedouro se torne economicamente viável, tanto em termos de retorno ao

investimento feito em infra-estrutura, como nos custos de operação (OLIVEIRA, 2008).

Outra saída é a associação entre criadores para a construção de um abatedouro comum.

Essa opção significa menos investimento para cada criador e mais oferta de animais para o

abate. A implantação de um abatedouro depende, portanto, da resposta a duas perguntas

muito importantes: Há demanda para a carne produzida? Há oferta de animais para o abate

e comercialização? Entre esses dois dados defini-se o potencial do negócio. A partir de 3

mil animais para abate por ano, o empreendimento começa a ter viabilidade econômica

(ROCHA, 2001).

5.1. Abate humanitário

Há algumas décadas, o abate de animais era considerado uma operação tecnológica

de baixo nível científico e não se constituía em um tema pesquisado seriamente por

universidades, institutos de pesquisa e indústrias. A tecnologia do abate de animais

destinados ao consumo somente assumiu importância científica quando se observou que os

eventos que se sucedem desde a propriedade rural até o abate do animal tinham grande

influência na qualidade da carne (REHAGRO, 2003)

O abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos que

garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até o manejo no

frigorífico. O excesso de agressividade neste manejo pré-abate provoca o estresse dos

animais, comprometendo o seu bem-estar, causando dor e sofrimento ao animal, o que é

percebido através dos hematomas, das contusões e das fraturas. Uma das etapas que

causam mais estresse no período pré-abate é o transporte. Quando os animais são expostos

a novo grupo social, ambiente diferente e contato com pessoas estranhas, o estresse

psicológico aumenta, assim como o estresse físico causado pelo desgaste durante o

embarque, tempo de transporte e desembarque (WSPA, 2009).

Antes do abate, deve-se garantir que todos os animais estejam insensibilizados

corretamente, para que a morte se dê enquanto estão inconscientes (anestesiados), evitando

o sofrimento no momento da sangria. Devemos respeito aos animais e o mínimo que

podemos garantir é que todas as práticas no manejo ocorram com o menor grau de

sofrimento possível, e que na cadeia de produção haja preocupação ética, social e

ambiental como um todo (WSPA, 2009).

Outros vários critérios que definem um bom método de abate são:

a) os animais não devem ser tratados com crueldade;

b) os animais não podem ser estressados desnecessariamente;

c) a sangria deve ser a mais rápida e completa possível;

d) as contusões na carcaça devem ser mínimas;

e) e o método de abate deve ser higiênico, econômico e seguro para os operadores (ROÇA,

2001).

Há necessidade do treinamento de todas as pessoas envolvidas, dentre eles:

motoristas, funcionários das fazendas/ granjas e frigoríficos, assim como dos veterinários

responsáveis pela inspeção do abate, que estão envolvidos diretamente na forma de

organizar o manejo e melhorar o bem-estar dos animais (WSPA, 2009).

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2009),

fiscais agropecuários e técnicos que trabalham no controle de qualidade de frigoríficos

serão capacitados em bem-estar animal pelo Programa Nacional de Abate Humanitário,

resultado de um acordo de cooperação firmado pelo MAPA com a Sociedade Mundial de

Proteção Animal (WSPA), em janeiro de 2008. O treinamento é voltado para profissionais

agropecuários de estabelecimentos que atuam sob inspeção federal, estadual ou municipal,

sendo abordado temas como a condição física e o comportamento do animal no abate e os

efeitos do estresse na qualidade da carne e manejo, em conformidade com a Organização

Mundial de Saúde Animal (OIE), União Européia e outros países que importam carne

brasileira.

6. MONTAGEM E OPERAÇÃO DO ABATEDOURO

Segundo Oliveira (2008), abatedouro trata-se de um estabelecimento comum

registrado junto às autoridades sanitárias como abatedouro de pequenos animais e

registrado junto ao IBAMA para abate de animais silvestres. Para um melhor entendimento

do funcionamento de um abatedouro é necessário conhecer as instalações e equipamentos,

as técnicas de abate e corte da carne e como é feita a inspeção sanitária. O abatedouro da

empresa Pró-fauna será utilizado como modelo.

6.1. Instalações e equipamentos

Em um galpão dividido em baias, cujo acesso é feito por um corredor central, são

alojados os animais a serem abatidos. As baias são em piso de concreto e são separadas por

muretas de alvenaria, completadas por divisórias de telas de alambrado até o teto. O acesso

dos animais é feito por um portão tipo guilhotina, que facilita o manejo (PRÓ-FAUNA,

2009).

Externamente existe um embarcadouro por onde os animais são retirados do

caminhão de transporte. Entre o galpão de recepção e a sala de abate há um corredor por

onde os animais são conduzidos. O transporte dos animais é feito por um caminhão cuja

carroceria é subdividida em compartimentos separados por grades de ferro escamoteáveis,

de maneira que permitem a circulação dos animais entre elas durante o embarque e o

desembarque. Essa estrutura permite transportar os animais com segurança, facilitando o

manejo, impedindo brigas e evitando fugas (PRÓ-FAUNA, 2009).

No prédio onde funciona o abatedouro propriamente dito, existem duas caixas de

água de 5 mil litros cada, que garantem o fornecimento ao abatedouro. Cada uma delas é

equipada com um filtro na tubulação de abastecimento e com uma bomba de cloro na saída

de água. Consome-se em média 100 litros de água por animal abatido (PRÓ-FAUNA,

2009).

As janelas devem estar isoladas por telas, evitando a entrada de insetos e o acesso

ao vestiário e ao banheiro devem ser feitos externamente. Na porta de acesso à área interna

do abatedouro é indispensável uma pia para a limpeza das mãos e braços dos funcionários

e também um pedilúvio para desinfecção das botas de borracha (a desinfecção pode ser

feita com uma solução de cloro ou de água sanitária diretamente na água do pedilúvio).

Também na parte externa do prédio, está uma área coberta para embarque de produtos para

comercialização e o desembarque de insumos para a operação do abatedouro (PRÓ-

FAUNA, 2009).

O acesso é feito por uma ante-sala, vizinha à sala de abate, da qual se vai para a

área de evisceração, local também utilizado para a inspeção sanitária. Ao lado está a sala

de corte e a sala de embalagem, de onde se tem acesso à câmara fria que é dividida em dois

compartimentos: o de resfriamento e o de armazenamento. Na parte interna do abatedouro,

os pisos e paredes são revestidos de material impermeável. Preso ao teto está um trilho de

transporte por onde as carcaças percorrem todas as instalações de processamento. Na

portinhola de entrada dos animais estão duas gaiolas: uma com guilhotina de acesso á área

externa e outra com guilhotina de acesso à área interna. Ao lado está o aparelho

insensibilizador e seu painel de controle, que através de choque elétrico de 300 volts

insensibiliza o animal para o momento da sangria. Outra estrutura é o tanque de coleta de

sangue, sobre o qual é feita a sangria. É preciso outro tanque, que pode ser de inox, para

ser o tanque escaldador, que serve para a retirada dos pêlos e que opera por um sistema de

aquecimento a gás. Também com água aquecida opera uma bomba, tipo lava jato, que

permite uma melhor higienização das carcaças (PRÓ-FAUNA, 2009).

Para as embalagens é preciso uma seladora a vácuo e/ou um rolo de fio de PVC. A

última instalação a ser destacada é a câmara fria, que como já foi dito, se divide em dois

compartimentos. Internamente as carcaças ficam dependuradas para o resfriamento (2° a 7°

graus Celsius) antes do corte. Depois de cortadas e embaladas, as peças de carne vão para a

câmara de armazenagem (-10° graus Celsius) (PRÓ-FAUNA, 2009).

6.2. Operação do abatedouro

Preliminarmente, a inspeção “ante-mortem” é feita pelo exame visual de caráter

geral no momento do desembarque, observando cuidadosamente o comportamento dos

animais, que devem estar com boa aparência, sem demonstrar cansaço excessivo e sem

febre ou infecções. Depois do exame os animais são colocados nas baias, onde ficam em

jejum por 24 horas, servidos apenas por água. Com o jejum é possível retirar as vísceras e

os intestinos do animal com riscos pequenos de rompimento, preservando a higiene da

carcaça e evitando contaminação. O jejum também diminui a energia do animal,

permitindo melhor conservação da carne (DEUTSCH, 1988).

A Lei do abate humanitário e proteção aos animais tornou obrigatório o uso de

equipamentos insensibilizadores que produzem um choque elétrico e insensibilizam os

animais, dando mais velocidade no abate e mais qualidade na carne. A norma, nesse caso,

é provocar o menor estresse possível na hora do abate para obter uma carcaça de melhor

qualidade (IBAMA, 2009).

Assim que o animal fica inconsciente, é suspenso pelo guincho por uma das pernas

traseiras, onde previamente se prende ao gancho. Em seguida, é feita a sangria contando-se

a veia jugular com uma faca apropriada. A duração é de, no mínimo, três minutos, sendo

que o sangue é coletado em recipientes especiais destinados a esse fim. Após a sangria é

feita a pelagem com água quente no tanque escaldador. Depois de escaldados, os animais

são depilados e são retiradas as unhas e a cabeça, em seguida a carcaça é lavada novamente

com jatos de água quente. Procede-se, então, a evisceração do animal, que se inicia com a

abertura do peito feita com uma faca própria, seguida pelo corte longitudinal da barriga

(OLIVEIRA, 2008).

Efetuadas essas operações, retiram-se as vísceras que são colocadas sobre uma

mesa para serem submetidas à inspeção sanitária. Quando é encontrada alguma anomalia, a

carcaça e os órgãos correspondentes são desviados para uma área reservada para inspeção

detalhada e o veterinário do serviço de inspeção, juntamente com seus auxiliares, cumprem

essa fiscalização final. Essa é uma tarefa que deve ser realiza com total atenção,

observando se existem alterações de consistência, cor, presença de nódulos, abscessos,

cistos, etc. Nenhuma peça que apresente qualquer alteração, deve ser liberada para

consumo antes da inspeção (PRÓ-FAUNA, 2009).

Retiradas as vísceras, (que já inspecionadas podem ser descartadas em fossas

sépticas ou incineradas, não havendo aproveitamento comercial), faz-se a divisão da

carcaça ao meio, usando uma serra no sentido longitudinal da coluna vertebral. Depois de

divididas, as meias carcaças passam por um novo processo de inspeção sanitária e quando

aptas para o consumo, são carimbadas pelo veterinário do serviço de inspeção e ainda

levam o carimbo do IBAMA, atestando que a origem da carne é de um criatório legalizado.

Em seguida, as meias carcaças são levadas até a seção de pesagem e seguem para a câmara

fria, onde são resfriadas e armazenadas por 24 horas. Só depois de resfriadas as carcaças

vão para o corte, onde são divididas em partes. Posteriormente, são embaladas e já podem

ser comercializadas (OLIVEIRA, 2008).

6.2.1 Corte

Nas meias carcaças de capivara, por exemplo, os corte são feitos em quatro partes:

paleta, pernil, costela e carré (OLIVEIRA, 2008). A paleta é constituída pela pata dianteira.

O pernil é a parte traseira. A parte que separa o pernil da paleta é dividido em duas partes:

o carré (onde está o lombo) e a costela (que é a parte com menor quantidade de carne).

Geralmente, esse mesmo esquema de corte segue para as outras espécies de mesmo porte

da capivara.

Figura 4: Localização dos cortes de Jacaré do Pantanal (Cayman yacare) efetuados pela COOCRIJAPAN em sua instalação frigorífica.

Fonte: COOCRIJAPAN, 2009. Capturado na internet: http://www.coocrijapan.com.br.

6.2.2 Embalagem

Terminado o corte da carcaça, já se tem o produto comercial do abate, que são as

peças que serão distribuídas nos pontos de venda. Essas peças podem ser embaladas de

diversas maneiras. Destaca-se o fio de PVC, onde a carne é revestida até que fique isolada,

garantindo a conservação. Outra forma é a seladora a vácuo parcial. O aparelho, antes de

selar o saco plástico, retira a maior parte do ar existente no interior da embalagem, o que

melhora a conservação do produto (PRÓ-FAUNA, 2009).

Seja em qualquer tipo de embalagem, é obrigatória a colocação do rótulo onde

diversas informações devem estar presentes, como a identificação da espécie, o corte

embalado, que nível de inspeção sanitária foi feita (se municipal, estadual ou federal), a

identificação e o endereço do abatedouro e o número do registro junto ao IBAMA

(ROCHA, 2001).

Figura 5: Carne congelada de jacaré.

Fonte: COOCRIJAPAN, 2009. Capturado na internet: http://www.coocrijapan.com.br.

Depois de embalados, os cortes são colocados em caixas de papelão que são

armazenadas na câmara fria para depois serem distribuídas. No rótulo da caixa identifica-

se a espécie de animal e apresentam-se informações sobre o produto e o abatedouro (PRÓ-

FAUNA, 2009).

6.3 Fiscalização

O Decreto 7.889, de 23 de novembro de 1989, estabelece as competências de cada

órgão governamental, no que diz respeito à fiscalização de abates de animais, segundo o

tipo de comercialização a ser efetuada. O Decreto 7. 889 também define que as Secretarias

Municipais de Agricultura deverão ser as responsáveis pela fiscalização do abatedouro no

caso da comercialização municipal; as Secretarias Estaduais dos Estados, Territórios e

Distrito Federal serão as responsáveis no caso de comercialização intermunicipal; e o

Ministério da Agricultura será o responsável no caso da comercialização interestadual ou

internacional (MAPA, 2009).

Os abatedouros são caracterizados segundo o destino dos produtos que serão

comercializados, ou seja, deverão possuir inspeção federal aqueles que realizarem

comércio de produtos interestadual ou internacional; os estabelecimentos que realizarem

negócios intermunicipais deverão possuir inspeção estadual; e os estabelecimentos que

realizarem comércio local, ou seja, dentro dos próprios municípios, deverão possuir

inspeção municipal. Além disso, os abatedouros deverão estar previamente registrados no

órgão competente antes de entrar em funcionamento. Existe uma definição para os

matadouros, segundo o regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de

Origem Animal, o RIISPOA, no 2° parágrafo do artigo 21: “estabelecimentos dotados de

instalações adequadas para a matança de quaisquer das espécies de açougue, visando o

fornecimento de carnes em natureza ao comércio interno, com ou sem dependências para

industrialização”.

Os maiores concorrentes dos abatedouros comerciais são os abatedouros

clandestinos. Entretanto essa concorrência tende a desaparecer à medida que o consumidor

vai adquirindo consciência dos riscos que corre provenientes desse tipo de abate e também

à medida que o governo assume as suas responsabilidades com a saúde pública. Se o

produto não estiver cadastrado em um dos serviços de inspeção, (que foram citados

anteriormente), trata-se de um produto clandestino. Esse cadastro é muito importante, pois

se alguma peça de carne não estiver apta para consumo, ela será investigada conforme a

sua origem e deverá ter o cadastro em alguns dos serviços de inspeção sanitária (MAARA,

1995).

Para o aproveitamento completo de todas as matérias-primas do abate, pode-se

produzir rações com farinha de ossos ou carne. Muitos produtos farmacêuticos são

produzidos utilizando a bile, as glândulas de secreção interna, as placentas e outros

(GIANNONI, 2001).

6.4 Higiene

Deve-se considerar que a carne é facilmente contaminada e os alimentos mal

manipulados servem como veículo de transmissão de infecções e intoxicações para o

consumidor (ROCHA, 2001).

Segundo Oliveira (2008), para produzir alimentos, deve-se observar rigorosamente

o seguinte:

- As pessoas que estiverem envolvidas no trabalho devem ser sadias e conhecedoras das

técnicas recomendadas para cada tipo de produto. Elas devem, ainda, conhecer e aplicar

todos os cuidados de higiene necessários como, por exemplo, lavar e desinfetar bem as

mãos antes de qualquer atividade; estar bem uniformizadas, com uniformes de cor branca

que estejam sempre limpos; usar boné ou gorro para evitar a queda de cabelos nos

alimentos; botas de borracha branca, fáceis de serem lavadas; e aventais impermeáveis;

- As matérias-primas e insumos devem ser de ótima qualidade;

- Com respeito aos utensílios, equipamentos e instalações, devem-se ter cuidados especiais.

Eles devem ser próprios para o trabalho, bem lavados e desinfetados. A limpeza e

desinfecção dos equipamentos devem ocorrer antes e após o seu uso. Nunca deixar para o

dia seguinte, pois isso irá dificultar o trabalho e aumentar as chances de contaminação.

Na limpeza, devem ser usados detergentes neutros e biodegradáveis que não

deixem resíduos prejudiciais ao meio ambiente e à saúde das pessoas. Esses produtos são

apropriados para a indústria de alimentos e possuem ótima capacidade de limpeza. É bom

fazer sempre uma pré-enxaguagem com água fria antes de aplicar o detergente.

A desinfecção pode ser física ou química, o que vai depender do material a ser

utilizado. O vasilhame, os utensílios metálicos, as mesas em aço inox e o prato de balança

podem ser desinfetados com água quente. Outras vasilhas e utensílios que não resistem ao

calor, bem como as paredes e os pisos, devem ser desinfetados com produtos químicos a

base de iodo ou cloro, ou então, com outros tipos de produtos recomendados para a

indústria de alimentos. A desinfecção química pode ser feita por imersão, por aspersão, ou

mesmo despejando a solução sobre os equipamentos que se deseja desinfetar. Após a

desinfecção, não é necessário enxaguar o material, é preciso deixar apenas escorrer o

excesso do desinfetante e o equipamento pode ser utilizado imediatamente.

7. MERCADO

A produção e comercialização de animais silvestres é um sistema bastante

complexo e quem investe, ou quer investir na atividade, precisa estar atento à tecnologia,

mas não pode, de maneira nenhuma, esquecer a questão mercadológica (KINLAW, 1996).

A pecuária alternativa ou silvestre, como também é chamada e inserida no contexto

de econegócio, deve ser tornar regra nos próximos anos. As empresas e propriedades que

atualmente estão investindo nesses seguimentos, carregam o ônus do pioneirismo pois

estão abrindo o mercado (ROCHA, 2001).

Nos últimos anos, inúmeros interessados na criação de animais silvestres foram

desestimulados pela burocracia da legislação vigente, remetendo uma enorme necessidade

de adaptação do mercado interno e de políticas governamentais que favoreçam as

atividades ambientais desenvolvidas no país, pois será desvantajoso para o Brasil, manter

uma legislação mais restrita para o uso da fauna silvestre do que a de nossos vizinhos

perante o MERCOSUL. Será frustrante para o empresário nacional ver os consumidores

brasileiros comprarem carne de jacaré, por exemplo, manufaturados na Argentina,

legalizados na Paraguai e extraídos dos brejos do Pantanal brasileiro (ROCHA, 2001).

A competitividade constitui, nesse século, a maior preocupação em todos os setores

e atividades. Diante dessa realidade, os setores do agronegócio são pressionados a

promover mudanças estratégicas em ritmo cada vez mais acelerado. O setor de produtos

silvestres enfrenta mudanças turbulentas diante de um processo de reestruturação

semelhante ao vivido em décadas passadas em países como Argentina, Venezuela, Bolívia

e Paraguai. Entretanto, pode-se tomá-los como exemplos, fazendo uma análise da realidade

do país, porém, não se pode ter um raciocínio simplista e acreditar que as soluções que

foram aplicadas em outros países poderão ser adequadas para o Brasil. A produção interna

do país não é suficiente para abastecer o mercado devido ao número de criadores

legalizados ou à quantidade de matrizes e reprodutores. Com a abertura das importações e

exportações pelo MERCOSUL, o setor passou a encarar, de uma hora para outra, uma

competição com o produto externo, ou seja, os produtos oriundos de animais exóticos e até

mesmo os produtos silvestres brasileiros manufaturados em países vizinhos, revendidos no

Brasil como produtos de exportação (CARRER, 2001).

O mercado brasileiro e internacional tem se mostrado ávido por carnes silvestres e

exóticas, com menos gordura e colesterol, além do aspecto turístico. No Brasil, esse filão

tem sido suprido pela caça predatória que ameaça de extinção inúmeras espécies. Daí o

interesse para institucionalizar um amplo programa de criação, abate e comercialização de

animais silvestres. Sobretudo, buscando a preservação das espécies mediante a

conservação dos habitats naturais e porcentagem de reposição obrigatória por parte dos

criadores (ROCHA, 2001).

Pode-se dizer que para quem está entrando na atividade é difícil imaginar que

existiria mercado, mas o detalhe é que só existe mercado se houver o produto. O país está

numa fase onde não há o produto em oferta regular e constante, então se torna complicado

abrir o mercado sem ter o produto.

Segundo Oliveira (2008), hoje a criação de animais silvestres se encontra em

transição e por esse motivo o criador precisa pensar, com muita cautela, numa estratégia de

criação, abate e comercialização. A medida que vão aumentando as propriedades, vão se

criando novos pontos de mercado. Por exemplo, o preço da capivara é o mesmo de seis

anos atrás, pois conforme aumenta a oferta, os produtores tentam abrir o mercado. A Pró-

fauna já chegou a exportar carne de capivara, mas a produção reduzida não viabiliza todo o

esquema comercial para exportação. O ideal seria aumentar a produção, principalmente em

fronteiras agrícolas e criar novos canais de comercialização. Se o sistema for bem dosado,

a produção não vai sofrer como em alguns sistemas tradicionais onde, às vezes, existe

maior oferta do que demanda do produto.

8. PRINCIPAIS ESPÉCIES DA FAUNA SILVESTRE ATUALMENTE EXPLORADAS PARA FINS COMERCIAIS

8.1. Capivara (Hidrochoerus hidrochoeris)

A capivara é o maior roedor do mundo, alcançando em média, 1 metro de

comprimento por 65 centímetros de altura e pesando de 50 a 65 quilos. É encontrada

sempre habitando as margens dos rios, brejos e lagoas, preferindo proximidade de matas e

cerrados (SANTOS, 1956).

Figura 6: Ilustração de Capivara (Hidrochoerus hidrochoeris).

Fonte: PORTAL SÃO FRANCISCO, 2009. Capturado na internet: http://www.portalsaofrancisco.com.br.

Como não possui glândulas sudoríparas bem desenvolvidas e as presentes

encontram-se muito esparsas, necessita de água ou de abrigo sombrio para a regulação da

temperatura corporal, além da cópula, que geralmente também ocorre dentro d’água.

(ALHO, 1986). Como a maior exigência é de água, usada em banhos constantes, é preciso

que antes de começar a criação sejam construídos tanques ou aguadas.

A capivara é um herbívoro por excelência, que se alimenta de capins em geral,

embora aceite raízes, milho, mandioca, cana-de-açúcar, bananas verdes, talos de bananeira,

entre outros. Elas utilizam melhor a forragem e os concentrados de coelhos e ovinos, pois

possuem grande capacidade digestiva. O estômago digere 10% dos alimentos, o intestino

delgado 3%, o ceco 74% e o intestino grosso 13% (ROCHA, 1997). Quando criadas

somente com capim-elefante (Pennisetum purpureum) apresentam ganho de peso de 38 a

41 gramas por dia, enquanto animais alimentados com pasto mais ração concentrada,

apresentam ganho de peso de 89 a 127 gramas por dia (NEGRET, 1994).

As capivaras constituem interesse tradicional de caça no Brasil. Na Amazônia, onde

habitam as várzeas e os vales de rios e igarapés, são caçadas pelo homem ribeirinho

acostumado a comer basicamente peixe, quando sua carne representa uma preciosidade.

No Nordeste e nos vales de rios do Brasil central, as capivaras são raras, bem como no sul,

onde os gaúchos apreciam sua carne. No Pantanal são encontradas capivaras em boas

condições ecológicas em seus habitats naturais (DEUSTCH, 1988).

Atualmente existem criadouros em sistema intensivo, semi-intensivo e extensivo

(ROCHA, 1997). No sistema intensivo os animais são mantidos em áreas delimitadas por

cerca, onde grande parte da alimentação é fornecida no cocho. No sistema semi-intensivo

os animais são mantidos em áreas cercadas relativamente grandes e parte da alimentação é

fornecida através de pastagens e outra é fornecida no cocho, principalmente nas épocas de

escassez de pastagens. No sistema extensivo não há cercas em torno da área de criação, os

animais são condicionados na área de criação através de cevas alimentares. Fatores de

resistência do meio, tais como competição, predação e restrição alimentar são parcialmente

controlados. Dessa forma há um ótimo nível de produção de animais.

A quantidade de animais do criatório é relativa a diversos fatores de infra-estrutura,

manejo e alimentação. 1 hectare (10.000 metros quadrados) cercado, pode abrigar cerca de

3 reprodutores, 12 matrizes e uma prole para terminação (entre filhotes e animais jovens)

de cerca de 30 animais, ou seja, 45 animais ao todo (ROCHA, 1997).

Figura 7: Capivaras (Hidrochoerus hidrochoeris).

Fonte: CADA MINUTO, 2009. Capturado na internet: http://www.cadaminuto.com.br.

Quadro 1: Índices zootécnicos para capivaras em cativeiro.

Longevidade (anos) 8 – 12

Maturidade sexual (meses) 15 – 24

Peso do filhote ao nascer (kg) 2,2

Taxa de natalidade (%) 176,3

Rendimento de carcaça 80

Peso aos 12 meses (kg) 40

Fonte: NETO, 1997.

Esses índices propostos por Neto (1997) são de um criatório completamente

estabilizado, isso é, onde os animais já estão aclimatados e condicionados ao manejo e

principalmente onde os grupos familiares estão formados e estáveis. Em criadouros recém

instalados, os índices zootécnicos ainda não estão dentro dos níveis ótimos obtidos em

criadouros com pelo menos três anos. Isso é devido à delimitação do espaço por cercas e a

pressão entre as famílias, contudo, depois dos primeiros anos os animais mais

problemáticos são extraídos, as famílias se estabilizam e a produtividade aumenta.

8.2. Cateto (Tayassu tajacu) e Queixada (Tayassu pecari)

O cateto e o queixada são pertencentes à mesma família: os tayassuídeos. São muito

semelhantes, contudo, o cateto tem um porte menor, com cerca de 25 quilos, 40

centímetros de altura e 95 centímetros de comprimento, além de possuir um colar de pêlos

brancos em volta do pescoço. O queixada tem um porte maior, cerca de 35 quilos, 55

centímetros de altura e 1,10 metro de comprimento e ainda possuí uma vasta coleção de

pêlos brancos na mandíbula e no focinho (ROCHA, 1998).

O peso dos animais pode variar muito de acordo com o local em que o animal vive,

tendo influência a quantidade de alimento por ele obtido (MORAES, 1992).

Os tayassuídeos vivem em uma grande variedade de habitats, incluindo regiões de

clima árido e florestas tropicais úmidas (DEUTSCH, 1988). Ainda existem controvérsias

entre os autores sobre o hábito alimentar dos tayassuídeos, alguns os classificam como

onívoros, outros acham a classificação inadequada devido a pouca proporção de material

de origem animal encontrado em seu trato digestivo. Devido à sua ampla distribuição

geográfica, os tayassuídeos tem uma longa lista de alimentos consumidos. Uma análise dos

conteúdos estomacais de 17 catetos que viviam em floresta tropical úmida, no Peru,

mostrou que partes reprodutivas de plantas, fragmentos de sementes e frutos representaram

71% do conteúdo estomacal, enquanto as partes vegetativas, pedaços de folhas e colmos

constituíram 29%. Havia ainda, traços de alimentos de origem animal, especialmente

partes do corpo de insetos. Concluiu-se que o cateto é onívoro, mas que em floresta

tropical úmida ele é, predominantemente, frutívoro (MORAES, 1992).

Cada grupo utiliza uma área de mais ou menos oito quilômetros, sendo a parte

central de uso exclusivo do bando e a parte periférica compartilhada com outros grupos.

Possui uma glândula dorsal que é utilizada para marcação do território através da sua

esfregação em árvores e outros objetos e também para identificação dos membros do grupo

(NOGUEIRA FILHO, 1999).

Em criações intensivas ou semi-intensivas é indispensável a utilização de cercas.

Deve existir uma área coberta, que possa ser isolada formando um cambeamento, para um

manejo melhor dos animais. A densidade recomendada é de 1 animal por 10 metros

quadrados, mantendo a relação de 1 macho para 4 fêmeas. Atualmente, a criação de

tayassuídeos tem tendenciado para um sistema extensivo, onde os custos de implantação e

manutenção são mais reduzidos. Esse sistema exige grandes extensões de mata,

subprodutos acessíveis e pouca pressão de caça e predação natural (MORAES, 1992).

Figura 8: Cateto (Tayassu tajacu).

Fonte: ULBRA, 2009. Capturado na internet: http://www.ulbra.br.

Mesmo considerando o fato da carne de cateto e queixada alcançarem preço

maiores no mercado, quando comparada com carne de capivara e de jacaré, ainda sim a

atividade encontra concorrência com a carne de javali (ROCHA, 1998).

Ao nascer, o cateto pesa cerca de 500 a 600 gramas, podendo ganhar 300 gramas

por semana. No caso do criadouro, a idade de abate é de 1 ano, com peso médio de 22

quilos. Para alimentação, fornece-se ração suína, frutas, raízes e tubérculos (PRADA,

1996).

Figura 9: Queixada (Tayassu pecari).

Fonte: PORCO DO MATO, 2009. Capturado na internet: http://www.porcodomato.com.br.

Quadro 2: Índices zootécnicos para queixadas em cativeiro com 200 matrizes e 50 reprodutores. Longevidade (anos) 13

Número de animais destinados ao abate por

ano

100

Intervalo entre partos (meses) 7

Peso médio do animal terminado (kg) 25

Rendimento de carcaça 60

Número médio de filhotes nascidos vivos 1,5

Fonte: NETO, 1997.

8.3. Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa)

A Tartaruga-da-Amazônia é uma das maiores espécies de quelônios dulcícolas do

mundo. A fêmea pode alcançar o comprimento de 90 centímetros e um peso de 50 quilos.

O macho é menor, alcançando um comprimento de 50 centímetros. A espécie é

amplamente distribuída por toda a bacia amazônica, inclusive nas bacias dos rios Araguaia

e Tocantins (CENAQUA, 1994).

Em termos de criação de animais silvestres, a criação da tartaruga-da-amazônia tem

se mostrado como uma das mais promissoras, não só pelo aspecto econômico, mas também

pela relevância que esses animais assumem na cultura amazônica, como pode ser

demonstrado por Wetterberg (1976), que através de uma pesquisa realizada nos

restaurantes de Manaus sobre a fauna amazônica preferida como alimento, afirma que a

tartaruga foi considerada a espécie mais procurada.

A caça predatória da tartaruga é mais que uma maneira de obter a carne, é um modo

de vida e faz parte da cultura local (ALHO, 1985). Para reduzir a apanha ilegal é

necessário conhecimento sobre a ecologia das espécies, a fim de se estabelecer estratégias

de conservação e manejo. Para a proteção da tartaruga-da-amazônia, o IBAMA passou a

coordenar o Projeto Quelônios da Amazônia – PQA – que foi criado em 1979. A partir de

1990 houve a necessidade de uma melhor estruturação dos projetos de conservação e

manejo da fauna silvestre no Brasil, então alguns desses projetos foram substituídos pelos

Centros Técnicos Especializados, entre eles o Centro Nacional dos Quelônios da Amazônia

– CENAQUA.

Hoje já existem 109 criatórios comerciais registrados no IBAMA em todos os

estados da região Norte. O estado com maior número de criatórios é o Amazonas com 52

estabelecimentos e o maior está no Pará, que conta com 60 mil animais e nos próximos três

anos pretende implantar mais 40 mil. O IBAMA reserva 10% dos quelônios que nascem

naturalmente para os criadores que apresentam projetos e eles ficam também obrigados a

manter, no mínimo, 10% de seu plantel para reprodução.

Os animais chegam ao criatório com 20 gramas de peso e o abate é autorizado

quando a tartaruga atinge o tamanho de 30 centímetros de casco, o que sinaliza que o peso

está entre 1,5 e 3,5 quilos (GASPAR, 2001).

O CENAQUA tem sistematizado a criação em três fases: inicial ou berçário,

crescimento e reprodução. A fase de berçário inicia-se após o recebimento dos animais e

pode se estender de seis meses a um ano, em função do desenvolvimento dos filhotes. A

fase de crescimento é uma etapa mais extensiva, utilizando-se corpos d’água já existentes

na propriedade, como represas, braços de lagos represados, tanques etc. Compreende o

período que vai da transferência do berçário para um recinto maior até a comercialização

dos lotes. Para essa fase recomenda-se uma densidade populacional de 4.500 animais por

hectare de superfície de água, ou seja, aproximadamente 1 animal a cada 2 metros

quadrados.

Figura 10: Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa).

Fonte: JOURNAL OF ETHNOBIOLOGY AND ETHNOMEDICINE, 2009. Capturado na internet: http://www.ethnobiomed.com.

Para a fase de reprodução, o criador deverá reservar um lote de, no mínimo, 10% de

plantel dentro de uma proporção de 1 macho para 3 fêmeas. Há necessidade de construção

de “praias” na margem do recinto, que deverá ser feita mediante uma escavação de

aproximadamente ½ metro abaixo do nível d’água, com posterior adição de areia até

atingir uma altura de 1,5 metro do nível da água.

Objetivando criar os mecanismos específicos que venham possibilitar a colocação

desse produto no mercado, o CENAQUA tem buscado parcerias com empresas privadas e

universidades para o desenvolvimento de tecnologias de abate e controle sanitário, além da

identificação dos melhores mercados.

8.4. Ema (Rhea americana)

A ema é a maior ave do continente Americano. Chega a 1 metro e 30 centímetros

de altura e pode pesar de 26 a 36 quilos (GIANNONI, 1996).

Segundo Giannoni (1996), a carne é um pouco mais fibrosa que a de outras aves,

como a galinha, mas tem bom sabor. Os ovos são riquíssimos em proteína e bastante

grandes, podendo pesar de 400 a 700 gramas, cerca de 15 vezes maior que o da galinha. A

pele, depois de curtida, dá excepcional matéria-prima para bolsas, sapatos, cintos e

casacos. É tão resistente quanto os couros tradicionais, mas por ter granulação fina é mais

suave e macia. As penas servem para espanadores e outros artefatos, inclusive adornos de

roupas femininas e fantasias. Cada ema tem 110 a 120 penas por asa e as maiores chegam a

60 centímetros.

Figura 11: Ema (Rhea americana).

Fonte: BRASIL ESCOLA, 2009. Capturado na internet: http://www.brasilescola.com.

A ema é onívora, isso é, come de tudo: de vegetais a animais pequenos como preás,

lagartos, ratos e insetos. Tem preferência por gramíneas e leguminosas rasteiras e com os

cactos ela mata, ao mesmo tempo, a fome e a sede. Quando criada em cativeiro, pode ser

alimentada com ração de perus, forragens verdes e leguminosas. No primeiro ano de vida

exige alimentos ricos em cálcio e fósforo para fortalecer os ossos. Por ter crescimento

muito rápido e alcançar bom peso, suas pernas tendem a entortar. Não convém deixar nas

proximidades objetos metálicos coloridos ou brilhantes, porque a ema engole tudo que lhe

chame muito a atenção, já que quase não tem paladar (OLIVEIRA, 2008).

8.5. Paca (Agouti paca)

A paca é o segundo maior roedor encontrado no país, perdendo apenas para a

capivara. Seu comprimento varia de 32 a 60 centímetros, da cabeça à base da cauda e pesa

em média 10 quilos (MARTHA, 1996).

Em cativeiro a paca convive bem com outros animais. Num grupo de pacas

estudados por Piccinini (1971), composto por 3 fêmeas e 3 machos em cativeiro, foram

observados:

- há demarcação territorial, feita com urina, principalmente ao redor dos comedouros;

- a eliminação das fezes ocorre num único local e bem afastado do bebedouro e do

comedouro;

- a paca deve ser alimentada ao entardecer. Ao manejar o animal, o tratador deverá usar

bota de cano longo (prevenindo-se contra mordidas), luvas e redes próprias. O animal

deverá ser apanhado em horários de poucas atividades, evitando-se o estresse.

Os recintos devem ser situados em locais com sombra e plano. Para um grupo de 3

pacas (1 macho e 2 fêmeas), a área deve medir 20 metros quadrados e deve ser cercada

com tela tipo alambrado medindo 1,5 metros de altura, com baldrame de 60 centímetros de

profundidade para evitar as fugas. Deverá haver um abrigo para cada animal, sendo os

mesmos de troncos ocos, tubos de concreto ou tocas de alvenaria.

Figura 12: Paca (Agouti paca).

Fonte: ANIMALS OF GUYANA, 2006. Capturado na internet: http://www.guyana.org.

Os comedouros deverão estar em locais devidamente protegidos por coberturas de

sapé, folha de coqueiro, cimento, amianto etc. Para a correta alimentação das pacas, deve-

se considerar os seguintes fatores:

- hábito do animal: noturno e crepuscular;

- ração semelhante à da cutia, fornecida apenas à tarde, em quantidade quatro vezes maior;

- apresentação do alimento: em pedaços, com casca, cru;

- higiene do comedouro, com a remoção dos restos alimentares, evitando-se processos

fermentativos;

- os comedouros, de cantos arredondados e superfícies lisas, devem estar instalados em

locais iluminados, ventilados e secos.

Antes de colocar água para os animais, que deve estar sempre limpa, potável e

fresca, observe com atenção seus hábitos, pois há espécies que costumam banhar-se

regularmente, necessitando de bebedouros em forma de tanque. Os bebedouros deverão ter

dimensões adequadas de acordo com as espécies, o número de animais no recinto e o

respectivo consumo. É recomendável que os bebedouros tenham cantos arredondados,

superfície lisa e bordas rampadas, com inclinação média de 60º graus, da borda para o

centro, facilitando a entrada e a saída dos animais, bem como a proteção aos filhotes.

(MARTHA, 1996)

Quadro 3: Dados produtivos da paca.

Peso vivo (kg) 12

Idade ao abate (meses) 6 – 8

Rendimento de carcaça (%) 65

Gestação (dias) 116 – 135

Lactação (dias) 30 – 90

Fonte: MARTHA, 1996.

8.6. Cutia

A cutia é encontrada em quase todo país, com exceção do extremo sul. Há várias

espécies no Brasil: a vermelha (Dasyprocta agouti); a parda (Dasyprocta azarae); e a preta

(Dasyprocta fuliginosa) (LANGER, 1978).

A criação pode ser feita ao ar livre, em um terreno de chão batido. Deve-se

construir uma mureta de 30 a 40 centímetros de altura, com igual profundidade para

impedir que as cutias cavem buracos e fujam. Sobre o muro instala-se um cercado de tela

de arame de 1,5 metro de altura. A área do cercado deve ser de 15 metros quadrados, onde

podem ser mantidos 1 macho e 3 fêmeas. Os bebedouros e comedouros ficam no chão e

podem ser feitos de alvenaria (GIANNONI, 2001).

Figura 13: Cutia (Dasyprocta fuliginosa).

Fonte: JOÃO NUNES, 2009. Capturado na internet: http://www.joaonunes.com.

As cutias alimentam-se geralmente de coquinhos, castanha-do-pará, verduras e

legumes. Também gostam de milho, cana-de-açúcar e mandioca. Devem ser alimentadas

diariamente, de preferência ao entardecer (LANGER, 1978).

A fêmea gera de dois a três filhotes por gestação e o parto se dá em um ninho

cavado no chão. As cutias prenhes podem ser mantidas no mesmo cercado com outros

animais do grupo, mas filhotes devem ser separados assim que não precisarem mais da

mãe para se alimentar (ROCHA, 2001).

8.7. Jacaré

Jacaré é o nome comum dos répteis sul-americanos pertencentes ao gênero Caiman.

O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) vive na Argentina, Uruguai, Brasil e

Paraguai, enquanto o jacaré negro ou de focinho estreito (Caiman crocodilus), chega até o

México. O Jacaré-de-papo-amarelo se adapta bem ao cativeiro e ao semi-cativeiro desde

que sejam atendidas suas exigências básicas como temperatura, umidade, higiene e

nutrição (DEUTSCH, 1988).

Na criação em cativeiro, os jacarés comem subprodutos de indústrias ou descartes

de criadouros de aves, suínos, bovinos, coelhos, peixes, etc. A carne é moída e enriquecida

com um pré-mix de vitaminas e sais minerais numa proporção de 3% do peso corporal

estimado ou pesado. No caso dos filhotes, o pré-mix entra na proporção de 35% do peso

corporal estimado. A freqüência de alimentação depende da idade, por exemplo, os filhotes

irão comer durante toda a semana e os adultos comerão de uma a duas vezes por semana,

num total de 7% do peso corporal por semana (NETO, 1997).

Figura 14: Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris).

Fonte: BIBVIRT, 2009. Capturado na internet: http://www.bibvirt.futuro.usp.br.

Criar comercialmente jacarés pode trazer boa rentabilidade para o proprietário

rural. Além disso, essa é uma alternativa de preservar essas espécies da extinção. A carne é

bastante procurada pelos apreciadores e proprietários de restaurantes especializados, isso

sem falar no valor comercial do couro desses animais (WETTERBERG, 1976).

9. CONCLUSÃO

Talvez o caminho que dê mais segurança para o país, seja aquele que o leve a

alcançar o desenvolvimento industrial compatível com a qualidade ambiental. Isso passa

por uma radical mudança dos sistemas de produção tradicionais, trazendo para dentro da

empresa a responsabilidade ambiental, reprojetando seus sistemas industriais para alcançar

qualidade ambiental e eficiência econômica.

As empresas e propriedades rurais ao assumirem a postura de uma organização

responsável socialmente, acabam ganhando melhor imagem institucional, pode-se afirmar

então, que o primeiro grande ganho de se investir na comercialização de animais silvestres

e nas questões ambientais é a melhora da imagem institucional, para isso é preciso mostrar

que o meio ambiente é conhecido pela empresa (seja uma propriedade rural, empresa

urbana ou criatório), que os problemas são reconhecidos e existe esforço para solucioná-

los. Uma empresa ou propriedade rural (criatório) que é vista como “socialmente

responsável”, possui uma vantagem estratégica em relação àquelas que não tem essa

imagem perante o público.

O sucesso da pecuária silvestre depende cada vez mais do conhecimento e da

aplicação de princípios estratégicos de conservação e tecnologia. Atualmente ainda é

pequeno o mercado oficial ou o comércio de produtos provenientes da fauna silvestre,

existindo apenas uma oferta temporária e legal de qualquer produto que uma determinada

espécie venha produzir.

Como conclusão, é correto afirmar que essa atividade só tende crescer nos

próximos anos, assim como o seu mercado. O interesse de produtores, cada vez mais

atraídos por um comércio lucrativo e ecologicamente correto, faz com que as criações de

animais silvestres sejam vantajosas em relação aos sistemas tradicionais, além do interesse

dos consumidores por carnes mais saudáveis. Nesse caminho, ainda existem muitas

respostas e perguntas a serem questionadas, mas acredito que esse trabalho possa

contribuir para formar parte dessas respostas e reforçar o surgimento de novos

questionamentos.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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