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CRESESB - Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito ANO VIII Nº 8 Julho - 2003 Energia Solar Fotovoltaica 16kWp conectados à rede no CEPEL Informe CRESESB EMPRESA DO SISTEMA ELETROBRÁS CEPEL Informe Projetos arquitetônicos desenvolvidos por alunos da Escola de Arquitetura da UFF serão utilizados como "ponto de partida" para construção do Centro de Informações do CRESESB. Trata-se de uma construção feita especialmente com conceitos de arquitetura bioclimática e com fonte de energia fotovoltaica integrada à rede. Páginas 10 e 11 Segundo o Ministério de Minas e Energia, "o PROINFA representa uma iniciativa relevante na definição de uma política estrutural para as energias alternativas renováveis e a sua implementação será um marco definitivo para a ampliação dessas fontes na matriz energética brasileira". Páginas 4 e 5 Foto: Sebastião Pinheiro - CEPEL Em dezembro de 2002, com a presença de várias autoridades, foi inaugurado no CEPEL um sistema fotovoltaico conectado à rede, instalado no prédio do Centro de Aplicação de Tecnologias Eficientes (CATE). Página 3

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Page 1: CRESESB · 2009. 4. 16. · para uma futura sede de um Centro de Informações do CRESESB. Os projetos apresentam diversas solu-ções para a integração estética de mó-dulos fotovoltaicos

CRESESB - Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito ANO VIII Nº 8 Julho - 2003

Energia Solar Fotovoltaica16kWp conectados à rede no CEPEL

InformeCRESESBEMPRESA DO SISTEMA ELETROBRÁS

CEPEL

Informe

Projetos arquitetônicos desenvolvidos por alunos da Escola de Arquitetura da UFF serão utilizados como "ponto departida" para construção do Centro de Informações do CRESESB. Trata-se de uma construção feita especialmentecom conceitos de arquitetura bioclimática e com fonte de energia fotovoltaica integrada à rede. Páginas 10 e 11

Segundo o Ministério de Minas e Energia, "o PROINFA representa uma iniciativa relevante na definição de umapolítica estrutural para as energias alternativas renováveis e a sua implementação será um marco definitivo para aampliação dessas fontes na matriz energética brasileira". Páginas 4 e 5

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Em dezembro de 2002, com a presença de várias autoridades, foi inaugurado no CEPEL um sistema fotovoltaicoconectado à rede, instalado no prédio do Centro de Aplicação de Tecnologias Eficientes (CATE). Página 3

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2 C R E S E S B I N F O R M E

CEPELCEPELCentro de Pesquisasde Energia Elétrica

Leslie Afrânio TerryDiretor Geral - CEPEL

Caspar Erich StemmerCoord. do Fórum Permanente

para Energia Renovável

Hamilton Moss de SouzaCoordenador do CRESESB

Ricardo Marques DutraPatrícia de Castro da Silva

Engenheiros AssistentesEditoração Eletrônica

Evanize MesquitaRevisão

Membros do Conselhodo CRESESB

Marcelo Poppe - DNDE/MMEJosé Carlos Costa - MCT

Ricardo Perrone - ELETROBRÁSJorge Henrique G. Lima - CEPEL

Antônia Sônia Diniz - CEMIGRoberto Gentil Porto Filho - COELCE

José Carlos Aziz Ary - BNBMargaret Müller - FINEP

Everaldo A. Feitosa - UFPEAdnei M. de Andrade - USPRuberval Baldini - ABEERIsmael Ferreira - APAEB

Energias Renovadas

Os artigos assinados são deresponsabilidade dos autores.

C hegamos ao Informe CRESESBnúmero 8 com o desafio de

sempre: selecionar entre as diversasiniciativas para o desenvolvimento dasenergias solar e eólica no Brasil aque-las que serão publicadas. Nos últimoseditoriais temos ressaltado esta difi-culdade, mas também registramosque isto indica o dinamismo das pes-soas que, em diferentes níveis e se-tores, trabalham para que, cada vezmais, estas energias renováveis am-pliem sua participação na matriz ener-gética nacional.

Mais uma vez procuramos cobriruma grande gama de assuntos: desdeo PROINFA, um Programa de impa-cto com condições para acelerar forte-mente o uso de fontes alternativas noBrasil, até iniciativas mais localizadas,mas que vão se somando para com-por o quadro do aproveitamento daspotencialidades de nosso país. Desta-camos também a inauguração, noCEPEL, do sistema fotovoltaico de16kWp conectado à rede, nossa ma-téria de capa desta edição. Com estesistema uma nova escala em siste-mas interconectados à rede é atingidano país, vindo a somar-se aos sis-temas já existentes no LABSOLAR,da Universidade Federal de SantaCatarina, e ao da USP. Parceria coma Escola de Arquitetura da UFF (Uni-versidade Federal Fluminense), tam-

bém relatada neste Informe, mostroua criatividade de uma nova geração deArquitetos na elaboração de projetospara uma futura sede de um Centrode Informações do CRESESB. Osprojetos apresentam diversas solu-ções para a integração estética de mó-dulos fotovoltaicos aos prédios, umaspecto também importante, e muitasvezes esquecido, para a difusão daenergia fotovoltaica. O CRESESBaguarda recursos para tirar estes pro-jetos do papel.

No quadro de mudanças que sãoesperadas para o setor de energia,temos também a expectativa positivapara a área de energias alternativas.Esta visão positiva sustenta-se nãoapenas num incorrigível otimismo,mas também em fatos, como decla-rações e ações favoráveis de auto-ridades governamentais, movimentosde empreendedores privados, nacio-nais e estrangeiros, pressão da socie-dade, cada vez mais favorável e apre-sentando demandas para o incentivoàs energias renováveis.

Não poderia deixar de ser comen-tado neste editorial o papel das ener-gias renováveis em projetos relacio-nados ao Programa Fome Zero, prio-ridade número um do Governo Fede-ral. Nas comunidades alvo do Progra-ma, certamente as energias renová-veis podem dar sua contribuição para

a melhoria das condições de vida dapopulação. Em muitas destas comu-nidades, as energias solar e eólica,por exemplo, podem ser as únicasopções viáveis para o suprimento deenergia. Experiências bem sucedidasjá realizadas no país, muitas delas re-latadas em diferentes edições de nos-so Informe, constituem um valiosoacervo a ser aproveitado pelos res-ponsáveis por este prioritário Progra-ma do Governo Federal.

É com energias renovadas pelosnovos tempos que entregamos maiseste Informe CRESESB. Com seustrês mil exemplares, distribuição na-cional e dirigida a um público atuanteou interessado na área das energiasrenováveis, temos a convicção de quecontribuímos para divulgar e estimu-lar o uso das energias solar e eólicano Brasil. Aproveitamos para convidaros que ainda não estiveram nesteespaço de divulgação a enviar tam-bém suas contribuições. O Informe nú-mero 9 já começa a ser preparado.Queremos que nossos mais de trêsmil leitores possam também conhecero seu trabalho.

Uma boa leitura!

Hamilton MossRicardo Marques DutraPatrícia de Castro da Silva

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§ 3C R E S E S B I N F O R M E

Maior sistema fotovoltaico do Paísconectado à rede é instalado no CEPEL

Marco Antônio GaldinoCEPEL

[email protected]

Em dezembro de 2002, com apresença de várias autoridades,

foi inaugurado no CEPEL um sistemafotovoltaico conectado à rede, insta-lado no prédio do Centro de Aplicaçãode Tecnologias Eficientes (CATE).Este sistema, construído com recur-sos do CRESESB, suprirá uma par-cela do consumo de energia elétricado edifício.

O potencial solar brasileiro foi des-tacado durante a inauguração peloCoordenador da ACEL (Área de Conhe-cimento de Eletrônica) do CEPEL,Jorge Henrique Greco Lima, que disseser o Brasil “um mar de sol”. Na suaapresentação, ele mostrou diversossistemas deste tipo, existentes naAlemanha, Japão e outros países,instalados em condomínios residen-ciais, indústrias, centros de conven-ções, escolas, etc, além de usinasfotovoltaicas.

Segundo Lima, a instalação destetelhado fotovoltaico representa umaeconomia no consumo de energiaelétrica do CEPEL, que tem, justa-mente no prédio do CATE, um modelode edificação energeticamente efi-ciente.

O sistema, adquirido por licitação, sendo ganhadora a empresa BPSolar do Brasil, com instalaçãoefetuada pela empresa BR Solar doBrasil em conjunto com o CEPEL, éconstituído por 204 módulos fotovol-taicos BP580F (80Wp), com 17módulos em série e 12 em paralelo,perfazendo uma potência instalada de16,32kWp. Estes módulos de silíciomonocristalino são considerados osmais modernos módulos comercial-mente disponíveis na atualidade e têmeficiência nominal na faixa de 16 a17%.

A injeção da energia gerada é feitapor 6 inversores SMA Sunny Boy SWR2500U (2500W), conectados em Δ(delta) na rede trifásica de 220Vac doprédio. Um sistema digital de moni-toração/aquisição de dados possibilitao acompanhamento em tempo real dofuncionamento e desempenho dosistema fotovoltaico.

Os dados coletados permitirão cons-

tituir um acervo tecnológico importantepara a multiplicação do uso deste tipode sistema no Brasil. Este empreen-dimento junta-se aos demais projetosjá implementados no Brasil de utili-zação de sistemas fotovoltaicos co-nectados à rede tais como os que fo-ram instalados pelo LABSOLAR daUniv. Federal de Santa Catarina e peloInstituto de Energia Elétrica da USP.

Detalhe da instalação dos módulos fotovoltaicos e vista geraldo quadro de inversores e medidores.

As estimativas efetuadas a prioriindicaram que o sistema será capazde produzir cerca de 19MWh por ano.

Até fins de junho, o sistema, aindaem operação experimental, gerou umtotal de energia de aproximadamente8,0MWh.

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4 C R E S E S B I N F O R M E

"AO Programa de Incentivo às Font

Em 21 de dezembro de 2001, foiexpedida a Medida Provisória no 14,que dentre outras providências, criou,no âmbito do Ministério de Minas eEnergia – MME, o Programa deIncentivo às Fontes Alternativas deEnergia Elétrica – PROINFA. EssePrograma, de ação conjuntural, tinha,inicialmente, o objetivo de agregar,no curto prazo, ao Sistema InterligadoNacional – SIN o montante de, nomáximo, 3.300 MW de potência ins-talada.

Vislumbrando uma oportunidadede agilizar a criação de um mercadomandatório para as Fontes Alter-nativas Renováveis de Energia, emmarço de 2002, o Poder Executivotrabalhou junto com o Poder Legis-lativo a aprovação da MP no 14, con-siderando a incorporação de novoscomandos, diretrizes legais e algunsdispositivos previstos no Projeto deLei no 2905/2000.

A referida MP foi aprovada peloCongresso Nacional na forma deProjeto de Lei de Conversão e trans-formada em Lei no 10.438, de 26 deabril de 2002.

Essa Lei representa um marco noarcabouço regulatório do setor elé-trico, não por ter contratado capa-cidade de geração emergencial, ga-rantido a reposição das concessio-nárias e ampliado a classe de consu-midores de baixa renda – temas tãocontroversos – mas, por ter instituídoo PROINFA, cujo objetivo é aumentara participação da energia elétricaproduzida por empreendimentos deProdutores Independentes Autôno-mos, concebidos com base em fonteseólica, pequena central hidrelétrica –PCH e biomassa no SIN.

O PROINFA representa uma ini-ciativa relevante na definição de uma

política estrutural para as energiasalternativas renováveis e a sua imple-mentação será um marco definitivopara a ampliação dessas fontes namatriz energética brasileira.

Esse Programa está em confor-midade com os objetivos da PolíticaEnergética Nacional, dentre os quaisdestacam-se a diversificação da ma-triz energética brasileira e a buscapor soluções de cunho regional, coma utilização de fontes renováveis deenergia, mediante o aproveitamentoeconômico dos insumos disponíveise das tecnologias aplicáveis.

Na primeira etapa, os contratosserão celebrados pelas Centrais Elé-tricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás,até 26 de abril de 2004, para aimplantação de 3.300MW de capa-cidade, em instalações de produçãocom início de funcionamento previstoaté 30 de dezembro de 2006, asse-gurando a compra da energia a serproduzida no prazo de 15 (quinze)anos, a partir da data de entrada emoperação definida no contrato.

A aquisição será feita pelo valoreconômico correspondente à tecno-logia específica de cada fonte e essevalor, acrescido dos custos adminis-trativos da Eletrobrás, será rateadoentre todas as classes dos consumi-dores finais atendidas pelo SIN.

Na segunda etapa do PROINFA, apartir de 2007, o desenvolvimento doPrograma será realizado de forma aque as fontes eólica, PCH e biomas-sa atendam 10% (dez por cento) doconsumo anual de energia elétrica noPaís, objetivo a ser alcançado em até20 (vinte) anos, estando aí incorpo-rados o prazo e os resultados da pri-meira etapa.

Os contratos também serão cele-brados pela Eletrobrás, com prazo de

duração de 15 (quinze) anos e preçoequivalente ao valor econômico cor-respondente à geração de energiacompetitiva.

Nesta etapa, o produtor fará jus aum crédito complementar, oriundo daConta de Desenvolvimento Energé-tico – CDE, calculado pela diferençaentre o valor econômico correspon-dente à tecnologia específica de cadafonte e o valor correspondente à gera-ção de energia competitiva.

O PROINFA foi regulamentadopelo Decreto no 4.451, publicado em24 de dezembro de 2002. A suaimplementação necessita de açõesque estão sendo desenvolvidas peloMME, destacando-se o cálculo do va-lor econômico das fontes eólica, bio-massa e PCH e a adequação do refe-rido Decreto às novas diretrizes e ori-entações, que serão emanadas a partirda definição da nova política ener-gética nacional.

Simulações realizadas pela Coor-denação-Geral de Energias Reno-váveis do MME apontam que a metalegal de 10% poderá ser alcançadaem 2014, com aproximadamente14.000MW instalados a partir dasreferidas fontes, perfazendo um totalde 67TWh de geração anual deenergia.

Cabe ressaltar que grande partedessa energia será inserida a partirde 2007, ano que as usinas emer-genciais já não estarão operando eque, certamente, medidas de estímu-lo tecnológico repercutirão favoravel-mente nos valores econômicos des-sas fontes.

Além da diversificação da matrizenergética e a conseqüente reduçãoda dependência hidrológica, a imple-mentação do PROINFA permitirá aracionalização de oferta energética,

energia é essencial para que se atinjam os objetivos econômicos, sociais e ambientais inter-relacionados ao desenvolvimento sustentável. Mas, para alcançar essa importante meta, os tiposde energia que produzimos e as formas como as utilizamos terão que mudar. Do contrário, danosao meio ambiente ocorrerão mais rapidamente, a desigualdade aumentará e o crescimento econô-mico global será prejudicado." (UNDP World Energy Assessment: Energy and the Challenge ofSustainability)

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§ 5C R E S E S B I N F O R M E

Laura Cristina da Fonseca PortoCarlos Henrique Brasil de Carvalho

Marcelo Khaled PoppeMaurício Tiomno Tolmasquim

Ministério de Minas e Energiawww.mme.gov.br

por meio da identificada complemen-taridade sazonal existente entre osregimes eólico/hidrológico e bio-massa/hidrológico, no Nordeste e noSudeste, respectivamente.

A segunda etapa do Programa,em especial, assegurará ao investidora ampliação de sua atuação no mer-cado brasileiro, possibilitando ga-nhos de escala que tornarão essasfontes mais competitivas. Ademais,serão induzidos efeitos benéficossobre as bases tecnológica e industrialdo Brasil, bem como sobre o em-

prego. Vale lembrar que, princi-palmente, a indústria eólica utilizamão de obra intensiva.

Os projetos que forem aprovadosno PROINFA representarão, ainda,uma possibilidade de elegibilidadepela Comissão Interministerial deMudança Global do Clima, criada peloDecreto Presidencial de 07 de julhode 1999, permitindo, dessa forma, oacesso aos benefícios do Mecanismode Desenvolvimento Limpo (MDL) .

Por fim, o atual debate mundialacerca das expectativas de depen-

dência e da volatilidade do preço dopetróleo e seus derivados, em funçãoda guerra no Iraque, intensifica, nomundo, a procura por novas soluçõespara geração de energia, oriunda defontes limpas e renováveis.

E o PROINFA está aderente àessa nova tendência!

O PROINFA prevê na sua primeira fase a contratação de 3.300MW em projetos eólicos,biomassa e pequenas centrais hidrelétricas até abril de 2004.

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6 C R E S E S B I N F O R M E

Atlas do Potencial Eólico Brasileiro

O monitoramento do potencial dos ventos no Brasil sempre foi uma questão dedifícil solução por sua grande extensão territorial, da ordem de 8,5x106km2.A

quantidade de estações meteorológicas disponíveis é insuficiente para cobrir todoo território brasileiro e, além disso, seus dados, para fins de avaliação do potencialeólico, foram perdendo representatividade ao longo do tempo devido ao crescimentodemográfico e às alterações na vegetação que encontra-se na proximidade dasestações de medição. Por esses motivos, tornou-se imprescindível utilizar umaferramenta capaz de calcular o potencial dos ventos sobre todo território brasileiroa partir de outras grandezas, cujas medições tivessem uma boa confiabilidade epouca sensibilidade aos efeitos citados.

O Atlas do potencial eólico brasileiro tornou-se possível pelo desenvolvimento,nos últimos três anos, de um abrangente sistema de software de modelamentodos ventos de superfície chamado MesoMap. Este sistema simula a dinâmicaatmosférica dos regimes de vento e variáveis meteorológicas correlatas, a partir deamostragens representativas de dados validados de pressão atmosférica. O sistemainclui condicionantes geográficas como relevo, rugosidade induzida por classesde vegetação e uso do solo, interações térmicas entre a superfície terrestre e aatmosfera, incluindo os efeitos do vapor d’água. O modelo empregou uma base dedados de pressão de topo de camada limite do período 1983 a 1999. Essassimulações foram aferidas através de referências existentes, tais como grades dedados meteorológicos resultantes de reanálises, radio-sondagens, velocidades devento e temperaturas medidos sobre o oceano, além de medições de vento desuperfície já realizadas regionalmente no Brasil. O resultado dessas simulaçõessão apresentados em mapas temáticos por código e cores, representando osregimes de vento e fluxo de potência eólica em uma altura de 50 metros, com umaresolução horizontal de 1kmx1km nas macroregiões identificadas como maispromissoras e 2kmx2km para o restante do país.

Espera-se que este Atlas facilite a expansão do uso da energia eólica no Brasil.

Um dos mapas apreseO Atlas do Potencial Eólico Brasileiro encontra-se disponível ao público.

O "Atlas do Potencial Eólico Brasileiro" encontra-se disponível ao públicoe para adquirí-lo o interessado deverá entrar em contato com a equipe doCRESESB através dos telefones (21) 2598-6174 ou (21) 2598-6187 ouatravés do endereço eletrônico [email protected].

Antônio Leite de Sá[email protected]

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§ 7C R E S E S B I N F O R M E

ndica áreas com elevado potencial

no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro ilustra a velocidade média do vento e o fluxo de potência eólica anuais.

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8 C R E S E S B I N F O R M E

Ricardo Marques DutraCRESESB

[email protected]

Uma nova concepção de luminárias paralâmpadas fluorescentes compactas

Em visita recente ao Centro deAplicação de Tecnologias Efi-

cientes – CATE e ao CRESESB, adesigner Patrícia Gurgel Segrillo par-ticipou de debates sobre a utilizaçãode luminárias específicas para lâmpa-das fluorescentes compactas (LFC) eo impacto da aceitação junto a popu-lação. O debate procurou mostrar asprincipais barreiras ao uso de lâmpa-das fluorescentes compactas, suautilização antes e depois do períododa crise energética e a opinião dosdiversos visitantes da Casa SolarEficiente que também recebem orien-tação sobre eficiência energética du-rante a visita.

Patrícia Segrillo, mestranda emdesign pela Central Saint MartinsSchool of Art and Design, desenvolvesua tese em novas concepções deluminárias específicas para lâmpa-das fluorescentes compactas procu-rando traçar paralelos da utilização

destas lâmpadas emdiversos países, inclu-sive no Brasil. Compa-rando as medidas insti-tucionais tomadas pordiversos países com oobjetivo de difusão nouso de LFCs junto aosetor residencial, Patrí-cia mostra as dificulda-des encontradas nosdiversos programas im-plementados. Mesmocom uma série de ca-racterísticas técnicas eeconômicas que justifi-cam o uso de LFCs, agrande barreira apon-tada durante o debatefoi, sem dúvida, os há-bitos presentes no se-tor residencial. A criseno setor elétrico mos-trou-se um importante

preconcebidas, luminárias para uso deLFCs podem atingir um alto nível dequalidade sem comprometimento doequilíbrio entre eficiência energética eprazer estético.

Patrícia acredita que, através deum novo olhar, criativo e inovador,designers podem ajudar a construirassociações positivas contribuindopara uma melhor aceitação desse tipode lâmpada pelo setor residencial.

Em breve, o acervo de lumináriascriado pela designer Patrícia GurgelSegrillo deverá estar exposto ao públi-co na Casa Solar Eficiente.

Maiores informações poderão serobtidas diretamente com Patrícia Se-grillo através do endereço eletrônico:[email protected].

divisor de águas para autilização de LFCs noBrasil.

A necessidade deeconomia de energiaproporcionou a utili-zação em larga escaladesta tecnologia mes-mo com uma granderesistência devido aoseu formato e tempe-ratura de cor, bastantediferentes quando com-parados às tradicionaislâmpadas incandes-centes.

A proposta apresen-tada por Patrícia Se-grillo procura demons-trar que, se concebidascom um real entendi-mento de suas caracte-rísticas e livre de idéias

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Comunidades isoladas de Paratyutilizam energia solar

O s moradores das comunidadesPouso do Cajaíba, Praia de

Calhaus, Praia de Ipanema, Saco daSardinha e Ponta da Juatinga, loca-lidades isoladas em Paraty (RJ) nãoatendidas pela rede elétrica conven-cional, deixaram de depender daqueima de óleo diesel e querosenepara obterem um pouco de luz. Umaparceria entre o Governo Estadual ea El Paso Energy do Brasil permitiu

que 136 famílias tivessem acesso aum sistema fotovoltaico capaz dealimentar uma tomada de 40 Wattse três lâmpadas fluorescentes com-pactas de 11 Watts com autonomiapara fornecimento de energia de atétrês dias. O custo total para implan-tação deste projeto foi da ordemde R$1.165.000,00.

Para garantir a continuidade do pro-jeto e o seu bom uso, o programa in-

El Paso Rio Claro [email protected]

www.elpaso.com

clui treinamento das famílias bene-ficiadas sobre a utilização e manuten-ção dos equipamentos. Além disso,cada família que foi beneficiada como projeto assinou um termo de com-promisso que as impedem de comer-cializar os equipamentos instaladosem suas residências.

O projeto, além das instalaçõesresidenciais e postes de iluminaçãopública, também prevê a construçãode centrais de resfriamento com 20m2

nas três principais localidades, equi-padas com uma geladeira de 460 li-tros e um freezer de 550 litros, todosde baixo consumo e acionados porum sistema híbrido solar-eólica, alémde uma tomada para a utilização depequenos eletrodomésticos. Esta cen-tral de resfriamento possibilitará o ar-mazenamento do pescado (principalatividade econômica da região), pro-porcionando uma maior flexibilidadeaos pescadores na hora de negociara venda de seus produtos.

Um dos benefícios da implantaçãodo projeto nas comunidades isoladasde Paraty está na economia familiar.

Estimativas da Prefeitura de Pa-raty indicam que os moradores da co-munidade poderão economizar entreR$50,00 e R$70,00 mensais, (o queequivale a aproximadamente 30% darenda familiar) do gasto com quero-sene, óleo diesel e velas.

O plano de energia alternativa pa-ra Paraty compõe o plano de Eficiên-cia Energética do Governo do Estado,firmado com a El Paso que pretendeinvestir inicialmente R$13,5 milhõesem projetos de eficiência energéticaem prédios, vias públicas e em mo-numentos de interesse turístico, bemcomo em geração de energia comfontes alternativas. Além disso, du-rante os próximos dez anos, 0,1% dofaturamento anual da termoelétricaMacaé Merchant, como contraparti-da, também será destinado ao desen-volvimento de outros projetos da mes-ma natureza.

Sistema fotovoltaico instalado em uma residência.

Vista geral da localidade do Pouso da Cajaíba em Paraty (RJ).

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10 C R E S E S B I N F O R M E

Louise Land B. LomardoEscola de Arquitetura da UFF

[email protected]

Hamilton Moss de SouzaCRESESB/CEPEL

[email protected]

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Sistemas FotovoltaicoProjetos Arquitetônicos para o

o Plano de Trabalho CRESESB/CEPEL do Biênio 2000-2001 foi

incluída a construção do Centro deInformações do Cresesb. Trata-se deuma construção feita especialmentecom conceitos de arquitetura biocli-mática e com fonte de energia foto-voltaica integrada à rede, onde pre-tende-se desenvolver cursos de espe-cialização em energias solar e eólica,sediar a biblioteca do Cresesb e umabiblioteca virtual, devidamente inte-gradas à biblioteca do CEPEL, alémde salas para a equipe do Cresesb.Uma sala de aula multimídia com re-cursos de educação à distância com-plementaria o Centro. O Cresesb viriaatender um público mais especiali-zado, complementando as atividadesdesenvolvidas na Casa Solar, com suacapacidade já bastante comprometidacom as visitas técnicas de curta du-ração. Além dos cursos, pretende-sereceber pesquisadores de todo país edo exterior, para estadias entre umaou duas semanas, para complemen-tar suas pesquisas com o acervo doCresesb. O Centro viria, portanto, aconstituir-se num ponto de encontroda comunidade de energias solar eeólica do Brasil, contribuindo para seufortalecimento.

O Centro teve em 2001 seu projetoarquitetônico básico concluído e en-contrava-se em fase de elaboração doprojeto executivo. Mudanças na situa-ção energética do país, com rede-finição de prioridades, motivou o adia-mento da construção do Centro. Esteadiamento possibilitou, entretanto, aelaboração de seis projetos alterna-tivos, em conjunto com a Escola deArquitetura da UFF e o CATE (Centrode Aplicação de Tecnologias Eficien-tes). Sob a coordenação da professo-ra Louise Land B. Lomardo, os alunosde arquitetura elaboraram projetosintegrando as necessidades técnicasda utilização de sistema fotovoltaicoe soluções de conforto ambiental.

Como ponto de partida, os projetosficaram restritos a uma área de cons-trução previamente estabelecida alémde limites orçamentários para a cons-

trução do projeto. O resultado dos tra-balhos superou todas as expectativas.Adotando conceitos próprios, os pro-jetos apresentaram linhas arquitetô-nicas diferenciadas com soluçõescriativas na integração do sistemafotovoltaico. As propostas apresenta-das mostram grande harmonia e bele-za na utilização de sistemas fotovol-taicos e na aplicação de conceitos deconforto ambiental em projetos deedificações.

O projeto arquitetônico do Centrode Informações do Cresesb terá como

base um dos trabalhos apresentados.Pretende-se que estes projetos sejamtornados públicos através de expo-sição permanente na Casa Solar bemcomo através de publicação de umlivro sobre Arquitetura Solar.

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§ 11C R E S E S B I N F O R M E

1 - Apresentações dos trabalhos dos alunos da UFF no auditóriodo CATE-CEPEL

2 - Detalhes e maquete do projeto das alunas Estefânia Melloe Lana Carmona

3 - Apresentação do projeto das alunas Mary Helen Ribeiro eFernanda Monteiro

4 - Apresentação do projeto da aluna Liah Aidukaitis5 - Detalhes e planta baixa do projeto dos alunos Renato Catta-

Preta e Marcos Carvalho6 - Maquete do projeto apresentado pelas alunas Lilian Peixoto

e Karla Guedes

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e Conforto Ambientalentro de Informação do Cresesb

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12 C R E S E S B I N F O R M E

Brasil – A primeira nação totalmentO atual sistema energético mundialé baseado em dois grupos de com-bustíveis: os fósseis – carbono, petróleoe gás – e os nucleares. Este sistemaestá exaurindo-se por três razõesprincipais:• Ninguém pode negar que as reser-

vas dos combustíveis fósseis sãofinitas;

• Não existe atualmente uma soluçãopara a destinação dos resíduosdas usinas nucleares e;

• Existem estudos que mostram quese queimarmos estas reservas norítmo atual, a ecoesfera da terrapode não suportar. Na realidade, olimite ecológico do nosso sistemaenergético atual, será atingido an-tes de exaurirmos as reservas fós-seis atuais.Um dos grandes erros da huma-

nidade, no século XX, foi não iniciar atransição do atual sistema energéticofóssil/nuclear mundial para um sis-tema energético baseado em energiasrenováveis. O grande desastre do sé-culo XXI será não fazer esta substi-tuição a tempo. As tecnologias paraesta transição já existem, como porexemplo: a geração de energia elé-trica a partir da força dos ventos, dopotencial hidráulico, da radiação so-lar, da força das marés, do movimentodas ondas e da biomassa; o uso daradiação solar para aquecimento diretode água; o uso da arquitetura solarpara aquecimento e refrigeração doambiente construído; o uso do hidro-gênio nas áreas de transporte e gera-ção de energia e; as novas tecnologiaspara armazenamento de energia.

Para atingir este objetivo, a tempode evitar um desastre ecológico paratoda a humanidade, é necessário maisque simplesmente substituir as fontese tecnologias energéticas atuais. Énecessário a introdução de um novoparadigma energético nas áreas daciência, da economia e da política. Épreciso, sobretudo, quebrar o mito deque as energias renováveis serãosempre energias complementares àsenergias fósseis e nucleares, como sea vida sem tais combustíveis fosseimpensável, o que não é verdade. Nãofaz diferença alguma para a preser-

vação da ecoesfera, a implantação de5% ou 10% de energias renováveis. Oque é de importância fundamental éque nós tenhamos sucesso em acio-nar os mecanismos que levarão à su-bstituição total do atual sistema fós-sil/nuclear por um novo sistema ener-gético baseado nas diversas formasde energias renováveis.

O Brasil é o país que detém asmelhores condições para liderar estatransição do sistema energético fós-sil/nuclear atual para um sistema ba-seado totalmente em energias re-nováveis. Esta mudança não signifi-cará um ônus econômico para o Bra-sil mas, ao contrário, é uma oportu-nidade única para o país desenvolver

uma forte indústria na área de ener-gias renováveis, não só para atenderao seu mercado interno, mas tam-bém para atender ao grande mercadomundial de tecnologias de aproveita-mento das energias renováveis crian-do, desta forma, milhares de empregosno país, muitos deles em regiões po-bres. Além disto, o Brasil estará con-tribuindo para melhorar sensivelmen-te as suas condições ambientais e so-ciais.

Vejamos agora por que esta trans-formação não é uma utopia mas, aocontrário, uma possibilidade real ebastante viável.

Em termos de energia elétrica,cerca de 90% da eletricidade do Bra-sil já é proveniente de grandes hidre-létricas, uma energia renovável. A ex-pansão do parque gerador para aten-der ao aumento de demanda pode serfeita utilizando-se energias renová-veis, cujas tecnologias ou já têm cus-tos compatíveis com os das fontes

convencionais ou, em no máximo umadécada, atingirão o patamar de custosdestas últimas.

Para suprir as necessidades deenergia elétrica do Brasil com 100%de energias renováveis, dispomos deuma combinação de várias tecnolo-gias, tais como:• As hidrelétricas de médio porte –

continuação da exploração do po-tencial hidrelétrico brasileiro, masagora, dentro de padrões ambien-tais rígidos;

• As pequenas centrais hidrelétricas– PCH’s, cujo preço da energia elé-trica produzida por elas, em váriassituações, já é menor do que aque-les de grandes centrais hidrelé-tricas e de termoelétricas;

• As centrais eólicas, cujo preço daenergia elétrica produzida já apro-xima-se daqueles de algumas dasnovas centrais hidrelétricas e determoelétricas e que, ao que tudoindica, com o aumento da implan-tação de centrais eólicas no mundoe com a criação de um grandemercado para centrais eólicas noBrasil, deverá apresentar uma re-dução significativa de custos nospróximos 10 anos. Deve-se des-tacar que um dos problemas dasrenováveis é a sua intermitênciaque, no caso da eólica no Brasil,pode ser resolvido através do ar-mazenamento de água nos reser-vatórios das hidrelétricas;

• As centrais termoelétricas abas-tecidas por biomassa, em especialpor bagaço de cana, que já têmpreços da energia elétrica produ-zida competitivos com aqueles denovas termoelétricas;

• O aquecimento solar direto de águaque, empregado em larga escala,substituirá o chuveiro elétrico emmilhões de lares, reduzindo signi-ficativamente as necessidades deenergia elétrica na hora de pontado sistema elétrico;

• A utilização da arquitetura solar quereduzirá significativamente as ne-cessidades de energia elétrica parailuminação interna, aquecimento erefrigeração do meio ambienteconstruído;

"O Brasil é o país quedetém as melhores

condições para liderar atransição do sistema

energético fóssil/nuclearatual para um sistema

baseado totalmente emenergias renováveis."

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§ 13C R E S E S B I N F O R M E

Geraldo M. TavaresLaboratório de Energia dos Ventos

Universidade Federal [email protected]

• O envolvimento de toda a sociedadeem um programa de eficiência ener-gética que, conforme demonstradodurante o racionamento de energiaelétrica do ano de 2001, é capazde reduzir de forma significativa asnecessidades de energia elétricado país.Quanto aos combustíveis líquidos,

o Brasil é o único país do mundo queteve sucesso na implantação de umprograma a nível nacional de subs-tituição da gasolina por álcool em suafrota automotiva. Ainda hoje, apesarde todas as pressões contra o álcool,25% do combustível utilizado pelosautomóveis é álcool misturado na ga-solina. A retomada deste programa,com investimentos em pesquisas nasáreas de agricultura, destilação con-tínua e de motores e em novas uni-dades produtoras de álcool, poderáfazer com que 90% da frota brasileirade carros volte novamente a ser movi-da exclusivamente à álcool. Pesqui-sas recentes na área de biodieselmostram que é possível substituir odiesel por este combustível renovável.

Em termos de hidrogênio, que aoque tudo indica se tornará o grandeenergético do século XXI, substituindoos combustíveis fósseis, não só naárea de transporte, mas também nade geração de eletricidade, o Brasilencontra-se em uma posição privile-giada. Seu parque hidroelétrico pode-rá ser utilizado no período de cargaleve do sistema elétrico para produzirhidrogênio por eletrólise. Da mesmaforma, poderemos desenvolver grandeparte do nosso potencial eólico, decerca de 172GW, se utilizarmos aenergia produzida pelos parques eó-licos na hora de carga leve do siste-ma para também produzirmos hidro-gênio.

A força motriz para esta transiçãoserá a motivação da sociedade, aíincluídas a população, a sociedadeorganizada, as forças econômicas e,principalmente, as forças políticas dasociedade. Serão as forças políticasdo Brasil que terão nas mãos o poderde decidir se o Brasil optará por trans-formar-se em líder mundial na utili-zação das energias renováveis ou se

irá priorizar o aumento das fontesenergéticas fósseis/nuclear na nossamatriz energética, o que contribuirápara um inexorável desastre ecoló-gico.

Qualquer destas duas opçõesnecessitará de subsídios para suaimplementação, que deverão serestabelecidos através de legislação.Qualquer que seja a decisão política,

não será necessário que haja um con-senso dentro da sociedade acerca dequal opção adotar. Conforme afirmouHermann Scheer, em seu discurso noPrimeiro Fórum Mundial de Políticase Estratégias para as Energias Reno-váveis, ocorrido de 13 a 15 de julho de2002 em Berlim: "Sempre que umgoverno realmente deseja alguma coi-sa, ele não necessariamente perguntase existe um consenso sobre ela, seele está convencido da importância doassunto. Ele simplesmente vai emfrente com o assunto e considera queestá exercendo sua liderança”. Con-forme afirmou o Senador SaturninoBraga no programa Cidadania, exibidopela TV Senado no dia 04 de outubrode 2002: "O mercado não faz desen-volvimento; quem faz desenvolvimen-to é o governo. O mercado aproveitaoportunidades".

As políticas governamentais para aintrodução das energias renováveis,que uma vez acordadas precisam sertransformadas em lei, devem levar emconta as seguintes premissas estra-tégicas:• Vigir por um período transitório, ter-

minando quando a fonte tornar-secompetitiva com as fontes tradi-cionais de energia;

• Incentivar a criação de indústrias noBrasil;

• Criar o máximo possível de empre-gos por MW instalado;

• Incentivar a participação do maiornúmero possível de atores;

• Proporcionar um retorno razoável eriscos aceitáveis e não lucros rápi-dos e extraordinários, uma vez queos empresários da área de energiasão investidores de longo prazo enão especuladores;

• Os custos extras para os consumi-dores devem ser os menores pos-síveis e decrescentes ao longo dotempo, devendo estes custos ex-tras, a médio prazo, extinguirem-se.A Lei No 10.438 de 26 de abril de

2002 que dispõe, entre outros assun-tos, da criação do Programa de Incen-tivo às Fontes Alternativas de EnergiaElétrica – PROINFA, não é adequadaà introdução das fontes alternativas emlarga escala na matriz energética bra-sileira, porque não incorpora os prin-cípios estratégicos citados anterior-mente. Contudo, ela representa umavanço, considerando a inexistênciaanterior de leis de incentivo às fontesrenováveis.

Além da existência da lei, é neces-sário que ela entre em vigor e que sejacumprida, que "pegue". Até o presentemomento não foi instalado nenhumkW de fonte renovável de energia combase nessa lei.

A nossa sugestão é que todos osinteressados na implantação de fontesrenováveis de energia no Brasil unam-se em torno da implementação da LeiNo 10.438 e paralelamente mobilizem-se para a criação de uma nova lei, quetrate exclusivamente da introdução defontes renováveis na matriz energéti-ca brasileira e que leve em conside-ração as premissas estratégicas cita-das anteriormente.

Tal legislação deveria ser baseada,em linhas gerais, no documento "Acton Granting Priority to RenewableEnergy Sources", que transformou aAlemanha no maior mercado mundialpara fontes de energia renováveis.

"A nossa sugestão é quetodos os interessados na

implantação de fontesrenováveis de energia noBrasil unam-se em torno

da implementação daLei No 10.438..."

abastecida por energias renováveis

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14 C R E S E S B I N F O R M E

Competição de carro solarpor controle remoto na Bahia

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Ednildo Andrade TorresLaboratório de Energia e Gás

Universidade Federal da [email protected]

s energias alternativas, em es-pecial, a energia solar fotovol-

taica têm se apresentado como umadas mais promissoras alternativas degeração energética. Isso está trazendoum aquecimento para o mercado quefornece tecnologias para este setor. Autilização desta energia é um inves-timento de retorno garantido, já que éuma forma eficaz, econômica e sus-tentável, pois trata-se de uma fonterenovável .

A tecnologia das células fotovol-taicas evoluiu bastante nos últimosanos e a instalação destes equi-pamentos teveseus custos re-duzidos. O ren-dimento ener-gético dos pai-néis, ou seja, aconversão daenergia solarem energia elé-trica aumentou,e contribuiu pa-ra diminuir oscustos e, con-seqüentemen-te, a aquisiçãode mais equi-pamentos porparte das pes-soas, além do aumento de programasgovernamentais. Entretanto, o nível dedesinformação da população quanto àestas tecnologias alternativas, nosleva a indicar o quanto é necessárioaumentar a divulgação sobre o tema.

O desafio apresentado aos alu-nos da turma de Termodinâmica Apli-cada do curso de Engenharia Mecâ-nica da UFBA foi construir e operarum veículo de controle remoto, tendocomo fonte energética a energia so-lar fotovoltaica.

Os alunos foram agrupados emquatro equipes de oito componentes.Além de construírem o carro, eles tam-bém deveriam competir entre si como melhor carro, o mais veloz, o maisoriginal e o que tivesse mobilidadesem o auxílio de bateria, isto é, so-mente com a energia solar provenientedo módulo fotovoltaico.

O principal objetivo do projeto, alémdo desenvolvimento do veículo, eraproporcionar aos alunos uma siner-gia, de tal modo que eles pudessemaplicar não só os conhecimentos ad-quiridos nesta disciplina, como tam-bém os conhecimentos recebidos emdisciplinas cursadas anteriormente.Para isso, os alunos tiveram que bus-car ajuda de outros professores quecontribuiram no desenvolvimento dosdiversos componentes do carro.

No final do curso eles puderamapresentar as suas criações. Foramprojetados quatro veículos com as

diversas configurações. Um dos carrospossui um design original, outro teminspiração em carros de F1; três doscarros são acionados por controle re-moto e um possui comando por meiode fios.

As fases adotadas pelas equipesforam: projeto conceitual, projeto es-trutural, dimensionamento, constru-ção, montagem, teste e operação. Aseguir, será feita uma breve descri-ção de um dos veículos projetados.

Selecionou-se um motor de 12V,1,3A com massa de 474g e rotaçãode 2250rpm, corrente contínua. O sis-tema de redução foi dimensionado deforma a atender a potência e a traçãodo veículo e é composto por pião ecoroa que recebe a potência do motorpor intermédio de um eixo. O siste-ma de direção, confeccionado em alu-mínio, é acionado por servo motor e

com controle remoto. A suspensãotraseira foi inspirada em veículos si-milares, dotada de uma bandeja quesustenta o sistema de transmissãoque fica fixa em molas verticais. A sus-pensão dianteira é independente etrabalha sobre molas verticais. As mo-las foram selecionadas de acordo comtestes realizados para identificar oscoeficientes de elasticidades. A es-trutura do veículo foi confeccionada emalumínio; o módulo fotovoltaico possuipotência de 20W, tensão máxima de16V e corrente de 1,33A, além da uni-dade controladora. A bateria é de 12V

e 5Ah. A massatotal do carro éde aproximada-mente 10kg.

O funciona-mento do veícu-lo solar é acio-nado por contro-le remoto e po-de ser descritoresumidamenteda seguinte ma-neira: o sol emi-te a radiação so-lar que é capta-da pelo módulofotovoltaico quea converte em

energia elétrica. Esta energia pode serimediatamente transformada emenergia mecânica para dar mobilidadeao carro ou pode ser armazenada nabateria para ser consumida posterior-mente.

O projeto chamou a atenção damídia local sendo publicadas diversasreportagens nos jornais da cidade deSalvador, além de ser notícia em pro-gramas de televisão da região.

O programa está prosseguindo,com o desenvolvimento de novos pro-tótipos. No momento, está em execu-ção o projeto de um novo carro, ummini kart solar com dirigibilidade exer-cida por um condutor.

Veículos solares construídos por alunos da UFBA.

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§ 15C R E S E S B I N F O R M E

Conheça as atividades desenvolvidas peloNúcleo de Energias Alternativas da UFMA

Osvaldo R. Saavedra MendezNúcleo de Energias Alternativas

Universidade Federal do Maranhã[email protected]/~nea

O Núcleo de Energias Alternativas– NEA (Departamento de En-

genharia Elétrica da UniversidadeFederal do Maranhão – DEE/UFMA),tem a finalidade de promover pesquisanas áreas de Energias Renováveis,com o desenvolvimento de soluçõesque venham atender as necessidadesda região, quer seja geração distribuídaem comunidades isoladas (núcleosafastados de suas sedes) ou em sis-temas de potência de maior abran-gência, como os interligados à rede.

Em janeiro de 2001, o projeto "Uti-lização Eficiente de Fontes de EnergiaAlternativas" foi aprovado pelo CNPq– PTU (Programa Trópico Úmido), per-mitindo a criação de uma infra-estru-tura laboratorial para apoiar os váriostrabalhos de pesquisa, bem como pre-parar recursos humanos na área.

Além do projeto referido acima, quefocaliza a simulação e avaliação dedesempenho de sistemas fotovoltai-cos e eólicos visando sua utilizaçãoeficiente e segura, existem ainda ou-tros subprojetos de pesquisa, dosquais podemos destacar: gerencia-mento de carga microcontrolado parasistemas fotovoltaicos/eólicos e oestudo de usinas maré-motrizes e suautilização no estuário do Rio Bacanga– São Luís (MA). A seguir serão des-

critos os sistemas desen-volvidos pelo NEA.

Farol SolarO farol solar é um pro-

tótipo solar fotovoltaicoinstalado recentemente pe-lo NEA no pátio do CT-UFMA. Além de ter sidodesenvolvido com critériode baixo custo, robustez ealta eficiência, o protótipode iluminação pública per-mite a divulgação da uti-lização desta forma deenergia para a comunida-de acadêmica e para a so-ciedade em geral.

Kit demonstrativoA unidade fotovoltaica

móvel foi desenvolvida peloNEA para demonstraçãodo uso da energia solarjunto à comunidade, espe-cificamente escolas e ex-posições.

Sistema híbrido de geração eólico-solar

O laboratório de fontes alternativasde energia tem como finalidade propor-cionar as condições necessárias para

a elaboração de projetos, além depesquisas e desenvolvimento de tes-tes. O laboratório conta com dois kits,um destinado ao desenvolvimento depesquisas voltadas à energia solarfotovoltaica e outro à energia eólica,além de uma bancada com computa-dores para a realização de simula-ções, sistemas de aquisição de dados,entre outros. Uma novidade é o painelmímico onde pode-se observar a inter-ligação e geração de energia atravésdas fontes solar e eólica em temporeal e o consumo realizado pelas car-gas interligadas, permitindo a reali-zação de estudos de eficiência ener-gética. A idéia é mapear, a todo ins-tante, a participação da energia solare eólica no atendimento à carga, bemcomo apresentar os valores de gera-ção em tempo real. Todas estas infor-mações estarão disponíveis em tem-po real na homepage do NEA (http://www.dee.ufma.br/~nea).

Kit demonstrativo.

Painel de controle desenvolvido pelo NEA-UFMA.

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16 C R E S E S B I N F O R M E

Prêmio Jovens Cientistas destaca a utilizaçãoda energia solar fotovoltaica e solar térmica

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Ricardo DutraCRESESB

[email protected]

XVIII Prêmio Jovem Cien-tista e o III Prêmio Jovem

Cientista do Futuro, que tive-ram em 2002 o tema "Ener-gia Elétrica: geração, trans-missão, distribuição e uso ra-cional" deram um importantedestaque aos projetos cien-tíficos em energia solar.

O Prêmio Jovem Cientista,criado em 1981, é uma par-ceria entre a Fundação Ro-berto Marinho, CNPq e Gru-po Gerdau e, nesta últimaedição, também contou como apoio da Eletrobrás/Procel.

O Prêmio Jovem Cientistatem destacado-se ao longodos anos como uma das maisimportantes premiações parao desenvolvimento científicoe tecnológico da América La-tina. Na edição de 2002, o prê-mio contou com um total de86 candidatos propondo novassoluções para o uso eficienteda energia elétrica.

Na categoria graduados,Adriano Moehlecke, pesqui-sador da Pontifícia Universi-dade Católica do Rio Grandedo Sul, recebeu o 1o lugar doXVIII Prêmio Jovem Cientistacom o trabalho intitulado "Cé-lulas solares eficientes e debaixo custo de produção".

Neste trabalho, Adrianoprocura descrever sua linhade pesquisa em novos mate-riais para a conversão foto-voltaica. Os benefícios do de-senvolvimento de uma novatecnologia fotovoltaica maiseficiente e mais barata noBrasil poderão ser aplicadosdiretamente nas comunidadesisoladas que hoje, segundodados apresentados no semi-nário "Fontes Alternativas deEnergia e Eficiência Ener-gética – Opção para umaPolítica Energética Susten-tável no Brasil", realizado emjunho de 2002 em Brasília,totalizam cerca de 14 milhões

de brasileiros sem acesso àenergia elétrica.

Adriano apresenta a uti-lização de novas tecnologiasno processo de fabricação decélulas solares de alta efi-ciência usando gases e pro-dutos químicos de baixo cus-to. Como resultado do tra-balho, foram fabricadas cé-lulas com 17% de eficiência(medida realizada pelo IES-UPM). Adriano ressalva aimportância da continuidadedos estudos em células fo-tovoltaicas eficientes: "Commaiores investimentos empesquisa e desenvolvimento,a energia solar será viabiliza-da economicamente e benefi-ciará toda a sociedade brasi-leira".

O III Prêmio Jovem Cien-tista do Futuro também apre-sentou destacou os projetosenvolvendo energia solar. Cria-do em 1997, o prêmio procuraincentivar estudantes de en-sino médio nas diversas áreasde pesquisas científicas an-tes mesmo do seu ingressono curso universitário. Nestacategoria, o aluno PhillipeSchaeffer Werneck do Colé-gio de Aplicação João XXIII(Juiz de Fora – MG) recebeuo 1o lugar com o trabalho in-titulado "Construção e Análisedo Rendimento de um ColetorSolar". Este trabalho tevecomo objetivo principal mos-trar que a energia solar térmicaé uma ótima alternativa parao uso racional de energia elé-trica principalmente na subs-tituição do chuveiro elétrico.

Maiores informações po-derão ser obtidas com os au-tores através dos E-mails:[email protected]@zipmail.com.br.

O estudante universitário Phillipe Werneck.

O pesquisador Adriano Moehlecke da PUC-RS.

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§ 17C R E S E S B I N F O R M E

Reunião do SolarPACES no Rio de Janeiroreúne especialistas internacionais

E ntre os dias 19 e 21 demarço de 2003 foi realizada

a 64a reunião do Comitê Execu-tivo do SolarPACES (Solar Powerand Chemical Energy Systems),organizada pelo MME e CEPEL,com apoio do CRESESB.

O SolarPACES, programa daAgência Internacional de Energiapara o desenvolvimento de siste-mas heliotérmicos, acompanha eparticipa de projetos de grandeporte em vários países. Represen-tantes de diversas instituiçõesapresentaram o estado da artedos projetos em desenvolvimentoem seus países.

Os projetos do SolarPACES,dividem-se em três grandes gru-pos principais: Sistemas de Gera-ção Elétrica com ConcentradoresSolares; Pesquisa em SistemasSolar Químicos; Tecnologia So-lar e Aplicações Avançadas.

Como conclusão geral, foi possívelter-se uma visão do futuro da energiaheliotérmica. Progressos técnicos têmsido incorporados aos diferentes sis-temas, melhorando seu desempenhoe diminuindo seu custo. Para algumasaplicações, os custos atuais já sãocompetitivos. É preciso, entretanto,

um maior esforço por parte dos diver-sos países para que a tecnologia pos-sa efetivamente ampliar sua partici-pação no mercado e, aproveitando-sedo efeito de escala, consolidar-secomo uma opção energética.

Os participantes foram unânimesem registrar o sucesso da reunião noBrasil e a necessidade de que nosso

Hamilton Moss de SouzaJorge Henrique Greco Lima

CRESESB/[email protected]@cepel.br

país possa realizar projetos de im-pacto na área de heliotermia, no mé-dio prazo. O Brasil é um dos paísescom maior potencial de aproveita-mento desta fonte de energia e temuma importante contribução a darpara seu desenvolvimento.

Reafirmando a importância do en-contro, o encerramento da reuniãocontou com a presença do SecretárioExecutivo e do Secretário de Desen-volvimento Energético do MME, res-pectivamente, Dr. Maurício Tolmas-quim e Dr. Marcelo Poppe, do DiretorGeral e do Diretor de Pesquisa e De-senvolvimento do CEPEL, Dr. LeslieTerry e Dr. Márcio Zimmermann. Emseus pronunciamentos, foi ressaltadoo compromisso do Brasil com o desen-volvimento das energias renováveis in-cluindo, entre as opções existentes,a heliotermia.

As apresentações realizadas du-rante o evento encontram-se dis-poníveis para consulta no endereço:h t tp : / /www.c resesb .cepe l .b r /SolarPaces_apresentacoes/.

Representantes do MME e Diretores do CEPEL durante o terceiro dia do evento.

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Participantes do evento em visita ao CEPEL – unidade Adrianópolis.

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18 C R E S E S B I N F O R M E

VIII Seminário Ibero-americano deEnergia Solar é realizado na UFPE

P eriodicamente uma extensa áreado Brasil – o semi-árido do Nor-

deste – sofre com a seca que compro-mete a produção agrícola e, comoconseqüência, ainda mais grave oabastecimento de água para supri-mento humano e animal. Essas regi-ões rurais normalmente carecem deenergia elétrica da rede e têm poucasreservas de água superficiais.

O Programa de DesenvolvimentoEnergético dos Estados e Municípios(PRODEEM), no âmbito do Ministériode Minas e Energia (MME) tem pla-nejado e instalado sistemas fotovol-taicos para bombeamento de águavisando a mitigação do problema. NasFases I a IV, o PRODEEM instalou2449 sistemas com potência acumu-lada de 1355kWp. Esse processo deampla implantação de uma tecnologiainovadora como a solar fotovoltaica,requer grande quantidade de pessoaltécnico capacitado para a instalação/manutenção desses sistemas, avalia-ção e monitoração do comportamentooperacional e pesquisa e desenvol-vimento que permitam melhorar e ba-ratear o custo dos mesmos. Dentro

Chigueru TibaGrupo FAE-DEN da UFPE

[email protected]

da divisão de trabalhos necessários àum programa de tal amplitude, a univer-sidade tem um papel de suma impor-tância tanto no que concerne ao treina-mento e capacitação de recursoshumanos como também em P&D quepermitam maior competitividade des-ses sistemas.

Dentro deste último aspecto, oGrupo FAE-DEN-UFPE organizou emRecife, em setembro de 2002, o "VIIISeminário Ibero-americano de EnergiaSolar: Abastecimento de Água emÁreas Rurais Mediante Bombeamen-to Fotovoltaico" com o propósito deefetivar a divulgação ampla dos resul-tados das pesquisas do projeto multi-nacional PIP VI.5-CYTED, concluídono ano de 2001. As seguintes insti-tuições apoiaram o evento: ConselhoNacional de Pesquisas (CNPq), Di-visão de Estudos em Fontes Alter-nativas da Companhia Hidro-Elétricado São Francisco (DEFA/CHESF),Financiadora de Estudos e Projetos(FINEP), Centro de Pesquisas deEnergia Elétrica (CEPEL), Centro deReferência para Energia Solar e Eó-lica Sérgio Salvo Brito (CRESESB) e

o Sub-Programa VI – Nuevas Fuentesy Conservación de la Energia – CYTED(Programa Ibero-americano de Cienciay Desarrolo).

A abertura do VIII Seminário Ibero-americano de Energia Solar ocorreuno Auditório de Seminários do De-partamento de Energia Nuclear (DEN),do Centro de Tecnologia da Universi-dade Federal de Pernambuco, com apresença das seguintes autoridades:Dr. Fernando Antonio Giffoni Luz, Co-ordenador Geral do PRODEEM/MME,Prof. Mozart Neves, Magnífico Reitorda UFPE, Prof. Carlos Alberto deOliveira Lira, representando a chefiado DEN e Prof. Naum Fraidenraich,Coordenador do evento.

O VIII Seminário Ibero-americanode Energia Solar foi realizado comuma participação expressiva de pro-fissionais atuantes na área e contoucom a presença de cerca de noventapessoas.

O evento permitiu concluir queexiste hoje em dia no Brasil um cres-cente interesse e grande receptivida-de acerca de temas relacionados comfontes renováveis de energia. Alémdisso, verificou-se que este interesseé consistente e firme no tempo, vistoque muitos participantes deste even-to também estiveram presentes emeventos anteriores organizados peloGrupo FAE. Em relação ao númerode participantes, a média histórica de75 pessoas foi amplamente ultrapas-sada e observou-se uma tendência àdifusão generalizada, ou seja, inte-resse de pessoas (principalmenteestudantes) de distintas áreas deconhecimento como, por exemplo,Geografia, além das áreas tradicio-nais de Engenharia e Ciências Exa-tas. Cabe ressaltar também uma ex-pressiva participação de empresas doramo, muitas delas sediadas no Sule Sudeste do país, como a Sidermetale a Grundfos do Brasil, além da parti-cipação de oito empresas da regiãoNordeste do Brasil.

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§ 19C R E S E S B I N F O R M E

Seminário debate a Universalizaçãodo Serviço de Energia Elétrica

Luis Augusto Barbosa CortezNIPE-FEAGRI/UNICAMP

www.unicamp.br/nipe/agrener2002/

O Seminário "Energias Renováveise a Universalização do Serviço

de Energia Elétrica sob a Ótica de umaAgência Reguladora" aconteceu nosdias 12 e 13 de maio de 2003, noCampus II da Universidade Federal doPará (UFPA), em Belém. O evento foirealizado pelo Winrock Internationalem conjunto com a Agência de Regu-lação e Controle de Serviços Públicosdo Pará (ARCON) e contou com oapoio da Agência Norte-Americanapara o Desenvolvimento Internacional(USAID) e da própria UFPA.

Estiveram presentes no eventocerca de 45 pessoas, dentre elas, re-presentantes dos Governos Estaduaise Federal, Concessionárias de Gera-ção e Distribuição de Energia, Agên-cias Reguladoras e Organizações daSociedade Civil.

Os temas abordados no dia 12 fo-ram "Introdução a Fontes Renováveisde Energia"; "Recurso Solar e Eólico";

AGRENER 2002 – Encontro de Energia no Meio Rural

O sucesso do "AGRENER 2002",realizado de 29 a 31 de outubro

de 2002, representa uma importanteconquista para o Núcleo Interdiscipli-nar de Planejamento Energético (NIPE)e para a UNICAMP. O evento reuniucerca de 400 participantes vindos detodas as partes do país.

Acredita-se que o tema "energia"seja muito importante e merecedor deuma atenção especial, notadamentenos assuntos interdisciplinares. A cri-se energética, vivida pelo país a partirde maio de 2001 a meados de 2002,evidenciou esse fato e certificou queainda existem muitas coisas a seremfeitas nesta área. Nesse sentido, oAGRENER 2002 reuniu especialistas,estudantes, pesquisadores de todaparte do país, para discutir os temasrelacionados à área de energia.

Com o "AGRENER 2002 – 4o En-contro de Energia no Meio Rural"pretendeu-se indicar novos rumos,analisando-se o contexto diferente eefervescente da atualidade, que pos-

sam auxiliar nas discussões e criarbases férteis para um futuro mais pro-missor para a sociedade brasileira.

A crise energética de 2001-2002tornou mais evidente os problemas li-gados à suprimento energético, regu-lação e planejamento energético. Tam-bém é igualmente importante um le-vantamento do estado-da-arte dastecnologias ligadas às fontes alterna-tivas de energia, tais como PCH´s, so-lar (térmica e fotovoltaica), eólica e debiomassa, para citar algumas. Existemainda muitos "gargalos" tecnológicosque impedem ou inviabilizam a adoçãodessas tecnologias e este foi um dosobjetivos do AGRENER 2002: discutire apresentar propostas à sociedade.

Realizou-se também o "AGRENERTECNO 2002", uma feira de exposi-ções com a participação de diversasempresas da área de energia, como aEletrobrás que promove arrojadosprogramas de eletrificação como o"Luz no Campo". Esta feira adquiriuum novo colorido com a participação

de empresas ONG´s que muito contri-buem para a promoção das fontesrenováveis de energias e o uso racio-nal de energia no país.

Outro objetivo do AGRENER 2002foi o de fomentar a discussão das cha-madas "novas tecnologias", tais comoaplicação de células de combustíveis,unidades de cogeração, etc., semprenum contexto rural onde estão locali-zadas cerca de 6 milhões de proprie-dades no país e onde a população re-sidente aspira uma ascensão econô-mica e social. Com este enfoque, foirealizado o "1o Workshop Internacionalde Células a Combustível" que reuniuparticipantes do governo, empresas,centros de pesquisa e agências defomento. Pretende-se repetir esta expe-riência em 2004, com um evento con-junto em geração distribuída já deno-minado AGRENER GD 2004.

"Recurso Biomassa"; "Recurso PCH´se MCH´s" e "Papel das Fontes Renová-veis na Universalização". No dia 13, asapresentações focaram a "Lei 10.438,o PROINFA e a Universalização dosServiços de Energia Elétrica e Comer-cialização das Fontes de Energia";"Regulação de Fontes Alternativas deEnergia" e "Aspectos Ambientais eCréditos de Carbono".

O evento informou sobre as ques-tões regulatórias e tecnológicas asso-ciadas à geração de energia a partirde fontes renováveis e sua contribui-ção para a universalização. Capacitouos participantes a identificar as opor-tunidades existentes na geração deenergia elétrica a partir dos seus recur-sos naturais e renováveis de formasustentável e, no final, após o debate,os participantes apresentaram suges-tões e opiniões sobre os temas abor-dados. Os pontos debatidos focaliza-ram a importância de esclarecer a po-

pulação sobre a necessidade de fazera solicitação do atendimento, confor-me previsto na resolução ANEEL223/2003; promover a articulação regional(agências ou equivalentes nos demaisestados da região norte); ampliar eutilizar a sub-rogação dos benefíciosda Conta de Consumo de Combustíveis(CCC), cujo uso, até o momento, é mui-to limitado; apoiar a obtenção de infor-mação confiável sobre índices de ele-trificação rural na região norte, etc. AARCON sinalizou seu interesse emdar continuidade às ações identifica-das, através de elaboração de car-tilhas para a população e empreende-dores e realização de novos semi-nários. As apresentações e a versãocompleta das sugestões apresen-tadas encontram-se no endereço ele-trônico www.winrock.org.br.

Claudio Moises RibeiroWinrock International

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Page 20: CRESESB · 2009. 4. 16. · para uma futura sede de um Centro de Informações do CRESESB. Os projetos apresentam diversas solu-ções para a integração estética de mó-dulos fotovoltaicos

20 C R E S E S B I N F O R M E

IMPRESSO

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA(Empresa do Sistema ELETROBRÁS)SEDE:Av. Um s/no

Cidade UniversitáriaRio de Janeiro - RJ - BRASILCEP 21941-590Tel.: (21) 2598-6245 Fax: (21) 2260-1340

END. POSTALCEPELCaixa Postal 68007Rio de Janeiro - RJ - BRASILCEP 21944-970

http://www.cresesb.cepel.br/e-mail : [email protected]

Centrais Elétricas Brasileiras SAEMPRESA DO SISTEMA ELETROBRÁS

CEPEL

CRESESBInformeInforme

E m janeiro de 2003 realizou-se noPrograma de Engenharia Mecâ-

nica (PEM) da COPPE/UFRJ a defesade Tese de Doutorado da engenheiraAna Paula Cardoso Guimarães, inti-tulada "Estimativa de Parâmetros daCamada Atmosférica para Cálculo daIrradiação Solar Incidente na Super-fície Terrestre".

O trabalho de tese foi orientadopelos professores Leopoldo EuricoGonçalves Bastos (PEM/COPPE) eNerbe Ruperti Júnior da ComissãoNacional de Energia Nuclear (CNEN).A banca examinadora foi compostapelos professores Nísio de CarvalhoLobo Brum (PEM/COPPE), Manuel Er-nani de Carvalho Cruz (PEM/COPPE),Evandro Sérgio Camelo Cavalcanti(CEPEL) e Luis Claudio Pimentel(Meteorologia/UFRJ).

O trabalho apresenta um estudosobre a estimativa de propriedadesfísicas da camada atmosférica, taiscomo espessura ótica das nuvens ecoeficiente de espalhamento dosaerossóis; tais parâmetros, uma vezdeterminados, tornam-se fundamen-tais para o cálculo do fluxo solar inci-dente na superfície terrestre.

Esta dissertação de doutorado tevecomo motivação principal a neces-sidade de desenvolvimento e aplica-

Patricia de Castro da SilvaCRESESB

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Tese de Doutorado propõe modelo paraestimativa de parâmetros da camada atmosférica

ção de modelos físicosque utilizem dados deimagens de satélite paraestimativa da irradiaçãoglobal e difusa de forma apossibilitar a coberturageográfica total do ter-ritório brasileiro uma vezque verifica-se uma gran-de variabilidade espacialda irradiação solar devidoà extensão territorial dopaís e, sobretudo, à nãohomogeneidade climáti-ca observada em deter-minadas regiões.

O problema direto éobtido a partir da mode-lagem da camada atmos-férica e está caracterizadopela Equação da Transfe-rência Radiativa (ETR)para meio composto comespalhamento anisotrópico e absor-ção. Para o problema inverso de esti-mativa de parâmetros utiliza-se atécnica de Levenberg - Marquardt queestá baseada no processo de mini-mização através da técnica dos mí-nimos quadrados.

O modelo foi validado para a cidadedo Rio de Janeiro a partir dos dadosde irradiação solar terrestres medidos

no laboratório solar fotovoltaico loca-lizado nas dependências do CEPEL.

Maiores informações sobre estetrabalho de tese poderão ser obtidascom Ana Paula através do endereçoeletrônico [email protected].