crescimento de sementes de ostras crassostrea … · cultivo de ostras. 2. materiais e métodos...

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1 CRESCIMENTO DE SEMENTES DE OSTRAS CRASSOSTREA GAZAR E CRASSOSTREA RIZOPHORAE NO ESTUÁRIO DA BAÍA DAS LARANJEIRAS, GUARAQUEÇABA-PARANÁ. ¹ Marlene F.G. Mortagua Walflor ¹ Médica Veterinária Responsável Técnica da Associação dos Maricultores da Ilha Rasa/Guaraqueçaba/Paraná/Brasil RESUMO Neste estudo, apresenta-se resultados obtidos a partir de observações, aferições e análises realizadas na área de cultivo e na unidade de beneficiamento de ostras da Associação do Maricultores da Ilha Rasa - AMAIR, Guaraqueçaba, Paraná. Os dados obtidos foram colhidos no espaço de doze meses, a partir da instalação dos berçários com sementes de ostras Crassostrea gazar e Crassostrea rhizophorae, provenientes do Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina, nas mesas ostreicolas da área de cultivo de Ponta do Lanço/Ilha Rasa. O objetivo do estudo é de verificar a adaptação das sementes de ostras produzidas em laboratório às variações ambientais e o tempo de crescimento destas no estuário da Baía das Laranjeiras/Guaraqueçaba/PR. 1. Introdução Moluscos são um dos táxons mais conhecidos dentre os grandes grupos animais (Barnes, 1990), possuindo mais de 100.000 espécies descritas atualmente. Muitas espécies são utilizadas na aquicultura marinha e destacam-se do ponto de vista produtivo e econômico, com baixos custos de produção (Bautista, 1989). As ostras que constituem o gênero Crassostrea, têm grande amplitude de sobrevivência quanto a salinidade e a temperatura. Seu hábito estuarino é possibilitado principalmente pela presença de uma câmara promial ao lado direito do corpo, o que lhe permite um maior volume de corrente exalante (Yonge, 1960; Galtsoff, 1964 in Silva, 1994). Estas ostras conseguem filtrar mais de 400 litros de água por dia, crescendo rapidamente e maturando sexualmente mais cedo, o que

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Page 1: CRESCIMENTO DE SEMENTES DE OSTRAS CRASSOSTREA … · cultivo de ostras. 2. Materiais e Métodos Este estudo constitui o resultado de dois ensaios cujas condições iniciais se encontram

1

CRESCIMENTO DE SEMENTES DE OSTRAS CRASSOSTREA GAZAR E

CRASSOSTREA RIZOPHORAE NO ESTUÁRIO DA BAÍA DAS LARANJEIRAS,

GUARAQUEÇABA-PARANÁ.

¹ Marlene F.G. Mortagua Walflor

¹ Médica Veterinária – Responsável Técnica da Associação dos Maricultores da Ilha

Rasa/Guaraqueçaba/Paraná/Brasil

RESUMO

Neste estudo, apresenta-se resultados obtidos a partir de observações, aferições e

análises realizadas na área de cultivo e na unidade de beneficiamento de ostras da

Associação do Maricultores da Ilha Rasa - AMAIR, Guaraqueçaba, Paraná. Os dados

obtidos foram colhidos no espaço de doze meses, a partir da instalação dos berçários

com sementes de ostras Crassostrea gazar e Crassostrea rhizophorae, provenientes

do Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina, nas

mesas ostreicolas da área de cultivo de Ponta do Lanço/Ilha Rasa. O objetivo do

estudo é de verificar a adaptação das sementes de ostras produzidas em laboratório

às variações ambientais e o tempo de crescimento destas no estuário da Baía das

Laranjeiras/Guaraqueçaba/PR.

1. Introdução

Moluscos são um dos táxons mais conhecidos dentre os grandes grupos

animais (Barnes, 1990), possuindo mais de 100.000 espécies descritas atualmente.

Muitas espécies são utilizadas na aquicultura marinha e destacam-se do ponto de

vista produtivo e econômico, com baixos custos de produção (Bautista, 1989).

As ostras que constituem o gênero Crassostrea, têm grande amplitude de

sobrevivência quanto a salinidade e a temperatura. Seu hábito estuarino é

possibilitado principalmente pela presença de uma câmara promial ao lado direito do

corpo, o que lhe permite um maior volume de corrente exalante (Yonge, 1960;

Galtsoff, 1964 in Silva, 1994). Estas ostras conseguem filtrar mais de 400 litros de

água por dia, crescendo rapidamente e maturando sexualmente mais cedo, o que

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permite a liberação de uma maior quantidade de gametas do que qualquer outro

invertebrado (Andrews, 1979).

Na Baía de Paranaguá são encontradas duas espécies de ostras do gênero

Crassostrea, confirmadas através de análises eletroforéticas de isoenzimas por

Abssher (1989): C. rhizophorae - espécie de pequeno porte, chega a 10 cm de altura,

com ocorrência na região entre - marés; e C. brasiliana – espécie de grande porte,

frequentemente chega a mais de 20 cm de altura, com ocorrência no infra litoral.

Segundo um estudo de maturação em C. rhizophorae, por Nascimento et al (1980),

120 dias após à fixação as jovens ostras medem cerca de 1,90 cm de comprimento e

as gônadas funcionais (com gametas maduros) já estão formadas. O desenvolvimento

larval da ostra do mangue, C. rhizophorae dura cerca de 15 dias em temperatura de

28ºC e salinidade de 25 ‰ segundo Nascimento (1982). Abssher (1989) obteve uma

duração de 30 e 41 dias à 25º em C. brasiliana.

Quanto à salinidade, pH e temperatura, Boveda e Rodriguez (1987) obtiveram

os seguintes valores ótimos para C. rhizophorae: 3-55 ‰, 5-9 e 17-35ºC

respectivamente.

A importância do presente estudo está relacionada a viabilidade do

crescimento de sementes de ostra Crassostrea gazar e Crassostrea rhizophorae

produzida no Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa

Catarina na costa da Ilha Rasa. A Ilha Rasa está localizada ao noroeste da baía das

Laranjeiras, norte do litoral do Estado do Paraná, entorno da Área de Proteção

Ambiental de Guaraqueçaba. A costa da Ilha Rasa é uma área em bom estado de

conservação, com extensos manguezais, grandes espelhos d´água em áreas

abrigadas, razoável circulação de massa d´ água e temperatura da água favorável ao

cultivo de ostras.

2. Materiais e Métodos

Este estudo constitui o resultado de dois ensaios cujas condições iniciais se

encontram resumidas nas Tabelas a seguir:

Tabela I – Esquema do ensaio realizado com sementes de ostra Grassostrea gazar

provenientes do laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa

Catarina em 15 de abril de 2013.

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Localização

do ensaio

Data do

controle

Quantidade

de semente

Tamanho

da

semente

(mm)

Peso

vivo

médio

(gr)

Parâmetros

físico-

químico da

água

Estuário da

Ilha Rasa,

orla da

comunidade

Ponta do

Lanço –

mesas

ostreicolas

19/04/2013 2.000 1 a 5 200 pH 8,04

Salinidade

20g/l

Temperatura

24ºC

19/07/2013 400

400

1119

1919

12 a 15

10

3 a 8

440

220

270

980

pH 7,50

Salinidade

25g/l

Temperatura

22ºC

19/09/2013 200

168

290

900

1558

35

20 a 30

10 a 15

4 a 6

370

280

235

300

1185

pH 8,32

Salinidade

25g/l

Temperatura

20ºC

10/10/2013 200

168

290

900

1558

35

20 a 30

10 a 15

4 a 6

380

380

240

360

1360

pH 8,03

Salinidade

25g/l

Temperatura

24ºC

19/12/2013 160

228

30 a 40

15 a 20

520

280

pH 7,90

Salinidade

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4

490

878 *

490**

8 a 10

5 a 7

200

1000*

200**

18g/l

Temperatura

28ºC

20/02/2014 146

65

86

297*

100

29

50

140

299**

35 a 40

25 a 30

15 a 20

20 a 25

10

5 a 10

3 a 8

960

220

140

1320*

280**

pH 7,80

Salinidade

20g/l

Temperatura

26ºC

29/04/2014 156

80

200

436*

32

75

300

407**

35 a 55

20

5 a 15

25 a 35

20

10 a 15

1840

260

160

2260*

150

100

130

380**

pH 8,52

Salinidade

25g/l

Temperatura

22ºC

10/06/2014 10

10

30

30

60

50

40

35

340

240

600

500

pH 7,20

Salinidade

20g/l

Temperatura

20ºC

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5

50

82

212*

320**

30

20 a 25

10 a 15

545

520

2745*

340**

Obs. * Sementes com tamanhos de 8 a 30mm colocadas no berçário 2

** Sementes com tamanhos de 5 a 7mm colocadas no berçário 1

*Sementes dos berçários 2 e 1 que atingiram tamanhos de 60 a 20mm

colocadas no berçário 2

**Sementes dos berçários 1 e 2 com tamanhos 10 a 15mm remanejadas para o

berçário 1

Tabela II – Esquema do ensaio realizado com sementes de ostra Grassostrea

rhizophorae provenientes do laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade

Federal de Santa Catarina em 08 de julho de 2013.

Localizaçã

o do ensaio

Data do

controle

Quantidade

de semente

Tamanho

da

semente

(mm)

Peso

vivo

médio

(gr)

Parâmetros

físico-

químico da

água

Estuário da

Ilha Rasa,

orla da

comunidade

Ponta do

Lanço –

mesas

ostreicolas

08/07/2013 10.000 1 a 2 920 pH 7,60

Salinidade

30g/l

Temperatura

19ºC

10/09/2013 9.000

750

100

2 a 4

5 a 8

10 a 20

980

120

50

pH 8,30

Salinidade

25g/l

Temperatura

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6

9.850 1150 20ºC

10/10/2013 9.000

850

9.850

3 a 8

10 a 20

1.110

250

1.360

pH 8,20

Salinidade

25g/l

Temperatura

24ºC

19/12/2013 *6.000

* * 160

3 a 10

15 a 25

840

200

1040

pH 7,90

Salinidade

10g/l

Temperatura

28ºC

20/02/2014 **50

**50

10 a 15

20 a 25

280

pH 7,80

Salinidade

20g/l

Temperatura

26ºC

29/04/2014 * *74

20 a 30

340

pH 8,52

Salinidade

25g/l

Temperatura

22ºC

10/06/2014 0 2

14

14

04

07

50

40

30

25

20

80

240

140

22

28

pH 8,21

Salinidade

20g/l

Temperatura

20ºC

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7

** 43

** 40

10 a 15

510

160

670

*Sementes colocadas no berçário 1

**Sementes colocadas no berçário 2 (berçário reservado para controle do crescimento

das sementes).

O ensaio 1 iniciou com um lote de aproximadamente 2.000 sementes de ostra

Crassostrea gazar com tamanhos de 1 a 8mm que totalizaram peso de 200 gramas.

Estas foram colocadas em travesseiro berçário 1 (malha 2/3mm entre nó/diagonal

nominal), medindo 100x50cm. O berçário com as sementes foi colocado sobre mesa

ostreicola com 50cm de altura fixada a uma altura de 2m (altura compreendida na

ocorrência da maré alta e maré baixa), na costa da Ilha Rasa, orla da comunidade

Ponta do Lanço. O ensaio 1 teve a duração de 14 meses e contou do que segue. O

primeiro controle do lote de sementes recebidas foi realizado noventa dias após estas

serem colocadas no berçário, sendo constatando a mortalidade de 4,05% dos

exemplares. Os exemplares vivos foram selecionados por tamanho e pesados.

Destes 60% atingiram o tamanho entre 3 a 5mm e peso 270 gramas; 20% atingiram

tamanho de 10mm e peso de 220 gramas; 20% atingiram tamanho de 10 a 15mm e

peso de 440 gramas, totalizando 1919 exemplares vivos e peso de 930 gramas,

(Figura 1). No segundo controle, após trinta dias, verificou-se mortalidade de 18,82%

dos exemplares. Dos exemplares vivos 57,77% atingiram tamanho entre 4 a 6mm e

peso de 300 gramas; 18,61% atingiram tamanho entre 10 a 15mm e peso de 235

gramas; 10,79% atingiram 20 a 30mm e peso de 280 gramas; 12,83% atingiram 35mm

e peso de 370 gramas, totalizando 1558 exemplares e peso de 1.185 gramas, (Figura

2). No terceiro controle, 30 dias após, constatou-se que não ocorreu mortalidade e

aumento no tamanho dos exemplares, no entanto ocorreu aumento no peso, assim,

57,77% dos indivíduos com tamanhos entre 4 a 6mm pesou 360 gramas; 18,61%

entre 10 a 15mm pesou 235 gramas; 10,79% entre 20 a 30mm pesou 280 gramas e

12,83% de 35mm pesou 380 gramas, totalizando 1558 exemplares e peso de 1360

gramas. No quarto controle, 90 dias após, constatou-se mortalidade de 16,62%. Os

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exemplares vivos foram selecionados por tamanho e redistribuídos em dois berçários.

No travesseiro berçário 1 permaneceram os 490 exemplares com tamanho entre 5 a 7

mm, peso de 200 gramas, correspondendo a 35,58% dos exemplares vivos. No

travesseiro berçário 2 (malha de 4/6mm entre nó diagonal nominal, medindo 100x 50

cm) foram colocados 887 exemplares, correspondendo a 64,42% dos exemplares

vivos. Destes 56,25% com tamanho entre 8 a 10mm, peso de 200 gramas; 25,71%

com tamanho entre 15 a 20mm, peso 280 gramas e 18,04% medindo 30 a 40mm,

peso de 520 gramas, totalizando 1000 gramas, (Figura 3).

Os controles seguidos da separação dos exemplares (berçário 1 e 2)

ocorreram em espaços de sessenta dias.

No primeiro controle do berçário 1 constatou-se mortalidade de 34,90% dos

exemplares. Os exemplares vivos 41,87% com tamanhos entre 3 a 8mm; 14,70% com

tamanho entre 5 a 10mm; 9,09%, tamanho com 15mm de tamanho e 34,34% com

tamanho entre 20 a 25mm pesaram 280 gramas.

Figura 1- Sementes de ostra com 90 de berçário.

Fonte: Marlene F. G. Mortagua Walflor, 2013.

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Figura 2 – Sementes com 120 dias de berçário.

Foto; Marlene F. G. Mortagua Walflor, 2013

No segundo controle do berçário 1, verificou-se aumento no número de

exemplares (34,90%), totalizando 407 exemplares. Destes 73,70% com tamanhos

entre 10 a 15mm; 18,42% com tamanhos de 20mm e 7,86% com tamanhos entre 25 a

35mm, totalizando 380 gramas.

Figura 3 – Sementes com 240 dias no berçário.

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor, 2014

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No primeiro controle do berçário 2 constatou-se mortalidade de 66,52% dos

exemplares. Dos exemplares vivos, 21,96% com tamanho entre 15 a 20mm, pesaram

140 gramas; 21,88% com tamanho entre 25 a 30mm pesaram 220 gramas; 49,16%

com tamanho entre 35 a 40mm pesaram 960 gramas. Ao todo, os 297 exemplares

vivos pesaram 1320 gramas. No segundo controle deste berçário verificou-se aumento

no número de exemplares (40,80%), totalizando 436 exemplares. Destes 45,88% com

tamanhos entre 5 a 15mm, peso 160 gramas; 18,34%, com tamanhos de 20mm, peso

260 gramas; 35,78% com tamanhos entre 35 a 55mm, peso 1840 gramas, totalizando

2.260 gramas no conjunto (Foto 4). No terceiro controle constatou-se que

aproximadamente 50% dos exemplares com tamanho entre 20 a 70mm pesaram 2745

gramas (Foto 5) e os demais com tamanho de 10 a 15mm pesaram 340 gramas. Os

exemplares que atingiram tamanho de 70mm apresentaram 50mm de largura e 25mm

de profundidade (distância entre as duas valvas) e peso de 32 a 35 gramas (Figuras

6,7,8).

Figura 4 – Primeiro controle do berçário 2

Foto: Marlene F.G. Mortagua Walflor

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Figura 5 – Segundo controle do berçário 2

Foto: Marlene F.G. Mortagua Walflor

Figura 6 – Tamanho da semente com 12 meses no berçário.

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

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Figura 7 - Largura da semente após 12 meses no berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

Figura 8 - Profundidade da semente após 12 meses no berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

O ensaio 2 iniciou com um lote de aproximadamente 10.000 sementes de ostra

Crassostrea rhizophorae com tamanho de 1 a 2mm e peso de 920 gramas. Estas

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foram colocadas em travesseiro berçário 1 (malha 2/3- entre nó/diagonal nominal),

medindo 100x50cm. O berçário com as sementes foi colocado sobre mesa ostreicola

com 50cm de altura fixada a uma altura de 2m (altura compreendida na ocorrência da

maré alta e maré baixa), na costa da Ilha Rasa, orla da comunidade Ponta do Lanço.

O ensaio 1 teve a duração de 12 meses e contou do que segue.

O primeiro controle foi realizado sessenta dias após a fixação do berçário.

Constatou-se mortalidade de 15% das sementes. Dos exemplares vivos 91,37%

atingiram tamanho entre 2 a 4mm e 980 gramas; 7,61% tamanho entre 5ª8mm e 120

gramas; 1,01% com tamanho entre 10 a 20mm, 50 gramas, totalizando 9850

exemplares e 1150 gramas (Figura 9). No segundo controle, 30 dias após, não ocorreu

mortalidade. Constatou-se que 91,37% dos exemplares atingiram tamanho entre 3 a 8

mm e 1110 gramas; 8,63% tamanho entre 10 a 20mm e 200 gramas, totalizando 1360

gramas, (Figura 10). No terceiro controle realizado sessenta dias após, verificou-se

mortalidade de 37,47%. Dos exemplares vivos 97,40% atingiram tamanho entre 3 a

10mm peso 840 gramas e 2,60% tamanho entre 15 a 25mm e peso 200 gramas,

totalizando 6.160 exemplares e peso de 1040 gramas. Considerando a quantidade de

sementes nesse controle os exemplares foram separados em dois berçários de porte

1.

Figura 9 – Sementes com 60 dias no berçário.

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

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Figura 10 - Sementes com 180 dias no berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

No primeiro foram colocadas 6.000 sementes (exemplares) com tamanho

entre 3 a 10mm e no segundo 160 sementes com tamanho entre 15 a 25mm. Os

controles seguintes, foram realizados no segundo berçário, com intervalos de sessenta

dias. No primeiro controle verificou-se a mortalidade de 37,50%. Dos exemplares

vivos, 50% atingiram tamanho entre 10 a 15mm e 50% tamanho entre 20 a 25mm,

totalizando 100 exemplares e 280 gramas, (Figura 11). No segundo controle

constatou-se mortalidade de 26%. Os 74 exemplares vivos atingiram tamanhos entre

20 a 30mm e peso de 340 gramas, (Figura 12). No terceiro controle constatou-se que

aproximadamente 50% dos exemplares com tamanho entre 20 a 50mm pesaram 510

gramas e os demais com tamanho de 10 a 15mm pesaram 160 gramas. Os

exemplares que atingiram tamanho de 50mm apresentaram 35mm de largura e 20mm

de profundidade (distância entre as duas valvas) e peso de 40 gramas (Figuras 13,14

e 15).

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Figura 11 - Sementes – 1º controle do 2º berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

Figura 12 - Sementes 2º controle do 2º berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

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Figura 13 - Tamanho da semente após 12 meses no berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

Figura 14 - Largura da semente após 12 meses no berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

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Figura 15 - profundidade da semente após 12 meses no berçário

Foto: Marlene F. G. Mortagua Walflor

Nas aferições dos parâmetros físico químicos, Temperatura (ºC); Salinidade

(g/l); e pH, no local do cultivo, utilizou-se do termômetro de mercúrio, do refratômetro e

do peagâmetro, respectivamente.

Nos dois ensaios, os berçários com as sementes, foram retirados do local de

cultivo (dias de maré enchente e vazante), lavados com água do local e transportados

para a sala de seleção e classificação de ostras para a aferição de dados biométricos.

O peso vivo dos exemplares selecionados foi verificado por meio de uma balança de

precisão (+/- 0,001g), e o tamanho por meio de um paquímetro (precisão de um

milímetro). No último controle foi verificado o tamanho da ostra intacta (dimensão

máxima entre o umbo e a face oposta a este); largura (dimensão máxima,

perpendicular ao tamanho), e profundidade (distância máxima entre as duas valvas, na

ostra intacta).

3. Resultados e Discussão

No ensaio 1 a mortalidade registrada foi em torno de 12%. Verificou-se que as

sementes de 1 a 8mm com peso de 0,1g atingiram tamanhos de 15 a 55mm e peso

entre 1,0 a 12g. Das sementes em crescimento apenas 33% atingiram o tamanho de

juvenil no período de 12 meses.

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No ensaio 2 a mortalidade registrada foi de aproximadamente 37%. As

sementes de 1 a 2mm com peso de 0,09g atingiram tamanhos de 10 a 30mm e peso

entre 0,14 a 4,5g. Das sementes em crescimento 46% atingiram o tamanho juvenil no

período de 12 meses.

A aferição dos parâmetros físico-químico da água do local de cultivo mostrou que o pH

se situou entre 7,5 a 8,5 e que, a variação na salinidade indica que se trata de uma

zona estuarina, mudando conforme a fase da maré (enchente ou vazante), na altura

em que foi realizada a aferição dos referidos parâmetros. A temperatura da água

variou entre 19º a 28º C.

4. Conclusão

As sementes de ostras Crassostrea rhizophorae e Crassostrea gazar de

calibres de 1 a 8mm, colocadas para crescimento no estuário da Baia das Laranjeiras

(Ilha Rasa), suportaram bem as variações do meio registradas no período do estudo.

Constata-se, nos dois ensaios, que as sementes apresentaram significativo

crescimento e ganho de peso atingindo o tamanho juvenil em 12 meses.

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5. Referências Bibliográficas

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