manual de criação de ostras

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Cultivo de ostras – 1

Sumário

1. Introdução ................................................................................... 3Espécies ........................................................................................................ 3Ciclo de vida ................................................................................................ 5

2. Seleção do local ............................................................................ 6Aspectos legais ............................................................................................. 6Salinidade .................................................................................................... 7Produtividade primária ................................................................................ 8Temperatura da água .................................................................................... 9Condições de fundo ..................................................................................... 9Poluição ....................................................................................................... 9Marés vermelhas ........................................................................................ 10Renovação da água .................................................................................... 10Ação de ventos, ondas e correntes marinhas .............................................. 10Áreas de navegação marítima..................................................................... 11Proximidade aos grandes centros urbanos ................................................. 11Áreas de pesca ........................................................................................... 11

3. Obtenção de sementes ............................................................... 12Em laboratório ............................................................................................ 12Com coletores ............................................................................................ 12Assentamento remoto ................................................................................ 14

4. Sistemas de cultivo ...................................................................... 15Tipos de cultivo .......................................................................................... 17

5. Manutenção do cultivo ............................................................... 18Manejo ....................................................................................................... 18Organismos incrustantes, predadores e parasitas ....................................... 21Predadores ................................................................................................. 22Parasitas ..................................................................................................... 24Doenças ..................................................................................................... 25

6. Colheita ...................................................................................... 26Manejo ....................................................................................................... 27Transporte .................................................................................................. 28

7. Desenvolvimento de um plano de negócio ................................. 29

2 – Manuais BMLP de maricultura

Série Maricultura

Cultivo de Ostras

EdiçãoLúcia Valente

Baseado em textos originais daPEREIRA, A.; TEIXEIRA, A. L.; POLI, C. R.; BROGNOLI, F. F.; SILVA, F. C.da;RUPP, G. S.; SILVEIRA JR, N.; ARAÚJO, S. C. Biologia e Cultivo de Ostras.Florianópolis: UFSC. 1998. 70p.

Produção e EditoraçãoMultitarefa (Paula Arend Laier e Vinícius Carvalho)

CapaCultivo de ostras no Ribeirão da Ilha, produtor Ademir dos Santos. Foto deLúcia Valente.

IlustraçõesIlustrativa (André Valente, Eduardo Belga e Paulo Faria)

Projeto GráficoCesar Valente

ImpressãoGráfica Agnus

A série Maricultura compõe-se de cinco manuais, publicada pelo BMLP(Brazilian Mariculture Linkage Program – Programa Brasileiro de Intercâmbioem Maricultura)

Jack Littlepage – Diretor GeralPatricia Summers – Gerente de ProjetosCarlos Rogério Poli – Diretor no Brasil e responsável técnico editorial da coleção

Endereço: [email protected]ÇÃO GRATUITA – VENDA PROIBIDA

2003

Cultivo de ostras – 3

1. Introdução

Este manual foi feito para ajudar pessoas que que-

rem iniciar uma produção de ostras ou que já estão pro-

duzindo, mas que com alguma orientação, podem me-

lhorar seu negócio.

Quando as pessoas que estudam ostras, por exemplo,

se encontram com produtores podem trocar informações

e aprimorar seu trabalho. Todos

sempre acabam ganhando, ensinan-

do e aprendendo.

Este manual não tem intenção

de ensinar ou de falar de tudo, mas

pode ajudar estas pessoas a acha-

rem um melhor caminho.

Espécies

Ostras são moluscos bivalves que

pertencem ao Phillum Mollusca e à Clas-

se Bivalvia. As duas espécies mais encontradas no Brasil

são a Crassostrea rhizophorae e a Crassostrea gigas.

4 – Manuais BMLP de maricultura

A Crassostrea rhizophorae, ou ostra nativa, também

é chamada por alguns de Crassostrea brasiliana. Normal-

mente, vive nas águas de manguezais ou em regiões estu-

arinas. Estes locais se caracterizam por terem águas com

baixa salinidade e são conhecidas como águas salobras.

A outra espécie é a ostra do Pacífico, também conhe-

cida como ostra japonesa, cientificamente denominada

Crassostrea gigas. Estas ostras, apesar de serem originári-

as de lugares mais frios, adaptaram-se muito bem às águas

frias do litoral catarinense.

As ostras possuem duas valvas, ou duas conchas, sen-

do que as ostras de boa aparência devem ter um lado côn-

cavo, enquanto o outro lado é bem plano. Estas característi-

cas dizem que uma ostra foi criada com o manejo correto,

provém de boas sementes e teve espaço suficiente para cres-

cer. Elas possuem também um músculo muito forte, chama-

do de adutor, que mantém as valvas fechadas e protegidas

contra qualquer ameaça externa.

As ostras são animais filtradores e costumam manter

parte das suas valvas ligeiramente abertas, por onde

entra a água com a sua alimentação. Nestas horas,

o músculo fica relaxado, mas, ao menor sinal de

perigo, se contrai, fechando as valvas fortemente. Uma

mesma espécie de ostra pode viver em muitos ambientes

tais como baías, estuários, rios, enseadas e mar aberto.

Ostra nativa

Ostra do Pacífico

Cultivo de ostras – 5

Ciclo de vida

Durante a sua vida, a ostra pode ser fêmea e depois ma-

cho, e ir se alternando entre ser macho e fêmea, até o dia de

sua morte. As ostras jovens são, na maioria, machos. Depois

da primeira desova elas poderão ser tanto machos quanto

fêmeas. Geralmente ostras mais velhas (ou adultas) são fê-

meas, mas elas podem trocar de sexo mais ou menos aleato-

riamente, dependendo das condições de alimento, etc. Uma

boa parte delas são hermafroditas. Boas condições ambien-

tais fazem mais fêmeas.

Nas épocas de reprodução, a fecundação se dá no meio

ambiente. A reprodução é externa, pois acontece na água.

Nesta ocasião, uma ostra inicia a liberação dos ovócitos

ou esperma na água. Isto faz com que todas as ostras que

estejam próximas formando o “banco de ostras” iniciem o

processo simultâneo de desova. A desova de apenas uma

ostra funciona como uma espécie de gatilho que dispara o

aviso de que é a hora de se reproduzirem.

Da fecundação nasce uma larva que é livre e nada cons-

tantemente no plâncton. Fica neste estágio uns vinte dias,

dependendo da temperatura da água, passando por diferen-

tes fases de vida denominadas de véliger e pedivéliger, quan-

do então se forma um pé com o qual ela busca, tateando, um

substrato onde se fixar. Aí viverá para sempre, se esta fixa-

ção ocorrer no meio ambiente e de forma natural.

Véliger: segunda fase da larva, quandocomeça a apresentar uma conchinhaem forma de “D”.

Pedivéliger: estágio larval no qual o péfica ativo na busca de local para afixação

6 – Manuais BMLP de maricultura

2. Seleção do local

As ostras se desenvolvem bem em diversos ambientes

costeiros, mas deve-se considerar alguns fatores que po-

dem limitar seu cultivo. Os mais importantes são a tecno-

logia de cultivo e a poluição ambiental. Além destes, quan-

do se escolhe um local para criar ostras, deve-se também

estar atento para outros fatores enumerados a seguir:

Aspectos legais

Toda atividade que usa recursos naturais, como o

mar por exemplo, deve seguir a lei.

Existem algumas orientações obrigatórias para

que a atividade cresça, mas não prejudique o

meio ambiente e as pessoas da comunidade. São

regulamentos federais e estaduais que a organi-

zam e que devem ser seguidos pelo produtor.

No estado de Santa Catarina, por exemplo, o

órgão responsável pela licença ambiental da atividade é a

FATMA (Fundação Estadual do Meio Ambiente) da Secreta-

ria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambien-Licença ambiental: autorização de

órgãos ambientais do governo para aextração de recursos naturais.

Cultivo de ostras – 7

te. Em outros estados deve-se procurar a Secretaria da Agri-

cultura ou o serviço de extensão local.

Em Santa Catarina, para conseguir esta licença são

necessários vários documentos, mas o órgão que ajuda e

orienta o produtor é a Epagri. Antes de pagar por qual-

quer serviço de regularização de sua área consulte um

técnico da Epagri.

Salinidade

Existem ambientes junto à costa cuja salinidade va-

ria bastante, de zero a 35‰, resultado dos regimes de

chuvas e marés. Os locais mais variáveis geralmente fi-

cam próximos a desembocadura de rios. A salinidade é

mais instável em lagoas costeiras e baías, porém em ambi-

entes de mar aberto ela é mais estável.

A ostra do Pacífico cresce e se desenvolve muito bem

em ambientes com salinidade de 18 a 32‰. Quando a

salinidade varia um pouco acima ou um pouco abaixo

destes valores, ela também sobrevive, porém seu cresci-

mento é afetado, ficando mais lento. Deve-se ter bastan-

te cuidado ao escolher locais próximos a rios e mangue-

zais, onde a salinidade pode permanecer próxima a zero

por longos períodos, por causa das chuvas torrenciais,

causando mortalidade.

8 – Manuais BMLP de maricultura

Produtividade primária

As ostras se alimentam filtrando a água e capturando

organismos microscópicos: fitoplâncton, que são micro-

algas, zooplâncton, que são os protozoários e ainda partí-

culas orgânicas, ou detritos, todos eles espalhados no am-

biente marinho. Chama-se de produtividade primária essa

oferta de alimento existente no ambiente. Os ventos e as

correntes levantam sedimentos do fundo e movimentam

as águas. Estes nutrientes servem como adubo aos micro-

organismos, que, por sua vez, servirão de alimento às os-

tras. As microalgas são os alimentos mais importantes para

os moluscos. Para medir a produtividade de um local, ve-

rifica-se a quantidade de “clorofila a”, ou a quantidade de

biomassa fitoplântica num certo volume de água. Mas,

sabe-se, com certeza, que os locais mais ricos são as regi-

ões costeiras, principalmente onde existem rios.

Clorofila a: é uma das pigmentações dofitoplâncton e existe em todos osorganismos fotossintetizantes.

Biomassa fitoplântica: conjunto deseres vivos composto por organismosautótrofos clorofilados querepresentam importante papel nacadeia alimentar do meio aquático.

Cultivo de ostras – 9

Temperatura da água

Como a temperatura da água influencia no metabolis-

mo das ostras e a ostra do Pacífico é originária de um clima

temperado, mais frio, ela cresce melhor no inverno. A tem-

peratura ideal, portanto, é de 14,5 °C. Durante o verão, quan-

do a temperatura sobe até 28°C estas ostras diminuem ou

interrompem seu crescimento, podendo, às vezes, morrer.

Condições de fundo

Deve-se observar se o local tem fundo lodoso, pois alia-

do a outras condições, pode causar mortalidade de verão.

Poluição

A poluição é um fator muito importante e que deter-

mina a qualidade final do produto. Há leis no Brasil que

regulamentam sobre áreas próprias para cultivo. Assim,

antes de iniciar o cultivo, o produtor deve ter certeza de

que o local escolhido é apropriado. Um local pode ser po-

luído por esgotos, áreas industriais despejando metais pe-

sados, óleo de barcos ou navios, substâncias tóxicas e ain-

da, pesticidas agrícolas usados em agricultura e que, com

as chuvas, correm para o mar. As conseqüências destes

fatores são muito prejudiciais à saúde humana.

10 – Manuais BMLP de maricultura

Marés vermelhas

As marés vermelhas consistem num processo de re-

produção descontrolada de microorganismos marinhos de

natureza planctônica, cuja atividade metabólica descar-

rega na água do mar grande quantidade de tóxicos res-

ponsáveis por considerável mortandade de peixes e ou-

tros organismos aquáticos. Durante o fenômeno, a água

do mar assume uma coloração, às vezes, avermelhada que

justifica o nome da manifestação: maré vermelha.

Os moluscos, ao se alimentarem desses organismos

acumulam em seus tecidos altas taxas de toxinas que não

lhes causam mal. Mas, o homem, ao ingerir estes molus-

cos contaminados, pode sofrer sérios riscos de saúde.

Renovação da água

Locais com pouca renovação ou circulação de água

podem trazer como conseqüência falta de alimento para

os moluscos.

Ação de ventos, ondas e correntes marinhas

Estes agentes ou forças da nature-

za quando em excesso, podem inviabi-

lizar um local para cultivo. Portanto, ao

fazer a seleção do local para o futuro

Cultivo de ostras – 11

cultivo, deve-se dar preferência a locais abrigados de

ventos, ondas e correntes marinhas onde os moluscos

podem se desenvolver adequadamente e as estruturas

possam suportar por longo tempo.

Áreas de navegação marítima

Locais com muita movimentação de barcos, além de

prejudicar os cultivos, são descartados por estarem proi-

bidos pela legislação.

Proximidade aos grandes centros urbanos

Instalar o cultivo próximo a cidades maiores pode

auxiliar ao produtor a vender seu produto mais facilmen-

te e pagar menos pelo transporte. No entanto, ao fazer esta

escolha deve-se ter em mente que, justamente, os locais

mais populosos podem ter maior quantidade de águas po-

luídas.

Áreas de pesca

Existem áreas no litoral que são pro-

pícias e liberadas para a pesca. Estes lo-

cais devem ser evitados para cultivo.

12 – Manuais BMLP de maricultura

3. Obtenção de sementes

Em laboratório

Para o cultivo de ostras que não são nativas de uma

região, como é o caso da Ostra do Pacífico, é necessário

obtê-las, comprando as sementes em algum lugar que ga-

ranta sua procedência. O laboratório é o local onde se in-

duz a reprodução das ostras artificialmente para obter se-

mentes. Em Santa Catarina, o Laboratório de Cultivo de

Moluscos Marinhos, da Universidade Federal de Santa

Catarina, situado na Barra da Lagoa, em Florianópolis, pro-

duz e vende sementes de ostras aos produto-

res, com alto padrão de qualidade. Em outros

estados, procure o serviço de extensão local.

Com coletores

A ostra nativa vive normalmente em man-

guezais e em rios que desembocam no mar. As

sementes são encontradas facilmente aderidas

às raízes da árvores dos mangues. Estas forma-

Coletores de conchas

Cultivo de ostras – 13

ções recebem denominações específicas: por exemplo, na

Bahia, são chamadas de quizambas. Até algum tempo atrás

os produtores de ostra nativa costumavam simplesmente

coletar estas sementes e colocar nas lanternas para

engorda. Com o passar do tempo, as ostras começa-

ram a se reproduzir ao redor do cultivo e os produ-

tores iniciaram experimentos com diversos tipos de

coletores. Podem ser usados colares de conchas de

ostras, pedaços de cordas, pedaços de bambu, garrafas plás-

ticas tipo “pet”, enfim, qualquer material barato, de fácil

acesso, não tóxico, pode ser usado para que as sementes

fiquem aderidas.

Quizamba

Coletores “PET”

14 – Manuais BMLP de maricultura

Assentamento remoto

Uma outra opção é utilizar o assentamento remoto, que

é uma técnica amplamente utilizada no exterior para redu-

zir os custos de produção de ostras. Em lugar de comprar

sementes de ostras, os produtores adquirem as larvas ain-

da no estágio de larva olhada e induzem seu assentamento

em suas próprias instalações de cultivo.

Diferentes metodologias são usadas neste processo. Al-

guns produtores fazem a fixação das larvas olhadas em con-

chas de ostras velhas, acondicionadas ou não em bolsas fei-

tas com redes. Outra maneira é o assentamento em pó de

concha, no qual, depois das larvas olhadas assentadas, fi-

cam em locais próprios (upwellers) recebendo alimentação

até atingirem 500 µ. Depois de fixadas, são levadas para o

local de cultivo e ali completam seu crescimento.

Podem ser utilizados, como berçários, já no mar, as

redes berçários ou os baldes flutuantes. A técnica dos bal-

des flutuantes (“bouncing buckets”), consiste na utilização

de baldes de plástico de 20 litros, adaptados, substituindo-

se o fundo por telas de 500 µ ou 1.000 µ. Na parte superior

são colocados discos de isopor com espessura de 5 cm para

fazer a flutuação. Nestes baldes são colocadas as sementes

menores que 2,0 Hd e a sua construção permite que haja

uma circulação vertical da água (upweller) e evita a sedi-

mentação e compactação das ostras no fundo.

Larva olhada: quando atinge a idadeaproximada de 15 dias, a larva daostra do Pacífico mede em torno de300 µ e apresenta um ocelo, ouolho. O surgimento desse órgãoindica que o assentamento estápróximo.

Assentamento remoto

Baldes flutuantes

Cultivo de ostras – 15

4. Sistemas de cultivo

Existem vários sistemas que possibi-

litam o cultivo produtivo de ostras. Al-

guns deles, ao longo do tempo, demons-

traram maior índice de produtividade,

vantagens, baixo custo, etc. À medida que

o produtor se familiariza com o cultivo,

pode e deve experimentar melho-rias e

aperfeiçoamentos que sejam vantajosos

para seu negócio. Os sistemas podem ser

de fundo e suspensos. Os cultivos sus-

pensos podem ser fixos (mesa) e flutu-

antes (espinhel – long-line

– e balsa).

Existem vários equipamentos usados

para engordar as ostras e que ficam presos às

estruturas de cultivo. Eles podem ser lanter-

nas, travesseiros, caixas, bandejas, etc.

Lanterna

Bandeja

Travesseiro

Caixa

16 – Manuais BMLP de maricultura

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Cultivo de ostras – 17

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18 – Manuais BMLP de maricultura

5. Manutenção do cultivo

Manejo

O manejo de um cultivo de ostras é

simples, desde que sejam seguidos alguns

procedimentos básicos. O produtor pode

aprimorar, com o passar do tempo, a téc-

nica empregada e os equipamentos usados

no cultivo, à medida em que ele próprio

vê como pode melhorar seu trabalho. O

material usado deve ter um baixo custo,

ser durável e fácil de usar.

Primeira fase – manejo das sementes

As sementes que vão para o mar nas estruturas,

geralmente têm um tamanho entre 7 e 10 mm de al-

tura, por isso a malha destas estruturas não deve ser

maior que 1 mm. Nesta etapa, podem ser usadas cai-

xas monoblocos vazadas, revestidas com tela de mos-

quiteiro ou lanternas feitas com malhas utilizadas na

confecção de bonés (geralmente um material barato e

Cultivo de ostras – 19

fácil de ser encontrado no mercado). Estas são as lan-

ternas-berçário.

Ainda são usadas caixas de madeira com o fun-

do e a tampa de tela de mosquiteiro, mas não são

nem duráveis nem confiáveis. O máximo cuidado

deve ser tomado nesta fase, quando, em geral, colo-

cam-se muitas sementes num só recipiente.

Segunda fase – juvenis

Quando as sementes estão quase com 4 cm são

chamadas de juvenis. Separam-se as sementes utili-

zando peneiras com uma malha superior àquela que

vai ser usada nos petrechos de cultivo.

Este é um procedimento que previne a perda de

sementes. Agora também poderão ser usadas caixas

monoblocos vazadas revestidas com malhas plásti-

cas de 9mm ou lanternas com malhas de 5 mm

entrenós, chamadas lanternas interme-

diárias. Nesta fase cada os-

tra precisa de mais espaço

para crescer. Por isso, deve-

se cuidar ao colocar a

quantidade adequada de os-

tras por andar da lanterna.

20 – Manuais BMLP de maricultura

Terceira fase – terminação ou engorda

Quando as ostras atingem 6 cm, passam para esta

fase, que será a última antes da venda. A malha usa-

da é de 8 mm entrenós.

A observação semanal das condições das lanter-

nas e do crescimento das ostras é fundamental neste

período. Deve-se ter cuidado principalmente com a

presença de organismos vivos indesejáveis e ainda

com o acúmulo de lodo na malha, o que impede

a circulação da água.

Sem a observação constante do produtor,

podem se acumular vários problemas,

como ataque de predadores e de or-

ganismos incrustantes que impe-

dem o desenvolvimento das ostras

e podem até levá-las à morte.

Nesta fase, atualmente, para

uma limpeza efetiva das ostras e das

lanternas são utilizadas as bombas de

limpeza, um hidro-compressor ou moto-bomba. Em

locais onde não é possível usar estes equipamentos,

deve-se fazer a raspagem manual. As lanternas são

deixadas ao ar, para secagem, eliminação e morte

dos organismos indesejáveis, facilitando em segui-

da a raspagem.

Cultivo de ostras – 21

Organismos incrustantes,predadores e parasitas

Conjunto de organismos que se fixam nas estruturas

que permanecem na água por algum tempo. Estes orga-

nismos podem se fixar em barcos, bóias, trapiches, nas

estruturas de cultivo de ostras, como os flutuadores, bom-

bonas, lanternas, caixas, cordas, cabos, etc.

A conseqüência destes organismos para o cultivo de

ostras é que eles competem por espaço, por alimento e

aumentam bastante o peso das lanternas, por exemplo,

dificultando o seu manejo.

A presença destes organismos limita severamente ou

impossibilita o cultivo, já que o seu combate, além de tra-

balhoso aumenta os custos para o produtor.

Como parte destes organismos pode-se citar, entre ou-

tros as ostras nativas, a craca, briozoários e o mijacão. É

importante para o produtor identificar os períodos de fixa-

ção de cada espécie para poder combatê-los. Alguns méto-

dos de controle eficientes nestes casos são a exposição ao

ar livre, ao sol, a imersão em água doce e ainda, em alguns

casos mais severos, a remoção mecânica, com raspagem,

atrito com o uso de rolo e limpeza com jato d’água.

22 – Manuais BMLP de maricultura

Predadores

São considerados predadores todos os seres que ata-

cam e matam outros com a finalidade de devorá-los.

Planária

São vermes achatados, bentônicos, que se alimen-

tam da carne de outros animais. Costumam atacar

ostras pequenas e dificilmente atacam ostras adul-

tas e saudáveis. Para liquidá-las, basta imergir as lan-

ternas por 20 minutos em água doce, procedimento

suportável pelas ostras sem prejuízo.

Caramujo peludo

É um predador chamado cientificamente de Cy-

matium parthenopeum cuja fêmea deposita cápsu-

las de ovos sobre o substrato. Após alguns dias, li-

bera as larvas que sobrevivem durante longo tem-

po no plâncton até a metamorfose, que ocorre den-

tro da presa, quando dá forma ao pequeno caramu-

jo que come toda a ostra. A única forma de removê-

lo é manualmente.

Cultivo de ostras – 23

Caramujo liso

Responsável pela morte de milhares de ostras nos

Estados Unidos, o caramujo Thais haemastoma não

mata grandes quantidades em Santa Catarina, por

exemplo. Desenvolve-se de maneira semelhante ao

caramujo peludo, mas a predação ocorre de duas ma-

neiras diferentes: perfurando a concha da ostra com

uma substância que a desmineraliza e com o pé, for-

çando a abertura das valvas. A maneira utilizada para

destruí-lo é a catação manual e recomenda-se exposi-

ção ao ar ou imersão das lanternas em água doce.

Caranguejos e siris

São os crustáceos decápodes, bentônicos, que se

escondem em tocas de pedras ou ficam enterrados

no fundo do mar. Eles nadam até as lanternas

ou caixas penduradas e com suas garras

podem cortar e esmagar as ostras, princi-

palmente as menores. Para controlar seu

ataque, sugere-se captura com armadi-

lhas e iscas e ainda envolver as lanter-

nas com uma tela plástica, do tipo sombrea-

mento, com 9 milímetros de abertura de malha.

Caramujinho

São ectoparasitas de ostras que se alimentam do

fluído do corpo dos hospedeiros ocasionando danos

24 – Manuais BMLP de maricultura

na borda do manto, o que resulta em deformações

nas conchas. O seu controle pode ser feito pela lava-

ção e peneiramento semanal das sementes.

Outros animais predadores

Peixes, como o miraguaia e o baiacu, estrela-do-

mar, aves e a lontra.

Parasitas

Chama-se parasita uma espécie que se instala no cor-

po de outra, dela retirando material para sua nutrição e

causando-lhe, em conseqüência, danos de gravidade va-

riável. Os parasitas provocam doenças que, muitas vezes,

levam o indivíduo parasitado à morte.

A presença destes organismos limita severamente ou

impossibilita o cultivo, já que o seu combate, além de tra-

balhoso aumenta os custos para o produtor.

Broca-de-ostra

Este mitilídeo escava as conchas dos moluscos e

à medida que cresce, pode levar as ostras à morte.

Não existem estratégias de controle eficientes.

Cultivo de ostras – 25

Polidora

É um poliqueta que com a formação de tubos e

galerias enfraquece as conchas dos moluscos. Cau-

sa grande prejuízo na aparência das ostras e de-

precia o produto para o mercado. O seu controle

pode ser feito pela exposição ao sol, ao ar e trans-

ferência para locais com menor quantidade de ma-

teriais suspensos na água e, ainda, a imersão das

ostras em água doce.

Doenças

Mortalidade em massa de verão

Três fatores combinados ocasionam um fenôme-

no muito prejudicial às ostras: ambientes com alta

produtividade primária, alta temperatura e fundo lo-

doso, causam a morte em massa das ostras, a cha-

mada “mortalidade em massa de verão”. O produtor

deve estar atento para estas características do local e

observar se há grandes perdas durante o verão numa

certa região. A melhor solução é vender toda a pro-

dução antes que isto aconteça ou restringir a época

de cultivo até dezembro, não entrando no verão.

26 – Manuais BMLP de maricultura

6. Colheita

A colheita da Ostra do Pacífico pode ser feita a par-

tir do sexto mês de cultivo quando ela atinge o tamanho

comercial, de 8 cm de comprimento. Além do tamanho

comercial, as ostras deverão estar “gordas” e com o sabor

“adocicado”, características muito apreciadas entre os

consumidores mais exigentes.

Depois de colhidas, as ostras devem ser bem lava-

das, de preferência com jato de água forte (hidro-com-

Cultivo de ostras – 27

pressor ou moto-bomba) e escovadas para remoção de

toda lama e dos organismos incrustantes. Embora as os-

tras resistam muito bem fora d’água por até sete dias,

recomenda-se o transporte em caminhões ou pick-ups

isotérmicos (5 a 15° C) evitando a exposição direta ao

sol. Também podem ser acondicionadas em caixas

de isopor, com gelo cobrindo as ostras. Para se-

rem comercializadas em outros estados, as os-

tras devem ter certificado de inspeção sanitária

(SIF-Serviço de Inspeção Federal) emitido pelo

Serviço de Inspeção de Produto Animal (SER-

PA) do Ministério da Agricultura.

Manejo

A higiene é muito importante quando se lida com

ostras ou outro tipo de alimento. As regras básicas para

manuseá-los são:

manusear rapidamente

manter frio

manter limpo

As pessoas envolvidas no manejo das ostras devem

observar sempre:

Lavar as mãos antes e depois de cada interrupção

do trabalho, depois de usar o banheiro e depois de mexer

em materiais contaminados.

28 – Manuais BMLP de maricultura

Usar aventais limpos, botas e proteção para os

cabelos.

Manter as unhas curtas, limpas e sem esmalte.

Manter os cabelos limpos e presos.

Evitar o uso de objetos de adorno, como pulseiras,

anéis, aliança, relógios e colares.

Evitar atos não higiênicos como:

tossir sobre alimentos,

secar o suor com as mãos,

coçar a cabeça,

introduzir dedos na orelha, nariz e boca.

Transporte

O transporte das ostras para comercialização deve ser

feito rapidamente, se possível utilizando veículos com re-

frigeração. Deve-se evitar expô-las ao sol e procurar utili-

zar embalagens adequadas, se for o caso.

Cultivo de ostras – 29

7. Desenvolvimento de umplano de negócio

O maricultor não precisa de um curso de administra-

ção para cuidar do seu negócio. Mas precisa saber quanto

gasta com seu cultivo para, no final do processo, quando

vender o produto, calcular o seu lucro.

Basicamente, deve anotar todas as despesas que tem

com o cultivo criando, por exemplo, um caderno de apon-

tamentos, guardando as notas fiscais.

Existem algumas despesas básicas que relacionamos

abaixo para lembrar:

Primeiro ano

MATERIAL QUANT.VALOR

UNITÁRIOEM REAIS

VALORTOTAL

EM REAIS

Bombonas plásticas 50 2,00 100,00

Lanternas 200 10,00 2.000,00

Corda nylon 22mm 120m 1,00 120,00

Corda nylon 6mm 600m 0,20 120,00

Poitas de cimento 250kg 2 20,00 40,00

Barco de 4,5m 1 1.200,00 1.200,00

Motor de 8 Hp 1 1.800,00 1.800,00

Sementes 200 mil 2.400,00

Raspadeira, caixa plástica,luvas, sacos, malha, etc

– 50,00

TOTAL – 7.830,00

30 – Manuais BMLP de maricultura

DESCRIÇÃO QUANT./VALOR

Produção estimada aproxim. 6.000 dz

Preço médio por dúzia 3,50

Ganhos 21.000,00

Gastos 7.830,00

Lucro na safra 13.170,00

MATERIAL QUANT.VALOR

UNITÁRIOEM REAIS

VALORTOTAL

EM REAIS

Sementes 200 mil 2.400,00

Raspadeira, caixa plástica,luvas, sacos, malha, etc

– 50,00

TOTAL – 2.450,00

DESCRIÇÃO QUANT./VALOR

Produção estimada aproxim. 6.000 dz

Preço médio por dúzia 3,50

Ganhos 21.000,00

Gastos 2.450,00

Lucro na 2a safra 18.550,00

Lembre-se que só dá uma safra a cada seis meses:R$ 13.170,00 ÷ 6 = R$ 2.195,00 (lucro mensal)

Lembre-se que só dá uma safra a cada seis meses:R$ 18.550,00 ÷ 6 = R$ 3.091,00 (lucro mensal)

Segundo ano

Embora este manual tenha procurado explicar deta-

lhadamente os vários passos de um cultivo, não deixe de

procurar ajuda técnica especializada. E boa sorte.