credito à economia moçambicana

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Um estudo acerca da estrutura do crédito à economia moçambicana.A study that analise the structure of credit distibution to the mozambican economy. Credit to mozambique economy. Se quiser uma cópia deste documento faça a requisição nos comentários deixando o seu contacto.If you want a copy of this document leave a comment requesting and leaving laso the contacts info.

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Page 1: Credito à economia Moçambicana

Instituto Superior de Transportes e

Comunicações

Trabalho de Investigação

Crédito em Moçambique

Discentes:

Catarina Bebe no. 03

Inícia Xavier no. 14

Natália Vaz no. 21

Soraya Coscione no. 28

Docente: Dr. Armindo Nhabinde

Cadeira: Sistemas e Mercados Financeiros

Maputo, Maio de 2007

Page 2: Credito à economia Moçambicana

Índice

Introdução ......................................................................................... 3

Origem e evolução histórica do crédito ............................................ 5

Definição e conceitos básicos .......................................................... 6

Modalidades de crédito ..................................................................... 6

Em função da origem, natureza ou área de aplicação .................... 7

Crédito Bancário ............................................................................. 11

Crédito à economia Moçambicana ................................................... 12

Distribuição Sectorial do Crédito ................................................... 13

Conclusão ........................................................................................ 17

Ficha Bibliográfica ........................................................................... 18

Page 3: Credito à economia Moçambicana

Introdução

O presente trabalho aborda o crédito em Moçambique, centrando-se na

evolução do crédito bancário moçambicano no período de 1996 à 1998.

Antes de se debruçar sobre este assunto, importa referir que a obtenção de

recursos no presente sem efectuar um pagamento imediato, sob a promessa de

os restituir no futuro nas condições previamente estabelecidas, denomina-se

crédito.

Aborda-se também a alocação do crédito bancário ao diversos sectores da

economia Moçambicana, salientando que este processo deveu-se ao

desenvolvimento do sistema financeiro Moçambicano.

A evolução da conjuntura económica nos últimos anos – consubstanciada por

uma estabilidade dos agregados macro-económicos – e a reforma do sistema

financeiro – traduzida numa liberalização das taxas de juro, num menor controle

directo da alocação do crédito bancário e na revisão do quadro regulamentar –

constituiram dois factores impulsionadores do dinamismo verificado no sector

financeiro.

Assim sendo, a abertura do mercado financeiro, e o consequente ajustamento

pela Autoridade Monetária dos instrumentos de intervenção directa na política

monetária, dotaram o sistema bancário de uma maior autonomia nas suas

transações financeiras. De facto, com a introdução gradual de mecanismos

indirectos de controle monetário, o funcionamento actual do mercado permite

uma maior influência das instituições financeiras no comportamento do crédito.

Page 4: Credito à economia Moçambicana

Objectivos

Abordar o crédito em Moçambique no período de 1996 a 1998;

Analisar a alocaçào do crédito bancário à diversos sectores da economia;

Explicar as modalidades de crédito bancário.

Explicar de que forma a concessão de crédito, promove o crescimento e

desenvolvimento, económico e social do País.

Metodologia

A metodologia empregue para a realização do presente trabalho de

investigação foi:

1. Revisão Bibliográfica – pesquisa no mais diverso e extenso material

disponível no Centro de Documentação do ISUTC, como também na Biblioteca

do Banco de Moçambique;

2. Pesquisa à Internet – usando o motor de busca Google.pt, foi-nos possível

encontrar a informaçào disponível;

3. Revisão aos relatórios – análise e enquadração da informação disponível

nos diversos relatórios bancários no tema abordado;

Page 5: Credito à economia Moçambicana

Origem e evolução histórica do crédito

O Crédito tem a sua origem etimológica no termo latino “CREDERE” que

signiflca: acreditar / confiar. A confiança é, assim, a partida um elemento base e

fundamental em toda e qualquer operação de crédito, ou seja: a convicção firme

por parte de quem empresta e de que quem pede emprestado vai restituir a

coisa emprestada ou pagar o seu valor equivalente na data ou época acordada.

Nao havendo confiança, em princípio, não haverá credito

A origem do credito é bastante antiga e quase que remota aos primórdios da

civilização. Começou por fundamentar-se na simples promessa de pagamento,

na base da qual se efectuavam, por exemplo, vendas de escravos. Praticava-se

na base duma especie de código de honra que se estendeu ao longo dos

tempos.

Com o desenvolvimento das sociedades e dos mercados, o sistema de

credito foi-se aperfeiçoando e ampliando cabendo aos romanos, como

especialistas de direito que eram, a criação de modelos mais modernos e

generalizados.

Posteriormente, com o início do incremento do comércio internacional e do

consequente florescimento das repúblicas italianas e dos portos mediterrânicos

como entrepostos privilegiados no comércio entre o oriente e o ocidente e,

também do desenvolvimento do comércio marítimo entre os portos do norte da

Europa, emergiram novas necessidades no relacionamento comercial. Novos

instrumentos de crédito surgiram, então, para apoiar o seu desenvolvimento.

Disto e exemplo a criação, por volta do sec. XVII, dos tίtulos fidúciarios

negociaveis. É, depois, com o aparecimento dos primeiros Bancos e a criação

da letra de câmbio que se inicia o arranque imparável da difusão universal do

crédito nas multiplas formas e funções que, entretanto, vai assumindo ao longo

da historia do desenvolvimento dos povos e das suas relações.

Após a ultima Grande Guerra, o crédito foi-se enraizando nas relações

nacionais e internacionais, passando a assumir-se como um dos mais

poderosos vectores, de vital importancia, no desenvolvimento socio-economico.

Ganhou, então, um estatuto privilegiado, relevante e imprescindível entre

todos os agentes económicos.

Para isso e desde então, tem vindo a ser progressivamente desenvolvido e

modernizado com novas práticas, sofisticadas técnicas e poderosos equi-

Page 6: Credito à economia Moçambicana

pamentos face as necessidades cada vez mais exigentes e complexas de

camadas da população sempre mais vastas e mercados mais diversos.

Definição e conceitos básicos

Na sua essência, o Crédito é um contrato bilateral: uma parte que empresta

outra que pede emprestado e promete pagar em certo tempo acordado - aqui

nasce a operação de crédito.

O Crédito realiza-se, assim, na presença destes dois elementos ou agentes

diferidos no tempo. Assim podemos definir:

Crédito – é a obtenção de recursos no presente sem efectuar um

pagamento imediato, sob a promessa de os restituir no futuro nas condições

previamente estabelecidas.

Ou seja, não é capital, mas provoca a circulação do capital e, em

consequência, a sua produtividade, pois que gera lucro. Permite a

aquisição de capitais (bens e mercadorias) que, por força da confiança

(crédito) passam de mão em mão, assim circulando e gerando lucro, ou

seja: mais capital e com o qual se podem adquirir novos capitais (valores

materiais). Promove, desta forma, uma cadeia de transacções que aceleram o

desenvolvimento.

Modalidades de crédito

Como é hoje, geralmente, sabido a concessão de crédito expressa-se pelas

mais variadas e inovadoras formas e utiliza os mais diversos instrumentos

cada vez mais criativos e sofisticados em razão das crescentes exigências

das sociedades modernas.

Mas importa aqui destacar tão somente as modalidades de crédito

bancário que, ao longo da sua historia relativamente recente, se

tornaram mais comuns e vulgarmente mais conhecidas.

Ora, existindo diversas modalidades de crédito, existem, também,

diversas formas e diversos pontos de vista para as agrupar e caracterizar,

para além dos variados agentes que nelas intervém.

Assim, sem preocupação de grandes rigores técnicos, mas fazendo prevalecer

um sentido pratico na identificação das suas características próprias mais

comuns, adoptamos o seguinte critério de classificação:

Page 7: Credito à economia Moçambicana

Em função da origem e natureza ou da arca de aplicação;

Em função da finalidade da operação;

Em função do prazo da operação;

Em função de certas especificidade praticadas por empresas

especializadas.

Abordaremos neste trabalho, apenas a modalidade em função da origem,

natureza ou área de aplicação.

Em função da origem, natureza ou área de aplicação

Individual ou Pessoal

Como factor de crédito ligado ao consumo a sua característica principal

expressa-se fundamentalmente:

Pelo sistema de vendas a crédito praticado pelos comerciantes e outros

agentes económicos aos seus clientes incluindo o vulgarizado sistema de

vendas a prestações e imaginativas formas de facilidades de crédito;

Pela emissão de cartões de crédito;

Pelo apoio para despesas individuais socialmente úteis, sob as mais

variadas formas e para os mais diversos fins;

Como factor de crédito ligado a produção, destacam-se:

O crédito para aquisição ou construção da habitação;

O crédito para recuperação / conservação habitacional.

Comercial

Crédito, principalmente, praticado nas relações comerciais entre os

comerciantes, fabricantes ou industriais, produtores e outros agentes

económicos, facilitando e multiplicando as transacções entre si, exerce uma

função activadora importante na circulação dos produtos, renovação dos

stocks e prestação de serviços. Estimulando e promovendo, assim, a

produção.

Page 8: Credito à economia Moçambicana

Dinamiza os mercados, provoca e fomenta o desenvolvimento

económico.

Industrial – Crédito a Produção, Transformação e Investimento

Crédito, especialmente, dirigido e aplicado a industria - sectores

produtivo, transformador e extractivo;

Este, visa desenvolver e melhorar o aparelho produtivo, designadamente

através da aquisição ou modernização do equipamento, construção e

beneficiação das instalações e oficinas, reconversão de processos

tecnologicos, entre mais.

É também dirigido a implementação dos grandes projectos, contribui

decisivamente para a criação e modernização do parque industrial, pro-

movendo o desenvolvimento económico e social. Configura, normalmente,

um crédito de média ou longa duração.

Agrícola e Pescas – Crédito a Produção e Investimento

Crédito orientado para as empresas ou empresários do sector

agrícola e das pescas. Face a sua natureza, apresenta características

muito proprias, riscos muito específicos e aplicações muito

diversificadas. Daí a recomendação de que intervenham, preferen-

cialmente, instituições, organismos ou serviços que disponham de

meios e estruturas vocacionadas para esta modalidade de crédito. Entre

os diferentes tipos de credito podem referir-se:

Créditos de campanha - são considerados créditos sazionais de apoio

ao ciclo de exploração das empresas, por regra, de curta duração (a duração da

campanha), fundamentalmente destinados a aquisição e pagamento dos vários

factores de produção, podendo abranger ate ao período de armazenagem.

Créditos ao investimento fundiário - configuram um credito de

media ou longa duração para melhorar e desenvolver as explorações

agricolas, adquirir / renovar equipamentos, criar infra-estruturas (albufeiras,

silos, armazens,instalações diversas, etc.);

Page 9: Credito à economia Moçambicana

Créditos para aquisição de apetrechos, equipamentos e renovação ou

reconversão das frotas pesqueiras, para construção e montagem de instalações

de frio e outras estruturas de apoio em terra.

Por vezes e em certas circunstancias, esta modalidade de crédito apresenta-

se como crédito de tipo associativo ou cooperativa como forma de melhor

potenciar a valorização e rentabilização de equipamentos comuns aos vários

utentes ou grupos e, também, defender o risco e melhorar as condições de

crédito.

Predial - Imobiliário

Este é um crédito tipicamente vocacionado para o fomento imobiliario-

construção e habitação.

Pela sua especificidade e longa duração, está normalmente associado

ao crédito hipotecário que, como é sabido, está sujeito a formalidades

proprias.

Admite, por vezes, «creditos intercalares» como forma de apoios pontuais,

de prazo curto, enquanto decorrem certas formalidades legais ou

contratuais e afim de nao se interromper o curso normal das obras evitando,

assim, o agravamento dos custos e outros eventuais prejuizos.

Investimento

Embora podendo considerar-se, de certa forma, uma modalidade de crédito,

nao tern especificidades próprias, mas antes assume um espectro muito

alargado e diversificado quer de destinatários a quern se dirige, quer de sectores

de aplicação e finalidades que abrange. Quer dizer: genericamente, dirige-se

aos que investem e as areas de actividade onde se investe;

Sendo indispensável e necessário ao crescimento e criação de riqueza,

basicamente e em termos gerais fomenta:

O desenvolvimento e modernização de todo o aparelho produtivo;

A criação e renovação das infra-estruturas dos varios sectores de actividade;

Page 10: Credito à economia Moçambicana

O apoio aos projectos de construção e obras publicas de forte impacto no

desenvolvimento socio-economico, etc. E, desta forma, configura-se num credito

de media ou longa duração.

Crédito Externo

Trata-se duma modalidade de crédito, fundamentalmente associada as

operações internacionais de importação e exportação, com as suas

caracteristicas técnicas próprias muito especializadas, como é sabido.

Algumas das operações mais frequentes que nesta modalidade se

praticam são:

Abertura de cartas de crédito ou créditos documentários;

Desconto de letras ou remessas documentárias;

Financiamento para preparação de encomendas firmes e de planos

de exportação;

Financiamento para criação de infra-estruturas de apoio no

estrangeiro;

Financiamentos à importação.

Crédito Bancário

Crédito Bancário é um contracto pelo qual a entidade financeira põe a

disposição do cliente determinda quantia de dinheiro, e que deverá ser

devolvido com juros e acréscido de uma comissão conforme os prazos

estabelecidos.

Desta forma, pode-se dizer que o crédito bancário é:

O verdadeiro motor e mobilizador do Crédito em geral, pois que

todas as modalidades de credito referidas são praticadas ou mobilizadas

nas suas diversas formas através do Crédito Bancário, sem o qual a

maioria delas não existiria sequer;

A verdadeira alavanca, poderosa, influente e indispensável do

desenvolvimento sócio-económico, pois que é também, o Crédito

Bancário o principal financiador da actividade económica nacional,

Page 11: Credito à economia Moçambicana

mobilizando os volumosos recursos próprios e alheios de que os Bancos

dispõem e, para os que accionam diversos mecanismos de intervenção.

E, ainda, um criador de moeda - a chamada moeda escritural - um

importante factor multiplicador de recursos.

Crédito Bancário

Caracterização Geral

O Crédito Bancário, especialmente pela sua componente técnica e efeito

económico, baseia-se num conjunto de principios, práticas e fundamentos

que o caracterizam e diferenciam das outras modalidades de credito, como

veremos ao longo deste trabalho.

Destacariamos, para já, algumas dessas características fundamentais.

Sua natureza e funções

É praticado pelas diversas Instituições do conjunto do sistema bancario e

para-bancário;

É gerador e mobilizador, por excelência, dos diferentes tipos ou

modalidades de crédito;

E, também, é um elemento regularizador da circulação monetária na

medida em que cria moeda escritural;

Presta apoio efectivo ao tecido social e empresarial, satisfazendo

necessidades individuais, facilitando as transações comerciais, fomentando o

investimento e favorecendo a activação do consumo, a circulação, a

transformação e a produção de bens e serviços.

Na sua essência, promove e impulsiona o desenvolvimento sócio-

económico pela acção do crédito directo (concedendo fundos a favor das

empresas e particulares) e do credito indirecto (caucionando

responsabilidades ou compromissos ou obrigações dos seus clientes perante

terceiros).

E

Page 12: Credito à economia Moçambicana

Crédito à economia Moçambicana

Até 1997, o Banco Central Moçambicano prosseguiu uma politica monetaria

extremamente restritiva consubstanciada por uma contínua redução do níveis de

expansão da massa monetária.

Porém, e de um modo geral, os limites de crédito fixados para o sistema báncario eram

incoportáveis para os bancos, acabando por serem sistematicamente ultrapassados. Sem

impacto infacionista, esta situação foi, de ponto de vista monetário, amortecida pela

poupança líquida do Estado que compesou o efeito da expansão do crédito interno para

além do valores programados.

Neste quadro, foi também possível ao Banco Central prosseguir com o reforço das

reservas internacionais através da acumulação dos activos externos liquidos (AELs), que

passaram a cobrir em 1998 aproximadamente 6 meses de importações, contra 2 meses

de importações em 1995.

A introdução gradual, a partir de 1997, de instrumentos mais flexíveis para o controle

da gestão de liquidez do sistema bancário, traduziu-se por parte da Autoridade Monetária

numa política de crédito mais expansionista capaz de acomodar crescimentos

significativos da carteira de crédito dos bancos comerciais. Este processo, associado a

uma aplicação menos restitiva dos AILs determinados pelo Banco Central, traduziu-se em

1998 na possibilidade real, para o conjunto dos bancos comerciais, de incrementarem

significativamente os seus fluxos de crédito interno.

Porém, e por razões pouco claras, as instituições de crédito adoptaram uma política

mais moderada, traduzida, contrariamente ao programado, numa conteção significativa

dos AILs do sistema banário. Esta situação é confirmada pela evolução dos aumentos dos

volumes de crédito á economia entre 1997 e 1998 (de 5.000 mil milhões de meticais para

6.154 mil milhões de meticais), os quais em termos relativos são consideravelmente mais

baixos que os registados no período anterior, que passaram de 2.340 mil milhões de

meticais em finais de 1996 para 5.000 mil milhões de meticais em finais de 1997.

Aparentemente, esta situação foi determinada por uma racionalização do crédito

interno dos bancos comerciais, como resultado de uma avaliação e reestruturação das

suas carteiras de crédito. Paralelamente, e para melhorar a qualidade da sua carteira de

Page 13: Credito à economia Moçambicana

créditos, os bancos comerciais introduziram critérios mais selectivos na avaliação dos

riscos operacionais e financeiros na aplicação dos recursos. Para esta postura cautelosa

terão igualmente contribuido as transacções do mercado monetário interbancário, as

quais constitum alternativas atractivas de aplicação de recursos financeiros mais baixos

que as operações de crédito.

Evolução dos principais indicadores do Programa Monetário do Banco Central

entre 1995 e 1998

(Valor: Mil milhões de Mts)

Programa Realizado Programa Realizado ProgramaRealizado ate Set.

Expansao da massa monetaria 20% 21,60% 19,80% 23,90% 11,80% 11,20%

Multiplicador monetario 2,62 3,16

Aumento do Credito interno (mdc) 725 1096,2 1157 1141 s.i 586

Poupança liquida do Estado -461 -512 -244 100 -47

Indicadores

1996 1997 1998

Distribuição Sectorial do Crédito

Actualmente, a estrutura sectorial do crédito no mercado bancário depende

essencialmente da estratégia dos bancos, sendo, de um modo geral, a intervenção do

Banco Central neste domínio pouco influente. Embora ainda prevaleça a determinação

dos AILs para o sistema bancário, com indicações sobre a alocação do crédito por

sectores da economia, estes têm um caracter meramente informativo, isto é,

internamente, os bancos comerciais podem fazer redistribuições, sem que por este facto

incorram em penalizações.

O Banco Central tem vindo a aplicar mecanismos visando incentivar os bancos

comerciais a expandir a sua carteira de crédito para certos sectores da economia

considerados prioritários para o desenvolvimento económico, tendo subjacente a

possibilidade das instituções expandirem o crédito fora dos AILs fixados. Esta medida

insere-se nos chamados “montantes não distribuidos” que o Banco Central mantém sob

reserva para este fim – como por exemplo, os “plafonds reservados” para a

comercialização agrícola – que podem ser utilizados pelas instituições de crédito como

valores adicionais aos AILs que lhes estão fixados.

Não obstante a significativa expansão do crédito á economia e a maior flexibilidade

proprorcionada aos bancos comerciais na gestão das suas carteiras de crédito, a

distribuição sectorial do crédito manteve-se praticamente inalterável entre 1996 e 1998,

como se pode observar na tabela a seguir:

Page 14: Credito à economia Moçambicana

Evolução do crédito bancário por sectores entre 1996 e 1998

(Valor: em mil milhões de meticais)

Sectores de Actividade

Dezembro

1996

Dezembro

1997

Dezembro

1998

Valor % Valor % Valor %

Agricultura, Pecuária,

Silvicultura

do qual culturas de rendimento

608,9 356,6

25,1 14,7

937,5 541,9

18,8 10,8

1.322,4 676,1

21,5 10,9

Pescas 17,2

0,7

102,3

2,0

103,4

1,7

Indústria 820,8

33,

8

1.365

,0

27,

3

1.764

,4

28,

7

Construções 97,5

4,0

267,4

5,4

305,3

5,0

Transporte, Armazenagem e

Comunicação

91,4

3,8

214,1

4,3

368,2

6,0

Comércio Interno e Externo 734,6 30,

2

1.269

,3

25,

3

1.537

,3

25,

0

Instituições Financeiras e não

monetárias

0,35

...

8,5

...

9,6

...

Outros créditos: Habitação,

população, consumo dirigido...

59,4

2,4

835,9

16,

7

743,1

12,

1

Total 2.34

0,2

10

0

5.00

0,0

10

0

6.15

3,8

10

0

Os dados acima ilustram a acentuada desaceleração no crescimento do volume de

crédito pelo sistema bancário entre 1997 e 1998, comparativamente a 1996, o que

confirma a retracção havida por parte das instituições financeiras na expansão das suas

carteiras de crédito, permitindo também evidenciar o seguinte:

Page 15: Credito à economia Moçambicana

a) A agricultura sendo o sector mais importante da economia, contribuindo com cerca

de 40% do PIB, regista, no período em análise, um significativo decrescimento na

absorção de recursos creditícios, situando-se em finais de 1998, em pouco mais de 20%

do total do crédito concedido.

b) Apesar do decréscimo registado em 1997 e 1998, no crédito individual, este

continua a ter um peso significativo nas decisões de empréstimo bancário.

c) O expressivo declínio registado no crédito á actividade comercial (que inclui a

comercialização agrícola) entre 1996 e 1998, parece sugerir o pouco interesse que este

sector continua a ter junto do sistema bancário para aplicação dos seus recursos.

No período em análise, o crédito mantém-se basicamante orientado para operações de

curto prazo – com garantia de retornos mais rápidos dos fundos – revelando uma postura

relativamente cautelosa do sistema bancário no horizonte temporal dos empréstimos

concedidos, como se pode constatar pela informação na tabela a seguir:

Estrutura do Crédito Bancário

(Valores Nominais: mil milhões de meticais)

Dezembro 196

Dezembro 1997

Dezembro 1998

Valor % Valor % Valor %

Meios Circulantes 2.430

,2

79

3.407

,4

68

4.266

,8

69

Investimento 655,5

21

1.592

,6

32

1.886

,9

31

Total 3.085,7

100

5.000,0

100 6.153,7

100

Como se pode também observar, embora os recursos financeiros canalizados para o

investimento quase triplicaram entre 1996 e 1998, esta componente mantém uma

participação de certo modo modesta relativamente ao valor global do crédito á economia.

Por outro lado, a avaliar pelas informações recentes sobre a actividade de algumas

instituições financeiras, na área de banca de investimento, alguns dos grandes

Page 16: Credito à economia Moçambicana

empreendimentos em cursos terão absorvido em 1998, uma parte significativa do volume

do crédito concedido. Assim sendo, tal sugere que os empréstimos dirigidos para a faixa

de clientes dos bancos comerciais que tradicionalmente recorriam ao crédito de

investimento terão diminuido consideravelmente.

De facto, o aumento do crédito para investimento, entre 1997 e 1998 foi mais relevante

nos sectores considerados interessantes para a banca de investimento, nomeadaente a

indústria, e o transporte, armazenagem e comunicações, mantendo-se relativamente

estável no sector agrícola, como se pode constatar:

Sectores

Dezembro 1997

%

Dezembro 1998

%

Crédi

to total

ao

sector

Do

qual

inves-

timento

Crédito

total ao

sector

Do

qual

inves-

timento

Agricultura, Pecuária,

Silvicultura

937,5

176,2

19

1.322,4

258,1

20

Pescas 102,3

25,0

25

103,4

39,5

38

Indústria 1.365

,0

486,8 1.764,4 856,8 49

Construção e Obras

Públicas

267,4 157,9 59 305,3 139,3 46

Transportes,

Armazenagem e Comércio

214,1 101,3 47 368,2 201,2 55

Comércio Interno e

Externo

1.269

,3

86,2 7 1.537,3 108,3 7

Instituições financeiras e

não monetárias

8,5 0 0 9,6 0 0

Apesar da entrada de novas instituições bancárias ter induzido uma maior

competitividade no mercado financeiro, não há ainda evidências de alterações

significativas na estrutura de crédito, nomeadamente com acções na área do investimento

Page 17: Credito à economia Moçambicana

dirigida aos sectores prioritários no desenvolvimento económico, nomeadamente a

agricultura.

Conclusão

Existe a percepação de que o crédito constitui um dos principais obstáculos ao

desenvolvimento do comercio nas zonas rurais em Moçambique. Os pequenos e médios

comerciantes não são ainda um segmento de mercado interessante para os bancos

comerciais. Torna-se, assim, necessário encontrar alternativas para tornar este segmento

mas atractivo para os bancos comerciais, sendo igualmente necessário identificar os

instrumentos mais adequados para interessar e tornar os bancos mais activos nas zonas

rurais.

Apesar da agricultura ser o sector mais importante, representado 40% do PIB, esta

absorve apenas cerca de 20% do crédito total concedido. A actividade comercial, por seu

turno, perdeu peso nos três últimos anos no volume total de crédito. Este mantém-se

basicamente orientado para operações de curto prazo – com retorno mais rápido dos

fundos -, revelando uma postura cautelosa do sistema bancário.

Não obstante as profundas reformas no sistema bancário e de uma maior

disponibilidade de recursos financeiros para a economia, estas não tiveram ainda impacto

ao nível do financiamento dos sectores económicos de maior risco, nomeadamente a

agricultura e as actividades que lhe são subjacentes como a comercialização agrícola. A

expansão do número de instituições financeiras não se traduziu num aumento da oferta

de serviços bancários nas zonas rurais, especialmente no que se refere ao pequeno e

médio operador.

De facto, embora estando a operar numa economia tipicamente rural, nenhum dos

bancos comerciais adoptou qualquer iniciativa específica orientada para os sectores

rurais. Esta preferência pelas zonas urbanas é determinada por um conjunto de factores,

entre os quais os altos custos de selecção e monitoria dos créditos concedidos à

pequenos e médios operadores rurais, o facto de a terra não poder ser utilizada como

Page 18: Credito à economia Moçambicana

garantia bancária, o baixo nível de monetarização da actividade económica nas zonas

rurais, os elevados riscos associados à actividade agrícola e o baixo nível de escolaridade

e conhecimento de práticas modernas de negócio por parte da grande maioria dos

agentes económicos a operar nas zonas rurais.

Ficha Bibliográfica

CABIDO, Jacinto; Gestão do Crédito Bancário; 1ª edição; Editora Ulmeiro;

Lisboa; 1999

Instituto de Formação Bancária de Moçambique; Cursos de Formação Técnica

Bancária – Ensino à Distância; IFB; 1ª edição; 1995

Relatórios Anuais do Banco de Moçambique – Capitulo Crédito à economia;

INE (1997, 1998), Anuário Estátistico

Motor de Busca: Google.pt

http://pt.wikipedia.com