covid 19 · 2020. 9. 18. · de acordo com os dados oficiais recolhidos pelo gabinete de estudos da...

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REVISTA Especial COVID-19 Uma visão sobre as consequências da crise pandémica nos Países de Língua Oficial Portuguesa COVID 19 – O IMPACTO DA PANDEMIA NA CONSTRUÇÃO E NO IMOBILIÁRIO COVID 19 – O IMPACTO DA PANDEMIA NA CONSTRUÇÃO E NO IMOBILIÁRIO Uma visão sobre as consequências da crise pandémica nos Países de Língua Oficial Portuguesa

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  • REVISTA

    Especial

    COVID-19

    Uma visão sobre as consequências da crise pandémica nos Países de Língua Oficial Portuguesa

    COVID 19 – O IMPACTO DA PANDEMIA NA CONSTRUÇÃO E NO IMOBILIÁRIO

    COVID 19 – O IMPACTO DA PANDEMIA NA CONSTRUÇÃO E NO IMOBILIÁRIO

    Uma visão sobre as consequências da crise pandémica nos Países de Língua Oficial Portuguesa

  • REVISTA CIMLOP 2020 - Especial Covid 19

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    CONTEÚDOS

    Pág. 03

    Pág. 06 | PORTUGAL

    Pág. 04

    Pág. 18 | BRASIL

    Mensagem do Presidente

    Reunião de Primavera em formato virtual

    | Covid-19 influência quebra de vendas de casas em Portugal

    no 1º trimestre de 2020

    | Atividade de Construção resiste à Pandemia

    | Artigo de Opinião – Manuel Reis Campos, Presidente da AICCOPN

    e Vice-presidente da CIMLOP

    | Artigo de Opinião – Luís Lima, Presidente da APEMIP e da CIMLOP 

    | Artigo de Opinião – Flavio Amary, Secretário de Estado da Habitação

    de São Paulo

    | Artigo de Opinião – José Romeu Ferraz Neto, Presidente da FIABCI-Brasil

    - Vencedores – Prémio Master Imobiliário 2020

    | Artigo de Opinião – João Teodoro da Silva, Presidente do COFECI

    Pág. 26 | MOÇAMBIQUE| Artigo de Opinião – Manuel Pereira, Presidente da Federação

    Moçambicana de Empreiteiros e Vice-presidente da CIMLOP

  • REVISTA CIMLOP 2020 - Especial Covid 19

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    Mensagem do PresidenteEsta edição da Revista Digital da CIMLOP é uma edição diferente. Um especial COVID-19 que pretende partilhar o ponto de situação dos mercados da construção e do imobiliário dos Países de Língua Oficial Portuguesa, perante a crise pandémica que estamos a viver.

    Avizinham-se tempos difíceis. A progressão pandémica tem sido difícil de conter e a propagação do vírus vai já muito além da saúde pública: a economia mundial está profundamente infetada.

    Nenhum sector será imune ao impacto deste surto e a prova disso é a comparação que se tem feito com os tempos de guerra. E, o pior, é que não há nenhuma ideia de quando é que esta situação poderá ter fim.

    Os pontos de interrogação são mais que muitos. Ninguém estava preparado para algo desta dimensão. Mas as micro, pequenas e médias empresas, em particular, estão de mãos atadas a ver o embate nefasto desta pandemia a entrar-lhes pela porta a dentro.

    Esta é uma situação nunca antes vista e exige de todos muita prudência, mas também muita coragem para assumir que só unidos e com medidas robustas e imediatas, conseguiremos mini-mizar, dentro dos possíveis, o impacto desta pandemia.

    Luís Lima

    Presidente da CIMLOP

  • REVISTA CIMLOP 2020 - Especial Covid 19

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    REUNIÃO DE PRIMAVERA EM FORMATO VIRTUAL

    A Reunião de Primavera da CIMLOP, cuja realização estava prevista para o mês de maio, em Foz do Iguaçu, Brasil, em simultâneo com o ENBRACI (evento promovido pelo COFECI) migrou para o formato digital, devido à situação pandémica que impediu os membros da CIMLOP de se jun-tarem presencialmente neste habitual encontro anual.

    Através da plataforma Zoom, os membros da CIMLOP de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique debateram a situação dos mercados da construção e do imobiliário nos diferentes países e o im-pacto da pandemia no sector.

  • REVISTA CIMLOP 2020 - Especial Covid 19

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    FLAVIO AMARY PERSONALIDADE DO ANO Medalha de Ouro CIMLOP 2020Em 2013, a CIMLOP iniciou a atribuição anual da “Medalha de Ouro CIMLOP”, uma distinção que é entregue a uma personalidade e / ou entidade que tenha uma importante envolvência no desenvolvimento do mercado imobiliário dos países lusófonos.

    A primeira distinção feita pela Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa homenageou o Comendador Jorge Rocha de Matos como Personalidade do Ano 2013. Em 2015, esta distinção foi entregue ao Governador do Estado de São Paulo em exercício à data, Dr. Geraldo Alckmin; e em 2016 à Dra. Branca do Espírito Santo, então Ministra do Ur-banismo e Habitação de Angola.

    Esta é uma homenagem votada e decidida pela Direção da CIMLOP, que durante esta última reunião de Primavera elegeu por unanimidade Flavio Amary, Secretário de Estado da Habitação de São Paulo e Vice-presidente da CIMLOP, como Personalidade do Ano – Distinção Medalha de Ouro CIMLOP 2020.

    FLAVIO AMARY | BIOGRAFIA

    Flavio Amary é formado em Administração de Empresas e Pós-Graduado em Economia pela FGV-SP.

    Empresário do ramo imobiliário há mais de 20 anos, Flavio Amary é Secretário de Estado da Habitação do Governo de São Paulo na Gestão João Doria e preside o Fórum Nacional de Secretários de Estado da Habitação e Desen-volvimento Urbano.

    Foi presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo - Secovi-SP e da Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano – AELO.

    Amary também foi vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção e da Con-federação do Imobiliário dos Países de Língua Portuguesa.

    Flavio é filiado ao PSDB e é o atual Presidente do Instituto Teotônio Vilela de São Paulo – ITV-SP.

  • REVISTA CIMLOP 2020 - Especial Covid 19

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  • REVISTA CIMLOP 2020 - Especial Covid 19

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    COVID INFLUENCIA QUEBRA DE VENDAS DE CASAS EM PORTUGAL NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2020

    Apesar do decréscimo do número de transações, Presidente da APEMIP defende que sector imo-biliário poderá ser dos primeiros a recuperar.

    De acordo com os dados oficiais recolhidos pelo Gabinete de Estudos da Associação dos Profis-sionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), no primeiro trimestre de 2020 transacionaram-se 43.532 alojamentos familiares, registando uma quebra de 11,6% face ao trimestre anterior e de 0,7% face ao período homólogo.

    Este decréscimo no número de casas não surpreende o Presidente da APEMIP, Luís Lima, que o justifica com a pandemia de Covid 19.

    “A quebra do número de vendas já era esperada devido ao surto pandémico e ao decreto do Estado de Emergência em março, que motivou três situações: o adiamento de escrituras, o encerramento dos estabelecimentos ao público e o impedimento de realizar de visitas presenciais a imóveis. Perante esta situação, era expectável que o número de vendas registasse um decréscimo, que deverá ser ainda mais acentuado no segundo trimestre deste ano”, antecipa o representante das imobiliárias.

    Apesar de preocupado com a evolução do mercado, Luís Lima revela-se otimista com perante as perspetivas do sector.

    “Nenhum sector está imune às consequências desta crise pandémica e o imobiliário também não está. O comportamento da economia e a estabilidade laboral das famílias influencia diretamente o desem-penho do mercado. No entanto, acredito que este sector será um dos primeiros a recuperar, alavan-cando eventualmente outros como o turismo, cuja recuperação e espera mais lenta” diz o Presidente da APEMIP, que aponta as oportunidades do investimento estrangeiro e do arrendamento urbano.

    Transações de alojamentos familiares | Total Nacional | 1º Trimestre de 2020

    Portugal

    Nº de Vendas 43.532

    -11,6%

    -0,7%

    12.168

    -12,4%

    -2,1%

    7.209

    -9,0%

    -2,1%

    7.974

    -18,3%

    -1,9%

    15.433

    -7,8%

    -0,5%

    2.623

    -15,6%

    2,3%

    3.746

    -10,8%

    0,6%

    853

    0,1%

    6,8%

    Fonte: INE | APEMIP

    735-

    6,2%

    9,4%

    % Trimestral

    % Homóloga

    Norte AMP Centro AML Alentejo Algarve Açores Madeira

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    “Temos tido sinais, confirmados aliás por algumas entidades financeiras, de que a procura por es-trangeiros se tem vindo a acentuar, motivada pelo bom desempenho do País na gestão sanitária des-ta crise. Apesar de não haver ainda concretizações, logo que se registe a reabertura de algumas rotas aéreas e a confiança para viajar, deveremos reaver o investimento estrangeiro no sector. Por outro lado, o arrendamento urbano seguirá como um novo paradigma de atuação para o sector, quer numa perspetiva investimento, quer numa perspetiva de mercado” declara Luís Lima.

    No que diz respeito aos valores de venda, o primeiro trimestre do ano registou um investimen-to de mais de 6.7 mil milhões de euros, que apesar de fixar uma descida de 2,5% face ao último trimestre de 2019, assinala um aumento de 10,4% comparativamente com o período homólogo.

    Acumulado por ano do número de vendas de alojamentos familiares

    2020 43.532

    181.478

    178.691

    153.292

    127.106

    107.302

    6.513

    26.644

    26.479

    23.727

    21.604

    21.403

    37.019

    154.834

    152.212

    129.565

    105.502

    85.899

    Fonte: INE | APEMIP

    2019

    2018

    Total Novos Existentes

    0

    20.000

    60.000

    100.000

    140.000

    40.000

    2012 2014 2016 20182013 2015 2017 2019 2020

    80.000

    120.000

    160.000

    180.000

    200.000

    Total Nacional

    Aloj. Familiares Existentes

    Aloj. Familiares Novos

    2017

    2016

    2015

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    ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO RESISTE À PANDEMIAO surto pandémico de COVID-19 obrigou à paragem de muitas empresas, devido ao decreto do Estado de Emergência que vigorou no País entre 18 de março e 2 de maio. No entanto, em al-guns sectores esta paragem não se fez sentir com tanta intensidade, como é o caso do sector da construção, em que muitas das empresas continuaram a trabalhar e a dar resposta ao repto de reduzir o impacto económico e de assegurar o regular funcionamento das infraestruturas, hospi-tais, edifícios e equipamentos sociais, bem como a manutenção das redes de água, saneamento, eletricidade e comunicação.

    Para tal, as Associações do sector desenvolveram um conjunto de recomendações às empresas, por forma a apoiar a implementação de todas as regras e a divulgação das melhores práticas na proteção e segurança dos trabalhadores e de toda a comunidade. Tais práticas e procedimentos foram essenciais para a manutenção da atividade em consonância com os objetivos nacionais de redução de impacto na economia, preservando sempre a saúde dos nossos trabalhadores e por essa via a saúde pública.

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    De igual modo, apresentaram ao Governo, em março, o projeto “Criar Resiliência na Indústria da Construção”, que visa, precisamente, assegurar a continuidade operacional do Setor, mitigar o impacto do COVID-19 e os riscos de contágio, através da realização de testes e da criação de uma plataforma inovadora, em articulação com a Direção Geral de Saúde e demais autoridades, como o ACT – Autoridade para as condições de Trabalho e o IMPIC – Instituto dos Mercados Púbicos do Imobiliário e da Construção, que permita gerir a informação e controlar os todos os fluxos funcionais desta extensa cadeia de valor.

    Entendem as Associações que este projeto pode também constituir uma oportunidade crucial para eliminar a persistência de fenómenos potencialmente perigosos e de difícil controlo, que constituem o principal foco de atenção das autoridades de saúde, como é o caso das empresas irregulares, do trabalho informal e da clandestinidade.

    As Associações, AICCOPN|AECOPS, consideram que este é o momento, estando disponíveis para avançar desde já com a plataforma que foi proposta, reafirmando que é indispensável a disponibilidade do Governo, para mobilizar os seus recursos no sentido de podermos implemen-tar todos os mecanismos que garan-tam, de uma forma efetiva e continua, mais controlo e segurança para todas as empresas e trabalhadores da Con-strução e do Imobiliário, mitigando os riscos de contágio de todas as pessoas que, direta e indiretamente, se rela-cionam com esta fileira que abrange mais de 600 mil trabalhadores e, si-multaneamente permitam integrar na economia formal uma significativa parte da atividade com ganhos que assegurem a competitividade e pro-dutividade de um Setor que, em toda a Europa, é uma aposta prioritária para a tarefa de reativar a economia e ini-ciar a construção de um futuro mais inclusivo e sustentável.

    Venda de Cimento em alta

    A venda cimento é um dos indica-dores que ilustram o desempenho da atividade da construção, tendo regis-tado um aumento de 9,7% em termos homólogos, no primeiro semestre do corrente ano, totalizando certa de 1,76 milhões de toneladas, confirmando que o sector da construção não só não pa-rou durante o período de confinamen-to como aumentou a utilização desta matéria-prima.

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    Este comportamento esteve também relacionado com outros fatores, como o dinamismo no setor da habitação, com as grandes obras de engenharia e mesmo do consumo em clientes domésticos, para projetos como pequenas obras de remodelação.

    Consumo de cimento (milheres toneladas)*Consumo de cimento (t.v.h.a.)

    2.8114,3%

    20.25943,5%

    15.04326,2%

    18.619-7,5%

    Licenças - Habitação (nº)*Licenças - Habitação (t.v.h.a.)

    Licenças - Fogos Novos (nº)*Licenças - Fogos Novos (t.v.h.a.)

    Crédito às empresas C&I - stock em milhões €Crédito às empresas C&I - (t.v.h.a.)

    Crédito à habitação - stock em milhões €Crédito à habitação - (t.v.h.a.)

    Novo Crédito à habitação (em milhões €)*Novo Crédito à habitação - (t.v.h.a.)

    Avaliação Bancária na Habitação (€/m2)Avaliação Bancária na Habitação - (t.v.h.)

    Fonte: Síntese Estatística da Habitação, AICCOPN *valores acumulados desde o início do ano

    2018 2019Indicador Mar. 2020 Abr. 2020 Mai. 2020 Jun. 2020

    9.83519,1%

    93.000-0,8%

    9408,6%

    16.3028,4%

    3.23014,9%

    24.03118,6%

    92.925-0,1%

    16.795-9,8%

    10.6238,0%

    1.03810,4%

    4.160-3,3%

    8335,6%

    6.131-1,9%

    93.0060,2%

    15.830-7,9%

    2.84821,2%

    1.110€10,3 %

    5.082-7,6%

    1.1187,1%

    7.488-2,4%

    93.1190,4%

    15.971-6,2%

    3.67916,7%

    1.111€9,5%

    6.379-10,3%

    1.4346,4%

    9.479-5,2%

    93.2850,5%

    16.141-5,4%

    4.50910,5%

    1.114€8,9%

    7.764-7,4%

    1.7599,7%

    11.308-3,7%

    93.4470,6%

    16.348-3,8%

    5.3428,4%

    1.115€8,3%

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    ARTIGO DE OPINIÃO Manuel Reis Campos Presidente da AICCOPN e Vice-presidente da CIMLOP

    Setor da Construção e do Imobiliário: Motor da retoma da economia e do emprego

    No arranque de 2020, o Setor encontrava-se a atravessar um momento positivo, na general-idade dos seus segmentos de atividade. De acordo com as Contas Nacionais, o Investimento em Construção terminou o primeiro trimestre com uma variação positiva de 2,6% em termos homólogos, após se ter registado um crescimento de 9,4% no ano anterior.

    O Setor da Construção e Imobiliário estava num novo ciclo de crescimento, iniciado em 2017, e impulsionado sobretudo pelo investimento privado, pelo posicionamento competitivo obtido à escala internacional em matéria de investimento em imobiliário e pela dinâmica do turismo e de domínios como a reabilitação urbana, entre 2017 e 2019, o investimento em construção cresceu 31%.

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    Ainda não há números finais relativamente ao 2º trimestre do ano, mas como é possível depreender a partir da estimativa rápida para o PIB avançada pelo INE, a dimensão da quebra de atividade é significativa e, incontornavelmente, o balanço final do semestre é negativo.

    Em Portugal, o Setor da Construção e Imobiliário abrange uma extensa cadeia de valor que rep-resenta cerca de 600 mil postos de trabalho, 17,4% do PIB e 50,5% do Investimento total da economia pelo que os impactos do surto pandémico ao longo desta extensa cadeia de valor são muito diversos. Porém, apesar da Declaração de Estado de Emergência, e a exemplo do que se passa na generalidade dos Países, a maioria das obras não parou e o Setor continuou, na medida do possível, a sua atividade e procurou sempre corresponder ao apelo que foi feito para manter a sua atividade. Essa foi uma questão importante, para evitar o que poderia ter sido um desastre absoluto, já que estava em causa uma atividade com um peso social e económico muito impor-tante, mas também a necessidade de continuar as obras em curso, de assegurar a construção e manutenção de equipamentos e infraestruturas essenciais, como os hospitais ou as redes de transportes, energia, água, saneamento e comunicações, bem como a possibilidade de manter-mos as nossas casas seguras e saudáveis.

    Quanto ao futuro imediato, o que podemos afirmar sem qualquer margem para dúvidas é que, tal como no passado, e a exemplo do que se passa na generalidade da Europa, cabe a este Setor um papel decisivo na retoma da economia e do emprego. A maioria dos Governos europeus es-tão a preparar medidas fortes para o setor da Construção e Imobiliário e Portugal não pode ficar atrás neste domínio, já que só assim poderemos, o mais rapidamente possível, reativar a ativi-dade económica.

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    Ao nível do investimento privado, o País deve-se focar na criação de condições de segurança e de atratividade para os investidores, tirando partido do potencial do território, incluindo o interior, e do posicionamento competitivo que Portugal alcançou em matéria de captação de investimen-to estrangeiro. Em 2019, o investimento em imobiliário atingiu os 27,2 mil milhões de euros, dos quais 5,4 mil milhões com origem externa, valores que demostram bem a importância estratégi-ca desta atividade.

    No plano do investimento público, é necessário, mais do que nunca, planear, calendarizar e con-cretizar os investimentos estratégicos que o País identificou como essenciais para o seu futuro e para a sua competitividade e aproveitar os recursos comunitários que não podem ser desper-diçados, uma vez que o atual Portugal 2020 está a entrar na fase final e estão a ser discutidos os novos instrumentos europeus.

    Estamos a falar de utilizar eficazmente o financiamento europeu para projetos como a reabil-itação de edifícios públicos estratégicos (Hospitais, Centros de Saúde, Universidades), a con-strução e manutenção de redes viárias, ferroviárias e infraestruturas para a mobilidade urbana ambientalmente sustentável, redes de água e saneamento e infraestruturas de armazenamento e gestão dos recursos hídricos de uso agrícola, Smart Grids, Eficiência energética, entre muitos outros. A capacitação das empresas em domínios como a digitalização, a Construção 4.0 e a in-ternacionalização é, de igual modo, um desafio que já vinha a ser objeto de uma atenção particu-lar e que se reveste de uma importância que esta crise veio reforçar.

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    ARTIGO DE OPINIÃO Luís Lima Presidente da CIMLOP e da APEMIP

    “Novo Normal”No sector imobiliário, o ano de 2019 fechou-se a registar uma taxa de crescimento de 2% no número de vendas de imóveis de habitação. Apesar do ritmo de crescimento ter abrandado, num panorama que já era expectável devido à ausência de stock adequado às necessidades e possibi-lidades da procura, o registo manteve-se positivo e este o ritmo que se esperava que marcasse o passo para o ano de 2020.

    Mas a crise pandémica veio trocar as voltas não só ao imobiliário, como a toda a economia ex-posta a uma situação sanitária para a qual não estava preparada, e seria irresponsável e irreal negar que o sector está a sofrer consequências da quase obrigatória paralisação a que nos vimos votados, e que se refletirão no desempenho do sector.

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    Ainda assim, creio que perante as dificuldades, as empresas portuguesas foram relativamente céleres a adequar-se às necessidades impostas pelo recomendado confinamento. No sector im-obiliário, vimos muitas a recorrer a alternativas tecnológicas para manter e dinamizar a relação com os seus clientes, nomeadamente através da “democratização” das visitas virtuais, que vier-am para ficar, adaptando os seus modelos operacionais àquela que é agora apelidada de “nova normalidade”, e que passará a integrar as habituais atividades das imobiliárias.

    A segurança passou também a ser particularmente relevante, através da garantia do cumpri-mento das regras de segurança estabelecidas pela Direção Geral da Saúde, sendo que os própri-os clientes passam a fazer, com o apoio dos seus consultores, uma pré-seleção mais criteriosa dos imóveis que querem realmente visitar, após a realização de prévias visitas virtuais.

    No panorama do mercado, surge a chance de promover a dinamização do mercado de arrendamento e do investimento para este sector, que se estima que cresça, e também uma janela de oportunidade na captação de não residentes e na descen-tralização do investimento, pela general-ização do teletrabalho.

    No entanto, as incertezas sobre o fu-turo e o comportamento pandémi-co vêm dificultar o planeamento. Se numa primeira fase beneficiámos do “milagre português” naquela que foi a gestão pandemia, neste momento pós confinamento os surtos de covid têm vindo a deitar por terra os louros gan-hos e a imagem de segurança e confi-ança que transmitimos ao exterior.

    Torna-se complexo gizar estratégias sem saber quando e como poderão ser postas em prática. Mas, como já tenho referido publicamente por diversas vezes, mantenho-me otimista, pois acred-ito verdadeiramente que o imobiliário poderá ser, como já foi na última crise, uma das forças mo-trizes para a recuperação económica do País, sendo eventualmente a locomotora que alavancará outros sectores, como o do turismo, que creio que tardará um pouco mais a restabelecer-se.

    Mesmo assim, o meu otimismo vem conjugado com uma boa dose de realismo perante os de-safios que temos pela frente, e que se prendem essencialmente com o expectável impacto que a crise terá na estabilidade orçamental das famílias e das próprias empresas. Por outro lado, também a tendência para o adiamento de investimentos e a retração das viagens terão reflexos na procura existente.

    Perante tantas incertezas sobre o que aí vem, uma coisa é certa: a APEMIP continuará fazer o seu trabalho de defesa do imobiliário e da classe, contribuindo para este sector volte, como já o demonstrou no passado, a ser uma das principais alavancas da recuperação económica do País.

  • cimlop.com

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    ARTIGO DE OPINIÃO João Teodoro da Silva Presidente do Sistema COFECI-CRECI e Vice-presidente da CIMLOP

    Imobiliário no Brasil reage bem à covid-19Contra todas as expectativas, alguns setores da economia não só têm sobrevivido, mas têm cresci-do durante a pandemia do coronavírus. Claro que a maioria faz parte dos segmentos chamados de essenciais. Entretanto vários deles que estão fora desse eixo vão muito bem, obrigado, como a tecnologia da informação e os deliveres, por exemplo. A boa novidade está no mercado imobiliário que, embora trabalhando com produtos de altos valores, o que pressupõe sérias dificuldades por causa do desemprego em alta, foi reativado pela resiliência dos Corretores e Imobiliárias, e também pelos fatores econômicos verificados no país.

    Para o Sistema Cofeci-Creci não houve surpresa. Sempre acreditamos na continuidade das ven-das, porque sabemos do potencial de inovação e superação de nossos profissionais e empresários. O isolamento social forçou, e o mercado respondeu. Atualmente, quase a totalidade das vendas imobiliárias são realizadas com apoio da internet, com pouquíssima interação presencial. Corre-tores e Imobiliárias não perderam o elã. Foram à luta e se atualizaram. Hoje, utilizam-se de toda a gama de produtos tecnológicos disponível no mercado.

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    No início do isolamento social compulsório, de fato, houve abrupta queda nas vendas. Mais em decorrência da brusca interrupção do modus vivendi latino-americano (olho no olho, abraços, apertos de mão) do que de fatores econômicos. No entanto, passado o solavanco, a rápida e sur-preendente absorção da nova realidade, associada a fatores econômicos altamente favoráveis, re-ascendeu o mercado. O crédito em geral está muito barato, o que torna os imóveis mais atrativos do que a renda fixa. A indústria imobiliária também evoluiu e está pronta para o “novo amanhã”.

    A SELIC (Taxa oficial de crédito), a 2,20%, o menor índice desde sua instituição, tem derruba-do as taxas bancárias. Recentemente, o Banco Santander, que praticava juros imobiliários de 7,3% ao ano, anunciou rebaixa para 6,99%, com seis meses de carência. Outros o seguirão. A

    Caixa Econômica já pratica crédito im-obiliário de até 30 anos com prestações fixas. O governo federal não tem me-dido esforços para prover empresas e profissionais de meios financeiros que lhes permita serena retomada das ativ-idades.

    A questão é saber quando o vírus será de-finitivamente derrotado. Mas a imprensa internacional já anunciou que a vacina está quase pronta. Logo estará disponív-el para o mundo. O desemprego ainda preocupa. Mas é preciso lembrar que o mercado de trabalho, mais tecnológico,

    demandará mão-de-obra mais qualificada, disponível justamente na classe média, que é a maior compradora de imóveis. Infelizmente, a população mais afetada será a de baixa renda, que depend-erá de subsídios.

    As palavras de ordem são adaptação e tecnologia. As vendas remotas vieram para ficar. E o home office também. A prática mostrou que eles podem ser até mais eficientes e baratos do que o tra-balho presencial. Isso implica renovação não apenas na forma de negociar, mas também na de viver. Casas e apartamentos terão de ser adaptados para dar forma ao “novo normal”. Corretores, Imobiliárias e construtores terão de atentar para essa nova realidade. Mas não se vê possibili-dade de reversão da atual tendência: a migração dos investimentos para o mercado imobiliário.

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    ARTIGO DE OPINIÃO José Romeu Ferraz Neto Presidente da FIABCI Brasil e membro do Conselho Consultivo da CIMLOP

    Pandemia impõe desafios e reforça resiliência do setor imobiliário no Brasil

    Em novo formato, Prêmio Master Imobiliário 2020 reconhece projetos inovadores de empresas e profis-sionais do setor.

    Em meio à pandemia do novo Coronavírus, o setor imobiliário brasileiro tem se comportado de forma exemplar, respeitando as mais rígidas e amplas recomendações das autoridades de saúde. A preocupação e os cuidados não ficam restritos aos milhares de colaboradores, mas esten-dem-se a seus familiares e amigos, naturalmente afetados no caso de contaminação.

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    Considerada atividade essencial, a construção civil manteve seus trabalhos e esperou até que o atendimento em estandes de vendas fosse novamente autorizado. A partir de agora, faz-se necessário um exercício de debate e análise sobre as mudanças impostas pela pandemia ao setor e também no comportamento dos consumidores e na dinâmica das cidades.

    Para o economista urbano norte-americano Richard Florida, cofundador do CityLab e um dos participantes do Fórum BandNews “O Brasil da Retomada”, o “novo normal” já é uma realidade vivida pela maioria dos países atualmente, com mudanças significativas principalmente no tra-balho remoto e na redução de viagens de trabalho e de reuniões presenciais. Dessa forma, de acordo com ele, as pessoas darão maior importância à vivência em seus próprios bairros, priori-zando resolver suas demandas pessoais e profissionais próximo às suas residências.

    Nesse sentido, entretanto, concordo com o presidente do Secovi-SP, Basilio Jafet, quanto à di-vergência sobre a priorização do home office. É claro que o formato poderá ser utilizado para algumas funções durante parte da semana, mas não substitui o conceito corporativo e o caráter pessoal dos encontros que fazem parte de nosso ambiente de negócios.

    Importante ressaltar também outra discussão relevante neste momento econômico do Brasil: a aprovação do novo Marco Legal do Saneamento Básico pelo Congresso Nacional. A legislação permitirá que, em 2033, o Brasil tenha 95% de suas residências com esgoto e 99% das casas com água. Isso demandará um investimento da ordem de R$ 650 bilhões, o que promoverá a criação de centenas de milhares de empregos e a participação da iniciativa privada em um processo no qual a população brasileira urge por ações concretas.

    Neste momento, passados os piores meses do isolamento gerado pela pandemia, alguns númer-os começam a apontar para a recuperação do setor imobiliário. Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP, apurou crescimento de 24,1% na comercialização de novas unidades residenciais na cidade de São Paulo em junho, na comparação ao mês anterior.

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    O resultado ainda é 50% inferior ao registrado em junho de 2019, mas já aponta para uma tra-jetória de recuperação, após os baixos números de março a maio de 2020. No acumulado de 12 meses (julho de 2019 a junho de 2020), houve alta de 23,7% frente ao período anterior (julho de 2018 a junho de 2019).

    Outro possível alento vem do número de vagas formais de emprego geradas pelo país em julho, cerca de 131 mil, após quatro meses no vermelho, de acordo com dados do Cadastro Ger-al de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia. Foi o melhor resultado para este mês desde 2012. Os piores meses da pandemia foram abril, com a perda de 927 mil empregos formais; e maio, com a demissão de 356 mil tra-balhadores. Mesmo com a recuper-ação de julho, a perda líquida de em-pregos ainda é de 1,4 milhão de vagas desde que o Covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil, em março.

    Os desafios ainda seguem gigantescos. As consequências mais graves da pandemia residem, ob-viamente, no número de vidas perdidas e na quantidade de pessoas infectados pelo vírus. Mas o novo Coronavírus provocou, também, mudanças em diversas frentes.

    Conhecido como o “Oscar” do setor, o tradicional Prêmio Master Imobiliário – realizado anual-mente em uma grande cerimônia presencial –, por exemplo, ganhou novo formato em sua 26ª edição. Desta vez, como um programa de TV, transmitido pelo canal BandNews para todo o Bra-sil, mas mantendo seu êxito de reconhecer e premiar as iniciativas que enriquecem o mercado imobiliário brasileiro. O Prêmio teve o patrocínio de Atlas Schindler, Bandeirantes, Bradesco, Comgás e Estadão.

    Dezenas de iniciativas foram inscritas e avaliadas pela comissão julgadora, presidida por Carlos Pires, Sócio-líder de Auditoria para o Brasil e a América do Sul da KPMG. Na ocasião, o Master Imobiliário premiou 21 vencedores em duas categorias: Empreendimento e Profissional. E cele-brou, mais uma vez, as iniciativas inovadoras e de alta qualidade de empresas e profissionais do setor, que contribuíram para que o mercado imobiliário mantivesse sua força e resiliência em meio à crise nacional.

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    Vencedores do Prémio MasterImobiliário 2020

    Empreendimento

    Categoria - Empreendimento – Loteamento | Case - AZUR Condomínio Lago | Empresa - BLD Urbanismo

    Categoria- Empreendimento – Built-to-suit | Case: Bresco Londrina - BRF | Empresa- Bresco

    Categoria- Empreendimento – Residencial | Case: Cidade Maia – Bairro Planejado | Empresa- EZTEC S/A

    Categoria- Empreendimento – Residencial | Case- Condomínio Praça Ibiapinópolis

    Empresa- THREE Desenvolvimento Imobiliário

    Categoria- Empreendimento – Residencial | Case- o Home Design pioneiro na Rua dos Pinheiros

    Empresa- Tegra Incorporadora

    Categoria- Empreendimento – Retrofit | Case- Retrofit do Complexo Plaza Centenário - SP

    Empresa- Athié Wohnrath / BR Properties

    Categoria- Empreendimento – Comercial | Case- Edifício Adalmiro Dellape Baptista – B32

    Empresa- Faria Lima Prime Properties

    Categoria- Empreendimento – Retrofit | Case: Residence Jacques Pilon | Empresa- TPA Empreendimentos

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    Categoria- Profissional – Marketing | Case- HBR Realty apresenta o Shopping Patteo Urupema

    Empresa- HBR Realty | MPD Engenharia

    Categoria- Profissional – Comercialização| Case- PONTAL: inspire e expire Porto Alegre

    Empresa- Melnick Even Incorporações e Construções

    Categoria- Profissional – Comercialização| Case- PONTAL: inspire e expire Porto Alegre

    Empresa- Melnick Even Incorporações e Construções

    Categoria- Profissional – Oportunidade Estratégica | Case- Helbor traz 1º empreendimento da marca W ao Brasil

    Empresa- Helbor | Toledo Ferrari | HBR Realty

    Categoria- Profissional – Design de Interiores | Case- Projeto Bradesco: Lugares que inspiram as pessoas

    Empresa- Athié Wohnrath

    Categoria- Profissional – Design de Interiores | Case- Projeto Bradesco: Lugares que inspiram as pessoas

    Empresa- Athié Wohnrath

    Categoria- Profissional – Engenharia de Projetos | Case- PUnião do Saber e do Fazer: a Equação perfeita

    Empresa- Conx Construtora e Incorporadora

    Categoria- Profissional – Preservação do Património | Case- Reconstrução do Teatro Cultura Artística

    Empresa- HTB

    Categoria- Profissional – Inovações Tecnológicas | Case- Whatsapp Business Direcional

    Empresa- Direcional Engenharia

    Profissional

    Categoria - Profissional – Responsabilidade Social | Case - Campanha Outubro Rosa Riviera de São Lourenço 2019

    Empresa - Sobloco Construtora

    Categoria- Profissional – Publicidade | Case- Estadão – Criação de valor para além da Mídia Impressa

    Empresa- Publicidade Archote

    Categoria- Profissional – Comercialização | Case- Consultora CBRE – São Paulo Corporate Towers | Empresa- CBRE

    Categoria- Profissional – Soluções Arquitetônicas | Case- Facces Jardins: 2 pontos de vista privilegiados

    Empresa- Helbor | Toledo Ferrari

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    ARTIGO DE OPINIÃO Manuel PereiraPresidente da Federação Moçambicana de Empreiteiros e Vice-presidente da CIMLOP

    Moçambique | Impacto da covid-19 no segmento de habitação e nos mercados da construção e do imobiliário.

    Crise começou em 2015 e não tem qualquer ligação com o coronavírus.

    Apesar do impacto negativo da covid-19 no volume de negócios, principalmente na atividade em-presarial, que reduziu em cerca de 65% no primeiro semestre de 2020, o segmento de habitação e os mercados da construção e do imobiliário mantiveram-se firmes e inabaláveis, tendo em con-ta que as empresas continuaram a trabalhar e a produzir normalmente. A crise que abala os sec-tores de habitação e imobiliária não foi originada pela pandemia da covid-19, mas sim, começou em 2015/2016, quando a economia de Moçambique conheceu uma queda nunca antes vista.

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    Dados divulgados pela Confederação das Associações Económicas de Moçambicana (CTA) in-dicam que, por causa da covid-19, a atividade empresarial conheceu uma redução do índice de robustez empresarial em cerca de 49% (de 0,51 em Janeiro para 0,26 em Junho). No seu todo, o sector empresarial registou perdas de faturação estimadas em cerca de 31 mil milhões de met-icais, correspondentes a 453 milhões de dólares. O sector da hotelaria e turismo figura como o mais afetado, tendo registado uma retração do nível de atividade em mais de 90%.

    Mesmo assim, a covid-19 não está a afetar diretamente a produção na construção civil. Em ger-al, as empresas que têm obras estão a trabalhar e a produzir normalmente. Por isso, é um falso alarme de que a covid-19 está a prejudicar a empresas de construção. Isso não é verdade.

    Todavia, há que reconhecer que alguns sectores estão a ser bastante prejudicados pela pandemia da covid-19, como os da hotelaria e turismo, transportes (de passageiros e de cargas) e comércio e serviços: é que, em geral, a covid-19 está a afetar duramente e de forma direta os sectores que funcionam com pessoas aglomeradas, e não é o que está a acontecer na atividade da construção.

    Em face desta realidade, há empresários e alguns sectores que defendem que tudo deve parar porque a pandemia da covid-19 está a prejudicar a economia. Mas porquê parar se o motor da economia são as empresas?! Parar as empresas é parar a economia e, consequentemente, é levar o país à falência e isso nunca os moçambicanos devem aceitar. Se nós os empresários pararmos de produzir e levarmos o país à bancarrota, quando é que vamos recuperar? A próxima geração é que vai sofrer com isso.

    Como saída, os empresários devem ter imaginação e procurarem investir noutras áreas menos afetadas pela covid-19 porque, conforme o ditado popular moçambicano, “parar é morrer”.

    Globalmente, a situação no sector de construção é devastadora, na medida em que nem todas as empresas conseguem obras. Isto constitui um fator negativo, sobretudo, nas componentes de pagamento de salários e da manutenção de empregos. Com efeito, dos cerca de 3800 emp-reiteiros existentes em Moçambique, somente metade, ou talvez menos, têm trabalho quer em obras públicas quer em particulares. Do mesmo universo, perto de 700 empresas de construção encerraram. A redução de trabalhos está aliada à falta de dinheiro no País.

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    Estes números mostram que, infelizmente, a situação dos empreiteiros é catastrófica e é um sen-timento muito forte que a FME tem porque se multiplicarmos as 3800 empresas por 50 homens que cada uma, em média, tem, isso dá um número aproximado de 199 mil famílias afetadas, que, multiplicado por seis membros por agregado resulta em 1.140 mil pessoas sob responsabilidade da FME. É muita gente e, lamentavelmente, o País não tem muitas possibilidades para ajudar estas empresas.

    Mas como sabemos, esta crise, e muito particularmente na habitação e imo-biliária, vem de há quatro ou cinco anos, muito antes da eclosão da covid-19, isto é, entre os finais do ano 2015 e princípios de 2016, sendo motivada por fatores de outra natureza. Foi a partir dessa altura que os moçambica-nos perderam capacidade de comprar imóveis. Hoje, a situação piorou; por isso, ninguém consegue vender seu imóvel ou seu apartamento por falta de dinheiro no país.

    A situação real bem visível hoje é que prédios que estão a ser construídos nas nossas cidades são de empresas estrangeiras, que conseguem financiamento no exterior a uma taxa de juro de 1%, – mas vender, não vendem! Por essa razão, temos hoje mais de 3500 apartamentos na cidade de Maputo que não se conseguem vender. Além disso, existem projetos imobiliários em construção na ordem de dezoito prédios com 45 apartamentos em média cada, o que perfaz mais 810 apartamentos.

    Ora, uma coisa é a covid-19 e a outra é a falta de dinheiro que o país enfrenta desde 2015/2016. Em geral, no nosso contexto particular, um fator nada tem a ver com o outro, porque muitas em-presas moçambicanas do ramo da imobiliária, já desde o ano de 2016, tiveram que abrandar os seus investimentos e outras tiveram que parar. Destrinçar estes dois fatores é fundamental para recuperar a dinâmica da economia moçambicana em todos os sectores.

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