cordeirópolis, março de 2002 .número...

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Cordeirópolis, Março de 2002 .Número 82 Em busca de respostaspara questões como esta,o Centro APTA Citros "Sylvio Moreira" /IAC realizou, em 14 de março, o III Dia do Limão Tahiti, iniciando seu Calendário de Eventos de 2002. A participação sempre ativa e cooperativa de diferentes atores do segmento desse agronegócio contribuiu para o sucesso do evento, que reuniu cerca de 130 participantes, sendo a maioria produtores. Veja, a seguir, os principais pontos abordadosneste evento,cuja programação constou de nove palestras técnicas, a apresentação de experiências de dois produtores e um workshop sobre a produção de mudas. Comercialização Porta-enxerto alternativo Para Magarete Boteon, do Cepea/Esalq/ USP, os preços do limão Tahiti devem me- Ihorar em breve. O baixo preço atual (R$ 1,00/ cx 27 kg) deve-se ao volume de frutos ofertado no pico da Safra (março), ocasio- nado pelasabundanteschuvase altas tem- peraturas presenciadas neste verão, o que aumentou a produção além de antecipar a safra,culminando com a produção de fru- tos de excelente qualidade e colhidos em curto espaço de tempo. Os preços deverão reagir até maio, quando poderá haver falta limão no mercado.Outro aspecto a sercon- siderado diz respeito à floração da entressafra, que deve ocorrer nos meses de março/abril e que devido aosmesmos acon- tecimentos do verão, deve ser pequena, o que pode resultar em pouca produção de frutos no segundo semestre, garantindo bons preços.Setudo isso acontecer, o ciclo normal da cultura voltará a ser igual ao de anos anteriores: grande safra no primeiro semestre e conseqiientes preços baixos euma entressafra pequena com preços elevados. ção tenha atrasado dois anos em relação à do mesmo limão sobre o porta-enxerto Cravo, o plantio sobre Cleópatra foiba- seado na diminuição das perdas por gomose, o que se confirmou: a mortalida- de ocorreu do 7° ao 15° ano, numa escala crescente de 2% até35%, demonstrando que a longevidade dessacombinação é muito melhor. Além disso,ascolheitas ocorreram do 5° ao 13° ano, numa média de 8,6 vezes ao ano. Elasforam divididas em três ciclos: safra (janeiro a abril), meio de safra (maio a agosto) e entressafra (setembro a dezem- bro), sendo que o percentual da produção foi de 62%, 24% e 14%, respectivamente, em cadaciclo. Outra conclusão interessan- te que o palestranteobteve foi a de que, em anos em que a produção da safra era 50% do total ou menos, era aumentada signifi- cativamente a produção da entressafra, su- postamenteem função da planta estarmais descansada para a tlorada do final do ve- rão ou inicio do outono. Leia mais sobre as conclusões do Dia do Limão Tahiti na página 3. Eduardo MeIo Peris, mostrou os bons resultadosque obteve em Aguaí (SP), com o cultivo de limão Tahiti Peruano enxerta- do em tangerinaCleópatradurante 15anos, quando não era recomendado o uso desse porta-enxerto. Embora o início da produ-

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Page 1: Cordeirópolis, Março de 2002 .Número 82ccsm.br/wp-content/uploads/2017/04/INFORMATIVO_CCSM_03_2002.pdfCordeirópolis, Março de 2002 .Número 82 Em busca de respostas para questões

Cordeirópolis, Março de 2002 .Número 82

Em busca de respostas para questõescomo esta, o Centro APTA Citros "SylvioMoreira" /IAC realizou, em 14 de março, oIII Dia do Limão Tahiti, iniciando seuCalendário de Eventos de 2002. Aparticipação sempre ativa e cooperativa dediferentes atores do segmento desseagronegócio contribuiu para o sucesso doevento, que reuniu cerca de 130participantes, sendo a maioria produtores.

Veja, a seguir, os principais pontosabordados neste evento, cuja programaçãoconstou de nove palestras técnicas, aapresentação de experiências de doisprodutores e um workshop sobre aprodução de mudas.

ComercializaçãoPorta-enxerto alternativo

Para Magarete Boteon, do Cepea/Esalq/USP, os preços do limão Tahiti devem me-Ihorar em breve. O baixo preço atual (R$1,00/ cx 27 kg) deve-se ao volume de frutosofertado no pico da Safra (março), ocasio-nado pelas abundantes chuvas e altas tem-peraturas presenciadas neste verão, o que

aumentou a produção além de antecipar asafra, culminando com a produção de fru-tos de excelente qualidade e colhidos emcurto espaço de tempo. Os preços deverãoreagir até maio, quando poderá haver faltalimão no mercado. Outro aspecto a ser con-siderado diz respeito à floração daentressafra, que deve ocorrer nos meses demarço/abril e que devido aos mesmos acon-tecimentos do verão, deve ser pequena, oque pode resultar em pouca produção defrutos no segundo semestre, garantindobons preços. Se tudo isso acontecer, o ciclonormal da cultura voltará a ser igual ao deanos anteriores: grande safra no primeirosemestre e conseqiientes preços baixos e umaentressafra pequena com preços elevados.

ção tenha atrasado dois anos em relação àdo mesmo limão sobre o porta-enxertoCravo, o plantio sobre Cleópatra foiba-seado na diminuição das perdas porgomose, o que se confirmou: a mortalida-de ocorreu do 7° ao 15° ano, numa escalacrescente de 2% até 35%, demonstrando quea longevidade dessa combinação é muitomelhor. Além disso, as colheitas ocorreramdo 5° ao 13° ano, numa média de 8,6 vezesao ano. Elas foram divididas em três ciclos:safra (janeiro a abril), meio de safra (maioa agosto) e entressafra (setembro a dezem-bro), sendo que o percentual da produçãofoi de 62%, 24% e 14%, respectivamente,em cada ciclo. Outra conclusão interessan-te que o palestranteobteve foi a de que, emanos em que a produção da safra era 50%do total ou menos, era aumentada signifi-cativamente a produção da entressafra, su-postamente em função da planta estar maisdescansada para a tlorada do final do ve-rão ou inicio do outono.

Leia mais sobre as conclusões do Diado Limão Tahiti na página 3.

Eduardo MeIo Peris, mostrou os bonsresultados que obteve em Aguaí (SP), como cultivo de limão Tahiti Peruano enxerta-do em tangerina Cleópatra durante 15 anos,quando não era recomendado o uso desseporta-enxerto. Embora o início da produ-

Page 2: Cordeirópolis, Março de 2002 .Número 82ccsm.br/wp-content/uploads/2017/04/INFORMATIVO_CCSM_03_2002.pdfCordeirópolis, Março de 2002 .Número 82 Em busca de respostas para questões

2 Informativo Centro de Citricultura

NotasEditorial

FRUTFEIRA 2002Morte Súbita dos Citros

o IBRAF (Instituto Brasileiro deFrutas) e a Placam Feiras e Eventospromovem de 13 a 16 de maio, no Centrode Exposições Imigrantes, em São Paulo, asegunda edição da Frutfeira -FeiraInternacional de Frutas, Derivados e Afins.O evento promete se transformar em umverdadeiro fórum das questões dafruticultura brasileira, além de ponto denegócios entre produtores e compradores.

A primeira edição da Frutfeira contoucom expositores das áreas de governo,entidades de classe e da iniciativa privada,num total de 7 mil visitantes de 420 cidades,gerando R$ 4 milhões em negócios. E oSeminário Internacional Brazilian Fruithavia contado com a presença de 400participantes por dia, o que é um indíciodo interesse pelo tema. O sucesso deve serepetir este ano.

O Centro de Exposição Imigrantes ficana rodovia Imigrantes, km 1,5 e a feirafuncionará das 10 às 19 h. Maioresinformações podem ser obtidas pelo tel./fax ( 11) 223 8766, pelo [email protected] ou no websitewww.frutfeira.com.br.

Simpósio no México

O pesquisador Gerd w. Miillerrepresentou o Centro APTA Citros no VISimposium Internacional de Cítricos -Reconversión Productiva de Ia CitriculturaMexicana, realizado de 20 a 23 de março, naCiudad Victoria, Tamaulipas, no México.O pesquisador proferiu, a convite dosorganizadores, duas palestras -sobre MorteSúbita dos Citros (MSC) e CloroseVariegada dos Citros (CVC) -, além demanter importantes contatos com osdemais palestrantes e pesquisadoresmexicanos, especialmente sobre o cultivode lima ácida Tahiti, fruta que o México é oprincipal produtor mundial.

Visita do Prefeito de

Bebedouro,

A morte súbita dos citros (MSC) é uma

nova doença que ataca a planta citrica

enxertada sobre limoeiro Cravo, causando

seu rápido deperecimento e morte. Ela

começou provavelmente em 1998 no sul do

Triângulo Mineiro, estando restrita a

algumas propriedades dessa região, além

Co16mbia e Barretos no norte de São Paulo.

Os sintomas mostram a perda do brilho das

folhas e a planta, como um todo, reduz as

brotações. No caso da copa de laranjeira

Hamlin enxertada sobre limoeiro Cravo,

mesmo havendo perda de folha, a planta

dificilmente morre rapidamente. As plantas

afetadas florescem, frutificam e apresentam

frutos de tamanho normal.

0 apodrescimento das raizes está pre-

sente em todas as plantas com sintomas. E

até agora a doença foi encontrada em copas

enxertadas sobre limoeiro Cravo e mais re-

centemente, sobre Volkameriano. A diferença

desta anomalia em relação a outros tipos de

declinio é a rapidez da morte das plantas e as

alterações fisiológicas no tronco do limoeiro

Cravo, no câmbio, logo abai-xo da linha de

união da copa com o porta-enxerto.

Já foram encontrados sintomas da do-

ença em plantas de até 2,5 anos na região

afetada. Pela análise espacial de distribui-

ção da MSC, há uma semelhança muito

grande com a tristeza dos citros. Caso seja

um novo "strain" do vírus da tristeza, o pro-

blema é mais grave, porque conta com o

pulgão para disseminar a doença. Até ago-

ra, mais de 300 mil plantas têm sintomas ou

morreram.

Na hip6tese de ser um novo "strain" do

vírus da tristeza, mais uma vez o Centro

APTA Citros/IAC terá uma grande respon-

sabilidade na sua pesquisa, em função de

sua longa experiência no uso de porta-en-

xertos e de sua coleção de 137 variedades

prontas para serem testadas nas regiões afe-

tadas. Além disto, a equipe do laborat6rio

de Biotecnologia já vinha fazendo impor-

tantes estudos com a tristeza comum e de

Capão Bonito, ciente de que um dia a do-

ença poderia se transformar um sério pro-

blema.

Atualmente São Paulo conta com um

excelente grupo de pesquisadores, tanto nos

institutos da APTA: Agron6mico, Bio16gico

e ITAL, como na Esalq/USP, Unesp e

Fundecitrus, além de bons laborat6rios. 0

Estado está hoje mais preparado para

enfrentar os problemas fitossanitários do que

há dez anos e os recursos financeiros da

iniciativa privada e do governo não podem

altar para as pesquisas.

No dia 20 de março, o Prefeito Munici-paI de Bebedouro, David PerezAguiar, visi-tou demoradamente o Centro APTACitros/IAC, com o objetivo de conhecer ostrabalhos de pesquisas nele desenvolvidos.O prefeito foi recebido pelo diretor do Cen-tro, Joaquim Teófilo Sobrinho, e pelos pes-quisadores Marcos A. Machado, diretor doNúcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do

Cordeir6lJoli5, Marco de 2002 .Número 82

Centro, e Sérgio Alves de CarvC1lho, respon-sável pelo Programa de Matrizes eBorbulheiras Protegidas de Citros

Aguiar teve a oportunidade de conhe-cer os laboratórios de Biotecnologia e deQualidade de Frutas, a Clínica deFitopatologia e as Borbulheiras e MatrizesProtegidas. Na despedida, convidou o di-retor do Centro para visitar a PrefeituraMunicipal de Bebedouro em data a sermarcada, estreitando os laços de interessescitrícolas.

Centro sedia reuniões do

Ministério da Agricultura

O Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (MAPA) promoveu durantetrês dias reuniões na sede do Centro APTAde Citros Sylvio Moreira, coordenadas pe-los Engos Agros José Geraldo Baldini Ribei-ro, de Brasília, e Jorge Luiz Bassetto, daDelegacia Regional de São Paulo.

O primeiro encontro teve como temaas exportações de frutas frescas cítricas deSão Paulo, tendo reunido representantesda Coordenadoria de DefesaAgropecuáriae dos principais exportadores do Estado.Foram discutidas as normas de exportaçãoexigidas pelos compradores que devem serrigorosamente seguidas para evitar o com-prometimento das nossas futuras remes-sas. Essas exigências visam especialmenteatender os padrões de sanidade quanto apragas e doenças, além da qualidade dosfrutos no porto de recebimento na Europa.

A segunda reunião foi feita com os pes-quisadores do Centro, para concluir os ma-nuais técnicos sobre as pragasquarentenárias que limitam as exportaçõesde frutas cítricas, principalmente para aComunidade Européia.

E outra reunião, de caráter doméstico,reuniu os principais órgãos de pesquisa edefesa agropecuária, para elaboração deinstrução normativa a ser baixada peloMAPA, objetivando estagnar a expansão damorte súbita dos citros, que está atualmenterestrita a poucos municípios do norte doEstado de São Paulo e sul do TriânguloMineiro. A instrução prevê ainda regula-mentar a comercialização e o trânsito demudas atualmente produzidas naquelas

regiões.

Laranja para pressão

o suco de laranja pode ajudar a reduzira pressão arterial, indica pesquisa feita naClínica Cleveland, nos EUA. No estudo, 24pessoas tomaram dois copos de suco pordia durante seis semanas e foi registradaredução média de 7% na pressão sistó1ica(máxima} ede 6,4% nadiastó1ica (mínima}.Fonte: Folha de s. Paulo, 28/03/02.

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Informativo Centro de Citricultura 3

Outras palestrasPerspectivas do setor

Dia do Limão

Fitorreguladores

A palestra sobre Fitorreguladores ouReguladores Vegetais, como o especialistaFrauzo Ruiz Sanches prefere que sejam cha-mados tais produtos, abordou de formaabrangente os principais eventos que po-dem ser alterados na produção do limãoTahiti. O conhecimento da fisiologia da plan -

ta e a ação dos fitorreguladores são peçasfundamentais para o sucesso da operação.Manutenção da cor verde da casca, mudan-ça no regime de florescimento das plantas eretenção de frutos na planta por períodosmaiores são alguns dos objetivos que po-dem ser alcançados com essas técnicas.

Tahiti orgânico

O produtor Clairson Tagliari, de MogiMirim, expôs como está produzindo oTahiti sem insumos de origem química,objetivando o equih'brio dos pomares queestavam com sérios problemas de pragas,doenças e controle de mato. Desde 1995, eleemprega adubação verde antes do plantio,fósforo na cova e adubação orgânica comdejetos de porco melhorados com bacté-rias (para sua rápida decomposição) .Fo-ram utilizadas leguminosas de verão e deinverno nas ruas, controle de algumas pra-gas, especialmente saúvas, e houve a ma-nutenção da fertilidade do solo com macroe micronufrientes. O palestrante enfatizouque o importante é a qualidade do produtoe não a quantidade, embora ele consiga con-ciliar ambos, produzindo frutos com boacasca durante o ano todo.

Exportação

Giovane Barroti falou da produção deTahiti para exportação, em que devem serlevadas em conta as exigências do merca-do, como frutos de casca rugosa e cor ver-de escura, calibre adequado, absoluta au-sência de pragas e doenças e de manchas

esbranquiçadas ("bandeiras") e, ainda,observância dos limites de resíduos deagrotóxicos estabelecidos.

U m fator relevante na obtenção de fru -

tos exportáveis é a influência da copa, vistoque clones de IAC-5 ou Peruano, por seremmais enfolhados, apresentam maior quan-tidade de frutos "embandeirados" devido,em parte, à menor quantidade de luz quepenetra no interior da copa. O uso de ácidogiberélico (AG3) atua na manutenção da corverde, sendo utilizado em ambiente ácido(pH baixo, em torno de 3 a 4.

Cordeir6polis, Março de 2002 .Número 82

Importantes relatos foram apresenta-dos por dois produtores de Tahiti, de dife-rentes regiões que cultivam essa lima ácidano Estado de São Paulo. José CarlosAndrade, de Mogi Mirim, com sua simpli-cidade característica e muito conhecimen-to, contou como passou a trabalhar com acultura. Para ele é preciso investir constan-temente na capacitação dos colhedores dasfrutas. E um jovem produtor de Itajobi, JoséMarcos Barbizan, falou do sucesso que vemobtendo com a utilização do cultivo 'sus-tentável para a produção de limão Tahiti,de modo econômico e sem agressão ao am -

biente.A palavra do exportador ficou a cargo

da família Promicia, proprietária da em-presa Itacitros, de Itajobi, que está no ramoda exportação de limão Tahiti há algunsanos e hoje trabalham com cerca de 1400pequenos produtores, que produzem suasfrutas buscando qualidade para exporta-ção. As frutas são destinadas basicamenteà Europa, onde frequentemente os embar-ques são acompanhados pelos própriosmembros da Itacitros, procedimento quepermite aprender e resolver entraves queaparecem nesse tipo de negócio.

Uma mesa redonda sobre o mais polê-mico dos temas referentes ao assunto -"aprodução de mudas de Tahiti Quebra Ga-lho, atendendo à legislação em vigor"- fe-chou o evento. Para nivelar conhecimentose dar condições à discussão, foram apre-sentadas três mini-palestras: sobre exocorteem limão Tahiti, proferida por Gerd w.Muller; vantagens e desvantagens dos clonesde Tahiti, por José Orlando de Figueiredo; ecertificação de mudas de Tahiti, por SérgioAlves de Carvalho. Após muita discussão,onde ficou claro que o citricultor deseja acontinuidade do uso de limão Tahiti Que-bra-galho, foi estabelecido que o eventodeverá propotàs instâncias superiores a se-guinte sugestão: enquanto a pesquisa bus-ca material genético que possa atender ademanda dos produtores de lima ácidaTahiti, deve-se avaliar a possibilidade deprodução, em caráter excepcional, de mu-das fiscalizadas de citros, produzidas ex-clusiva e obrigatoriamente em ambienteprotegido, e com ferramentas e equipamen-tos próprios.

"Não há crise no setor citrícolà', afirmouAdemerval Garcia, na palestra sobre as pers-pectivas do setor aos pesquisadores do cen-tro APTA Citros. Ele explicou que o segmen-to baseia-se no número de árvores em pro-dução, o que permite fazer uma previsão desafra com prognóstico de mercado.

Segundo Garcia,na década de 1990,hou-ve uma progressiva diminuição dos preçosde mercado ocasionando as chamadas "cri-ses financeiras no setor citricolà', com redu-ção acentuada dos lucros nos diferentes seg-mentos da cadeia produtiva. A redução dospreços de mercado acarretou umdesestímulo no plantio, ocasionando umaredução de 12% da área plantada de citros.Contrariando o tamanho da área plantada,houve um crescimento de aproximadamen-te 40% na produção, com a adoção de no-vas tecnologias. Mas, segundo o palestrante,os preços de mercado não subiram acom-panhando o aumento da produção, o quedesestimulou o plantio nessa década. O qua-dro atual é o de pequeno estoque de suco, oque requer que as indústrias dependam ex-clusivamente do campo e de sua capacidadeprodutiva anual.

O Brasil exporta cerca de 1,2 milhão to-neladas anualmente e este volume não estáaumentando em função da crescente parti-cipação ness~ mercado de outros países pro-dutores, como México, Marrocos, Chipre eTunísia, cujas exportações estão isentas detaxas tarifárias. Outro entrave às exporta-ções é o próprio Mercosul, que proibe queos países-membros façam acordos bilate-rais de comércio internacional.

Garcia falou sobre as muitas taxas que acitricultura tem que pagar para colocar seusprodutos nos mercados internacionais,destacou a falta de defesa comercial e decontrole sobre certificado de origem, e a faltade interesse governamental em alterar aestrutura tarifária. Quanto às barreiras nãotarifárias, ressaltou a necessidade deenvolvimento do setor privado com asentidades científicas, cujas atribuições estarãoligadas à determinação e avaliação deprodutos e à rastreabilidade.

O palestrante afirmou que existe o inte-resse da indústria em desenvolver o projetogenoma da laranja e plantas cítricastransgênicas, visando à proteção da árvorecontra pragas e a consequente diminuiçãodo uso de agroquímicos, " o que vem de

encontro à defesa da planta e à proteção domeio ambiente, acarretando melhorias naimagem desses produtos". E falou sobre anecessidade da pesquisa ampliar cada vezmais suas linhas de trabalhos, buscandonovos horizontes e incentivando o aumentoda parceria com o setor privado para ob-tenção de recursos.

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4 I n formativo Centro de Citricllfl.a

Mosca negra dos citrosmerece atenção

A mosca negra dos citros, Aleurocanthuswoglumi Ashby (Hemiptera, Aleyrodidae) ,(na foto ao lado) é um inseto sugador quecausa grande impacto econômico se nãofor detectado antes de sua explosãopopulacional. Ela foi identificada nos mea-dos de julho do ano passado no Estado doPará e, se não forem tomadas medidas enér-gicas de vigilância fitossanitária, poderá setornar um grande problema para a maiorcitricultura mundial.

O adulto se parece com uma pequenamosca e é morfologicamente semelhante àmosca branca, porém de coloração pretacom tons cinza-azulados, com marcasesbranquiçadas nas asas. As ninfas sugamincessantemente as folhas dos citros, ex-traindo grande quantidade de seiva edepauperando as plantas. Parte do que foisugado é expelido pelo inseto e, como essaexcreção é rica em açúcares, as formigassão atraidas, o que propicia o desenvolvi-mento de fumagina sobre a planta. Devidoà diminuição daatividade fotossintética, osdanos podem variar de 20 a 80% da pro-

dução prevista para aquelas plantas.Além dos citros, outras plantas podem

servir de hospedeiras para a mosca negra:abacate, banana, caju, café, goiaba,grumixama, lichia, mamão, manga, pêra,pitanga, uva e plantas ornamentais. A sim-ples suspeita da presença dessa praga nasnossas condições deve ser levada ao corihe-cimento dos órgãos de defesa sanitária ve-getal para as devidas providências.

Registro Histórico (19)

Os primórdios da citricultura

Cordeirópolis, Março de 2002 .Número 82

Tese de doutorado1 c II c IL

o pesquisador científico FranciscoFerraz Laranjeira, ex-funcionário doCentro APTA Citros/IAC e atualmente naEMBRAPNCruz das Almas (BA). defen-deu com brilhantismo no dia 4 de março,na Esalq/USP a tese Epidemiologia daClorose Variegada dos Citros. O orientadorfoi o Prof. Dr. Armando Bergamin Filho. Opesquisador José Orlando de Figueiredo doCentro APTA Citros/IAC participou dabanca examinadora como membro titular.

Laranjeira trabalhou 6 anos no CentroAPTA Citros contratado pela Fundag. emconvênio com o fundecitrus.

Citrus e Saúde

Anemia

Anemia é a diminuição dos glóbulosvermelhos no sangue; O tipo mais comumque acomete grande parte da populaçãomundial. principalmente a de baixa renda,e que em alguns casos chega a atingir 50%da população é a anemia por deficiência deferro, assim chamada de anemia ferropriva.As causas mais comuns dessa anemia sãoas verminoses, má alimentação. infecções e

hemorragia.Após combater a causa, o tratamento

da anemia ferropriva con~iste naadministração de sais ferrosos. isto é. ferrona forma de sais. Para ser melhor absorvidopelo intestino, esse medicamento necessitade ácido ascórbico. que facilita a passagemdo ferro do intestino para o sangue.

Como a Vitamina C está presente naslaranjas e derivados, recomenda-se quequando for tomado o medicamento à basede ferro (sulfato, succinato, folato), sejaacompanhado da ingestão de suco de cítri-cos, de preferência feito na hora.

Além da Vitamina C, a laranja contém7% do ferro necessário para o nosso orga-nismo. Ou seja, além da Vitamina C, a la-ranja ajuda através do ferro no combate daanemia ferropriva.(Dr. Sérgio Fernando Sartor4 médico )

Produção integradade frutas

,~ ~-~ ~---o Centro APTA Citros foi conVidado a

participar do Comitê Gestor do ProgramaPIF -Lima Acida Tahiti, desenvolVido peloMAPA eMCf/CNPq e coordenado pelo EngoAgro Mauro Antonio Luchetti, Diretor daCATI- Regional de Catanduva. Farão partedo Comitê os pesquisadores José Orlandode Figueiredo e Dirceu de Mattos Junior e oEngo Agro José Dagoberto De Negri, que,juntamente com os demais membros, utili-zarão suas experiências e motivação, o quepoderá contribuir substancialmente para osucesso desse programa destinado ao culti-vo dessa importante citrina.

Expediente

Informativo Centro de Citricultura

Editora e jornalista responsável:, Cristina Rappa (MTb 15,213)

Na região do Vale do Paraiba, no período 1894 a 1907, já se destacava o comércio Conselho Editorial:citrícola para atender os mercados de Rio de Janeiro e .?ão Paulo. Artigos divulgados no Joaquim Teófil~ SobrinhoBoletimdoMinistériodaAgricultura(1913a 1938) enaRevistaCitrícola(1939) relaciona- Marcos AntonIo ~ach~do

cul d Es d .- ( , Ce al d B ii) d José Orlando de Figuelredovam os pnnapaIS Cltn tores o ta o e por regi ao na epoca ntr o ras , entre R M P'os ~uais podem ser destacad~ algumas d~s firmas produtoras ~ exporta~oras des:a A;e A, ~Zib:OregI ao: Amaro e Molo (de Jacarel),Monso Ralola (Caçapava), Franasco Barom (Taubate), Keli Cristina MinatelJosé Cutrale e Filho (Taubaté) e Irmãos Roggero & Cia. (Jacareí). Elizete A. Peruchi Borgia

Serviu, portanto, a citricultura para, juntamente com a pecuária leiteira; ajudar a José Dagoberto De Negrireerguer a economia dessa região, abalada com a transferêcia da exploração cafeeira que Vivian Michelle dos Santos Borgesavançava, então, para a região de Campinas. Rod, Anhanguera, km 158

Vale, por fim, observar o porquê dos túmulos de muitas dessas famílias no Cemitério CP 04, CEP 13490-970, Cordeirópolis, SPdo Araçá (São Paulo) se encontrarem muito próximos uns dos outros. Fone/fax: (19) 546-1399Fonte: Antônio A. Amaro, do lEA. I www.centrodecitricultura.br