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COORDENAÇÃO DO EVENTO

Profª Drª Denise Rosana da Silva Moraes (Coord. Geral – UNIOESTE) Prof Dr Antonio Rediver Guizzo (Coord. Geral – UNILA)

COMISSÃO DE ORGANIZAÇÃO DOS CADERNOS DE RESUMOS

Jhanira Mayra Conde Osco (UNILA – PPGLC) Jeancarlo Bresolin (UNILA – PPGLC)

COMITÊ CIENTÍFICO

Profª Drª Mariana Cortez (UNILA) Profª Drª Débora Cota (UNILA) Profª Drª Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE) Prof Dr Oscar Kenji Nihei (UNIOESTE) Prof Dr Andrea Ciacchi (UNILA) Prof Dr Marcelo Marinho (UNILA) Prof Dr Dinaldo Sepúlveda Almendra Filho (UNILA) Prof Dr Leonardo dos Passos Miranda Name (UNILA) Profª Drª Rosângela de Jesus Silva (UNILA) Profª Drª Elaine Lima (Centro Universitário Dinâmica das Cataratas-UDC) Profª Drª Cecilia Luque (Universidad Nacional de Córdoba) Prof Dr Samir Ghaziri (UNESP)

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SIMPÓSIO

Como pensamos hoje diferentes processos artisticos? Interdisciplinaridade, estetica e saberes nas humanidades

Coordenadoras

Profa Dra Ana Lúcia Modesto (UFMG) e-mail:[email protected]

Profa Dra Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE) e-mail:[email protected]

Resumo do simpósio: Um dos efeitos que emerge das inúmeras reflexões que relacionam Ciências Sociais, Arte e Literatura tem sido a relativização da categoria “estética”, alargando os estudos sociológicos e antropológicos para acolher temas de interesse e utilizando-se de categorias êmicas para estudos de relações, práticas e saberes que não se restringem às definições comuns do que é arte, incluindo, na Antropologia, objetos da chamada cultura material. Por esse motivo, a relação entre essas diferentes áreas – Ciências Sociais, Arte e Literatura – incide cada vez mais em uma reflexão que põe em suspenso essa separação em termos ontológicos e epistemológicos. A pergunta sobre a possibilidade de uma antropologia da narrativa literária como expressão artística, por exemplo, torna-se ainda mais desafiante nesse contexto de relativização, se considerarmos o interesse crescente da própria escrita etnográfica como um gênero literário e suas implicações políticas, movimento iniciado com a crítica desestabilizadora de alguns antropólogos norte-americanos. Essa crítica evidenciou o quanto a antropologia pode estar mais próxima da literatura por meio de artifícios narrativos usados para expressar a experiência de campo. Tal movimento metanarrativo na Antropologia é paralelo ao ocorrido na construção de narrativas literárias. A autoconsciência reflexiva do processo literário questiona a própria a narrativa enquanto narra e, embora tenha sido co-constitutiva da literatura, passou a ser radicalizada recentemente. Isto é, as narrativas literárias voltam-se para si mesmas, atentas ao lugar e às condições em que elas próprias se inscrevem, refletindo sobre a ficcionalidade e o próprio processo de escrita no romance. São debates a respeito desses movimentos autoreflexivos nos diferentes processos artísticos que esperamos acolher nesse simpósio: pensar as produções ficcionais (literárias, fílmicas, bem como vídeos e performances experimentais) como modo peculiares de dar forma ao conhecimento, para além das divisões disciplinares, buscando suas convergências, (as) simetrias, similaridades e discutindo a validade de seus contrastes supostos na gênese das Ciências Humanas como um saber específico.

COMUNICAÇÕES

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10/10/2017 (Terça feira) das 14:00 às 15:30 (Bloco F, sala 1)

14:00 - 14:20

A interdisciplinariedade entre Literatura e Biopolítica: uma análise da morte em A passagem tensa dos corpos, de Carlos Brito e Mello

Diana Milena Heck (UNIOESTE) [email protected]

A partir do século XIX houve uma significativa mudança em relação ao poder sobre o indivíduo e seu corpo, bem como da morte e suas práticas. O surgimento da biopolítica, conceito proposto por Michel Foucault, nos anos 70, se dá justamente como reflexo dessas grandes mudanças e passa a substituir a ideia de “fazer morrer ou deixar viver” pela de “fazer” viver e “deixar” morrer. A análise da morte e do morrer na Literatura, por sua vez, proporciona uma visão de como o fenômeno se transforma histórica e geograficamente, além de proporcionar o intenso diálogo com outras artes. Diante do exposto, objetiva-se discutir como o conceito da biopolítica e sua relação com a morte está problematizado na Literatura, a partir da análise do romance brasileiro A passagem tensa dos corpos, de Carlos de Brito e Mello (2009).

Palavras-Chave: Biopolítica; Literatura Brasileira Contemporânea; Morte.

14:20 - 14:40

“Encontros e desencontros”: corpos abjetos em três contos de Rubens Fonseca

Franciele Pereira(UNIOESTE) [email protected]

O enaltecimento do corpo humano e o cultivo do que é considerado boa aparência são temas presentes nas relações sociais recentes, além de ser objeto de atenção de diferentes abordagens. Por meio dos estudos acerca do biopoder, Foucault (2007) mostrou que os processos sociais e políticos têm grande responsabilidade no agenciamento do corpo enquanto meio de produção, manutenção e transformação da aparência pessoal. Com o advento das tecnologias, o domínio da materialidade corpórea entra em cena com as novas práticas bio-ascéticas e a busca do fitness juntamente com os rituais de beleza ancorados pelas ideias de pureza e limpeza corporais. Nesse sentido, este trabalho objetiva problematizar o corpo em seu domínio de controle dentro do plano literário. Para tanto, três contos de Rubem

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Fonseca foram selecionados para leitura e análise –– “Encontros e desencontros”, “O estuprador” e “Beijinhos no rosto”. As narrativas dialogam exatamente com as ideias da plasticidade e do controle sobre o corpo, pois as personagens ao se sentirem incomodadas com sua aparência são caricaturizadas frente a esse comportamento. Elemento de constante reflexão e cuidado, constituinte de um modo de ser constantemente aperfeiçoado e transformado, o corpo narrado nos contos é, ao contrário do ideal preconizado pelos engendramentos do biopoder, incontrolável, doente e limitado.

Palavras-chave: Rubem Fonseca; abjeção; biopoder.

14:40 - 15:00

“O Lugar Escuro”: uma análise do mal de Alzheimer sob as óticas literária e jurídica

Samuelli Fernandes Heidemann (UNIOESTE) [email protected]

A apresentação objetiva um exercício de reflexão sobre o processo de interdição de pessoas com o mal de Alzheimer propiciado por aproximações de duas perspectivas diferentes: a narrativa literária e o discurso jurídico. Para a primeira perspectiva uti-lizaremos a obra “O Lugar Escuro”, da escritora Heloisa Seixas, centrada no tema da doença de Alzheimer. O processo senil narrado é evidenciado em sua faceta do-lorosa que aflige tanto o personagem - pela degradante perda da autonomia – quan-to os familiares. O romance é caracterizado como autobiográfico, mantendo seu apelo ficcional. Para a segunda, analisaremos a jurisprudência para detalhar o pro-cesso de interdição de pessoas com o mal de Alzheimer e exploraremos os recur-sos do Judiciário que se utiliza de documentos extrajurídicos para fundamentar-se. Um exemplo é a emissão de laudos médicos como condição a ensejar a interdição das pessoas portadoras da doença, atestando-as incapazes pela perda da capaci-dade civil. A aproximação permitirá ver como a construção dessa doença nas duas perspectivas tem como eixo o significado da senilidade como ausência de autono-mia e de capacidade no contexto brasileiro recente. Palavras-chave: Saberes Jurídicos; Romance; Doença de Alzheimer; Interdição.

15:00 - 15:20

“Felicidade”, de Luiz Vilela: do pertencimento ao mal-estar social

Vera Regina Vargas Dupont [email protected]

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O objetivo deste artigo é analisar o conto “Felicidade”, de Luiz Vilela, uma vez que este aponta uma problemática contemporânea: o processo civilizatório e suas implicações ao conceito de felicidade do indivíduo. A narrativa apresenta a dificuldade da personagem em manter suas relações sociais e ao mesmo tempo sobrepujar a sua perspectiva de prazer e felicidade. Por conveniência, ostenta sorrisos sem graça ao ser surpreendido com uma festa de aniversário surpresa que sua mulher organiza em sua homenagem. Sucumbindo seus reais interesses em prol da convivência harmoniosa, sente-se, ao refugiar-se no banheiro e ficar sozinho, sua real necessidade e desejo. Deste modo, percebe-se que o conceito de felicidade da personagem está subjugado ao estereótipo de sociedade feliz criado culturalmente em torno dela; o indivíduo está à mercê das conveniências sociais para suprir a necessidade de pertencimento ao grupo social. Desta maneira, este trabalho fará uma análise bibliográfica de cunho sociológico em tal obra, investigando como a necessidade de enquadramento às normas estabelecidas pela sociedade estão emaranhadas ao enredo, buscando fundamentação teórica nas considerações de Sigmund Freud (1974). Palavras-chave: Indivíduo, Civilização, Felicidade

11/10/2017 (Quarta feira) das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco F, sala 1)

9:10 – 9:30 “Ruben Dario y los cronistas cariocas de principios del XX: lecciones para la mirada cosmopolita”

Mercedes Rodríguez (UNMDP)

[email protected]

En nuestro trabajo tomamos las crónicas darianas del volumen Parisiana 1907 que referencian la tarjeta postal como un sistema de representación propio de la modernidad, para compararlas con la crónica carioca de la época. En todos los casos, observamos que la imagen es abordada como producto del avance iconográfico sobre la tensión de la vida en la ciudad, donde con frecuencia se ven desdibujados los límites entre las prácticas sociales. Cronistas como João do Rio (con textos escritos entre 1904 y 1907) Luiz Edmundo (con sus crónicas en el Correio da Manhã desde 1901, reunidas más tarde en forma de registro de memorias) y Figuereido Pimentel (quien publica desde 1907 en la sección “Binóculo” de la Gazeta de Notícias), entre otros, construyen y problematizan las relaciones de identificación sobre la urbe a partir del uso de la imagen. Por lo tanto, nos proponemos determinar con qué operatorias del discurso se resuelve en la escritura de la crónica de comienzos del XX la construcción París-Buenos Aires-Rio de

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Janeiro, en tanto cosmópolis vinculadas por la mirada de los cronistas que arman redes de comunidades socioculturales en el periódico latinoamericano. Palabras clave: crónica, literatura, periodismo, escenarios, postal

9:30 - 9:50

Saudação à expressividade lirica: um estudo do poema “Saudação” de Beto Petry

Jean Carlo Bresolin (UNILA) [email protected]

Tendo como ponto de partida a leitura do poema “Saudação” do escritor paranaense Beto Petry, o artigo pretende explorar algumas reflexões que foram suscitadas e fundamentadas em publicações na área da antropologia, da crítica literária e da sociologia, buscando com isso o aprofundamento da analise interpretativa do feito literário, principalmente aqueles aspectos que buscam problematizar características comuns à vida das pessoas, como a dicotomia vida/morte. Para isso, será exposto o poema à luz de publicações de Cândido (1975; 2006), na tentativa de correlacioná-lo ao seu contexto social, utilizando-se também de explanações sociológicas e antropológicas de Silva (2013), de Lévi Strauss (1997), apontamentos de explanações teóricas buscaremos apontar traços de criatividade em tal poema e a importância do contexto para a elaboração de produções literárias, principalmente aquelas consideradas regionais e caracterizadas por traços identitários. Palavras-chave: Literatura; Contexto; Criatividade.

9:50 - 10:10

A Iconografia Libertária de Antonio Berni: uma possibilidade de (re)conhecimento para a América Latina

Talitha Perez Bianchini (UNILA) [email protected]

A Arte, em suas diversas linguagens, torna-se elemento integrador, libertador e de oportunidade de compreensão a povos e indivíduos. Por meio dela, consegue-se encurtar distâncias e alicerçar paradigmas. A presente proposta tem como objetivo reconhecer parte da iconografia plástica latino-americana através da obra de Antonio Berni, artista argentino que, em seu discurso estético, salienta a desigualdade social na Argentina e conduz à reflexão e à análise dos processos históricos, sociais e políticos nos países da América Latina com a criação de dois

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personagens icônicos e representativos. Utilizando-se de uma contextualização concisa sobre o processo criativo do artista como fundamentação para uma breve análise Semiótica – ciência que leva em consideração o estudo e a compreensão integral das linguagens através dos signos – de sua personagem feminina, Ramona Montiel, visa-se então levantar pontos relevantes para o reconhecimento e compreensão de sistemas complexos de linguagens, culturas e sociedades, considerando as relações entre arte, cultura, história, sociedade e política e ponderando aspectos humanos, únicos e singulares dentro das epistemologias latino-americanas. Espera-se com esse estudo identificar novos padrões iconográficos para a América Latina, bem como apoiar a relevância da formação estética, esta que auxilia na ampliação e compreensão cultural e social por meio das artes e que provê elementos de significância ao indivíduo. Palavras-chave: Iconografia Latino Americana; Antonio Berni; Semiótica; Cultura

Latino-Americana; Artes Plásticas. 10:10 – 10:30 A bunda como sistema de representação a partir de Casa Grande & Senzala.

Ana Paula Garcia Boscatti (UFSC)

Este trabalho pretende discutir a bunda enquanto expressão da cultura visual. No Brasil, a bunda se manifesta em inúmeros mercados (moda, moda praia, cosméti-cos, cirurgias plásticas, turismo sexual, etc.), tecnologias, experiências cotidianas, de modo que se constrói um complexo sistema de representações e artefatos que produzem significados e valores comuns associados a processos identitários. Assim entendemos muitas vezes, a bunda como expressão da nossa “brasilidade”. Para isso, se abordará o livro Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre, enquanto mani-festação erótico-pornográfica que constrói a partir da arquitetura um sistema de re-presentação, que pretende problematizar: a masculinidade domestica do jovem “se-nhor” de engenho, a transformação da mulher negra em mulata sensual e a esteti-zação pornô “colonianal” dos anos 70. Palavras-chave: cultura visual; Casa Grande & Senzala; bunda.

Tarde – das 14:00 às 16:00 (Bloco F, sala 1)

14:00 - 14:20

Vlogs de brasileiros estudantes de Medicina no Paraguai Maria Aparecida Webber (UFPR) [email protected]

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Este trabalho pretende compartilhar uma breve análise de videoblogs (vlogs) de brasileiros que se encontram cursando Medicina no Paraguai, especialmente na região da Tríplice Fronteira (AR-BR-PY), bem como pensar as inferências e aberturas geradas por esse tipo de material na produção etnográfica atual. O presente estudo faz parte de uma pesquisa de Mestrado em andamento que acompanha o crescente fluxo migratório do Brasil em direção ao Paraguai com fim de acesso à Educação Superior, sobretudo visando a formação na área médica. As mídias e recursos tecnológicos foram elementos que marcaram fortemente as observações etnográficas realizadas durante e após o trabalho de campo, suscitando a reflexão sobre as fronteiras e limites metodológicos destas narrativas digitais na construção do conhecimento antropológico atual. Palavras-chave: Etnografia; Vlog; Estudantes; Medicina; Paraguai.

14:20 - 14:40

SP Invisível: a experiência da fanpage do Facebook como construção de uma obra narrativa digital

Daniele Prates Pereira (UNIOESTE) [email protected]

Ariana Regina Storer Brunieri (UNIOESTE) [email protected]

A estética continua um elemento importante para a arte e a literatura caracteriza-se pela busca da construção estética de experiência para os sujeitos inseridos no universo ficcional ou narrativo. O objetivo da discussão que propomos traça um debate sobre as produções literárias, coletâneas, e relatos apresentados em um modelo que não é mais o livro, mas tem como locus o ciberespaço e as redes sociais. Observamos então a página SP Invisível, que se retrata como um movimento que divulga histórias dos invisíveis (moradores de rua) que possam contrastar com modos de vida de pessoas distantes dessa experiência . As histórias são também contadas no website SP Invisível, e o grupo acabou produzindo, a partir dessas histórias, um livro. Contudo, a experiência literária foi iniciada a partir de uma estética peculiar, que são aspostagens neste ambiente de interações cibernéticas. Discutiremos então a estética, a narrativa, o gênero digital e, na sequência, apresentaremos esta forma de construção de obra literária e da construção de coesão do conteúdo partindo da experiência narrativa da fanpage SP Invisível no Facebook. Palavras-chave: Estética; narrativa; SP Invisível; ciberespaço.

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14:40 - 15:00

Vozes das mulheres periféricas nas rimas de rap

Janaina de Jesus Lopes Santana (UNILA) [email protected]

O trabalho apresenta o movimento hip-hop, mais especificamente o rap, problemati-zando o discurso atribuído para as mulheres nessas narrativas poéticas e o colo-cando como um dos meios para promover a luta feminista das mulheres da periferia. Nas narrativas poéticas do rap é possível visualizar os temas presentes nessa ex-pressão artística cultural que trazem, desde suas raízes, o tecer de reivindicação de políticas públicas, sociais e a construção de uma identidade étnico racial a partir de seu contexto local. Entendemos que o feminismo é um movimento plural e com inúmeras vertentes e que, nas manisfestações do rap, as mulheres mc‟s ( Mestre de Cerimônia - normalmente escrevem as suas letras e as comunicam ao público) aportam sobre suas vivências no contexto periférico. Nas correntes feministas tradi-cionais pouco se fala das variadas manifestações feministas na periferia sobretudo veiculadas pelo rap. O feminismo periférico traz em sua discussão o conceito de interseccionalidade, que surge na década de 1980, cunhado por feministas negras e passa a ser uma estratégia teórico- metodológica fundamental para ativistas e teóri-cas feministas. Esse conceito expressa a necessidade das mulheres negras de se-rem vistas como seres políticos, tanto dentro do movimento negro quanto no movi-mento feminista

Palavras chaves: rap, periferia e feminismo.

15:00 - 15:20

A crítica sociológica de João Luiz Lafetá e o “principio dos refletores conver-gentes” de Roger Bastide

Enólia Nunes Ferreira Lopes (Unimontes) [email protected]

Com a implantação na universidade, das chamadas “pesquisas interdisciplinares”, o crítico João Luiz Lafetá (1946), elege para si uma metodologia arrojada, de modo a colocar à prova o método denominado “o princípio dos refletores convergentes” que consiste em lançar vários feixes de luz sobre um objeto que se quer compreender, de modo a captá-lo de vários ângulos em movimento. Este método de trabalho proporcionou um forma diferenciada de analisar a produção crítica, assim como ampliar a discussão em torno das questões relacionadas à linguagem na interpretação do texto literário. Assim, é possível inferir que este tipo de análise, se

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configura inovador, pois de forma operatória, o crítico apresenta o seu objeto de estudo, que permite colocar em evidência, sob o mesmo viés de leitura, autores ideologicamente diferentes entre si, presentes no cenário da crítica literária dos anos 1930 a 1940, o chamado “período do engajamento”, e, sob uma leitura cerrada, submeter o texto à análise, sem prescindir de todo o rigor metodológico. Enfim, este estudo, resultado de pesquisa bibliográfica e documental, focaliza, especialmente, as obras de Lafetá: 1930: a crítica e o modernismo (1974) e Figuração da Intimidade: imagens na poesia de Mário de Andrade (1980). Tal método, eleito por Lafetá e inovador para a crítica literária do seu tempo, se configura-se como uma proposta atual, possível de aplicação por várias áreas do conhecimento. Tal metodologia, ressalta-se, inaugurado pela sociologia e tinha, por característica pedagógica, ressaltar o caráter interdisciplinar possível à pesquisa acadêmica, já nos anos 1970, conforme proposto pelo sociólogo francês Roger Bastide. Palavras-chave: Crítica Sociológica, Lafetá, “Princípio dos refletores convergentes”. 15:20 - 15:40

Metaficção, Teoria e Campo Literário Brasileiro: relações perigosas?!

Alessandra Valério (IFMG) Júlio César de Souza(UFU)

[email protected] Ainda que não seja expressão exclusiva da literatura, tampouco da contemporaneidade, é bastante intrigante a multiplicação notável das formas narrativas metaficcionais no campo literário brasileiro neste início do século XXI, sobretudo as que passaram a circular nas listas de premiações importantes, como Prêmio São Paulo de Literatura ou o Jabuti. Outro aspecto sobressalente é o diálogo estreito que essas obras mantêm com a agenda de debates teóricos, políticos e sociais do presente, expresso por meio da encenação desses embates no seu tecido narrativo, tais como a dramatização dos dilemas de personagens-escritores ou a representação de conflitos típicos do mercado editorial. Concomitante a isso, é também notória uma reconfiguração do perfil profissional do escritor que, no presente, apresenta uma estreita relação com o espaço acadêmico. Fato esse facilmente detectável a partir de um breve levantamento, realizado entre os escritores destacados em indicações a prêmios e projeções na mídia, no início dos anos 2000, que aponta um número significativo de mestres e doutores na área de Letras e afins, exercendo funções acadêmicas como pesquisadores ou professores. Diante disso, o desafio deste estudo é propor um esquema interpretativo que articule esses fatos textuais e extratextuais, sem se pautar na percepção de relações causalistas ou de influência das teorias críticas sobre a prática literária, mas também sem ignorar o poder de atuação de um circuito de

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produção cada vez mais profissionalizado e participativo na agenda de debates teóricos e políticos da contemporaneidade, refugiando-se na tese de que são as obras que informam a crítica e não o contrário. Palavras-chave: metaficção, teoria literária, campo literário.

15:40 - 16:00

Relações léxico-semânticas em Seis Segundos de Atenção, de Humberto Gessinger

Anderson Graciano (UNIOESTE)

[email protected]

Odair José Silva dos Santos (UNIOESTE)

[email protected]

O objetivo desta pesquisa é analisar os aspectos semânticos na obra Seis Segundos de Atenção, do compositor e escritor gaúcho Humberto Gessinger, líder e vocalista da banda Engenheiros do Hawaii, cuja obra é rica em metáforas e bastante convidativa aos estudos nessa área. Trabalharemos à luz das teorias da Linguística Cognitiva (cf. LAKOFF; JOHNSON, 1980) e da Semântica de Frames (FILLMORE, 1982), com o objetivo de produzir uma rede léxico-semântica usando como objeto de pesquisa as crônicas na obra de Gessinger. Metodologicamente, fazemos uso das técnicas da linguística de corpus, no que tange à seleção e ao tratamento dos dados para a construção das redes semânticas. Este trabalho foi especialmente difícil de ser realizado considerando que a maior parte dos trabalhos publicados sobre o assunto foi produzido em língua inglesa e existem poucas pesquisas nesse âmbito no Brasil.

Palavras-chave: Relações léxico-semânticas; Seis Segundos de Atenção;

Semântica de Frames. 16:00 – 16:20 Uma Índia Tehuana ou a Cleópatra mexicana: uma mulher chamada Frida Kahlo

Paulo Fachin(Centro Universitario FAG) [email protected]

Para a composição de seu diário, Frida Kahlo faz uso da pintura e de desenhos, explorando imagens poéticas que metaforizam aspectos confessionais como seus amores, intimidade e aspectos da cultura mexicana relacionados à cultura indígena. A artista foi além do surrealismo, cuja proposta estética está imbricada em uma

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consciência crítica, da necessidade de reelaborar criativamente aspectos da cultura mexicana, do ser mulher nesta cultura e da história de seu país. Este trabalho tem o objetivo de estudar a imbricação do elemento autobiográfico e da consciência do feminino, da alteridade e da cultura popular mexicana na obra de Frida Kahlo. Refletiremos sobre as imagens poéticas contidas nos textos escritos e na pintura, a partir de um recorte temático. Considerando-se a extensão da obra da autora mexicana, propõe-se um recorte de textos das biografias, da correspondência, do diário e das pinturas que estabelecem relação com a ideia do duplo, com a alteridade, com elementos de uma existência apaixonada e trágica que também apontam para aspectos históricos e culturais do México e, por extensão, para o contexto latino-americano. Palavras-chave: Frida Kahlo; diário; alteridade; arte.

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SIMPÓSIO

Música, sociedade e história no Paraguai

Coordenadores(as) Prof. Dr. Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende (UNILA)

Profa. Dra. Analía Chernavsky (UNILA)

Resumo do simpósio: O centro temático do simpósio proposto é a música paraguaia dos séculos XX e XXI, abordada em seus vínculos com a realidade social e em perspectiva histórica. De maneira geral, estudos acadêmicos sobre a música paraguaia são escassos, tanto os que abordam o assunto do ponto de vista exclusivamente musical, quanto os que procuram entender essa música desde um viés histórico-social. Procurando chamar a atenção para essa questão, neste simpósio esperam-se trabalhos que articulem problemas específicos do âmbito musical - formação e consolidação dos gêneros nacionais, decantação de estereótipos formais, de rasgos estilísticos e interpretativos, de repertórios canônicos e de linguagens composicionais específicas etc. - com seus condicionantes na realidade social, buscando compreender como questões "extra-estéticas" se traduzem em problemas musicais. Quais foram as consequências do exílio de artistas para a configuração da produção de música paraguaia? Quais foram os efeitos da ditadura Stroessner, um regime altamente anti-modernizador, para o desenvolvimento dessa música? Quais são as questões centrais do debate atual sobre a música paraguaia e em que medida elas refletem aspectos mais amplos da formação dessa sociedade? Esses são exemplos de perguntas que podem orientar a elaboração de propostas que articulem as humanidades e as artes num esforço de compreensão da música paraguaia. Palavras-chave: música paraguaia; Paraguai; música e sociedade

COMUNICAÇÕES

11/10/2017 (Quarta-feira), das 14:00 às 16:00 (Bloco F, sala 2) 14:00 – 14:20 O campo musical no Paraguai e o problema da modernização

Carolina Santana Santos (UNILA) [email protected]

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Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende (UNILA) [email protected]

O principal objetivo desta pesquisa foi buscar e interpretar dados que permitissem verificar a existência de um campo da música popular no Paraguai tendo em vista o problema mais amplo da modernização dos gêneros de música popular latino-americanos. Nesse sentido, uma importante via de interpretação para o problema nos foi dada pela introdução e incorporação do jazz no país. O jazz, gênero musical de origem estadunidense, inicia sua história no Paraguai na década de 40. Populari-zou-se na década seguinte devido às rádios e os discos, o que gerou a demanda para que as bandas de baile, que até concentravam seu repertório na música autóc-tone, também tocassem canções estrangeiras, ficando estas conhecidas como ban-das “típicas e de jazz”. Entretanto, até a década de 1990, os gêneros de música po-pular tradicionais e o jazz foram mantidos como dois universos musicais separados. Essa separação rigorosa entre o repertório tradicional e o jazz é indício do quão re-fratário tal repertório era em relação às iniciativas de modernização musical. Isso levou à busca pelas causas de tal situação, e a pesquisa voltou-se, então, para o período da ditadura Stroessner. Assim, foi possível estabelecer uma relação entre o caráter conservador da ditadura no âmbito sócio-econômico e no âmbito cultural. Palavras-chave: Modernização da música popular; Campo musical no Paraguai; Ditadura Stroessner. 14:20 – 14:40

Um panorama do problema da modernização da música popular no Paraguai

Marcio Dias Gomes Pinheiro (UNILA) [email protected]

Observar as transformações na música popular, para mapear historicamente os gê-neros de música popular paraguaia que passaram ou ainda estão passando por processos de modernização, observando a possibilidade de enxergar tais processos como talvez um reflexo de problemas mais amplos quem podem ter relação com a modernização socioeconômica do país. Partindo da compilação de dados sobre os diversos artistas paraguaios, desde prin-cípios do século XX até os dias atuais, construindo um mapa referencial do proble-ma da modernização de gêneros de música popular no Paraguai, com dados (gêne-ros tradicionais, principais intérpretes, etc) que nos ajudam a entender o desenvol-vimento e consolidação dos gêneros através da compreensão dos processos histó-ricos para entender seu desenvolvimento ao longo do tempo. Em termos de rele-vância, vale ressaltar que pesquisas sobre o campo musical paraguaio são quase

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escassas, destacando a importância da busca por informações sobre esses fenô-menos e suas transformações ao longo dos anos. Palavras-chave:música popular paraguaia, Paraguai,modernização e mapeamento.

14:40 – 15:00 Álbum Piano Paraguayo: Música, língua e identidade.

Elisa Mercedes Lezcano Verón (UNILA) [email protected]

Este trabalho está dedicado ao estudo de quatro músicas do compositor Mauricio Cardozo Ocampo, que em conjunto com outros artistas paraguaios renomados como: Francisco Alvarenga, Emiliano R. Fernández e Osvaldo Sosa deram vida a várias das obras encontradas no álbum “Piano Paraguayo” do autor Oscar Cardozo Ocampo, filho do Mauricio Cardozo. Estas canções estão escritas nas línguas guarani, espanhol e a mistura delas. Primeiramente se fez a tradução das letras das canções do guarani ao espanhol, tentando ao máximo possível não se afastar tanto da versão original. Tudo isso com o objetivo de entender que tipo de processos estabelecem a identidade num país, como a construção de obras musicais podem ser relacionadas com uma cultura e identidade específica e quais são as qualidades que conectam as canções com uma identidade cultural. Entendendo que a arte não é simplesmente um dom do céu, senão que esta pode se encontrar dentro de um contexto onde acontecimentos sociais, políticos, religiosos, etc. afetem sua forma e meio de manifestação. As obras selecionadas de Mauricio Cardozo Ocampo para este trabalho possuem uma estreita relação e conexão com a identidade cultural paraguaia. As letras fazem referência a: instrumentos característicos do Paraguay, o bilinguismo também marca uma presença importante, a escrita musical se apresenta como forma de manifesto dentro do contexto de exílio e como tal acontecimento afeto o processo criativo do compositor, e por último a utilização da imagem da mulher paraguaia como símbolo de nacionalismo. Palavras chave: Cultura paraguaia; expressões culturais; guarani; Piano Paraguayo; identidade. 15:00 – 15:20 O papel das políticas culturais paraguaias enquanto coadjuvante no movimen-to jazzistico em expansão no país

Carlos Roberto da Silva (UNILA) [email protected]

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A pesquisa nasce com o intuito de reconhecer quem são os atores sociais responsáveis por impulsionar o jazz autoral no Paraguai, explorando as diversas questões históricas, políticas e estéticas que resultam neste movimento. Aqui esboçamos um panorama sobre a busca pela popularização do jazz no país. Para tanto, nos utilizamos de entrevistas e de vasto material jornalístico, além de consultar dados estatísticos emitidos pelo governo paraguaio. Trata-se de um estudo comparativo preliminar, onde buscamos confrontar o crescimento significativo do movimento artístico detectado neste primeiro quinquênio do século XXI, com a dinâmica observada na promulsão de políticas culturais pelo Estado no mesmo período. Nesta primeira fase, encontramos uma evolução exponencial no que tange a quantidade de grupos jazzísticos, de festivais de jazz, de encontros e de outros eventos do gênero durante os últimos anos no Paraguai. Da mesma forma, foram constatadas sólidas tentativas de estruturação do campo cultural pelo poder público, configurando este início de século como o período de maior evolução na promulção de políticas culturais no país. Todavia, notou-se que tal estruturação não resultou em benefícios diretos e significativos para o movimento jazzístico. Preliminarmente, concluiu-se que o movimento de jazz paraguaio cresce e se consolida graças ao empenho e a auto-gestão dos músicos envolvidos. Amparados no desejo de modernizar a arte musical de seu país, com anseios alicerçados não apenas na estética, mas também na transformação social, econômica e política do Paraguai, esses atores sociais vem fortalecendo a produção e o consumo de jazz em seu país. Palavras-chave: políticas culturais; jazz; Paraguai.

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SIMPÓSIO

Literaturas contemporâneas em contextos latino-americanos e africanos: outros saberes, memórias e imaginários

Coordenadores

Prof. Dr. Emerson Pereti (UNILA) Prof. Dr. Antonio Rediver Guizzo (UNILA)

Resumo do simpósio: Proposto como espaço de interlocução de ideias e

experiências, este simpósio tem por objetivo discutir e articular pesquisas voltadas à compreensão de fenômenos literários e artísticos contemporâneos nos contextos da América Latina e África, particularmente no que concerne às representações de memórias e imaginários marcados pelas experiências históricas particulares a esses dois espaços geoculturais. Pretende-se, a partir dos trabalhos apresentados, problematizar questões como: articulação de saberes construídos em função dos processos de descolonização epistêmica; constituição de imaginários e suas relações com questões contemporâneas que envolvem gênero, sexualidade, etnia, religiosidade, territorialidade e poder; reformulações estético-políticas nas representações da desigualdade social, racismo, violência, e autoritarismo político, comuns aos dois continentes; estéticas e políticas da memória e do esquecimento frente a traumas históricos, como ditaduras, guerras civis e desterritorializações forçadas; expressões artísticas demarcadas pelos processos atuais de migração e reterritorialização; articulações entre a Literatura e outras artes e a exploração de diálogos possíveis entre diferentes experiências artísticas por meio dos estudos comparados. Neste sentido, o presente simpósio está aberto a discussões inter e transdisciplinares envolvendo diferentes aportes teóricos e críticos que possam traçar novas perspectivas sobre o fazer artístico. Isso, como uma possível contribuição para a construção de saberes orientados à emancipação e à solidariedade dos povos latino-americanos e africanos, e como gesto de resistência epistêmica à articulação de políticas e ideologias conservadoras que reincidentemente assolam o mundo ocidental. Palavras-chave: Literaturas; Saberes; Memórias; Imaginários.

COMUNICAÇÕES

10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco G, sala 1)

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14:00 – 14:20 A construção de uma memória coletiva e individual, dores e traumas provoca-dos pelas ditaduras militares

Carlos Wender Sousa Silva (UnB) [email protected]

O presente trabalho propõe uma reflexão em torno do período ditatorial da América do Sul, a partir das obras K. relato de uma busca, de Bernardo Kucinski, Volto se-mana que vem, de Maria Pilla e Diante da dor dos outros, de Susan Sontag, na ten-tativa de evidenciar a formação de uma memória coletiva e individual (HAL-BWACHS, 1990 & POLLAK) mediante os traumas, dores e cicatrizes (DALCAS-TAGNÈ, 1996 & GAGNEBIN, 2006) provocadas pelos regimes militares no Brasil e na Argentina. Essa discussão faz-se presente num momento em que países da América Latina e do mundo, dentre os quais destaca-se o Brasil, passam por um período de retrocessos e ampliação de forças fascistas e antidemocráticas. Dessa forma, iremos, por meio de um diálogo entre Literatura e História, considerando as especificidades de cada área, e através da Linguagem (TODOROV, 2003) como instrumento de uso para estabelecer uma relação de emancipação e questionamen-tos exposta no texto literário face à realidade humana, apontar nesses períodos as cicatrizes deixadas na sociedade e propor hipóteses que levem a algum tipo de re-flexão sócio-histórica. Assim, vamos perceber que a Literatura pode posicionar-se socialmente a partir de elementos da práxis humana. Ou seja, será pontuado o pa-pel da Literatura enquanto possibilidade de tomada de consciência. Palavras-chave: memória; literatura; linguagem; dores; sociedade

14:20 – 14:40 A releitura do passado pela ficção latino-americana: a desterritorialização do espaço colonizado

Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) [email protected]

As releituras da história pela ficção marcaram fortemente o período do boom da literatura latino-americana com produções desconstrucionistas voltadas à revisão da historiografia que construiu herói entre os colonizadores e silenciou os colonizados. Essas produções podem ser amalgamadas em duas modalidades de escritas híbridas: os novos romances históricos latino-americanos – cujas bases teóricas foram lançadas por Aínsa (1988-1991) e Menton (1993) – e as metaficções historiográficas, termo proposto por Hutcheon, em 1991. Altamente críticas, tais romances alcançaram a fase do pós-boom e, em parte, ainda são produzidos na

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atualidade. Contudo, na década de 80, do século XX, começa a surgir uma série de romances históricos críticos que apresentam dificuldades aos estudiosos que buscam classificá-los segundo as teorias que definem os paradigmas dos novos romances históricos ou as metaficções historiográficas. Essas obras abandonam as superestruturas multiperspectivistas, as sobreposições temporais anacrônicas, os desconstrucionismo altamente paródicos e carnavalizados. Elas adotam uma linearidade narrativa singela, e um discurso crítico sobre o passado que privilegia uma linguagem simples, próxima do cotidiano do leitor atual. Ao contrário das escritas desconstrucionistas antecedentes, essas narrativas não se fixam em grandes heróis e suas ações. Evidenciar peculiaridades de cada uma dessas fases da releitura da história é nosso objetivo nesta proposta. Palavra-chave: romance histórico hispano-americano; Simón Bolívar; Las lanzas coloradas (1931); La carroza de Bolívar (2012) 14:40 – 15:00 Construção e Desconstrução da figura de Simón Bolívar em Las lanzas colo-radas (1931) e La carroza de Bolívar (2012)

Hugo Eliecer Dorado Mendez (UNIOESTE) Gilmei Francisco Fleck (Orientador - UNIOESTE)

[email protected]

A história da independência e da formação das nações da América Latina esteve marcada, desde o começo, pelo caráter caótico e problemático das guerras civis e militares. Esse aspecto controverso e confuso dos projetos independentistas e pós-independentistas repercute até o contexto político e social atual das nações latino-americanas. Dentre as “sublimes” figuras da independência encontramos a Simón Bolívar, general dos exércitos libertadores, líder da descolonização territorial e personagem central na formação das primeiras repúblicas americanas. Bolívar, depois de sua morte, enaltecido pelo discurso historiográfico, tornou-se o herói dos Povos Andinos e sua figura idealizada foi mitificada e glorificada pela literatura universal. No entanto, novas perspectivas sobre os feitos de Bolívar, e novas vozes que recontam a sua história, têm surgido no contexto latino-americano. A literatura, principalmente no seu viés histórico – que transita entre o real e o ficcional –, há sido o veículo desta (re)visão do passado. O presente trabalho visa a apresentar dois romances históricos escritos no contexto latino-americano sobre a vida e os feitos de Simón Bolívar: Las Lanzas Coloradas (1931) e La Carroza de Bolívar (2012). Isso se dá com o intuito de comparar e discutir sobre os discursos presentes em cada romance e as construções ideológicas que se formam a partir da figura do “general”. Para tanto, basear-nos-emos nas teorias de Burke (1992); Menton (1993);

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Fernandez Prieto (2003); Fleck (2015,2017); entre outros sobre o romance histórico e sua relação com a história. Palavra-chave: romance histórico hispano-americano; Simón Bolívar; Las lanzas

coloradas (1931); La carroza de Bolívar (2012) 15:00 – 15:20 Entre a literatura e a biografia, entre o pertencimento e a não identificação: Antiterapias (2014) de Jacques Fux, uma obra entre duas fronteiras

Antonio Rediver Guizzo (UNILA) [email protected]

Antiterapias (2014), livro do jovem escritor Jacques Fux, vencedor do prêmio São Paulo de Literatura de 2013, é uma obra construída na fronteira entre a literatura e a autobiografia. O enredo narra a vida do próprio autor, entretanto, é contado por um narrador que reiteradamente afirma a impossibilidade (e o desinteresse) em contar exatamente o que viveu, por isso, escolhe por recriar-se em literatura. Em sua outra fronteira, a narrativa representa a dificuldade de um jovem judeu em encaixar-se nos espaços consagrados de pertencimento e as dificultadas em construir outras identificações. O objetivo deste artigo é analisar o entrecruzamento e os diálogos estabelecidos entre essas duas fronteiras representadas na obra.

Palavras-chave: Jacques Fux; Antiterapias (2014); pertencimento.

11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30às9:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco G, sala 01)

8:30 – 8:50 A literatura e suas relações com outras artes: estímulos da literatura compa-rada na formação inicial do leitor

Simone Spiess Bernardi (UNIOESTE) [email protected]

O trabalho que ora se apresenta, versa sobre a formação de leitores no âmbito da literatura enquanto Arte e sua implicação quando do texto subsidiado em contato com outras expressões artísticas como a pintura, o artesanato, a música e outros tipos de textos. A ideia discutida subjaz que a apreciação da leitura literária requer do indivíduo uma disposição de quebra dos horizontes de expectativa, conforme a teoria da Estética da Recepção, processo que pode ser facilitado pelos estudos mais recentes da Literatura Comparada. Quando as teorias se encontram e são

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adequadas ao trabalho com leitores em formação inicial, podem propiciar essa expansão de compreensão - tão sutil e tão complexa - que é a leitura literária, consequentemente preparando o indivíduo em questão às leituras de mundo que se abrem a sua frente. Palavras-chave: letramento literário; literatura comparada; arte e humanização.

8:50 – 9:10 Retratos do artista, vozes do dono: Itamar Assumpção e Rodrigo González

Silas Rodrigues Machado (UNILA) [email protected]

Neste artigo é apresentado um estudo analítico e interpretativo das canções Vida de Artista (1998) de Itamar Assumpção e Buscando Trabajo (1986) de Rodrigo González (Rockdrigo). Buscando assim, estabelecer relações entre as obras musicais, pontuando as convergências e divergências existentes. Itamar Assumpção e Rockdrigo, embora vivenciarem contextos distintos – um em São Paulo outro na Cidade do México –, compartilharam um mesmo momento de consolidação da indústria fonográfica. Tal fato os levou a uma escolha: aceitar o padrão instituído pela grande mídia ou trilhar o árduo caminho dos independentes. É perfeitamente plausível considerar que a inquietação de ser artista independente causa marcas na sua produção. Dessa forma, após fazermos um breve mapeamento da consolidação da indústria fonográfica, bem como, assinalarmos o momento de efervescência da produção musical independente dos anos 70/80. Buscaremos nesse trabalho, identificar as marcas textuais referentes ao ser artista independente presentes nas obras musicais referidas. Palavras-chave: indústria fonográfica; artista independente; Itamar Assumpção; Rodrigo González. 9:10 – 9:30 Sangue e melaço: representações literárias da violência no ambiente açucarei-ro americano

Felipe Muniz Mariani Wanderley (UFBA) [email protected]

O desenvolvimento desta pesquisa, de autoria do aluno da graduação Felipe Muniz Mariani Wanderley e orientada pelo Prof. Dr. Dani Velásquez, objetiva identificar, através da análise de três romances americanos voltados à temática da produção açucareira, de que modo as relações de opressão comuns às sociedades marcadas pela monocultura da cana-de-açúcar na América contribuíram para a gênese e desenvolvimento das manifestações de violência representadas nestas obras. Neste

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sentido, os romances selecionados têm em comum o fato de haverem sido escritos por autores oriundos de espaços profundamente marcados pela produção açucareira e suas implicações sociais, com destaque àquelas ligadas a um ancestral modo de produção econômico escravista e agro-exportador. Deste modo, serão analisados no âmbito desta pesquisa os romances Fogo Morto, do brasileiro José Lins do Rego, Commandeur du Sucre, do martiniquense Raphaël Confiant, e La Llamarada, do porto-riquenho Enrique Laguerre, de modo a traçar entre eles paralelos que, analisados à luz de bibliografias históricas, sociológicas, econômicas e antropológicas, ofereçam uma ampla perspectiva das manifestações de violência comuns aos três espaços representados. Palavras-chave: literaturas; açúcar; violência; América.

9:30 – 9:50 Narcocultura e representação: literatura pós-autônoma e a outra face do Rea-lismo Mágico

Isabel Cristina Costa Louzada (UNILA) [email protected]

Neste trabalho são discutidos alguns aspectos da literatura colombiana contemporânea em relação ao contexto sócio-cultural da violência gerada pelo narcotráfico, particularmente aquela retratada na obra A Virgem dos sicários, de 1994, de Fernando Vallejo. A ideia é empreender uma leitura desse romance, principalmente a partir do que Josefina Ludmer veio a chamar de “literaturas pós-autônomas”. Nesta análise, se evidencia a ascensão de novos modelos narrativos que, na obra em questão, envolvem a narcocultura como desmistificação da Colômbia macondiana. Por meio de uma narrativa crua, violenta, e depreciativa, A Virgem retrata a problemática da violência e dos imaginários dos novos grupos sociais gerados pelo narcotráfico na Colômbia. Esses imaginários seriam advindos da reterritorialização promovida no interior das ilhas urbanas descritas por Ludmer e, neste romance, contribuiriam para um processo de profanação da nação que era até então concebida pela literatura tradicional do boom, mostrando o que poderia ser entendido como uma outra face, urbana, violenta, hiperbólica, do próprio Realismo Mágico. Palavras-chave: literaturas pós-autônomas; narcocultura; A virgem dos sicários 9:50 – 10:10

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Assassinos e seus princípios: uma leitura da relação entre ética e violência nos contos O morcego, o mico e o velho que não era corcunda e O ciclista de Rubem Fonseca

Diego Kiill (UNILA) Antonio Rediver Guizzo (UNILA)

[email protected]

Rubem Fonseca, em sua literatura, explora os nexos entre a violência urbana e as relações de poder estabelecidas nas grandes metrópoles, sobretudo as decorrentes de condições sociais, econômicas e ético-morais. As personagens construídas pelo autor caracterizam-se pela agressividade e excessiva brutalidade, inseridas em en-redos construídos em uma linguagem direta, rápida e contundente, na qual as ações representadas desenvolvem-se sem grandes reviravoltas. Tendo isso em vista, este trabalho objetiva analisar a construção de duas personagens de Fonseca: o prota-gonista do conto O ciclista (sem nome) e Seu José, protagonista do conto O morce-go, o mico e o velho que não era corcunda, Nesta análise, pretendemos investigar a relação entre os atos de violências cometidos pelos personagens e os ideais de jus-tiça representados, a “justiça social” em O ciclista e a justiça como vingança justifi-cada em O morcego, o mico e o velho que não era corcunda. Palavras- chave: Rubem Fonseca; literatura contemporânea; violência; ética

10:10 – 10:30 Crítica social em Vagos sin tierra: a arbitrariedade do poder no romance para-guaio de Renée Ferrer

Michelle Lecheta (Pesquisadora autônoma) [email protected]

O presente trabalho propõe tecer conexões entre o caráter arbitrário das relações de poder e a representação do imaginário ficcionalizado no romance histórico Vagos sin tierra, escrito pela paraguaia Renée Ferrer e publicado em 1999. Ao apresentar a saga em que se torna a emigração de uma família de campesinos rumo ao norte paraguaio durante o século XVIII, Ferrer relativiza a questão da terra e da violência físico/sócio/moral pela qual o grupo é submetido, propondo a reflexão acerca dos problemas socioeconômicos tão histórica quanto contemporânea. O livro aqui trabalhado vai desenhando o passado histórico do Paraguai no que concerne o povoamento do norte, promovido pelo governo colonial com vistas a impedir o avanço do então império lusitano, hoje Brasil, fazendo desses emigrantes escudos vivos, em troca da promessa de terra. A partir desse panorama histórico-ficcional pretende-se articular as questões da injustiça, da violência e da desigualdade no

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contexto latino-americano ao abuso de poder praticado (outrora e agora) através de uma literatura de estética ímpar e função social legítima. Palavras-chave: literatura paraguaia; romance histórico; problema social

Tarde – 14:00 às 16:00 (Bloco G, sala 1)

14:00 – 14:20 Calibán como imagen de la Diáspora en el Caribe

José Ramón Castillo (UNILA) [email protected]

Calibán es el personaje que adopta Aimeé Cesaire para convertirlo en el centro de atención de los estudios sobre el imaginario de la Diáspora caribeña, este proceso se extiende desde los dramas Et les chiens se taisaient (1958), hasta Une tempête, (1969) donde reaparece como resultado del cruce multicultural y violento adaptándose a los nuevos cambios polifónicos del arte y la literatura actual. El objetivo de este proyecto se basa en seguir el recorrido del imaginario de la Diáspora en esta figura del Calibán emancipado, pero que, al unísono, se enfrenta a su imagen de Lo extraño o del Otro/salvaje. Como referente metodológico, se revisan las bases teóricas de la transculturación y dominación caribeña, pasando por la forzada clasificación occidental del arte que es resultado de la expansión de la colonización y construir el imaginario traducido en Diáspora. En conclusión, el Calibán de la obra de Aimeé Cesaire es el punto de partida para teorías y propuestas sobre las que se indaga para revisar la descolonización en el Caribe, que se referencia en el discurso de la diáspora y genera las base para la elaboración de sentido de identidad Caribeña actual. Palabras-clave: descolonización; transculturación; arte; literatura caribeña

14:20 – 14:40 Deslocamentos Identitários na Literatura Contemporânea nas obras America-nah e Mulheres de Cinzas

Cleonice Alves Lopes-Flois (UNIOESTE/CAPES) [email protected]

Esse texto tem como proposta estudar e refletir sobre as imagens poéticas dos processos identitários nômades, deslocamentos e fronteiras que constituem o tecido

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narrativo, que situa as obras Americanah (2014), de Chiamanda Adichie e Mulheres de Cinzas (2015), de Mia Couto no contexto do pós-colonialismo, cada uma em diálogo com o seu espaço enunciativo. Para tanto, optei por realizar um estudo interpretativo de base comparada empregando as formulações conceituais no exercício analítico. Será desenvolvida também, uma análise dos romances abordando o perfil e a discursividade das personagens femininas, imagens poéticas do silenciamento e dos processos identitários em (re)construção. Intento verificar como as personagens encontram ou não, formas de sair do lugar que o pensamento linear colonizante lhes impõe, de que modo buscam cruzar as fronteiras da sua realidade socioespacial. Neste sentido, as imagens poéticas e a discursividade referentes a mestiçagem, outridade, estranhamentos e culturas em contato retratam a heterogeneidade formada a partir desses encontros e fronteiras que ultrapassam os conceitos de moçambicanidade, nigerianidade e africanidade desses povos. Palavras-chave: literatura africana contemporânea; deslocamentos identitários; fronteiras; outridade; pensamento linear colonizante 14:40 – 15:00 O mito do matriarcado em O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane

Pollyana dos Santos Silva Costa (UnB) [email protected]

Em O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane, encontram-se capítulos que fazem alusão ao mito do matriarcado. A ideia da existência de uma sociedade primitiva dominada pelas mulheres encontra-se presente em diversas culturas. Entre diversos grupos nativos da América do Sul, há narrativas declarando que o poder, a princípio, pertencia às mulheres. Esses relatos indicam que, na origem do Universo, as matriarcas submetiam os homens por serem portadoras algum tipo de objeto mágico, após tal artefato ser tomado por um herói, o poder teria sido transferido para as mãos dos homens, dando início à sociedade patriarcal. As narrativas sobre o matriarcado presentes nas culturas ameríndias se assemelham a trechos do romance de Chiziane. Os relatos indígenas justificam o domínio masculino a partir da ideologia de que as mulheres, quando no poder, oprimiam os homens, o que evidencia o pensamento dicotômico comum à cultura ocidental que retrata ora o homem, ora a mulher como ser opressor. Assim, reforça a tese de que aquele que detém o poder, independente de seu gênero, explora os dominados. A narrativa de Chiziane inverte essa tese, indicando que os homens, desde que assumiram o controle da sociedade, têm subjugado o sexo feminino. Palavras-chave: Paulina Chiziane; matriarcado; imaginário coletivo.

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15:00 -15:20 O imaginário noturno e o duplo nos contos O Espelho e Agosto 25, 1983

Patrícia Librenz (UNILA) [email protected]

Este trabalho tem o objetivo de fazer uma análise comparatista entre duas obras literárias de expressão latino-americana, tendo como base duas chaves de leitura complementares entre si: o imaginário noturno e o duplo. As obras trazem à tona a problemática do apagamento da imagem social do sujeito e, como consequência, a necessidade da afirmação da sua própria existência, projetando, assim, um “outro eu” diante de si, capaz de dar significação a algo que parecia ter se perdido. Contudo, é importante ressaltar que o conto O Espelho (publicado na coletânea denominada Papéis Avulsos), de Machado de Assis, circulou no início dos anos 80 do século XIX, enquanto que a narrativa Agosto 25, 1983 (publicada no livro La memoria de Shaekspeare), do argentino Jorge Luis Borges, fora publicada nos primeiros anos da década de 80 do século seguinte. Dessa forma, observou-se, na análise, que Machado de Assis busca delinear de forma bem clara a sociedade na qual estava inserido, que vivia de aparências e não dava o verdadeiro valor à essência humana. Já Jorge Luis Borges, um século depois, faz uma reflexão metaliterária acerca do homem invisível que existe por detrás do escritor socialmente (re) conhecido; este ser, totalmente insignificante, acaba reduzido à imagem e semelhança do outro, e vive como uma sombra. Palavras-chave: imaginário noturno; duplo; Jorge Luis Borges; Machado de Assis;

apagamento social.

15:20 – 15:40 El sonido silencioso de la muerte: A poesia de Pablo Neruda às vésperas do golpe civil-militar no Chile

Danízio Dorneles Gonçalves (UNILA) [email protected]

Por meio desta comunicação busca-se analisar o período de silêncios metafóricos e a opção pela história pulsante na poética de Pablo Neruda em sua obra “Incitación al nixonicídio y alabanza de la Revolución Chilena”, bem como o espectro assumidamente militante deste livro, lançado em meio a um conturbado cenário político-social de polarização e tensões internas, poucos meses antes do Golpe CivilMilitar no Chile, poucos meses antes da morte do próprio Neruda. Ao transitar pelos versos que aproximam o poeta latino-americano do Realismo Socialista, pretende-se estabelecer uma correlação entre literatura, história e memória, buscando entender a representatividade desta obra no contexto de ascensão e

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queda da Unidade Popular em uma das até então mais consolidadas democracias da América Latina. Nesta perspectiva, o entrelaçamento entre os poemas do Prêmio Nobel de Literatura e os antecedentes à catástrofe ditatorial vividos pela população chilena no início dos anos de 1970 serão observados a partir de referenciais teóricos como Alberto Aggio, Peter Winn, Henri Arvon e György Lukács. Palavras-chave: Pablo Neruda; ditadura; poesia; América Latina 15:40 – 16:00 A desorientação dos exilados: o caso do romance chileno La sombra de lo que fuimos

Fabiana Santos da Silva (UNILA) [email protected]

No Chile, a prática de relatar as experiências dos anos passados sobre o jugo da ditadura cívico-militar (1973-1990) continua muito presente. As narrativas literárias estão entre os mecanismos utilizados para se compartilhá-las e revelar a dificuldade dessa sociedade em lidar com as consequências que ficaram daquele período. Entre essas experiências, o exílio ocupa um papel de grande importância. O problema desse trabalho é responder de que forma o escritor chileno Luis Sepúlveda aborda as consequências do exílio no seu romance La sombra de lo que fuimos, publicado no ano de 2009. Por meio de uma construção literária, Sepúlveda traz à memória as dificuldades enfrentadas por aqueles que tiveram negado o direito de permanecer no Chile, tendo que arcar com todas as dificuldades e impactos decorrentes da mudança para um novo país, além da dor de voltar e contabilizar que muitos amigos não contaram com a mesma sorte de escapar de um Estado repressor. Os resultados mostram que a perspectiva literária chama a atenção para o impacto psicológico desse processo, não só de exílio como de regresso. Os exilados, mesmo após a restauração democrática no Chile, carregam um sentimento de estranhamento e desorientação. Um regresso que não se completou. Palavras-chave: literatura; exílio; desorientação.

16:00 – 16:20 Ruas, estádios, hospitais, supermercados, shopping centers... espaços alegó-ricos da catástrofe ditatorial-neoliberal

Emerson Pereti (UNILA) [email protected]

Parte de um conjunto de estudos sobre as representações literárias do contínuo ditatorial no Cone Sul americano, este trabalho se apoia nas reflexões sobre

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alegoria, em Walter Benjamin, e sobre as marcas culturais do passado-presente, em Andreas Huyssen, para propor uma breve leitura de alguns espaços representados na literatura contemporânea, particularmente em trabalhos como os de Diamela Eltit, Martín Kohan, Bernardo Kucinski, ou Carlos Liscano. A ideia, trazida aqui ao debate, é que tais representações, que arrastam o passado ditatorial como alegoria, fazem parte de um conjunto de expedientes literários recentes, advindos do trabalho de luto tardio sobre essa violenta passagem do Estado ao Mercado, falta fundamental que, como ausência e como ofensa, assola permanentemente nosso presente e move ainda grande parte de nossas literaturas. Palavras-chave: espaços alegóricos; catástrofe ditatorial; literaturas contemporâneas

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SIMPÓSIO

Conectados: os sujeitos e suas interações no universo

das mídias e da cibercultura

Coordenadoras

Profa. Dra. Denise Rosana da Silva Moraes (UNIOESTE) Profa. Ms. Daniele Prates Pereira (UNIOESTE)

Resumo do simpósio: As transformações científicas, tecnológicas e políticas gera-ram impactos nas práticas sociais cotidianas. A diluição das fronteiras de espaço e tempo relacionadas com a globalização, a interculturalidade e o uso das tecnologias proporcionaram novas formas de interação sociais. Nesse sentido a proposta para este simpósio é o debate de temas que possam refletir acerca das linguagens, da comunicação e da cibercultura. É fundamental provocar discussões sobre as rela-ções de poder intrínsecas à comunicação; sobre a participação social dos sujeitos na democracia mediada pelas mídias tradicionais e pelo mundo do ciberespaço; sobre como cinema e literatura podem dialogar com a realidade e com os sujeitos de diferentes formas; sobre a sociabilidade juvenil em ambientes virtuais - exemplos que demonstram a amplitude dos debates a serem traçados na temática que aqui se apresenta. A cibercultura é caracterizada como o campo convergência das mídias, unindo as tecnologias de informação e de comunicação. É visível que com a inser-ção das mídias interativas a prática social foi se modificando, inclusive em relação aos hábitos de consumo de produtos em geral e de produtos culturais. Contudo, seja nas telas da televisão ou do computador, a mídia interfere na forma de atuar na realidade, mediando às relações e reconstruindo sentidos e significados. Palavras-chave: Linguagens; comunicação; cibercultura.

COMUNICAÇÕES

10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco G, sala 2)

14:00 – 14:20 A sociedade tecnológica como fato social: uma análise a partir de durkheim

Evitani Rodrigues Wilc (UNIOESTE) Denise Rosana da Silva Moraes (UNIOESTE)

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Este trabalho tem por objetivo compreender a tecnologia enquanto fato Social, mas o que isso quer dizer... Na verdade, almeja ao relacionar a tecnologia ao fato social, primeiramente discutir quem são os sujeitos que estão sendo concebidos mediante a essa nova realidade. Mas antes é necessário ter em mente o conceito de “fato social”. Emile Durkheim, um sociólogo francês que estudou a sociedade durante toda sua vida, elaborou um método para analisar como se relacionam e se organiza uma sociedade, sendo assim fato social, parte do principio de que, toda e qualquer interação entre sujeitos dentro de uma sociedade é um fato social, ou seja, tudo aquilo que esta posta dentro de uma sociedade e que se impõe ao individuo, a visão do sujeito sobre o contexto social no qual este está inserido pode influenciar o mesmo, tanto de forma direta ou indireta. A reflexão que se propõem, é pensar co-mo a tecnologia pode ser compreendida como um fato social, já que está cada dia mais presente no cotidiano da coletividade. Portanto, pensar a tecnologia como fato social é acima de tudo, pensar as relações que estão sendo estabelecida dentro do contexto social, analisar a tecnologia enquanto um objeto transformador, buscar compreender os impactos que vem reestabelecer um novo conceito de individuo, pois não esta mais só, mas sim integrado a um sistema invisível, mas ao mesmo tempo concreto que traz mudanças, significativa a realidade vivenciada do individuo. Palavras-chave: Sociedade tecnológica; Durkheim, Fato social.

14:20 – 14:40 O trabalho feminino na atualidade: perspectivas a partir do conto sorte teve a sandra de luiz ruffato

Josiele Kaminski Corso Ozelame (UNIOESTE) [email protected]

Melissa Salinas Ruiz (UNIOESTE) [email protected])

A crescente inserção feminina no mercado de trabalho torna necessária a discussão referente à existência de equidade de gênero no âmbito laboral. Apesar da legisla-ção trabalhista proteger a trabalhadora, a existência de desigualdades na experiên-cia social requer um estudo que possibilite captar todas a complexidade do real. A obra literária, ao integrar a cultura, se vincula à realidade social onde está inserida, desvelando distintos aspectos dela, de acordo a teóricos como Antonio Cândido e Leyla Perroné-Moisés. Desta forma, se analisará o conto Sorte teve a Sandra, de Luiz Ruffato, a fim de discorrer sobre a mulher trabalhadora contemporânea. O obje-tivo desta proposta é expor algumas das dificuldades enfrentadas pelas mulheres ao tentar se inserir no mercado de trabalho formal. Em adição, problematizar a experi-ência laboral feminina em face da masculina, no decorrer da história brasileira. Para tanto, primeiro se fará uma retrospectiva histórica das vivências do trabalhador, res-

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saltando a relação entre literatura e sociedade e apresentando algumas representa-ções literárias do trabalho masculino. Logo se enfocarão as vivências das trabalha-doras ao longo da história do Brasil, a seguir comentando sobre a relação das mu-lheres com a arte, tanto como produtoras como a maneira em que foram represen-tadas na literatura brasileira. Finalmente, se abordará o conto Sorte teve a Sandra, dissertando sobre o enredo e seus personagens, em seguida relacionando a vivên-cia destes com problemáticas reais enfrentadas pelas mulheres. Se conclui que os obstáculos que as mulheres enfrentam na busca pelo trabalho são de naturezas distintas, e que essa consciência é essencial para começar a mudar a realidade. Palavras-Chave: Literatura, Mulher, Trabalho, Sociedade.

14:40 – 15:00 Divergências de concepções conceituais sobre funk e cultura

Tatiane Lima de Paiva (UNIOESTE) [email protected]

Thaynã Davilla Savio (UNIOESTE) [email protected]

A pluralidade cultural do país é ressaltada continuamente nas mídias nacionais e internacionais. Não obstante, isto não quer dizer que esta enorme diversidade seja aceita ou respeitada por todos. Ainda há muito a ser feito para que a diversidade cultural seja compreendida e respeitada pela maioria da população brasileira. O modo de viver, a mudança de hábitos, o acesso à informação, a mundialização (ORTIZ, 1994), entre tantos outros fatos que ocorrem ininterruptamente nos tempos atuais nos impulsionam a repensar conceitos e atitudes em relação ao modo como pensamos a sociedade e tudo que está relacionado a ela. Propomos expor aqui uma discussão em torno de um ritmo musical ouvido por parte da população brasi-leira: o funk, que, embora seja constante nas rádios e mídias brasileiras, não é re-conhecido como cultura e/ou patrimônio cultural. Desta forma, objetivamos neste artigo verificar quais conceitos de cultura estão subjacentes nos textos explícitos através de comentários publicados por usuários em duas redes sociais: youtube e facebook. Para isto, primeiramente faremos uma breve discussão sobre o conceito de cultura, diversificando os pontos de vista através de diferentes autores (SOUZA, JESUS e SILVA, 2014; HALL, 2006; CAVALCANTI, 2009; MAHER, 2009; CANDAU, 2008; CANCLINI, 2001; entre outros). Também estabeleceremos uma relação entre o levantamento teórico e as manifestações levantadas nestas redes sociais e, ao final desta análise, com o auxílio de alguns autores, acrescentaremos a esta discus-são a importância da interculturalidade e da hibridação neste contexto atual. Palavras-chave: Funk; Cultura; Interculturalidade.

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15:00 – 15:20 Ela e Bauman: a obra fílmica como metáfora da sociedade líquida

Elisena Bertotti Pereira (UNIOESTE) [email protected]

Nelson Figueira Sobrinho (UNIOESTE) [email protected]

Os recentes avanços da mídia, sobretudo as novas tecnologias de informação e comunicação e, mais precisamente, as redes sociais, alteraram a maneira de orga-nizar a sociedade e o comportamento dos indivíduos. A análise desta afirmação é o ponto de partida do presente artigo, que traça um paralelo entre o filme Ela (Her, EUA, 2014), do diretor e roteirista Spike Jonze, e as teorias de Zygmunt Bauman. Para este fim, primeiramente este artigo apresenta algumas considerações a respei-to da mídia, seguindo os conceitos discutidos por De Lima (2012), Guazina (2007) e Thompson (1998). Em seguida, aponta algumas relevâncias e contextualiza estudos sobre as novas tecnologias de informação e comunicação com base nas teorias de Thompson, Martín-Barbero (2003), Cogo e Brignol (2011) e Zygmunt Bauman. Es-tabelecida esta análise, parte-se para asconsiderações sobre a obra cinematográfi-ca em questão, com base nos estudos do sociólogo polonês, em especial as apre-sentadas em Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos (2004), e suas relações com a sociedade contemporânea. Por fim, demonstra-se como o Sistema Operacional (OS, da sigla em inglês) Samantha, „personagem‟ da obra de Jonze, pode ser considerado uma possível evolução dos aplicativos para relacionamento, como o Tinder e o Grindr. Palavras-chaves: Comunicação; Sociedade; Tecnologias; Mídia; Redes sociais.

11/10/2017 (Quarta- feira ), das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco G, sala 2)

8:30 – 8:50 Mídia e Sociedade do Espectáculo: Seus Reflexos na (Des)Construção das identidades nacionais

Ilídio Macaringue (UNIOESTE)

A mídia, política e a ideologia entrelançam-se quase que de forma automática na sociedade do espectáculo, entendida na perspectiva de (DEBORD, 2003) como aquela que promove a alienação e fabrica semelhanças e aparências por meio da separação e hierarquização diante de si mesma. Por isso, neste artigo reflectimos sobre a importância da mídia na sociedade do espectáculo e analisamos o seu pa-

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pel na (des)construção e pré-figuração das identidades nacionais e na rectro-alimentação das identidades performativas, tendo como lócus Moçambique. O con-ceito de identidade é vista na perspectiva não essencialista (HALL, 2006; 2000; SILVA, 2000; WOODWARD, 2000; SARUP, 2000), interconectada à cultura enquan-to processo de produção, circulação e consumo da informação (CANCLINI, 2009) e como construção, desconstrução e reconstrução do quotidiano por meio das formas simbólicas (THOMPSON, 2009; CUCHE, 2002) por meio da linguagem perspectiva-da como prática social e multifacetada que emoldura as relações sociais (CÉSAR e CAVALCANTI, 2007; FAIRCLOUGH, 2008) e como representação (GOFFMAN, 1975; WOODWARD, 2000). Metodologicamente adoptamos uma pesquisa qualitati-va baseada nos paradigmas interpretativista (DENZIN e LINCOLN, 2006; BORTO-NI-RICARDO, 2008) e indiciário de GINZBURG (1989) que nos permitiram aferir que a mídia, nas suas várias e diversificadas plataformas, está a inculcar novas formas de ser, de estar, de agir, de sentir, de pensar e reconfigura novas identidades ao colocar novas agendas para os debates nacionais, enfim, faz com que o show con-tinue de forma multifacetada e com isso vitaliza ainda mais a sociedade do espectá-culo com mais protagonistas. Palavras-chave: Mídia. Sociedade do Espectáculo. Ideologia.

8:50 – 9:10 Interelação entre a atividade social política e o conhecimento jurídico mediado pelo ciberespaço

Elaine Cristina Francisco Volpato (UNIOESTE)

As novas tecnologias de comunicação social no ciberspaço impactam substantiva-mente o processo social de conscientização potencialmente possibilitando melhora no engajamento político (pleno e legítimo) do cidadão na governança pública. A in-formação jurídica, na medida em que se constitui uma garantia fundamental indis-pensável para romper com o conhecimento elitizado do direito amplia o acesso a direitos básicos e fundamentais. O conhecer e o indignar-se são partes indispensá-veis do processo de conscientização pessoal e coletiva, quer sejam de direitos ou de obrigações, a partir da releitura crítica de questões de doutrina, legislação e/ou jurisprudencia. A hipótese de pesquisa é que o acesso aberto e livre da informação jurídica aprimora e democratiza saberes jurídicos indispensáveis a convivencia so-cial. A pesquisa, ora proposta, é de caráter exploratório bibliográfico e documental. Pretende realizar o mapeamento dos principais sites que promovem a difusão de informações jurídicas e identificar seus principais conteúdos. Palavras-chave: Direitos e Garantias Fundamentais; Informação jurídica; Acesso aberto ao conhecimento.

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9:10 – 9:30 Movimentos sociais e cibercultura: discutindo o ativismo contemporâneo nas redes sociais

Rosely Cândida Sobral (UNIOESTE) [email protected]

Dr. Fernando José Martins (UNIOESTE) [email protected]

Neste artigo pretende-se discutir a influência das redes sociais virtuais nos proces-sos constitutivos, organizativos e de mobilização de grupos e ações coletivas no ciberespaço. Parte da investigação sobre a dinâmica das contradições existentes no conjunto dasrelações sociais para introduzir a discussão a respeito das possibilida-des que surgem com os novos recursos informacionais. A dinâmica envolvida nas redes sociais permite aos indivíduos se integrarem à grupos sociais específicos que tenham interesses comuns e buscam se conectar à redes com as quais se identifi-quem. Utilizando a pesquisa exploratória através de um questionário online com grupos específicos de uma rede social, analisamos o papel das novas tecnologias da informação e comunicação em relação à articulação externa dos movimentosso-ciais e seu comportamento no ciberespaço. Os resultados apontam para as possibi-lidades de organização de movimentos sociais nas redes virtuais e as ações ativis-tas efetivas que podem emergir desta dinâmica. Palavras-chave: ativismo; movimentos sociais; tecnologia; ciberespaço.

9:30 – 9:50 Denúncia, imaginário e internet: como as redes sociais agendaram a mídia lo-cal a abordar a postura de estudantes fantasiados de Ku Klux Klan em escola de Salvador

Ix Chel Barbosa de Carvalho (UnB) [email protected]

O presente trabalho propõe uma reflexão em torno do papel social do jornalismo enquanto mediador das relações em sociedade, como instrumento social pautado na defesa dos princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos – como apontado pelo Código de ética dos jornalistas brasileiros –, e na qualidade de fomentador da construção do imaginário coletivo, a partir de estudo referente à cobertura dos meios de comunicação sobre o caso dos alunos de colégio particular em Salvador, Bahia, que se vestiram de membros da Ku Klux Klan em atividade es-colar. Parte da população soteropolitana utilizou-se das redes sociais como espaço de denúncia, apresentação de ideias e discussão sobre o caso dos estudantes,

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agendando (McCOMBS; SHAW, 1972) a mídia local a cobrir o caso. Dessa forma, observa-se que a internet se configura como lugar de exercício de cidadania, pela participação direta política e social dos indivíduos, demonstrando a força que esse espaço tem socialmente como fomentador de discussões que serão reverberadas pela mídia (HABERMAS, 1984). Assim, compreenderemos como se deu a cobertura da mídia convencional sobre o caso a partir desse agendamento, através da análise de notícias publicadas em portais online da mídia local. Palavras-chave: Ku Klux Klan; redes sociais; imaginário coletivo; mídia; código de ética.

9:50 – 10:10 A mídia digital na construção da sociabilidade dos refugiados no brasil.

Juliana Elis dos Santos Hoffmann (UNIOESTE) [email protected]

Marli Von Borstel Roesler (UNIOESTE)

O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o papel da mídia digital com relação aos imigrantes de remoção forçada que encontraram no território brasileiro a possibilidade de recomeçar a vida. Através da palavra descritora “refúgio” serão co-letados arquivos dos últimos seis meses de fontes de notícia de representação na-cional na internet que expressem a situação dos refugiados no território brasileiro. Esses dados serão analisados dialeticamente com efeito a entender as determina-ções das práticas e discursos midiáticos, que na relação de poder e dominação aos quais estão submetidas, influem no processo de sociabilidade – inclusive destes sujeitos, podendo tanto atuar de forma afirmativa, quanto propriamente de reforçar discursos conservadores, de negação de direitos e cidadania de grupos minoritários. Palavras-chave: ciberespaço; direitos humanos; imigrantes; mídia digital; refugia-

dos.

10:10 - 10:30 Este barco é nosso! Sociabilidades e alteridades pelas midias digitais

Regiane Cristina Tonatto (UNIOESTE)

Em tempos e visões de mundo tão diferentes e contraditórias de ver o Outro e reco-nhecê-lo, buscamos formas de sociabilidade e caminhos de interação e participação de todos(as) num espaço plural. Vivemos num contexto marcado pelas relações em redes digitais, que se apresenta como um polo de convergência, na qual as cone-xões produzem força capaz de transformar a sociedade, as pessoas e as institui-ções. A escola apresenta-se como um local profícuo para diversas possibilidades de

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sociabilidade. Uma delas, por meio da comunicação mediada pelas mídias digitais. A pesquisa reúne as vozes presentes nesse lugar e as experiências que cercam a convivência humana lado a lado com as diferenças. Para isso, tece histórias e aven-turas de pessoas com e sem deficiência incluídas na escola pública que atualmente é baseada na perspectiva inclusiva, e assim, responde à questão problema que a norteou: como a alteridade está presente num ciberespaço inclusivo e consciente e o que pensam jovens e adultos estudantes com e sem deficiência sobre as mídias em relação à acessibilidade? A conexão teórica da pesquisa mescla os estudos da identidade cultural e da diferença por meio da axiologia dos Estudos Culturais e o estudo da alteridade na filosofia de Lévinas. Assume a perspectiva qualitativa inter-pretativista de base etnográfica/netnográfica. Assim, com base na pesquisa, é cria-do um ambiente cibernético, um blog denominado “Este barco é nosso!”, que consi-dera além dos princípios da universalidade, o reconhecimento do Outro, com cons-ciência de que é por meio da preservação da heterogeneidade que se respeita às diferenças e supera-se a ideia do Outro semelhante a si mesmo. Palavras-chave: Mídias, ciberespaço, alteridade, inclusão/exclusão.

Tarde – 14:00 às 16:00 (Bloco G, sala 2) 14:00 – 14:20 Jogos de alfabetização com base na fonética e na fonologia para crianças bi-lingues (português/espanhol) da rede municipal de foz do iguaçu/pr

Tamara Cardoso André (UNIOESTE) [email protected]

Daniela Fonseca da Silva Salgado (UNIOESTE) [email protected]

O objetivo geral do presente trabalho é apresentar jogos para a alfabetização em Foz do Iguaçu, município do Oeste do Paraná que forma fronteira com Ciudad del Este, no Paraguai, e Puerto Iguazú, na Argentina. O município tem 51 escolas mu-nicipais de primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, onde estudam crianças nascidas no Brasil, na Argentina e no Paraguai. Segundo Santos e Cavalcanti (2008), as escolas de Foz do Iguaçu contam com a presença de alunos “brasi-guaios”, falantes de uma língua híbrida, que não deveria ser compreendida de modo pejorativo. André (2014), em pesquisa etnográfica, elencou as principais trocas de letras realizadas por crianças de Foz do Iguaçu em processo de alfabetização. Para entender as dificuldades que podem surgir no processo de alfabetização em Foz do Iguaçu, foi realizado um quadro sinóptico, elaborado a partir dos trabalhos de Du-bôis, Guespin, Marcellesi e Mervel (1973), Silva (2007), Cagliari (2008) e Salgado (1995), sistematizando a fonética, a fonologia e as relações entre letras e sons da

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língua portuguesa e da língua espanhola. A partir das prováveis trocas que podem ser realizadas na escrita de crianças falantes de português e espanhol, foram elabo-rados jogos, que serão apresentados no artigo. Pesquisas sobre o ensino em con-texto de fronteira com países hispano/falantes são necessárias para fundamentar uma prática pedagógica voltada para as necessidades de aprendizagem no proces-so de alfabetização. De acordo com Berger (2015), no Brasil o tema “fronteiras” é pouco estudado nas Ciências Sociais e, em especial, na Educação, bem como pou-co refletido nas políticas públicas. A partir do quadro apresentado acima, bem como dos resultados da pesquisa etnográfica de André (2014), será feita uma análise de quais podem ser as dificuldades encontradas por alunos brasiguaios no processo de alfabetização e serão apresentadas sugestões práticas de jogos para o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita em turmas de alfabetização nas escolas muni-cipais de Foz do Iguaçu. Palavras-chave: Alfabetização; Fronteira; Educação Bilíngue

14:20 – 14:40 A implantação do registro de classe online (rco) em um colégio estadual no município de foz do iguaçu: limites e possibilidades.

Danielle Severo Scherer (UNIOESTE) Luciane Cristina Silva (UNIOESTE)

Tamara Cardoso André (Orientadora – UNIOESTE) O presente artigo versa sobre a implantação do Registro de Classe Online (RCO), em um Colégio Estadual, em Foz do Iguaçu. Trata-se de um sistema informatizado que permite aos professores realizarem os registros de frequência, conteúdos e avaliações de forma online substituindo o tradicional Livro de Registro de Classe impresso. Esse sistema foi desenvolvido a partir de 2012 por uma comissão forma-da pelos departamentos da Secretaria de Estado da Educação do Paraná-SEED e CELEPAR. Em 2013 foi implantado em 16 escolas piloto no Paraná e em 2016 inici-ou a implantação gradativa neste município. Aponta os benefícios e a otimização que o ambiente virtual disponibiliza neste sistema de Registro de Classe. Suas fun-ções facilitam o acesso aos dados sobre a vida escolar dos estudantes aos demais dados referentes ao funcionamento e a organização didático e pedagógica estabe-lecendo contraponto com as dificuldades de manejo do programa pelos docentes. Analisa os desafios encontrados, refletindo sobre as possíveis causas e soluções para esta problemática com vistas à melhoria de utilização deste recurso. Os subsí-dios necessários à pesquisa foram obtidos pela revisão de literatura, pesquisa de campo e da análise dos dados pesquisados. Para tanto, valeu-se de aportes teóri-cos que tratam da temática, bem como de questionário investigativo, a fim de obter os resultados apresentados por meio de gráficos. As entrevistas foram realizadas

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com diretores das escolas onde foi implantada a tecnologia RCO. Os resultados que poderão auxiliar os usuários do sistema e ao mesmo tempo, contribuir para a melho-ria e ajustes das ferramentas. Palavras-chave: Registro de Classe Online, Educação, Tecnologias.

14:40 – 15:00 As minudências da eja na tríplice fronteira: trabalho pedagógico como auxílio da tecnologia.

Malgarete Terezinha Acunha Linhares (UNIOESTE)

O Trabalho a ser apresentado tem por objetivo estudar os aspectos referentes à Cultura e Identidade dos educandos do CEEBJA Prof. Orides Balotin Guerra de Foz do Iguaçu e demonstrar alguns trabalhos pedagógicos realizados com o auxilio das mídias, buscando proporcionar maior interação e socialização dos saberes. Dessa forma, pretende-se com a pesquisa contribuir no sentido de propor maior visibilidade sobre os aspectos interculturais fazendo uso das redes sociais, compartilhando os estudos do território fronteiriço, suas especificidades e compreendendo melhor co-mo se configura os educandos da EJA. Os educandos regularmente matriculados nessa escola possuem perfis muito variados, pois há uma heterogeneidade de etni-as, idades, profissões, entre outros, sendo que a maioria quer de certa forma, apro-priar-se do conhecimento científico. Alguns estudantes exercem atividades como de informante dos locais mais visados pelos turistas: hotéis, restaurantes, lanchonetes, mercados, farmácias, casa de shows, passeios disponíveis e quais são os mais apropriados para cada turista. E outros trabalham como ambulantes, no comércio em geral, na construção civil, também donas de casas e assegurados do INSS que, por exigência desse órgão, voltam à sala de aula. A justificativa para tal pesquisa se deve em função de observações acerca do perfil cultural e indenitários educandos da EJA da tríplice fronteira. Para tanto, pretende-se demonstrar os aspectos referen-tes à cultura e identidade dos educandos, no contexto das redes sociais, buscando compartilhar e levar para além das salas de aula que há um diferencial na Educação de Jovens e Adultos. Palavras-chave: EJA; Identidade; Cultura; Mídias

15:00 – 15:20 A pedagogia da imagem por meio do cinema na sala de aula: uma experiência estética e pedagógica

Hêlena Paula Domingos (UNIOESTE) Laura Duarte Marinoski (UNIOESTE)

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A leitura do mundo contemporâneo demanda um novo perfil de professor/a, bem como novas tecnicidades, escritas e sensibilidades. Pensar a educação no século XXI, compreende (re)pensar a formação de professores/as, de maneira a refletir sobre uma pedagogia culturalmente sensível. Nesta perspectiva, esse artigo objeti-va a inserção teórico-prática da pedagogia da imagem por meio do cinema na sala de aula com vistas à ressignificação da prática docente, tendo como pressuposto teórico, os Estudos Culturais, que propõem o descentramento disciplinar como rup-tura, por meio de abordagem multiperpectívica (KELLNER, 2001). Assim, seleciona o filme O retrato de Dorian Gray (2009), do diretor Oliver Park (1960-) baseado na obra literária homônima de Oscar Wilde (1854-1900) publicada em 1891. Alfabetizar o olhar como força perceptiva de símbolos, imagens, mitos e narrativas é favorecer o confronto entre distintas interpretações, que à luz dos Estudos Culturais demons-tram que a cultura é uma categoria chave que conecta tanto análise literária quanto a investigação social por meio do fio condutor da História. Metodologicamente anco-rado na revisão de literatura e análise fílmica, busca aproximar o universo das ima-gens, em especial as telas do cinema, do fazer pedagógico dos professores, à me-dida que é reconhecido como fonte epistemológica de conhecimento. Palavras-chave: Pedagogia da imagem; Mídia cinema; Estudos Culturais; Forma-ção de Professores/as.

15:20 – 15:40 Mídia e sua representação na educação e na prática pedagógica de professo-res/as da educação básica em uma escola de fronteira

Cristiane De Bastiani Balla (UNIOESTE) [email protected]

Denise Rosana da Silva Moraes (UNIOESTE) [email protected]

Esta pesquisa tem como objeto a mídia e sua representação na educação e na prá-tica pedagógica de professores/as da Educação Básica em uma escola de fronteira. Como representam e produzem significados acerca da inserção da mídia disponível ou não na escola, em sua ação educativa. A globalização influencia a identidade cultural da sociedade e a escola transmite novos valores quando oferece diferentes meios de socialização ao mesmo tempo em que promove o descentramento da cul-tura. A metodologia abordada é de cunho bibliográfico, e esta se utiliza da opinião de diversos autores que discorrem sobre o tema em questão, por meio de livros, artigos científicos e auxilio da internet, como ferramenta que auxilia no processo de pesquisa. Palavras-chave: Educação. Mídia. Representações.

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SIMPÓSIO

Literatura(s) da/na fronteira: um espaço cultural?

Coordenadores (as)

Prof. Dr. Eduardo Fava Rubio (UNILA) [email protected]

Profa. Dra. Cristiane Grando (UNILA) [email protected]

Resumo do simpósio: Não é difícil apontar que a Tríplice Fronteira entre Argentina,

Brasil e Paraguai é um espaço onde se desenvolve literatura, seja pela escrita dos autores da região, pelos leitores que ela concentra ou pela circulação mercadológica de livros e outros artefatos culturais. A reflexão que este simpósio procurará incitar, entretanto, é sobre a relativa autonomia ontológica desse espaço inserido em uma ideia mais ampla de literatura. Ao se falar dos gêneros literários, por exemplo, Mikhail Bakhtin afirma que “[a]o longo de séculos de sua vida, os gêneros (da literatura e do discurso) acumulam formas de visão e assimilação de determinados aspectos do mundo”, o que nos permite conjecturar sobre se o espaço da fronteira projeta também sobre a literatura uma visão peculiar de mundo e qual seria essa visão. Partindo-se, então, de um recorte geográfico que não se limita só às cidade lindeiras da Tríplice Fronteira, mas se expande pela Provincia de Misiones, na Argentina, pelo Oeste Paranaense, no Brasil, e por todo o Paraguai, o que se busca aqui é traçar (ou esboçar, ao menos) linhas de identidade (se elas, de fato, existem) para a literatura da fronteira que, de alguma forma, a caracterizem, que a contrastem com outras literaturas e que, até mesmo, expandam e excedam as noções sobre a práxis literária a que estamos normalmente habituados. Palavras chave: literatura latino-americana; literatura argentina; literatura brasileira; literatura paraguaia.

COMUNICAÇÕES

10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco F, sala 3)

14:00 – 14:20 Em busca das pistas de uma narrativa policial da tríplice fronteira

Prof. Dr. Eduardo Fava Rubio (UNILA) [email protected]

Se há quase 45 anos o mexicano Carlos Monsiváis dizia que na América Latina “no hay literatura policial porque no hay confianza en la justicia”, a produção literária em vários países da região nas últimas décadas, entretanto, tem não só privilegiado

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bastante o gênero, como contribuído para sua renovação partindo de um contexto local – no qual, aliás, suspeita-se que a confiança na justiça não tenha aumentado muito. Talvez por isso, então, que, já no século XXI, críticos como Aimar Sánchez, Gandolfo e Berg tenham apontado a importância de que o gênero policial na Améri-ca Latina encontre uma forma de realização local e pessoal para chegar a suas me-lhores realizações. O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa “A narrativa policial no século XXI nos países da Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Para-guai)”, desenvolvido na UNILA, e tem por um de seus objetivos mapear autores e textos que tenham relação com o tema da Tríplice Fronteira e com uma literatura que possa ser lida como literatura policial. Partindo da leitura de romances de dois autores iguaçuenses – Nilton Bobato e Fábio Campana – e de dois paraguaios – o esteño Andrés Colmán Gutiérrez e o asunceno Bernardo Neri Farina –, o que se busca aqui, então, é dar alguns passos em direção a esse objetivo e a um outro, talvez, mais ambicioso: o de se analisar a viabilidade de categorização de uma “nar-rativa policial da Tríplice Fronteira”, vista como uma realização singular e original que não só se adstringe ao gênero, mas o transgride, o expande e o renova. Palavras-chave: literatura de fronteira; literatura brasileira; literatura paraguaia. 14:20 - 14:40 O guarani como marca de identidade literária trifronteiriça: Paraguai, Argentina e Brasil

Profa. Dra. Cristiane Grando (UNILA) [email protected]

Neste trabalho, partiremos do conceito de “contato de línguas” vivenciado na tríplice fronteira – Argentina, Brasil e Paraguai – buscando analisar textos literários produzi-dos nesse espaço geográfico, quando duas ou mais línguas (português, espanhol e guarani, neste caso) são utilizadas em emprego alternado numa mesma obra ou quando as obras apresentam amálgama das línguas em questão (portunhol, jopará, portunhol selvagem). Partindo de leituras de Stuart Hall, nosso recorte dar-se-á pela seleção de textos que apresentam o uso do guarani como marca de identidade lite-rária trifronteiriça, especialmente por ser uma língua utilizada no cotidiano, tanto no Paraguai quanto em algumas cidades da Argentina e do Brasil. Como marca de identidade paraguaia, apresentaremos casos vinculados ao ensino de guarani no projeto de extensão Panambi (Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal da Integração Latino-Americana - PROEX-UNILA) na Biblioteca Comunitária Cidade Nova e na Escola Municipal Cândido Portinari, ambas localizadas na cidade de Foz do Iguaçu (Brasil). Palavras-chave: literatura argentina; literatura brasileira; literatura paraguaia;

guarani; jopará; portunhol.

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14:40 - 15:00 Notas sobre uma poética selvagem na fronteira-margem do Brasil com o Paraguai

Josué Ferreira de Oliveira Júnior (UNIOESTE) [email protected]

A comunicação visa à abordagem de obras e artefatos artístico-literários cuja signi-ficação e sentidos advém, em parte, do vínculo direto a uma fronteira bem específi-ca: a fronteira Brasil-Paraguai, e do modo como esta passa a significar nos projetos estético-políticos destas obras, elevando o status deste espaço, bem como dos pro-blemas que lhes são peculiares a um estágio outro, capaz de interferir não só no modo como os vemos, mas, também, no próprio alargamento da noção de obra de arte e de literatura. Refiro-me, pois à poética do Portunhol selvagem, na figura de Douglas Diegues, do qual abordaremos: Uma flor na solapa da miséria (2007) e Da gusto andar desnudo por estas selvas (2003), e a expressões literárias outras - den-tre as quais me volto aqui para Selva trágica (1956), do historiador-romancista Hernâni Donato. Interessa-nos ressaltar não apenas o vínculo destas obras e ex-pressões literárias com um locus fronteiriço bastante particular, mas, sobretudo, como elas põem em demanda a emergência de uma crítica e de uma teorização outras, pensadas desde os espaços periféricos, como forma de ler e abordar obras e experiências textuais desafiadoras sobre outras bases e paradigmas epistemoló-gicos, como alternativa possível às concepções normativas do estético e do literário. Palavras-chave: literatura de fronteira; poéticas selvagens; textualidades fronteiriças. 15:00 - 15:20 Oralidade, prosódia e transculturação: como traduzir a Argentina de Carlos Gamerro no Brasil?

Ariane Fagundes Braga (UNILA) [email protected]

Este trabalho propõe-se a realizar uma tradução comentada de trechos referentes ao capítulo 3 da obra literária El secreto y las voces, publicada em 2002, do autor argentino Carlos Gamerro. El secreto y las voces é um romance de suspense e de mistério em torno de um crime acontecido na cidade fictícia de Malihuel no período da Ditadura Militar na Argentina. O objetivo da proposta de uma tradução comenta-da é explicitar as escolhas realizadas na tradução do Espanhol argentino ao Portu-guês brasileiro, reforçando e justificando as escolhas realizadas pelo tradutor, bem como propondo o debate relativo às possibilidades encontradas no processo tradu-tório, contribuindo no entendimento do resultado obtido. Optou-se pelo capítulo 3 devido aos possíveis problemas encontrados para analisá-los e debatê-los no âmbi-to do processo tradutório. Considera-se neste trabalho, a partir do viés teórico da Literatura Comparada proposto por Carvalhal, que a tradução é uma atividade inter-disciplinar fundamental à difusão da Literatura em outros países e em outros contex-

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tos de recepção, firmando noções de cultura, de identidade e de língua em outros países. Para tanto, o tradutor deve conhecer mais que a língua de partida e a língua de chegada, pois o conhecimento a respeito da cultura, da sociedade, da História e de outras áreas é de fundamental importância ao bom desenvolvimento de uma tra-dução. Assim, salienta-se o papel do tradutor na atuação referente à articulação en-tre diferentes culturas e Literaturas, fomentando a descoberta de novos horizontes literários por meio da tradução, permitindo o acesso a obras literárias que inicial-mente o leitor não teria acesso por conta de não dominar a língua estrangeira. Palavras-chave: Literatura Latino-Americana; Literatura Argentina; Literatura Comparada, Tradução; Carlos Gamerro.

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SIMPÓSIO

Língua, literatura e culturas em contato em regiões de fronteira e de imigrantes

Coordenadores(as)

Profa. Dra. Franciele Maria Martiny (UNILA) [email protected]

Prof. Drndo. Job Lopes (UNILA/UNIOESTE) [email protected]

Resumo do simpósio: Esse simpósio tem o objetivo de reunir e debater estudos

linguísticos, literários e culturais em torno da diversidade presente em regiões de fronteira e de imigrantes, como acontece, por exemplo, na região Oeste do Paraná. Pretende-se, assim, evidenciar pesquisas que abordem vários enfoques, entre elas, obras que evidenciem contextos culturais e de imigração, além de atitudes e políticas linguísticas presentes nos espaços de contatos fronteiriços diversos, os quais revelam complexas relações de poder e de dominação. O enfoque, assim, está em investigações de expressões literárias e os diversos tipos de relações entre os falantes e na forma como essas podem apresentar consequência na fala, na literatura ou no comportamento de cada grupo, correlacionando, ao mesmo tempo, os aspectos linguísticos e culturais sobre o uso e/ou ensino das línguas majoritárias, línguas minoritárias e línguas indígenas. A partir dessa perspectiva, compreende-se ser possível refletir acerca das publicações literárias e da diversidade linguística em contextos socioculturais diversos, a partir da ampla corrente migratória presente na história (antiga e recente) do Brasil e da globalização, sendo possível, além disso, compreender debates sobre os processos do ensino da literatura e da aprendizagem de línguas, não somente em contextos formais mas também informais. Palavras-chave: Línguas em contato; Literatura de fronteira; Cultura

COMUNICAÇÕES

10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco G, sala 3)

14:00 - 14:20 Escrita Acadêmica e Ensino de Línguas Estrangeiras: o gênero resenha nas aulas de Português para hispano-falantes

Laura Milena Julio Vergara(UNILA) [email protected]

Prof. Dr. Antonio Rediver Guizzo(UNILA) [email protected]

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A resenha acadêmica é um gênero discursivo cotidianamente solicitado por muitos professores na universidade. No entanto, é comum os alunos não conhecerem as características do gênero e apresentarem grandes dificuldades em sua produção. Neste trabalho, objetivamos investigar o gênero resenha como possível objeto de ensino de português como língua estrangeira para hispano-falantes. Para tal fim, primeiramente, investigamos a percepção de docentes da UNILA sobre as dificulda-des linguísticas apresentadas pelos alunos estrangeiros da instituição, principalmen-te no que tange a produção de gêneros acadêmicos-científicos; posteriormente, procuramos elaborar uma sequência de aprendizagem que auxiliasse os estudantes hispano-falantes na produção de resenhas em sua própria língua e em português. Como aporte teórico, orientamo-nos nos estudos de Motta-Roth; Heberle (2005), Machado; Lousada; Abreu-Tardelli (2004), Motta-Roth; Hendges (2010) e em pro-postas teórico-metodológicas oriundas do Ensino de Línguas Baseado em Tarefas (ELBT). Palavras-chave: Ensino de português para hispano falantes; Escrita acadêmica;

Gênero resenha. 14:20 - 14:40 Escrita científica em foco: ensino e aprendizagem por meio de gêneros acadêmicos

Renan Ayrton Valiati(UNILA) [email protected]

Prof. Dra. Franciele Maria Martiny(UNILA) [email protected]

Nesta comunicação abordaremos o projeto de extensão intitulado “Escrita científica: procedimentos e orientações práticas para elaboração de gêneros acadêmicos”, realizado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). A inciativa objetiva abordar conceitos e normas básicas para a elaboração de gêneros acadêmicos, entre eles: artigo científico, resumo (abstract), projeto de pesquisa, projeto de extensão, apresentação de pôster e comunicação oral em eventos acadêmicos a fim de trabalhar, concomitantemente, aspectos da linguagem científica. Para tanto, o curso oferece módulos a partir da leitura, compreensão e produção dos gêneros acadêmicos supracitados. O projeto justifica-se, por um lado, pela necessidade de os discentes e formados das diferentes áreas familiarizarem-se com os mecanismos de produção de gêneros acadêmicos, uma vez que estes são importantes para a formação profissional e acadêmica dos mesmos e, ao mesmo tempo, para a constante atualização linguística, além da formação continuada da equipe extensionista. A abordagem teórica parte de uma visão discursivo-interacionista da linguagem a partir de Bakhtin/Volochinov(1992[1929]), no ensino e aprendizagem de gêneros (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEWLY, 2004). Palavras-chave: Escrita científica; gêneros acadêmicos; ensino-aprendizagem.

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14:40 - 15:00 Do título às palavras-chave: como escrever/escolher títulos, abstracts/resumos e palavras-chave

Marcos Paulo da Silva(UNILA) Prof.º Dr. Antonio Rediver Guizzo(UNILA)

[email protected] O título é a parte mais lida de um artigo acadêmico científico, o gênero abstract/resumo é a segunda e as palavras-chave são utilizadas como indexadores em diferentes ferramentas de busca. Títulos, abstracts/resumos e palavras-chaves devem apresentar concisamente ao leitor as informações mais importantes do artigo, essenciais para uma rápida compreensão do teor do trabalho pelo leitor, tais como área do conhecimento, objeto de pesquisa, finalidade, contextualização, objetivos, método, resultados considerações finais. Embora o entendimento das finalidades e estrutura dessas partes de um artigo seja fundamental para o desenvolvimento das competências de compreensão e escrita de textos acadêmicos, muitos estudantes apresentam dificuldades no momento da produção de seus textos. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar concisamente a estrutura e estratégias de escrita de títulos, abstracts/resumos e palavras-chaves, com o intuito de fomentar a produção e publicação de trabalhos por estudantes universitários. Palavras-chave: Escrita acadêmica; Títulos, abstracts/resumos; palavras-chave.

15:00 - 15:20 Procedimentos e Estratégias para Publicação de Artigos em Periódicos Científicos

Ellen Santos da Silva(UNILA) [email protected]

Antonio Rediver Guizzo(UNILA) [email protected]

Atualmente, no campo acadêmico, desde a graduação estudantes são incentivados a apresentarem seus trabalhos em eventos e publicarem artigos e acadêmicos. No entanto, muitos desconhecem as práticas de divulgação científica e/ou encontram dificuldades ao buscar “onde” publicar seus trabalhos. Partindo desse cenário, neste trabalho, serão apresentadas orientações e exemplos de como adentrar ao universo dos periódicos acadêmicos-científicos, com o objetivo de fomentar o interesse pela leitura e publicação de pesquisas realizadas tanto no âmbito da graduação quanto da pós-graduação, assim como, apresentar as políticas de publicação e avaliação de trabalhos adotadas pelos periódicos e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação vinculada ao Ministério da Educação do Brasil que, entre outras atividades, avalia a produção científica e acadêmica no país.

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Palavras-chave: Escrita acadêmica, Periódicos Científicos, Politicas de Publicações.

15:20 A 15:40 Prática como Componente Curricular (PCC) e escrita acadêmica: uma experiência de formação docente

Elisângela Redel (UNIOESTE/USP) [email protected]

Tendo-se em vista as funções da Prática como Componente Curricular (PCC), que deve obrigatoriamente ocorrer ao longo do processo formativo do licenciando, e que, sobretudo durante as atividades de Estágio Eupervisionado a prática pedagógica deve refletir a indissociabilidade do processo teórico-prático, o propósito deste trabalho é relatar uma experiência de PCC realizada com discentes de um curso de Letras Português-Alemão, no ano de 2016. A atividade, pensada a partir de Leffa (2008; 2016), Freire (1996), Zeichner (1993; 2008), Pimenta e Ghedin (2006), Charlot (2005), Blume (2011) e outros, foi desenvolvida em cinco etapas, num processo (ou engrenagem) de reflexão-ação-reflexão ou teoria-prática-reflexão, cujo resultado final foi a produção de um artigo acadêmico. É sobre essas etapas e os resultados com elas alcançados que se pretende, aqui, discutir, mostrando sua relevância para a formação do profissional (cf. CELANI, 2008) de línguas estrangeiras: crítico, pesquisador, autônomo e gestor. Palavras-chave: Formação docente; Ensino de Língua Alemã; Prática como Componente Curricular (PCC); Escrita Acadêmica. 11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco G, sala 3) 8:30 - 8:50 Atitudes linguísticas: ensino e uso de línguas na UNILA

Franciele Maria Martiny(UNILA)

Neste trabalho será apresentado o projeto de pesquisa que tem o objetivo analisar as atitudes linguísticas de falantes de diferentes grupos étnicos em torno do uso e do ensino das línguas presentes na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). A proposta visa verificar como se dão os contatos (conflitos) linguísticos a partir de falantes das várias regiões do Brasil, dos demais países da América-Latina e do Caribe, ou seja, da comunidade universitária. Para tanto, serão levantando dados sobre em que momentos e lugares são utilizadas determinadas línguas, com que objetivos, e discutindo relações de poder sobre os diversos falares, procurando problematizar a relação entre as línguas prestigiadas e as minoritárias

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no espaço universitário. Para tanto, será feito um levantamento de dados qualitativos e quantitativos por meio de entrevistas a partir do aporte teórico da Sociolinguística, inserida no campo da Linguística Aplicada (LA). Desta forma, busca-se mostrar a pluriculturalidade e o bilinguismo/multilinguismo como um fenômeno sociolinguístico complexo, que abrange situações sociais mais amplas. Palavras-chave: Sociolinguística; Línguas em Contato; Bilinguismo/Multilinguismo 8:50 - 9:10 Por que vocês odeiam tanto a gente

Rinaldo Vitor da Costa(UNILA) [email protected]

O ensino de português para indígenas apresenta desafios aos estudantes do curso de Letras para os quais o estágio supervisionado tradicional não está preparado para enfrentar. O título demonstra a dificuldade do formando em Letras ao lecionar para estudantes distintos daquele para o qual o curso prepara. Entretanto, onde se percebe impossibilidade de diálogo para o exercício pedagógico também é possível se verificar a abertura de interlocução necessária para o processo de ensino aprendizagem autêntico e empoderador. A questão deixa clara a posição antagônica de professor e estudante, um branco e outro indígena, em suas posições assimétricas e hierarquizadas de dominante e dominado. Tal percepção abre possibilidade de diálogo, uma vez que ambos estariam cientes de suas posições enquanto indivíduos em uma sociedade de classes e igualmente cientes de seus papéis. A aula serviria assim, de meio para que docente e discente dialogassem a respeito dessa assimetria pré existente e como diminuí-la a fim de que o processo educativo pudesse ocorrer e possibilitar aos indígenas a percepção de que o domínio da língua portuguesa serviria como ferramenta de afirmação da identidade indígena por mais contraditório que soasse. Palavras-chave: Ensino; Língua Portuguesa; Estágio Supervisionado; Identidade.

9:10 - 9:30 O mensu entre a legalidade e ilegalidade: o “legal” e “ilegal” a partir das relações socioculturais fronteiriças

Alan Júnior dos Santos(UNIOESTE) [email protected]

Silvio Antônio Colognese (UNIOESTE) Em regiões de fronteira, essa dinâmica da clandestinidade é mais constante e mais clara, já que as redes de relações sociais estendem-se para o outro lado da fronteira, onde há diferentes leis normativas que determinam diferentes formas de circulação de produtos e/ou bens culturais. Muito embora, corriqueiramente, enfatizamos as consequências da regulamentação ou não regulamentação do Estado em regiões de fronteira, é mister perceber a existência de uma multiplicidade de fronteiras que

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não só fronteiras políticas estatais, mas também fronteiras da língua, da estética, da música, da gastronomia, de concepções de mundo ou ideologias, dentre outros. No entanto, a capilarização das concepções de fronteiras não isenta tais categorias da influência direta ou indireta do Estado e das leis de ordem capitalista. Esta influência da ordem dominante não se apresenta de forma autônoma. A fronteira Brasil/Paraguai, por exemplo, reconhecidamente marcada pelo turismo de compras, estabelece fluxos de identidades, bens culturais, costumes, crenças e realidades que não concebem a fronteira como intransponível e rígida, mas uma mescla entre o que há do lado de lá e o lado de cá. A nível das relações sociais desempenhadas nas obrages na fronteira paranaense com o Paraguai e Argentina ao final do século XIX e início do XX, pretende-se, a partir das relações sociais, culturais e históricas desempenhadas entre as vítimas da Guerra do Paraguai, que tornaram-se mensus na extração de erva-mate e madeira no Oeste paranaense, elaborar novas concepções teóricas sobre a relação entre legalidades e ilegalidades. Palavras-chave: Fronteiras; Legalidades; Ilegalidades; Mensus; Sociocultural.

9:30 - 9:50 A Fronteira Argentino-Brasileira como Espaço de Transgressão e as Atitudes ante o “Portunhol” de Misiones

Ana Luiza Suficiel(UNaM) [email protected]

A província de Misiones, localizada na região nordeste da Argentina, é contornada pelo Rio Paraná e, ao longo de toda a fronteira oriental, os rios Iguaçu e Uruguai dividem o território argentino do Brasil, sendo ele também contornado pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esta configuração geográfica naturalmente coloca em contato línguas e culturas distintas, seja por meio comercial, antecedentes familiares ou acesso aos meios de comunicação massivos. É um espaço de transgressão. A partir dele se cria outra realidade sociolinguística e cultural que é própria da zona fronteiriça. Esta pesquisa tem como principal objetivo identificar e compreender, dentro de uma perspectiva sociolinguística, as atitudes ante o “portunhol” usado na fronteira da província argentina de Misiones com o Brasil. Segundo estudiosos como Hugo Amable (2012), Elizaicín, Behares & Barrios (1993) Eliana Sturza (2005) e John Lipski (2011), o “portunhol” de Misiones tem raízes linguísticas do português brasileiro não padrão. A partir de amostra selecionada e os estudos das atitudes linguísticas de Ralph Fasold (1996) e Joshua Fishman (1995) o posicionamento da sociedade missioneira em relação a esta prática linguística vem sendo analisado. Inicialmente, a metodologia esteve centrada em análises e cruzamentos de dados coletados por meio de um questionário distribuído aleatoriamente aos habitantes da província e entrevistas realizadas nas regiões em que se usa a variedade do português. Até o momento o que vemos há uma escassa apreciação social e linguística do “portunhol” de Misiones devido ao pouco prestígio associado a seu uso.

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Palavras-chave: Portunhol; Língua de fronteira; Misiones; Sociologia da linguagem;

Atitudes Linguísticas. 9:50 - 10:10 Encontros a Desencontros de Línguas: práticas linguísticas em uma escola no Paraguai

Marlene Niehues Gasparin(UNIOESTE) [email protected]

Maria Elena Pires Santos(UNIOESTE) [email protected]

Neste trabalho o olhar volta-se para um contexto escolar, no Paraguai, país conside-rado, oficialmente bilíngue, pela presença da língua espanhola e língua guarani. To-davia, neste contexto, encontra-se também o jopará, que é uma hibridização do guarani e do espanhol e a língua portuguesa, língua do imigrante. Sendo assim, o que apresentamos aqui é mais uma reflexão acerca das práticas linguísticas e iden-titárias que ocorrem, mediante encontros e desencontros, entre línguas locais-nacionais e línguas locais-estrangeiras, o que significam conflitos linguísticas e so-ciais, marcados fortemente por uma ideologia letrada escolar voltada, principalmen-te, para a língua espanhola. A pesquisa em questão é de cunho qualitati-vo/interpretativista, por ter como finalidade focalizar significados locais em sua rela-ção com as questões sociais do contexto mais amplo. São centrais para a aborda-gem de contextos plurilíngues/pluriculturais os seguintes conceitos: língua(gem) (PIRES SANTOS e CAVALCANTI, 2009; MOITA-LOPES, 2006; MAHER, 2007), identidades (HALL, 2000; PIRES SANTOS, 2004; PENNYCOOK, 2006;); culturas (BLOMMAERT, 2012; CANCLINI, 2009-2011 E SOUZA, 2007) e políticas linguísti-cas (PENNER, 2010; DEMELENNE, 2007; COLAÇA, 2013). Palavras-chave: Plurilinguismo; Educação; Identidades. 10:10 - 10:30 Um italiano no movimento operário argentino: Pietro Gori e a constituição da Federación Obrera Argentina (FOA)

Hugo de Carvalho Quinta(UNESP) [email protected]

Esta proposta de comunicação problematiza a presença do italiano, anarquista, dramaturgo e criminólogo, Pietro Gori, na constituição da Federación Obrera Argentina (FOA) em 1901, para compreender de que modo ele influencia na organização da primeira instituição de representação dos trabalhadores argentinos. Com esse propósito, expõe-se, primeiro, os motivos de o italiano residir em Buenos Aires a partir de junho de 1898, depois o modo como ele atua no movimento operário argentino por intermédio dos grupos culturais anarquistas, e a contribuição de Gori para a formação da FOA. Nesse sentido, a proposta dessa comunicação é

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analisar de que maneira a trajetória de um imigrante anarquista imbricou-se com o fortalecimento do movimento operário argentino no início do século XX. Palavras-chave: Pietro Gori; FOA; Movimento operário; Argentina.

10:30 – 10:50 Resquícios do talian na zona urbana de Corbélia

Ana Paula dos Santos (Profletras/ UNIOESTE) [email protected]

Constam desta apresentação reflexões sobre o falar talian na zona urbana de Corbélia, considerando relações de preconceito e de identidade, principalmente no cotidiano do falante bilíngue. Busse e Beloni (2013) observam que mais de 60% dos italianos que se fixaram no Rio Grande do Sul tinham língua e cultura vênetas, e que este dialeto se tornou língua franca para famílias de diferentes regiões e dialetos italianos. Segundo as autoras, esse dialeto sofreu mudanças quando entrou em contato com o português, tornando-se uma nova língua, chamada de talian. Na região de Corbélia percebe-se ainda que alguns falantes bilíngues ainda usam o dialeto em questão em situações familiar e religiosas. Tendo como base os pressupostos teóricos da Sociolinguística e Linguística Aplicada, percebe-se que os falantes em questão contornam os processos de aceitação resultante de imposição social e lidam com o respectivo sentimento de que há variedades desprestigiadas socialmente. Tarde – 14:00 às 16:00 (Bloco G, sala 3) 14:00 - 14:20 O que (não) se sabe sobre a diversidade linguístico-cultural de Foz do Iguaçu, PR: percepções e crenças diante do multilinguismo na Tríplice Fronteira

Dra. Isis Ribeiro Berger(UNIOESTE) [email protected]

A diversidade linguística da fronteira em que se localiza Foz do Iguaçu é tematizada em vários trabalhos acadêmicos devido à pujança das situações de contato de línguas e culturas na região. A presença de diferentes comunidades linguísticas que se estabelece(ra)m nesse espaço resulta de processos migratórios motivados por fatores geopolíticos, econômicos, educacionais e culturais. Este trabalho se inscreve no projeto de pesquisa Gestão do multi/plurilinguismo e políticas linguísticas na fronteira trinacional, desenvolvido sob a ótica interdisciplinar da Política Linguística. Dentre os objetivos do projeto, propõe-se identificar formas de gestão dessa diversidade desempenhadas por sujeitos que agem sobre a presença/ausência das línguas e seus lugares nesse espaço. Entende-se que as formas de agir sobre as línguas são motivadas por vários fatores, dentre os quais, os saberes construídos sobre o fenômeno do multilinguismo. O recorte aqui proposto discute os resultados

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de levantamento exploratório em que aproximadamente 80 participantes explicitaram seus saberes sobre a diversidade linguística de Foz e região, nomeados aqui como crenças e percepções diante do multilinguismo. Os dados sugerem variadas percepções sobre a diversidade, como também diversas crenças sobre a presença e lugar dessas línguas e comunidades na região. A projeto visa subsidiar ações e políticas linguísticas para o multilinguismo. Palavras-chave: Diversidade linguística; percepções/crenças; fronteira trinacional;

Política Linguística. 14:20 - 14:40 Rasanbleman: sobre diálogos culturais e atravessamento de saberes

Shellot Pubien(UNILA) [email protected]

Fednel Saintil(UNILA) [email protected]

Como tentativa de contribuir para o desenvolvimento de políticas linguísticas, culturais, sociais e acadêmicas orientadas às comunidades migrantes, este trabalho propõe apresentar e discutir ações desenvolvidas pelo projeto de extensão “Rasanbleman: coletivo de estudos culturais haitianos”, implementado desde de 2016 na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). A palavra “Rasanbleman”, advinda do Kreyòl, refere-se às assembleias de escravos que, ao som do instrumento Lanbi, se reuniam para organizar as revoltas na época da Grande Revolução. Trazida ao atual contexto migratório no Brasil, esta palavra pode significar o chamado à luta solidária pela integração soberana e o bom-viver intercultural. Envolvendo questões que vão das literaturas às artes visuais, das religiosidades às línguas, da história da revolução às práticas de espoliação contemporânea, Rasanbleman fundamenta-se na construção de saberes advindos da heterogeneidade cultural e da descolonização do conhecimento a partir de espaços atravessados pelos fluxos migratórios atuais. Logo, seu local de enunciação será a fronteira, o entre lugar, o transnacional, o próprio deslocamento. Entre as ideias trazidas ao debate nesta comunicação estão: a possibilidade de construção de espaços de dialogismo cultural; a promoção de conhecimentos intra e interculturais; a contribuição para a construção políticas públicas de acolhimento. Palavras-chave: Rasanbleman; estudos culturais; migração; atravessamento de

saberes. 14:40 - 15:00 Breve Histórico do Contato entre as Línguas Portuguesa e Espanhola em Foz do Iguaçu: Questões de Políticas Linguísticas e Sociolinguística

Miriam de Oliveira Almeida de Deus(UNIONESTE) [email protected]

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Este trabalho integra uma pesquisa de mestrado que se propõe a uma análise sociolinguística da Língua Espanhola em Foz do Iguaçu, e a qual está em processo de construção. O objetivo deste trabalho foi traçar um pequeno apanhado histórico do contato entre as duas línguas mencionadas, no contexto da Tríplice Fronteira Argentina, Brasil e Paraguai, desde seus primórdios até a atualidade, com base em acontecimentos de ordem social e política. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi elaborada a seguinte pergunta: Como se deu o processo de contato entre as duas línguas, no decorrer da construção histórica desta fronteira? Para a execução da pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica, valendo-se da metodologia de análise documental, com dados do acervo histórico da cidade e legislação concernente ao tema. Percebeu-se a necessidade e a importância de uma política linguística específica para este contexto de fronteira, especificamente, levando em conta a relevância do aprendizado formal da língua espanhola por parte dos brasileiros, apesar de ser uma fronteira linguística entre línguas próximas, onde a intercompreensão é aparentemente uma realidade. Palavras-chave: Fronteira; Línguas em contato; Multilinguismo. 15:00 - 15:20 Judeu? Brasileiro? ou sujeito da sua própria vida? O imigrante na obra Um judeu na minha cama de Lília Silva

Job Lopes(UNILA/UNIOESTE) [email protected]

O presente trabalho busca analisar como a imagem do imigrante é estigmatizada e tratada de forma estereotipada na obra dramatúrgica Um judeu na minha cama da escritora contemporânea Lília Silva. A condição de imigrante gera manipulações e abusos, opressão, medo e uma identidade desfragmentada. O sujeito vive como se fosse clandestino, irregular, estranho, ainda que sua situação jurídica seja legalizada. A obra estudada aborda o estigma enfrentado pelo personagem de Gad (o judeu) diante da sua amante Luana, mas será que esse preconceito é apenas uma visão exclusiva dela? Talvez suas palavras sejam a de muitos? A partir dessas problematizações iniciais, o estudo pretende refletir o papel que o imigrante ocupa na sociedade e como ele é tratado pelos demais. A condição do imigrante impulsiona a formação de configurações múltiplas de identidade causadas pela busca do sentido de pertencimento, que vai além de limites geográficos e físicos, pois o lugar é a construção concreta e simbólica do espaço que o sujeito reivindica como seu, que sintetiza sua formação histórica e cultural. Palavras-chave: Judeu; Imigrante; Sujeito; Literatura 15:20 - 15:40 El país bajo mi piel: feminismo e revolução na obra poética de Gioconda Belli

Danízio Dorneles Gonçalves(UNILA) Kelly Luciana Bueno(UNILA)

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Job Lopes Evangelista(UNILA/UNIOESTE) [email protected]

Pretende-se neste artigo analisar através das obras de Gioconda Belli as ideias feministas e a busca pela ruptura com a sociedade patriarcal durante a Revolução Sandinista na Nicarágua. Demonstrando a influência da autora na problematização das questões de gênero em sua Nação, tendo como base principal sua obra autobiográfica El país bajo mi piel, publicada em 2001; relacionando sua obra memorial com algumas de suas obras literárias que se encaixam neste contexto, evidenciando a presença e a liberdade do corpo feminino em oposição ao pensamento conservador de sua época. Para analisar a correlação entre o engajamento social militante e a emancipação do corpo erótico da mulher – bem como a busca pelo prazer sexual – presentes na poesia da autora, serão observados referenciais teóricos como Simone de Beauvoir; Alexandra Kollontai, Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel. Palavras-chave: Feminismo; literatura; América Latina.

15:40 - 16:00 A condição humana: uma análise poética de Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto

Gabriel Passos(UNILA) [email protected]

Karla Cocato(UNILA) [email protected]

JobLopes (Orientador UNILA/UNIOESTE) [email protected]

A análise poética pode ser considerada uma proposta para compreender diversas obras de arte. Ao iniciar esse estudo, entende-se que “Morte e Vida Severina” (1955) de João Cabral de Melo Neto, possui características relevantes para as esferas literárias, sociais e históricas. Dessa forma, a obra em estudo é de grande relevância para pesquisas acadêmicas. A presente pesquisa busca analisar as possíveis relações entre a seca nordestina, que causa angústia, fome e morte, compondo assim questionamentos sobre a luta pela sobrevivência e a desigualdade social vivida pelos personagens como reflexo social. A partir de teóricos como Candido (1965), Hall (2004), Pesavento (1998), esse estudo será fundamentado para a análise da obra. O poema “Morte e vida severerina” relata a história de um retirante do sertão nordestino que fugiu da fome e da seca dirigindo-se à Recife em busca de uma “vida digna”, mas no caminho se depara com a “morte”. Severino representa as mazelas sociais de muitos “brasileiros”, que buscam melhorar de vida em meio à seca. Por meio da pesquisa realizada, compreende-se, que a obra apresenta reflexões sociais e humanas que merecem ser revisitadas na Literatura Brasileira. Palavras-chave: Poética; Morte e Vida Severina; João Cabral de Melo Neto

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16:00 - 16:20 O presente e o passado: uma análise estética, textual e comparativa da

obra O Cortiço, de Aluízio de Azevedo

Milena Karoline Melo (UNILA) [email protected]

Job Lopes (Orientador UNILA/UNIOESTE) [email protected]

O estudo em questão tem como foco analisar estética e textualmente a obra naturalista O Cortiço (1890), de Aluízio de Azevedo, e comparar, com o Brasil contemporâneo, as questões sociais abordadas pelo escritor. Será realizada uma investigação acerca de temas como a ausência de moralidade burguesa, a falta de saúde pública e a questão da miscigenação cultural, que contribuiu relevantemente para o racismo latente do século XIX. Todos os fatores citados anteriormente, dentre muitos outros, serão comparados com a atual realidade brasileira. Procurar-se-á depreender, por que tais questões ainda se fazem presentes no país e propor possíveis formas de sanar esses males a partir das teorias de Antônio Candido (2002; 2010) e Lilia Moritz Schwarcz (1993). Um dos objetivos do artigo a ser desenvolvido é levar a uma reflexão sobre a realidade social do passado em contra ponto com o presente no Brasil. Palavras-chave: naturalismo; cortiço; racismo; miscigenação

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SIMPÓSIO

Saberes de frontera: el entre/lugar de las lenguas y la cultura

Coordenadores(as):

Profa. Dr. Carlos Henrique Lopes de Almeida(UFPA) Prof. Dr. Ricardo Nascimento Abreu (UFS)

Mag. Jorgelina Tallei (UNILA)

Resumo do simpósio: La propuesta de este simposio temático está abierta a

trabajos de investigación que aborden el concepto de lengua y literatura desde una perspectiva tanto transcultural como fronteriza (W.Mignolo, A. Quijano, etc). En este marco se busca reflexionar sobre los estudios desde la decolonialidad y las políticas lingüísticas en asuntos referentes a la literatura decolonial, multi/plurilingüismo en América Latina, formación docente en la frontera. La pluriculturalidad se concibe en la literatura como el conjunto de culturas que conviven en un mismo espacio sin interactuar entre sí. A esta definición se le opone el concepto de multiculturalidad y de interculturalidad. En América Latina la educación intercultural está asociada a diversos temas: étnicos-raciales, indígenas, la diversidad sexual, la diversidad religiosa, entre otros. A diferencia de Europa, desde la perspectiva latinoamericana la educación intercultural no se halla asociada a los fenómenos migratorios. De este modo, la interculturalidad se viene resignificando desde lo decolonial, desde políticas educativas públicas y políticas de lengua. Para trabajar desde esta propuesta es importante, en primer lugar, reconocer los saberes coloniales impuestos, dar espacios a nuevos saberes y (re) significar las fronteras. Cruces de sentidos, lenguas, cultura, economía, las fronteras nos significan y resignifican desde diferentes lugares. Desde esta perspectiva, este simposio, recibirá trabajos relacionados a: la literatura de frontera, formación y lenguas fronterizas. Palabras claves: estudios de frontera; tranculturalidad; políticas lingüísticas

COMUNICAÇÕES

11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco G, sala 4)

08:30 – 08:50 A inferiorização do outro e o entre/lugar: uma nova perspectiva em El país de

la Canela. Francelina Barreto de Abreu(UFPA)

[email protected]

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Este trabalho tem como objeto de investigação a obra contemporânea El pais de la canela (2008), do escritor colombiano William Ospina. A narrativa compõe a segun-da parte da trilogia que conta ainda com Ursúa (2005) e La serpiente sin ojos (2012). O romance apresenta a temática de invasão e conquista da América, mas especificamente sobre a colonização da Colômbia. Neste sentido, este texto se pro-põe, fundamentado nos estudos de Walter Mignolo e Anibal Quijano, refletir sobre as relações de dominação e poder estabelecidas no contato entre colonizador e co-lonizado, assim como, demonstrar como ocorre o processo de inferiorização do ou-tro a partir da noção de raças, descritas no romance pela figura do narrador apre-sentado na condição de mestiço. A discussão torna-se relevante pois evidencia o processo de imposição da cultura dominante, assim como, o silenciamento que ca-racterizou todo o período colonial. A proposta estende-se em deixar clara a relação com os estudos decoloniais, uma vez que, Ospina da voz aos grupos sociais que foram deixados a margem ou excluídos do relato oficial apresentando um novo olhar sobre o processo de conquista da América. Palavras Chave: Entre/lugar; Alteridade; Estudos decoloniais.

08:50 – 09:10 Territorialidade e Território em História de um Pescador e Galvez Imperador do Acre: limiares do entre/lugar na Literatura da Amazônia

Flávio Reginaldo Pimente (IFPA- PUC/SP) [email protected]

Márcia Aparecida da Silva Pimentel (UFPA) [email protected]

Partindo da análise do espaço geográfico, o presente trabalho se propõe discutir duas obras da literatura da Amazônia, respectivamente História de um pescador (1876), de Inglês de Souza e Galvez Imperador do Acre (1976) de Márcio Souza, pois trazem como principal tema a Amazônia. Nosso olhar para o espaço se dará pela territorialidade e pelo território. A partir da territorialidade se constrói o território (SACK, 1986). A territorialidade é sempre socialmente construída, o território é uma categoria de análise que permite compreender os conflitos das relações entre os atores sociais e os diferentes interesses na apropriação dos recursos naturais. Nas obras é possível observar, como diria Saquet (2015, pág. 30), as territorialidades como relações de produção acompanhadas por forças produtivas – subordinação e exploração – e o território como resultado e determinante da produção e consumo – acumulação de capital. Entendemos que tais categorias não são exclusivas de determinada disciplina e que podem ser utilizadas em uma análise literária. Ao tratarmos de uma literatura da Amazônia é praticamente impossível não perceber a presença desses elementos nas obras citadas. Portanto, entender como ocorrem as relações transculturais, multiculturais e interculturais em textos literários, a partir dos conceitos mencionados. Palavras-chave: Literatura da Amazônia, Território, Territorialidade

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09:10 – 09:30 Saberes Docentes sobre ensino de leitura e escrita para crianças bilingues (Português/Espanhol) da Rede Municipal de Foz do Iguaçu/PR

Daniela Fonseca da Silva Salgado (UNIOESTE) [email protected]

Tamara Cardoso André (UNIOESTE) [email protected]

A presente proposta de comunicação visa compartilhar pesquisa em andamento realizada em escolas municipais de Foz do Iguaçu.Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois o objetivo não é investigar a totalidade dos professores e dos alunos bilíngues português/espanhol das 51 escolas. O objetivo é identificar professores que reconheçam as necessidades pedagógicas requeridas pelo contexto de fronteira hispano/falante e exerçam um trabalho de ensino que mobilize saberes acerca das especificidades desta realidade, contribuindo assim na elaboração de uma proposta política e pedagógica que contemple as necessidades requeridas pelo contexto de fronteira em Foz do Iguaçu para a ocorrência do processo de alfabetização, Foz do Iguaçu, é um município que forma tríplice fronteira com Puerto Iguazú, na Argentina, e Ciudad del Este, no Paraguai. Os resultados parciais sugerem que é preciso observar se professores que apresentam saberes docentes, sobre ensino da leitura e da escrita para falantes de espanhol nas escolas brasileiras, dominam a língua espanhola ou já participaram do programa conjunto dos ministérios de educação do Brasil e Argentina, denominado Escolas Bilingues de Fronteira (PEBE). A pesquisa está sendo realizada por meio de entrevista semi-estruturada na perspectiva da pesquisa dos saberes docentes, de Tardif, e da teoria de Vigotski acerca do bilinguismo. Palavras-Chave: Alfabetização; Diversidade Linguística; Saberes Docentes

09:30 – 09:50 O contato/conflito linguístico e cultural em escola de fronteira – estão os professores preparados para mediar essa realidade? Reflexões a partir das experiências em uma sala de aula de Ensino Médio Técnico

Marcia Palharini Pessini (IFPR) [email protected]

Esta proposta de Comunicação tem como tema o contato/conflito linguístico e cultu-ral entre alunos brasileiros e paraguaios em sala de aula de Ensino Médio Técnico no Brasil e a postura da escola diante disso. Buscaremos discutir o fato de que os professores não estão preparados para mediar essa realidade de modo a garantir - não apenas a tolerância com o diferente - mas o respeito para com ele. Acreditamos que para se alcançar uma educação com essa prerrogativa os pro-fessores precisam desenvolver práticas interculturais em sala de aula – a pergunta que se desenha então é: estão os professores aptos a desenvolver tais práticas.

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Palavras-chave: Contato/conflito; Interculturalidade; cultura.

09:30 – 09:50 La dimensión política e intercultural en la formación permanente docente en las escuelas de frontera: la Universidad Federal de Integración Latinoamericana desde el entre lugar.

Jorgelina Tallei (UNILA) [email protected]

El objetivo de esta investigación es analizar las acciones de formación permanente en el programa llamado Pedagogía Intercultural de la Universidad Federal de Inte-gración Latinoamericana (UNILA) en colaboración con la Secretaría de Educación Municipal (SEEM) en la ciudad de Foz de Iguazú, Paraná, Brasil, entre los años 2016 y 2017. Esta investigación consiste en una revisión documental del programa de formación permanente, en la observación de clases de referido programa y de entrevistas a las docentes formadoras. Serán analizados los documentos, las reuniones y la planificación del programa de formación permanente denominado: Pedagogía Intercultural (UNILA). Así también es importante analizar las acciones del Programa de Escuelas Interculturales de Frontera (PEIF) acuerdo bilateral del Minis-terio de Educación (MEC) de Brasil y Argentina, en la UNILA. Este programa se ofreció entre los años 2013-2017 a docentes de escuelas llamadas de “frontera”, ubicadas en barrios estratégicos por su cercanía con la frontera entre Brasil, Argen-tina y Paraguay, la llamada Triple Frontera. Los programas trabajan conceptos im-portantes para la región trinacional, como son la interculturalidad, migración y bilin-güismo. El recorte teórico se enmarca en los estudios culturales que proponen el concepto de “entre lugar” y en los conceptos sobre formación docente en América Latina, enfocados hacia una pedagogía de la frontera. Palavras-chave: Pedagogía cultural; Frontera; interculturalidad. 09:50 – 10:10 Algumas perspectivas sobre a relação literatura e a interculturalidade no ensino do espanhol

Carlos Henrique Lopes de Almeida (UFPA) [email protected]

O presente estudo visa refletir sobre a literatura e o ensino de línguas com vistas a proporcionar uma discussão sobre as trocas entre as diferentes culturas e seus re-flexos no processo de ensino-aprendizagem de espanhol como língua estrangeira (ELE). A partir do conceito de interculturalidade buscamos estudar maneiras de tra-balhar o texto literário no curso de Letras Espanhol na Universidade Federal do Pa-rá, Campus Guamá, na cidade de Belém no estado do Pará, mais especificamente

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na disciplina Uso do texto literário no ensino de espanhol e na formação de profes-sores, considerando questões como a literariedade e a interculturalidade. Palavras-chave: Literatura; Interculturalidade ; Ensino de espanhol.

10:10 – 10:30 Cotidiano de fronteira em países da américa latina e ibéricos

Manfrin, Marta Eriana K.(UNIONESTE)

Este trabalho procura problematizar a temática de fronteira em países da América Latina e Ibéricos, sobre o ponto de vista do cotidiano desses países, na questão social e econômica, como na tríplice fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina; Brasil, Peru e Bolívia; o norte do México, na América Latina e Portugal e Espanha na península Ibérica. Nesses espaços, ocorrem migrações de pessoas, como a diária, temporária ou permanente, conforme os interesses de cada uma, e o comércio de mercadorias, de forma legal e lícita, conforme a lei do país em questão, e também a ilegal, a clandestina e a ilícita. Diante disso, observa-se que em meio à variedade de compras de mercadorias, algumas acontecem através do contrabando, situações de comércio que se insere no contexto da globalização. No entanto, esse cenário propicia a identidade de cultura de fronteiras, que consequentemente resultam no desenvolvimento do local, com as vendas de produtos, como também à renda do trabalho, e assim sendo, à ampliação urbana em tais espaços geográficos. Porém, convém lembrar que nesse trabalho são leituras das fronteiras e não sobre as fronteiras em si, pois cada uma tem sua política em questão. Palavras-chave: fronteiras; comércio; mercadorias; migrações; identidade.

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SIMPÓSIO Artes e limiares fronteiriços imaginários, culturais, geográficos

e textuais

Coordenadoras:

Profa. Dra. Marta Francisco de Oliveira (UFMS/CPCX) [email protected]

Profa. Drnda. Geovana Quinalha de Oliveira (PPG/UFSC – UFMS) [email protected]

Resumo do simpósio: As artes, em especial a literatura, se compõem de formas

de expressão e narrativas que revelam os espaços poéticos, imaginários, geohistó-ricos, culturais e textuais que, considerados entre si, formam um mosaico complexo de interação/compreensão de mundo, do indivíduo e de suas organizações sociocul-turais. Os limiares fronteiriços, compreendidos como linha simbólica que contorna os territórios reais e imaginários é, por excelência, o lugar da margem, da errância e da falta, cuja formação se faz, por um lado, mediante os encontros das diferenças e de intercâmbios permanentes e, por outro, de resistências, negações e imposições as-sociados a relações de poder e (re)produções de ideários de grupos distintos, origi-nando ou cedendo espaço para binarismos, em sua maioria hierárquicos, pautados no eu/outro e seus possíveis desmembramentos. No entanto, a fronteira também se compõe como espaço de chegada e de saída, de princípio e fim, de convergência e divergência. Neste aspecto, compreende espaços próprios e propícios à construção de identidades plurais, múltiplas, expressas via linguagem poética, verbal, imagéti-ca, hipermidiática, dentre outras, apreendendo os jogos e relações que, pensados como projetos críticos mais conscientes de nossa época, implicam uma produção discursiva e simbólica de elementos históricos, culturais e identitários de territórios periféricos. Este simpósio visa abrir espaço para discussões que impliquem as ar-tes, estabelecendo, em princípio, mas não apenas, sua relação com a literatura, pa-ra ampliar a compreensão da produção cultural oriunda de espaços fronteiriços múl-tiplos, ou que apresentem um novo olhar sobre tais espaços. Palavras-chave: Artes; literatura; fronteiras; identidade; cultura.

COMUNICAÇÕES 10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco K, sala 1) 14:00 - 14:20

Viagem a Andara: o espaço fronteiriço e imaginário na obra de Vicente Cecim Danieli dos Santos Pimentel (PUCRS)

[email protected]

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A comunicação percorre o ciclo de obras do escritor Vicente Cecim, entre os anos de 1979-2016. Essa produção demarca o território ficcional e fronteiriço batizado de Andara –lugar imaginário – que ao mesmo tempo, por vias da transfiguração metafí-sica e literária estabelece aproximações com a região amazônica paraense. Nesse contexto nasce um espaço fronteiriço, imaginário e ficcional onde se desenrola a trajetória dos livros no contexto da grande e infinita viagem a Andara. Desse modo, o objetivo do trabalho é estudar de que maneira, dentro de um espaço de trocas, saberes e múltiplas experiências, ao mesmo tempo, em que a formação histórica e social aponta para um lugar de contradição que é Amazônia, o escritor recria esse espaço imaginário. Região propícia ao imaginário social, e, por esse viés, o simbóli-co se manifesta textualmente nas obras do autor que explora esse universo, conver-tendo para o texto literário a máxima expressão do poético. Essencialmente, enten-demos que esse espaço (Andara/Amazônia) ao mesmo tempo que é demarcado geograficamente, nem sempre se apreende, uma vez que a literatura ordena dife-rentes mundos, diferentes espaços e percepções como Andara: situada entre dois mundos, o da materialidade/visibilidade versus o não tangível, o não acessível. Palavras-chave: Andara; Amazônia; Espaço; Imaginário; Fronteira.

14:20 - 14:40 A Literatura e a Falta: o caso de Emma Bovary

Carla da Conceição Mores Gastaldin (UNIOESTE) [email protected]

Este artigo pretende abordar a literatura como um meio para falar da falta – no sen-tido psicanalítico do termo, através do reencontro inventivo que o texto literário pos-sibilita para com o Real. O reencontro acontece com situações que não são neces-sariamente novas, mas que pedem uma nova significação, provocada pelo olhar do escritor. Tanto através das obras de arte quanto da literatura, o autor se reencontra com a sua própria falta, e assim, permite ao público também fazê-lo. No romance “Madame Bovary”, sem saber Gustave Flaubert faz uma bela descrição do quadro clínico que representa a histeria, através da personagem Emma. A obra foi publica-da no mesmo ano de nascimento de Freud, o pai da Psicanálise, a qual foi criada a partir da escuta clínica das histéricas. A Psicanálise aponta a insatisfação e a queixa como condições estruturais dos seres humanos, o que bem está representado na figura de Madame Bovary. O romance de Flaubert trata da relação da mulher com o próprio desejo e com o amor, bem como do lugar conferido ao homem na fantasia histérica. A obra de Flaubert aborda a questão do adoecimento histérico, o qual é analisado aqui através da personagem desse grande clássico da literatura. Palavras-chave: Literatura; Psicanálise ; Histeria.

14:40 - 15:00 Construção da identidade musical em espaço fronteiriço – o caso do Heavy Metal entre o Brasil e o Paraguai.

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Franciele Cristina Neves (UNIOESTE) [email protected]

A proposta de comunicação consiste em um recorte da pesquisa antropológica de-senvolvida no programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Sociais, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE. O grupo escolhido para estudo é formado por uma afinidade pelo gênero musical conhecido como Heavy Metal. A pesquisa se situa geograficamente na região conhecida como Tríplice Fronteira, entre Brasil, Paraguai e Argentina, porém, privilegia o olhar da cidade de Foz do Iguaçu/PR. Os dados coletados foram resultado de mais de dois anos de etnografia. A pesquisa teve como objetivo a investigação da construção de uma re-de social internacional, entre o Brasil e o Paraguai, a qual foi criada pelos fãs para a produção e consumo desta música. Desta forma, a pesquisa se torna “multissitua-da”, ou seja, a rede é composta por indivíduos de várias cidades e de forma inde-pendente, recebendo o nome de cena underground. Apesar da fronteira entre na-ções continuar existindo, em relação à prática do Heavy Metal, as margens tornam-se porosas, resultando na construção de um espaço “neutro” entre paraguaios e brasileiros se tratando desta prática. Assim, transgredindo as fronteiras de Estado, as identidades nacionais assumem um campo periférico, fazendo com que a identi-dade musical fique em primeiro plano. Palavras-chave: Heavy Metal; Rede social; Fronteira. 15:00 - 15:20 Murro em ponta de faca: o teatro como denúncia e enfrentamento

Gislaine Gomes(UNIOESTE) Dra Alai Garcia Diniz(UFSC)

[email protected] Augusto Boal, grande teatrólogo brasileiro, contribuiu para que a dramaturgia tivesse uma nova configuração, o que lhe trouxe, além de reconhecimento, enfrentamentos por parte da parcela social que se via em posição de desvantagem sob quebras ideológicas, propostas do Teatro do Oprimido, desenvolvidas em território nacional. Uma das consequências, e provavelmente a mais significativa, fora o exílio enfrentado por Boal caracterizado como oportunidade de disseminação de sua estética ao redor do mundo, cruzando fronteiras geográficas e discursivas que puderam romper com paradigmas e pensamentos de sociedades opressoras. Murro em ponta de faca é uma das peças escritas por Boal que exemplificam a experiência do exílio, a complexidade da liberdade ideológica e os enfrentamentos a favor da defesa da pátria em períodos de ditadura e forte repressão em diferentes espaços e contextos, inclusive latino-americanos. Esta análise terá como objetivo a compreensão do processo de escrita de identidade e ruptura presente da peça em relação a relatos de experiências vividas pelo escritor em seus anos de exílio e propagação do Teatro do Oprimido além da América Latina.

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Palavras-chave: Teatro político; Ditadura; Exílio; Teatro de ruptura.

11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco K, sala 1)

8:30 - 8:50 A minificção nos umbrais: despertencimento e inespecificidade

Wendell Guiducci(UFJF) wdelguiducci @gmail.com

A minificção tem como um de seus principais traços distintivos a natureza parado-xal, híbrida de suas narrativas, que fazem-na esgueirar por entre as fronteiras dos mais diversos gêneros literários e extraliterários, reelaborando em si formas e con-teúdos de textualidades distintas como o conto e o epigrama, o aforismo e o slogan publicitário, a notícia e o poema. No Brasil, estas escrituras encontram uma especial aproximação com a crônica, da qual absorvem diversos procedimentos. À luz dos conceitos de Josefina Ludmer sobre as literaturas pós-autônomas, a presente pro-posta busca investigar traços de despertencimento e inespecificidade nas micronar-rativas contemporâneas brasileiras que deslocam estes escritos para além dos limi-tes da literatura e da própria ficção. Palavras-chave: Minificção; Crônica; Realismo; Literatura brasileira. 8:50 - 9:10 Fronteiras imaginárias entre arte e biografia: a morte ficcional

Marcelo Marinho (UNILA) [email protected]

Em 2017, celebram-se os 50 anos da morte prematura e enigmática de João Guimarães Rosa. Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963 (em terceira candidatura!), Rosa adiou a posse durante quatro longos anos. Empossado em 16/11/1967, o romancista falece precisamente três dias depois, em 19/11/1967, um domingo, na hora do Ângelus, como se lhe coubesse uma ressurreição às avessas: “as pessoas não morrem, ficam encantadas”, declara o romancista em seu discurso de ingresso no panteão dos imortais. Ora, Grande Sertão: Veredas (sua “autobiografia irracional”) anuncia, já em 1956, a história de um pacto fáustico em que Riobaldo (duplo ficcional de Rosa) entrega sua alma (Diadorim) em contrapartida de um prêmio (Otacília). Rompem-se aqui as fronteiras imaginárias entre biografia e ficção: é preciso narrar uma vida para então vivê-la, em contraponto à perspectiva de toda autobiografia racionalmente elaborada (Marinho, 2012). Neste estudo, discorremos sobre as tênues fronteiras entre biografia factual e imaginação poética, entre autobiografia e construção de realidades factícias: por meio do discurso, o poeta constrói o espaço ideal para sua indelével pervivência

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(Benjamin) no imaginário coletivo. Tal é o que se deduz desta declaração de Rosa a Pedro Bloch: “Não gosto do transitório, do provisório. Gosto do eterno.” E o romancista, demiurgo de si mesmo, complementa, sem falsa modéstia, em entrevista a Günter Lorenz: “Desta forma, pode acontecer que uma pessoa forme palavras e na realidade esteja criandoreligiões. Cristo é um bom exemplo disso”. Palavras-chave: Guimarães Rosa; Biografia; Fronteiras. 9:10 - 9:30 Fronteiras e colonialidades em Vagos sin tierra, de Renée Ferrer

Geovana Quinalha de Oliveira (PPG-UFSC/UFMS) [email protected]

O objetivo desse trabalho é refletir acerca dos mecanismos de atuação das colonia-lidades do poder e do saber nos processos de construção da fronteira entre Brasil e Paraguai. A região de fronteira entre ambos os países é, por excelência, um lugar à margem cuja formação se faz, por um lado, mediante o encontro permanente das diferenças e de intercâmbios e, por outro, de resistências, negações e imposições associados às (re)produções do sistema colonial/moderno, a exemplo dos binaris-mos hierárquicos de classe, raça/etnia, lugar, gênero, sexualidades. Tais questões são apreendidas pelo Romance Vagos sin tierra que os leva ao público como proje-to crítico cuja proposta requer pensamentos outros, voltados para a compreensão dos procedimentos e das implicações políticas da produção discursiva e simbólica de elementos históricos, culturais e identitários de periféricos lugares e sujeitos. Palavras-chave: Palavra; Palavra; Palavra. 9:30 – 9:50 Limiares artísticos fronteiriços na escrita clariciana

Marta Francisco de Oliveira (UFMS/CPCX) [email protected]

Este trabalho procura analisar como a consagrada escritora naturalizada brasileira, Clarice Lispector, extrapola os limites da palavra escrita em textos que despertam leituras e olhares enviesados dos leitores ao longo dos anos. Em 2017, sua morte e a publicação de sua última novela, A hora da estrela, completam 40 anos. Caminhar por seus textos, porém, revela a presença da escritora que cria/mostra diferentes matizes que os limiares entre a literatura, as artes e a linguagem reorganizam, cons-troem, destroem, imaginam, extrapolam, através da palavra no papel, marcando a margem, o novo e o estranho, os espaços múltiplos de construção da linguagem e da identidade, de pessoas e espaços, no jogo simbólico e imaginário iniciado pelas personagens e ao qual os leitores dão continuidade. O texto clariciano marca um movimento amplo e difuso que, analisado através de personagens como Macabéa, Virgínia, Lucrécia, Martim ou a personagem feminina de Água-viva, por exemplo, compreende espaços próprios e propícios à construção de identidades plurais,

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mesmo quando parecem simplistas, expressas via linguagem poética, verbal, ima-gética, avançando para a atual linguagem hipermidiática, meramente pressentida e prenunciada nas peripécias de Macabéa em A hora da estrela, de 1977, rompendo suas fronteiras. Palavras-chave: Literatura; Clarice Lispector; limiares artísticos.

9:50 – 10:10 Uma política pública de cultura num município de fronteira: a economia solidária como agente de fomento à cultura

Sérgio Luiz Winkert (UNIOESTE) [email protected]

Fernando José Martins (UNIOESTE) [email protected]

Este artigo é parte integrante da dissertação desenvolvida no Programa Sociedade, Cultura e Fronteira - UNIOESTE, a qual tem como objeto de estudo a economia so-lidária no município de Foz do Iguaçu. A economia da cultura, sob os princípios da economia solidária, pode ser vista como uma alternativa de trabalho e renda, no entanto, tem um papel fundamental no fomento da cultura. Uma das áreas onde é mais visível a influência desta “outra economia”, que tem como principais fundamen-tos a cooperação e autogestão, é a cultura. Este estudo procura verificar a impor-tância da relação economia solidária e cultura, tanto como uma alternativa econômi-ca, quanto como um movimento social que busca seu espaço dentro de uma política pública de cultura. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e documental, visando fortalecer conceitos, tendo como base os trabalhos realizados pelo Conse-lho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) e a observação do trabalho de organi-zação dos “setoriais de cultura”. Desta forma, o estudo buscou identificar grupos que trabalhem, mesmo que parcialmente, os princípios da economia solidária, que possam ser reconhecidos como um movimento cultural que visa a consolidação de política pública de cultura. Palavras-chave: Economia da cultura; Economia solidária; Movimento cultural,

Movimento social. 10:10 – 10:30 Steampunk e narrativa de profecia: a constituição do gênero textual na obra tiempo de dragones.

Elisa Ines Christ Dill – UNILA E-mail: [email protected]

A a obra Tiempo de Dragones da escritora argentina Liliana Bodoc pode ser compreendida como pertencente ao gênero saga épica ficcional ou, mais especificamente, steampunk Neste trabalho, pretende-se investigar a construção do gênero profecia no primeiro capítulo desta obra, intitulado “El comienzo”, como também, estabelecer as relações possíveis entre o imaginário representado no

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capítulo e a teoria do estruturalismo figurativo proposta por Gilbert Durand. Para tal fim, os principais aportes teóricos utilizados na análise são Bakthin (1997) e Gilbert Durand.

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SIMPÓSIO

Artes, identidades e fronteiras

Coordenadores(as): Prof. Dr. Fábio Allan Mendes Ramalho – UNILA Profa. Dra. Rosangela de Jesus Silva – UNILA

Profa. Dra. Viviane Araújo da Silva – UNILA [email protected]

Resumo do simpósio: Nos espaços fronteiriços marcados por trânsitos, encontros

e conflitos, as questões identitárias parecem estar mais presentes, ao mesmo tempo que se expressam de diferentes formas. No âmbito das artes e da cultura visual, as experiências e experimentações que problematizam, configuram e reconstroem representações de “si” e do “outro” ganham um espaço fértil de reflexão. Neste simpósio estamos interessados em discutir tanto criações artísticas (cinema, artes visuais, intervenções urbanas, música, dança, teatro, fotografia) cujo foco sejam elementos de identidades e/ou fronteiras, quanto trabalhos que discutam como as expressões artístico-culturais se apropriam e refletem sobre esses temas, ou ainda como são utilizadas ou projetadas como imagens para afirmar ou contestar a construção das identidades e das fronteiras. Palavras-chave: Artes; Cultura Visual; Identidade; fronteiras; Imagem.

COMUNICAÇÕES

10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco K, sala 2) 14:00 – 14:20 O Paranismo configurando uma ideia de Paraná

Edemar José Baranek.(UFFS) [email protected]

Após a emancipação do Paraná perante São Paulo, em 1853, e a perda na Guerra do Contestado de parte do território paranaense para Santa Catarina, intensificou-se um movimento artístico, político e intelectual para construção identitária e geográfica do estado em oposição às outras regiões brasileiras, o movimento regionalista do Paranismo. Iniciado em 1899 com a publicação de História do Paraná por Alfredo Romário Martins, se consolidou como movimento quando em 1927 funda-se o Centro Paranista e a publicação do manifesto “Paranismo”. Sedimentando as ideias do movimento foram publicados textos científicos e literários e eleitos símbolos, o pinheiro e o pinhão, para a visualidade estadual. Nas artes visuais foi uma vertente distinta do modernismo brasileiro, este buscava a consolidação de uma identidade nacional. Em setembro de 1943, foi criado o Território Federal do Iguaçu,

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abrangendo áreas do Paraná e de Santa Catarina, recorreu-se a identidade regional para questionar a alteração da configuração das fronteiras estaduais. Criticava-se a falta de explicações e a ausência de motivos convincentes para a separação. Em Curitiba, as discussões foram acaloradas para reintegração do território ao Paraná, culminando em setembro de 1946 na extinção do território demonstrando a participação do Paranismo na configuração do estado. Palavras-chave: Limites Territoriais; Território Federal do Iguaçu; Artes Visuais;

Identidade.. 14:20-14:40 A Fotografia de Harry Schinke: Um olhar para a Fronteira

Solange da Silva Portz (UNIOESTE) [email protected]

O estudo com fotografia lança um desafio: como conhecer aquilo que não foi revelado pelo olhar do fotógrafo? Para que essa pergunta seja respondida, deve-se considerar a rede de significações, onde os objetos retratados integram a composição da realidade, em que pessoas são produtoras e consumidoras de signos, cuja compreensão é fundamental para operar sobre a realidade. Nesse sentido, será apresentado uma estratégia de leitura que segue a prescrição de Siegfried Kracauer em sua obra, History: The Last Things before the Last (História: as últimas coisas depois da última), publicada no ano de 1969, texto discutido por Carlo Ginzburg(2008) e Ana Maria Mauad (2011). Assim, a proposta é seguir tais indicações, buscando a relação entre sujeito (fotógrafo), o objeto (mundo histórico) e as mediações que definem suas abordagens em um dado contexto. Para isso foi selecionado uma fotografia produzida na década de 1920, que apresenta o momento em que Harry Schinke, conhecido como Fotógrafo da Fronteira, está posicionado em frente a câmera integrando a paisagem das Cataratas do Iguaçu. Palavras-chave: Fotografia; linguagem fotográfica; leitura fotográfica.

14:40 – 15:00

Registros e vestígios de fronteira: corpo, voz e ausência em“Do outro lado”, de Chantal Akerman

Fábio Allan Mendes Ramalho (UNILA) [email protected]

O documentário Do outro lado (De l‟autre côté, 2002), de Chantal Akerman, é uma obra composta por diferentes passagens e fluxos: temos, em primeiro lugar, os trânsitos clandestinos na fronteira entre México e Estados Unidos, mas também, de maneira acentuada, o deslocamento efetivado pelo olhar da realizadora belga, que se volta para as tensões culturais e políticas que atravessam o continente americano. Os vestígios que se inscrevem nas imagens documentais, bem como os

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relatos acionados pelas vozes da cineasta e de seus personagens, constituem um testemunho que abarca a inscrição dos corpos capturados pela câmera e também os rastros das múltiplas ausências que se subtraem à possibilidade do registro, dado o seu caráter clandestino e fugidio. Nesse contexto, o campo da visualidade abarca tanto os mecanismos de controle que atuam sobre os corpos e territórios, quanto a possibilidade de dar testemunho sobre vidas que se lançam ao enfrentamento dos limites impostos pelas zonas fronteiriças.

Palavras-chave: Cinema. Documentário. Fronteira. Voz. Vestígio.

15:00 – 15:20 El Centinela, Paraguai Ilustrado e Cabrião: identidades e fronteiras em debate na cobertura visual da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870)

Rosangela de Jesus Silva (UNILA) [email protected]

Na segunda metade do século XIX as revistas ilustradas, apoiadas pelo desenvol-vimento de técnicas de reprodução de imagens como a litografia, conquistaram um espaço considerável na imprensa latino-americana. Essas publicações ofereceram ao público leitor uma ampliação do universo visual através de imagens que ocupa-vam até mais da metade de suas páginas. Através de retratos, paisagens, reprodu-ções de obras de arte, mapas, caricaturas, entre outras imagens, essas revistas construíram discursos visuais que buscavam construir e afirmar identidades, ainda em disputa, na formação dos jovens Estados Nações. Em momentos de conflito, como foi a Guerra da Tríplice Aliança, os discursos de afirmação de identidades, assim como a projeção de imagens do “outro” ganha ainda mais visibilidade, sendo que algumas publicações foram criadas especialmente para dar conta do conflito armado. Assim, nesta comunicação, propomos analisar brevemente algumas ima-gens das revistas El Centinela (1867), Paraguai Ilustrado (1865) e Cabrião (1866-1867), publicados respectivamente no Paraguai e as outras duas no Brasil, a fim de discutir a afirmação de identidade a partir de construções visuais. Palavras-chave: Revistas ilustrada; Guerra da Tríplice Aliança; Identidade. 11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco K, sala 2) 8:30 – 8:50 Identidad y resistencia en Composiciones musicales de residentes bolivianos en San Pablo Brasil (Santa Mala).

Jhanira Mayra Conde Osco(UNILA/ FUNDAÇÃO ARAUCARIA)

[email protected]

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La comunidad Inmigrante en San pablo Brasil ha sido visto muchas veces de ma-nera preconceitosa, contrarrestando esta situación se ha buscado por medio de la “nueva bolivianidad” mostrar otra cara fuera del imaginario que es reforzado por los medios de comunicación profundizando aún más esos estereotipos nega-tivos hacia esta comunidad. La nueva bolivianidad se presenta como una estra-tegia que a través de distintas expresiones muestra su identidad haciendo re-sistencia a un escenario, fuera de sus fronteras. Santa mala es una propuesta musical de Hip hop reciente y desde ella se conci-be la heterogeneidad de la comunidad para sumar a esta bolivianidad; desde sus letras (además de toda la puesta en escena) se recupera distintas experiencias del sentirse boliviano en situación de desplazamiento(entre otras temáticas) presenta-do en un ritmo urbano y presentándose como propuesta a ser analizada como muestra de identidad y resistencia. Palavras-chave: Nueva bolivianidad; Hip hop; Identidad.

8:50 – 9:10 O bosque no “centro histórico” de Londrina (PR): Reflexões acerca de “mu-seus de cidade” para uma cultura urbana.

Larissa Martins Buono (UEL) [email protected]

Londrina tornou-se município após loteamento de empresa imobiliária e grande divulgação para vendas dentro e fora do Brasil. Compradores e trabalhadores compuseram o espaço miscigenado. Bosque Mal. Cândido Rondon foi a área verde deixada como espaço de sociabilidade e compõe uma trilha interpretativa do que se pretende, oficialmente, como centro histórico patrimonializado juntamente com seu entorno. Na linha argumentativa de Carlo Argan (1998) a cidade sendo um bem cultural, artefato produzido pelo homem, ela tanto abriga arte como é arte por si só. Assim, este artigo buscou abordar a cidade como arte e apresentar a função emergente e essencial da instituição do museu para a manutenção da memória e cultura urbana. Também apontamos o modo como o uso dos documentos museológicos podem atribuir valor e identidade à cidade e aos seus diferentes agentes sociais, os cidadãos. Palavras-chave: Arte. Memória. Identidade. Cultura urbana.

9:10 – 9:30 Alma da grande cidade: identidade local e tradição na representação dos tipos populares urbanos

Viviane da Silva Araujo (UNILA) [email protected]

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O intenso crescimento urbano experimentado em diversas capitais latino-americanas na alvorada do século XX motivou a produção de representações ver-bais e visuais sobre costumes tradicionais dessas cidades que corriam o risco de desaparecerem ou de se modificarem a ponto de serem descaracterizados. Esta comunicação analisa um conjunto de crônicas de costumes publicadas em revistas ilustradas de Buenos Aires e do Rio de Janeiro, que evidenciaram esta tensão entre modernidade e tradição, com enfoque na figura dos tipos populares. Com isso, pre-tende-se identificar nestas crônicas ilustradas que tiveram como tema tipos popula-res como as baianas do centro do Rio de Janeiro, ou as lavadeiras que trabalhavam às margens do Rio da Prata, por exemplo, como preservação/construção de uma identidade local, como imagem de uma singularidade que não se queria perder em face do desenvolvimento urbano. Palavras-chave: tipos populares; revistas ilustradas; tradição.

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SIMPÓSIO

Literatura infantil e juvenil: crítica e letramento literário

Coordenadoras:

Profa. Dra. Clarice Lottermann (UNIOESTE) Profa. Dra. Mariana Cortez (UNILA)

[email protected] [email protected]

Resumo do simpósio: O peso significativo da literatura infantil e juvenil no campo

editorial, com a movimentação de cifras consideráveis (sobretudo através de investimentos do governo federal), e a legitimação que recebe de diferentes instituições (prêmios, diretrizes curriculares, disciplinas de graduação e pós-graduação, congressos), demonstra a importância de se fazer pesquisas sistemáticas sobre o assunto, tanto aquelas voltadas para a crítica literária quanto aquela voltada para a questão da leitura e dos problemas relativos à formação de leitores literários permanentes. Desse modo, o propósito deste simpósio é refletir sobre questões que norteiam a produção e a recepção de obras de literatura infantil e juvenil em contexto brasileiro e latino-americano, visando identificar a diversidade proposta por essa literatura e os imaginários construídos em determinado contexto histórico e social que vai reconstruindo-se conforme a realidade exige; sobre questões relativas ao processo de mediação e recepção dos textos literários no contexto escolar, em suas múltiplas variáveis; sobre políticas públicas voltadas à leitura, destacando-se a necessidade de entender o objeto cultural destinado a jovens leitores em formação no território latino-americano. Palavras-chave: Literatura infantil e juvenil; mediação, letramento literário

COMUNICAÇÕES

11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco K, sala 3) 8:30 – 8:50 João e Maria: realidade socioeconômica no conto tradicional e no reconto contemporâneo

Elesa Vanessa Kaiser da Silva (UNIOESTE) [email protected]

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Os contos de fadas são obras clássicas que permanecem vivas ao longo do tempo, seja por meio de versões “originais”, adaptações ou releituras. O presente artigo apresenta um estudo do conto clássico João e Maria e da releitura Joãozinho e Maria (2013), adaptação de Cristina Agostinho e Ronaldo Simões Coelho, ilustrações de Walter Lara. Buscar-se-á destacar um diálogo entre as obras e relacionar fatos narrados em contos tradicionais e contemporâneos com a realidade socioeconômica. Nesse sentido, pretende-se destacar o papel dos mediadores de leitura em relação à seleção de obras literárias infantis que privilegiem o segmento étnico e estabeleçam a aproximação das crianças ao imaginário cultural, com histórias ambientadas no cenário brasileiro. Para tanto, será utilizada, como base teórica, sobretudo Histórias que os camponeses contam: o significado de Mamãe Ganso de Robert Darnton (2011) e a obra Conto e Reconto: das fontes à invenção de Vera Teixeira de Aguiar e Alice Áurea Penteado Martha (2012). Palavras-chave: João e Maria; Releitura; Mediação.

8:50 – 9:10 Dragões de Éter: os contos de fada na literatura brasileira

Jaqueline Patricia Schossler Deak (UNIOESTE) [email protected]

Clarice Lottermann – orientadora (UNIOESTE) [email protected]

Dentro do campo da literatura infantojuvenil, os contos de fadas ocupam posição de destaque, que vem sendo reafirmada ao longo dos anos com a permanência dessas obras, tanto no cinema quanto nas releituras literárias. Esta proposta de discussão tem como objetivo analisar a presença de personagens de contos de fadas tradicio-nais no livro Caçadores de Bruxas, de Raphael Draccon (2010), primeiro volume da trilogia Dragões de Éter. Ao parodiar ou recontar uma história, o autor deve deixar pistas interpretativas e vestígios da obra original para que o leitor possa identificá-la e compreender a intertextualidade, sem modificar os elementos essenciais da mes-ma. Draccon veste as personagens com novas roupas, as atualiza, mas mantém suas características únicas. Para esmiuçar esse processo de retomada dos contos clássicos se fará referência ao dialogismo de Bakhtin (1929/1999, 1929/2005, 1979/2003), à noção de reconto (Aguiar, 2012), bem como à intertextualidade apre-sentada por Samoyault (2008), a fim de compreender como se efetiva o diálogo en-tre estas obras. Palavras-chave: Dialogismo; intertextualidade; reconto; contos de fada.

9:10 – 9:30 Sagas Juvenis Distópicas da América Latina: espaço latino-americano, protagonismo feminino e escritoras mulheres.

Lais Dias de Farias (UNILA) Mariana Cortez (UNILA)

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[email protected] Esta comunicação apresenta o projeto de pesquisa de iniciação científica “Sagas Juvenis Distópicas da América Latina: espaço latino-americano, protagonismo femi-nino e escritoras mulheres”. A investigação tem o propósito de compreender a cons-tituição dos imaginários presentes nas sagas juvenis distópicas, com protagonistas femininas e escritoras latino-americanas. Para tanto, o estudo analisa duas trilogias: “Rebelión”, de Anna K. Franco (Argentina) e “Anômalos”, de Bárbara Morais (Brasi-leira). Questionamos a desqualificação do gênero juvenil, da escrita latino-americana e do protagonismo feminino e discutimos sua implicação no ensino de literatura, para descobrir como essas questões são expostas ao público alvo. A pes-quisa busca valorizar o campo da LJ, a escrita de mulheres e o diálogo entre produ-ções latino-americanas, considerando as particularidades culturais do território, sem descartar, no entanto, a influência do fenômeno global das sagas literárias juvenis, especificamente as distópicas. Estabelecer tal diálogo entre as obras pode trazer maior reconhecimento daquilo que se produz na América Latina, ressaltando suas semelhanças e diferenças de acordo com o âmbito cultural e artístico, sobretudo, ressalta-se a implicância deste estudo no ensino da literatura. Palavras-chave: Distopia; Sagas; Literatura Juvenil; Protagonismo feminino; Améri-ca Latina. 9:30 – 9:50 Quebrando estereótipos: o papel do mediador na valorização do negro na lite-ratura infantil

Sandra de Oliveira Ferreira (UNILA) [email protected]

A presença de personagens negros na literatura infantil esteve distante dos livros durante muito tempo por conta de uma formação basicamente eurocêntrica de nos-sa sociedade. Somente na década de 1980, surgem os primeiros exemplares com personagens negros protagonistas com objetivo de desconstruir estereótipos nega-tivos acerca dos mesmos na sociedade, muito tempo construído e cristalizado por meio das histórias. Mas para que, de fato, possa haver desconstrução de estereóti-pos negativos é preciso não somente escolher uma boa história é preciso mediar às discussões promovendo o diálogo entre as crianças. A partir dessa perspectiva, esta comunicação tem como objetivo analisar o papel do mediador entre as crianças e os livros infantis com personagens femininas negras. O referencial teórico que embasa esta investigação está nos seguintes autores: Chartier (1990), Colomer (2002), Jo-vino (2007), Sousa (2005), Zilbermam (2003) entre outros. Entendemos como fun-damental essa pesquisa, pois amplia nosso olhar acerca das questões sociais que nos cercam, além de combater diretamente com o racismo estrutural que ainda tão forte em nossa cultura. Palavras-chave: Literatura infantil; Mediador; Personagens Negras.

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9:50 – 10:10 Criança e infância negra na literatura infantil brasileira de 1980 a 2000: breve revisão sobre o tema

Ione da Silva Jovino (UEPG/UFSCar) [email protected]

Pretende-se apresentar uma discussão de pesquisas que tratam do tema literatura infantil com personagens negros, com enfoque na produção brasileira de 1980 a 2000. O recorte apresentado é sobre personagens negros na literatura infantil e ob-jetiva mostrar, desde esse recorte, como há espaço para discussão sobre repre-sentação de crianças e infâncias, a partir de revisão narrativa sobre o tema. Ancora-se nos estudos sobre literatura infantil, no conceito de representação dos estudos culturais e na história da infância. As considerações apontam que o período escolhi-do é concomitantemente acatado como altamente produtivo e constituído por obras consideradas inovadoras, ao mesmo tempo em que dá a ver representações este-reotipadas de personagens negras como as produzidas desde o final do século XIX. Finaliza indicando que há espaço para a discussão da criança negra e sua infância a partir da literatura infantil, bem como que existem desde a década de 1980 pes-quisas que se (pré)ocupam com a representação da criança e sua infância, com os estereótipos sobre personagens negras e com estes dois temas nas políticas públi-cas de leitura. Palavras-Chave: literatura infantil; criança negra; infância; representação.

10:10 – 10:30 Apresentação da alteridade no contexto escolar por meio da Literatura infantil

Rosangela Marcilio Bogoni(UNILA) [email protected]

O mundo literário infantil, de modo geral, pode ser um aporte teórico enriquecedor, capaz de fazer com que a questão da alteridade seja minimizada. Na contempora-neidade, a partir dos movimentos em defesa da inclusão social a partir da década de 90, a princípio, com a Declaração de Jountiem, o mercado literário absorveu a necessidade de discutir e apresentar narrativas com esse enfoque, ou seja, da alte-ridade. Autores passam a utilizar como personagens principais, sujeitos que repre-sentam esse grupo minoritário, mas que em tese, complementam a diversidade hu-mana em nossa sociedade. Diante desses pressupostos, o presente artigo tem co-mo finalidade apontar uma obra infantil que aborda a deficiência por meio de seu protagonista, cujo o intuito seja, minimizar a exclusão no contexto escolar. A obra de Júlio Emilio Braz, “O muro”, publicado em 2003 retrata a sensível e tocante estória do cotidiano de um menino cadeirante, que através do imaginário, viaja além do mu-ro, como um manifesto contra o comodismo, o medo e o preconceito, deixando as-sim, um exemplo a seguir. As narrativas infantis que abordam esse tema, partilham

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questões como, valor social, cultural, históricos ideológico e a inclusão social, pela identificação com o personagem ou por envolver-se em um ambiente ficcional, ca-paz de compreender e respeitar as limitações do outro. Palavras-chave: Alteridade; Literatura infantil; Contexto escolar. Tarde – 14:00 às 16:00 (Bloco K, sala 3) 14:00 – 14:20 A formação do professor formador de leitores e o texto infanto-juvenil

Naiani Borges Toledo (UNIOESTE) [email protected]

Este artigo tem por objetivo analisar por meio de pesquisas bibliográficas como está se desenvolvendo a teoria e a prática do ensino da literatura infanto-juvenil e a im-portância desses textos para desenvolver nos alunos o gosto pela leitura e o senso crítico, haja vista que o letramento literário difere de todos os demais, pois propicia ao estudante torna-se um sujeito apto a refletir sobre as situações que o rodeiam e a participar e transformar as realidades existentes, dessa forma, exercendo efetiva-mente a sua cidadania. Para melhor compreensão do tema será analisado a história da leitura em um contexto geral e também especificamente no contexto brasileiro e por fim ponderaremos também sobre a relevância da formação do professor que será formador de leitores e de seu papel como mediador. Palavras-chave: Leitura; Letramento; Literatura infanto-juvenil; Mediação. 14:20 – 14:40 Mediação cultural: Literatura Infantil e música: A interculturalidade a través da contação de histórias nas escolas

Elisane Andressa Kaiser da Silva (UNILA) [email protected]

Esta comunicação tem o propósito de apresentar um Pré- Projeto de TCC de Letras- Artes e Mediação Cultural, que se refere a uma pesquisa realizada em duas escolas municipais de Nível Fundamental I, sendo uma localizada na cidade de Medianeira (PR) e a outra em Foz do Iguaçu (PR), a fim de investigar se ambas proporcionam uma abordagem intercultural através da literatura infantil, por meio da contação de histórias. Considerando as escolas, localizadas na faixa de fronteira, pressupõe-se que recebam estudantes imigrantes e, portanto, percebe-se a necessidade da valorização e respeito em relação a diversidade étnica e cultural no ambiente escolar. Nesse contexto, esta pesquisa surge da necessidade de conhecer a realidade dessas escolas e promover a sensibilização, discussões e críticas relacionadas à interculturalidade através de uma atividade prática de contação de histórias com música, realizada de uma maneira diversificada e descontraída, a fim

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de oportunizar momentos de interação, sensibilizando os estudantes e promovendo a integração e respeito à diversidade cultural e étnica. Palavras-chave: Literatura infantil; Interculturalidade; Contação de histórias; Música

14:40 – 15:00 Semeando questões: o RPG voltado para público juvenil

Breno Pauxis Muinhos(UFPA/FAPESPA) [email protected]

As narrativas orais carregam profundos sentidos decorrentes de nossa cultura e his-tória, o ato de contar histórias é uma atividade que remonta nossa herança ances-tral. Os jogos de interpretação de papéis são movidos pelo ato de narrar tramas que envolvem personagens a serem interpretadas por outros participantes; apesar do nome, em essência, um role-playing game não é um jogo – seu conceito será uma das questões principais da comunicação a ser apresentada. De recorte para a pre-sente exposição serão utilizadas duas categorias dos estudos literários, para desen-volver de maneira singular uma experiência com os role-playing games: a narrativa e a oralidade; que aqui serão discutidas como partes integrantes da estrutura do “jogo”; principalmente, na criação por parte de seus participantes, como parcela fun-damental das reflexões a serem instigadas. Não se distancie a discussão quanto ao “valor” ou “utilidade” dos jogos de interpretação de papéis, como instrumentos de incentivo à leitura e à escrita como já levantado por teóricos a serem citados, o gê-nero não está restrito ao uso em sala de aula, ou resumido à prática de entreteni-mento entre amigos e colegas; há uma necessidade na própria prática de refletir sobre a realidade através da ficção, fator inerente a toda diversidade da produção literária, em especial as de característica fantástica, outro ponto essencial para re-flexão. Na pesquisa, para o desenvolvimento da proposta, foram verificadas as re-flexões sobre o jogo de Johan Huizinga, as percepções de história e tempo de Wal-ter Benjamin, as discussões sobre literatura fantástica de Tzvetan Todorov, os estu-dos sobre RPG em diversos campos, desde o uso em sala de aula por Sônia Rodri-gues, discussões sobre exercício de leitura e escrita de Andréa Pavão, aos diálogos com literatura de Edson Cupertino. Palavras-chave: Narrativa; oralidade; RPG.

15:00 -15:20 Tecendo o insólito: uma leitura de contos de Marina Colasanti

Clarice Lottermann (UNILA) [email protected]

Nesta comunicação é apresentada uma análise dos contos A moça tecelã, Fio após fio, Além do bastidor e Com sua voz de mulher de Marina Colasanti, observando a profunda articulação entre o insólito e as potencialidades e realizações da palavra/arte. Com textos curtos e de uma densidade marcante, a autora cria

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narrativas que terminam com algo inesperado, desconcertante, abrindo espaço para inúmeras conjecturas e reflexões. Desta forma, pode-se afirmar que os elementos insólitos representam uma forma de resistência cultural, pois, nos contos destacados, o poder criador ultrapassa a repetição mecânica e utilitarista, e o desejo e a constituição da subjetividade são mais importantes que o acúmulo de bens. De maneira geral, os contos de Marina Colasanti evidenciam que a retomada da identidade feminina se dá paralelamente à retomada do seu espaço e da criação artística, pois, realizada pelo tear/palavra, a literatura dá concretude ao abstrato e permite tecer/nomear uma nova realidade. Palavras-chave: conto; insólito; Marina Colasanti.

15:20 – 15:40 Mediadores de leitura de papel: personagens imaginados

Mariana Cortez (UNILA) [email protected]

Esta comunicação visa analisar as representações de mediadores de leitura como personagens em duas obras destinadas ao público infantil: Matilda, de Roald Dahl e Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Maximo, de Willian Joyce. Em ambas as narrativas, há personagens que assumem o papel de mediadores de leitura. Em Matilda, a senhorita Phelps é bibliotecária e auxilia a protagonista em suas buscas como leitora e apresenta a biblioteca como lugar de acolhimento; já, em Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Maximo, o protagonista será levado ao posto de “bibliotecário” de forma metafórica: de leitor ele passa a mediador encantado pelos livros-personagens. O objetivo da análise será refletir acerca da empatia, interação e imagem da relação leitor-mediador presentificada nas narrativas, revelando assim a importância desse encontro e discutindo teoricamente o papel do mediador de leitura. As narrativas serão utilizadas como disparadores da discussão. O trabalho justifica-se graças ao interesse em compreender a figura do mediador de leitura como formador do leitor literário. Palavras-chave: mediação; leitor literário; biblioteca.

15:40 – 16:00 Da leitura à compreensão: um olhar questionador sobre a aquisição dos processos interpretativos através da literatura infantil e juvenil

Heygla Meza Peixoto (UFMS/CPCX)

O objetivo desse trabalho é provocar a reflexão sobre as primeiras indagações que resultarão em um trabalho maior de pesquisa acadêmica acerca dos mecanismos de atuação das escolas na formação de leitores, a partir da leitura de literatura infantil e juvenil. De fato, com base na experiência e na vivência em ambientes educativos, torna-se imperativo, para o professor de língua portuguesa, sobretudo, entender o porquê de existir uma deficiência, observada em muitos estudantes, no

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que diz respeito ao domínio das capacidades e habilidades que extrapolam a simples leitura, ou seja, a decodificação e entendimento da palavra com que se defrontam no texto. Este dominar apenas os rudimentos da leitura, por assim dizer, não provoca a boa compreensão e a interpretação plena que a literatura exige, gerando uma relação pouco amistosa entre texto e leitor, ou mesmo uma relação superficial. Como resultado, o letramento não se completa e se vê prejudicado, em virtude do surgimento de uma dificuldade que, ademais de prosseguir durante toda a vida escolar, poderá se estender para além destes anos, impedindo formas de interpretação essenciais para o desenvolvimento intelectual, que incluiria a leitura literária cada vez mais ampla. Esta proposta não se quer conclusiva, pois esperamos amadurecer as discussões neste simpósio e encontrar pontos de apoio e informações relevantes para repensar a prática escolar de tratamento da leitura e da compreensão leitora, com vistas ao letramento. Palavras-chave: leitura; literatura infantil; formação de leitores

16:00 – 16:20 A leitura da saga juvenil Harry Potter como uma vereda possível na formação de leitores

Simone Rodrigues Martino – Unioeste (UNIOESTE) [email protected]

Já há muito tempo, impera entre os professores de línguas a preocupação em relação à dificuldade em formar leitores literários na escola. Eles reclamam que seus alunos não leem, no entanto, não percebem que há leituras de literatura sendo feitas pela juventude. Elas apenas não se enquadram naquilo que a instituição escolar considera como arte de qualidade, mas como artefatos da cultura de massa. Assim, os profissionais docentes acabam por não olhar para essa realidade de seus estudantes e trabalhar com ela na sala de aula, fator que contribui para o baixo interesse pela atividade de ler literatura. Pensando nisso, este trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de trabalho que leve em conta o cotidiano de nossos alunos e os textos que eles realmente leem para levá-los a explorar outras possibilidades de significação presentes na saga da literatura juvenil contemporânea Harry Potter. Dessa forma, busca-se formar leitores que percorram outros caminhos leitores que os levem a níveis mais críticos do ato de ler. Para alcançar isso, embasaremos o nosso trabalho com a teoria da estética da recepção de Jauss e de Regina Zilberman. Esperamos, assim, contribuir com o debate que busca saídas para formar leitores literários no ensino fundamental. Palavras-chave: formação de leitores; séries literárias juvenis; método recepcional.

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SIMPÓSIO

A construção das identidades, das representações e das rela-ções de poder por meio das práticas discursivas

Coordenadores:

Exzolvildres Queiroz Neto (UNILA - PPGPPD) [email protected]

Josiane Heck (UNILA - PPGPPD) [email protected]

Maíra Soalheiro Grade (UNILA - PPGPPD) [email protected]

Resumo do simpósio: Este Simpósio busca reunir e problematizar pesquisas vol-

tadas à análise das relações de poder e de sua construção por meio da linguagem. As práticas discursivas produzem modos de pensar que se convertem em relações de poder. O poder se manifesta no interior da sociedade e comporta mudanças de-pendendo do tempo histórico que vivemos e das interações que estabelecemos. Nesse contexto, pretende-se refletir acerca dos seguintes temas: as correlações entre o poder e as práticas discursivas; o modo como os processos comunicativos podem atuar para a construção de processos emancipatórios na sociedade; a ma-neira como se constroem as representações e as identidades e os sistemas simbóli-cos que as constituem; o conceito de gênero e as relações de poder que foram construídas histórica e discursivamente em virtude da representação das identida-des feminina e masculina; a representação do sujeito através do discurso que impli-ca em um posicionamento subjetivo e enviesado com seus significantes. Desse mo-do, destaca-se na presente proposta o argumento de que a construção de espaços de participação social por meio de práticas discursivas pode ser uma ferramenta para o desenvolvimento e fortalecimento de uma sociedade democrática no contex-to latino-americano, e pretende-se estabelecer diálogos com as mais diversas áreas do conhecimento, tais como Antropologia, Filosofia, Sociologia, Psicologia, Políticas Públicas entre outras. Palavras-chave: Linguagem; Poder; Discurso

COMUNICAÇÕES 10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco K, sala 4) 14:00 – 14:20 Dos sertanistas ao “sertão desconhecido”: dominio do território e a constru-ção da narrativa de nobreza e racionalidade das elites paulistas

Amália Cristovão dos Santos (FAU-USP)

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[email protected] Entre o século XVIII e meados do século XIX, o território da capitania e depois pro-víncia de São Paulo foi desmembrado, diminuído, submetido e, enfim, consolidado, em processos administrativos intrínsecos à construção de uma identidade da elite paulista como grupo de caráter heroico, desbravador, racional e alinhado aos inte-resses da Coroa portuguesa e posteriormente do Império brasileiro. As reconfigura-ções de fatos e narrativas transformaram a imagem dos sertanistas – tidos como de hábitos praticamente selvagens, embrenhados nas matas e indissociáveis do “gen-tio bravio” dos sertões – em “antigos paulistas”, conferindo-lhes ares de lealdade e racionalidade – que justificavam o uso de violência, em circunstâncias passadas e nos planos em formação. Os elementos centrais do movimento de criação e recria-ção do imaginário, empreendido pelas famílias ligadas ao sertanismo na América meridional e especialmente na capitania de São Paulo, podem ser circunscritos nos discursos contidos e veiculados em conjuntos documentais variados, a saber, gene-alogias, produções literárias, cartas, papeis oficiais, relatos de viajantes e mapas. A comunicação ora proposta busca apresentar essas fontes, mobilizadas por nossa pesquisa de doutorado no campo da história cultural, em finalização, apontando a maneira como se articulam – entre si e com a materialidade –, bem como os resul-tados de seu acúmulo. Palavras-chave: São Paulo (capitania); São Paulo (província); Paulistas; Sertão; Imaginário. 14:20 – 14:40 A mulher e o direito à moradia adequada: Uma análise a partir dos impactos sociais causados por programas de habitação popular

Fernanda Sobral Rocha (UNILA) [email protected]

Trazer para o centro das discussões o conceito de moradia adequada e mostrar como ela pode vir a impactar diretamente a maneira como as mulheres chefe de família vivem, pode ser passos decisivos para que os programas habitacionais se-jam revistos. A CF/88 em seu art. 6º, estabelece quais são os direitos sociais ao ci-dadão brasileiro: educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o trans-porte, o lazer, a segurança, etc. e em seu art. 23º esclarece a competência das en-tidades de todas as esferas públicas em “promover programas de construção de moradia e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico”. Portan-to, a moradia é um Direito Universal, mas a importância da questão da moradia adequada à mulher não pode ser negada, pois as mulheres vêm ganhando espaço e conquistando direitos, mas por um sistema patriarcal ainda existe muita opressão e desigualdade entre homem e mulher. Discutiremos, nesse trabalho, a importância da inserção das mulheres nessas políticas habitacionais e a relevância da socieda-de no controle sobre as ações do Estado na elaboração e aperfeiçoamento das polí-ticas públicas implantadas.

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Palavras-chave: Mulher; Moradia; Políticas públicas.

14:40 – 15:00 Narrativas alimentares e suas relações de poder

Paola Stefanutti (UNIOESTE) [email protected]

Fátima Cividini (UNIOESTE) [email protected]

Viviane da Silva Welter (UNIOESTE) [email protected]

Valdir Gregory (UNIOESTE) [email protected]

Este artigo busca discutir as relações de poder em narrativas alimentares de pesca-dores de Foz do Iguaçu. Faz-se um ruminar de discussões alimentares através de memórias de pescadores da localidade e suas relações com a comida. O procedi-mento metodológico adotado neste trabalho busca interpretar dados obtidos através destas narrativas, sendo considerada uma pesquisa oral temática. Além das entre-vistas, a pesquisa conta com levantamento bibliográfico sobre diversos temas que surgiram no decorrer das análises, como poder simbólico (Pierre Bourdieu, 1996), relações de poder (Michel Foucault, 1977), memória (Michael Pollak, 1989) e ali-mentação (Jesús Contreras e Mabel Gracia, 2011). Estas discussões estão presen-tes em relatos sobre: o peixe de primeira e o peixe de segunda, a carne bovina co-mo distinção sócio-alimentar, a comida do caboclo versus a comida italiana, a comi-da boa versus a comida inferior. E corrobora a tese de que a comida é simbólica e reflete a cultura, o meio e os aspectos que circundam aqueles que a escolhem e a ingerem. No conjunto do levantamento realizado espera-se constituir bases que co-laboram para uma compreensão transdisciplinar sobre o aspecto alimentar, ressal-tando a alimentação como uma das temáticas das ciências sociais. Palavras-chave: Alimentação; Discurso; Pescadores; Poder simbólico. 15:00 – 15:20 A construção de memórias, imaginários e territorialidades em Santa Helena PR

Samuel Cabanha (UNIOESTE) [email protected]

O artigo busca trazer a tona um aspecto histórico imerso no presente e, ao mesmo tempo, compreender a construção de memórias, imaginários e territorialidades no município de Santa Helena – PR, através de um monumento em memória a Marcha de Luiz Carlos Prestes, retratando sua passagem pela Região Oeste do Estado do Paraná. A metodologia adotada foi à revisão bibliográfica, sendo que o levantamen-to dos dados consistiu na pesquisa documental clássica, e em parte, no uso de fon-

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tes impressas (folders, fotografias e matérias de jornais). O arcabouço teórico gira em torno de discussões que envolvem os conceitos ligados à memória, aos imagi-nários e as territorialidades, buscando discutir e, ao mesmo tempo, entender como se dão as disputas e o jogo de interesses dos atores sociais, destacando as diver-sas formas de registro daquilo que será considerado importante, a saber, daquilo que permeia os imaginários. Como resultado, o estudo problematiza a construção de memórias, imaginários e territorialidades e seus entrecruzamentos com a identifi-cação do povo santa-helenense e o memorial e, demonstra a evidencia dessa arti-culação através da culminação da edificação de um lugar de memória. Nesse senti-do, este estudo deixa algumas migalhas e serve de pano de fundo e abertura para estudos futuros. Palavras-chave: Territorialidades; Memória; Monumento; Santa Helena; Coluna

Prestes. 11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 Bloco K, sala 4) 8:30 – 8:50 As funções do discurso do sujeito e das relações de poder no tratamento para dependência química em uma Comunidade Terapêutica

Josiane Heck (UNILA) [email protected]

Prof. Dr. Exzolvildres Queiroz Neto (UNILA) [email protected]

A dependência química foi tratada por muito tempo de forma estigmatizada e como um problema moral. Através de estudos e avanços da ciência se chegou à denomi-nação utilizada atualmente, doença biopsicossocial e para tal há tratamentos, neste caso iremos focar na abordagem da Comunidade Terapêutica que colabora para o indivíduo se manter na abstinência do uso de drogas; prevenir recaídas; praticar hábitos de vida mais saudáveis. O viver em comunidade é a principal ferramenta do tratamento, pois se reside no local durante o processo de recuperação, habitual-mente ocorrem conversas formais e informais entre os acolhidos. Essa prática social se torna fundamental para compreender alguns aspectos do grupo, como a coope-ração e o poder. Portanto, este trabalho propõe uma discussão das influências soci-ais na constituição do sujeito, enfocando algumas características do grupo segundo a teoria de Sigmund Freud, bem como a compreensão das relações de poder e das práticas discursivas que se estabelecem entre os acolhidos e seus reflexos na efeti-vidade do tratamento. Palavras-chave: Discurso; Poder; Comunidade Terapêutica. 8:50 – 9:10 A influência das construções discursivas na efetividade das políticas públicas de combate à violência de gênero

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Maíra Soalheiro Grade (UNILA) [email protected]

Prof. Dr. Exzolvildres Queiroz Neto (UNILA) [email protected]

As construções discursivas sobre a inferioridade da mulher, quando observadas no decorrer da história, naturalizaram a dominação masculina nos mais diferentes âm-bitos da sociedade, tanto nas relações afetivas quanto nas demais interações soci-ais. Tais representações e constituições de identidades constituem a principal causa dos índices elevados de violência contra a mulher. Sob essa perspectiva, pretende-mos analisar as correlações entre gênero, poder e práticas discursivas, por meio de aportes teóricos de Joan Scott (1995), para quem o gênero perpassa a distinção sexual/biológica entre homens e mulheres, e se funda nas relações de poder que foram construídas histórica e socioculturalmente em virtude da pressuposta diferen-ça entre os corpos, e de Michel Foucault (1999), que observa que o poder, por ser primordialmente uma relação de dominação construída nas relações sociais, não é imutável. Entretanto, ainda hoje nos deparamos com diversas construções discursi-vas que, apesar de amplamente aceitas pela sociedade brasileira, evidenciam de forma nítida a persistência e a naturalização do pensamento machista e misógino. Nesse contexto, destacamos os discursos como elemento central das relações de poder, e ressaltamos a necessidade da reconstrução de tais discursos para o de-senvolvimento de políticas públicas capazes de reduzir efetivamente a desigualdade e a violência de gênero. Palavras-chave: Gênero; Discurso; Poder; Violência; Políticas públicas. 9:10 – 9:30 O Direito de visita íntima das mulheres encarceradas sob a ótica da desigual-dade de gênero

Arielly Caroline Pedron (UNIOESTE) [email protected]

Em meio ao tema sistema carcerário e sexualidade da mulher o direito de visita ín-tima nos presídios emerge como tabu. A visita íntima é definida pelos especialistas no assunto como uma forma de manter os laços afetivos do reeducando, bem como facilitar a ressocialização, no entanto, as mulheres conquistaram esse direito ape-nas em 2001, 17 anos após os homens. É fato que a desigualdade de gênero abrange todos os limites da sociedade, não poderia ser diferente no sistema peni-tenciário, onde a esmagadora maioria das mulheres é pobre, negra e condicionada a um ambiente que não respeita os direitos humanos, onde o despotismo masculino acentua as desigualdades de gênero e mostra sua face mais brutal. Há um longo caminho a ser percorrido para que a mulher tenha o direito sobre o próprio corpo reconhecido, exercer a liberdade sexual é considerado indispensável ao homem e uma regalia a mulher. O assunto carece de debate, sob o aspecto de abranger a luta por igualdade de gênero, não obstante, a aplicação de uma pena que respeite os direitos humanos, aliada a políticas públicas que favoreçam a ressocialização.

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Palavras-chave: Gênero; Sistema carcerário; Direitos humanos.

9:30 – 9:50 O percurso do sujeito: Uma análise semiótica do conto Emma Zunz de Jorge Luis Borges

Micheli Martini do Nascimento (UNILA) [email protected]

Prof. Dr. Antonio Rediver Guizzo (UNILA) [email protected]

A semiótica tem origem na raíz grega semeion que significa signo, o estudo dos sig-nos que tem por objetivo a análise de constituição dos fenômenos de produção de sentido e significação. O objetivo deste artigo foi o de analisar o percurso gerativo de sentido, mais especificamente, o percurso da construção do sujeito, a partir do estudo do conto Emma Zunz, de Jorge Luis Borges. Nesse sentido, o presente es-tudo busca investigar a construção e transformação da personagem protagonista, de moça pacífica à assassina, capaz de executar premeditadamente seu plano de vingança. Como aportes teóricos, o trabalho orienta-se em leituras de teorias sobre a semiótica greimasiana, tais como as propostas teóricas sustentadas por José Luiz Fiorin, bem como estudos voltados à área de análise discursiva, como os desenvol-vidos por Ida Lucia Machado. Considera-se importante o estudo das representações da violência feminina no âmbito da literatura, uma vez que a temática se relaciona à representação social da mulher na sociedade. Palavras-chave: Percurso do sujeito; Vingança; Emma Zunz. 9:50 – 10:10 O jogo revela-esconde: uma leitura das complexas relações entre sociedade e homoafetividade nos contos As tias e Minha prima está na cidade de Natalia Borges Polesso

Patrícia Pereira da Silva (UNILA) [email protected]

Prof. Dr. Antonio Rediver Guizzo (UNILA) [email protected]

Natalia Borges Polesso, escritora, gaúcha de Caxias do Sul, doutoranda em Teoria da Literatura pela PUCRS, venceu, aos 35 anos, o Prêmio Jabuti 2016 na categoria contos e crônicas com a obra Amora, superando escritores consagrados como Ru-bem Fonseca e Luis Fernando Veríssimo. Amora reúne uma série de contos que tratam da relação homoafetiva entre mulheres em diversas esferas sociais e faixas etárias, procurando representar, conforme a própria autora afirma, histórias de vida nas quais o erotismo não é o tema central, mas sim, como as personagens relacio-nam-se com a homossexualidade e com os preconceitos existentes na sociedade. O objetivo deste trabalho é analisar os vínculos entre as práticas discursivas, as rela-

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ções de poder e os processos de construção identitários nos contos As tias e Minha prima está na cidade. Palavras-chave: Literatura contemporânea; Natalia Borges Polesso; Amora; Homo-

afetividade. 10:10 – 10:30 O Imaginário da Vida Melhor: Fator de Exploração das Condições de Trabalho Análogas à de Escravo e o Tráfico de Pessoas

Kiara de Moraes Heck (UNIOESTE) [email protected]

Marcelo Silva (UNIOESTE) [email protected]

O presente artigo aborda o fenômeno do tráfico de pessoas e o da redução a condi-ção análoga à de escravo, apontando a exploração subjacente do imaginário desses indjivíduos que se submetem à condições degradantes de trabalho, a partir da ma-nipulação do imaginário por uma vida melhor. Aborda os efeitos dessa exploração, na identidade e cultura desses indivíduos, que retirados do seio de sua comunidade, se veem excluídos para um campo, no qual a exploração desumana e a superexplo-ração da força de trabalho se impõem, feito lei, fora-da-lei. Tal situação os coloca em condição de vunerabilidade e não (re)conhecimento, enquanto população, cujos direitos são sobrepujados, por uma lei, fora-da-lei dos Estados-nacionais. A ruptura com as referências culturais da comunidade originária, corrobora para promover marcas identitárias nesses indivíduos, cujas as consequências vão além da degra-dação da condição e da dignidade humana, alcançando a supressão de direitos mí-nimos do trabalho, resultando em um sofrimento psíquico e intenso. Palavras-chave: Redução à condição análogas à de escravo; Tráfico de pessoas;

Cultura; Identidade; Exploração do Imaginário. Tarde – 14:00 às 16:00 (Bloco K, sala 4) 14:00 – 14:20 A barragem e suas fendas: discursividade e representação de trabalhadores no „Jornal Nosso Tempo‟ e Informativo UNICON

Jocenilson Ribeiro (UNILA) [email protected]

Bárbara Ferreira de Lima (UNILA) [email protected]

Paulo Fernando Sousa Júnior (UNILA) [email protected]

O objetivo desta comunicação é apresentar os principais enfoques articulados den-tro de um projeto de pesquisa “A barragem e suas fendas: estudos das discursivida-

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des entre „informativo unicon‟, „jornal nosso tempo‟ e memória oral”, que tem como propósito principal estudar a forma como os dois jornais representam os trabalhado-res de Itaipu não só no sentido de construir certa imagem deles, mas de representar sua voz politicamente. O projeto propõe, portanto, uma análise discursiva dos dois principais jornais que circularam na cidade de Foz do Iguaçu, no período da cons-trução da Itaipu Binacional e no contexto da ditadura civil-militar brasileira. Como pressuposto teórico-metodológico, o grupo de estudos UNICONFOZ: história, me-mória e discurso se pauta em leituras interdisciplinares contemplando reflexões teó-ricas da análise do discurso e linguística discursiva, da história social e da história oral. Acredita-se que tal interface possibilita, por um lado, compreender as discursi-vidades presentes na superfície dos textos jornalístico e literário (a exemplo das crônicas aí impressas) fazendo-nos pensar sobre as condições históricas de emer-gências dos discursos do contexto de construção da Itaipu e, por outro lado, analisar as memórias de trabalhadores (ex-barrageiros e familiares) que (sobre)vivem a his-tória da construção da própria cidade de Foz do Iguaçu. Para evidenciar algumas de nossas leituras, propomos uma análise da constituição dos dois primeiros números dos jornais, procurando identificar na própria constituição do texto verbo-visual como se constrói as representações do homem-trabalhador-barrageiro. Palavras-chave: Discurso; Representação; Jornal Nosso Tempo; Informativo Uni-con; Barrageiro. 14:20 – 14:40 As fendas da barragem discursiva: duas crônicas e um poema da construção de Itaipu

Valdir Sessi (UNIOESTE) [email protected]

Mario Torres (UNILA) [email protected]

Nesta comunicação nos propomos analisar duas crônicas publicadas no Informativo Unicon, meio oficial de comunicação da Itaipu binacional entre 1978 e 1989, e um poema escrito por Tio Bahia, “o poeta barrageiro”, nos anos finais da construção da barragem. As duas crônicas selecionadas são um bom exemplo da função que cumpriam estas no jornal: antes do que oferecer um simples quadro do dia-a-dia dos barrageiros na construção de Itaipu, elas funcionavam como um manual de comportamento: mostravam como o barrageiro deveria atuar enquanto trabalhador daquela obra exemplar de modernização nacional e regional que seria a Itaipu. O que nos interessa em particular dessas duas crônicas é que elas terminam visibili-zando efeitos indesejados ocasionados pela construção da barragem ao tempo que tenta controlá-los e apagá-los (em ambos casos trata-se de distúrbios mentais expe-rimentados pelos trabalhadores). No caso do poema de Tio Bahia, observa-se um fenômeno semelhante. “Pedra que canta” é um poema de exaltação à Itaipu que, velozmente e como à revelia do próprio poeta barrageiro, toca em aspectos abafa-dos da construção: “Aqui houve pranto, corpo esmagado, mulher viúva chorando”.

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Palavras-chave: Itaipu binacional; Unicon; Tio Bahia; Fendas discursivas.

14:40 – 15:00 “Jorge, o brabo” – cenário discursivo de uma crônica do informativo unicon

Fernando Raposo (UNILA) [email protected]

Nicole Machado (UNILA) [email protected]

No presente artigo pretendemos analisar a crônica Jorge, o Brabo, o homem que queria ver Deus, pertencente à edição nº 125, de abril de 1987, do periódico intitula-do Informativo Unicon, que circulou no período que compreende entre 1978-1988 com periodicidade quinzenal na região da Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu - Foz do Iguaçu, Cascavel, Ciudad del Este, Hernandarias e em outras cidades do entorno. O objetivo do trabalho é, a partir da abordagem teórica e metodológica da Análise do Discurso analisar as formações discursivas (FD) e formações ideológicas (FI) presentes no discurso enunciado pelo sujeito da crônica. Observa-se, de início, que há uma tensão nas relações de forças e de sentidos que perpassa o discurso analisado, uma vez que o Informativo surgiu e foi veiculado em meio aos impactos da construção da Usina de Itaipu, da ditadura militar, dos discursos ideológicos que vigoravam no período e do enfrentamento entre diferentes grupos sociais na região. Palavras-chave: Crônica; Análise do Discurso; Ditadura Cívico-Militar; Informativo Unicon.

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SIMPÓSIO

Fronteras imaginarias en la literatura latinoamericana (siglos XIX y XX)

Coordenadoras

Profa. Lic. Dra. Julieta Novau (UNLP/UCP; Argentina) [email protected]

Prof. Dra. Denise Scolari Vieira (UNIOESTE, Brasil) [email protected] Resumo do simpósio: En este simposio proponemos un recorrido comparativo por

una selección de textos literarios latinoamericanos, en un arco temporal que abarca los siglos XIX y XX, donde la noción de “frontera” constituye un eje de discusión que permite indagar sobre la oposición entre identidad y alteridad en su articulación múl-tiple y heterogénea en contextos específicos, tal como es imaginada en las obras elegidas de autores paradigmáticos de América Latina. En este sentido, partiendo principalmente de las líneas teóricas propuestas por Fernando Aínsa (2005), Abril Trigo (2007) y Marie-Louise Pratt (2011) es posible trazar un mapa de relaciones entre los textos, con el énfasis puesto en las formas en que dialogan y se distancian respecto del eje oposicional propuesto, donde las fronteras adquieren múltiples sen-tidos: teniendo en cuenta su acepción específicamente geográfica como límite entre territorios (regionales/universales, urbanos/rurales, centrales/periféricos; etcétera) para proyectarse y articularse, en su polisemia, a la idea de fronteras como “zonas de contacto intercultural” (Pratt), como trazado simbólico de “áreas de diferencia y transgresión” (Aínsa) y como construcción de una “epistemología de frontería” (Tri-go). Esas perspectivas mediadas por kilómetros de mundo nos fuerzan a la incomo-didad. En ellas Literatura e Historia comparten un rasgo común, la Memoria. Enton-ces, desde las distintas cartografías se diseñan discursos híbridos que modifican las monotonías, ellos nos pertenecen. Palavras-chave: Fronteras imaginarias; literaturas comparadas; América Latina; siglos XIX y XX.

COMUNICAÇÕES

10/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco K, sala 5)

14:20 – 14:40 Fronteras imaginadas: la esclavitud en Sab de Gertrudis Gómez de Avellaneda y en A escrava Isaura de Bernardo Guimarães

Dra. Julieta Novau (UNLP/UCP; Argentina) e-mail: [email protected]

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Este trabajo aproxima comparativamente dos miradas ficcionales, desde un punto de vista letrado, sobre la esclavitud y la aprehensión de los afroamericanos como objetos de representación en Sab de la cubana Gertrudis Gómez de Avellaneda (1841) y A escrava Isaura (1875) del brasileño Bernardo Guimarães. Narraciones donde, además, los modos de imaginar la delimitación de fronteras de dominación y formas de transgresión (Pratt, 2011 y Trigo, 2007) adquieren especial relieve. En estas producciones, inmersas en el contexto histórico de la esclavitud y del paula-tino afianzamiento de ideas liberales y abolicionistas en el siglo XIX, la considera-ción de los afroamericanos como alteridades cautivantes y cautivas (acompañada de un enfoque narrativo de filiación romántica y realista en el plano literario) permite indagar la conflictiva conformación de identidades nacionales heterogéneas en Cu-ba y Brasil. Las obras elegidas manifiestan un “antiesclavismo figurado” (Miramon-tes, 2004) revelando la ambivalencia de las figuras de los narradores al desplegar una crítica teórica al sistema esclavista, pero sin que signifique una reivindicación cabal de los afroamericanos. En este sentido, ofrezco un recorrido a través de las novelas, a partir de una idea que esboza Ludmer (2000) cuando interpreta las fic-ciones decimonónicas como “dramas de representación del escritor”. Palavras-chave: Fronteras; Esclavitud; Gómez de Avellaneda; Guimarães. 14:40 – 15:00 Literatura Hispano-americana na Formação Cidadã

Larissa Bianca Anchieta (IFMA) Milena Coelho Lima (IFMA)

e-mail: [email protected] Esta pesquisa direcionou-se para o estudo de ética e cidadania em obras hispano-americanas. As imagens da América Latina são mostradas em diversos âmbitos na obra “Cem Anos de Solidão” do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Em um contexto particular nessa obra, usualmente considerada um reflexo da coloniza-ção da América Latina, é possível ver a chegada de imigrantes a uma cidade fictícia, Macondo, promovendo alterações em todos os seus aspectos sociais por meio da transculturação. Tais eventos não se restringem à obra de García Márquez, na América Latina vários grupos de imigrantes se estabeleceram nos séculos XIX e XX e aspectos culturais e sociais atuais são decorrentes disso. Conflitos etnológicos, valores sociais, o principio de globalização, identidades, ideologias e imaginários latino-americanos são encontrados na obra de García Márquez, refletindo a real América Latina. Os choques culturais são evidentes e naturais, entretanto é neces-sário frisar que não existe cultura superior ou inferior, ou seja, o que existe atuando, interagindo, contrapondo-se e entrecruzando-se na cena social e histórica é a diver-sidade de culturas (CHAUÍ 1994). A pesquisa aborda diversos contextos entre tais, os conceitos de fronteira, cultura e identidade são discutidos. Palavras-chave: Literatura hispano-americana; Cidadania; Cultura; Fronteiras;

Identidade.

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11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco K, sala 5) 8:50 – 9:10 “De „Georgie‟ a Jorge: Reflexões de um poeta na cidade instável”.

Dra. Denise Scolari Vieira (UNIOESTE) e-mail: [email protected]

Em suas distintas formulações Jorge Luis Borges não cessou de interrogar-se sobre o objeto artístico ao pensar certos modos de linguagem e, ao mesmo tempo, ultra-passar as fronteiras distantes do imaginário, para mencionar a cidade instável. O artista ao viver tais experiências/limite esboça um diálogo, cujos efeitos geram o movimento do olhar, simultaneamente, ativo e contemplativo. Então, sob sua tutela articulam-se argumentos, que evocam pontos de vista motivados pelos poderes da palavra. Neles deflagra-se a multiplicação de perspectivas para a apreensão sensí-vel de momentos históricos tensionados. É nesse ponto, que o poeta descobre o ofício secreto da memória e a introspecção permite a livre travessia do presente ao passado, razão pela qual jamais pode pretender para si a exatidão e a certeza, pois desprender-se da zona de conhecimento, por um instante, significa dominar o tempo e a angústia de toda passagem. Nesse sentido, os poemas materializados sob essa abstração instauram o avesso da calma, porque potencializam o desconforto prove-niente da vertigem de um mundo em transformação. Portanto, esse trabalho fala sobre o ambiente urbano, mediante a leitura e a reflexão de versos, cujas composi-ções alegóricas acentuam essas experiências de trânsito. Para a sua apresentação, será utilizada a metáfora de “Georgie a Jorge”, a fim de tornar visível outra modali-dade de transposição realizada dentro do campo literário argentino, pela qual Jorge Luis Borges modifica seu locus enunciativo e passa a tecer outra rede de sociabili-dades no Sul da América. Palavras-chave: Jorge Luis Borges; Literatura Argentina; Lírica; Sensibilidades.

9:10 – 9:30 Assinatura Rasurada: Cinzas, sombras e traumas em travessia nas narrativas de América Latina.

Danielle Ferreira Costa (UFRGS) Maria Luiza Berwanger da Silva (UFRGS)

e-mail: [email protected] As ficções produzidas na América Latina no século XXI revelam um trabalho escri-tural transnacional que faz emergir, na contemporaneidade, subjetividades rasura-das como um rastro, ou um resto, das ditaduras coirmãs que assolaram o Cone Sul

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no século passado. Assim, objetiva-se investigar de que modo às obras literárias produzidas pela América Latina, no século XXI, configuram uma escritura em que o imaginário simbólico produzido por essas ditaduras se configura como uma assina-tura rasurada que unifica seus autores em um sistema literário transnacional. Utili-zando a pesquisa bibliográfica, o tema será estudado pelo confronto de categorias de pensamento desenvolvidas por críticos, teóricos e filósofos, que em sua maioria pertencem a abordagem pós-estruturalista, da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt ou da pós-ocidentalista, com romances contemporâneos de nações latino-americanas. Nesta pesquisa comparatista, dentre as categorias do pensamento uti-lizadas temos: a da Transculturação, com Fernando Ortiz e Ângel Rama; a da Assi-natura, com Jacques Derrida e Roland Barthes; a do Território, com Gilles Deleuze; a da Escritura e da Travessia, com Roland Barthes; a de Memória, com Paul Ri-coeur; e a do Romance, com Barthes, Benjamin e Michael Foucault. Palavras-chave: América Latina; Ditadura; Memória; Assinatura.

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SIMPÓSIO

Filosofia nas artes: estudos em cinema e literatura

Coordenadores(as)

Prof. Dr. Napoleão Schoeller de Azevedo Jr. (UNILA) [email protected]

Doutoranda Ana Carolina Acom (UNIOESTE) [email protected]

Resumo do simpósio: Simpósio dedicado aos estudos em estética: traz aborda-gens de conceitos da filosofia em conexão com obras cinematográficas e literárias, sobretudo através de autores da América Latina. Este simpósio busca reunir pes-quisas entre fronteiras com cinema, literatura e filosofia, que possam também dialo-gar com diferentes áreas de criação como teatro, artes plásticas, música, entre ou-tras. As pesquisas trazem temas ligados à epistemologia narrativa, estatuto ontoló-gico da imagem, paradoxo da ficção, literatura comparada, semiótica, dramaturgia, direção de arte, montagem, roteiro, personagens e identidades, transposição criativa ou adaptações entre diferentes formas estéticas, possibilidades do cinema e da lite-ratura como modo de fazer filosofia e análise de obras no âmbito da experiência estética. As pesquisas propostas partem de conceitos da filosofia ou de autores da área, em conjunção com outros campos de pesquisa, tais como antropologia, socio-logia, história e educação, já que estabelecem relações com as artes como forma de pensamento. O Simpósio enfatiza obras, autores, diretores, roteiristas e outros cria-dores latino-americanos sempre em contato com conceitos e temáticas universais. Almeja-se um encontro produzido na multiplicidade de análises e leituras de obras, que potencializem o acúmulo de referenciais como forma de nutrição estética e diá-logos entre diferentes áreas. Os estudos trazidos devem fortalecer trocas criativas e reflexões acadêmicas e filosóficas sobre a arte. Palavras-chave: Filosofia; Cinema; Literatura; Estética.

COMUNICAÇÕES

10/10/2017 (Terça-feira), das 13:30 às 16:00 (Bloco F, Sala 4)

13:30 – 13:50 Quem está falando? O(s) narrador(es) cinematográfico(s) de Lucrecia Martel no filme La cienaga.

Josiane Valcarenghi Ribeiro Nantes (UNIOESTE) [email protected]

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O narrador pós-moderno pode narrar de dentro ou de fora da diegese, relatando uma experiência vivida ou uma experiência a partir do conhecimento que tem de uma experiência vivida. (SANTIAGO, 2002, p. 44) Essas duas situações não tornam o relato mais ou menos genuíno, Silviano Santiago (2002) faz uma espécie de clas-sificação quanto às características do(s) narrador(es) pós-moderno(s), afirma que a posição que este assume para narrar é de quem está fora e não ativo na narrativa. O distanciamento da ação narrada é item essencial para o arcabouço deste narra-dor. A partir disso, esta proposta será composta pela análise dos tipos de narrado-res utilizados nas obras cinematográficas pós-modernas de ficção, especificamente, o(s) narrador(es) utilizado(s) na diegese do filme La cienaga de Lucrecia Martel – cineasta, roteirista e diretora argentina. Como base teórica utilizar-se-á as especifi-cações de Walter Benjamin (1892 - 1940), Silviano Santiago (1936) e Flavio de Campos (1948). Palavras-chave: Cinema Argentino; Narrador pós-moderno; Narrativa cinematográ-

fica 13:50 – 14:10 “Sair ou entrar no armário”: um ato revelatório e suas consequências

Givaldo Moises de Oliveira (UNIOESTE) [email protected]

Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE) [email protected]

O presente trabalho busca discutir a presença dos mecanismos de poder que Fou-cault denominou de biopoder e suas influências no ato da revelação, do “sair do ar-mário”. Como esses mecanismos são acionados quando se trata de tornar público a homossexualidade, tomando como objeto de análise os filmes: “Maurice”, do diretor James Ivory (1987), “Orações por Bobby” dirigido por Russell Mulcahy (2009), “Bent”, do diretor Sean Mathias (1997), três longas-metragens que abordam de ma-neiras diferentes os atos revelatórios e suas consequências, advindas das redes construídas pelo biopoder. Palavras-chave: Foucault; homossexualidade; cinema; sair do armário 14:10 – 14:30 Triste Fim de Policarpo Quaresma e Pensamento Latino-americano hoje

Anderson Alves dos Santos (UNILA) [email protected]

Na primeira parte de nossa reflexão, realizamos uma revisão bibliográfica básica sobre Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911) de Lima Barreto (1881-1922) a par-tir de duas leituras teóricas consagradas pela crítica literária brasileira: a de Carlos Nelson Coutinho, “O significado de Lima Barreto na Literatura Brasileira” (1974), de orientação hegeliana-marxista-lukácsiana, e “Uma ferroada no peito do pé”, de Silvi-

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ano Santiago (1982), mais próxima do pensamento estruturalista e pós-estruturalista. Na segunda parte, adotando alguns princípios teóricos decoloniais, buscamos dialogar com ambas as leituras de Triste Fim numa perspectiva filosófica latino-americana, bem como realizar a nossa própria leitura nesse sentido, acres-centando à nossa reflexão a adaptação feita de Triste Fim por Alcione Araújo para o Cinema com o longa metragem Policarpo Quaresma, Herói do Brasil (1988), dirigido por Paulo Thiago. Palavras-chave: Lima Barreto; Literatura Brasileira; Cinema; América-Latina; Pen-samento Decolonial 14:30 – 14:50 Cinema do corpo e utopia em Febre do Rato, de Cláudio Assis

Luiz Guilherme dos Santos Júnior (PUCRS) [email protected]

Analisamos o entrelace entre corpo e utopia em Febre do Rato (2011), terceiro lon-ga-metragem de Cláudio Assis, cineasta de Recife-PE, a partir de um diálogo entre Cinema e Filosofia, em que pese, sobretudo, no âmbito filosófico, a abordagem, de Foucault (2001) acerca da “utopia do corpo”, em diálogo com a ideia de um CsO (Corpo sem Órgaos), conceito este proposto por Deleuze (1996). No tocante ao dis-curso cinematográfico, a configuração de um realismo crítico no filme em questão evidencia, por meio da encenação das personagens, certos questionamentos sobre a liberdade dos corpos, em contraponto a um projeto disciplinador que rege os dis-cursos sobre o “uso dos corpos”. Tal constatação compreende não apenas os dis-cursos que perpassam pelo argumento central do filme, mas agencia-se por meio dos gestos e do modo de exposição dos corpos no âmbito da mise-en-scène. Com base nesses pressupostos, Febre do Rato se configura como um território livre para o enlace dos corpos, e, ao mesmo tempo, sugere alternativas dissidentes para se pensar questões que compreendem a política dos afetos. Palavras-chave: cinema; corpo; utopia 14:50 – 15:10 Cinema e Literatura: travessia e assinatura na obra literária de Chico Buarque

Danielle Ferreira Costa (UFRGS) [email protected]

Esta pesquisa examina as versões literárias e fílmicas de Estorvo e Budapeste e o processo de travessia, ou transposição de linguagens, realizado por Chico Buarque, Ruy Guerra e Walter Carvalho. Investigamos como essa transposição entre lingua-gens assina um quadro mal debuxado do Brasil e do brasileiro das últimas décadas. Para tanto, optamos por um estudo comparado das narrativas analisadas neste es-tudo, que acontece em três diferentes frentes. Na primeira, ao problematizar catego-rias como tessitura, assinatura, escritura, buscamos entender o trabalho estético

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empreendido pelos autores em suas diversas produções literárias, Chico Buarque, e cinematográficas, Ruy Guerra e Walter Carvalho. Na segunda, objetivamos demons-trar como a literatura buarqueana apropriou-se em sua tessitura textual de técnicas cinematográfica, da mesma maneira que o cinema de Ruy Guerra e o de Walter Carvalho se apropriaram da linguagem literária. Por fim, o terceiro processo de comparação investiga se a literatura e o cinema produzidos por estes artistas refle-tem uma atmosfera turva e fragmentada, característica de um mal-estar social e mo-ral que predomina no mundo contemporâneo. Palavras-chaves: Travessia; Assinatura; Prosa de Chico Buarque 15:10 – 15:30 Zé do Caixão: surrealismo e horror caipira

Ana Carolina Acom (UNIOESTE) [email protected]

Denise Rosana da Silva Moraes (UNIOESTE) [email protected]

Esta pesquisa apresentará como o personagem Zé do Caixão, criado por José Moji-ca Marins, traduz um imaginário de medos e crenças tipicamente nacionais. Figura típica do cinema brasileiro, ele criou um personagem aterrorizante: a imagem agou-renta do agente funerário, que traja-se todo em preto. Distante de personagens do horror clássico, que pouco possuem referências com a cultura latino-americana, Zé do Caixão parece vir diretamente do imaginário “caipira” e temente ao sobrenatural, sempre relacionado ao receio de cemitérios, datas ou rituais religiosos. O estudo parte de conceitos vinculados à cultura e cotidiano, presente em autores como Raymond Williams e Michel de Certeau, para pensarmos de que forma o imaginário popular e a própria cultura são transpostos à tela. Com isso, a leitura cinematográfi-ca, perpassa pelo conceito de imagem-sonho citado por Gilles Deleuze, e intrinse-camente ligado à matéria surrealista. Pensar o cinema de horror através do surrea-lismo é trazer imagens perturbadoras, muitas vezes oníricas de violência e fantasia. Nesse sentido, temos cenas na trilogia de Zé do Caixão povoadas de alucinações, cores, sonhos e olhos, só comparadas à Buñuel, Jodorowsky, Argento ou Lynch. No entanto, o personagem é um sádico e cético no limiar entre a sóbria realidade e a perplexidade de um sobrenatural que se concretiza em estados anômalos. Palavras-chave: Zé do Caixão; Cultura; Imagem-sonho; Surrealismo 15:30 – 15:50 Ensaio de um Crime: intenção e sorte moral

Napoleão Schoeller de Azevedo Jr. (UNILA) [email protected]

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Em Ética, há uma importante discussão acerca dos fatores que devem ser levados em consideração na determinação do caráter moral de um agente. Ao longo da his-tória da filosofia, diferentes teorias foram apresentadas com o objetivo de resolver o assunto. Dentre elas, encontra-se a corrente da Ética Intencionalista, segundo a qual a intenção do agente ao praticar certa ação é o fator que determina o valor mo-ral da ação praticada. Essa discussão pode ser relacionada com um estudo acerca da chamada “sorte moral”, no qual se analisa em que medida o caráter moral de um agente seria resultado de fatores externos ao agente e que, em última instância, estariam fora do seu controle e responsabilidade, envolvendo o elemento de sorte ou acaso na moralidade. Na história da filosofia, um dos primeiros a tratar acerca desses temas foi Pedro Abelardo, cuja reflexão sobre o assunto permanece impor-tante. Nessa apresentação, pretendo tratar dessa temática, utilizando como exem-plo a situação do protagonista do filme “Ensaio de um Crime” (1955), de Luis Bu-ñuel. Palavras-chave: Ética; Intenção; Sorte Moral; Pedro Abelardo; Luis Buñuel

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SIMPÓSIO

Gênero e diversidade

Coordenadores(as):

Profa. Dra. Lorena Rodrigues Tavares de Freitas (UNILA) [email protected]

Prof. Dr. Marcos de Jesus Oliveira (UNILA) [email protected]

Resumo do simpósio: Este Simpósio tem como objetivo reunir pesquisadoras e pesquisado-

res interessadoxs em contribuir com a produção de conhecimento no campo dos estudos de

gênero através da crítica, do debate e do diálogo interdisciplinar que contemple as diversas

epistemologias feministas por meio das quais as relações de gênero e sexualidade são enten-

didas. Nos interessa compreender as inúmeras formas pelas quais as relações de gênero são

colonizadas por relações de poder que, articulando-as com outros marcadores sociais como

sexualidade, raça, etnia e classe social, mantém e favorecem a produção de desigualdades de

gênero e a manutenção de relações de dominação e estigmatização de mulheres e LGBTs

(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). Sendo o gênero uma

categoria de análise transversal, que perpassa todos os âmbitos da realidade social, entende-

mos que este Simpósio naturalmente se conforma como um espaço interdisciplinar que se

propõe a dialogar com pesquisadorxs não apenas dos campos de conhecimento que compõe

às ciências humanas, mas também com àquelxs das ciências sociais aplicadas, ciências da

saúde, linguística, letras e artes, entre outras. Esperamos que este espaço possa promover uma

articulação entre pesquisadorxs da fronteira Trinacional e demais regiões do Brasil e da Amé-

rica Latina com vistas à reflexão e à elaboração conjunta de ações direcionadas ao fortaleci-

mento do combate à discriminação e violência de gênero.

Palavras-Chave: Gênero; Sexualidades; Diversidade;

COMUNICAÇÕES

11/10/2017 (Quarta-feira), das 8:30 às 10:30 e das 14:00 às 16:00 (Bloco F, sala 2)

8:30 – 8:50 A Construção da identidade travesti em Foz do Iguaçu-PR

Angela Ferreira (UNILA) [email protected]

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Nosso projeto de pesquisa busca compreender a construção da identidade de gêne-ro de Travestis e Transsexuais morador@s da cidade de Foz do Iguaçu PR. Bus-camos entender como estes sujeitos codificam os valores que constroem suas iden-tidades, e como a influência do discurso que constrói a identidade cisgênero (gênero biológico/binário, homem/pênis-mulher/vagina) afeta seus discursos na defesa do direito à livre expressão das identidades sexuais e de gênero e do respeito às dife-renças, interseccionando sexo, gênero, raça e classe. A relevância política dessa pesquisa se dá pela voz dada aos sujeitos implicados no processo. Usamos a en-trevista semiestruturada como técnica em nossas entrevistas (FREITAS, 2013, p.14). O primeiro passo da pesquisa foi conhecer os argumentos históricos que qua-lificam e categorizam as transsexualidades e travestilidade, nas esferas sociais. Nesse cenário a transsexual e a travesti, trava uma luta por reconhecimento (HON-NETH, 2003, p. 121). As entrevistas estão em andamento. Nossa proposta é reunir informações que contribuam na expansão do interesse pelo tema abrindo possibili-dades para pesquisas mais amplas, superando limites que permitam-nos alcançar um entendimento mais aproximado das questões e conflitos, afetos e emoções que envolvem a travestilidade e a transexualidade nesta região de fronteira. Palavras-chave: travestis; transsexuais; identidade; gênero; reconhecimento

8:50 – 9:10 As pautas LGBTQI+ no Brasil em contato com imigrantes e refugiados: tópi-cos interculturais em Linguística

Aline Alves dos Santos Chaves (UnB) [email protected]

João Roberto dos Reis de Souza (UnB) [email protected]

O presente trabalho, ainda em desenvolvimento, pretende estabelecer uma discus-são sobre a percepção intercultural de pautas LGBTQI+ por parte de imigrantes e refugiados que chegam ao Brasil, evidenciando a relação entre o conceito de cultura dominante e o contexto de refúgio. Assim, a proposta se fundamenta na análise dos discursos presentes em textos institucionais e da esfera pública como um todo a que estão expostos os imigrantes e refugiados desde o momento que adentram o território brasileiro, no intuito de identificar aspectos relativos às questões LGBTQI+ em sua materialidade linguística, bem como demonstrar a influência de expressões de inclusividade e suas definições nas práticas sociais que norteiam a vivência de pessoas imigrantes, auto-declaradas LGBTQI+ ou não, para promover alternativas de acolhimento linguístico sem desconsiderar a realidade LGBTQI+ brasileira e seu caráter identitário. Palavras-chave: discurso; interculturalidade; imigrantes; LGBTQI+.

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9:10 – 9:30 Gênero e sexualidades no cinema latino-americano contemporâneo: análise dos filmes XXY e Contracorriente

Sulivan Charles Barros (UFG) [email protected]

As narrativas cinematográficas exercem grande poder sobre o público. Elas veicu-lam e constroem relações de gênero e sexualidades o que torna de extrema rele-vância a investigação dos discursos/práticas/efeitos do cinema na constituição de valores e representações sociais e também contribuem para delimitar os papéis di-cotômicos entre homem/mulher, masculino/feminino, hetero/homo, bem como inves-tigar abordagens que problematizem as sexualidades de forma interseccional. O cinema foi priorizado aqui como um lócus de criação marcado pela experiência das identidades de gênero e pela possibilidade de ser o cinema um recurso que possibi-lita a construção do conhecimento sobre o social, pois o cinema possui mensagens fílmicas individuais e múltiplas, mensagens que trazem valores culturais, sociais e ideológicos de uma sociedade. Neste sentido, foram analisados os filmes XXY de Lúcia Puenzo e Contracorriente de Javier Fuentes-León. Estes filmes estão centra-dos em subjetividade queer que podem contribuir para a crítica cultural às socieda-des patriarcais, machistas e sexistas, propiciando outros sentidos para o imaginário social da região. Em XXY discute-se a condição do corpo intersexo e a abjeção re-lacionada ao mesmo. Em Contracorriente é possível refletir sobre a condição da bissexualidade e as pressões heteronormativas impostas às masculinidades latino-americanas. Palavras-Chave: Cinema Queer; Gênero; Sexualidades; Intersexualidade; Bissexu-alidade. 9:30 – 9:50 A vida psíquica do poder: violência física e moral contra pessoas trans

Marcos de Jesus Oliveira (UNILA) [email protected]

O objetivo do presente trabalho é refletir sobre a violência física e moral imputada a travestis e transexuais desde algumas entrevistas realizadas a pessoas autodeno-minadas trans no munícipio de Foz do Iguaçu/PR, descrevendo o modus operandi desta violência na constituição de corporalidades gendradas. Pretende-se colocar no centro da discussão as relações entre corpo, emoções e linguagem, suas ten-sões e contradições, apresentando algumas hipóteses a respeito de como certas práticas discursivas visam a operar um corte no sentido de construir possibilidades de identificação do sujeito e de seu assujeitamento na ordem sexual heterocentrada. Palavras-chave: pessoas trans; violência; poder; subjetividade.

9:50 – 10:10

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Gênero e diversidade na escola: um relato de experiência sobre formação con-tinuada docente de um jovem professor

Júlio César de Souza (IFMG) [email protected]

A comunicação proposta tem como objetivo relatar a experiência do Curso de Aper-feiçoamento em Gênero e Diversidade na Escola – GDE, ofertado a distância pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG para professoras/es da rede pública de ensino em Minas Gerais, no ano de 2009. A realização do curso foi uma parceria da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Secretaria de Educação Continuada, Alfabe-tização e Diversidade, a Secretaria de Educação a Distância, o British Council e o Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos. A temática privilegi-ada era Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais, sendo realizada por instituições de ensino superior públi-cas em diversas localidades do país. Diante da disponibilização de vagas para o respectivo curso, fui aluno/cursista no polo da Universidade Aberta do Brasil – UAB em Uberaba-MG. A realização do curso coincidiu com o período do meu ingresso à carreira docente, visto que concluí a licenciatura em História em dezembro de 2008 e ingressei como professor designado em março de 2009. Desse modo, no relato de experiência pretendo explicitar a visão de um docente recém-formado, atuando na rede pública de ensino e os impactos formativos causados pelo curso de Gênero e Diversidade na Escola, tendo em vista que tais questões estavam presentes no co-tidiano da sala de aula. Vale ressaltar que os cursos de formação inicial não privile-giam estas temáticas, o que afeta o desempenho dos docentes ao ingressarem nas salas de aulas, um ambiente em que a diversidade pode ser vivida em sua plenitu-de. Palavras-chave: Diversidade. Escola Pública. Formação Continuada de Professo-

res. Gênero. Relações Étnico-raciais. Tarde - 14:00 às 16:00 (Bloco F, sala 2) 14:00 – 14:20 Representações de gênero presentes no aparato jurídico da comarca de Foz do Iguaçu: análises de processos penais envolvendo crimes de violência do-méstica

Francielli Rubia Poltronieri (UNIOESTE) [email protected]

Na pretensão de investigar como são construídas as representações de gênero na sociedade contemporânea, por meio do aparato jurídico, procurou-se observar, para este estudo, cada uma das certidões e petições de processos criminais provenien-tes da 4ª Vara Criminal da Comarca de Foz do Iguaçu que envolveram mulheres enquanto vítimas de violência doméstica. Por meio destes documentos foi possível analisar as representações jurídicas sobre o gênero feminino, sobretudo, nas des-

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crições dos crimes. Entretanto, percebeu-se que não é possível compreender a vio-lência doméstica contra a mulher sem um estudo minucioso de um elemento norma-tivo extrajurídico – o gênero – até porque, uma análise meramente pontual e super-ficial dos processos não provocaria o reconhecimento das raízes do problema. As-sim, este artigo apresenta o gênero compreendido como uma categoria de análise, como um componente ativo das práticas sociais e que implica, na sociedade con-temporânea, em uma hierarquização entre os sexos. Assim, foram definidos os pressupostos teóricos e metodológicos que associam gênero, subjetividade e vio-lência contra as mulheres. E, iniciou-se uma abordagem das contribuições de Joan Scott (1995) e Judith Butler (90/2003), por estas estudiosas permitirem compreender o gênero de maneira complexa e, principalmente, não limitado à ótica do patriarca-do. Entre as autoras brasileiras explicitou-se aspectos apresentados por Heleieth Saffioti com relação a violência de gênero contra as mulheres na sociedade brasilei-ra. Por fim, ao realizar interligações entre o Direito e o conceito de gênero, foi possí-vel compreender que o conceito desenvolvido teoricamente por Joan Scott (1995) foi apropriado pelo Estado que, de certa forma, o inseriu na norma jurídica represen-tada pela Lei 11.640/2006 (Lei Maria da Penha). Palavras-chave: Gênero; Lei Maria da Penha; Aparato jurídico; Processos penais;

Violência doméstica. 14:20 – 14:40 Gênero e outras questões em discussão através de A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar

Ana Lúcia Marques de Melo (UFMS) O objetivo desse trabalho é refletir acerca de gênero e outras questões pertinentes oriundas da leitura do romance de Moacyr Scliar, A mulher que escreveu a Bíblia. Na obra, percebemos a transgressão de certas relações de poder, quer sejam de ordem de gênero, quer de outros campos das relações humanas, inclusive utilizan-do a ideia de um texto sagrado escrito, ou reescrito, por uma personagem feminina. A mulher, inteligente, porém, feia, sequer é nomeada, identificada apenas por este adjetivo “feia”, e estabelece relações com o rei Salomão, considerado o mais sábio. É interessante notar como a narrativa favorece a figura feminina em detrimento da masculina; por outro lado, é a relação da “feia” com o pastorzinho que interfere na vida da moça de alguma maneira. Sua escrita, transgressora, é limitada pelas rela-ções de poder, pois seu trabalho é submetido aos sensores que desejam ordenar o que deve escrever. É através de sua inteligência e de seus escritos que a “feia” an-garia as atenções do rei. Assim, a obra é transgressora em muitos aspectos, e nos parece válido trazer este objeto artístico literário para o cerne das discussões atra-vés da leitura atualizada que realizaremos, com base nas teorias de gênero que da-rão suporte às discussões, bem como a ideia de transgressão possível de um texto considerado sagrado.

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14:40 – 15:00 Mulheres fronteiriças: um olhar a partir de trabalhadoras de Ciudad del Este e Foz do Iguaçu

Luiz Felipe Rodrigues (UFGD) [email protected]

Dalila Tavares Garcia (UNILA) [email protected]

Este trabalho discute a mobilidade de trabalhadoras que utilizam a fronteira como estratégia de sobrevivência nas cidades de Ciudad del Este - Paraguai e Foz do Iguaçu - Brasil. Para a discussão, colocaremos observações e resultados de entre-vistas que realizamos durante pesquisas de campo com mulheres que trabalham como vendedoras ambulantes e com mulheres que são proprietárias de almacenes (pequenas mercearias) no Paraguai. Essas mulheres atravessam os limites nacio-nais para realizarem suas compras e suas vendas, uma vez que, as diferenças de câmbio, a variedade de produtos, e outros elementos que encontram nos países vizinhos, permitem maior rendimento e maior dinamicidade aos seus negócios. Nes-se sentido, o objetivo é refletir a importância da fronteira para a manutenção dessas mulheres e de como seus trabalhos e mobilidades possibilitam a construção de suas identidades, sociabilidades, convivência familiar, e experiência urbana. Palavras-chave: Mulheres; Fronteira; Trabalho; Mobilidade. 15:00 – 15:20 A penalização do aborto como prática de biopoder e da colonialidade sobre a vida das mulheres negra e pobres

Jéssica Girão Florêncio (UFABC) [email protected]

A penalização do aborto ainda é realidade em muitos países latino-americanos, mesmo que essa normativa não faça com que as mulheres da região deixem de realizar a prática. Como é uma atividade ilegal, muitas mulheres, principalmente as negras e pobres, realizam a operação em condições inadequadas de higiene e ma-teriais. Nesse sentido, a imposição da penalização do aborto é uma violência contra a vida das mulheres. Assim, este trabalho se preocupa em evidenciar a penalização do aborto enquanto biopolítica que afeta de maneira mais acentuada a vida das mu-lheres negras e pobres. Para tanto, em um primeiro momento se discute o conceito de biopoder a partir de Foucault e dos contemporâneos Nikolas Rose e Paul Rabi-now; posteriormente se pretende contextualizar a natureza de colonialidade do Es-tado-nação frente a questões de gênero; e por último se objetiva evidenciar a impor-tância do recorte interseccional de gênero, raça e classe para a questão da biopolí-tica e da manutenção do padrão de poder colonial, e de que forma a mulher negra e pobre é mais vulnerável à penalização do aborto.

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Palavras-chave: biopoder; colonialidade; aborto; interseccionalidade

15:20 – 15:40 Vida nua e questões de alteridade em A hora da Estrela

Sérgio Afonso Gonçalves Alves (UFPA) [email protected]

Poliana Sales Belchior (UFPA) [email protected]

Este artigo terá como finalidade apresentar, discutir e problematizar a condição so-cial feminina a partir da personagem Macabéa, do romance A hora da Estrela, de Clarice Lispector. Trataremos especificamente da personagem como um ser viven-do em situação de periferia e fora do seu lugar, um ser deslocado, invisível, em constante processo de emudecimento e em situação extrema ou situação-limite. Traçaremos um paralelo entre Macabéa e o muçulmano – tal como este é descrito por Giorgio Agamben – como o indivíduo incapaz, nos campos de concentração na-zista, de discernir entre o bem e o mal, entre nobreza e vileza, não passando dos limites de um feixe de funções físicas em agonia: uma vida nua, uma vida não politi-zada, submetida ao poder soberano, sofrendo o peso de um controle biopolítico so-bre o seu corpo. Nessa direção, problematizaremos também questões relacionadas ao vivendo em estado de subalternidade, segundo Gayatri spivak, cuja situação e condição social exclui do mercado, da representação política e legal indivíduos das camadas mais baixas, mas também questões outras relativas à alteridade de acordo com o pensamento de Homi Bhabha e ainda, por se tratar de uma obra cuja fortuna crítica fixa na questão vida e obra, discutiremos a noção de autoficção, dando des-taque aos problemas de construção do romance como experiência de vida. Palavras-chave: subalternidade, vida nua, autoficção.

15:40 – 16:00 O espaço das mulheres: a exploração e precarização na nova divisão sexual do trabalho

Shirley Lori Dupont Roberto França da Silva Júnior (UNILA)

Fernando José Martins (UNIOESTE) [email protected]

[email protected] [email protected]

Propõe-se discutir o espaço das mulheres no mercado de trabalho na conjuntura social atual. Para tanto, far-se-á breve análise do contexto cultural, em que ainda recai sobre o sexo feminino as obrigações domésticas e de cuidado com a família. Estas obrigações, somadas com a necessidade de capacitação, criam uma situação

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de dupla, ou mesmo tripla jornada de trabalho (casa/estudo/trabalho), o que influen-cia diretamente na qualidade dos empregos adquiridos pelas mulheres, pois, devido à necessidade de conciliar tantas atividades, muitas vezes estas se sujeitam a ocu-pações mais precárias, com jornadas mais flexíveis ou reduzidas, em atividades informais ou com pouca regulação. Analisar-se-á, em seguida, o papel do modelo econômico neoliberal nesta precarização do emprego feminino. Neste sentido, tra-tar-se-á da queda do sistema fordista/taylorista e a ascensão do modelo toyotista que preconiza a produção conforme a demanda, reduzindo as vagas de emprego formal e priorizando a terceirização e a precarização. A implantação deste sistema, na década de 70, coincidiu com as lutas feministas pela emancipação e entrada no mercado de trabalho. Assim, as mulheres se tornaram um alvo perfeito deste mode-lo, entrando expressivamente no mercado de trabalho nesta época, porém em em-pregos desqualificados, temporários, com jornada parcial ou subcontratação e bai-xos salários. Palavras-chave: Mulheres; trabalho; precarização; reestruturação produtiva.

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SIMPÓSIO

A derrocada do nacional: literatura latino-americana contemporânea em debate

Coordenadoras

Elaine Aparecida Lima (UNILA) [email protected]

Kayanna Pinter (UNILA) [email protected]

Resumo do simpósio: Os debates contemporâneos em torno das identidades

culturais, da demarcação territorial das nações, bem como as alterações ocorridas na noção de cânone trazem a lume a possibilidade de estudos das artes para além de objetos literários clássicos. Do mesmo modo, abrem espaço para problematizações que demandem discussões interdisciplinares, nas quais se coloquem em pauta temáticas como identidade, fronteira, trânsito e limites. Julgando que, na atualidade, a identidade cultural, centrada em um território nacional, não mais é suficiente para a compreensão da arte em um mundo veloz e globalizado, pretende-se pensar acerca das consequências da derrocada da variável nacional na produção literária latino-americana, nas novas formas de identidades vigentes, nos diálogos travados pela literatura latino-americana com expressões culturais locais e com a literatura para além do continente. Como se conformam na literatura latino-americana contemporânea as negociações linguísticas? Como há a expansão dos limites espaciais e de identidade em produções atuais da América Latina? Qual a razão que fundamenta, em algumas obras, a rediscussão de temas caros à literatura da região? Eis questões que devem impulsionar os trabalhos apresentados. Pensa-se a produção literária latino-americana como arte heterogênea, paradoxal, na qual, velhas e novas temáticas estabelecem confrontos. Assim sendo, palavras como diferença, alteridade, heterotopia e multiterritorialidade, além de outras de campo semântico similar, são essenciais no presente simpósio. Palavras-chave: contemporaneidade; heterogeidade; literatura latino-americana

COMUNICAÇÕES 11/10/2017 (Terça-feira), das 14:00 às 15:30 (Bloco F, sala 5) 14:00 – 14:20 Retablo: contemporaneidade e tradição na literatura peruana de nossos dias

Elaine Aparecida Lima (UNILA) [email protected]

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O presente trabalho coloca em pauta as relações entre memória, espaço e discurso na literatura peruana contemporânea, sobretudo andina, a partir da obra Retablo, de Julián Pérez Huarancca. Pensando as relações da produção com o frequente confronto, na literatura do Peru, entre Costa e Serra, defende-se como características essenciais da literatura peruana andina contemporânea, aqui exemplificada por Retablo, o discurso heterogêneo e migrante, no qual dialogam tradição e contemporaneidade, em um constante processo de negociação identitária. O mundo andino ficcionalizado pelo autor nos revela o homem dos Andes em seus infortúnios atuais, em sua relação entre tradição e modernidade, entre rural e urbano, entre as culturas indígena e ocidental, em um rompimento com quaisquer homogeneidades nacionais. Um olhar do andino contemporâneo sobre si mesmo, a partir do interior de sua comunidade de origem, grupo em relação ao qual se manteve, por muito tempo, fisicamente afastado. Palavras-chave: Retablo; literatura peruana andina; tradição; contemporaneidade. 14:20 – 14:40 Caramuru, e as invenções de Brasil: Identidade nacional nas produções intelectuais dos séculos XIX e XXI

Jean Carlos Ramos Ribeiro (UNILA) [email protected]

O poema épico Caramuru (1781) do Frei José de Santa Rita Durão, foi a referência para a criação de duas contrastantes produções artísticas no Brasil. A primeira, concebida nos anos iniciais da década de 1850 por Francisco Bonifácio de Abreu em forma de libreto de Ópera – Moema e Paraguassu –, nasceu ancorada nas preceptivas do IHGB, que em busca da construção de uma “História do Brasil” possibilitou a emergência de inúmeros discursos identitários. A segunda, produzida 150 anos mais tarde pelos roteiristas Jorge Furtado e Guel Arraes em formato de minissérie – Caramuru, a invenção do Brasil –, visava a construção de novas ideias, nas quais estavam imersas releituras dos discursos do “descobrimento”, integrando a gama de produções artísticas comemorativas do quicentenário do Brasil. As obras, dentro de cada gênero específico, narram a interação do náufrago português Diogo Álvares Correa “Caramuru” com tribos de indígenas que habitam a região costeira dos trópicos. Objetivamos tecer algumas reflexões afim de entender como são construídos os perfis dos sujeitos indígenas nas narrativas, problematizando as caracterizações e os discursos promovidos pelos autores ao tentarem conceber com essas duas obras, mitos e ideias de fundação da nação. Palavras-chave: Identidade Nacional; libreto; ópera; minissérie. 14:40 – 15:00 A oratura como marca de enfrentamento e construção da identidade negra latino-americana: para além do nacional

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Kayanna Pinter (UNILA) [email protected]

Tratar da relação entre a composição estética das obras O lápis do bom Deus não tem borracha (2010), do escritor haitiano Louis-Philippe Dalembert e Contos negreiros (2005), do brasileiro Marcelino Freire, compreendendo tais composições como exemplares de resistência frente a uma ordem hegemônica da representação das personagens e da linguagem utilizada por estas e pelos narradores, é o objetivo principal deste artigo. Para tanto, serão analisados os recursos linguísticos dos autores e suas aproximações com a identidade nacional do Haiti e do Brasil, percebendo como tais identidades são construídas e questionadas nas obras. Assim, trabalhar a representação dos personagens negros, dos espaços por eles ocupados e suas relações com a oratura haitiana e brasileira é o cerne desta investigação, considerando-se que as obras dos dois autores podem ser compreendidas pela perspectiva de um enfrentamento à ordem linguística e representacional que limita a construção estética, voltada à representação eurocêntrica e hegemônica dos personagens. Questiona-se, assim, a construção de identidades nacionais e o esfacelamento da identidade da comunidade negra na literatura contemporânea dos dois países, utilizando-se de teóricos como Daniel-Henry Pageaux, tratando das imagens representadas nas obras analisadas e Pio Zirimu, que compreende a oratura presente na obra literária como uma transformação da linguagem em arte. Palavras-chave: Identidade latino-americana; oratura; Louis-Philippe Dalembert;

Marcelino Freire. 15:00 – 15:20 O “lugar” geopolitico e cultural da produção literária latina nos Estados Unidos: reflexões a partir da literatura chicana

William Duarte Ferreira (UNILA/CNPq) [email protected]

As noções de “cultura”, “nação” e “identidade” têm sido, na contemporaneidade, constantemente problematizadas, fenômeno passível de ser relacionado à noção de descentramento das sociedades modernas – e, consequentemente, dos sujeitos que as compõem –, defendida por Hall (2006). Essa ideia, naturalmente, opõe-se aos discursos da cultura nacionalista que reverberam uma noção de unidade e coerência interna, ignorando, assim, o quão diferentes seus membros possam ser em termos de classe, gênero e etnia. O que ocorre nestes casos é que, a despeito de todas as estratificações internas que constituem determinada nação, esta se “unifica” por meio de dispositivos discursivos operados a partir da ação de diferentes formas de poder cultural (HALL, 2006). Em vista disso, busca-se, aqui, refletir e problematizar a produção literária de latinos nos Estados Unidos ou, mais especificamente, a produção de mexicanos-americanos – os chamados chicanos – a fim de que seja possível compreender qual o “lugar” geopolítico e cultural que

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essa(s) literatura(s) acupa(m) no contexto norte-americano e no contexto latino-americano. Palavras-chave: Identidade; literatura chicana; cultura.