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1 ARTIGO PREMIADO EM 3º LUGAR NO VI PRÊMIO BRDE DE DESENVOLVIMENTO PR (2011) COOPERATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL NO PARANÁ DO AGRONEGÓCIO Jandir Ferrera de Lima 1 Lucir Reinaldo Alves 2 Resumo: Esse artigo analisa o cooperativismo e o desenvolvimento rural das regiões paranaenses que compõe o “Paraná do Agronegócio”. A metodologia utilizada é a análise descritiva, critica e interpretativa, com o cruzamento de dados estatísticos sobre a dispersão das cooperativas agropecuárias no espaço regional do Estado do Paraná, informações sobre integração e emprego e indicadores de produção. As conclusões apontaram a importância das cooperativas no controle da produção das principais commodities produzidas no Paraná e em determinadas cadeias produtivas. Porém, as cooperativas agroindustriais precisam avançar em novos níveis de transformação, agregando mais valor na cadeia produtiva e produzindo derivados para usos mais variados e de maior potencial de investimentos, como nas áreas farmacêutica, biotecnologia e nutracêuticos Palavras-chave: Cooperativismo, desenvolvimento rural, economia agrícola, economia paranaense. 1. Introdução No Paraná, o avanço no desenvolvimento dos espaços rurais em direção à melhor qualidade de vida e a condições de emprego e renda voltaram à tona no final do século XX, frente aos impactos causados pela modernização da agropecuária e a urbanização do Estado. No caso da modernização da agropecuária, a estrutura produtiva das áreas rurais do Paraná migrou de atividades como a bovinocultura, café, a erva-mate e a madeira, em favor de outras como a avicultura, suinocultura, soja, o milho e o trigo. Os aumentos da produtividade da agropecuária foram garantidos pelos investimentos em agroquímicos e equipamentos e 1 Ph. D. Desenvolvimento Regional pela Université du Québec (UQAC)/Canadá. Professor do Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo. Pesquisador e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPQ) e do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mails: [email protected] ou [email protected] 2 Mestre em Desenvolvimento Regional na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Professor do Colegiado de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo Pesquisador do Grupo de Pesquisas em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC) E-mail: [email protected] ou [email protected]

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ARTIGO PREMIADO EM 3º LUGAR NO VI PRÊMIO BRDE DE DESENVOLVIMENTO – PR (2011)

COOPERATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL NO PARANÁ

DO AGRONEGÓCIO

Jandir Ferrera de Lima1

Lucir Reinaldo Alves2

Resumo: Esse artigo analisa o cooperativismo e o desenvolvimento rural das regiões

paranaenses que compõe o “Paraná do Agronegócio”. A metodologia utilizada é a análise

descritiva, critica e interpretativa, com o cruzamento de dados estatísticos sobre a dispersão

das cooperativas agropecuárias no espaço regional do Estado do Paraná, informações sobre

integração e emprego e indicadores de produção. As conclusões apontaram a importância das

cooperativas no controle da produção das principais commodities produzidas no Paraná e em

determinadas cadeias produtivas. Porém, as cooperativas agroindustriais precisam avançar em

novos níveis de transformação, agregando mais valor na cadeia produtiva e produzindo

derivados para usos mais variados e de maior potencial de investimentos, como nas áreas

farmacêutica, biotecnologia e nutracêuticos

Palavras-chave: Cooperativismo, desenvolvimento rural, economia agrícola, economia

paranaense.

1. Introdução

No Paraná, o avanço no desenvolvimento dos espaços rurais em direção à melhor

qualidade de vida e a condições de emprego e renda voltaram à tona no final do século XX,

frente aos impactos causados pela modernização da agropecuária e a urbanização do Estado.

No caso da modernização da agropecuária, a estrutura produtiva das áreas rurais do Paraná

migrou de atividades como a bovinocultura, café, a erva-mate e a madeira, em favor de outras

como a avicultura, suinocultura, soja, o milho e o trigo. Os aumentos da produtividade da

agropecuária foram garantidos pelos investimentos em agroquímicos e equipamentos e

1 Ph. D. Desenvolvimento Regional pela Université du Québec (UQAC)/Canadá. Professor do Programa de Pós-

Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

(UNIOESTE)/Campus de Toledo. Pesquisador e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e

Tecnológico (CNPQ) e do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mails:

[email protected] ou [email protected] 2 Mestre em Desenvolvimento Regional na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Professor do Colegiado

de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo

Pesquisador do Grupo de Pesquisas em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC) E-mail:

[email protected] ou [email protected]

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implementos agrícolas, a maior produtividade da força de trabalho e das políticas setoriais de

estímulo e acompanhamento das práticas agrícolas (VASCONCELOS e CASTRO, 1999).

Além da modernização das áreas rurais, outro fato marcará o “novo rural” paranaense: a

integração da produção agropecuária à transformação industrial. Essa integração marcará a

presença das agroindústrias ao longo do território paranaense e a especialização na

transformação agroalimentar.

Frente a essas mudanças no perfil da produção agropecuária e da agroindústria, a

economia paranaense se dinamizou estimulado pela modernização dos complexos

agroalimentares, principalmente no interior do Estado, fomentando a formação de núcleos

urbanos e consolidando economias de aglomeração (RAGGIO, 1994). Frente a essa

tendência, Rolim (1995) afirma que o Paraná é dividido em dois grandes espaços: o Paraná

Urbano e o Paraná do Agronegócio. O Paraná Urbano é caracterizado pela Região

Metropolitana de Curitiba. Já o Paraná do Agronegócio são as áreas que compõe a Região

Não Metropolitana. Os dois “Paranás” apresentam diferenças territoriais físicas e sociais,

delineados historicamente por meio da sua colonização e aspectos produtivos. No Paraná

Urbano ocorreram as principais transformações industriais e a principal inserção do Paraná na

economia urbano-industrial do Brasil. Com o tempo, o Paraná Urbano desligou-se da base

agroindustrial para concentrar-se em setores modernos, preocupado com a competitividade no

contexto nacional e internacional. Suas demandas sobre os recursos do Estado paranaense

tiveram características diferenciadas daquelas exercidas pelo Paraná do Agronegócio.

O Paraná do Agronegócio teve que enfrentar situações adversas na sua realidade rural,

tanto nas grandes quanto nas pequenas propriedades. Dentre as situações adversas, podem-se

citar: o êxodo rural, a ausência de políticas agrícolas setoriais, a concorrência das commodities

estrangeiras, o endividamento de parcelas significativas do campesinato, a necessidade de

incorporar pacotes tecnológicos, se adaptarem e se modernizarem continuamente, dentre

outros (KLEINKE et all, 1999).

Tomando como base a divisão proposta por Rolim (1995), dados do IBGE (2011)

apontam que em 2007 o Paraná Urbano detinha 33% da população paranaense e o Paraná do

Agronegócio 67%. Por outro lado, o Paraná do Agronegócio era responsável por 40% do

Produto Interno Bruto e o Paraná Urbano por 60%. A diferença no montante do PIB contrasta

com a dos principais investimentos realizados no Paraná no final do século XX, nos quais a

Região Metropolitana recebeu 73% e o Paraná do Agronegócio apenas 27% (MACEDO et all,

2002).

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Porém, apesar da desigualdade existente entre os “dois Paranás”, no Paraná do

Agronegócio as cooperativas de produção e agroindustriais ganharam uma importância impar,

frente ao seu papel na modernização da agropecuária e na criação e estímulo à base industrial.

O Paraná é o único Estado brasileiro em que as cooperativas agropecuárias tem parcela

significativa de controle sobre a transformação agroalimentar e capitaneiam o crescimento

econômico de municípios de pequeno e médio porte do interior. No seu conjunto, as

cooperativas agropecuárias paranaenses agregam uma parcela significativa dos produtores

rurais e 70% dos seus cooperados são pequenos agricultores com área de até 50 hectares. Elas

são responsáveis por 56% da economia agrícola do Estado do Paraná e repassaram aos cofres

públicos, em 2008, uma receita superior a US$1,5 bilhão e tiveram faturamento líquido em

2009 em torno de R$22 Bilhões (OCEPAR, 2011).

Da mesma forma, seu papel na transferência de “pacotes tecnológicos” aos produtores

rurais e na disseminação das boas práticas de gestão agrícola tem estimulado a melhoria da

qualidade de vida em várias regiões. É certo que as benesses da integração com as

cooperativas não beneficiam a todos, porém no seu conjunto tem trazido frutos importantes

para o desenvolvimento regional paranaense. Por isso, as cooperativas tem sido um

instrumento importante de desenvolvimento rural e regional, pois além de estimular a

circulação da renda elas fortalecem o capital social e o associativismo junto aos pequenos

produtores rurais.

Além disso, as cooperativas agropecuárias estão sempre procurando implantar novos

projetos, com o objetivo de agregar valor aos produtos primários, aumentando assim

consideravelmente o valor destes no mercado e fortalecendo a base produtiva das regiões. O

aumento da renda do cooperado, que por sua vez, pode reinvestir na atividade produtiva

garante desta forma a oferta de matérias-primas em níveis permanentes. É nesse contexto, que

ocorre o desenvolvimento das regiões na qual a cooperativa está inserida (OCEPAR, 2011).

Frente ao exposto, esse artigo analisa o cooperativismo e o desenvolvimento rural das

regiões paranaenses que compõe o “Paraná do Agronegócio” nos últimos anos. Para atender a

esse objetivo, a metodologia utilizada é a análise descritiva, critica e interpretativa, com o

cruzamento de dados estatísticos coletados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), de informações da Organização das Cooperativas do Estado

do Paraná (OCEPAR), dos dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) do

Ministério do Emprego e do Trabalho e da base de dados do Instituto Paranaense de

Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES).

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Este artigo está dividido em cinco seções, incluindo esta introdução. A segunda seção

apresenta as origens do cooperativismo e dados gerais sobre o cooperativismo no Paraná. A

terceira seção discute a conjuntura do setor rural paranaense e a presença das cooperativas

agropecuárias na produção das principais commodities. A quarta parte contempla uma

discussão sobre a participação das cooperativas agropecuárias na integração dos produtores

rurais e na geração de postos de trabalho nas economias regionais que compõem o “Paraná do

Agronegócio”. Por fim, na última seção constam as considerações finais sumarizando os

resultados e enfatizando o papel das cooperativas no desenvolvimento regional e econômico

do Estado do Paraná.

2. Notas Sobre a Evolução do Cooperativismo

O cooperativismo moderno surgiu junto com a Revolução Industrial, pois com o

aumento da industrialização, o trabalho manual passou a ser substituído gradativamente pela

maquinaria, aumentando a exclusão social e o exército industrial de reserva. Nesse contexto,

começaram a surgir reações contra a exclusão social e a pobreza, defendendo formas mais

igualitárias na distribuição de bens, dentre elas a formação de cooperativas. A cooperativa

nessa concepção seria um instrumento para a eliminação de intermediários entre o produtor e

o consumidor, aumentando as margens de lucros dos produtores e diminuindo os preços finais

para os consumidores. Assim, a cooperativa contribuiria para a emancipação dos

trabalhadores, que deixariam de servir a terceiros e passariam a produzir para si, tornando-se

donos e controladores do resultado final de seu trabalho. Nessa perspectiva, a primeira

cooperativa criada foi a dos Pioneiros de Rochdale (Inglaterra) no século XIX, a partir da

iniciativa de 28 tecelões. Eles criaram um armazém, organizado e regido por normas

estatutárias, cujo objetivo era a compra em comum de gêneros alimentícios, construção de

casas para fornecer habitação a preço de custo, criação de estabelecimentos industriais e

agrícolas para produzir tudo o que fosse indispensável às necessidades dos trabalhadores e

assegurar o emprego, educação e luta contra o alcoolismo, comercialização (compra e venda)

e, por fim, a cooperação integral (PINHO, 1977).

Embora a experiência dos Pioneiros de Rochdale, tenha tido sucesso, é importante

deixar claro que nem todas as cooperativas tiveram a mesmo êxito. Muitas dessas

experiências, não obtiveram sucesso principalmente devido às condições políticas e

administrativas desfavoráveis, muitas delas eram fragmentárias e tinham pouca

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expressividade, só começaram a se multiplicar e a se concentrarem em países de estrutura

capitalista, a partir do século XX, tornando-se mais importantes depois do período da Primeira

Grande Guerra (1914-1919). Atualmente, o cooperativismo está organizado em um sistema

mundial, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) com sede em Genebra (Suiça), que é uma

organização não-governamental, independente, que reúne, representa e presta assistência às

organizações cooperativas do mundo inteiro. A ACI congrega em torno de 800.000

cooperativas e 810.000.000 de cooperados (SCHNEIDER, 1991).

Em 1995, o Congresso Centenário da ACI em Manchester, Inglaterra, definiu

oficialmente o termo cooperativa como uma “associação autônoma de pessoas, unidas

voluntariamente, para atender suas necessidades e aspirações econômicas, sociais e culturais

comuns, através de uma empresa coletiva e democraticamente controlada”. Seus princípios

são a adesão voluntária e livre; a gestão democrática controlada pelos membros; a

participação econômica dos sócios; a autonomia e independência, educação, formação e

informação; a inter cooperação; e, o interesse da comunidade (OCEPAR, 2011).

No Brasil, a representação do sistema cooperativista nacional cabe à Organização das

Cooperativas Brasileiras (OCB), sociedade civil, com sede em Brasília. Estruturada nos

termos da Lei nº 5.764/1971, a OCB foi definitivamente criada para atuar como representante

legal do sistema cooperativista nacional e como órgão técnico consultivo ao governo,

congregando as organizações estaduais constituídas com a mesma natureza. Representa todos

os ramos do cooperativismo brasileiro, composto por mais de 7.518 cooperativas e mais de

6.791.054 cooperados, congregados, em 13 diferentes segmentos. O segmento mais

importante do cooperativismo brasileiro, ainda é o do cooperativismo agropecuário de

produção que representava em 2010 em torno de 23% do total das cooperativas do Brasil, e

que contribui muito para o crescimento econômico das regiões nas quais estão inseridas

(OCEPAR, 2011). As cooperativas agropecuárias prestam serviços de vários tipos aos seus

associados: recebem a produção para armazenamento, padronização, industrialização e venda;

fornecem implementos para uso profissional, gêneros de consumo e obtêm crédito junto aos

bancos, para os associados (CORADINI e FREDERICO, 1982).

No Estado do Paraná as cooperativas agropecuárias, bem como as de outros ramos de

atividades, surgiram a partir da década de 1940, principalmente nas comunidades de origem

alemã e italiana, na qual seus habitantes já eram conhecedores do Sistema Cooperativista

Europeu. Porém, foi somente após 1960, que se iniciou o movimento que redundou na

fundação de várias cooperativas agropecuárias, conservando os princípios que nortearam os

operários de Rochdale, mas frente aos desafios para aumentar a produção de alimentos

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(consumo e exportação), tornando o país mais competitivo e auto suficiente no produção

agroalimentar (OCB, 2011). Segundo informações da COAMO (2011), as cooperativas

pioneiras foram a Witmarsum, de Palmeira; a Agrária, de Entre Rios; a Batavo e a

Castrolanda, de Castro; e, a Capal, de Arapoti.

Atualmente, no seu conjunto o cooperativismo paranaense conta com 535 mil

cooperados, distribuídos em 238 cooperativas registradas na Organização das Cooperativas do

Estado do Paraná – OCEPAR (criada em 1971). Estas cooperativas agrupavam mais de 1,3

milhões de postos de ocupação, ou seja, pelo menos 12% da população paranaense de 2010

estavam ocupadas nesse ramo, além de gerar 55.367 mil empregos diretos. No caso das

cooperativas agropecuárias, elas agrupam em torno de 129.590 cooperados (OCEPAR, 2011).

Os investimentos sociais do sistema cooperativista paranaense somam mais de R$ 2

bilhões ao ano. A responsabilidade social das cooperativas é exercida através de projetos

voltados ao aprimoramento cultural artístico de lazer, saúde e às questões assistenciais, bem

como em novos projetos e tecnologias para melhorar os processos produtivos e agregar valor

aos produtos e serviços dos cooperados (OCEPAR, 2011). Essa responsabilidade social se

torna preeminente ao se observar os ramos das Cooperativas existentes no Paraná e

registradas na OCEPAR (Tabela 1).

Tabela 1 – Paraná: Cooperativas Registradas na OCEPAR – 2009 Ramo Cooperativas % Cooperados % Empregados %

Agropecuário 82 34,45 129.590 24,22 48.484 87,57

Crédito 65 27,31 375.291 70,15 3.040 5,49

Saúde 33 13,87 11.083 2,07 3.186 5,75

Transporte 21 8,82 2.407 0,45 160 0,29

Educacional 15 6,30 2.597 0,49 101 0,18

Infraestrutura/Eletrificação rural 08 3,36 7.598 1,42 330 0,60

Trabalho 08 3,36 5.018 0,94 27 0,05

Turismo e lazer 03 1,26 307 0,06 04 0,01

Consumo 01 0,42 976 0,18 14 0,03

Habitacional 01 0,42 104 0,02 20 0,04

Mineral 01 0,42 29 0,01 01 0,00

Total 238 100,00 535.000 100,00 55.367 100,00

Fonte: OCEPAR (2011)

Como se pode observar na Tabela 1, em 2009 as cooperativas agropecuárias eram as

de maior número no Paraná, representando 34,4% do total das cooperativas existentes no

Estado. Quando se analisa o total de cooperados a participação das cooperativas agropecuárias

era de 24,15%, mas em relação ao total de empregados representava o maior número, de

87,57%. Outro dado importante que é ressaltado na tabela é a diversidade de ramos das

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cooperativas, abrangendo diversas áreas tanto produtivas quanto comunitárias. Com exceção

das cooperativas agropecuárias, o restante do movimento cooperativo no Paraná está

diretamente ligado ao prestação de serviços.

No caso das cooperativas agropecuárias paranaenses, os dados da Tabela 2 e da

OCEPAR (2011) demonstram que elas participam ativamente na produção e transformação

das principais commodities do Estado. No caso dos grãos, as cooperativas detêm o controle de

70,1% da produção de soja, 66,30% da produção de trigo e 48,4% da produção de milho.

Além do controle expressivo na produção de soja, as cooperativas detêm 45% da capacidade

instalada para esmagamento, 39% da capacidade de refino e 38% da produção de farelo da

oleaginosa. No caso do farelo, uma boa parte abastece a capacidade instalada para a produção

de frangos e suínos, que no seu conjunto somam 60% da capacidade instalada da produção

paranaense.

Em outras atividades as cooperativas possuem praticamente o monopólio da

produção de cevada, com 92,9%, e 100% da capacidade instalada de malte de cevada. Na área

de lácteos, as cooperativas possuem parcela significativa do controle da produção leiteira com

27,20% do total. No caso do leite, 100% da capacidade instalada do processamento de leite

em pó, 56% do beneficiamento do leite em natura e 24% dos lácteos pertencem a

cooperativas. Assim, o fluxo das principais commodities paranaenses circula junto aos

graneleiros e processadoras ligadas as cooperativas, o que demonstra seu peso estratégico na

segurança alimentar da população e nos negócios que envolvem a geração de proteína vegetal

e animal.

Tabela 2 – Paraná: Participação das Cooperativas na Produção Agropecuária – 2009 Produtos Participação das cooperativas na produção total do PR – (%)

Cevada 92,90

Soja 70,10

Trigo 66,30

Milho 48,40

Suínos 34,40

Café 30,60

Triticale 27,80

Leite 27,20

Aves 26,10

Canola 25,20

Cana de açúcar 17,00

Arroz 10,00

Feijão 5,20

Mandioca 3,40

Fonte: OCEPAR, 2011.

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Pode parecer estranho a primeira vista o controle de parcela significativa da

produção agropecuária e agroindustrial paranaense pelas cooperativas. No entanto, cabe

lembrar dois aspectos da produção capitalista:

O primeiro aspecto é o papel desempenhado pelas cooperativas e seu arcabouço

histórico. O movimento cooperativo surgiu e evoluiu tendo como meta se opor aos

monopólios privados e estrangeiros que dominavam e ainda dominam a produção

agropecuária em algumas regiões. Além disso, a cooperativa representa o conjunto da

comunidade unidade, fortalecendo seu capital social, em prol do controle daquilo que é

produzido pela comunidade. Enquanto o interesse da cooperativa vai além das “sobras”, pois

precisa repartir os ganhos e beneficiar as comunidades, o das empresas privadas o foco central

é o lucro e o repatriamento deles e da base produtiva para onde conseguir os melhores ganhos

e rendimentos.

O segundo é a tendência à concentração dos ativos produtivos, o que se chama na

literatura econômica de capitalismo monopolista, que em geral é capitaneado por empresas de

capital privado e controle acionário restrito. Nesse sentido, as cooperativas seguem a

tendência dos mercados e marcam posições ao longo da cadeia produtiva das principais

commodities substituindo os monopólios privados, em geral estrangeiros. Sem contar a

nacionalização dos complexos agroindustriais do Estado do Paraná em favor dos produtores

rurais e do capital local.

Ressalte-se que o complexo agroindustrial é formado pelos setores produtores de

insumos e máquinas agrícolas, de transformação industrial dos produtos agropecuários, de

distribuição, de comercialização e também atingindo a área de financiamentos para custeio da

produção. O complexo industrial envolve também a transformação da matéria-prima em

outros produtos derivados. Para viabilizar economicamente essa transformação faz necessário

integrar as cadeias de produção, cada uma associada a um produto (SORJ, 1986; BATALHA,

1997). Isso explica a necessidade das cooperativas paranaenses ampliaram sua participação ao

longo da cadeia produtiva para agregar valor. O retorno para os produtores rurais seria muito

baixo se as cooperativas apenas comercialização e transferissem os grãos e fibras in natura

para as processadoras. Por isso, a criação de plantas de processamento e a sua dispersão nas

regiões não só fortalece o desenvolvimento regional, como garante o controle de uma cadeia

produtiva que em outros países é feita exclusivamente por grupos estrangeiros. Sem contar

que as “sobras” não são repatriadas e são distribuídas aos produtores rurais melhorando o

setor terciário dos municípios do interior.

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3. A Espacialidade do “Paraná do Agronegócio” e a Integração com as Cooperativas

Agropecuárias

Quando se analisa o cooperativismo agropecuário, observam-se informações

interessantes quando se utilizam os resultados do Censo Agropecuário de 2006 do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, essa seção apresentará esses resultados

para os estabelecimentos agropecuários do Paraná. Nesse sentido, a Figura 1 mostra o número

de estabelecimentos e a área total dos mesmos, por microrregião.

Figura 1 – Paraná: Número de estabelecimentos e área total (ha), por microrregião - 2006 Número de estabelecimentos Área dos estabelecimentos

Fonte: Resultados da Pesquisa

Conforme mostra a Figura 1 as microrregiões que apresentavam os maiores números

de estabelecimentos estavam localizadas nas regiões Oeste, Sudoeste, Noroeste e Centro do

Estado do Paraná. Quando se analisa a área dos estabelecimentos a distribuição espacial é

semelhante, porém a porção central ganha mais destaque. Também é possível notar que os

menores números de estabelecimentos e de área estão distribuídos nas porções leste, nordeste

e próximos a microrregião de Maringá. Ou seja, quanto mais próximos geograficamente do

“Paraná urbano”, menor o número de estabelecimentos e as áreas. Com isso, uma porção

espacial do Estado do Paraná é altamente influenciada pelos ciclos agropecuários e as

atividades rurais.

Nesse sentido, a Figura 2 mostra a proporção dos estabelecimentos e da área total

mostrados pela Figura 1 que são associados a cooperativas ou a alguma entidade de classe

(sindicatos, associações/movimentos de produtores e moradores, etc.).

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Figura 2 – Paraná: Número de estabelecimentos associados e área total (ha) - 2006 Número de estabelecimentos Área dos estabelecimentos

Associados

43%

Não

Associados

57%

Não

Associados

49%

Associados

51%

Fonte: Resultados da Pesquisa

Percebe-se pela Figura 2, que do total de estabelecimentos agropecuários do Paraná

somente 43% possui algum tipo de associação à cooperativa ou a entidades de classe. Porém,

quando se analisa o total da área desses estabelecimentos essa proporção aumenta para 51%

da área total. Ou seja, há tendência de associação às cooperativas dos estabelecimentos com

maiores áreas. Além disso, uma parcela significativa dos pequenos estabelecimentos também

está integrada às agroindustriais privadas.

Porém, ao se cruzar os dados sobre o percentual da produção agrícola controlada

pelas cooperativas agropecuárias e o número e área de estabelecimentos associados se notam

duas realidades: A primeira é que a influência das cooperativas vai além dos estabelecimentos

associados; a segunda, os estabelecimentos associados às cooperativas são os mais

representativos em termos de produção no Paraná. Um exemplo é a produção de cevada,

concentrada espacialmente na mesorregião Centro Sul do Paraná. Praticamente, há um forte

adensamento de área e estabelecimentos associados em Guarapuava e Prudentópolis, que

praticamente monopolizam mais de 90% da produção de cevada do Estado. Já no caso do

café, as áreas tradicionais desse produto sofreram também a ação das empresas privadas de

torrefação e exportação, como Cacique, Itamarati, Alto Piquiri, Loveat, o que reduziu a

margem de manobra das cooperativas, que mantiveram um controle de apenas 30% da

cafeicultura paranaense.

Assim, a Figura 3 mostra a proporção de associados e não-associados para as

microrregiões do Paraná. É possível perceber que somente a microrregião de Floraí

apresentou mais de 75% do total de estabelecimentos com algum tipo de associação. Porém,

quando se analisa as microrregiões que possuem mais de 50% do total de estabelecimentos as

microrregiões de Porecatu, Maringá, Campo Mourão, Goioerê, Toledo, Capanema, Francisco

Beltrão, Pato Branco e São Mateus do Sul se destacam. A análise da área desses

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estabelecimentos mostrou que além dessas microrregiões, as microrregiões de Cascavel, Foz

do Iguaçu, Guarapuava, Pitanga, Palmas, Astorga, Apucarana e Londrina são as microrregiões

com maior proporção de área em que os proprietários possuem algum tipo de associação. Por

outro lado, as microrregiões que possuem as menores proporções de associados estão

localizadas na porção leste/nordeste do Estado. Isso leva a um paralelo importante: A porção

leste é a mais urbanizada. A porção nordeste está entre as mais pobres do Estado do Paraná,

com características diferenciadas de solo (arenito caua) e a predominância da pecuária bovina.

Tradicionalmente, a bovinocultura de corte não criou laços e tendências à cooperação de

produção como as atividades agrícolas e a pecuária de pequeno porte ou leiteira. Com isso, se

nota que as características da produção local e as formas de ocupação do solo influenciam nas

tendências à cooperação.

Figura 3 – Paraná: Proporção de estabelecimentos com algum tipo de associação ou sem

associação e área (ha), por microrregião - 2006 Estabelecimentos Associados (%) Área dos Estabelecimentos Associados (%)

Estabelecimentos Não Associados (%) Área dos Estabelecimentos Não Associados (%)

Fonte: Resultados da Pesquisa

Pela Figura 4 é possível notar onde estão localizadas as microrregiões que possuem

algum tipo de associação por tipo de associação, ou seja, em cooperativas e em entidades de

classe. Segundo a Figura 4, as microrregiões que possuem estabelecimentos associados

somente a cooperativas estão localizadas principalmente entre o corredor formado pelas

microrregiões de Foz do Iguaçu até a microrregião de Cornélio Procópio. Essas são as

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microrregiões onde mais de 50% dos estabelecimentos e da área estão associados a

cooperativas agropecuárias.

Figura 4 – Paraná: Proporção de estabelecimentos por tipo de associação e área (ha), por

microrregião – 2006 Estabelecimentos Associados em Cooperativas (%) Área dos Estabelecimentos Associados em Cooperativas (%)

Estabelecimentos Associados em Entidades (%) Área dos Estabelecimentos Associados em Entidades (%)

Estabelecimentos Associados em Coop. e Entidades (%) Área dos Estabelecimentos Associados em Coop. e Entidades

(%)

Fonte: Resultados da Pesquisa

Por outro lado, as microrregiões que possuem os estabelecimentos associados

somente a entidades de classe e não em cooperativas estão localizadas na porção centro/leste

do Paraná, o mesmo destaque se dá quando se analisa a área total desses estabelecimentos.

Um terceiro olhar é realizado para as microrregiões que possuem estabelecimentos

associados a cooperativas e a entidades de classe. A proporção desses estabelecimentos no

total dos estabelecimentos de cada microrregião é pequena. Somente as microrregiões de

Capanema, Francisco Beltrão, Pato Branco e Palmas possuíam em 2006 mais de 25% dos

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estabelecimentos nessa condição. Quando se analisa a proporção da área total ocupada por

esses estabelecimentos as microrregiões de Pitanga e Lapa também se enquadravam nesse

grupo.

Mas qual é o perfil desses estabelecimentos quando se analisa o tamanho dos

mesmos? A resposta a esse questionamento é apresentada pelo Gráfico 1.

Gráfico 1 – Paraná: Estrutura fundiária dos estabelecimentos associados e não associados, por

tipo de associação - 2006

33%

4%

26%

2%

45%

7%

25%

3%

53%

6%

25%

7%

24%

6%

25%

12%

28%

8%

20%

8%

23%

15%

26%

13%

19%

19%

26%

16%

14%

12%

8%

12%

11%

12%

5%

11%

10%

13%

4%

8%

9%

62%

13%

66%

4%

51%

10%

61%

5%

66%

1% 0% 0% 0% 2% 0% 0% 0%3%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Est Área Est Área Est Área Est Área Est Área

É associado Associado somente a

Cooperativas

Associado somente a

Entidades

Associado a Cooperativa e

Entidade

Não Associado

produtor se área

mais de 100ha

50ha a 100ha

20ha a 50ha

10ha a 20ha

Até 10ha

Fonte: Resultados da Pesquisa a partir de dados do IBGE (2011).

Quando se analisa a estrutura fundiária dos estabelecimentos, por tipo de associação,

percebem-se diferenças interessantes. O primeiro olhar se dá para a estrutura dos

estabelecimentos que possuem algum tipo de associação (“é associado”) dos que não possuem

(“não associado”). Há uma proporção mais equilibrada nos tamanhos dos estabelecimentos

que são associados. Nesses estabelecimentos 33% do total possuem área de até 10 hectares,

seguido de 25% com área entre 10 a 20 hectares. Já, os maiores estabelecimentos com mais de

100 hectares perfazem apenas 9% do total de estabelecimentos. Por outro lado, quando se

analisa a área ocupada por esses estabelecimentos verifica-se que os estabelecimentos de até

20 hectares ocupavam somente 11% da área total, enquanto os maiores, com mais de 100

hectares, ocupavam 62% do total. Ou seja, em termos de quantidade de produtores, as

cooperativas tem um peso significativo de pequenos produtores rurais, mas em termos área e

escala de produção os grandes produtores tem um papel importante. De um lado, os pequenos

produtores tem papel importante nas decisões das assembléias, e de outro, os grandes

produtores tem papel importante no fluxo da produção. Isso demonstra um certo equilíbrio na

composição societária das cooperativas agropecuárias paranaenses.

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Já quando se analisa os estabelecimentos sem nenhuma associação percebe-se que do

total de estabelecimento a proporção dos que possuíam até 10 hectares era muito superior,

correspondendo a 53% do total e somente 6% da área, enquanto os maiores estabelecimentos

com mais de 100 hectares perfaziam 5% do total de estabelecimentos, mas 66% da área. Com

isso, percebe-se que em termos de associativismo, as cooperativas paranaenses ainda têm

margens de crescimento, da mesma forma que há espaço para a criação de novas cooperativas

agropecuárias no interior do Estado. Deve-se ressaltar também que uma parcela significativa

dos pequenos produtores não associados que atuam na avicultura ou suinocultura estão

integrados nas empresas agroindustriais. O avanço das empresas agroindustriais na integração

dos pequenos produtores retira a margem de associativismo das cooperativas e sua margem de

captação de grãos.

A análise para os diferentes tipos de associações mostra que o grupo de pequenos

estabelecimentos também são os mais representativos com mais de 50% do total de

estabelecimentos de até 20 hectares, e quando se analisa a área total os estabelecimentos com

mais de 100 hectares somavam mais de 50% do total nas três situações (associados somente a

cooperativas; somente a entidades; ou em ambas).

Mas que tipo de contribuição esses estabelecimentos que são associados a

cooperativas recebem? A principal contribuição é a transmissão de orientação técnica por

porte dessas empresas/entidades aos produtores rurais. Conforme ressalta OCEPAR (2011), as

cooperativas agropecuárias possuem papel importante como a difusão de tecnologias e no

estímulo de políticas desenvolvimentistas, como a difusão do crédito rural, armazenagem,

manejo e conservação de solos, manejo integrado de pragas, assentamento de agricultores,

agroindustrialização. Além de serem em vários municípios do Estado as empresas que mais

empregam e as principais geradoras de receitas.

Neste sentido, a Figura 7 mostra a localização das microrregiões onde os

estabelecimentos agropecuários mais recebem orientação técnica e aqueles que não recebem.

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Figura 5 – Paraná: Estabelecimentos que recebem ou não orientação técnica, por microrregião

– 2006 % Estabelecimentos associados que recebem algum tipo de

orientação técnica

% Área dos estabelecimentos associados que recebem algum tipo

de orientação técnica

% Estabelecimentos não associados que recebem algum tipo de

orientação técnica

% Área dos estabelecimentos não associados que recebem algum

tipo de orientação técnica

Fonte: Resultados da Pesquisa

Conforme mostra a Figura 5 na maioria das microrregiões mais de 50% dos

estabelecimentos que possuem algum tipo de associação recebem orientação técnica de

origem ou das cooperativas, entidades ou das indústrias na qual eles são

integrados/associados. Já quando se analisa a área ocupada por esses estabelecimentos

verifica-se que na maioria das microrregiões possuem mais de 75% da área ocupada por

estabelecimentos que recebem orientação técnica.

Resultados interessantes também surgem quando se analisa os estabelecimentos que

não possuem nenhum tipo de associação e que recebem orientação técnica. Nessa condição de

estabelecimento percebe-se que na maioria das microrregiões menos de 50% do total de

estabelecimentos recebem orientação técnica. O mesmo acontece quando se analisa a área

total dos mesmos.

Ou seja, percebe-se que existe uma maior transferência de conhecimento/tecnologia

quando o estabelecimento é cooperativado, ou associado a entidades de classe, ou ainda

integrado a indústrias.

Além disso, outra contribuição do cooperativismo é a melhoria da qualidade de vida

da população. Segundo estudos realizados pela OCB (2011) quando se analisam os

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indicadores de desenvolvimento humano municipal (IDH) dos municípios que possuem

cooperativas com aqueles municípios que não possuem percebe-se que os municípios com a

presença de cooperativas apresentam valores médios do IDH maiores em relação àqueles que

não possuem cooperativas. Isso pode ser reflexo do aumento na geração de emprego gerado

pelas cooperativas agrícolas como pelos estabelecimentos agroindustriais que trabalham de

forma integrada.

4. Integração e Emprego: O Papel das Cooperativas no Paraná do Agronegócio

Uma das contribuições mais importantes do cooperativismo agropecuário paranaense

para o desenvolvimento regional tem sido a modernização das propriedades rurais via

integração, a transformação dos excedentes produtivos locais, a criação de empregos e o

fortalecimento do capital social. Neste tópico, a análise vai se concentrar no quesito criação

integração e criação de empregos, pois a transformação dos excedentes produtivos tem tido

rebatimentos diretos na ampliação das plantas agroindustriais espalhadas pelo interior do

Estado.

No caso dos estabelecimentos que são integrados, nesses participam mais atividades

das cadeias produtivas agroindustriais do Estado. São estabelecimentos nos quais a produção

é destinada para o setor industrial para posterior transformação. Nesse sentido, a Figura 6

mostra quais são as microrregiões do Estado do Paraná que possuem uma maior proporção de

estabelecimentos integrados à indústria.

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Figura 6 – Paraná: Proporção de estabelecimentos integrados às indústrias, por microrregião –

2006

Fonte: Resultados da Pesquisa

Conforme mostra a Figura 6 as microrregiões de Toledo, Cascavel e Jaguariaíva são

as microrregiões que possuem maior proporção dos estabelecimentos integrados à indústria.

Nessas três microrregiões mais de 29% do total de estabelecimentos estão nessa condição.

Seguindo nessa hierarquia, as microrregiões de Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Cianorte,

Astorga e Ponta Grossa possuem entre 19,64% e 29% de estabelecimentos associados. Na

maioria das microrregiões os estabelecimentos integrados perfazem menos de 10,27% do

total. Porém, cruzando os dados do tamanho dos estabelecimentos e do montante de produção

que gira nas cooperativas agropecuárias, se nota que mesmo nas regiões com menos

integrados, há a influência direta das cooperativas na captação de excedentes. Como a

agroindustrialização se ampliou muito no Paraná nos últimos vinte anos, a compra de insumos

é feita em estabelecimentos integrados e não integrados, cooperados ou não, fazendo com que

as cooperativas se tornassem grandes compradores de matérias-primas. Nesse quesito, as

cooperativas paranaenses garantem a comercialização dos excedentes agropecuários gerados

no Estado.

As indústrias que trabalham no sistema de integração cresceram significativamente

nos últimos anos. De uma forma geral, as empresas de abate e preparação de produtos da

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carne, além do setor da pecuária estadual aumentaram o número de empregados, conforme

mostra a Figura 7.

Figura 7 – Paraná: Número de empregos em setores selecionados – 1994/2010

Emprego Absoluto Participação dos setores selecionados nos macros

setores

10.95513.514

23.488

29.662

15.928

22.315

48.464

67.128

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

1994 2000 2005 2010

Pecuária Abate e preparação de produtos de carne

28,91%

25,78%

15,78%

14,30%

10,19%9,76%

6,31%5,41%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

1994 2000 2005 2010

Pecuária/Agropecuária

Abate e preparação de produtos de carne/Indústria da Transformação Fonte: Resultados da Pesquisa a partir de RAIS (2011)

Como mostra a Figura 7 o número de empregados do setor da pecuária no Paraná

aumentou de 10.955 em 1994 para 29.662, sendo que o maior aumento foi visualizado a partir

de 2000. O número de empregados do setor de abate e preparação de produtos da carne

apresentou um crescimento superior no mesmo período, passando de 15.928 para 67.128 entre

1994 e 2010 respectivamente.

Da mesma forma que o aumento no número absoluto a participação desses setores

nos macro setores correspondentes também está apresentando elevação: a participação do

número de empregados da pecuária em relação ao total de empregados da agropecuária

paranaense passou de 5,41% em 1994 para 10,19% em 2010, Já, a participação do número de

empregados do setor de abate e preparação de produtos de carne no total de empregados na

indústria de transformação do Paraná aumentou de 14,30% para 28,91% em 1994 e 2010,

respectivamente. Da mesma forma que nos valores absolutos, percebe-se que o maior

aumento deu-se após os anos 2000.

Neste contexto, é fácil visualizar que a cooperação/integração entre

produtores/indústria também beneficia as regiões ofertando empregos e gerando renda nessas

localidades. Essa é mais uma das contribuições do cooperativismo para o desenvolvimento

paranaense.

Mas como é a distribuição desses empregados entre as microrregiões paranaenses? A

Figura 8 mostra essa distribuição espacial.

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Figura 8 – Paraná: Emprego em setores selecionados, por microrregião – 1994/2010 Pecuária

1994 2010

Abate e preparação de produtos de carne

1994 2010

Fonte: Resultados da Pesquisa a partir de dados da RAIS (2011).

Percebe-se pela Figura 8 que a maioria dos empregados formais do setor da pecuária

paranaense está localizada nas regiões Noroeste, Oeste e Sudoeste do Estado. Entre 1994 e

2010 não houve modificação substancial nessa distribuição, pelo contrário, grande parte das

regiões que se destacavam em 1994 se consolidaram em 2010. Porém, algumas microrregiões

como a de Toledo, Francisco Beltrão, Pato Branco e Guarapuava ganharam destaque no final

no período.

Quando se analisa a distribuição dos empregados no setor de abate e preparação de

produtos da carne percebe-se o mesmo movimento: consolidação das microrregiões que eram

importantes em 1994 e o ganho do destaque das microrregiões de Paranavaí e Astorga, e

perca de destaque das microrregiões de Apucarana e Lapa.

Essas microrregiões que se destacam na localização do emprego dos setores de

criação e abate de produtos da carne são microrregiões que se destacam também nas cadeias

produtivas agropecuárias do Estado do Paraná. Comparando a Figura 6 com a Figura 8

percebe-se uma distribuição espacial semelhante entre os dados apresentados pelo censo

agropecuário do IBGE e os dados de emprego da RAIS.

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Considerações Finais

As cooperativas têm um papel importante no desenvolvimento rural e econômico

paranaense, seja transferindo tecnologia de ponta, seja garantindo a compra e escoamento das

safras, seja transformando os excedentes produtivos das áreas rurais gerando emprego e renda

em todo o interior do Estado. Por isso, sua importância é mais do que estratégica, pois elas

garantem a dinâmica econômica de vários municípios paranaenses.

Porém, esse papel não surgiu nos últimos anos, pois em muitas regiões as cooperativas

foram construídas num processo histórico de ocupação da fronteira agrícola e de

fortalecimento do capital social. No caso do capital social, talvez essa seja a contribuição mais

importante para o desenvolvimento regional. A construção de relações de confiança, o

fortalecimento do associativismo, o estímulo ao desenvolvimento endógeno e a criação de

uma base produtiva local capaz de competir globalmente tem caracterizado a ação de diversas

cooperativas no interior do Paraná, principalmente as agroindustriais, cujo controle das

cadeias produtivas locais se faz cada vez mais proeminente.

No caso paranaense, o desenvolvimento rural e a modernização das regiões assumiram

de um lado um caráter funcionalista, com as transformações que ocorreram da passagem de

uma agropecuária tradicional para outra em estágio mais moderno, altamente tecnificada e

cada vez mais profissionalizada. De outro, o fortalecimento das cooperativas agropecuárias

durante o processo de modernização e consolidação do agronegócio paranaense alteraram os

padrões de acumulação de capital nas economias regionais e subordinaram as propriedades

rurais ao capital industrial. Por isso, as alterações na base técnica da produção agropecuária

ocorrem primeiramente nos produtores integrados às agroindústrias ou associados às

cooperativas e na sequência se dispersam no espaço rural. Isso explica o avanço constante das

áreas rurais paranaenses nas novas tecnologias e a manutenção da produtividade na

agropecuária do Estado.

Além do controle da cadeia produtiva, o papel das cooperativas no desenvolvimento

econômico está sem dúvida relacionada ao fortalecimento do capital social e do

associativismo. A presença importante de pequenos produtores rurais no controle das

cooperativas demonstra a aprendizagem coletiva das comunidades do interior do Estado na

gestão do crescimento econômico e do desenvolvimento endógeno das regiões. O

fortalecimento do capital social, ou seja, os valores e normas informais que permitem os

indivíduos e comunidades cooperarem entre si tem sido um dos ganhos mais significativos

para o avanço das regiões que compõem o “Paraná do Agronegócio”.

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No caso da transformação agroindustrial, as cooperativas agroindustriais precisam

avançar em novos níveis de transformação, agregando mais valor na cadeia produtiva e

produzindo derivados para usos mais variados e de maior potencial de investimentos, como

nas áreas farmacêutica, biotecnologia e nutracêuticos. Ou seja, a conversão de proteína

vegetal em animal que é o “carro chefe” de muitas cadeias agroindustriais capitaneadas pelas

cooperativas é apenas a “ponta” de uma estrutura produtiva que poderá girar novos

investimentos e mudar o patamar de participação do “Paraná do Agronegócio” na economia

estadual. Isso exigirá novos investimentos na área de inovação, pesquisa e desenvolvimento, o

que é ainda inexpressivo nas cooperativas do Paraná, já que as mesmas são tomadoras e

compradoras de “pacotes tecnológicos”. Porém, como o Estado do Paraná apresenta uma

estrutura de pesquisa consolidada nas Universidades, no Laboratório de Ciência e Tecnologia

(LACTEC), no Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e nos consórcios cooperativos de

pesquisa (Coodetec), já há uma base importante para se pensar num novo patamar de

produção para os complexos agroindustriais cooperativos.

Por fim, cabe ressaltar a importância de políticas governamentais e de ações para a

garantia de linhas de crédito e custeio aos produtores rurais, melhoras na infraestrutura de

escoamento de commodities, novos investimentos no Porto de Paranaguá e a modernização da

estrutura de armazenamento da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná

(CODAPAR), espalhadas pelo interior do Estado e que servem de estrutura de apoio às

cooperativas do Estado. Sem contar as parcerias que podem ser estabelecidas entre governos,

universidades, cooperativas e representantes dos produtores rurais na melhoria da gestão das

propriedades, no fortalecimento das comunidades rurais e na diversificação dos complexos

agroindustriais.

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