controle social unidades i ii e iii 1-12-2010

Upload: paulo-vinicius

Post on 30-Oct-2015

73 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Controle Socialpara Conselheiros

  • Presidncia da Repblica

    Ministrio da Educao

    Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao

  • Controle Social para Conselheiros

    Programa Nacional de Formao Continuada a Distncia nas Aes do FNDE

    MEC / FNDE

    Braslia, 2010

    1a edio atualizada

  • Sumrio

    1. Para comeo de conversa ______________________________________________________________________ 6

    Unidade I - Os recursos financiados do Fundeb: da aplicao a prestao de contas _________________________ 9

    Unidade II O controle social no mbito das polticas pblicas para educao ____________________________35a) O controle social e atuao do CACs Fundeb ___________________________________________________36

    b) Acompanhamento e controle social do Pnate __________________________________________________65

    c) Controle social do PDDE ____________________________________________________________________87

    d) Controle social do PLi ______________________________________________________________________93

    Unidade III Conselho de Alimentao Escolar - CAE _______________________________________________111

    2. Retomando a conversa inicial _________________________________________________________________156

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    6

    Para comeo de conversaPrezado cursista,

    Neste mdulo, abordaremos o tema acompanhamento e controle social em relao s polticas pblicas educacionais. um tema importante porque trata diretamente de questes relacionadas com o exerccio da cidadania e sua atuao como conselheiro.

    Segundo a definio, controle social a participao da sociedade no acompanhamento e na verificao da execuo das polticas pblicas, avaliando objetivos, processos e resultados. Portanto, quando voc acompanha a execuo das aes e programas do governo, est efetuando o controle social.

    O Controle Social pode ser exercido diretamente pelos cidados, individualmente ou de forma organizada, ou pelos conselhos de polticas pblicas. Este controle pode ocorrer tanto no planejamento como na execuo das aes do governo.

    Com a promulgao da Constituio Federal de 1988, adotou-se no pas uma perspectiva de democracia representativa e participativa, incorporando a participao da comunidade na gesto das polticas pblicas. O governo federal, por intermdio do Ministrio da Educao e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao), vem estimulando a organizao da sociedade civil e sua participao no planejamento, acompanhamento e avaliao das polticas pblicas educacionais. Os programas do FNDE contam com estruturas que estimulam e propiciam a participao da sociedade nos mais diversos conselhos em todo Brasil.

    Voc consegue imaginar o quanto acompanhamento e controle social esto ligados participao poltica?

  • Para

    com

    eo

    de c

    onve

    rsa

    7

    Qual a vinculao existente entre controle social e os conselhos formados para acompanhar a execuo dos programas e aes pblicas? Como ocorre o controle social dos programas do FNDE?

    Qual o papel dos conselhos e quais seus principais desafios? Qual a formao e as atribuies do CAE?

    Quais as principais funes do CACS?

    Gostaramos que voc, durante a leitura e estudo deste mdulo, buscasse respostas a essas perguntas e percebesse a importncia dos conselhos como instncias responsveis pela permanente vigilncia da aplicao dos recursos pblicos.

    Bom estudo!

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    8

  • Unidade IOs Recursos financiados do Fundeb: Da aplicao a prestao de contas.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    10

    Introduo

    Nesta unidade vamos trabalhar aspectos importantes do Fundeb, que inclui elementos como: o clculo do valor por aluno/ano, os fatores de ponderao, os segmentos da educao bsica atendidos com os recursos financeiros do Fundeb e o processo de distribuio dos recursos. Nesta unidade vamos tra-balhar outros importantes aspectos do Fundeb: sua execuo de fato, identificando inclusive as aes que devem ser financiadas com recursos do Fundo, o processo de fiscalizao que ocorre des-de a formao do Fundo at sua plena execuo, e ainda detalhes da prestao de contas.

    O estudo desta unidade tem por objetivo fazer com que voc seja capaz de:

    :: diferenciar as aes a serem financiadas com os recursos fi-nanceiros do Fundo;

    :: apontar as principais etapas das despesas efetuadas com ma-nuteno e desenvolvimento da educao bsica pblica;

    :: identificar os responsveis pela execuo do Fundeb, suas competncias e as etapas deste processo;

    :: identificar os responsveis pela fiscalizao da execuo dos recursos financeiros do Fundeb e suas competncias;

    :: entender como e por que necessrio prestar contas dos re-cursos financeiros recebidos conta do Fundeb;

    :: conhecer o processo de prestao de contas do Fundeb;

    :: entender o fluxo de execuo do Fundeb;

    Antes de apresentarmos detalhes da aplicao dos recursos fi-nanceiros do Fundeb, importante lembrar que;

    a) o Fundeb um fundo especial, de natureza contbil, de m-bito estadual, e formado pelas contribuies que devero ser feitas pelos Estados, Distrito Federal e Municpios e tam-bm por recursos provenientes da Unio;

    b) este Fundo formado por receitas especficas, possui objeti-vos determinados e normas prprias para aplicao de seus recursos;

    c) o compromisso do Fundeb garantir a melhoria da qualidade do ensino na educao bsica e promover a incluso scio-educacional de centenas de milhares de alunos, nos quatro cantos do Brasil;

    d) a distribuio dos recursos leva em conta elementos como: critrios definidos na legislao especfica do Fundo, os de-zenove segmentos da educao bsica, os fatores de pon-derao, os dados do Censo Escolar, os valores por aluno/ ano nacional e por Estado, dentre outros;

    e) para receber os recursos do Fundeb, os entes federados no precisam de qualquer tipo de solicitao, nem elaborar plano de trabalho ou celebrar convnio, pois os recursos dos Fundos so repassados automaticamente para contas nicas e especficas dos Governos Estaduais, do Distrito Federal e dos Municpios;

    f) sua execuo possvel pela atuao de uma rede de parce-ria muito ampla, formada pelo MEC e seus rgos (FNDE e INEP) pelo Ministrio Pblico (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal), pelos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal e Municpios, pelo Tribunal de Contas da Unio e a Controladoria-Geral da Unio, pelo Ministrio da Fazenda/ Secretaria do Tesouro Nacional, pelo Ministrio do Planeja-mento, pelas instituies bancrias (Banco do Brasil e Caixa Econmica Federal), e ainda pelo Conselho de Acompanha-mento e Controle Social do Fundeb.

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    11

    1. A execuo do Fundeb

    Os recursos do Fundeb destinam-se ao financiamento de aes de manuteno e desenvolvimento da educao bsica, independentemente da modalidade em que o ensino oferecido (regular, especial ou de jovens e adultos), da sua durao (tempo integral ou tempo parcial), da idade dos alunos (crianas, jovens ou adultos), do turno de atendimento (matutino e/ou vespertino ou noturno) e da localizao da escola (zona urbana, zona rural, rea indgena ou quilombola).

    Mas, o que significa aes de manuteno e desenvolvimento do ensino MDE?

    So todas as despesas realizadas que visam alcanar os objetivos bsicos da educao nacional: educao de qualidade para todos!

    Mas, qualquer ao relacionada educao pode ser financiada com estes recursos?

    Se voc respondeu no a esta pergunta, acertou. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996) estabelece claramente, em seus artigos 70 e 71, tanto as aes consideradas como de manuteno e desenvolvimento do ensino, que podem ser financiadas com recursos do Fundeb, quanto as aes que no so de manuteno e desenvolvimento do ensino, que, logicamente, no podem ser financiadas com estes recursos.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    12

    Aes financiveis Aes no financiveis

    I - remunerao e aperfeioamento do pessoal docente e demais profissionais da educao;

    I - pesquisa, quando no vinculada s instituies de ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que no vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou sua expanso, como por exemplo: pesquisas poltico/eleitorais ou destinadas a medir a popularidade dos governantes, ou ainda, de integrantes da administrao e pesquisa com finalidade promocional ou de publicidade da administrao ou de seus integrantes;

    II - aquisio, manuteno, construo e conservao de instalaes e equipamentos necessrios ao ensino;

    II - subveno a instituies pblicas ou privadas de carter assistencial, desportivo ou cultural. Pode-se citar como exemplo recursos para distribuio de cestas bsicas, financiamento de clubes ou campeonatos esportivos, manuteno de festividades tpicas/ folclricas do Municpio;

    III uso e manuteno de bens e servios vinculados ao ensino;

    III - formao de quadros especiais para a administrao pblica, militares ou civis, inclusive diplomticos que no atuem nem executem atividades voltadas diretamente para o ensino;

    IV - levantamentos estatsticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e expanso do ensino;

    IV - programas suplementares de alimentao, assistncia mdico- odontolgica, armacutica e psicolgica, programas assistenciais aos alunos e seus familiares e outras formas de assistncia social

    V - realizao de atividades necessrias ao funcionamento dos sistemas de ensino;

    V - obras de infra-estrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar, como: calamento de ruas, rede de esgoto, iluminao pblica, pontes, viadutos ou melhoria de vias etc;

    VI - amortizao e custeio de operaes de crdito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educao, quando em desvio de funo

    ou em atividade alheia manuteno e desenvolvimento do ensino ou em funes comissionadas em outras reas de atuao no dedicadas educao.

    VII - aquisio de material didtico-escolar e manuteo de programas de transporte escolar.

    Quadro n 1 - Aes financiveis e no financiveis com os recursos do Fundeb.

    De modo geral, para ficar mais claro, os recursos do Fundo no podem ser aplicados pelos Estados, DF e Municpios em:

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    13

    :: aes do ensino superior;

    :: educao oferecida por instituies de ensino de natureza privada que no atendam alunos da educao especial, de creches e pr-escola, e no sejam comunitrias, confessionais ou filantrpicas, sem fins lucrativos e conveniadas com o poder pblico;

    :: etapas da educao bsica de responsabilidade de outro ente governamental;

    :: despesas de outros exerccios, ainda que relacionadas manuteno e ao desenvolvimento da educao bsica;

    :: aes no caracterizadas como de manuteno e desenvolvimento da educao bsica.

    Ainda em relao aos recursos do Fundeb, os mesmos no podero ser utilizados:

    como garantia ou contrapartida de operaes de crdito, internas ou externas, contradas pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios que no se destinem ao financiamento de projetos, aes ou programas considerados como ao de manuteno e desenvolvimento do ensino para a educao bsica.Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007, art. 23, inciso II.

    :: a remunerao dos profissionais do magistrio da educao bsica pblica;

    :: despesas de manuteno e desenvolvimento da educao bsica.

    Agora, vamos ver detalhadamente cada uma destas aes.

    1.1 Recursos duo Fundeb: a remunerao dos profissionais do magistrio

    Os recursos do Fundeb devem ser empregados exclusivamente em aes de manuteno e desenvolvimento da educao bsica pblica, particularmente na valorizao do magistrio, conforme determinao legal:

    Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos anuais totais dos Fundos sero destinados ao pagamento da remunerao dos profissionais do magistrio da educao bsica em efetivo exerccio na rede pblica.

    Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007, art. 23, inciso II.

    Voc percebeu que no artigo 23, citado acima, ropositadamente foram grifadas trs ideias muito importantes: remunerao, profissionais do magistrio e efetivo exerccio.

    Por remunerao devemos entender o total de pagamentos (salrio, encargos sociais incidentes e gratificaes como: tempo de servio, titulao, dentre outras, previstas na lei de cargos e

    E, afinal, quais so as aes financiveis?O que estes conceitos significam?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    14

    salrios) devidos aos profissionais do magistrio da educao, integrantes do quadro de servidores do Estado, Distrito Federal ou Municpio. J os profissionais do magistrio da educao so os professores e profissionais que oferecem suporte pedaggico e/ou assessoramento pedaggico direto ao exerccio da docncia: direo ou administrao escolar, planejamento, inspeo, superviso, orientao educacional e coordenao pedaggica. Quanto ao termo efetivo exerccio, devemos compreender a atuao efetiva no desempenho das atividades de magistrio na educao bsica, com vnculo contratual em carter permanente ou temporrio com o estado, DF ou municpio, regido tanto por regime jurdico especfico do ente governamental contratante quanto pela Consolidao das Leis do Trabalho CLT.

    A parcela de recursos financeiros do Fundo no pode ser destinada ao pagamento de profissionais:

    a ) integrantes do quadro de magistrio do ensino superior ou

    de etapas da educao bsica de responsabilidade de outro ente governamental ou do setor privado (mesmo que de instituio comunitria, confessional ou filantrpica conveniada com o poder pblico);

    b) inativos, mesmo que egressos da educao bsica pblica;

    c) pessoal da educao que no seja integrante do grupo de profissionais do magistrio, como profissionais que atuam na assistncia social, mdico-odontolgica, farmacutica e psicolgica;

    Para responder a esta pergunta vamos apresentar trs casos especficos:

    1 Caso: profissionais do magistrio dos Municpios e do Distrito Federal cedidos para instituies comunitrias, confessionais ou filantrpicas, sem fins lucrativos e conveniadas com o Municpio onde se localiza, para atuao no segmento das creches e da educao especial (infantil e fundamental) e nos quatro primeiros anos do Fundo, tambm na educao pr-escolar, sero considerados, no mbito do respectivo municpio, como em efetivo exerccio do magistrio, para fins de remunerao com a parcela mnima dos 60% do Fundeb.

    2 Caso: profissionais do magistrio dos Estados cedidos para instituies comunitrias, confessionais ou filantrpicas, sem fins lucrativos e conveniadas com o Governo Estadual, para atuao na educao especial (fundamental e mdio), sero considerados, no mbito do respectivo Governo Estadual, como em efetivo exerccio do magistrio, para fins de remunerao com a parcela mnima dos 60% do Fundeb.

    Ateno! Exclusivamente os profissionais do magistrio, em efetivo exerccio na rede pblica, podem ter suas remuneraes pagas com a parcela mnima de 60% do Fundeb.

    Que tipo de profissional da educao no pode ter sua remunerao paga com recursos do Fundeb?

    E os profissionais de educao que se encontram em situaes especiais podem ter sua remunerao paga com os recursos do Fundeb?

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    15

    :: encargos sociais (Previdncia e FGTS) devidos pelo empregador, correspondentes remunerao paga na forma dos itens anteriores, observada a legislao federal, estadual e municipal sobre a matria.

    No deve compor a remunerao, para fins de cumprimento da aplicao mnima de 60% do Fundeb, as despesas realizadas a ttulo de:

    :: auxlio-transporte ou apoio equivalente, destinado a assegurar o deslocamento do profissional de ida e volta para o trabalho;

    :: auxlio-alimentao ou apoio equivalente;

    :: apoio financeiro para aquisio de vesturio utilizado no trabalho ou benefcio equivalente;

    :: assistncia social, mdica, psicolgica, farmacutica, odontolgica oferecida diretamente pelo empregador ou mediante contratao de servios oferecidos por entidades especializadas, sob a forma de planos de sade ou assemelhados, em suas variadas modalidades e formas de pagamento e cobertura;

    :: previdncia complementar;

    :: PIS/Pasep;

    :: servios de terceiros, ainda que contratados para substituio de profissionais do magistrio.

    3 Caso: professores terceirizados (vinculados a cooperativas ou outras entidades) que eventualmente estejam atuando sem vnculo contratual direto (permanente ou temporrio) com o Estado, Distrito Federal ou municpio a que prestam servios no podero ser remunerados com a parcela de recursos vinculada remunerao do magistrio, pois esses recursos no se destinam ao pagamento de servios de terceiros, cuja contratao se d por meio de processo licitatrio prprio. Ressalta-se que o ingresso na carreira de magistrio deve dar-se por meio de concurso pblico de provas e ttulos, conforme estabelecem a Constituio Federal (art. 37, II) e a LDB (art. 67, I).

    De modo geral, os itens que compem esta remunerao, para fins da aplicao do mnimo de 60% do Fundo, incluem:

    :: salrio ou vencimento;

    :: 13 salrio, inclusive 13 salrio proporcional;

    :: 1/3 de adicional de frias;

    :: frias vencidas, proporcionais ou antecipadas;

    :: gratificaes inerentes ao exerccio de atividades ou funes

    de magistrio, inclusive gratificaes ou retribuies pelo

    exerccio de cargos ou funes de direo ou chefia;

    :: horas extras, aviso prvio, abono;

    :: salrio famlia, quando as despesas correspondentes recarem sobre o empregador;

    Mas, o que de fato pode ser considerado pagamento de remunerao dos profissionais do magistrio da educao bsica, em efetivo exerccio?

    E, afinal, quais as despesas relacionadas aos recursos ou vantagens recebidas pelos profissionais da educao no podem ser custeadas com os recursos do Fundeb?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    16

    I - Remunerao e aperfeioamento do pessoal docente e dos profissionais da educao, contemplando:

    a) Remunerao e capacitao, sob formao continuada de

    trabalhadores da educao bsica, com ou sem cargo de direo e chefia, incluindo os profissionais do magistrio e outros servidores que atuam na realizao de servios de apoio tcnico-administrativo e operacional, nestes esto includa a manuteno de ambientes e instituies do respectivo sistema de ensino bsico.

    b) Remunerao do(a) secretrio(a) de Educao do respectivo ente governamental (ou dirigente de rgo equivalente) apenas se a atuao deste dirigente se limitar educao, e, no segmento da educao bsica que compete ao ente governamental oferecer prioritariamente, na forma do art. 211, 2 e 3 da Constituio Federal.

    c) Formao inicial e/ou continuada de professores da educao bsica, sendo:

    Formao Inicial: relacionada habilitao para o exerccio profissional da docncia, de conformidade com o disposto no art. 62 da LDB, que estabelece, para os docentes da educao bsica, exigncia de formao em nvel superior (licenciatura plena, na rea exigida), mas admite como formao mnima a de nvel mdio, modalidade normal, para o exerccio da docncia na educao infantil e nas sries iniciais do ensino fundamental. Nesta etapa de formao, devem ser includas as aes para a habilitao de professores leigos; de conformidade com a poltica, planos, diretrizes e critrios definidos no mbito dos respectivos poderes pblicos estaduais e municipais.

    Formao Continuada: voltada para a atualizao, expanso, sistematizao e/ou aprofundamento dos conhecimentos, na perspectiva do aperfeioamento profissional que, de forma contnua, deve ser promovido pelos estados, DF e municpios, mediante programas com esse objetivo, assegurados nos respectivos Planos de Carreira e Remunerao do Magistrio.

    Cumprida a exigncia mnima relacionada garantia de 60% para remunerao do magistrio, os recursos restantes (de at 40% do total) devem ser utilizados para despesas diversas consideradas como de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE.

    Voc deve estar se perguntando:

    Vamos responder a estas perguntas no prximo item.

    1.1.2 Recursos do Fundeb: financiamento de outras despesas de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE

    Os investimentos em despesas de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE devem ser realizadas para todos os nveisda educao bsica, na forma prevista no artigo 70 da Lei n. 9.394/96 (LDB), observado o seguinte critrio:

    :: Estados: despesas com MDE no mbito dos ensinos fundamental e mdio;

    :: Distrito Federal: despesas com MDE no mbito da educao infantil e dos ensinos fundamental e mdio;

    :: Municpios: despesas com MDE no mbito da educao infantil e do ensino fundamental.

    O conjunto de despesas com MDE no qual essa parcela de 40% do Fundeb deve ser aplicada compreende:

    Quais os critrios para a utilizao deste recurso?

    Quais so as despesas consideradas como Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE?

    Auxiliar de servios gerais (manuteno,

    limpeza, seguran-a, preparao

    da merenda etc), auxiliar de administrao

    (servios de apoio administra-

    tivo), secretrio escolar, dentre outros, lotados e em exerccio nas escolas ou rgo/unidade

    administrativa da educao b sica

    pblica.

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    17

    III - Uso e manuteno de bens vinculados ao sistema de ensino:

    a) aluguel de imveis e equipamentos;

    b) manuteno de bens e equipamentos (mo de obra especializada, materiais e peas de reposio diversas, lubrificantes, combustveis, reparos etc);

    c) conservao das instalaes fsicas utilizadas na educao bsica (reparos, limpeza etc);

    d) despesas com servios de energia eltrica, gua e esgoto, servios de comunicao e informtica etc.

    IV - Levantamentos estatsticos, estudos e pesquisas visando ao aprimoramento da qualidade e expanso do ensino:

    a) levantamentos estatsticos (relacionados ao sistema de ensino) objetivando o aprimoramento da qualidade e a expanso da educao bsica;

    b) organizao de banco de dados, realizao de estudos e pesquisas que visem elaborao de programas, planos e projetos voltados educao bsica.

    V - Realizao de atividades necessrias ao funcionamento do ensino:

    Despesas inerentes ao custeio das diversas atividades relacionadas ao adequado funcionamento dos estabelecimentos de ensino da educao bsica, das quais pode-se destacar:

    a) servios diversos (vigilncia, limpeza e conservao, entre outros);

    b) aquisio do material de consumo utilizado nas escolas e demais rgos do sistema (papel, lpis, canetas, grampos, colas, fitas adesivas, gizes, cartolinas, gua, produtos de higiene e limpeza, tintas etc).

    Em relao a estes cursos, por se tratar de cursos livres, o MEC no realiza o credenciamento de instituies que os oferecem. No entanto, torna-se necessria a verificao sobre eventuais exigncias relacionadas ao funcionamento dessas instituies junto aos Conselhos Estaduais ou Municipais de Educao. Mas, independentemente de eventuais exigncias nesse sentido, importante atentar para os aspectos da qualidade e da reconhecida capacidade tcnica das pessoas (fsica ou jurdica) contratadas para a prestao desses servios.

    II - Aquisio, manuteno, construo e conservao de instalaes e equipamentos necessrios ao ensino:

    a) aquisio de imveis j construdos ou de terrenos para construo de prdios destinados a escolas ou rgos do sistema de ensino bsico;

    b) ampliao, concluso e construo de prdios, poos, muros e quadras de esportes nas escolas e outras instalaes fsicas de uso exclusivo da educao bsica;

    c) aquisio de mobilirio e equipamentos voltados para o atendimento exclusivo das necessidades da educao bsica pblica (carteiras, cadeiras, mesas, armrios, mimegrafos, retroprojetores, computadores e perifricos, televisores, antenas etc);

    d) manuteno dos equipamentos existentes (mquinas, mveis, equipamentos eletro-eletrnicos etc), inclusive com aquisio de produtos/servios necessrios ao seu funcionamento (tintas, graxas, leos, combustveis, energia eltrica, assistncia tcnica, servios eltricos, mecnicos, hidrulicos, reparos, reformas, reposio de peas, revises etc);

    e) reforma total ou parcial de instalaes fsicas (rede eltrica, hidrulica, estrutura interna, pintura, cobertura, pisos, muros, grades etc) das instituies de ensino da educao bsica.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    18

    combustveis, leos lubrificantes, consertos, revises, reposio de peas, servios mecnicos etc;

    d) locao de veculos para o transporte de alunos da zona rural, desde que essa soluo se mostre mais econmica e o(s) veculo(s) a ser(em) locado(s) rena(m) as condies necessrias a esse tipo de transporte, de forma idntica s exigncias a serem observadas em relao aos veculos prprios. Aps termos detalhado cada uma das aes consideradas de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE, precisamos que voc pense sobre uma importante questo:

    As compras, aquisies ou contratao de servios, realizadas com recursos pblicos devem seguir os dispostos da Lei n. 8.666/93 e suas alteraes e ocorrer por meio de um processo licitatrio legal, pois:

    VI - Amortizao e custeio de operaes de crdito destinadas a atender ao disposto nos itens acima:

    Quitao de emprstimos (principal e encargos) destinados a investimentos em educao bsica pblica (financiamento para construo de escola do ensino fundamental, por exemplo).

    VII - Aquisio de material didtico-escolar e manuteno de transporte escolar:

    a) aquisio de materiais didtico-escolares diversos destinados a apoiar o trabalho pedaggico na escola (material desportivo utilizado nas aulas de educao fsica; acervo da biblioteca da escola, como livros, atlas, dicionrios, peridicos; lpis; borrachas; canetas; cadernos; cartolinas; colas etc);

    b) aquisio de veculos escolares apropriados ao transporte de alunos na zona rural devidamente equipados e identificados como de uso especfico nesse tipo de transporte, em observncia ao disposto no Cdigo Nacional de Trnsito (Lei n. 9.503, de 23.09.97). Os tipos de veculos destinados ao transporte de alunos, desde que apropriados ao transporte de pessoas, devem se encontrar licenciados pelos competentes rgos encarregados da fiscalizao e dispor de todos os equipamentos obrigatrios, principalmente no que tange aos itens de segurana. Podem ser adotados tipos, modelos e marcas diferenciadas de veculos, em funo da quantidade de pessoas a serem transportadas, das condies das vias de trfego, dentre outras, podendo, inclusive, ser adotados veculos de transporte hidrovirio. O municpio pode, inclusive, utilizar-se dos recursos do Fundeb para bancar a sua contrapartida na aquisio de veculos financiados pelo programa Caminhos da Escola;

    c) manuteno de veculos utilizados no transporte escolar, garantindo-se tanto o pagamento da remunerao do(s) motorista(s) quanto dos produtos e servios necessrios ao funcionamento e conservao desses veculos, como

    Como devem ser efetuadas as despesas e aquisies no mbito das aes de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE?

    A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administrao e ser processada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhes so correlatos. Lei 8666/93, Art. 3.

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    19

    No caso especfico das despesas de financiamento da Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE (parcela de at 40% dos recursos do Fundeb) fundamental observar que toda e qualquer licitao deve ser realizada com eficincia, eficcia e agilidade.

    Para que voc compreenda claramente os fundamentos legais para as aquisies no mbito do poder pblico, observe os principais conceitos sobre o tema apresentados no quadro abaixo:

    Fundamentos Conceito legal

    Isonomia Princpio que resguarda o direito de todos poderem participar da licitao, em iguais condies.

    Legalidade Todos os atos da Administrao tm que estar em conformidade com a Lei (princpios legais).

    Impessoalidade Os atos da Administrao devem propiciar o bem comum da coletividade e no de indivduos, ou seja, resguardar o interesse pblico e evitar favoritismos e privilgios.

    Moralidade Diretriz a ser seguida, que prima pela honestidade, evitando conluios, acordos escusos, etc. A CF considera as hipteses de imoralidade = improbidade como crime, portanto, ato ilegal e est sujeito ao controle judicial.

    IgualdadeNo pode haver regras que impeam o acesso ao certame, de todos os interessados; Os licitantes devem sertratados igualmente, em termos de direitos e obrigaes.

    Publicidade a divulgao oficial do ato da Administrao para a cincia do pblico em geral. Os atos devem ser amplamente

    divulgados, para garantir, inclusive, a transparncia da atuao administrativa. No havendo publicidade o ato ter seus efeitos anulados.

    Probidade Administrativa

    Agir com retido no trato da coisa pblica, sob pena de incorrer na perda da funo pblica, suspenso dos direitos polticos, indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio, sem prejuzo da ao penal cabvel.

    Eficincia Competncia para se produzir resultados com dispndio mnimo de recursos e esforos. Representa uma medida segundo a qual os recursos so convertidos em resultados de forma mais econmica.

    Eficcia A eficcia mede a relao entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos, ou seja, ser eficaz conseguir atingir um dado objetivo. A eficcia de toda atividade administrativa est condicionada ao atendimento da lei.

    Agilidade Maior dinmica (rapidez) na aquisio de mercadorias e servios pela administrao pblica, minimizando custos.

    Efetividade Diz respeito capacidade de se promover resultados pretendidos.

    Quadro n 2 - Fundamentos constitucionais para compras, aquisies ou contratao de servios pela Administrao Pblica

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    20

    Nome Modalidade Valor estimado da contratao (limites) (*)

    Convite

    :: realizada entre empresas que fornecem os produtos ou servios, objeto da licitao;

    :: as empresas que participaro do processo licitatrio podem estar cadastradas ou no junto a Unidade Administrativa, basta manifestar interesse;

    :: o nmero de convidados no mnimo de 3 (trs);

    :: a unidade administrativa afixar, em local apropriado, com antecedncia de at 24 horas (vinte e quatro horas) a cpia do instrumento convocatrio;

    :: no necessrio publicar nem em jornais, nem em imprensa oficial.

    At R$ 80.000,00

    Tomada de preos

    :: corre entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condies exigidas para cadastramento at o terceiro dia anterior data do recebimento das propostas, observada a necessria qualificao;

    :: a divulgao se d por meio de jornal de circulao local, imprensa oficial e o prazo de 15 dias.

    At R$ 650.000,00

    Concorrncia

    :: realizada entre quaisquer interessados que, na fase de habilitao preliminar, comprovem possuir os requisitos mnimos de qualificao exigidos no edital para execuo de seu objeto;

    :: obrigatria a divulgao do Extrato do Instrumento Convocatrio (edital) em jornal de grande circulao, bem como na imprensa oficial (da Unio ou do Estado) com antecedncia mnima de 30 dias da data de abertura do certame.

    Acima de R$ 650.000,00

    Quadro n. 3 - Modalidades de Licitao.

    Com o objetivo de efetuar a licitao dentro das normas legais o rgo responsvel pelas aquisies e contrataes no mbito do Fundo dever optar por uma das trs modalidades de licitao, de acordo com o artigo 22 da Lei 8.666/93, ou seja:

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    21

    O Prego uma nova modalidade de licitao, implementada pelo Governo Federal, que pode ser utilizada com qualquer montante de recursos financeiros, e que, por sua vez, foi regulamentada pela seguinte legislao:

    a) Decreto n. 3.555, de 08/08/00: aprova o regulamento para a licitao na modalidade prego.

    b) Lei n. 10.520, de 17/07/02: institui no mbito da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituio Federal, o prego como modalidade

    de licitao.

    c) Decreto n. 5.450, de 31/05/05: regulamenta o prego, na forma eletrnica, para aquisio de bens e servios comuns.

    d) Decreto n. 5.504, de 05/08/05: estabelece a exigncia de utilizao do prego, preferencialmente na forma eletrnica,

    para entes pblicos e privados, nas contrataes de bens e servios comuns, realizadas em decorrncia de transferncias voluntrias de recursos pblicos da Unio, decorrentes de convnios ou instrumentos congneres ou consrcios pblicos.

    Sobre o Prego necessrio esclarecer que existem dois tipos: o Presencial e o Eletrnico, ambos possuem legislao prpria: o Presencial regulamentado pelo Decreto 3.555/00, enquanto que Eletrnico, implementado pelo Governo Federal, possui uma legislao especfica (Decreto n. 5.450, de 31/05/05) que prev, em seu artigo 2:

    Ainda, para os preges, inclusive o eletrnico, esta mesma legislao determina que:

    :: sejam condicionados aos fundamentos bsicos da Administrao Pblica, j citados anteriormente;

    :: estejam fundamentados em um Termo de Referncia e/ou Projeto Bsico;

    :: ocorram em relao a qualquer montante de recursos financeiros;

    :: seus meios de divulgao, observados os valores estimados para contratao, sejam os seguintes: Dirio Oficial da Unio, meio eletrnico (Internet), jornal de grande circulao regional ou nacional;

    :: fundamentem-se em um edital que contenha a definio do objeto, o endereo eletrnico onde ocorrer a sesso pblica, a data e hora de sua realizao.

    No mbito do Fundeb, podem ser utilizados tanto o Prego Presencial como o Prego Eletrnico, e os responsveis pela execuo dos recursos do Fundo, podero utilizar os Portais Compras Net, Banco do Brasil, Caixa Econmica ou outros do prprio Estado da Federao.

    Voc j ouviu falar em Prego? Sabe os tipos de preges que existem e se eles podem ser utilizados para as compras e aquisies do Fundeb?

    O prego, na forma eletrnica, como modalidade de licitao do tipo menor preo, realizar-se- quando a disputa pelo fornecimento de bens ou servios comuns for feita distncia em sesso pblica, por meio de sistema que promova a comunicao pela internet.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    22

    So eles:

    a) Projeto Bsico ou Termo de Referncia elaborado: que ser o condutor das regras para se efetuar a compra.

    b) Edital de Licitao elaborado em conformidade com o projeto bsico: dever conter informaes claras e concisas sobre o qu, como e para qu se pretende realizar uma determinada compra.

    c) O montante de recursos financeiros disponveis para a realizao da compra;

    d) Definio da modalidade a ser aplicada para se efetuar a compra: a mesma dever ser definida com base no volume total de recursos (Convite; Tomada de preos; Concorrncia; Prego Presencial ou Eletrnico).

    So necessrias ainda:

    :: observao da exigncia de que as aquisies sejam realizadas no mbito da Administrao Pblica com eficincia, eficcia e agilidade, buscando meios de se preservar de maus fornecedores e de realizar as compras de forma menos onerosa;

    :: assinatura de um contrato que estabelece as obrigaes das partes: comprador e fornecedor.

    O SRP a modalidade de compra considerada mais recomendvel para as aquisies dos produtos ou servios necessrios para a Manuteno e Desenvolvimento do Ensino MDE por vrias razes, dentre as quais:

    a) permite a realizao de licitao nica, em que se registraro os preos de vrios tipos de produtos para atender a mesma necessidade, garantindo o preo para at 12 meses, conforme a Ata de Registro de Preos, eliminando assim, os custos da burocracia e os desgastes provenientes de grande quantidade de licitaes;

    b) prev a formulao de proposta sobre a qualidade e o preo unitrio do(s) produto(s), dentro dos limites mnimos e mximos estabelecidos pelo fornecedor e a no obrigatoriedade de contratao por parte da Administrao Pblica;

    c) admite a aquisio em conformidade com o quantitativo ena ocasio em que for de interesse da Administrao, respeitando os preos de mercado e, ainda, por mais de uma vez, desde que observados os limites estabelecidos no ato convocatrio de quantidade do produto estabelecido para aquele fornecedor;

    d) maior agilidade na contratao e otimizao dos gastos, uma vez que a realizao do SRP independe da liberao dos recursos oramentrios.

    E quais os elementos que fundamentam essas aquisies?

    Voc j ouviu falar do Sistema de Registro de Preos (SRP)?

    Sabe como este sistema de compras pode ser utilizado nos processos de aquisies no mbito do Fundeb?

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    23

    So duas: o Recebimento e a Liquidao da despesa e pagamento.

    a) Recebimento: nessa etapa, os fornecedores devem realizar a entrega dos produtos adquiridos e/ou servios contratados, conforme estabelecido no Contrato, os mesmos recebidos formalmente, por um servidor ou uma comisso, que dever atestar as respectivas notas fiscais a serem encaminhadas ao setor responsvel para a efetivao do pagamento.

    Concluda essa etapa, falta verificar ainda como se procede para realizar os pagamentos, o que, na linguagem contbil, chamamos de liquidao da despesa.

    b) Liquidao da despesa e pagamento: ocorre aps o cumprimento total do que foi contratado e, portanto, deve ser feita somente aps o fornecedor ter concludo todas as obrigaes previstas no Edital de Licitao e no Contrato. Efetuados os devidos pagamentos, que podem ser feitos por ordem bancria ou cheque nominativo ao credor, encerrase a etapa da compra.

    Agora mais uma questo surge:

    De acordo com o art. 8, 1, 3 e 4, da Lei n. 11.494/2007, os repasses de recursos do Fundeb a essas instituies, conta desses convnios, devero originar-se da parcela de MDE (at 40% do Fundo), exceto nas situaes especiais, quando o convnio com essas instituies se referir cesso de profissionais docentes dos quadros oficiais.

    Aps a licitao, quais as outras etapasdas aquisies?

    Qual a origem dos recursos a serem repassados s instituies comunitrias, confessionais ou filantrpicas que mantm convnios com os governos estaduais, distrital e municipais?

    A apresentao dessas informaes sobre o processo de aquisies de produtos e contrataes de servios, no mbito das despesas de manuteno e desenvolvimento da educao bsica pblica, tem por objetivo permitir que voc tenha condies de acompanhar como os gestores do Fundeb executam o

    Fundo em seu Estado ou Municpio.

    Fique atento! A correta aplicao dos recursos do Fundeb no isenta o Municpio da obrigao de aplicar nas etapas da educao bsica, que lhe cabe oferecer (educao infantil e ensino fundamental), a parcela de 5% incidente sobre as mesmas transferncias constitucionais que compe o Fundo, mas que ficou fora dele e a parcela de 25% das receitas dos demais impostos e transferncias (que no entram na composio do Fundeb).

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    24

    1.2. A aplicao dos recursos Agora que j sabemos quais so as aes financiadas pelos

    recursos financeiros do Fundeb, precisamos dar uma olhada em alguns detalhes de sua execuo.

    1.2.1. A responsabilidade no processo de execuo

    A gesto dos recursos do Fundo (programao, aplicao financeira, movimentao bancria, pagamentos etc) de responsabilidade do chefe do Poder Executivo e da autoridade responsvel pela Secretaria de Educao ou rgo equivalente nos Estados, Distrito Federal e Municpios, na forma do disposto no art. 69, 5, da Lei n. 9.394/96 e art. 17, 7, da Lei 11.494/2007. Ela deveser realizada utilizando-se a conta especfica do Fundo, mantida no Banco do Brasil ou Caixa Econmica Federal, onde os recursos devem ser movimentados.

    O pagamento das despesas do Fundo, pelos Estados, Distrito Federal e Municpios, deve ser efetuado por meio de documento que identifique o credor, como por exemplo:

    :: cheque nominal, em favor do credor, a dbito da respectiva conta especfica do Fundeb no Banco do Brasil ou na Caixa Econmica Federal;

    :: ordem bancria ou documento equivalente;

    :: transferncia do valor financeiro correspondente para a instituio bancria eleita a realizar o pagamento, na data de sua efetivao, levando-se em considerao o prazo necessrio compensao do valor da transferncia entre as instituies bancrias envolvidas.

    A realizao de pagamento de despesas a serem cobertas com recursos do Fundeb junto a outra instituio bancria, distinta daquela onde a conta especfica do Fundo mantida, dever ser realizada mediante documento bancrio de transferncia do valor correspondente para a instituio eleita para o respectivo pagamento por ocasio de sua realizao, considerando-se a antecedncia mnima necessria para que os recursos estejam disponveisna instituio bancria do pagamento na data programada para sua efetivao.

    Quem administra o dinheiro do Fundeb?

    Quem o responsvel pela movimentao ou Execuo dos recursos do Fundeb?

    E como fica a realizao de pagamentos de despesas, no mbito do Fundeb, a serem efetuadas em outros bancos?

    Como deve ser feita a movimentao bancria ou execuo dos recursos do Fundeb?

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    25

    Os recursos do Fundo, creditados nas contas bancrias especficas, cuja previso de efetiva utilizao seja programada para ter incio em perodo superior a quinze dias, devero ser aplicados pelos responsveis pela movimentao da conta, em operaes financeiras de curto prazo ou de mercado aberto, lastreadas em ttulos da dvida pblica, junto instituio bancria de movimentao da conta, com o objetivo de assegurar a manuteno do poder de compra do valor financeiro repassado.

    Os rendimentos resultantes das aplicaes financeiras eventualmente realizadas devem ser utilizados pelo Estado, DF e Municpio adotando-se os mesmos procedimentos, critrios e destinao estabelecidos para o valor principal dos recursos do Fundo. Os lanamentos bancrios e contbeis devero registrar esses ganhos financeiros e sua destinao de forma transparente e favorvel ao acompanhamento pelo Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo e pelos rgos de fiscalizao e controle, interno e externo.

    Agora vamos trabalhar outro assunto muito importante: a questo da fiscalizao da aplicao dos recursos do Fundo.

    1.2.2. O processo de fiscalizaoSabemos que os recursos do Fundeb devem ser investidos

    integralmente na educao bsica e a fiscalizao em relao a esta aplicao de responsabilidade dos seguintes agentes fiscalizadores: os Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicpios, o Ministrio Pblico, o Tribunal de Contas da Unio e a Controladoria-Geral da Unio.

    Estes tribunais so responsveis pela fiscalizao dos recursos do Fundeb, desde a composio do fundo, a aplicao dos mesmos e verificao da prestao de contas. Na realizao desse trabalho, os tribunais editam instrues relacionadas forma, frequncia e aos meios utilizados para apresentao das prestaes de contas. Os Estados, o Distrito Federal e Municpios devem observar as orientaes emanadas dos tribunais nesse sentido.

    importante lembrar que cabe aos Tribunais de Contas examinar, julgar e propor aprovao, ou no, das contas dos administradores estaduais e municipais sobre o Fundo e aplicar penalidades, na hiptese de irregularidades.

    O Ministrio Pblico, no exerccio da relevante atribuio de zelar pelo cumprimento da lei, atua na garantia da promoo da educao bsica pblica, gratuita e de qualidade, em cumprimento as determinaes constitucionais. Em relao ao Fundeb, o Ministrio Pblico Federal e/ou Estadual toma providncias junto ao Poder Judicirio, quando necessrias, em face de irregularidades detectadas e apontadas pelos

    Quais so as responsabilidades do Tribunal de Contas dos Estados, Distrito Federal e Municpios em relao ao processo de fiscalizao do Fundeb?

    Os recursos do Fundeb podem ser aplicados no mercado financeiro?

    Quais so as responsabilidades do Ministrio Pblico?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    26

    Conselhos e/ou Tribunais de Con-tas, ou mesmo provenientes de denncias dos cidados comuns, dentre outras origens.

    Nos Estados onde h recursos federais compondo o Fundo, ou seja, a complementao da Unio, o Tribunal de Contas da Unio e a Controladoria-Geral da Unio tambm atuam nessa fiscalizao. Essas instncias de controle tm o poder de examinar e aplicar penalidades, na hiptese de irregularidades.

    Assim, o trabalho realizado pelo Ministrio Pblico, pelosTribunais de Contas, e pela Controladoria-Geral da Unio, dadas as especificidades das atribuies e responsabilidades de cada um desses rgos, contribuem para o alcance do objetivo comum, que o de assegurar o efetivo cumprimento da Lei do Fundeb em benefcio de todos os alunos que esto matriculados na educao bsica.

    Na prxima unidade trataremos da atuao da sociedade civilno processo de fiscalizao e controle dos investimentos realizados com os recursos do Fundeb. Aguarde...

    1.3. A prestao de contas do Fundeb

    Para iniciarmos a nossa conversa sobre a prestao de contas precisamos pensar no seguinte:

    1.3.1. A obrigao legal

    Como voc sabe, o Fundeb envolve recursos pblicos e, sendo assim, necessrio prestar contas, porque isso um dever constitucional!

    A Constituio Federal, em seu artigo 70, pargrafo nico estabelece que:

    E qual a atuao do Tribunal de Contas da Unio e da Controladoria-Geral da Unio?

    necessrio prestar contas dos recursos financeiros do Fundeb?

    Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, que utilize e arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, em nome desta, assuma obrigaes de natureza pecuniria.

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    27

    Para entendermos a expresso prestar contas, precisamos procurar o significado para cada uma destas palavras. O termo prestar aparece no dicionrio Aurlio com o seguinte significado: realizar, efetuar, praticar, por imposio legal ou contratual. J, para contas, a definio encontrada elemento de registro que rene lanamentos de dbito ou crdito relativos a operaes de uma mesma natureza. Traduzindo estes termos tcnicos em uma linguagem mais simples:

    Agora que j sabemos da obrigatoriedade da prestao de contas, surge uma nova questo:

    A prestao de contas dos recursos financeiros do Fundeb dever ser efetuada pelo poder executivo (estadual, distrital ou municipal), responsvel por executar estes recursos, de acordo com as normas legais que regem o Fundo.

    A prestao de contas deve ser submetida ao Conselho de Acompanhamento Social do Fundeb para parecer e depois entregue ao Tribunal de Contas competente (estadual, distrital ou municipal).

    Mas, afinal o que significa prestar contas?

    E o que prestar contas, em relao ao Fundeb?

    E o que prestar contas, em relao ao Fundeb?

    Para que rgo a mesma deve ser entregue?

    Prestar contas nada mais do que dar informao sobre algo pelo qual se responsvel.

    Trata-se de fornecer informaes confiveis e relevantes a respeito da execuo do Fundo, que possibilitem a avaliao de sua gesto.

    No se esquea! Enquanto o Conselho do Fundeb responsvel por efetuar um parecer sobre a prestao de contas, ao Tribunal de Contas cabe, conforme vimos anteriormente, examinar tecnicamente, julgar e propor aprovao, ou no, das contas dos administradores estaduais e municipais sobre o Fundo e aplicar de penalidades, na hiptese de irregularidades.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    28

    Quais so os principais documentos que, certamente, comporo a prestao de contas?

    :: formulrio especfico: onde os dados da prestao de contas sero apresentados resumidamente;

    :: extrato da conta bancria do Fundeb: o documento que comprova toda a movimentao dos recursos financeiros;

    :: outros anexos: originais dos documentos que fundamentaram processos licitatrios (como editais e contratos), comprovantes de pagamentos (notas fiscais, recibos e faturas) edemais documentos comprobatrios das despesas realizadas com recursos do Fundo;

    :: parecer: do Conselho de Acompanhamento Social do Fundeb.

    Se voc respondeu no a esta pergunta acertou. Cada Tribunal de Contas, dentro do seu espao de atuao, define os procedimentos, a forma de prestao de contas, os formulrios a serem utilizados e, inclusive, a data que a mesma dever ser entregue, pois:

    Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios prestaro contas dos recursos dos Fundos conforme os procedimentos adotados pelos Tribunais de Contas competentes, observada a regulamentao aplicvel.Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007, Art. 27.

    Existe algum formulrio especfico usado para aprestao de contas? Qual o prazo comum a todos para a apresenta-o desta prestao de contas?

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    29

    1.3.2. Prestao de contas dos recursos do Fundeb: etapas e responsabilidades

    A legislao estabelece a obrigatoriedade dos governos estaduais, distrital e municipais apresentarem a comprovao da utilizao dos recursos do Fundo em trs momentos distintos, quais sejam:

    :: mensalmente: ao Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, mediante apresentao de demonstrativos e relatrios gerenciais sobre o recebimento e emprego dos recursos do Fundo. Esta determinao est contida no art. 25, da Lei do Fundeb (Lei n. 11.494/2007);

    :: bimestralmente: por meio de relatrios do Poder Executivo, resumindo a execuo oramentria, evidenciando as despesas de manuteno e desenvolvimento do ensino, em favor da educao bsica, conta do Fundeb ( 3, art. 165 da CF, art. 72 da Lei n. 9.394/1996 LDB e art. 52 da LC n. 101/2000);

    :: anualmente: ao respectivo Tribunal de Contas (Estadual/Municipal), de acordo com instrues dessa Instituio. Essa prestao de contas deve ser instruda com parecer do Conselho (art. 27 da Lei n. 11.494/2007, c/c artigos 56 e 57 da LC n. 101/2000).

    Em relao a estas duas perguntas, a Lei do Fundeb deixa claro que:

    Ainda, em relao questo da prestao de contas importante saber:

    O no cumprimento das disposies legais relacionadas aplicao dos recursos do Fundeb acarreta sanes administrativas, civis e/ou penais aos responsveis. Agora vamos identificar as principais penalidades para os responsveis: Para os Estados e Municpios:

    :: rejeio das contas, mediante parecer prvio do Tribunal de Contas competente, com o consequente encaminhamento da questo ao respectivo Poder

    Qual a periodicidade da comprovao da aplicao dos recursos do Fundeb?

    Quem poder ter acesso a estes documentos?

    Como dever ser realizada a divulgao das informaes sobre a prestao de contas?

    Quais so as penalidades em caso de comprovadas irregularidades na aplicao dos recursos do Fundeb?

    O que ocorre se a prestao de contas no for encaminhada no prazo estipulado ou contiver incorrees?

    Os registros contbeis e os demonstrativos gerenciaismensais, atualizados, relativos aos recursos repassados e recebidos conta dos Fundos assim como os referentes s despesas realizadas ficaro permanentemente disposio dos conselhos responsveis, bem como dos rgos federais, estaduais e municipais de controle interno e externo, e ser-lhes- dada ampla publicidade, inclusive por meio eletrnico. Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007, Art. 25.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    30

    Legislativo e, caso a rejeio seja confirmada, autoridade competente e ao Ministrio Pblico;

    :: impossibilidade de celebrao de convnios junto administrao federal (no caso de Estados) e junto s administraes

    federal e estadual (no caso de Municpios), quando exigida certido negativa do respectivo Tribunal de Contas;

    :: impossibilidade de realizao de operaes de crdito junto a instituies financeiras (emprstimos junto a bancos);

    :: perda da assistncia financeira da Unio (no caso de Estados) e da Unio e do Estado (no caso de Municpio), conforme

    artigos 76 e 87, 6, da LDB;

    :: interveno da Unio no Estado (CF, art. 34, VII, e) e do Estado no Municpio (CF, art. 35, III).

    Para o chefe do Poder Executivo estadual ou municipal:

    :: sujeio a processo por crime de responsabilidade, se caracterizados os tipos penais previstos no art. 1, III e XIV do Decreto- lei n. 201/67 (respectivamente, aplicar indevidamente verbas pblicas e negar execuo a lei federal). Nestes casos, a pena prevista de deteno de trs meses a trs anos. A condenao definitiva por estes crimes de responsabilidade acarreta a perda do cargo, a inabilitao para exerccio de cargo ou funo pblica, eletivos ou de nomeao, pelo prazo de cinco anos (art. 1, 2, Decreto-lei n 201/67);

    :: sujeio a processo por crime de responsabilidade, se caracterizada a negligncia no oferecimento do ensino obrigatrio(art. 5, 4, LDB);

    :: sujeio a processo penal se caracterizado que a aplicao de verba pblica foi diversa prevista em lei (art. 315 Cdigo penal). A pena de 1 a 3 meses de deteno ou multa;

    :: inelegibilidade, por cinco anos, se suas contas forem rejeitadas por irregularidade insanvel e por deciso irrecorrvel do rgo competente, salvo se a questo houver sido ou estiver sendo submetida apreciao do Poder Judicirio (art. 1, g, Lei Complementar n 64/90).

    Interveno:

    nos regimes federativos,

    ato do poder central de impor medidas neces-srias a manter a integridade

    daUnio, quando algum dos seus membros est submetido a

    anormalidade grave e que

    prejudique o funcionamento da Federao.

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    31

    Agora que j sabemos das principais consequncias de irregularidades na execuo dos recursos ou em sua prestao de contas, ou ainda, da no entrega da mesma, vamos dar uma olhada no processo de execuo do Fundo, de maneira objetiva e resumida.

    1.3.3. O fluxo da execuo e da prestao de Contas do FundebVamos ver, a partir de agora, cada passo deste fluxo:

    1) A Unio e os Estados e Distrito Federal, como unidades transferidoras de recursos do Fundo (art. 16 da Lei n. 11.494/07), arrecadam as receitas que entram na sua composio e as disponibilizam ao agente financeiro (Banco do Brasil) para distribuio aos entes governamentais beneficirios, com base nos coeficientes de distribuio previamente calculados e fornecidos pelo FNDE/MEC.

    2) O Banco do Brasil, com as informaes repassadas pelo FNDE, credita estes recursos em todas as contas especficas do Fundo (uma para cada Estado, Distrito Federal e Municpios).

    3) Cada ente governamental beneficirio (Estados, Distrito Federal e Municpios) aplica os recursos de acordo com as orientaes do Fundo (60% - Remunerao do Magistrio e 40% - Outras Aes de MDE que objetivam a manuteno do desenvolvimento da educao), conforme responsabilidades definidas na Constituio Federal (Estados: ensino fundamental e mdio; Distrito Federal: educao infantil, ensino fundamental e mdio e Municpios: educao infantil e ensino fundamental).

    Voc sabe como o fluxo de execuo e de prestao de contas do Fundeb?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    32

    Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    24

    60%: Remunerao do

    Magistrio

    40%: Outras aes de MDE

    Ensino Mdio

    Ensino Fundamental

    Educao Infantil

    Conselho d o Fundeb Acompanha aplicao e

    opina sobre PC

    3

    3

    3

    4) No processo de execuo dos recursos, ocorre o acompanhamento e o controle social sobre a distribuio, a transferncia e a aplicao dos recursos dos Fundos, junto aosrespectivos governos, no mbito da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    5) O rgo Executor consolida a prestao de contas, de acordo com os critrios e determinaes dos rgos de controledos Estados, do Distrito Federal e Municpios (Tribunais de Contas).

    6) A prestao de contas submetida, pelo poder executivo, ao Conselho do Fundeb responsvel para avaliao e produodo parecer.

    7) Aps a apreciao e parecer, a prestao de contas devolvida pelo Conselho ao Poder Executivo respectivo, para as devidas providncias, at 30 (trinta) dias antes do vencimento do prazo para a apresentao da prestao de contas aos rgos de controle.

    8) Ao receber a Prestao de Contas o poder executivo local apresenta a mesma ao Tribunal de Contas Estadual, Distrital ou Municipal, responsvel pela fiscalizao da aplicao dos recursos e pela avaliao tcnica da mesma.

    9) O Tribunal de Contas respectivo avalia a Prestao de Contas, considerando-a aprovada ou reprovada. Se comprovadas irregularidades, tanto no processo de formao do Fundo como tambm na Prestao de Contas, os Tribunais de Contas competentes aplicam penalidades cabveis.

    Na figura n. 1 voc poder identificar cada um dos passos explicados.

    Lembre-se: No caso da prestao de contas dos recursos financeiros do Fundeb o prazo para a sua apresentao ao Tribunal de Contas competente definido no mbito do prprio

    tribunal estadual, distrital ou municipal, observada a regulamentao aplicvel.

    Figura n 1 - Fluxo da execuo dos recursos financeiros do Fundeb

  • Os

    Recu

    rsos

    fina

    ciad

    os d

    o Fu

    ndeb

    : Da

    aplic

    ao

    a p

    rest

    ao

    de

    cont

    as.

    33

    3

    22

    4

    4

    44

    1

    1

    1

    1

    1

    Tribunais de Contas dosEstados/DF e Municpios

    exercem controle externo

    Com 20% do FPE, ICMS,IPIexp, IPVA, ITCMD

    e recursos da LC 87/96

    Com 20% do FPE, ICMS,IPIexp, IPVA, ITCMD, ITRe recursos da LC 87/96

    Com 20% do FPM,ICMS, IPIexp, IPVA,

    ITR e recursos da LC 87/96

    Com 20% do FPM,ICMS, IPIexp, IPVA,

    ITR e recursos da LC 87/96

    Subsidia Agente Financeiro com parmetros de

    distribuio de recursos

    Complementao da unio(10% d a contrib. de Estados, DF e Municpios)

    Calcula e divulgaparmetros operacionais

    do Fundeb

    Banco do Brasil creditarecursos nas contas

    (no BB ou CEF)

    Estado

    Distrito Federal

    Municpio

    Fundeb

    MEC / FNDEM F / ST

    2

    2

    Unio

    Contribui

    Credita

    Aplica

    Presta Contas

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    34

    Atividades

    Faa os exerccios 20, 21, 22 e 23 desta Unidade, no Caderno de Atividades.

  • Unidade IIO controle social no mbito das polticas pblicas para educao.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    36

    a) O controle social e atuao do CACs Fundeb

    1. Introduo

    Na unidade anterior falamos sobre importantes aspectos do Fundeb: as aes que devem ser financiadas com recursos do Fundo, os responsveis pela execuo e suas atribuies, o processo de fiscalizao da execuo do Fundo e, ainda, a prestao de contas. J nesta unidade, estudaremos o acompanhamento e controle social, um assunto fundamental para que ocorra a transparnciano uso dos recursos financeiros do Fundo. Abordaremos, inicialmente, uma discusso sobre o significado deste tema e o histricoda evoluo dos conselhos de controle social no mundo e no Brasil. Logo em seguida, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre o Conselho de Acompanhamento Social do Fundeb: legislao pertinente, formao, responsabilidades, atuao, entre outros temas.

    No final do estudo desta unidade, esperamos que voc seja capaz de:

    :: definir e caracterizar conselho de acompanhamento e controle social;

    :: identificar as principais etapas de evoluo dos conselhos no mundo e no Brasil;

    :: compreender o controle social como meio de participao contnuada sociedade na gesto pblica, direito assegurado pela Constituio Federal;

    :: identificar os Conselhos Sociais como representaes capazes de exercer controle sobre a ao do Estado, supervisionando e avaliando as decises e aes administrativas, exigindo dosgestores pblicos a comprovao dos atos praticados;

    :: conhecer a composio do CACS/ Fundeb, bem como o seu funcionamento, atribuies e competncias;

    :: compreender o CACS/ Fundeb como instncia responsvel pelo contnuo acompanhamento da aplicao dos recursos do fundo, garantindo a correta destinao desses recursos;

    1.1 O processo de democratizao da sociedade brasileira e os conselhos de acompanhamento social

    1.1.1 Acompanhamento e controle social

    No Mdulo de Competncias Bsicas, Unidade IV O controle social no mbito das polticas pblicas para a educao, ns j demos incio discusso sobre a questo do acompanhamento e controle social e sua relao coma formao de conselhos. Vimos, por exemplo, que no Dicionrio Aurlio, o significado da palavra acompanhamento observar a marcha, a evoluo de. Quanto palavra controle, a definioque encontramos fiscalizao exercida sobre as atividades de pessoas, rgos, departamentos, produtos etc., para que tais atividadesou produtos, no se desviem das normas preestabelecidas.

    Finalmente, o sentido da palavra social prprio dos scios deuma sociedade, comunidade ou agremiao.

    O que acompanhamento e controle social?

    Mas afinal, o que acompanhamento e controle social?

  • O c

    ontr

    ole

    soci

    al e

    atu

    ao

    do

    CACs

    Fun

    deb

    37

    Podemos considerar acompanhamento e controle social a ao fiscalizadora exercida pela sociedade sobre o Estado. O significado de acompanhamento e controle social complexo. Depois de muitas pesquisas, selecionamos as definies mais conhecidas para apresentar a voc. Leia cada uma delas atentamente:

    a) o acompanhamento, a fiscalizao e o controle das decises e aes pblicas.

    b) a participao da sociedade no acompanhamento e verificao da execuo das polticas pblicas, avaliando objetivos, processo e resultados.

    c) a participao da sociedade no controle dos gastos do governo.

    d) a capacidade que tem a sociedade organizada de atuar nas polticas pblicas, em conjunto com o Estado, para estabelecer suas necessidades, interesses e controlar a execuo destas polticas.

    e) o direito da participao da sociedade no acompanhamento e verificao da gesto dos recursos federais empregados nas polticas pblicas.

    Tambm percebeu que acompanhamento e controle social esto diretamente relacionados atuao da sociedade na fiscalizao e controle de polticas pblicas?

    Para efeito de nossos estudos deste mdulo sobre o Fundeb, vamos considerar a quinta definio apresentada (direito da participao da sociedade no acompanhamento e verificao da gesto dos recursos federais empregados

    nas polticas pblicas), pois sabemos que o Fundo composto por recursos que tem origem nos impostos pagos pelo povo e estes recursos devem ser aplicados na educao bsica pblica. Portanto, direito de cada cidado saber o que feito com esses recursos, ou seja, acompanhar, controlar e fiscalizar a execuo do Fundeb.

    Voc percebeu que estas definies muitas vezes se complementam?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    38

    1.1.2 Conselhos de acompanhamento social: definio e importncia

    um espao de participao que permite aos cidados maior proximidade com a administrao pblica, por isso, constitui-se importante mecanismo de ampliao da democracia e de participao poltica. Pode ser definido como:

    o espao no qual ocorrem a explicitao dos diversos interesses o reconhecimento da existncia de diferenas e da legitimidade do conflito e a troca de ideias como procedimento de tomada de decises sobre a elaborao, acompanhamento, fiscalizao e avaliao daspolticas pblicas.

    tambm um mecanismo criado por legislao especfica que estabelece sua composio, o conjunto de atribuies e a forma pela qual suas competncias sero exercidas.

    Vamos responder cada uma destas perguntas detalhadamente. Os conselhos de acompanhamento e controle social se constituem em canais de comunicao entre a sociedade civil e o poder pblico (instrumentos fundamentais para a gesto pblica), seus principais papis so:

    :: estimular a participao (individual e coletiva) e a formao de novas lideranas;

    :: manter fluxo de informao com as instituies que representa;

    :: alimentar-se permanentemente das opinies e vontades daqueles que representa;

    :: tornar pblicas as decises polticas e as negociaes;

    :: respeitar e defender as deliberaes;

    :: contribuir na generalizao das discusses e dos interesses coletivos;

    :: contribuir na qualificao da participao social;

    :: cumprir e fazer cumprir o regimento interno;

    :: buscar maior transparncia na utilizao de recursos pblicos;

    :: consolidar a democracia e a participao popular no espao poltico;

    As, as principais caractersticas desses conselhos so:

    Arenas de debate e discusso, que buscam a construo de acordos e o acompanhamento e a fiscalizaode polticas pblicas.

    Que tal conhecermos um pouco stobre este assunto?

    E o que um conselho de acompanhamento e controle social?

    Qual a importncia destes conselhos? O que eles representam?

    Quais so suas principais caractersticas?

    Quais os papis que eles devem desempenhar?

  • O c

    ontr

    ole

    soci

    al e

    atu

    ao

    do

    CACs

    Fun

    deb

    39

    a) Formao plural: permite a participao de pessoas de qualquer crena religiosa, etnia, filiao partidria, convico filosfica, contando com a representao dos vrios atores que constituem a sociedade brasileira;

    b) Representao do Estado e da sociedade civil: os conselhos devem ser compostos por conselheiros, representantes do Estado e da sociedade civil;

    c) Natureza deliberativa: capacidade prpria de decidir sobre a formulao, controle, fiscalizao, superviso e avaliao das polticas pblicas, inclusive nos assuntos referentes definio e aplicao do oramento, como instituio mxima de deciso;

    d) Natureza consultiva: tem carter de assessoramento e exercido por meio de pareceres, aprovados pelos membros, respondendo a consultas do governo e da sociedade;

    e) Funo fiscalizadora: competncia para fiscalizar o cumprimento das normas e a legalidade de aes;

    f) Funo mobilizadora: a que situa o conselho numa ao efetiva de mediao entre o governo e a sociedade.

    As condies para o fortalecimento dos Conselhos so as seguintes:

    :: autonomia: infra-estrutura (espao fsico e secretaria executiva) e condies de funcionamento autnomo;

    :: transparncia e socializao de informaes: para controlar o oramento e os gastos pblicos;

    :: visibilidade: divulgao e publicizao das aes dos Conselhos;

    :: integrao: criar estratgias de articulao e integrao do Conselho - atravs de agendas comuns e fruns mais amplos - que contribuam para superar a setorizao e a fragmentao das polticas pblicas;

    :: articulao: dos conselhos com outras instncias de Controle Social como os Fruns e Comisses Temticas ampliando a participao da sociedade no Controle Social das Polticas Pblicas;

    :: capacitao Continuada dos Conselhos: desenvolver um processo contnuo de formao dos Conselheiros, instrumentalizando- os para o efetivo exerccio do controle social.

    1.1.3 A evoluo dos conselhos sociais

    A origem dos conselhos se perde no tempo e se confunde com a histria da poltica, da democracia e da participao. Os registros histricos indicam que os primeiros conselhos, como formas primitivas de gesto dos grupos sociais, j existiam h quase trs mil anos. No povo hebreu, por exemplo, desde a poca de Moiss, foi institudo o conselho de ancios, conhecido por Sindrio, que reunia 70 sbios para auxiliar este lder nas decises sociopolticas, administrativas e jurdicas.

    No mundo antigo, que outras experincias de formao de conselhos temos notcias?

    Da mesma maneira que o povo hebreu, o mundo greco-romano, nos sculos IX e VII a.C., utilizou a estratgia de formao de espaos de poder e de deciso coletiva, como os conselhos de ancios (o Senado Romano ou a Gerousia Espartana) ou simplesmente de cidados (a Boul ateniense).

    Quando surgem os primeiros conselhos sociais no contexto mundial?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    40

    A gesto da comunidade local por meio de um conselho, constitudo como representao da vontade popular (conselho popular), viria a ganhar sua mxima expresso na Comuna Italiana, instituda a partir do sculo X d.C. que, adotando a democracia representativa, elegia suas lideranas. O exemplo mais radical destetipo de conselho foi, sem dvida, a Comuna de Paris, em 1871. Embora com durao de apenas dois meses, viria a constituir-sena mais marcante experincia de autogesto de uma comunidadeurbana. Os conselhos populares exerciam a democracia direta e/ourepresentativa como estratgia para resolver as tenses e conflitos resultantes dos diferentes interesses.

    Na primeira metade do sculo XX surgem os conselhos formados por grupos sociais identificados pelo ambiente de trabalho, como os conselhos de operrios. Neste sentido, podem ser citadas as experincias dos russos, no momento da Revoluo dos Sovietes de 1905 e a recriao deste tipo de conselho durante a Revoluo Socialista de 1917. Ainda fundamental citar a experincia alem dos Conselhos de Fbricas a partir de 1918 e as experincias dos operrios italianos na dcada de vinte. Novas experincias de conselhos de operrios ou de fbrica surgiriam na Espanha (1934-1937), na Hungria (1950) e na Polnia (1969-1970). Lentamente a ideia de formao de conselhos se espalha pelo mundo. Nos

    Estados Unidos os conselhos surgiram nas dcadas de 1960 e incio dos anos 1970, por meio do desenvolvimento de grupos de interesse, constituindo-se como organismos de presso da sociedade civil que atuaram no sentido deobter solues para amenizar os conflitos, sem interferir, no entanto,

    na poltica da cidade. J na Espanha, eles surgiram como forma de participao dos indivduos no processo de gesto das cidades.

    No Brasil estes conselhos de controle social surgem, sobretudo, das demandas de democratizao da sociedade, durante a ditadura militar, no final da dcada de 1970 e incio da dcada de 1980.Inicialmente, nos primeiros anos de organizao, os conselhos eram, predominantemente, voltados ao atendimento de carncias imediatas, como linhas de nibus, verbas para certos setores etc. Na dcada de oitenta os canais de participao se alargam. Os movimentos associativos populares passaram a reclamar participao do povo na gesto pblica. O desejo de participao comunitria

    se inseriu nos debates da Constituinte, que geraram, posteriormente, a institucionalizao dos conselhos gestores de polticas pblicas no Brasil. Esses conselhos tinham um carter nitidamente de ao poltica e aliavam o saber letrado com o saber popular, por meio da representao das categorias sociais de base. Foram muitas as formas de organizao e as funes atribudas a esses conselhos, mas sua origem vinculava-se ao desejo de participao popular na formulao e na gesto das polticas pblicas.

    Ao mesmo tempo em que os conselhos populares,

    Gerousia:assembleias

    de cidados dacidade grega

    de Esparta, comatribuies eorganizao

    definidas.

    Boul: assembleias

    de cidados da cidade grega

    de Atenas, com atribuies e organizao

    definidas.

    Atores sociais: todos que

    trabalham com demandas e

    reivindicaes de carter redistri-butivo e usam como principal

    estratgia a mo-bilizao coletiva

    dos envolvidos nas questes pe-las quais atuam.

    Que tipo de conselho surge no sculo XX?

    E quando os conselhos surgem no Brasil?

    Como ocorreu a evoluo destes conselhos?

    Quando surgem os primeiros conselhos que efetuam a eleio dos seus representantes?

  • O c

    ontr

    ole

    soci

    al e

    atu

    ao

    do

    CACs

    Fun

    deb

    41

    organizados, sobretudo, por grupos de esquerda e de oposio ao regime militar, se destacaram como estratgia para ampliar e alargar a democratizao do Estado, ocorreu proliferao de atores sociais at ento ausentes destes espaos: organizaes no governamentais (ONGs), associaes de profissionais (sindicatos), entidades de defesade direitos humanos, de minorias, de meio ambiente, entre outras.

    A Constituio de 1988 foi o marco do processo de redemocratizao do pas e instituiu um conjunto de direitos fundamentais, sociais e polticos que permitiu a consolidao de nosso regime democrtico e participativo. Os direitos nela estabelecidos resultaram de um longo e conflituoso processo de mobilizaes sociais e polticas que marcaram os anos 1970 e 1980. A Constituio Cidad, na verdade, alargou o projeto de democracia, compatibilizando princpios da democracia representativa e da democracia participativa e reconheceu a participao social como um dos elementos-chave na organizao das polticas pblicas. Neste sentido, ela props a criao de inmeros conselhos reconhecidos como instncias de negociao e pactuao das propostas institucionais e das demandas da sociedade.

    Os conselhos se institucionalizaram em praticamente todo o conjunto de polticas sociais no pas e asseguram a presena de mltiplos atores sociais na formulao, na gesto, na implementao ou no controle das polticas sociais. Representam hoje uma estratgia privilegiada de democratizao das aes do Estado. Nos espaos da federao temos conselhos municipais, estaduais ou nacionais, responsveis pelas polticas setoriais nas reas da educao, da sade, da cultura,

    do trabalho, dos esportes, da assistncia social, da previdncia social, do meio ambiente, da cincia e tecnologia, da defesa dos direitos da pessoa humana e de desenvolvimento urbano. Em diversas reas h conselhos atendendo a categorias sociais ou programas especficos. Na rea dos direitos humanos temos os conselhos dos direitos da mulher, da criana e do adolescente, do idoso e das pessoas portadoras de deficincia. No interior das organizaes pblicas (no tratamos aqui das de carter privado) vamos encontrar os conselhos prprios de definio de polticas institucionais, de gesto e de fiscalizao. No mbito associativo temos conselhos de secretrios estaduais e municipais de diversas reas (na educao temos o Consed e a Undime), conselhos de universidades (Andifes e outros, segundo as categorizaes das universidades). Ligados a programas governamentais, destacam-se na rea da educao os conselhos da alimentao escolar e o do Fundeb.

    No processo de gesto democrtica do que pblico, os conselhos, hoje, so a expresso da sociedade organizada e exercem uma funo mediadora entre o governo e a sociedade. Estes rgos devem ter a capacidade de levar at as instncias decisrias do Estado as crescentes e complexas demandas da sociedade. Um grande exemplo destes conselhos o Conselho de Acompanhamento e Controle Social - CACS - do Fundeb, que vamos conhecerdetalhadamente.

    Com certeza, em relao ao CACS Fundeb, voc pode ter muitas dvidas, como as seguintes:

    Redemocrati-zao:

    volta democra-cia; democratizar (-se) novamente.

    Pactuao: atode combinar,

    ajustar, contratar, convencionar.

    Instnciasdecisrias:

    autoridade ou rgo respons-vel por decises,

    resolues, deliberaes.

    Qual foi o grande marco nos anos oitenta, que permitiu a ampliao da participao popular, a criao dos conselhos e a democratizao de nossa sociedade?

    O que o CACS Fundeb? S existe um conselho do Fundeb? Por que sua instituio obrigatria? Quando ele deve ser criado?

    Qual a sua composio? Como so escolhidos seus membros? Existe algum impedimento para ser membro do CACS?

    De quanto tempo o mandato do conselheiro? Quais so as atribuies do CACS? Como seu funcionamento?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    42

    1.2.2 Constituio dos CACS: uma obrigao legal

    A Lei Federal que regulamentou o Fundeb determinou que fossem constitudos conselhos de acompanhamento e controle social do Fundo a nvel federal, estadual, distrital e municipal.

    No mbito de cada esfera de governo, portanto, deve-se criar o correspondente Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, no s porque a lei assim o determina, mas porque necessrio que a sociedade exera acompanhamento e controle social sobre a utilizao que cada governo faz dos recursos pblicosrecebidos do Fundo.

    No se preocupe. Todas estas questes, e ainda outras informaes, sero apresentadas a seguir.

    1.2. Conhecendo o Conselho do Fundeb: da definio ao mandato

    1.2.1 O que ?

    O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb um rgo dirigente cujos membros tm poderes idnticos (colegiado), formado por representaes sociais variadas e sua atuao deve acontecer com autonomia, sem subordinao e sem vinculao administrao pblica federal, estadual, distrital ou municipal. Com essas caractersticas, o Conselho no unidade administrativa do Governo federal, dos governos estaduais, distrital ou municipais.

    Preste ateno! Alm da Lei do Fundeb (Lei n. 11.494/2007), outro importante documento que estabelece procedimentos e orientaes sobre a criao, composio, funcionamento e cadastramento dos Conselhos do Fundeb, de mbito Federal, Estadual, Distrital e Municipal, foi aprovado pelo FNDE em 10 de dezembro de 2008: a Portaria/FNDE n. 430, de 10/12/2008. Esta portaria foi publicada no Dirio Oficial da Unio (DOU) n. 241, de 11/12/2008, seo 1, pgina 39-40.

    O acompanhamento e o controle social sobre a distribuio, a transferncia e a aplicao dos recursos dos Fundos sero exercidos, junto aos respectivos governos, no mbito da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, por conselhos institudos especificamente para esse fim. Lei n. 11.494/2007, Art. 24.

    E como os Conselhos do Fundeb devem ser criados?

    Autonomia:faculdade de se governar por si mesmo; direito

    ou faculdade de se reger (uma ao) por leis

    prprias;liberdade ou

    independnciamoral ou intelec-

    tual.

  • O c

    ontr

    ole

    soci

    al e

    atu

    ao

    do

    CACs

    Fun

    deb

    43

    Como voc pode perceber, cada Conselho do Fundeb deve ser criado por lei especfica, aprovada pelo Legislativo responsvel e sancionada pelo Executivo. Para facilitar o processo de criao dos conselhos, o FNDE/MEC, responsvel pelo apoio tcnico aos Estados, Distrito Federal e Municpios no que diz respeito ao Fundeb, preparou um Modelo de Projeto de Lei, com o objetivo de colaborar com a efetiva criao desses Conselhos de Acompanhamento e Controle Social. No um modelo imposto pelo MEC. Trata-se, apenas, de referencial a ser considerado como subsdio tcnico, devendo seu contedo ser aperfeioado/adaptado s particularidades e interesses de cada municpio, observados os limites e condies previstos na referida Lei do Fundeb (Lei n. 11.494/2007).

    O acesso ao Modelo de Projeto de Lei de criao do Conselho do Fundeb muito fcil. Basta seguir os passos que voc j conhece:

    1) Acesse a pgina do FNDE (www.fnde.gov.br).

    2) Procure esquerda da tela o cone Fundeb e clique nele.

    3) Ao abrir a pgina do Fundeb, busque no centro da pgina o cone CONSULTAS.

    Ao abrir o cone Consultas, voc facilmente identificar o Modelo de Lei de criao do CACS/ Fundeb, conforme mostramos na prxima pgina:

    Os CACS-Fundeb sero criados, no mbito da Unio, por meio de ato legal do Ministro de Estado da Educao e, no mbito dos Estados, Distrito Federal e Municpios, pelo Chefe do respectivo Poder Executivo, de acordo com a Constituio dos Estados e as Leis Orgnicas do Distrito Federal e dos Municpios [...]. Portaria n. 430, de 10 de dezembro de 2008, art. 2.

    E como possvel ter acesso a este Modelo?

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    44

  • O c

    ontr

    ole

    soci

    al e

    atu

    ao

    do

    CACs

    Fun

    deb

    45

    Como exemplo deste ato legal, disponibilizamos fragmentos da lei de criao do Fundeb do Distrito Federal.

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    46

    LEI COMPLEMENTAR N. 793, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2008.

    (Autoria do Projeto: Poder Executivo)

    Dispe sobre a criao do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento

    da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao do Distrito Federal e d outras providncias.

    O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL FAZ SABER QUE A CMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA

    E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:

    CAPTULO I - DAS DISPOSIES PRELIMINARES

    Art. 1 Fica criado o Conselho de Acompanhamento e Controle Social CACS do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento

    da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao Fundeb do Distrito Federal [...]

    Disponvel em http://www.se.df.gov.br/300/30003002.asp?ttCD_CHAVE=78759, acessado em 13/01/2008 s 23h32.

    1.2.3 Composio do Conselho do FundebNs j comentamos anteriormente que os Conselhos do Fundeb devem ser criados por legislao especfica e organizados

    nas trs esferas de governo: federal, estadual ou distrital e municipal.

    No. A composio dos conselhos guarda pequenas diferenas entre si. Por exemplo, no mbito federal o Conselho do Fun-deb composto por, no mnimo, 14 (quatorze) membros, sendo:

    A composio destes conselhos igual nas trs esferas de poder?

  • O c

    ontr

    ole

    soci

    al e

    atu

    ao

    do

    CACs

    Fun

    deb

    47

    Quadro n. 1 - Composio do Fundeb a nvel federal

    Quantidade de

    representantesrgo ou segmento representado

    At 4 (quatro) Ministrio da Educao

    1 (um) Ministrio da Fazenda

    1 (um) Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto

    1 (um) Conselho Nacional de Educao

    1 (um) Conselho Nacional de Secretrios de Estado da Educao CONSED

    1 (um) Confederao Nacional dos Trabalhadores em Educao CNTE

    1 (um) Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao UNDIME

    2 (dois) Pais de alunos da educao bsica pblica

    2 (dois) Estudantes da educao bsica pblica, um dos quais indicado pela Unio Brasileira de Estudantes Secundaristas UBES

    J em mbito estadual os Conselhos do Fundeb devero possuir, no mnimo, 12 (doze) membros, sendo:

  • Cont

    role

    Soc

    ial p

    ara

    Cons

    elhe

    iros

    48

    Quadro n. 2 - Composio do Fundeb a nvel estadual

    Quantidade de

    representantesrgo ou segmento representado

    3 (trs) Poder Executivo estadual, dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Estadual de Educao ou equivalente rgo educacional do Estado, responsvel pela educao bsica

    2 (dois) Poderes Executivos Municipais

    1 (um) Conselho Estadual de Educao

    1 (um) Seccional da Confederao Nacional dos Trabalhadores em Educao CNTE

    1 (um) Seccional da Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao UNDIME

    2 (dois) Pais de alunos da educao bsica pblica

    2 (dois) Estudantes da educao bsica pblica, sendo 1 (um) indicado pela entidade estadual de estudantes secundaristas

    No caso do Distrito Federal, o Conselho do Fundeb deve ser constitudo por no mnimo 9 (nove) membros, a saber:

    Quadro n. 3 - Composio do Fundeb a nvel distrital

    Quantidade de

    representantesrgo ou segmento representado

    3 (trs) Poder Executivo distrital, dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Estadual de Educao ou equivalente rgo educacional do Estado, responsvel pela educao bsica

    1 (um) Conselho Estadual de Educao

    1 (um) Confederao Nacional dos Trabalhadores em Educao CNTE

    2 (dois) Pais de alunos da educao bsica pblica

    2 (dois) Estudantes da educao bsica pblica, sendo 1 (um) indicado pela entidade estadual de estudantes secundaristas

  • O c

    ontr

    ole

    soci

    al e

    atu

    ao

    do

    CACs

    Fun

    deb

    49

    Finalmente, em mbito municipal o Conselho do Fundeb deve ser formado por, no mnimo, 9 (nove) membros, sendo:

    Quadro n. 4 - Composio do Fundeb a nvel municipal

    Quantidade de

    representantesrgo ou segmento representado

    2 (dois)Poder Executivo municipal, dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal de

    Educao ou rgo educacional equivalente

    1 (um) Professores da educao bsica pblica

    1 (um) Diretores das escolas bsicas pblicas

    1 (um) Servidores tcnico-administrativos das escolas bsicas pblicas

    2 (dois) Pais de alunos da educao bsica pblica

    2 (dois)Estudantes da educao bsica pblica, um

    dos quais indicado pela entidade de estudantes secundaristas

    importante esclarecer que integraro ainda os conselhos munici-pais do Fundeb, quando houver, 1 (um) representante do respectivo Conselho Municipal de Educao e 1 (um) representante do Conselho Tutelar indicados por seus pares.

    Ainda sobre a questo da representao nos Conselhos do Fun-deb, cabe esclarecer que:

    a) alm da composio mnima referida, outros segmentos sociais podero ser representados no CACS-Fundeb, desde que a norma le-gal de criao do Conselho, no mbito federal, do Estado, do Distrito Federal e do Municpio, preveja esta composio, observado o limite mximo de 2 (dois) membros por representao e demais regras es-

    tabelecidas da Portaria n 430, de 10 de dezembro de 2008;

    b) os estudantes da educao bsica pblica podem ser representados no Conselho do Fundeb pelos alunos do ensino regular, da Educao de Jovens e Adultos ou por outro representante escolhido pelos alunos para essa funo, desde que sejam escolhidas e indicadas pessoas com mais de 18 (dezoito) anos ou emancipadas.

    Como prev o Art. 2, 2 da Portaria n. 430, para cada membro titular dever ser nomeado um suplente, represen-tante da mesma categoria ou segmento social com assen-to no Conselho, que substituiro titular em seus im pedi-mentos temporrios, provisrios e em seus afastamentos definitivos.

    1.2.4 A indicao e o mandato

    Os conselheiros, titulares e suplentes devero ser for-malmente indicados, conforme estabelece a legislao do Fundeb (Art. 24, 3 - da Lei 11.494, de 20 de