controle difuso e no controle concentrado de constitucionalidade

Upload: joicedias

Post on 09-Jan-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Direito Constitucional

TRANSCRIPT

A diferena entre os efeitos da deciso proferida no controle difuso e no controle concentrado de constitucionalidadeSalvar3 comentriosImprimirReportarPublicado porLuciana Russo-1 ano atrs23O controle difuso aquele que pode ser feito por todos os juzes, mas sempre quando estiverem analisando um caso concreto. O questionamento sobre a constitucionalidade da norma feito via defesa ou exceo e acarreta uma questo incidental. Isso porque o juiz, antes de analisar o mrito da ao, dever inicialmente decidir se considera a norma constitucional ou inconstitucional. Na primeira hiptese, aplicar a norma normalmente ao fato e julgar o mrito conforme o previsto na norma. No segundo, deixar de aplicar a norma, por reput-la inconstitucional, ou seja, esta ser afastada no momento da deciso. No entanto a norma, ainda que no aplicada pelo magistrado naquele caso concreto, continua no ordenamento jurdico, ou seja, quem no ingressou com ao judicial, para obter o afastamento da norma de seu caso concreto, dever cumprir normalmente a norma. Isso porque a deciso aplica-se apenas s partes do processo.No controle concentrado daConstituio Federala competncia para julgar exclusiva do Supremo Tribunal Federal. A provocao deve ser feita, via ao, por um dos legitimados previstos no artigo103,CF(Presidente da Repblica; Mesa do Senado Federal; Mesa da Cmara dos Deputados; Mesa de Assembleia Legislativa ou da Cmara Legislativa do Distrito Federal; Governador de Estado ou do Distrito Federal;Procurador-Geral da Repblica; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido poltico com representao no Congresso Nacional; confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional). A norma ser analisada abstratamente, em tese, sendo o controle de sua constitucionalidade o prprio mrito da ao. A deciso, nesse caso, ser aplicvel para todos e vincular os demais rgos do Poder Judicirio e a Administrao direta e indireta das esferas federal, estadual e municipal (no vincula a funo legislativa). Dessa forma, como se a norma fosse retirada do ordenamento jurdico, pois a partir dessa deciso no ser mais aplicvel para ningum.Mas uma dvida frequente, especialmente quando se fala da clusula de reserva de plenrio.Quanto clusula de reserva de plenrio, estabelece o artigo97daConstituio FederalqueSomente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo rgo especial podero os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Pblico.Isso significa que quando a turma ou cmara (rgo fracionrio do Tribunal) analisa uma ao ou um recurso, em que questionada a constitucionalidade da norma aplicvel ao caso, se consider-la constitucional, julgar aplicando-a. Contudo, se concordar que a norma inconstitucional, no ter competncia para declarar a inconstitucionalidade, nem poder julgar, deixando de aplicar a norma. Dever, ento, submeter essa questo incidental ao Plenrio ou rgo Especial (art.93,XI,CF) do Tribunal.Essa regra est disciplinada nos artigos480a482doCPC. O artigo480 dispe que:Arguida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder pblico, o relator, ouvido o Ministrio Pblico, submeter a questo turma ou cmara, a que tocar o conhecimento do processo.E oartigo 481que:Se a alegao for rejeitada, prosseguir o julgamento (obs. ou seja, aplicar a norma); se for acolhida, ser lavrado o acrdo, a fim de ser submetida a questo ao tribunal pleno."(obs. pois o rgo fracionrio no pode declarar a inconstitucionalidade).No entanto, essa regra tem uma exceo, justificvel em razo do princpio da economia processual. Estabelece o pargrafo nico do artigo 481 que:Os rgos fracionrios dos tribunais no submetero ao plenrio, ou ao rgo especial, a arguio de inconstitucionalidade, quando j houver pronunciamento destes ou do plenrio do Supremo Tribunal Federal sobre a questo.Verifica-se, com isso, que a deciso do Plenrio/rgo do Tribunal ou do Plenrio do STF passam a ser vinculantes (de cumprimento obrigatrio) pelos rgos fracionrios (turmas e cmaras) dos Tribunais. Contudo, os juzes de primeira instncia continuam livres para decidir de acordo com sua convico. Alm disso, a norma continua no ordenamento e esse entendimento s ser aplicado para as pessoas que ingressaram com ao judicial.Para exemplificar, imaginemos cinco pessoas, ris, Osades, Set, Nephthys e Hrus, que esto sujeitas ao cumprimento de uma obrigao por fora do previsto na Lei n XXX/2013, questionvel quanto sua constitucionalidade.ris, Osades e Set ingressam com ao judicial, alegando que no querem praticar o ato previsto nessa lei, por reput-la inconstitucional.O juiz de primeira instncia que aprecia o caso de sis o primeiro a julgar e concorda que a lei seja inconstitucional, afastando-a de seu caso e liberando-a da obrigao. A parte contrria recorre e quando o rgo fracionrio do Tribunal A analisa o caso, concorda com a tese da inconstitucionalidade e remete a questo ao Plenrio ou rgo Especial do Tribunal A, o qual, por maioria absoluta declara a norma inconstitucional. A partir disso, o rgo fracionrio julga o caso de ris, que fica liberada de cumprir a obrigao prevista na Lei n XXX/2013. Inconformada com essa deciso a parte contrria oferta Recurso Extraordinrio no Supremo Tribunal Federal.Enquanto isso, o juiz de primeira instncia que est analisando o caso de Osades julga, concordando que a lei seja inconstitucional, afastando-a de do caso e liberando-o da obrigao. A parte contrria recorre para o mesmo Tribunal A. O rgo fracionrio, nesse caso, no precisar remeter o incidente ao Plenrio ou rgo Especial, apenas ir aplicar a deciso j proferida no caso de sis, ou seja, afastar a norma, porque declarada inconstitucional.Logo depois disso, o rgo fracionrio do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinrio do caso de sis, tambm entende que a norma seja inconstitucional, ento encaminha a questo ao Plenrio do STF que, por maioria absoluta, declara a norma inconstitucional, deciso essa que valer apenas para o caso de sis.O juiz de primeira instncia, do caso de Set, demora muito tempo para julgar, mas finalmente decide, considerando a norma constitucional, aplicando-a e impondo o cumprimento da obrigao a Set. Assim, mesmo havendo j uma deciso do STF, declarando a norma inconstitucional, os juzes de primeira instncia continuam livres para decidir de acordo com sua convico. Isso porque, a deciso foi proferida num caso concreto e apenas foi aplicvel s partes daquele caso concreto (no exemplo, sis e a outra parte). Ocorre que Set no se conforma com essa deciso e recorre ao Tribunal B, que ainda no havia apreciado o caso. Contudo, j h uma deciso do Plenrio do STF, ento o rgo fracionrio do Tribunal B dever aplicar essa deciso, nos termos do artigo481, pr. n doCPC. Logo, o rgo fracionrio desse outro Tribunal dever afastar a norma do caso de Set, j que o Plenrio do STF j declarou a norma inconstitucional.Dessa forma, ris, Osades e Set ficaram livres da obrigao imposta pela norma, j que obtiveram uma declarao judicial da inconstitucionalidade desta. No entanto, a norma permanece no ordenamento, j que esse controle o difuso, realizado em casos concretos, que s atingiu as partes. Ento, Nephthys e Hrus, que no ingressaram com aes judiciais, esto sujeitos a cumprir a obrigao fixada na Lei n XXX/2013, pois esta continua no ordenamento, produzindo efeitos, com uma presuno (relativa) de constitucionalidade.Agora, se um legitimado propusesse uma Ao Direta de Inconstitucionalidade em face dessa Lei n XXX/2013 e o STF a declarasse inconstitucional, ento essa deciso valeria para todos (art.102, 2,CF). Desse modo, ris, Osades, Set, Nephthys, Hrus e todas as demais pessoas no precisariam mais cumprir a obrigao fixada na lei que foi declarada pelo STF inconstitucional no controle concentrado e abstrato.