controle de algas e moscas, em espuma fenlica, para …

31
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL GOIANO – CAMPUS URUTAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROTEÇÃO DE PLANTAS CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENÓLICA, PARA ALFACE SOB SISTEMA HIDROPÔNICO DO TIPO NFT Adriano de Souza Pereira da Mata Engenheiro Agrônomo URUTAÍ – GOIÁS 2018

Upload: others

Post on 31-Jul-2022

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

INSTITUTO FEDERAL GOIANO – CAMPUS URUTAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROTEÇÃO DE PLANTAS

CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENÓLICA, PARA ALFACE SOB SISTEMA HIDROPÔNICO DO TIPO NFT

Adriano de Souza Pereira da Mata Engenheiro Agrônomo

URUTAÍ – GOIÁS 2018

Page 2: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

ADRIANO DE SOUZA PEREIRA DA MATA

CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENÓLICA, PARA ALFACE SOB SISTEMA HIDROPÔNICO DO TIPO NFT

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Igor de Azevedo Pereira

Urutaí – GO 2018

Dissertação apresentada ao Instituto

Federal Goiano – Campus Urutaí, como

parte das exigências do Programa de

Pós-Graduação em Proteção de Plantas

para obtenção do título de MESTRE.

Page 3: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/IF Goiano Campus Urutaí

M425c Mata, Adriano de Souza Pereira da

Controle de algas e moscas, em espuma fenólica, para alface sob

sistema hidropônico do tipo NFT / Campus Urutaí. [manuscrito] /

Adriano de Souza Pereira da Mata. -- Urutaí, GO: IF Goiano, 2018.

31 fls.

Orientador: Dr. Alexandre Igor de Azevedo Pereira

Dissertação (Mestrado) – Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí,

2018.

1. Fungus gnats. 2. shore fly. 3. H2O2. 4. Beauveria.

5. Metarhizium. 6. Lactuca sativa. 7. Hidroponia. I. Título.

CDU 633

Page 4: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …
Page 5: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

iv

DEDICATÓRIA

Ao meu filho Arthur Rafael Ribeiro da Mata (in memoriam) que foi a inspiração

para que eu fizesse esse mestrado. A minha esposa, Ana Cristina, pelo amor, cuidado

e companheirismo. Com muito amor e carinho dedico.

Page 6: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

v

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecer a Deus pelo dom da vida e oportunidade de desenvolver esse trabalho. Ao Professor Alexandre Igor Azevedo Pereira, pela orientação, ensinamento, compreensão e dedicação do seu tempo em orientar cada passo e oportunidade de realização deste trabalho. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Proteção de Plantas do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí, pela colaboração na minha formação. Aos Alunos do Técnico Agropecuária e Agronomia no auxilio na condução do projeto sempre que precisava. A minha esposa Ana Cristina Oliveira Ribeiro da Mata pela compreensão em todo tempo que fiquei longe de casa para dedicar ao Mestrado e apoiando-me, aconselhando-me e ensinando.

Page 7: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

vi

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... vii

ABSTRACT .............................................................................................................. viii

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

OBJETIVOS ................................................................................................................ 3

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 4

RESULTADOS............................................................................................................. 8

DISCUSSÃO ............................................................................................................. 10

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 14

APÊNDICES .............................................................................................................. 18

Page 8: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

vii

RESUMO

Insetos e algas demonstram adaptabilidade em ambientes hidropônicos. A presença de algas atrai duas espécies de moscas, Bradysia spp. (Diptera: Sciaridae) e Scatella stagnalis (Diptera: Ephydridae) conhecidas como fungus gnats e shore fly, respectivamente. Essas moscas alimentam-se das algas, podendo danificar as radicelas das mudas e transmitir patógenos a plantas adultas. Poucas informações sobre o manejo de moscas e algas são conhecidas, o que é um paradoxo frente a expansão do cultivo vegetal sob hidroponia no Brasil. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial do peróxido de hidrogênio (H2O2) como agente inseticida (para controle de moscas) e sanitizante (para controle de algas). Fungos entomopatógenos também foram avaliados por serem uma forma mais sustentável de manejo de pragas. O experimento foi conduzido em um sistema hidropônico comercial, sob delineamento em blocos casualizados, com 5 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos, pulverizados nas placas de espuma fenólica, logo após a deposição das sementes, foram H2O2 (T1), Beauveria bassiana (T2), Metarhizium anisopliae (T3), Espinosina (T4) e água (T5), como testemunha. Parâmetros relacionados à qualidade das mudas de alface (cv. Brida), presença de moscas e a evolução das algas nas placas de espuma fenólica (através de escala de notas) foram diariamente registrados. H2O2 e Espinosina afetaram a germinação das sementes de alface, mas foram capazes de amortizar a presença de moscas adultas pousadas sobre as placas de espuma fenólica. Os tratamentos com os fungos e apenas água foram aqueles onde o maior número de larvas de ambas as espécies de moscas foi observado, em comparação com H2O2. Nenhuma larva de fungus gnats e shore fly foi encontrada nas células de espuma fenólica pulverizadas com espinosina. Todavia, as mudas de alface oriundas das placas pulverizadas com Espinosina foram aquelas com menor peso fresco. Para os demais tratamentos, incluindo H2O2, o peso fresco das mudas de alface foi superior. H2O2 reteve severamente a infestação das algas nas células de espuma fenólica ao longo de 15 dias de observação. O presente trabalho torna a luz do conhecimento o potencial que H2O2 pode desempenhar como agente sanitizante (para controle de algas) e inseticida (para controle das moscas fungus gnats e shore fly) em ambientes hidropônicos.

Palavras-chave: Fungus gnats, shore fly, H2O2, Beauveria, Metarhizium, Lactuca

sativa, hidroponia.

Page 9: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

viii

ABSTRACT

Insects and algae demonstrate adaptability in hydroponic environments. The presence of algae attracts two species of flies, Bradysia spp. (Diptera: Sciaridae) and Scatella stagnalis (Diptera: Ephydridae) known as fungus gnats and shore fly, respectively. These flies feed on algae, which can damage the rootlets of the seedlings and transmit pathogens to adult plants. Little information on the management of flies and algae is known, which is a paradox in relation to the expansion of plant cultivation under hydroponics in Brazil. The objective of this work was to evaluate the potential of hydrogen peroxide (H2O2) as an insecticidal agent (for control of flies) and sanitizing agent (for algae control). Entomopathogenic fungi have also been evaluated for being a more sustainable form of pest management. The experiment was conducted in a commercial hydroponic system under a randomized complete block design, with 5 treatments and 4 replicates. The treatments, sprayed on the phenolic foam plates, immediately after seed deposition, were H2O2 (T1), Beauveria bassiana (T2), Metarhizium anisopliae (T3), Spinosad (T4) and water (T5) as a control. Parameters related to the quality of lettuce seedlings (Brida cv.), the presence of flies and the evolution of algae in the phenolic foam plates (though the scale of notes) were recorded daily. H2O2 and Spinosad affected the germination of lettuce seeds, but were able to amortize the presence of adult flies on the phenolic foam plates. The treatments with fungi and only water were those where the highest number of larvae of both species of flies was observed, compared to H2O2. No larvae of fungus gnats and shore fly were found in phenolic foam cells sprayed with Spinosad. However, lettuce seedlings from Spinosad sprayed plates were those with lower fresh weight. For the other treatments, including H2O2, the fresh weight of the lettuce seedlings was higher. H2O2 severely retained algae infestation in phenolic foam cells over a 15-day observation period. The present work makes the light of knowledge the potential that H2O2 can play as a sanitizing agent (for algae control) and an insecticide (for control of fungus gnats and shore fly) in hydroponic environments.

Key-words: Fungus gnats, shore fly, H2O2, Beauveria, Metarhizium, Lactuca sativa,

hydroponics.

Page 10: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

1

INTRODUÇÃO

A produção de alimentos com total atenção às exigências modernas do

mercado vem dinamizando a cadeia produtiva de hortaliças folhosas no Brasil

(Carvalho Filho & Camargo 2017). A busca por produtos de melhor qualidade e com

oferta constante tem induzido agricultores a buscarem sistemas de produção

obcecados em atender essas exigências, como forma de obter vantagens comerciais.

Como exemplo, agricultores brasileiros buscaram se adaptar à produção de hortaliças

orgânicas como forma de atender a qualidade exigida pelos consumidores. Incentivos

oriundos de políticas públicas impulsionaram a criação e estabelecimento, até os dias

atuais, desse nicho de mercado ainda em expansão (Dalcin et al. 2014). Todavia, os

problemas em manter a constante oferta de produtos devido à influência climática

exercida em determinadas regiões e épocas do ano, além de fontes de estresse

biótico, tem sido um real empecilho (Blanc & Kledal 2012).

Por outro lado, o cultivo de vegetais baseado em soluções nutritivas (e,

portanto, sem solo) tem encontrado um amplo espaço mercadológico nas capitais e

no interior do Brasil (Costa & Junqueira 2000). A produção de folhas e frutos com

melhor qualidade, reduzido emprego de mão-de-obra, colheita precoce, além do

menor consumo de água e fertilizantes são vantagens dos sistemas hidropônicos. A

oferta constante de alimentos e sem interferência climática também justificam sua

expansão, bem como a alta possibilidade de agregação de valor ao produto final. Por

outro lado, patógenos, insetos e algas podem ocorrer em estufas agrícolas,

demonstrando adaptabilidade a esse tipo de ambiente tão simplificado, do ponto de

vista biológico (Lopes et al. 2000, Takikawa et al. 2015).

Algas são comumente presentes nas estruturas físicas que compõem o

sistema hidropônico do tipo nutrient film technique (NFT). Maiores gastos com mão-

de-obra e a necessidade de sobrepor em escala temporal a produção, para atender a

demanda frequente por alimentos, levam eventualmente ao descaso com medidas

básicas de limpeza. As algas competem por nutrientes, água e luz com os vegetais

(Radin et al. 2009). Medidas que reduzem a incidência luminosa, como a cobertura

das estruturas físicas por filmes plásticos, tem sido teoricamente reportadas como

Page 11: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

2

eficientes para controle de algas (Vänninen & Koskula 1998). Todavia, requerem

maiores gastos para aquisição, tempo para aplicação minuciosa e elevado uso de

mão-de-obra tornando-se impraticáveis.

A presença de algas atrai duas espécies de moscas adaptadas ao sistema

hidropônico, Bradysia spp. (Diptera: Sciaridae) e Scatella stagnalis (Diptera:

Ephydridae) conhecidas como fungus gnats e shore fly, respectivamente. Em

estações quentes a sua população aumenta rapidamente (Keates et al. 1989). Essas

moscas alimentam-se das algas, podendo inevitavelmente danificar as radicelas das

mudas vegetais (Epenhuijsen et al. 2001). O papel dessas moscas em transmitir

patógenos (de forma horizontal) aos vegetais também é comprovado (Keates et al.

1989, El-Hamalawi 2008, Radin et al. 2009). A associação entre algas, moscas e

patógenos pode potencializar prejuízos na quantidade e qualidade dos alimentos

produzidos nos sistemas hidropônicos (Radin et al. 2009).

Diante desse cenário, agentes sanitizantes e inseticidas sintéticos de amplo

espectro tem sido utilizados para controle de algas e moscas, respectivamente, de

maneira informal e pouco técnica. A busca por um produto de múltiplo uso que auxilie

na assepsia das estruturas físicas e, ao mesmo tempo, elimine a infestação de moscas

no ambiente hidropônico é urgente. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a

eficiência do peróxido de hidrogênio (H2O2), como agente sanitizante (para controle

de algas) e inseticida (para controle de moscas), em um sistema comercial

hidropônico. H2O2 possui reconhecido potencial em causar estresse oxidativo em

organismos vivos (Vänninen & Koskula 1998, Qin et al. 2011, Wojtyla et al. 2016) e

amplo uso como desinfetante e esterilizante (Watt et al. 2004). A avaliação de fungos

entomopatógenos, com vistas a substituir inseticidas sintéticos, no controle de fungus

gnats e shore fly também foi explorada por ser uma forma mais sustentável de controle

de moscas (Stanghellini & El-Hamalawi 2005) e demais insetos vetores (Tiago et al.

2014), em sistema hidropônico.

Page 12: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

3

OBJETIVOS

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência do peróxido de

hidrogênio (H2O2), como agente sanitizante (para controle de algas) e inseticida (para

controle de moscas), em um sistema comercial hidropônico.

Page 13: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

4

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no mês de maio de 2018 em um sistema

hidropônico comercial, com foco na produção de hortaliças folhosas, localizado no

município de Pires do Rio, estado de Goiás (latitude: 17º 17' 59" S, longitude: 48º 16'

46" W e altitude: 758 m). A temperatura média foi de 24,5ºC e a umidade relativa média

foi de 60%, ambas no interior da estufa. O tipo climático do município de Pires do Rio

é tropical semiúmido (tropical-AW), pela classificação de Köppen, sendo quente na

primavera e verão e ameno no outono e inverno.

A estufa do tipo convencional (modelo Hidrogood®), onde o experimento foi

conduzido, foi instalada com o eixo longitudinal no sentido leste-oeste para reduzir o

sombreamento interno. Arcos de polipropileno, filme plástico na cobertura (150 µ,

aditivada contra raios ultravioleta) e tela tipo sombrite na lateral constituíram a

estrutura da estufa. As dimensões totais da estufa foram de 5 m de altura (pé direito),

50 m de largura e 100 m de comprimento.

A cultivar de alface Brida (Hortec Tecnologia de Sementes Ltda) (Bragança

Paulista, SP, Brasil) foi utilizada. Essa cultivar produz plantas adultas grandes e

vigorosas, com folhas repicadas nos bordos de coloração verde médio e com brilho.

A cultivar Brida é recomendada para a estação de verão, porém pode ser plantada em

outras estações do ano, seja em campo ou hidroponia. Possui excelente padrão,

grande número de folhas, colheita uniforme e é tolerante ao pendoamento precoce,

bem como queima dos bordos. O ciclo da germinação até a colheita é 60 a 70 dias.

Possui alta resistência ao Lettuce Mosaic Virus (LMV), resistência moderada a

septoriose (Septoria lactucae) e resistência a queima dos bordos.

A área utilizada para germinação das sementes de alface foi composta por

uma mesa de germinação, com capacidade para 100 placas, com 1,15 m de altura do

chão, 30 m de comprimento e 3 m de largura. A mesa foi composta por seis canaletas

de alumínio, com largura de 5 cm, comprimento de 30 m e espaçadas entre si a cada

60 cm. Bandejas plásticas (60 cm x 40 cm), com 1 cm de profundidade, foram

utilizadas para apoiar cada placa de espuma fenólica sobre as canaletas de alumínio.

A declividade da mesa foi de 3%. Apenas a área de germinação da estufa foi

necessária para instalação e condução dos experimentos, não havendo a

Page 14: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

5

necessidade de utilização das áreas para berçário e crescimento da hidroponia (do

tipo NFT).

A semeadura foi realizada com auxílio de um tabuleiro semeador manual, para

sementes peletizadas, onde ocorreu deposição de apenas uma semente de alface por

célula (cuja dimensão foi 2 x 2 x 2 cm, de formato cúbico). As placas de espuma

fenólica continham cada uma, 345 células. Após a semeadura cada placa de espuma

fenólica, contendo as sementes, foi coberta com um pano umedecido acima do nível

das sementes para manter a umidade e sombreamento por três dias seguidos ou até

a germinação, que foi diariamente observada de forma visual. As placas foram

irrigadas por cinco dias seguidos após a semeadura com água potável e, em seguida,

com solução nutritiva, diariamente, semelhante àquela proposta por Bezerra Neto et

al. (2010).

Logo após a deposição das sementes de alface nas placas de espuma

fenólica, portanto antes da germinação, ocorreu a aplicação dos tratamentos

constituídos por (T1) água oxigenada (H2O2), (T2) Beauveria bassiana, (T3)

Metarhizium anisopliae, (T4) Espinosina e (T5) água, como testemunha. Utilizou-se 2

litros de H2O2 para 100 litros de água e regulou-se o pH dessa solução com ácido

fosfórico (10 ml/100 litros). A dose de B. bassiana foi de 50 gramas/20 litros de água,

enquanto que para M. anisopliae utilizou-se 17 gramas/20 litros de água. O inseticida

Espinosina foi aplicado na dose de 10 ml/1 litro de água. As doses foram ajustadas

para recipientes com capacidade de 2 litros onde ocorreu a pulverização (de forma

manual) das placas de espuma fenólica contendo as sementes de alface, apenas uma

vez. Cada placa recebeu um volume de calda de 1 litro de solução, respeitando-se os

tratamentos.

O experimento seguiu um delineamento em blocos casualizados, com 5

tratamentos e 4 repetições. No quarto dia após a semeadura iniciou-se o registro da

germinação das sementes de alface, que durou 15 dias seguidos (tempo requerido

pela cultivar para transplantio) e em horários diários semelhantes (17 horas). O

número de moscas adultas pousadas sobre as placas foi registrado de forma visual,

diariamente, a partir da germinação das sementes. Nessa ocasião, não houve

distinção entre as duas espécies de moscas adultas devido à sua aparente

semelhança visual.

Page 15: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

6

Logo após o 15º dia, todas as quatro placas de espuma fenólica (repetições),

por tratamento, contendo as mudas de alface, foram transferidas para laboratório

localizado no Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí (Urutaí, Goiás, Brasil), onde o

número de larvas presentes por placa foi registrado. Na ocasião, todas as 345 células,

por placa, foram separadas individualmente e cortadas, com auxílio de um estilete

manual, em 10 seções transversais de igual tamanho para se observar a presença de

larvas de fungus gnats e shore fly. Nessa etapa ocorreu diferenciação entre as duas

espécies de moscas devido às diferenças morfológicas facilmente detectáveis. Apesar

das análises destrutivas, as mudas de alface, presentes em cada célula, foram

preservadas para quantificação do seu peso fresco (mg) de forma imediata.

A evolução (em dias) da incidência de algas nas células das placas de espuma

fenólica foi contabilizada a partir da deposição das sementes de alface nas células.

Uma escala com cinco diferentes notas foi sugerida para diagnosticar a presença (ou

não) das algas, bem como sua quantidade. Para isso utilizou-se um ranking com

escalas de 0, 25, 50, 75 e 100% das células com presença de algas (ver Figura 5A).

A comparação entre tratamentos para a germinação acumulada das sementes

de alface foi realizada através de figuras de regressão, considerando o intervalo de

tempo como importante medida informativa sobre a dinâmica da germinação em

vegetais (Ranal & Santana 2006). Nesse caso, o melhor modelo ajustado foi do tipo

sigmoide (y= a/(1+exp(-(x-x0)/b)). Diversos modelos de regressão foram previamente

comparados através do seu comportamento visual e, adicionalmente, através dos

valores de R2 obtidos pelo programa SigmaPlot® versão 11 (Systat Software Inc). O

mesmo procedimento foi realizado para a variável independente de moscas adultas

pousadas nas placas. Nesse caso, a regressão do tipo exponencial (modelo de

Stirling) (y=y0+a*(exp(b*x)-1)/b) foi aquele que apresentou melhor ajuste, para

representação dos tratamentos.

Os dados referentes ao número de larvas presentes nas placas seguiram

distribuição normal e, portanto, uma análise de variância foi realizada para

diagnosticar a existência de diferença (ou não) entre tratamentos. Após essa prévia

diagnose, as médias dos tratamentos foram comparadas entre si através do teste de

Tukey a 5% de probabilidade. O mesmo procedimento foi realizado para a variável

independente peso fresco das mudas.

Page 16: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

7

Para fins de comparação de como ocorreu a evolução da infestação de algas

nas placas de espuma fenólica, em função dos tratamentos, uma análise visual foi

apresentada graficamente através dos valores médios de infestação (%) por

tratamento em função dos dias após a semeadura. Como os dados de evolução da

infestação de algas não seguiram distribuição normal, o teste não-paramétrico de

Kruskal-Wallis foi utilizado. Nesse caso, verificamos se ao menos uma amostra

dominou estocasticamente uma outra amostra, ou seja, se houve diferença entre

tratamentos. A evolução da presença das algas de forma ilustrativa foi mantida para

facilitar a visualização das diferenças entre os tratamentos (e ao longo dos dias de

avaliação), pois o teste de Kruskal-Wallis não identifica onde a dominância estocástica

ocorre ou para quantos pares de grupos se obtém tal dominância.

Page 17: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

8

RESULTADOS

O percentual de sementes germinadas de alface, ao longo do intervalo de

tempo, sofreu influência dos tratamentos (Figura 1). O modelo sigmoidal de regressão

descreveu com melhores ajustes o comportamento diário de germinação das

sementes, em função dos tratamentos (Figura 1). Os valores de R2; F e P que

descrevem o ajuste dos dados de germinação obtidos ao modelo de regressão

sigmoidal foram, respectivamente, 99,69; 1772,31 e <0,0001 (H2O2), 99,43; 953,78 e

<0,0001 (Beauveria bassiana), 98,72; 425,63 e <0,0001 (Metarhizium anisopliae),

99,20; 686,15 e <0,0001 (Espinosina) e 99,61; 1419,11 e <0,0001 (água). Aos quatro

dias após a semeadura, apenas 27% e 25,7% das sementes haviam germinado nos

tratamentos sob pulverização com água oxigenada e Espinosina, respectivamente. No

mesmo intervalo de tempo, os valores de germinação foram de 46,8 %, 55,40% e

53,80% para os tratamentos B. bassiana, M. anisopliae e água, respectivamente

(Figura 1). Os valores de germinação das sementes de alface submetidas aos

tratamentos água oxigenada e Espinosina mantiveram-se abaixo dos demais

tratamentos até o final das avaliações (15º dia após a semeadura). As médias totais

(com respectivos erros padrões) para a germinação das sementes de alface, durante

todo o período de avaliação, foram de 69,96% (± 7,91) para água oxigenada, 77,61%

(± 8,93) para B. bassiana, 79,18% (± 7,78) para M. anisopliae, 65,45% (± 8,90) para

Espinosina e 78,77% (± 8,15) para água.

Os tratamentos H2O2 (T1) e Espinosina (T4) foram capazes de amortizar a

presença de moscas adultas (fungus gnats e shore fly) observadas em atividade de

pouso sobre as placas de espuma fenólica (Figura 2). No entanto, nos tratamentos B.

bassiana, M. anisopliae e água a quantidade de moscas pousadas nas placas foi

superior em três vezes em comparação com os tratamentos T1 e T4 (Figura 2). O

número de moscas pousadas nas placas de espuma fenólica, em função dos

tratamentos, ajustou-se ao modelo exponencial de regressão (modelo de Stirling) com

os seguintes parâmetros para as curvas de regressão e, portanto, escolha do modelo:

água oxigenada (R2 = 96,13; F= 175,10 e P<0,0001), B. bassiana (R2 = 92,06; F=

82,19 e P<0,0001), M. anisopliae (R2 = 93,92; F= 109,10 e P<0,0001), Espinosina (R2

= 98,05; F= 352,13 e P<0,0001) e água (R2 = 94,35; F= 117,87 e P<0,0001).

Page 18: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

9

O número de larvas de shore fly (P= 0,03) e fungus gnats (P= 0,04) presentes

no interior das células das placas com espuma fenólica variou em função dos

tratamentos avaliados (Figura 3). O tratamento B. bassiana foi aquele onde o maior

número de larvas de shore fly foi observado, com média de 304,00 ± 18,00 larvas por

placa, seguido pelos tratamentos com M. anisopliae (248,00 ± 17,20 larvas), água

(200,00 ± 20,00 larvas) e H2O2 (72,00 ± 14,00 larvas) (Figura 3). No caso das larvas

de fungus gnats, o tratamento que propiciou maior quantidade de larvas foi aquele

onde as placas foram pulverizadas com M. anisopliae (298,00 ± 22,00 larvas), seguido

por água (284,00 ± 17,20 larvas), B. bassiana (132,00 ± 14,00 larvas) e H2O2 (24,00

± 4,00 larvas) (Figura 3). Para ambas espécies de moscas, nenhuma larva foi

encontrada quando as placas de espuma fenólica foram pulverizadas com Espinosina

(Figura 3).

O peso fresco das mudas de alface sofreu influência dos tratamentos (P=

0,03) (Figura 4). As mudas de alface oriundas das placas pulverizadas com Espinosina

foram aquelas com menor peso fresco (0,65 ± 0,10 mg) ao final do período de

avaliação. Para os demais tratamentos, o peso fresco das mudas de alface não variou

com média de 1,29 mg (Figura 4).

A utilização da escala de notas para a incidência de algas nas células das

espumas fenólicas (Figura 5A) demonstrou ser útil para observar a evolução da

infestação ao longo do tempo. Em todos os tratamentos ocorreu aumento da presença

de algas nas células de espuma fenólica ao longo do tempo, com valores iniciais

partindo de 0% (1º dia após a semeadura) a até 100% (15º dia após a semeadura) de

infestação pelas algas. O período de início da colonização pelas algas iniciou-se a

partir do 9º dia após a semeadura do alface, principalmente, no tratamento onde o

fungo M. anisopliae foi previamente pulverizado (Figura 5B). Houve diferença

significativa para a infestação das algas entre tratamentos no 9º (H=89,32; P= 0,02),

10º (H=101,23; P= 0,01), 11º (H=90,12; P= 0,02), 12º (H=112,89; P= 0,001), 13º

(H=113,76; P= 0,004), 14º (H=98,21; P= 0,001) e 15º dia após a semeadura

(H=130,40; P< 0,05). Na Figura 5C o número (%) final de células infestadas com algas

foi explorado, através dos gráficos de barras verticais, com foco no último dia de

avaliação (15º dia após a semeadura). Nesse caso, no tratamento onde ocorreu

pulverização prévia com H2O2, 62,31 ± 2,30% da placa de espuma fenólica não

Page 19: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

10

continha presença de algas (Figura 5C). Para o tratamento com Espinosina 36,23 ±

5,21% das células também não tinham presença de algas (Figura 5C). Todavia, nos

demais tratamentos (os dois fungos entomopatogênicos e água) todas as células

presentes nas placas de espuma fenólica apresentaram infestação de 100% de algas

(Figura 5C).

DISCUSSÃO

H2O2 tem sido usado para diversas finalidades, mas destaca-se como agente

desinfetante e esterilizante (Watt et al. 2004). Mesmo assim, seu uso em sistemas

hidropônicos para fins de higienização de estruturas físicas ainda é pouco esclarecido

em comparação com outros compostos oxigenados, como o NaOH e KOH (Bezerra

Neto et al. 2010). O uso do H2O2 como agente de controle de insetos também é

esporadicamente investigado, principalmente em ambientes protegidos. No presente

trabalho, H2O2 reduziu o número de moscas adultas pousadas e o número de larvas

presentes nas células da espuma fenólica, devido ao seu potencial em causar

estresse oxidativo em organismos vivos (Zhang et al. 2016). Além disso, H2O2 conteve

drasticamente a evolução do crescimento das algas nas placas, reduzindo com isso a

colonização por fungus gnats e shore fly que são comumente associadas com

incidências de algas (Keates et al. 1989, Vänninen & Koskula 1998). Tais resultados

indicam o potencial do H2O2 como agente de controle dessas moscas, além de algas

em sistemas de produção de alface do tipo hidropônico.

Apesar das vantagens acima descritas, H2O2 interferiu na germinação das

sementes de alface. Mudas de pepino tiveram menor crescimento imediatamente

após a exposição a doses maiores de peróxido de hidrogênio (125 ppm), mas se

recuperaram da fitotoxidade dias depois (Vänninen & Koskula 1998). A concentração

utilizada e o estágio fenológico do vegetal no momento da exposição podem

inesperadamente modificar o status do H2O2 como uma molécula tóxica ou não às

plantas (Wojtyla et al. 2016). Para elucidar, de forma mais coerente, o efeito da

exposição do H2O2 na germinação em sementes de alface, um trabalho com foco na

diluição dessa molécula, através de investigações do tipo dose-resposta, está em

Page 20: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

11

curso. Compostos oxigenados são moléculas altamente reativas e com grande

potencial oxidativo, o que a torna capaz de interagir com diversas biomoléculas

presentes em sementes vegetais (incluindo ácidos nucléicos, proteínas e lipídios)

(Wojtyla et al. 2016). Dessa forma, as sementes de alface expostas ao H2O2 podem

ter sofrido danos celulares devido ao estresse oxidativo. Os reais efeitos do peróxido

de hidrogênio na fisiologia vegetal tem sido objeto de debate nas últimas décadas,

com resultados apontando benefícios dessa molécula incrementando a resistência

contra fontes de estresse abiótico (por exemplo, o estresse salino) (Niu & Liao 2016).

A interferência negativa do inseticida Espinosina sob a alface (principalmente

na germinação das sementes e no peso fresco das mudas) comprova que inseticidas

podem afetar o desenvolvimento de organismos não-alvo, incluindo vegetais

(DeLorenzo et al. 2001). Essa justificativa também se aplica ao fato desse inseticida

ter retardado o crescimento das algas nas placas de espuma fenólica ao longo do

tempo. A época de exposição (imediatamente após a semeadura) pode ter

potencializado seu efeito tóxico, como observado por Shakir et al. (2015) em sementes

de tomate. Isso demonstra a sensibilidade de sementes à exposição por inseticidas.

Por outro lado, o peso seco de flores, pedúnculos, folhas e raízes de Gerbera

jamesonii (Asteraceae) expostas a Espinosina (concentrações de 1x e 4x a mais da

recomendada) não foram afetados quando o inseticida foi aplicado nas mudas (Spiers

et al. 2006). Shakir et al. (2015) também observaram que baixas concentrações de

inseticidas estimularam a germinação de sementes de tomate, enquanto que altas

doses atuaram como inibidores. Dessa forma, devido à complexidade de fatores

potencialmente capazes em interferir na germinação das sementes de alface,

sugerimos que aplicações de inseticidas para controle de insetos-praga em sistemas

de cultivo do tipo hidropônico devam ser evitadas nas fases iniciais (como sementes).

As infestações por fungus gnats e shore fly são veridicamente associadas com a

presença de algas (Keates et al. 1989). Portanto, como a presença das algas nas

placas iniciou a partir do 8º dia após a semeadura, talvez esse seria um período mais

seguro para a aplicação de inseticidas de forma preventiva para fins de controle das

moscas, reduzindo o risco de efeitos adversos nas sementes.

O inseticida Espinosina, oriundo de metabólitos secundários sintetizados por

actinomicetos de solo, é aprovado para uso em sistemas orgânicos de produção

Page 21: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

12

agrícola para controle de tripes, Lepidoptera e moscas (Weintraub et al. 2017).

Todavia, tem sido definido como de amplo espectro devido ao sítio de ação estar

situado no sistema nervoso (Salgado et al. 1998). Biopesticidas que atuam como

reguladores de crescimento de insetos tem sido mais específicos e, portanto,

utilizados amplamente em estufas (Weintraub et al. 2017). Isso pode impedir o efeito

negativo de inseticidas em organismos não-alvo presentes no sistema hidropônico,

sejam eles invertebrados ou vegetais. Populações de inimigos naturais podem estar

presentes em sistemas hidropônicos de forma natural (Vänninen & Koskula 1998) ou

através de liberações artificiais (Gerson & Weintraub 2007), o que enfatiza a real

necessidade de utilizar inseticidas mais seletivos.

Os dois fungos entomopatógenos avaliados foram inócuos na germinação das

sementes e peso fresco das mudas de alface. Todavia, não foram eficientes em

controlar ambas as espécies de moscas na fase adulta e de larva, nem para conter a

evolução das algas nas espumas fenólicas. Resultados semelhantes foram

observados por Andreadis et al. (2016). Segundo esses autores, B. bassiana (cepa

GHA) não demonstrou interferência na produção do cogumelo champignon Agaricus

bisporus (Agaricaceae), nem como no controle de fungus gnats nas fases de larva e

adulto. Em contraste aos nossos resultados e aqueles descritos por Andreadis et al.

(2016), Stanghellini & El-Hamalawi (2005) observaram alta mortalidade de larvas e

adultos de shore fly expostos a Beauveria bassiana. Nesse caso, os autores

identificaram e isolaram uma cepa encontrada previamente em cadáveres de shore

fly adultos. A (1) simplificação do ambiente onde aquele ensaio foi conduzido

(exposição dos insetos mantidos em placas de Petri) e a (2) prévia seleção de uma

cepa de B. bassiana altamente virulenta podem ter influenciado na alta mortalidade

encontrada.

Apesar da ausência de eficiência para fungus gnats e shore fly observada, o

controle microbiológico de pragas presentes em sistemas hidropônicos pode gerar

muitas novas perspectivas, como a substituição do uso de inseticidas. Outros grupos

de insetos, como tripes e pulgões, demonstram maior susceptibilidade a B. bassiana

e M. anisopliae (Fournier & Brodeur 2000, Lopes et al. 2000). Metarhizium anisopliae

(isolado 1104) demonstrou eficiência de 60%, seis dias após a primeira pulverização,

sobre Frankliniella occidentalis (Thysanoptera: Thripidae) em ensaios conduzidos em

Page 22: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

13

sistema hidropônico (Lopes et al. 2000). O uso simultâneo do H2O2 (nosso tratamento

mais eficiente) e fungos entomopatógenos em ambientes de produção vegetal mais

simplificados, do ponto de vista biológico (como sistemas hidropônicos), pode vir a ser

uma realidade, em se tratando de controle de insetos praga. Zhang et al. (2016)

comprovaram que o H2O2 pode aumentar a produção de micotoxinas e, com isso, a

virulência em B. bassiana, devido ao estímulo desencadeado pelo estresse oxidativo.

Isso sugere a existência de uma possível compatibilidade entre os tratamentos

avaliados no presente trabalho. Todavia, o efeito dessa provável sinergia precisa ser

convenientemente testado em se tratando do manejo das moscas fungus gnats e

shore fly.

Problemas com a presença de algas e, consequentemente, distúrbios nas

populações de moscas podem ser drasticamente controlados se todos os

procedimentos recomendados de higiene forem praticados (Epenhuijsen et al. 2001).

No entanto, essa premissa é difícil de ser implementada em sistemas hidropônicos

comerciais, devido ao gasto com mão-de-obra requerida e a sobreposição frequente

de cultivos. Isso requer a necessidade de uso de produtos com várias funções

biológicas (como sanitária e pesticida). O presente trabalho torna a luz do

conhecimento o potencial que H2O2 pode desempenhar em sistemas hidropônicos

como agente sanitizante e controlador de fungus gnats e shore fly. Esses insetos

comumente são presentes nas espumas fenólicas utilizadas como substrato para

germinação das sementes de alface. Potenciais futuros problemas também podem

ser dirimidos como o uso do H2O2, uma vez que moscas são transmissores horizontais

de patógenos aos vegetais (El-Hamalawi 2008) e pelo fato de investigações terem

demonstrado a ação antifúngica do peróxido de hidrogênio (Qin et al. 2011).

Page 23: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

14

REFERÊNCIAS Andreadis, S. S.; Cloonan, K. R.; Bellicanta, G. S.; Paley, K.; Pecchia, J.; Jenkins, N.

E. Efficacy of Beauveria bassiana formulations against the fungus gnat Lycoriella

ingenua, Biological Control. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.biocontrol.2016.09.003.

2016.

Bezerra Neto E.; Santos, R. L.; Pessoa, P. M. A.; Andrade, P. K. B.; Oliveira, S. K. G.

& Mendonça, I. F. Tratamento de espuma fenólica para produção de mudas de alface.

Revista Brasileira de Ciências Agrárias. 5: 418-422. 2010.

Blanc, J. & Kleda, P.R. The Brazilian organic food sector: Prospects and constraints of

facilitating the inclusion of smallholders. Journal of Rural Studies. 28: 142-154. 2012.

Camargo Filho, W. P. & Camargo, F. P. A quick review of the production and

commercialization of the main vegetables in Brazil and the world from 1970 to 2015.

Horticultura Brasileira. 35: 160-166. 2017.

Costa, J. S. & Junqueira, A. M. R. Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na

região do Distrito Federal. Horticultura Brasileira. 18: 49-52. 2000.

Dalcin, D.; Souza, A. R. L.; Freitas, J. B.; Padula, A. D.; & Dewes, H. Organic products

in Brazil: from an ideological orientation to a market choice. British Food Journal. 116:

1998-2015. 2014.

DeLorenzo, M. E.; Scott, G. I.; Ross, P. E. Toxicity of pesticides to aquatic

microorganisms: a review. Environmental Toxicology and Chemistry. 20: 84-98.

2001.

El-Hamalawi, Z. A. Acquisition, retention and dispersal of soilborne plant pathogenic

fungi by fungus gnats and moth flies. Annals of Applied Biology. 153: 195-203. 2008.

Page 24: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

15

Epenhuijsen, C. W. V.; Page, B. B. C.; & Koolaard, J. P. Preventative treatments for

control of fungus gnats and shore flies. Horticultural Insects. New Zealand Plant

Protection. 54: 42-46. 2001.

Fournier, V. & Brodeur, J. Dose response susceptibility of pest aphids (Homoptera:

Aphididae) and their control on hydroponically grown lettuce with the

entomopathogenic fungus Verticillium lecanii, Azadirachtin, and insecticidal soap.

Environmental Entomology. 29: 568-578. 2000.

Gerson, U. & Weintraub, P.G. Mites for the control of pests in protected cultivation.

Pest Management Science. 63:658–676. 2007.

Keates, S. E.; Sturrock, R. N. & Sutherland, J. R. Populations of adult fungus gnats

and shore flies in British Columbia container nurseries as related to nursery

environment, and incidence of fungi on the insects. New Forests. 3: 1-9. 1989.

Lopes, R. B.; Alves, S. B. & Tamai, M. A. Fungo Metarhizium anisopliae e o controle

de Frankliniella occidentalis em alface hidropônico. Scientia Agricola. 57: 239-243.

2000.

Niu, L. & Liao, W. Hydrogen peroxide signaling in plant development and abiotic

responses: cross talk with nitric oxide and calcium. Frontiers in Plant Science. 7:

article 230. 2016.

Qin, G.; Liu, J.; Cao, B.; Li, B. & Tian, S. Hydrogen peroxide acts on sensitive

mitochondrial proteins to induce death of a fungal pathogen revealed by proteomic

analysis. PlosOne. 6: e 21945 . 2011.

Radin, B.; Wolff, V. R. S.; Lisboa, B. B.; Witter, S. & Silveira, J. R. P. Bradysia sp. em

morangueiro. Ciência Rural. 39: 547-550. 2009.

Ranal, M. A. & Santana, D. G. How and why to measure the germination process?

Page 25: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

16

Revista Brasileira de Botanica. 29: 1-11. 2006.

Salgado, V. L.; Sheets, J. J.; Watson, G. B. & Schmidt, A. L. Studies on mode of action

of Spinosad: the internal effective concentration and the concentration dependence of

neural excitation. Pesticide Biochemistry and Physiology. 60: 103-110. 1998.

Shakir, S. K.; Kanwal, M.; Murad, W.; Rehman, Z. U.; Rehman, S. U.; Daud, M. K. &

Azizullah, A. Effect of some commonly used pesticides on seed germination, biomass

production and photosynthetic pigments in tomato (Lycopersicon esculentum).

Ecotoxicology. 25: 329-341. 2015.

Spiers, J. D.; Davies Jr, F. T.; He, C.; Bográn, C. E.; Heinz, K. M.; Starman, T. W &

Chau, A. Effects of insecticides on gas exchange, vegetative and floral development,

and overall quality of Gerbera. HortScience. 41: 701-706. 2006.

Stanghellini, M.E & El-Hamalawi, Z. A. Efficacy of Beauveria bassiana on colonized

millet seed as a biopesticide for the control of shore flies. HortScience. 40: 1384-1388.

2005.

Takikawa, Y.; Matsuda, Y.; Kakutani, K.; Nonomura, T.; Kusakari, S.; Okada, K.;

Kimbara, J.; Osamura, K. & Toyoda, H. Electrostatic insect sweeper for eliminating

whiteflies colonizing host plants: a complementary pest control device in an electric

field screen-guarded greenhouse. Insects. 6: 442–454. 2015.

Tiago, P.V.; Oliveira, N. T. & Lima, E. A. L. A. Biological insect control using Metarhizium

anisopliae: morphological, molecular, and ecological aspects. Ciência Rural. 44: 645-

651. 2014.

Vanninen, I. & Koskula, H. ffect of hydrogen peroxide on algal growth, cucumber

seedlings and the reproduction of shore flies (Scatella stagnalis) in rockwool. Crop

Protection. 17: 547-553. 1998.

Watt, B. E.; Proudfoot, A. T. & Vale, J. A. Hydrogen peroxide poisoning. Toxicological

Page 26: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

17

Reviews. 23: 51-57. 2004.

Weintraub, P.G.; Recht, E.; Mondaca, L. L.; Harari, A. R.; Diaz, B. M. & Bennison, J.

Arthropod pest management in organic vegetable greenhouses. Journal of

Integrated Pest Management. 8: 1-14. 2017.

Wojtyla, L.; Lechowska, K.; Kubala, S. & Garnczarska, M. Different modes of hydrogen

peroxide action during seed germination. Frontiers in Plant Science. 7: article 66.

2016.

Zhang, C.; Wang, W.; Lu, R.; Jin, S.; Chen, Y.; Fan, M.; Huang, B.; Li, Z. & Hu, F.

Metabolic responses of Beauveria bassiana to hydrogen peroxide-induced oxidative

stress using an LC-MS-based metabolomics. 2016.

Page 27: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

18

APÊNDICES

Figura 1. Valores observados (círculos) e estimados (linhas coloridas e pontilhada),

através de modelo de regressão sigmoidal, para a germinação (%) acumulada de

sementes de alface (cultivar Brida) ao longo do tempo (dias após a semeadura). As

placas de germinação, contendo uma semente por célula, foram pulverizadas com

H2O2 (T1), Beauveria bassiana (T2), Metarhizium anisopliae (T3), Espinosina (T4) e

Água (T5).

Dias após a semeadura

4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Ger

min

ação

acu

mula

da

(%)

20

30

40

50

60

70

80

90

H2O2

BeauveriaMetarhiziumEspinosinaControle

Page 28: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

19

Figura 2. Total acumulado de moscas adultas de fungus gnats e shore fly pousadas

por placa de espuma fenólica, através de modelo de regressão exponencial com

valores observados (círculos) e estimados (linhas coloridas e pontilhada) ao longo do

tempo (dias após a semeadura). As placas de germinação, contendo uma semente

por célula, foram pulverizadas com H2O2 (T1), Beauveria bassiana (T2), Metarhizium

anisopliae (T3), Espinosina (T4) e Água (T5).

Dias após a semeadura

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Mosc

as a

dult

as p

ousa

das

por

pla

ca

0

1

2

3

4H

2O2

BeauveriaMetarhiziumEspinosinaControle

4

8

12

16

Page 29: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

20

Figura 3. Total de larvas (Média ± EP1) de shore fly e fungus gnats encontradas por

placa de espuma pulverizadas com H2O2 (T1), Beauveria bassiana (T2), Metarhizium

anisopliae (T3), Espinosina (T4) e Água (T5).1Médias seguidas pela mesma letra, para

cada espécie de mosca, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo

teste Tukey.

H

Bea

uver

ia

Met

arhi

zium

Espin

osin

a

Águ

a

Lar

vas

adult

as p

or

pla

ca (

Méd

ia ±

EP

1)

0

50

100

150

200

250

300

350

Scatella stagnalisFungus gnats

a

b

c

d

d

c

ab

H 2O 2

Page 30: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

21

Figura 4. Peso fresco (Média ± EP1) de mudas de alface (cv. Brida) pulverizadas,

antes da germinação, com H2O2 (T1), Beauveria bassiana (T2), Metarhizium

anisopliae (T3), Espinosina (T4) e Água (T5).1Médias seguidas pela mesma letra não

diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

H

Bea

uver

ia

Met

arhi

zium

Espin

osin

a

Águ

a

Pes

o f

resc

o d

as m

udas

(m

g)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

a

a a

b

a

H 2O 2

Page 31: CONTROLE DE ALGAS E MOSCAS, EM ESPUMA FENLICA, PARA …

22

Figura 5. Escala adotada para quantificar a presença de algas visíveis na superfície

das células, por placa (345 células) de espuma fenólica (Figura 5A). Evolução da

infestação por algas nas placas de espuma fenólica para os tratamentos H2O2 (T1),

Beauveria bassiana (T2), Metarhizium anisopliae (T3), Espinosina (T4) e Água (T5)

em função do tempo (dias após a semeadura) (Figura 5B). Quantificação (%) do

número de células infectadas com algas, por tratamento, apenas, para o último dia de

avaliação (15º dia).