controle da Água de lavagem - fosfatização

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  • 7/25/2019 Controle Da gua de Lavagem - Fosfatizao

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    ENG 02298 TRABALHO DE DIPLOMAO

    AVALIAO DE PROCESSO DE FOSFATIZAO

    Maria Aparecida Vieira Guerreiro119455

    Jane Zoppas Ferreira

    Professor Orientador

    Novembro de 2009

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    AGRADECIMENTOS

    A Prof. Dr. Jane Zoppas Ferreira por ter me orientado durante a execuo deste

    trabalho, pelo incentivo, apoio e por sua dedicao como professora.

    Aos meus empregadores por permitirem a realizao prtica do trabalho na linha depintura e-coat da empresa, ao gestor do Dpto. de Qualidade, pelo incentivo, apoio e

    compreenso inestimvel, aos colegas de trabalho, especialmente aos setores de preparao,

    soldagem, pintura e montagem, que muito colaboraram na realizao deste trabalho.

    Aos colaboradores do Lacor e Laboratrio de Metalografia, especialmente Regina e

    Wilbur, pela realizao dos ensaios e captura de imagens, e ao doutorando Tiago Lemos

    Menezes pelas imagens de MEV.

    UFRGS e a todos os professores do Dpto. de Engenharia de Materias pelo ensino de

    qualidade.

    A toda a minha famlia, especialmente pais e irmos, pelo seu apoio, suas palavras de

    incentivo e suas preces. Sem vocs, eu nada seria...

    A todos os amigos e colegas que acreditaram que eu conseguiria, a despeito de

    qualquer evidncia contrria.

    E sempre, a Deus, por tudo, e por todos.

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    RESUMO

    Dada a importncia do processo de fosfatizao, tanto como tratamento prvio

    para diversos tipos de pintura, quanto para reteno de lubrificante nos processos de

    conformao, ele amplamente aplicado nos mais diversos segmentos industriais, em

    substratos metlicos e no-metlicos.

    Neste trabalho foi avaliado o efeito da utilizao de neutralizante no enxgue

    psdecapagem, durante a preparao de corpos de prova com chapas sobrepostas, sobre a

    camada de fosfato tricatinico depositada, avaliando sua resistncia corroso.

    Os corpos de prova foram construdos em trs modelos distintos quanto a

    utilizao de chapas sobrepostas e formao de frestas: corpos de prova planos, que simulam

    a parte externa de peas e conjuntos; corpos de prova com chapas sobrepostas e solda lateral,

    simulando a juno de peas com formao de fresta, na qual o eletrlito pode passar atravs

    da mesma, sem reteno; e corpos de prova com chapas sobrepostas e solda em U, simulado

    a unio de peas com formao de fresta, na qual o eletrlito pode penetrar e ficar retido entre

    os componentes (chapas).

    O tratamento de fosfatizao foi realizado em planta industrial, com parmetros

    adequados para obter uma camada depositada adequada pintura posterior com deposio

    catafortica de primer e pintura eletrosttica a p.

    Aps o tratamento, os corpos de prova foram avaliados visualmente quanto ao

    aspecto superficial, morfologicamente por microscopia ptica e microscopia eletrnica de

    varredura, e submetidos a ensaios acelerados de corroso em nvoa salina e atmosfera mida

    saturada.

    A anlise dos resultados obtidos sugere, inicialmente, que o neutralizante,

    utilizado no enxgue psdecapagem, tenha apresentado um efeito negativo sobre a etapa de

    fosfatizao. Novos estudos, com variao de parmetros de processo e utilizao de maior

    nmero de peas, so necessrios para confirmar os resultados iniciais.

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    SUMRIO

    1. INTRODUO..................................................................................................................1

    2. OBJETIVOS.......................................................................................................................23. REVISO BIBLIOGRFICA............................................................................................3

    3.1 Importncia e Custos da Corroso ...................................................................................3

    3.1.1 Corroso na Indstria Automotiva ..............................................................................4

    3.2 Formas de Corroso ........................................................................................................ 5

    3.2.1 Corroso uniforme ou corroso generalizada ..............................................................5

    3.2.2 Corroso em frestas ....................................................................................................5

    3.2.2.1 Tipos de Frestas..................................................................................................... 63.2.2.2 Geometria da Fresta...............................................................................................6

    3.2.2.3 Mecanismos de Formao de Corroso em Frestas ................................................7

    3.2.2.4 Preveno de Corroso em Frestas....................................................................... 11

    3.2.3 Corroso galvnica...................................................................................................11

    3.2.4 Corroso sob depsito .............................................................................................. 12

    3.2.5 Corroso por pite......................................................................................................12

    3.3 Preparao da Superfcie ...............................................................................................133.3.1. Desengraxe e Decapagem........................................................................................13

    3.3.2 Condicionamento .....................................................................................................15

    3.4 Fosfatizao ..................................................................................................................15

    3.4.1 Estrutura e Funo da Camada de Fosfato................................................................. 16

    3.4.2 Funo Bsica do Banho de Fosfatizao .................................................................19

    3.4.2.1 Reaes Envolvidas no Processo ......................................................................... 19

    3.4.2.2 ons Metlicos .....................................................................................................21

    3.4.2.3 Superfcie Metlica.............................................................................................. 22

    3.4.2.4 Agentes aceleradores ........................................................................................... 22

    3.4.2.5 Efeito da Temperatura e do Tempo...................................................................... 23

    3.4.2.6 Nucleao............................................................................................................24

    3.4.2.7 Contaminantes do Banho ..................................................................................... 25

    3.4.3 Passivao................................................................................................................25

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    3.5 Controles do Processo de Fosfatizao .......................................................................... 26

    3.5.1 Controle das guas de Lavagem...............................................................................26

    3.5.1.1 Controle da gua de lavagem aps o desengraxe alcalino................................... .. 27

    3.5.1.2 Controle da gua de lavagem aps a decapagem cida ......................................... 273.5.1.3 Controle da gua de lavagem aps a fosfatizao............................................... .. 27

    3.5.2 Controle do Banho de Fosfatizao................... ................................................ ........ 27

    3.5.2.1Controle de Aceleradores......................................................................................28

    3.6 Caracterizao das Camadas Fosfatizadas .....................................................................29

    4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL............................................................................. 30

    4.1 Materiais .......................................................................................................................30

    4.2 Mtodos ........................................................................................................................ 35

    4.2.1 Caracterizao visual e morfolgica ......................................................................... 35

    4.2.2 Caracterizao fsica................................................................................................. 35

    4.2.3 Avaliao da resistncia corroso............. ................................................ .............. 35

    4.2.3.1 Ensaio de exposio a nvoa salina......................................................................35

    4.2.3.2 Ensaio de exposio atmosfera mida ...............................................................35

    5. RESULTADOS E DISCUSSES..................................................................................... 36

    5.1 Caracterizao Visual e Morfolgica............................................................................. 36

    5.2 Caracterizao Fsica.....................................................................................................445.3 Avaliao da Resistncia Corroso ............................................................................. 46

    5.3.1 Resistncia Nvoa Salina....................................................................................... 46

    5.3.2 Resistncia Atmosfera mida................................................................................ 48

    6. CONCLUSES ................................................................................................................50

    7. SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS..............................................................51

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................... 52

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    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1: Custos com corroso nos Estados Unidos por ano (1998) (2) ................... ............... 4

    Figura 2: Esquema mostrando o mecanismo de corroso em fresta em uma junta: a) corroso

    em fresta em soldas ou juntas de chapas metlicas e b) superfcies rugosas onde o eletrlito

    pode ficar retido, em junes de chapas firmemente seladas. (3) ............................. ............... 6

    Figura 3: reas andicas e catdicas em frestas (4)................................................................8

    Figura 4: areas andicas em chapas com corroso por aerao diferencial (4)......................... 9

    Figura 5: reas andicas e catdicas em chapas com corroso por concentrao diferencial (4)

    .............................................................................................................................................. 9

    Figura 6: Esquema mostrando o mecanismo de corroso galvnica, o qual ocorre quando dois

    metais diferentes so colocados em contato na presena de um eletrlito. (3).......... ............. 12

    Figura 7: Esquema mostrando o mecanismo de corroso sob depsito. (3) ........................... 12

    Figura 8: Esquema mostrando o mecanismo de corroso por pite. (3)...................... ............. 13

    Figura 9: Micrografias eletrnicas de varredura comparando camada de fosfato cristalina e

    amorfa (5)............................................................................................................................ 16

    Figura 10: Delaminao de substratos de ao pintados tratados com diferentes fosfatizaes a

    zinco aps 1 ano de exposio a ambiente externo. Substrato CRS, ao laminado a frio; EG,

    eletrogalvanizado. Revestimento com pintura eletrofortica + filler + top coat. Dano artificialcom riscador Clemen, semelhante a um corte com bisturi. (5) .............................................. 18

    Figura 11: Corpo de prova plano.......................................................................................... 30

    Figura 12: Corpo de prova com solda lateral (fresta com duas extremidades livres).............. 30

    Figura 13: Corpo de prova com solda em U (fresta com uma extremidade livre) ........... ....... 31

    Figura 14 : Fluxograma do processo de fosfatizao............ ................................................ . 31

    Figura 15: Etapas do processo de fosfatizao.. .................................................................. . 34

    Figura 16: avaliao visual de corpos de prova fosfatizados a) corpo de prova plano, enxgue

    com gua; b) corpo de prova plano, enxgue com neutralizante............................................ 36Figura 17: corpo de prova com solda em U, enxgue com neutralizante..................... ....... 36

    Figura 18: corpo de prova com solda em U, enxgue com gua ........................................ 37

    Figura 19: corpo de prova com solda em U, enxgue com neutralizante, com porosidade na

    solda e presena de resduos de prtratamento...................................................................... 37

    Figura 20: corpo de prova com solda lateral, enxgue com gua.......................................... . 37

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    Figura 21: corpo de prova com solda lateral, enxgue com neutralizante............................. . 38

    Figura 22: superfcie fosfatizada, enxgue com gua, microscpio tico, 400x..................... 38

    Figura 23: superfcie fosfatizada homognea, enxgue com neutralizante, microscpio tico

    400x..................................................................................................................................... 39

    Figura 24: superfcie fosfatizada, submetida a atmosfera mida por 72h, microscpio tico

    400x..................................................................................................................................... 39

    Figura 25: superfcie fosfatizada, enxgue com neutralizante. .............................................. 40

    Figura 26: superfcie fosfatizada, enxgue com gua............................................................ 41

    Figura 27: superfcie fosfatizada, enxgue com neutralizante, exposio atmosfera mida

    saturada por 72h................................................................................................................... 42

    Figura 28: superfcie fosfatizada, , enxgue com gua, exposio atmosfera mida saturada

    por 72h. ............................................................................................................................... 43Figura 29: Espessuras de camada depositada........................................................................ 45

    Figura 30: corpos de prova planos submetidos a ensaio acelerado em nvoa salina: a) enxgue

    com neutralizante e b) enxgue com gua ............................................................................ 46

    Figura 31: corpos de prova com solda lateral submetidos a ensaio acelerado em nvoa salina:

    a) enxgue com neutralizante e b) enxgue com gua........................................................... 47

    Figura 32: corpos de prova com solda U submetidos a ensaio acelerado em nvoa salina: a)

    enxgue com neutralizante e b) enxgue com gua............................................................... 47

    Figura 33: corpos de prova planos submetidos a ensaio acelerado em atmosfera midasaturada: a) enxgue com neutralizante e b) enxgue com gua..................................... ....... 48

    Figura 34: corpos de prova com solda lateral submetidos a ensaio acelerado em atmosfera

    mida saturada: a) enxgue com neutralizante e b) enxgue com gua ................................. 49

    Figura 35: corpos de prova com solda em U submetidos a ensaio acelerado em atmosfera

    mida saturada, enxgue com neutralizante..........................................................................49

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    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1: Compostos de fosfato encontrados em revestimentos de converso....................... 17

    Tabela 2: Poluentes mais comuns para a reao de fosfatizao .................... ....................... 25Tabela 3: Composio qumica aproximada para os pontos observados, conforme grficos

    obtidos por MEV ................................................................................................................. 44

    Tabela 4: Corroso de diferentes amostras aps a exposio de 48 horas em Nvoa Salina .. 46

    Tabela 5: Corroso das diferentes amostras aps exposio de 72 horas em Cmara mida. 48

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    1. INTRODUO

    Por ser um processo espontneo, a corroso dos metais est presente em todos os

    segmentos industriais, de explorao econmica e do cotidiano, podendo ser minimizada

    atravs de diferentes tcnicas de proteo de superfcies, sem, no entanto, ser eliminada

    definitivamente.

    Os mecanismos de corroso so diversos e sua importncia relativa varia com a

    agressividade do meio de exposio, metal ou liga, de construo e/ou funo da pea ou

    componente, entre outros.

    Atualmente os custos diretos e indiretos da corroso so estimados em bilhes de

    dlares, distribudos globalmente em maior ou menor escala em todos os setores da economia.

    Ao longo dos anos, muitas tcnicas de proteo a corroso tem sido aperfeioadas, e

    novos mtodos de revestimento, desenvolvidos. Um dos setores que se destaca na pesquisa e

    aplicao de novos revestimentos e tcnicas a indstria automobilstica e um dos processos

    mais utilizados, seja para proteo temporria, revestimento de base para outros tipos de

    tratamento superficial, e at mesmo como condicionamento para outros processos de

    fabricao, a fosfatizao.

    Este trabalho descreve as tcnicas de preparao de superfcies antes da fosfatizao, e

    analisa o efeito do enxgue psdecapagem, com neutralizante alcalino, sobre a qualidade da

    camada fosfatizada.

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    2. OBJETIVOS

    O presente trabalho tem por objetivo analisar o efeito do pr-tratamento aplicado a

    substratos de ao, e o efeito correspondente na deposio da camada de fosfato tricatinico,

    que precede a pintura catafortica, com nfase ao enxgue psdecapagem, no qual foram

    aplicadas variaes em relao ao pH da soluo de enxgue.

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    3. REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 Importncia e Custos da Corroso

    Os processos de corroso so frequentes e ocorrem nas mais variadas atividades,

    como, por exemplo, nas indstrias qumica, petrolfera, petroqumica, naval, de construo

    civil, automobilstica, nos meios de transporte areo, ferrovirio, metrovirio, martimo,

    rodovirio, e nos meios de comunicao, como sistemas de telecomunicaes, na rea de

    sade (odontologia e medicina) e em setores de arte como monumentos e esculturas.

    As perdas econmicas que atingem essas atividades podem ser classificadas em

    diretas e indiretas.

    So perdas diretas:

    a) Os custos de substituio das peas ou equipamentos que sofreram corroso, incluindo

    energia e mo-de-obra;

    b) Os custos e a manuteno dos processos de proteo (proteo catdica, revestimentos,

    pinturas, etc.).

    As perdas indiretas so mais difceis de analisar, mas um breve exame das perdas

    tpicas dessa espcie conduz a concluso de que podem totalizar custos mais elevados que as

    perdas diretas e nem sempre podem ser qualificadas. So perdas indiretas:

    a) Paralisaes acidentais (limpeza de trocadores de calor ou caldeiras), paredes para

    substituio de tubulaes;

    b) Perda de produto (leo, solues, gs, gua) em tubulaes corrodas at a realizao do

    reparo;

    c) Perda de eficincia (trocadores de calor, motores automotivos, caldeiras, tubulaes de

    gua);

    d) Contaminao de produtos (por produtos de corroso);

    e) Superdimensionamento nos projetos;

    Em alguns setores, embora a corroso no seja muito representativa em termos de

    custo direto, deve-se levar em considerao o que ela pode representar em:

    a) Questes de segurana;

    b) Interrupo de comunicaes;

    c) Preservao de monumentos histricos;

    d) Poluio ambiental.

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    Com o avano tecnolgico mundialmente alcanado, os custos de corroso

    evidentemente se elevam, tornando-se um fator de grande importncia j na fase de projeto de

    grandes instalaes industriais para evitar ou minimizar futuros processos corrosivos.

    Esta importncia pode ser considerada sobre alguns aspectos bsicos, destacando-se

    como o primeiro deles o econmico, traduzido pelo custo de corroso que envolve cifras

    astronmicas e pelos custos que envolvem a conservao de reservas minerais e consumo

    energtico. (1)

    Figura 1: Custos com corroso nos Estados Unidos por ano (1998) (2)

    3.1.1 Corroso na Indstria AutomotivaA corroso, nos ltimos anos tem se tornado o principal interesse de fabricantes de

    automveis no mundo.

    Fatores ambientais, incluindo a poluio do ar em reas industriais, exposio s

    atmosferas marinhas em regies costeiras, precipitao cida, procedimentos para controle da

    poeira em estradas rurais, produtos qumicos para remoo do gelo utilizados em grande

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    escala na Amrica do Norte, contribuem para aumentar a corroso em carrocerias de

    automveis e outros componentes.

    A indstria automotiva tem respondido ao problema de corroso de vrias formas,

    incluindo o uso de materiais mais resistentes corroso e prticas melhores de projeto. (3)

    3.2 Formas de Corroso

    O ambiente automotivo pode resultar em vrias formas de corroso. As principais so:

    corroso uniforme ou generalizada;

    corroso em frestas;

    corroso galvnica;

    corroso sob depsito; corroso por pite.

    Outras formas incluem corroso inside-out, corroso outside-in, corroso scab

    (similar a corroso inside-out, mais usualmente ocorre em juntas e fendas onde a poeira e a

    umidade ficam retidas), saponificao, delaminao catdica e corroso filiforme.

    3.2.1 Corroso uniforme ou corroso generalizadaOcorre sobre toda a superfcie exposta de um componente na forma de diminuio da

    espessura do material. Por causa da natureza uniforme do ataque, esta a menos prejudicial

    dentre as formas de corroso automotiva, especialmente por ser a mais previsvel. (3)

    A corroso se processa em toda a extenso da superfcie, ocorrendo perda uniforme de

    espessura. (1) (7)

    3.2.2 Corroso em frestasA presena de aberturas estreitas ou frestas entre componentes, metal-metal ou metal-

    no metal, pode dar origem corroso localizada nesses stios. Da mesma forma, folgas no

    intencionais tais como trincas, dobras e outros defeitos metalrgicos podem servir como stios

    para iniciao da corroso. A resistncia corroso em frestas pode variar de um sistema para

    outro. (4) (22)

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    A corroso em frestas uma forma severa de ataque localizado que est normalmente

    associado com pequenas bolsas de eletrlito estagnado que podem se formar em furos,

    conexes ou sob fixadores. O ataque nesta forma de corroso rpido, e pode resultar em

    falha precoce. (3) (7)

    A figura 2 apresenta um esquema onde pode ser visualizada possibilidade de

    ocorrncia da corroso em fresta em soldas ou juntas (a) e em junes de materiais (b).

    Figura 2: Esquema mostrando o mecanismo de corroso em fresta em uma junta: a) corroso em fresta em soldas oujuntas de chapas metlicas e b) superfcies rugosas onde o eletrlito pode ficar retido, em junes de chapasfirmemente seladas. (3)

    3.2.2.1 Tipos de Frestas

    Frestas caem dentro de duas categorias: criadas pelo homem e de ocorrncia natural. A

    formao pode ser inevitvel e pode servir para um propsito de projeto particular, tal como

    em fixadores e guarnies. Outras frestas feitas pelo homem podem resultar durante a

    fabricao ou montagem. Algumas destas podem ser evitadas aps a avaliao das

    conseqncias da corroso em frestas.

    Numa situao de servio real, esta ocorrncia poderia ser evitada por selamento com

    solda das juntas e/ou aplicao de proteo catdica. Selantes, revestimentos e graxas tambm

    podem promover corroso localizada, pela formao de stios na interface com alguns

    materiais suscetveis. (4) (22)

    3.2.2.2 Geometria da Fresta

    Para obter uma maior compreenso da corroso em fresta deve-se reconhecer a

    importncia da geometria da fresta, porque esta frequentemente o fator controlador,

    governando a resistncia corroso em uma situao particular. A ocorrncia ou ausncia de

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    corroso em fresta para um dado sistema liga-ambiente pode, ou no, ser indicativo de

    performance sob outras condies nas quais existem frestas mais severas.

    As frestas podem ser definidas pela dimenso da abertura (grau de ajuste) e pela

    profundidade (distncia da abertura).

    Tipicamente, frestas mais justas podem ser conseguidas mais facilmente entre

    componentes no metlicos e metlicos do que entre dois componentes metlicos. Contudo,

    se gapsde igual dimenso puderem ser produzidos com componentes metal-metal, o incio da

    corroso pode ser mais rpido devido produo de ons metlicos de ambas as superfcies.

    Variaes na geometria da fresta de uma aplicao para a outra podem, frequentemente, ser a

    causa da variao de desempenho em uma liga.

    Aumentando o ajuste da fresta, profundidade, nveis de cloreto no ambiente e acidez

    aumentam as chances para iniciao da corroso. Em alguns casos, porm, frestas profundaspodem restringir a propagao devido diminuio da voltagem atravs da soluo da fresta.

    (4) (22)

    3.2.2.3 Mecanismos de Formao de Corroso em Frestas

    A corroso em frestas ocorre basicamente atravs de dois mecanismos, a saber:

    Concentrao Diferencial

    Quando um material metlico est imerso em solues de eletrlitos com diferentesconcentraes, tem-se a corroso por concentrao diferencial ou concentrao inica, que a

    corroso eletroqumica decorrente da exposio de um metal em uma soluo corrosiva com

    diferentes concentraes de ons. Na pilha formada, a regio andica, portanto corroda,

    aquela onde a concentrao do on metlico menor, e a regio catdica aquela onde a

    concentrao do on metlico maior.

    comum ocorrer essa pilha quando se tem superfcies metlicas superpostas e em

    contato, havendo, entre elas, pequenas frestas por onde o eletrlito possa penetrar. Ocorre

    tambm, no contato entre superfcies metlicas e no-metlicas, desde que haja frestas. Afresta deve ser suficientemente estreita para manter o meio corrosivo estagnado, e

    suficientemente aberta, para permitir que o meio corrosivo penetre nela.

    Supondo-se superfcies metlicas, M, superpostas e com frestas, pode-se admitir que

    no eletrlito em repouso, mesmo que haja igualdade de concentrao entre as solues de

    eletrlito nas partes mais internas e mais externas da fresta, ocorra um processo de dissoluo

    do metal, com a consequente formao de ons metlicos, Mn+. Pode-se , ento, estabelecer

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    um gradiente de concentrao devido ao processo de difuso dos ons ser lento, e a soluo do

    eletrlito passa a ser mais concentrada com ons Mn+ no interior da fresta do que na parte mais

    externa, pois nesta parte h fcil acesso do eletrlito e os ons metlicos a formados podero

    ser arrastados desde que o eletrlito se movimente. A diferena de concentrao ocasionar,

    ento, uma diferena de potencial e a formao de uma pilha de concentrao inica com

    corroso na parte externa da fresta, pois essa funciona como nodo da pilha formada.

    Aerao Diferencial

    Tem-se aerao diferencial quando um material metlico est imerso em regies

    diferentemente aeradas, constituindo um tipo freqente de heterogeneidade que conduz formao de uma pilha de aerao diferencial. Como geralmente o oxignio intervm no

    processo de aerao, tambm chamada pilha por oxigenao ou aerao diferencial, sendo o

    anodo a rea menos aerada e o catodo, a mais aerada.

    As reaes que se passam na corroso por aerao diferencial so:

    rea andica: Fe Fe2++ 2e

    rea catdica: H2O + 2e + O2 2OH-

    O produto de corroso, conhecido por ferrugem, Fe2O3.H2O vai se formar em uma

    regio intermediria, entre a rea catdica e a andica.

    Fe2++ 2OH-Fe(OH)2

    2Fe(OH)2 + O2+ H2O2Fe(OH)3(Fe2O3. H2O ou FeOOH)

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    A corroso em fresta por aerao diferencial uma corroso localizada e, portanto,

    produz ataque acentuado em determinadas regies, ocorrendo formao de pites ou alvolos.

    Na juno de peas metlicas por rebites ou parafusos podem existir frestas e, como

    nessas frestas a aerao pequena resulta uma baixa concentrao de oxignio no eletrlito

    que se encontra no interior das mesmas e em concentrao mais elevada de oxignio no

    eletrlito que se encontra em contato com o metal fora das frestas. Assim, no exemplo de

    chapas unidas por meio de parafusos, observa-se que a regio andica, que sofre a corroso,

    deve ser assinalada, j que a h menor concentrao de oxignio, pois a parte menos aerada.

    A figura 4 ilustra essa situao.

    Figura 4: reas andicas em chapas com corroso por aerao diferencial (4)

    Deve-se considerar tambm, nesse caso, a possibilidade de formao de pilha de

    concentrao inica, tendo-se ento o processo corrosivo mostrado na figura 5:

    Figura 5: reas andicas e catdicas em chapas com corroso por concentrao diferencial (4)

    Pode-se verificar que a corroso por aerao diferencial e a corroso por concentrao

    diferencial tem efeitos opostos, isto , uma conduz proteo aonde a outra conduz

    corroso. A predominncia de um efeito sobre o outro funo da natureza do metal, j que

    nos metais ativos, como ferro e zinco, predomina a corroso por aerao diferencial, e nos

    metais ativos como o cobre, predomina a corroso por concentrao diferencial. Essa

    predominncia deve ser funo, tambm, da abertura e da profundidade da fresta.

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    Um dos mecanismos propostos para a corroso em frestas (crevice corrosion),

    corroso sob depsitos, ou ainda, corroso por contato :

    Inicialmente, oxidao uniforme do metal sobre toda a superfcie exposta, inclusive no

    interior da fresta, de acordo com as equaes:

    MMn++ ne

    2H2O + O2 + 4e4 OH-

    que fornecem a equao final:

    4M + 2nH2O + nO24Mn++ 4nOH- ou

    4M + 2nH2O + nO24M(OH)n

    Aps um pequeno tempo, o oxignio existente no interior da fresta totalmente

    consumido, pois a conveco restrita cessando a reduo do oxignio;

    Como a rea dentro da fresta normalmente muito pequena comparada com a rea

    externa, a taxa total de reduo do oxignio permanece quase invarivel;

    Embora, no interior da fresta, no mais ocorra reduo de oxignio, continuar a

    oxidao do metal M, que tender a produzir um excesso de cargas positivas na soluo, as

    quais so balanceadas pela migrao preferencial de ons cloreto (tem mais mobilidade que osons OH-) para manter a igualdade de cargas. Esse processo aumenta a concentrao de

    cloreto metlico no interior da fresta e, como se sabe, alguns sais, e entre esto os cloretos,

    sofrem a ao da gua, isto , se hidrolisam, de acordo com a reao geral, formando cido

    clordrico, HCl.

    MCln+ nH2OM(OH)n + nHCl ou

    MCln+ nH2OM(OH)n + nH++ nCl-

    No caso de o meio corrosivo ser o cloreto de sdio, no interior da fresta a

    concentrao dos ons Cl- 3 a 10 vezes maior do que no seu exterior e o pH da ordem de 2

    a 3. Esses valores aceleram a concentrao do metal M, o que aumenta a migrao de ons Cl-,

    com consequente formao de cloreto metlico e hidrlise deste sal, permitindo concluir,

    ento, que ocorre um processo autocataltico;

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    Como prova desse mecanismo autocataltico pode-se apresentar o fato de que na

    corroso em frestas, h muitas vezes um perodo de incubao, sem que o ataque se inicie;

    Entretanto, uma vez iniciado, ele progride numa taxa sempre crescente;

    Quando a corroso aumenta no interior da fresta, a reduo do oxignio nassuperfcies adjacentes fresta tambm cresce. Esse fato, em consequncia, protege

    catodicamente as superfcies adjacentes fresta e, em razo dessa proteo, a superfcie

    externa fresta sofre pouco ou nenhum dano. (1)

    3.2.2.4 Preveno de Corroso em Frestas

    Sempre que possvel, as frestas devem ser eliminadas na fase de projeto. Quando

    inevitvel, elas devem ser mantidas to abertas e superficiais quanto possvel para permitirtroca contnua com o ambiente. A limpeza um fator importante, particularmente, quando as

    condies promovem a deposio sobre as superfcies metlicas.

    Em reas crticas, solda sobrepostas com ligas mais resistentes corroso tem se

    mostrado efetivas em alguns casos. Da mesma forma, o uso de proteo catdica pode ser

    benfico. As consequncias de proteo excessiva, contudo, devem ser conhecidas para

    aquelas ligas que podem ser suscetveis a hidrogenao e fragilizao. (4)

    Quando o mecanismo de corroso for concentrao diferencial, podem-se adotar as

    seguintes medidas de proteo: Usar massas de vedao, ou selantes, base de silicones, epxi, poliuretana ou asfalto

    em locais onde possa haver formao de frestas e presena de eletrlitos.

    Fazer a homogeneizao do eletrlito a fim de se chegar a uma mesma concentrao

    em todas as regies de um equipamento. Essa homogeneizao pode ser feita, em alguns

    casos, por meio de agitao ou turbilhonamento.

    3.2.3 Corroso galvnicaCorroso acelerada de um metal por causa de um contato eltrico com um metal mais

    nobre ou condutor no metlico num eletrlito corrosivo. (7) Ou seja, resulta do contato de

    dois metais diferentes na presena de um eletrlito. O metal, ou liga, mais ativo torna-se o

    nodo do par e pode estar sujeito a rpido ataque. Este tipo de corroso tem limitado as

    aplicaes automotivas para ligas de alumnio, porque o alumnio corroer preferencialmente

    em contato com o ao, como mostra o esquema da figura 6. Por esta razo, o alumnio deve

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    ser isolado do contato direto com o ao atravs do uso de espaadores tipo barreira ou selantes

    no condutivos. (3)

    Figura 6: Esquema mostrando o mecanismo de corroso galvnica, o qual ocorre quando dois metais diferentes socolocados em contato na presena de um eletrlito. (3)

    3.2.4 Corroso sob depsito

    uma forma de corroso em fresta que ocorre sob depsitos de escombros de

    estradas, tais como lama que pode se depositar no lado inferior dos pra-lamas e em outros

    locais. Os depsitos retm substncias corrosivas, tais como sal, em contato com o material da

    estrutura, e retardam ou impedem a sada destas substncias, como mostra a figura 7.

    Gradientes de composio do eletrlito so considerados a causa mais comum deste tipo de

    corroso. (3)

    Figura 7: Esquema mostrando o mecanismo de corroso sob depsito. (3)

    3.2.5 Corroso por piteSimilar corroso em fresta por ser um ataque localizado. Ocorre mais

    frequentemente em reas de pH baixo que so exauridas de oxignio, mas tem uma

    concentrao relativamente alta de cloretos. Uma vez que o pite iniciado, o mecanismo

    similar ao da corroso em fresta, com o prprio pite agindo como uma fresta. Pites podem se

    originar em heterogeneidades do metal, trincas em revestimentos protetivos, depsitos

    superficiais ou outros defeitos. (3)

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    A corroso por pite confinada a um ponto, ou pequena rea, que toma a forma de

    cavidades, como mostra a figura 8. (7)

    Figura 8: Esquema mostrando o mecanismo de corroso por pite. (3)

    Todas essas formas de corroso resultam da reao com o ambiente e todas requerema presena de gua. Estas e outras formas de corroso so predominantes no ambiente

    automotivo. (3)

    3.3 Preparao da Superfcie

    Os objetivos da limpeza e preparo de superfcies, para aplicao de revestimento, so:

    remover da superfcie impurezas que possam provocar falhas no revestimento aplicado e

    promover aderncia do revestimento ao substrato. Impurezas ou sujidades so as substncias

    encontradas na superfcie e que podem interferir, seja no processamento, seja no desempenho

    da proteo visada. O estado de limpeza da superfcie um requisito essencial a uma

    fosfatizao de qualidade. Gorduras, leos, xidos, etc. atuam de maneira diversa na adeso,

    continuidade e durabilidade do recobrimento.

    Essa limpeza pode ser obtida de diversas maneiras, mas, em se tratando de caso

    especfico da fosfatizao, alguns outros detalhes devem ser levados em conta. (1) (20)

    3.3.1. Desengraxe e DecapagemO processo de desengraxe usando solues aquosas ou solventes orgnicos uma

    etapa de prcondicionamento extremamente importante para a fosfatizao.

    Basicamente dois tipos de desengraxantes so utilizados na indstria de tratamento de

    superfcies:

    solventes orgnicos;

    desengraxantes alcalinos.

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    A escolha desses dois tipos deve levar em considerao o tipo de leos ou graxas

    existente na superfcie do item a ser processado. (8)

    Entre os solventes orgnicos os hidrocarbonetos clorados so muito efetivos na

    remoo de leos e graxas, mas leis ambientais limitam severamente o uso de tais solventes.

    Tratamento com solues alcalinas tambm bastante efetivo na remoo de leos e graxas, e

    serve tambm para aumentar a molhabilidade da superfcie do metal e remover camadas de

    xidos. (20)

    Agentes de desengraxe alcalinos consistem de lcalis, complexantes e surfactantes.

    lcalis so sais inorgnicos e hidrxidos, tais como NaOH e KOH, responsveis por valores

    de pH alto, dando a primeira contribuio para a condutividade inica da soluo. Tambm

    hidrolizam leos e graxas de origem vegetal e animal. Banhos de desengraxe usando estas

    bases esto normalmente na faixa de pH de 12 a 14. Ferro e ao normalmente so passivosnesses banhos de limpeza com pH alto. Zinco e alumnio normalmente so desengraxados a

    pH baixo, por causa da sua taxa de corroso ser elevada a pH alto. (5) (20) (23)

    Banhos comerciais de desengraxe alcalino contem numerosos aditivos. Silicatos tem

    boa ao emulsificante e propriedades dispersantes. Durante a limpeza do alumnio, zinco e

    ao revestido com zinco, uma fina camada de silicato se deposita sobre a superfcie e inibe o

    ataque do metal pela soluo alcalina. Fosfatos, pirofosfatos e polifosfatos removem

    parcialmente xidos metlicos e hidrxidos. Boratos e carbonatos tem boas propriedades

    acidificantes (buffering), estabilizam o pH e inibem o ataque alcalino.(20) (23)Surfactantes so molculas orgnicas compostas de grupos hidroflicos e hidrofbicos

    que, devido a esta estrutura, agrupam-se na interface metal/soluo. Dependendo de o grupo

    hidroflico ser catinico ou aninico, o surfactante chamado ction-ativo ou nion-ativo.

    No inicos so compostos de grupos polietileno glicol ou propileno glicol e molculas de

    cadeias alifticas e grupos aromticos. Os surfactantes dissolvem e emulsificam os

    componentes no hidrolizveis, tais como leos minerais. Agentes complexantes como cido

    etilenodiamino tetractico (EDTA), cido nitrilotriactico (NTA) ou gluconatos so

    adicionados aos banhos de limpeza para reduzir a precipitao indesejada. (5) (23)A remoo de impurezas inorgnicas realizada atravs da decapagem. (20)

    Admitindo uma decapagem alcalina, em que, alm da remoo dos xidos leves, so

    removidas as sujidades orgnicas, h certo condicionamento da superfcie. Os resduos

    alcalinos atuam, at certo ponto, de modo benfico. Promovem a elevao do pH, criando

    condies mais favorveis precipitao dos fosfatos. Entretanto, se forem em quantidades

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    excessivas, em vez de se formarem pequenos cristais h a formao de depsitos

    pulverulentos e soltos, sem valor industrial.

    Por outro lado, os resduos cidos de uma decapagem convencional retardam o incio

    do processo pelo aumento da fase de decapagem. (1)

    Decapagens cidas muito prolongadas tem uma tendncia a influir na fosfatizao,

    pela formao de cristais grandes. J uma decapagem moderada, com a distribuio uniforme

    dos pontos iniciais de ataque, atua de maneira mais interessante. Servem esses pontos, como

    ncleos de cristalizao.

    Evidencia-se, assim, a importncia do grau de rugosidade apresentado pela superfcie.

    Os obtidos por meio mecnico, os mais desejveis, como visto na parte inicial de nucleao, e

    os de natureza qumica como descritos anteriormente. (1)

    3.3.2 Condicionamento

    A etapa de condicionamento da superfcie antes de uma fosfatizao consiste da

    exposio a uma soluo coloidal de titnio de pH prximo ao neutro. Os colides de titnio

    adsorvem sobre a superfcie do metal e servem como stios de nucleao para crescimento da

    camada de fosfato. Disperses aquosas de fosfato de sdio e titnio so bastante apropriadas

    para este pr-condicionamento. Uma variedade de outros produtos qumicos, tais como cido

    oxlico, solues de aminas, ou fosfatos de zinco finamente divididos tem um efeito similar.

    A ativao aumenta o nmero de cristais de fosfato por unidade de rea, enquanto o tamanho

    do cristal, peso do revestimento e tempo de reao mnimo diminuem. (5)

    Muitos sistemas de fosfatizao a zinco so totalmente dependentes do estgio de pr-

    condicionamento para depositar uma camada de fosfato de zinco benfica. O pr-

    condicionador pode ser aplicado tanto como uma poro do estgio final de limpeza ou,

    preferencialmente, como um estgio separado imediatamente antes da fosfatizao. Devido ao

    seu carter coloidal, as disperses de ativao no so estveis, e os colides tm uma

    tendncia a coagular. Isto baixa a freqncia de nucleao e a taxa de formao do filme. O

    processo de coagulao muito sensvel ao pH, temperatura e dureza da gua, e esses

    parmetros devem ser precisamente controlados. (5)

    3.4 Fosfatizao

    A fosfatizao usada na indstria metalrgica para tratar substratos como ferro, ao,

    ao galvanizado, alumnio, cobre e magnsio, e suas ligas. A maior parte das carrocerias de

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    automveis so fosfatizadas antes da pintura para aumentar sua resistncia corroso e

    adeso da tinta. A extruso a frio do ao no seria economicamente vivel sem a fosfatizao

    como lubrificante. Outras aplicaes incluem fornecer resistncia corroso temporria para

    metais no pintados e resistncia eltrica. (6)

    3.4.1 Estrutura e Funo da Camada de Fosfato

    Revestimentos de converso de fosfatos so compostos de fosfatos tercirios de metais

    (Me) insolveis, Me3(PO4)2.xH2O. Nesta frmula, Me representa ctions metlicos divalentes

    de um ou mais elementos metlicos. A camada de fosfato, ou revestimento, formada sobre o

    substrato pela exposio do metal a um banho fosfatizante.

    A principal distino pode ser feita entre camadas de fosfato cristalinas e amorfas

    (figura 9).

    Figura 9: Micrografias eletrnicas de varredura comparando camada de fosfato cristalina e amorfa (5)

    As camadas amorfas so comumente usadas para proteo corroso temporria, com

    faixa de peso depositada de 0,1 a 4,0 g/m. Essas camadas so formadas por fosfatizao

    alcalina ou por fosfatizao sem enxgue. A fosfatizao sem enxgue utilizada

    principalmente na indstria para revestimento de bobinas e significa que a soluo de

    fosfatizao aplicada diretamente as chapas de ao e seca sem enxgue. Camadas de fosfato

    amorfas so formadas usando solues base de zinco e ferro.

    As camadas de fosfato cristalinas so mais facilmente classificadas por sua aplicao

    pretendida. Para aplicaes sob pintura, camadas de fosfato a base de zinco, formadas por

    processos com baixo teor de zinco, ou zinco padro, so usadas com massa de revestimento

    depositada na faixa de 1 a 7 g/m. Valores em torno de 7 g/m podem ser obtidos sobre aos

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    galvannealed e aos de alta resistncia. Para lubrificao e conformao a frio, massas de

    revestimento depositadas de at 60 g/m so comuns. Essas camadas so s vezes chamadas

    de heavy phosphating e so frequentemente, mas no sempre, camadas de fosfato a base de

    mangans, ao invs de zinco. (5)(6)

    A hopeta e fosfofilita so os compostos mais comumente observados. Atualmente, o

    estado da arte da maioria dos revestimentos de converso (pr-tratamento para pintura)

    consiste de Zn2+em combinao com um ou mais revestimentos de Mn2+, Ni2+e Fe2+. Alguns

    compostos de fosfato esto listados na tabela 1. (5) (6)

    Tabela 1: Compostos de fosfato encontrados em revestimentos de converso

    a) Hopeta e fosfolita so os mais comuns.

    b) A fosfofilita (Fe, Mn) Zn2(PO4)2.H2O; hurealita (Mn, Fe5) H2(PO4)4.4H2O

    c) Nenhum nome mineralgico encontrado.

    A camada de fosfato cristalino no um filme simples. A superfcie consiste de um

    arranjo de cristais de fosfato distintos, os quais so frequentemente uma mistura de fases

    amorfas, quando observada ao raio-X (sem padro no espectro XRD), e cristalinas. Entre os

    cristais de fosfato, o metal nu pode estar exposto, mas muitas vezes no o metal do substrato

    original. ons de Ni2+, Co2+ ou Cu2+so frequentemente adicionados ao banho de fosfato, e

    estes se depositaro por uma reao de cementao sobre a superfcie do metal exposto. Alm

    disso, a superfcie metlica entre os cristais pode ser passivada por um filme de fosfato

    amorfo. No caso de fosfatizao, seguida por um enxgue de passivao, um cromato ou

    outro revestimento de converso pode se formar entre os cristais de fosfato pela produo de

    uma camada fina contendo cromatos de estabilidade qumica pronunciada. (5)(6)

    Vrias funes podem ser atribudas camada de fosfato cristalina. A natureza no

    condutora dos cristais de fosfato confere uma propriedade de barreira com excelente proteo

    corroso. Os vazios entre os cristais fornecem ancoragem para camadas de pintura,

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    aumentando a aderncia da tinta. O metal exposto entre os cristais importante para fornecer

    uma superfcie condutora o suficiente permitir a deposio catdica de primers, muito usados

    na indstria automotiva. O fato das tintas serem eletroforticas assegura que o processo de

    deposio comece na base do poro e cresa para o exterior. (24)

    Para propsitos de lubrificao, a porosidade da superfcie resulta em uma reteno de

    leo muito boa. Alm disso, o leo pode ligar-se a camada de fosfato por uma reao de

    saponificao. Finalmente, sob compresso, os cristais podem formar uma fase vtrea na

    superfcie do metal, conferindo frico extremamente baixa para aplicaes de extrao

    profunda. (24)

    As camadas de fosfato cristalino so, geralmente, classificadas pelo tipo de ctions

    divalentes presentes no banho de fosfatizao: monocatinica (essencialmente Zn2+)

    bicatinica (Zn

    2+

    e Ni

    2+

    , Ca

    2+

    , Mg

    2+

    ou Mn

    2+

    ) e tricatinica (Zn

    2+

    , Ni

    2+

    e Mn

    2+

    ). Nestasfrmulas, algumas vezes o Ni2+ substitudo pelo Cu2+por razes ambientais, uma vez que o

    cobre pode ser utilizado em concentraes muito menores. A fosfatizao tricatinica

    considerada o estado de arte, dando o melhor desempenho global na resistncia corroso e

    adeso de tinta. Segue comparao do comportamento corroso de alguns tipos diferentes de

    camadas de fosfatos. (5)

    A figura 10 apresenta uma comparao entre dois diferentes substratos, ao laminado

    a frio e ao eletrogalvanizado, fosfatizados com diferentes fosfatizantes e pintados. A

    delaminao aps uma inciso na pintura mostra a supremacia do fosfato tricatinico.

    Figura 10: Delaminao de substratos de ao pintados tratados com diferentes fosfatizaes a zinco aps 1 ano deexposio a ambiente externo. Substrato CRS, ao laminado a frio; EG, eletrogalvanizado. Revestimento com pinturaeletrofortica + filler + top coat. Dano artificial com riscador Clemen, semelhante a um corte com bisturi. (5)

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    A fosfatizao com lcalis, a qual, na maioria das vezes, resulta em revestimentos

    amorfos, muito diferente da fosfatizao cristalina em termos de aplicao e uso.

    Geralmente, a fosfatizao com lcalis aplicada somente como um pr-tratamento de baixo

    custo para pintura. (5)

    3.4.2 Funo Bsica do Banho de Fosfatizao

    O banho de fosfatizao a base de zinco consiste principalmente de cido fosfrico e

    ctions de metais divalentes. A etapa de controle da taxa para crescimento do filme de fosfato

    a reao do on H+ e/ou outros agentes oxidantes presentes como aditivos na superfcie

    metlica. A soluo inerentemente agressiva ao substrato, e o ataque cido das superfcies

    metlicas leva ao aumento local do pH e concentrao de ons metlicos. Quando o produto

    de solubilidade do fosfato metlico tercirio atingido, ento o composto de fosfatocorrespondente precipitar. No caso do zinco, o produto de solubilidade KL{Zn3PO4)2.4H2O}

    5 x 10-36. Adicionalmente, as constantes de estabilidade do ZnH2PO4+ (103.3) e ZnHPO4

    (101.6) tem sido consideradas. (5)

    3.4.2.1 Reaes Envolvidas no Processo

    Quando um metal imerso em um banho fosfatizante, ter-se- um ataque cido ao

    metal-base, devido presena de ons H+ (acidez livre). Paradoxalmente, o processo de

    fosfatizao se inicia com uma reao de corroso.

    M + nH+ Mn+ + n / 2 H2

    Podendo-se admitir:

    Reao andica: M Mn++ ne

    Reao catdica: nH++ ne n / 2 H2

    Exemplificando para o caso do cido fosfrico, ter-se-:

    M + 2H3PO4 M(H2PO4)2+ H2 (Equao.1)

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    onde o cido fosfrico atua apenas como agente corrosivo, formando o fosfato primrio do

    metal(solvel). Alm disso, tem-se a formao de fosfatos secundrios e tercirios

    (insolveis), que podem depositar-se sobre a superfcie metlica.

    Tm-se ento os equilbrios:

    M(H2PO4)2MHPO4 (Equao 2)

    3MHPO4M3(PO4)2+ H3PO4 (Equao 3)

    Partindo-se de uma soluo contendo um fosfato primrio metlico e cido fosfrico

    livre, ter-se- a seguinte reao:

    3M(H2PO4)2+ xH3PO4+ (4+x)FeM3(PO4)2jmn

    + (4 + x)FePO4+ 3/2 (4+x )H2 (Equao 4)(M = Zn, Ca, Mn, Fe, etc.)

    Para o caso do ao como metal-base, tem-se:

    Fe + 2H3PO4Fe2++ 2H3PO4+ H2 (Equao 5)

    Fe(H2PO4)2FeHPO4+ H3PO4 (Equao 6)

    3Fe(H2PO4)2Fe3(PO4)2+ 4H3PO4 (Equao 7)

    2FeHPO4Fe3(PO4)2+ H3PO4 (Equao 8)

    A natureza qumica do recobrimento fosftico ser funo do valor do pH na interface

    banho/metal: quando o metal base reage com ons H+presentes no banho, haver um consumo

    daqueles ons (acidez livre), com uma subsequente elevao do pH na interface; haver assim

    a chance de formar-se inicialmente Fe(H2PO4)2, que solvel, para ento, em pH ao redor de

    4-5, formar-se FeHPO4, que insolvel, e deposita-se sob a forma de cristais.

    No caso particular de se fosfatizar superfcies ferrosas com banho fosfatizante base

    de zinco, tem-se:

    H3PO4+ 2H2O2H3O++ HPO4

    2- (Equao 9)

    Fe + 2H3O+Fe2++ 2H2O + H2 (Equao 10)

    Fe2++ HPO42-FeHPO4 (Equao 11)

    3Zn2++ 2PO43-Zn3(PO4)2 (Equao 12)

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    Tem-se ento, a formao de um depsito de fosfatos constitudo de:

    xFeHPO4 yZn3(PO4)2 zH2O.

    Em banho fosfatizante por imerso, sem agitao, haver uma relao de 95% de

    fosfofilita, Zn2Fe(PO4)2 4H2O, e 5% de hopeta Zn3(PO4)24H2O.

    No caso de fosfatizao por pulverizao (spray), a camada de fosfato apresenta-se

    totalmente formada de hopeta, Zn3(PO4)24H2O. No h, neste caso, contribuio do metal-

    base (ferro) para a formao de camada cristalina. (1)

    Pode-se observar, no sistema descrito acima, que pelo fato de nem todo on Fe2+

    produzido ser aproveitado na produo da camada de fosfato cristalino, haver um aumento

    progressivo na concentrao de Fe

    2+

    em soluo. Eventualmente, isto causar uma mudanano equilbrio da reao descrita pela Eq. (10), que se deslocar para a esquerda. Como esta a

    reao que d partida ao sistema, o processo de fosfatizao, em um dado momento, cessar

    de funcionar. A fim de contornar este problema, so utilizadas substncias oxidantes, que

    promovem a remoo dos ons Fe2+da soluo, sob a forma de Fe(PO4), insolvel e que

    responsvel pela lama nos banhos fosfatizantes. (1)

    O crescimento dos cristais de fosfato continua at a cobertura da superfcie cessar por

    autoinibio, j que os cristais de fosfato insolveis bloqueiam a dissoluo do metal e o

    consumo de H+

    . A formao de Me3(PO4)2.4H2O aplicvel a muitos fosfatos cristalinos.Outros fosfatos tambm podem precipitar tais como:

    5Me+ + 2HPO42- + 2PO4

    2-+ 4 H2OMe5H2(PO4)4.4 H2O

    3.4.2.2 ons Metlicos

    Na camada de fosfato, os ons metlicos vm do substrato metlico e da soluo. Por

    exemplo, o banho de fosfato de zinco usado para tratar ao conter hopeta (Zn3(PO4)2.4 H2O)

    e fosfofilita (Zn2Fe(PO4)2.4H2O), onde o Fe2+ na ltima espcie vem do substrato de ao.

    Outros ons metlicos usados no banho de fosfatizao so Mn2+ , Ni2+ , Co2+ , Cu2+ , Ca2+ e

    Mg2+. ons de metais mais nobres como Ni2+, Co2+ ou Cu2+ se depositam por reao de

    cementao sobre substratos como o ao, zinco e alumnio.

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    3.4.2.3 Superfcie Metlica

    A reatividade da superfcie metlica em tratamento desempenha um papel importante

    no processo de fosfatizao. Zinco e ao so prontamente atacados pela soluo de cido

    fosfrico e so razoavelmente fceis de tratar. O magnsio altamente reativo, o que podecausar problemas. O alumnio requer a adio de ons fluoreto para manter reatividade

    suficiente. Materiais passivantes, como o ao inoxidvel, so difceis de fosfatizar. Em geral,

    o efeito de elementos de liga sobre o processo de fosfatizao pode predizer seu efeito sobre a

    reatividade global do metal que est sendo tratado. Para a superfcie do ao, a maioria dos

    xidos segregados bloquear a reao de fosfatizao (por exemplo, CrxOy, SixOy, AlxOy, ...);

    ocasionalmente isto um problema. Alguns xidos, em particular xidos de mangans,

    aumentam realmente a reatividade da superfcie do ao e so incorporados dentro da camada

    de fosfato, produzindo atividade fosfatizante particularmente boa. Adicionalmente, arugosidade da superfcie em tratamento desempenha papel importante na reatividade da

    reao. Por exemplo, skin passing um processo de laminao que aumenta a rugosidade

    superficial e dureza do substrato. Este processo quebra as camadas de xidos e aumenta a

    reatividade superficial. (5)

    3.4.2.4 Agentes aceleradores

    Banhos de fosfatizao modernos usam aditivos chamados aceleradores para acelerar

    o processo de fosfatizao. Na ausncia de aceleradores H+ o principal oxidante, e a

    formao de bolhas de hidrognio na superfcie prejudica o processo de fosfatizao. Assim,

    necessrio suprimir a evoluo de hidrognio por outra reao apropriada a fim de acelerar a

    etapa de fosfatizao. (5) (6)

    O aprimoramento da tcnica de fosfatizao baseou-se na descoberta de substncias ou

    meios que deslocassem o equilbrio da Eq. (10) no sentido favorvel, entre eles:

    Efeito da corrente eltrica;

    Adio de aceleradores; Adio de sais de metais mais nobres que o ferro. So clssicas as presenas de Cu +e

    Ni2+em certos banhos de fosfatizao. O ferro do metal base desloca o cobre e/ou nquel de

    seus sais, provocando deposio de cobre e/ou nquel sobre a superfcie do metal base. Isto

    cria uma srie de reas microandicas e microcatdicas, com o subsequente aparecimento de

    micropilhas Fe-Cu ou Fe-Ni que aceleram o processo corrosivo, Eq. (10), responsvel por dar

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    partida ao processo global de fosfatizao. Por raciocnio semelhante, facilmente

    compreendido o efeito de corrente eltrica.

    No caso da adio de aceleradores, tem-se substncias utilizadas oxidantes, redutoras e

    orgnicas.

    A presena de um oxidante atua sobre o hidrognio nascente formado na superfcie

    metlica (que de outra forma produziria uma pelcula gasosa isolante, a qual interromperia o

    processo de fosfatizao), transformando-o em gua, e ao mesmo tempo oxida a Fe3+ o

    excesso de ons Fe2+ que passa soluo: isto evita a concentrao de Fe2+ que tenderia a

    interromper tambm o processo, deslocando a Eq. (10) para esquerda. Exemplificando com o

    emprego de nitrato, NO3-, como acelerador, tem-se:

    2H + NO3-

    H2O + NO2-

    Dos oxidantes, so muito conhecidos os cidos clrico (HClO3) e ntrico (HNO3),

    perxido de hidrognio ( H2O2), havendo tambm citaes do uso de cromatos (CrO42-) e

    dicromatos (Cr2O72-).

    Quantos s substncias redutoras, so citados o bissulfito de sdio (NaHSO3) e o

    nitrito de sdio (NaNO2).

    So citadas, ainda, algumas substncias orgnicas das quais as principais so: anilina,

    p-toluidina, piridina, quinaldina, hidroxilamina, trinitrobenzeno, cido pcrico, o-nitroanilina,o-nitrofenol, o-nitrometano, o-ressorcina, cido m-nitrobenzico, uria, etc., muitas das quais

    protegidas por patentes e que atuam como aceleradores. (1) (6)

    3.4.2.5 Efeito da Temperatura e do Tempo

    Por diversas vezes, fez-se referncia temperatura: nos primrdios da fosfatizao, os

    utenslios eram aquecidos ao rubro e fosfatizados. Com a evoluo do processo j se tem a

    fosfatizao temperatura ambiente.

    No s o tempo de obteno do revestimento desejado como tambm a sua eficincia

    tornam-se incompatveis com as necessidades da tcnica moderna, levando em conta o

    abaixamento da temperatura. Essas dificuldades foram contornadas pela ao dos

    aceleradores.

    Ao se referir ao efeito da temperatura, implicitamente recorre-se ao fator tempo, o que

    natural pela interdependncia dessas duas variveis.

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    No caso de fosfatizao temperatura ambiente, preciso regular convenientemente a

    relao acidez total/acidez livre, que deve situar-se em torno de 10,0. O pH precisa ser

    mantido numa faixa estreita (2,6 a 2,9), a fim de alcanar o produto de solubilidade do fosfato

    de zinco a essas baixas temperaturas. Faz-se necessrio tambm o prtratamento com

    condicionadores base de sais de titnio e agentes quelantes, com o que se obtm camadas da

    ordem de 3-4 g/m. Nesse tipo de tratamento, assumem uma importncia muito grande as

    operaes preliminares de desengraxamento e decapagem, pois no se pode contar com efeito

    trmico no banho de fosfato, para eliminar possveis pequenas falhas dessas operaes. (1)

    3.4.2.6 Nucleao

    Quando um corpo-de-prova preparado manualmente, isto , a camada de xido

    removida por lixamento, observa-se que a camada fosfatizada obtida apresenta melhoresndices de qualidade quando comparada com a de corpo de prova, preparado por decapagem

    convencional. Idntica observao se faz quando a preparao da superfcie, a ser fosfatizada,

    feita por jateamento abrasivo. Tal resultado traduz a presena e importncia de tenses

    residuais no material metlico tratado.

    Quando a fosfatizao feita por jateamento, observando-se o ngulo de incidncia e

    a presso empregada, obtem-se bons resultados, levando em conta o tempo reduzido e a

    qualidade da camada.

    Quando o prtratamento de remoo de oleosidades feito por solventes (imerso,

    vapor ou emulso), se o filme deixado for extremamente fino, a sua presena determina a

    formao de cristais muito pequenos, na maioria das vezes, desejados.

    A esse filme atribuda uma ao inibidora do crescimento dos cristais, sem atuar na

    nucleao que pode permanecer constante ou mesmo aumentar.

    Essa nucleao pode ser obtida aps o tratamento decapante convencional, fazendo

    um segundo enxgue, ao qual adicionado, em pequenas quantidades, um sal de titnio

    levemente alcalino. Esse tipo de tratamento sensibilizante controla o crescimento dos cristais

    de fosfato de zinco e atua como criador de rede de centros de nucleao, onde tem incio a

    formao de minsculos gros, fortemente aderentes e resistentes corroso. (1)

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    3.4.2.7 Contaminantes do Banho

    H vrias substncias que podem perturbar a reao de fosfatizao, e seu aumento no

    banho deve ser evitado. Na presena de tais compostos, passivao, inibio, complexao,

    cementao ou corroso por pite podem ocorrer ao invs da reao de fosfatizao. (5) (20)A tabela 2 apresenta os contaminantes mais comuns no banho de fosfatizao.

    Tabela 2: Poluentes mais comuns para a reao de fosfatizao (5)

    3.4.3 Passivao

    Os poros entre os cristais de fosfato, embora necessrios para permitir conduosuficiente para eletrodeposio da tinta, podem representar tambm pontos de falha. Uma

    etapa de pstratamento subsequente pode tornar-se necessria para proteger esses espaos. O

    selamento feito por substncias que formam xidos insolveis, hidrxidos, fosfatos, e assim

    por diante, na superfcie do metal. Historicamente, o selador de escolha o cromato. As

    solues aquosas cidas de compostos de CrVI, e aditivos, so aplicados em um tipo de

    processo de enxgue sobre a superfcie metlica fosfatizada. O CrVI reduzido ao CRIII

    bsico e leva a deposio de um filme tipo gel contendo principalmente CrIII, com pequenas

    quantidades de CrVI, ctions do metal tratado, e outros componentes. A camada de converso

    de fosfato final completada aps envelhecimento e secagem.

    H dois tipos bsicos de enxgues com selantes cromatos. Um tipo contem cido

    crmico e o outro uma mistura de CrO42-e CrIII. Resultados similares podem ser obtidos

    com solues contendo somente CrIII. Devido toxicidade e contaminao ecolgica do

    CrVI, tratamentos alternativos so necessrios.

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    Tais pstratamentos podem conter outros ctions metlicos polivalentes e/ou

    compostos orgnicos, tais como monmeros, oligmeros ou polmeros. Alguns exemplos

    comuns so complexos fluorados de Zr4+ e Ti4+, ons Cu2+, MoO42-, poliacrilatos, silanos e

    outros compostos orgnicos. Independentemente do enxgue final usado, o pH timo est na

    faixa de 3,8 a 5,0 para evitar a dissoluo da camada de fosfato. (5) (6)

    A passivao um tratamento realizado aps a fosfatizao, necessrio para se obter a

    desejada aparncia, resistncia corroso e outras propriedades. A importncia desse

    tratamento deve-se ao fato de os recobrimentos fosfticos terem, geralmente, uma porosidade

    de cerca de 0,5% em relao superfcie.(6) Os poros se constituiro em reas andicas

    altamente ativas, influindo grandemente no valor protetor do posterior acabamento. A

    passivao consiste, basicamente, em se tratar a superfcie, logo aps fosfatizada, com

    solues de cido crmico ou de cidos crmicos fosfatizados, em concentraes na faixa de0,02% (massa/volume) e em temperaturas em torno 60C. Seu mecanismo de ao consiste

    no s na reduo da rea livre dos poros, como tambm passivador da superfcie metlica

    exposta, pois experincias de laboratrio permitem afirmar que esse tipo de tratamento exalta

    o valor protetor da camada. (1)

    3.5 Controles do Processo de Fosfatizao

    O controle de um processo de fosfatizao feito no somente nos banhos defosfatizao propriamente dita, mas tambm nas solues de outros estgios. Por exemplo, o

    controle das guas de lavagem importante para minimizar o arraste e, consequentemente,

    evitar a contaminao da soluo de um determinado estgio com os resduos provenientes de

    solues de estgios anteriores.

    evidente que o banho de fosfatizao deve receber ateno especial. Este controle

    importante visto que, se a sua composio no estiver dentro dos parmetros estabelecidos

    pelo formulador, problemas surgem tais como: revestimentos muito porosos, muita formao

    de lama, espessuras fora da faixa desejada. (8)

    3.5.1 Controle das guas de Lavagem

    O controle das guas de lavagem importante para evitar a contaminao da soluo

    de um determinado estgio com resduos de arraste da soluo do estgio anterior. (8)

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    3.5.1.1 Controle da gua de lavagem aps o desengraxe alcalino

    A norma TT-C-490D de 1993 apresenta uma sugesto para garantir a eficincia da

    lavagem aps o estgio do desengraxe alcalino, a saber: a alcalinidade da gua de lavagem

    aps o desengraxante alcalino no deve ultrapassar o valor 0,5 (expressa em mL de HCl0,1 N) requerida para neutralizar 10 mL da gua de lavagem. (8)

    A verificao feita por titulometria de neutralizao.

    3.5.1.2 Controle da gua de lavagem aps a decapagem cida

    A norma TT-C-490D de 1993 apresenta uma sugesto similar para garantir a

    eficincia da lavagem aps o estgio da decapagem cida, a saber: a acidez da gua de

    lavagem aps o decapagem cida no deve ultrapassar o valor 0,5 (expressa em mL de NaOH

    0,1 N) requerida para neutralizar 10 mL da gua de lavagem. (8)

    A verificao feita por titulometria de neutralizao.

    3.5.1.3 Controle da gua de lavagem aps a fosfatizao

    A Norma BS 3189 de 1973 apresenta uma sugesto para garantir a eficincia da

    lavagem aps o estgio da fosfatizao propriamente dita, a saber: descartar a gua de

    lavagem aps o banho de fosfatizao quando a acidez desta gua (expressa em mL de NaOH

    0,1 N) requerida para neutralizar 50 mL da gua de lavagem ultrapassar 1,0 mL. (8)A verificao feita por titulometria de neutralizao.

    3.5.2 Controle do Banho de Fosfatizao

    A composio de um banho de fosfatizao varia com o tempo, pois durante a sua

    utilizao, ocorre o consumo dos seus constituintes, basicamente atravs de trs maneiras:

    formao da camada: h consumo da acidez livre devido ao ataque do substrato, h

    consumo dos ons fosfatos e de ons metlicos pois estes precipitam das reaes que ocorrem

    na interface substrato/banho para formar a camada, h consumo dos aceleradores que

    participam das reaes de oxi-reduo que ocorrem na interface substrato/banho ou mesmo

    para oxidar os ons ferrosos decorrentes do ataque do substrato;

    formao da lama: h consumo de ons fosfato que precipitam na forma de fosfato

    frrico ou mesmo na forma de fosfatos neutros de ons metlicos presentes no banho (como

    por exemplo, fosfato de zinco);

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    perdas por arraste:parte do banho de fosfatizao consumida por arraste durante a

    retirada das peas fosfatizadas.

    Para um controle ideal de um banho de fosfatizao, a princpio, dever-se-ia controlar

    todos os seus constituintes. No entanto, na grande maioria das plantas de fosfatizao, osparmetros mais controlados so:

    acidez livre (por titulometria);

    acidez total (por titulometria);

    razo livreacideztotalacidez

    ;

    concentrao de alguns tipos de aceleradores;

    concentrao de ons ferrosos (no caso de fosfatizao pesada e/ou em banhos que

    trabalham lado ferro); concentrao de ons metlicos (este sendo mais raro). (6) (8)

    3.5.2.1Controle de Aceleradores

    O controle dos aceleradores do tipo oxidante tambm importante, visto que alguns

    deles so consumidos e devem ser continuamente repostos, como por exemplo, nitrito e o

    perxido de hidrognio. Aceleradores como o clorato e nitrocompostos orgnicos,

    geralmente, no so controlados, pois so mais estveis e sua concentrao no muito

    crtica.

    O on nitrito consumido tanto nos perodos de operao quanto nos perodos de

    parada, portanto quando os banhos so acelerados com este sal, o controle deve ser feito

    preferencialmente de maneira contnua, ou pelo menos frequentemente. (8)

    A determinao da concentrao de nitritos por titulao com permanganato de

    potssio apresenta problemas devido a presena de ons ferrosos, sendo mais adequado

    determinar pela adio de cido sulfmico ou uria, e medio do volume de nitrognio

    liberado, o qual diretamente proporcional a concentrao de nitritos, com o auxlio de umsacarmetro. (8)

    Podem ser realizados ainda controles adicionais, como:

    Controle de ons ferrosos

    Controle de ons metlicos

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    3.6 Caracterizao das Camadas Fosfatizadas

    As principais razes que justificam a necessidade de caracterizao de camadas de

    fosfato so: controle de processo ou do produto e desenvolvimento de processo. A primeira

    razo, ou seja, o controle do processo a mais comum, sendo, neste caso, a massa da camadapor unidade de rea o parmetro mais importante.

    Normalmente, para se caracterizar uma camada fosfatizada, com o objetivo de

    controlar o processo, so verificados um ou mais dos seguintes parmetros:

    aspecto visual;

    verificao da presena da camada fosfatizada;

    determinao do tipo de fosfato;

    determinao da massa de fosfato por unidade de rea;

    determinao da espessura da camada fosfatizada;

    resistncia a ensaios acelerados de corroso.

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    4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

    4.1 MateriaisForam utilizados 36 corpos de prova em ao SAE 1008, cuja composio nominal,

    conforme norma SAE J403 (9), : C = 0,08% mx. ; Mn = 0,50% mx.; S = 0,035% mx.; P

    = 0,030% mx.; confeccionados em 3 modelos conforme segue:

    P - Corpos de prova planos: simulam as superfcies planas externas das peas.

    Figura 11: Corpo de prova plano

    SL - Corpos de prova com solda lateral: simulam chapas sobrepostas nas peas e conjuntos os

    quais permitem o escoamento de lquidos entre os mesmos.

    Figura 12: Corpo de prova com solda lateral (fresta com duas extremidades livres)

    SU - Corpos de prova com solda em U, com frestas fechadas: simulam chapas sobrepostas nas

    peas e conjuntos, os quais fornecem reteno de lquido entre as mesmas

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    Figura 13: Corpo de prova com solda em U (fresta com uma extremidade livre)

    As frestas existentes nas chapas sobrepostas eram de no mximo 0,05 mm, medidas

    com verificador de folgas, no sendo possvel detectar folgas menores do que 0,05 mm

    (menor espessura de lmina do verificador).

    Foram utilizados produtos qumicos nos banhos de pr-tratamento, fosfatizao epassivao de marca comercial amplamente conhecida no mercado. O condicionamento dos

    corpos de prova foi realizado em planta industrial de empresa do segmento automotivo, nas

    condies normais de trabalho e parmetros recomendados pelo fornecedor dos produtos

    qumicos.

    Os corpos de prova foram condicionados conforme fluxograma abaixo:

    Corpos deprova dispostosem gancheiras

    1. Desengraxealcalino

    2. Enxgue comgua

    3. Decapagemcida

    4. Enxgue comgua

    5.Enxgue comgua ou

    neutralizante6.Refinamento7.Fosfatizao

    8. Enxgue com

    gua 9. Passivao

    10. Enxgue

    com guadeionizada

    11. Secagem em

    estufa

    Figura 14 : Fluxograma do processo de fosfatizao

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    As etapas de preparao, bem como os parmetros utilizados foram:

    1) Desengraxe alcalino por imerso a quente

    Temperatura 80C a 85CConcentrao: 12%

    Tempo de imerso: 10 minutos

    2) Enxgue com gua comum por imerso

    Temperatura ambiente

    pH verificado: 9 (devido ao arraste da soluo desengraxante)

    Tempo de imerso: 2 minutos

    3) Decapagem cida, base de cido sulfrico, por imerso a quente, sem agitao

    Temperatura: 50C a 52C

    Concentrao: 15% a 18% v/v

    Tempo de imerso: 2 minutos

    4) Enxgue com gua comum por imerso

    Temperatura ambiente

    pH verificado: 4,5 (devido ao arraste da soluo decapante)

    Tempo de imerso: 2 minutos

    5) Enxgue com neutralizante alcalino por imerso

    Temperatura ambiente

    pH: 10

    Tempo de imerso: 3 minutos

    Nesta etapa do processo, metade dos corpos de prova (6 peas de cada modelo) foi

    submetida ao enxgue com neutralizante alcalino descrito acima e, a outra metade foi

    submetida a um segundo enxgue por imerso em gua comum, conforme descrito

    anteriormente, no mesmo tanque do primeiro enxgue, porm, com tempo de imerso de 3

    minutos.

    Os corpos de prova submetidos a enxgue com neutralizante alcalino foram

    identificados com a letra N. Os demais no receberam identificao.

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    6) Refinamento com condicionador de cristalizao titanado, levemente alcalino

    Temperatura ambiente

    pH: 8,5

    Tempo de imerso: 2 minutos

    7) Fosfatizao com soluo de fosfato tricatinico ( zinco, nquel, mangans): formulado

    para produzir uma camada micro cristalina, fina e aderente sobre ao e ao galvanizado,

    apropriado para sistemas de pinturas cataforticas. Utilizado em imerso, produz camada com

    teor de fosfofilita.

    Foi utilizado acelerador de fosfato levemente alcalino, a base de nitrito de sdio

    (oxidante), formulado para controlar o teor de ferro e acelerar o processo de fosfatizao.

    Acidez total: 23 ml

    Acidez livre: 1,2ml

    Ralao AT/AL: 19,2

    Pontagem de acelerador: 3,5 ml

    Temperatura: 45C a 50C

    Tempo de imerso: 12 minutos

    8) Enxgue com gua comum por imerso

    Temperatura ambiente

    pH verificado: 5 (devido ao arraste da soluo fosfatizante)Tempo de imerso: 1 minuto

    9) Passivao com passivante inorgnico isento de cromo, cido, por imerso

    Temperatura ambiente

    pH: 5

    Tempo de imerso: 2 minutos

    10) Enxgue com gua deionizada por imerso

    Temperatura ambiente

    pH verificado: 5 (devido ao arraste da soluo passivante)

    Tempo de imerso: 1 minuto

    11) Secagem em estufa

    Temperatura: 110C a 120C

    Tempo de secagem: 15 minutos

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    A figura 15 apresenta algumas etapas do processo industrial de fosfatizao, utilizado

    no presente trabalho.

    a) b)

    c) d)

    e) f)

    Figura 15: Etapas do processo de fosfatizaoa) disposio dos corpos de prova nas gancheiras; b) desengraxe alcalino; c) decapagem cida; d) enxgue psdecapagem; e )fosfatizao; f) enxgue ps-fosfatizao

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    4.2 Mtodos

    4.2.1 Caracterizao visual e morfolgica

    Aps condicionamento, os corpos de prova foram avaliados visualmente quanto aheterogeneidades, irregularidades ou falhas na camada de fosfato.

    Anlises morfolgicas foram realizadas em microscpio tico (Olympus) e microscpio

    eletrnico de varredura (Geol 5808).

    4.2.2 Caracterizao fsica

    A espessura da camada depositada foi medida atravs de microscopia eletrnica de

    varredura.

    4.2.3 Avaliao da resistncia corrosoOs corpos de prova fosfatizados foram submetidos a ensaios acelerados em atmosferas

    artificiais para avaliao da resistncia a corroso.

    4.2.3.1 Ensaio de exposio a nvoa salina

    Foram ensaiados 2 corpos de prova de cada modelo e 1 terceiro foi mantido na

    condio original para comparao.

    O ensaio foi realizado conforme norma ISO 9227 teste NSS (11) (similares NBR 8094

    (12) e ASTM B117 (13)) dentro dos seguintes parmetros: temperatura 35C 2C, taxa decoleta mdia para rea de coleta horizontal de 80cm de 1,5ml/h 0,5ml/h, concentrao de

    cloreto de sdio (na soluo coletada) de 50g/L 5g/L, pH (soluo coletada) de 6,5 a 7,2,

    com durao de 48 h. Intervalos entre avaliaes de 24h. (14)

    4.2.3.2 Ensaio de exposio atmosfera mida

    Foram ensaiados dois corpos de prova de cada modelo e um terceiro foi mantido na

    condio original para comparao.

    O ensaio foi realizado conforme norma ISO 6270-2 (15) e similares NBR 8095 (16) eASTM D2247 (17), dentro dos seguintes parmetros: 100% de umidade relativa (atmosfera

    saturada) e temperatura de 40 3C, conduzido por ciclos contnuos de 24h, nos quais a gua

    evapora do fundo aquecido da cmara e condensa nos corpos de prova e nas paredes,

    gotejando e retornando ao fundo cmara.

    Durao do ensaio: 72 h.

    Os resultados de ambos os testes foram avaliados conforme norma NBR 10443 (10).

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    5. RESULTADOS E DISCUSSES

    5.1 Caracterizao Visual e Morfolgica

    Na avaliao visual foram observadas reas com tonalidades diferentes, sugerindo

    irregularidade superficial na camada de fosfato, tanto nas peas submetidas a enxgue com

    gua, como com neutralizante.

    a) b)

    Figura 16: avaliao visual de corpos de prova fosfatizados a) corpo de prova plano, enxgue com gua; b) corpo deprova plano, enxgue com neutralizante

    Em alguns corpos de prova foi possvel observar produto de corroso do substrato

    logo aps a fosfatizao e presena de resduos do pr-tratamento (Fig. 16 a 19).

    Figura 17: corpo de prova com solda em U, enxgue com neutralizante.

    Manchasna camadade fosfato

    Produto decorrosodo

    substrato

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    Figura 18: corpo de prova com solda em U, enxgue com gua

    Figura 19: corpo de prova com solda em U, enxgue com neutralizante, com porosidade na solda e presena deresduos de prtratamento

    As figuras 20 e 21 apresentam as zonas afetadas termicamente pela soldagem que

    peermaneceram visveis aps a fosfatizao

    Figura 20: corpo de prova com solda lateral, enxgue com gua

    Resduos doprtratamento

    Porosidade nasolda e

    presena deresduos doprtratamento

    Zonastermicamenteafetadas

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    Figura 21: corpo de prova com solda lateral, enxgue com neutralizante

    Em observao ao microscpio tico (figuras 22 a 24), as reas que apresentam mais

    brilho na anlise visual, sugerem menor densidade de cristais de fosfato depositados.

    Irregularidades na espessura da camada de fosfato se devem, principalmente, a preparao

    incorreta da superfcie nas etapas anteriores fosfatizao, especialmente desengraxe e

    decapagem. No condicionamento dos corpos de prova, os parmetros de controle para todas

    as etapas de preparao foram mantidos dentro das especificaes recomendadas pelo

    fornecedor dos produtos qumicos.

    a) b)Figura 22: superfcie fosfatizada, enxgue com gua, microscpio tico, 400x.a) depsito homogneo; b) rea mais clara da superfcie, sugerindo camada com menor espessura, ou ausncia dedepsito.

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    a) b)

    Figura 23: superfcie fosfatizada homognea, enxgue com neutralizante, microscpio tico 400x.a) depsito homogneo; b) rea mais clara da superfcie, sugerindo camada com menor espessura, ou ausncia dedepsito.

    a) b)

    Figura 24: superfcie fosfatizada, submetida a atmosfera mida por 72h, microscpio tico 400x.a) enxgue com neutralizante; b) enxgue com gua

    Irregularidades na camada de fosfatizao podem ser causadas por contaminao

    durante o desengraxe alcalino, por arraste de sujidades saponificadas presentes em excesso na

    superfcie do banho, ou tempo de imerso insuficiente, e tambm por enxgue incorreto ou

    insuficiente, e contaminao do banho de enxgue por arraste.

    Na caracterizao morfolgica por microscopia tica das reas mais claras da

    superfcie, a comparao entre as figuras 22 e 23 sugere que a densidade de cristais de fosfato

    na camada depositada menor na superfcie submetida a enxgue com neutralizante alcalino

    (23b) do que na superfcie enxaguada com gua (22b). Na figura 24, possvel observar o

    surgimento de reas oxidadas maiores nas superfcies enxaguadas com neutralizante alcalino

    aps ensaio em atmosfera mida por 72h.

    rea oxidada

    rea semsinais deoxidao

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    As figuras 25 a 28 apresentam as imagens obtidas com MEV e suas respectivas

    anlises por EDS.

    a) b)

    c) d)

    e) f)Figura 25: superfcie fosfatizada, enxgue com neutralizante.a) seleo dos pontos para anlise EDS; b) anlise EDS do ponto 1; c) anlise EDS do ponto 2; d) anlise EDS doponto 3; d) aspecto da camada fosfatizada; f) morfologia dos cristais

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    a) b)

    c)

    d) e)

    Figura 26: superfcie fosfatizada, enxgue com gua.a) seleo dos pontos para anlise EDS; b) anlise EDS do ponto 1; c) anlise EDS do ponto 2; d) aspecto da camadafosfatizada; e) morfologia dos cristais

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    a) b)

    c)

    d) f)

    Figura 27: superfcie fosfatizada, enxgue com neutralizante, exposio atmosfera mida saturada por 72h.a) seleo dos pontos para anlise EDS; b) anlise EDS do ponto 1; c) anlise EDS do ponto 2; d)aspecto da camadafosfatizada; e) morfologia dos cristais e heterogeneidades na camada.

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    a) b)

    c)

    d) e)

    Figura 28: superfcie fosfatizada, , enxgue com gua, exposio atmosfera mida saturada por 72h.a) seleo dos pontos para anlise EDS; b) anlise EDS do ponto 1; c) anlise EDS do ponto 2; d)aspecto da camadadepositada; e) morfologia dos cristais e heterogeneidades na camada.

    A anlise das imagens acima sugere que a camada depositada nos corpos de prova

    submetidos a enxgue com gua (figura 26) mais uniforme, apresenta lamelas mais bem

    formadas e melhor cobertura do substrato do que nos corpos de prova submetidos a enxgue

    com neutralizante alcalino (fig. 25), nos quais se observa maior incidncia de pontos no

    revestidos.

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    As imagens obtidas aps ensaio em atmosfera mida saturada tambm sugerem

    melhor cobertura dos corpos de prova enxaguados com gua (fig. 28), onde se observa

    aparente diminuio da camada de fosfatos (fig. 28b), mas ainda permanecem lamelas

    cobrindo o substrato. As imagens de corpos de prova enxaguados com neutralizante alcalino e

    submetidos a ensaio de cmara mida (figura 27) mostram cristais em forma de agulha

    aparentemente maiores e mais afastados entre si.

    Quanto morfologia, os corpos de prova tratados com neutralizante alcalino no

    enxge psdecapagem, apresentam cristais na forma de agulhas, enquanto nos corpos de

    prova submetidos a enxgue com gua, os cristais apresentam-se sob a forma de lamelas bem

    formadas.

    Na tabela 3, que apresenta a composio qumica obtida por EDS em reas

    homogneas, onde houve a formao de cristais de fosfato de maneira uniforme sobre osubstrato, nos pontos analisados o percentual de zinco sempre maior nos corpos de prova

    tratados com neutralizante alcalino, o que sugere maior massa da camada depositada nestes

    pontos.

    Camadas com maior massa depositada, geralmente so formadas por cristais maiores

    resultando em revestimento mais poroso.

    Tabela 3: Composio qumica aproximada para os pontos observados, conforme grficos obtidos por MEV

    Composio aproximada (%w)Tipo de condicionamento e ensaioC O P Fe Zn Ni

    Pt 1 10,78 20,83

    Pt 2 15,51 3,1 9,98 18,28 53,13Amostra 1 (enxgue comneutralizante, conforme obtido)

    Pt 3 41,01 18,53 40,46

    Pt 1 8,93 6,93 35,93 48,18Amostra 2 (enxgue com gua,conforme obtido) Pt 2 17,72 5,42 16,82 51,15

    Pt 1 29,27 70,03Amostra 3 (enxgue comneutralizante, exposio atmosferamida saturada) Pt 2 6,26 15,68 30,54 47,52

    Pt 1 4,16 12,83 58,34 24,67Amostra 4 (enxgue com gua,exposio atmosfera midasaturada) Pt 2 18,34 16,41 54,42 10,83

    5.2 Caracterizao Fsica

    Nas imagens da figura 29, obtidas por microscopia eletrnica de varredura, a camada

    depositada no corpo de prova submetido a enxgue com gua aparentemente tem espessura

    menor do que no corpo de prova submetido a enxgue com neutralizante alcalino (fig. 29 b e

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    d), sugerindo que o neutralizante alcalino pode ter desempenhado efeito negativo sobre a

    fosfatizao, uma vez que cristais mais finos formam camadas mais compactas, de menor

    espessura, adequadas a processos de pintura subsequentes, enquanto cristais maiores formam

    camadas mais espessas, menos densas e mais porosas.

    Observa-se tambm que, aps exposio atmosfera mida (fig. 29 a e c), a

    degradao da superfcie no corpo de prova submetido a enxgue com neutralizante alcalino

    parece ser mais severa, tornando o revestimento pulverulento e com baixa adeso ao substrato

    metlico, enquanto no corpo de prova submetido a enxgue com gua, o revestimento

    aparenta permanecer mais compacto e melhor aderido superfcie, embora no tenham sido

    verificadas diferenas nos resultados do ensaio de exposio atmosfera mida saturada,

    interpretados conforme NBR 10443. (10)

    a) b)

    c) d)

    Figura 29: Espessuras de camada depositada.a) enxgue com neutralizante alcalino e exposio atmosfera mida saturada por 72h; b) enxgue com neutralizantealcalino, conforme obtido; c) enxgue com gua e exposio atmosfera mida saturada por 72h; d) enxgue comgua, conforme obtido.

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    5.3 Avaliao da Resistncia Corroso

    5.3.1 Resistncia Nvoa Salina

    Aps um perodo de 48 horas em exposio nvoa salina foram obtidos os resultados

    da tabela 4. As figuras 30 a 32 apresentam o aspecto das peas aps o ensaio, mostrando

    sempre a amostra padro, ou seja, sem exposio atmosfera corrosiva.

    Tabela 4: Corroso de diferentes amostras aps a exposio de 48 horas em Nvoa Salina

    Tipo de Corpo de Prova Tipo de Enxgue Grau de Corroso (NBR10443) (10)

    Plano - P Neu