fosfatização - 18 a 23

46
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LETÍCIA PEDERIVA ANALISAR A INFLUÊNCIA DE TRÊS PRÉ-TRATAMENTOS SILANO, NANOCERÂMICO E FOSFATO APLICADOS SOBRE AÇO CARBONO 1008 PARA POSTERIOR APLICAÇÃO DE TINTA POLIÉSTER CAXIAS DO SUL 2015

Upload: leticia-pederiva

Post on 11-Dec-2015

49 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Conceitos sobre fosfatização

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LETÍCIA PEDERIVA

ANALISAR A INFLUÊNCIA DE TRÊS PRÉ-TRATAMENTOS SILANO, NANOCERÂMICO E FOSFATO APLICADOS SOBRE AÇO CARBONO 1008 PARA

POSTERIOR APLICAÇÃO DE TINTA POLIÉSTER

CAXIAS DO SUL 2015

LETÍCIA PEDERIVA

ANALISAR A INFLUÊNCIA DE TRÊS PRÉ-TRATAMENTOS SILANO, NANOCERÂMICO E FOSFATO APLICADOS SOBRE AÇO CARBONO 1008 PARA

POSTERIOR APLICAÇÃO DE TINTA POLIÉSTER

Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade de Caxias do Sul no Curso de Engenharia Química.

Orientadora: Profª. Drª. Sandra Raquel Kunst

CAXIAS DO SUL 2015

LETÍCIA PEDERIVA

CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE PRÉ TRATAMENTO DE UMA LINHA DE PINTURA ATRAVÉS DO COMPARATIVO ENTRE FOSFATIZAÇÃO,

NANOCERÂMICOS E SILANOS

Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade de Caxias do Sul no Curso de Engenharia Química.

Caxias do Sul, dia de mês de 2015. Banca examinadora _______________________________________ Profª. Drª. Sandra Raquel Kunst (UCS) Orientadora _____________________________________ Profº. _____________________________________ Profº.

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

(Uma frase no final dos agradecimentos!!)

RESUMO (Lembrar de colocar as palavras chaves)

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Curvas de polarização para o aço AISI 1020 evidenciando o efeito do fluxo ..................................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 2 - Variação da tensão de cisalhamento do fluido em função da taxa de rotação do eletrodo para diferentes condições de acabamento superficialErro! Indicador não definido. Figura 3 – Resistência à corrosão de um aço patinável (ASTM A242) e de um aço carbono comum (ASTM A36) expostos às atmosferas industrial (Cubatão, S.P.), marinha (Bertioga, S.P.), urbana (Santo André, S.P.) e rural (Itararé, S.P.) [Pannoni et al. (1993)]. A medida é feita em termos da perda de massa metálica em função do tempo de exposição em meses .................................... Erro! Indicador não definido. Figura 4 - Cortes da camada de galvanização ............. Erro! Indicador não definido. Figura 5 - Proteção galvânica do aço proporcionada por um revestimento de zinco ..................................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 6- Representação da reação química da fosfatização (1° etapa) ............. Erro! Indicador não definido. Figura 7 - Representação da reação química da fosfatização (2° etapa). ............ Erro! Indicador não definido. Figura 8 - Representação da reação química da fosfatização (3° etapa). ............ Erro! Indicador não definido. Figura 9 - a) Representação da camada de cristais de fosfato de ferro incompleta. b) Representação da camada de cristais de fosfato de ferro ideal. c) Representação da camada de cristais de fosfato de ferro com maior tamanho de grãoErro! Indicador não definido. Figura 10 - Representação do feixe de elétrons e o efeito das lentes refletoras no processo de microscopia eletrônica de varredura. ....... Erro! Indicador não definido. Figura 11 - Exemplo de performance da camada nanocerâmica em substrato metálico ..................................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 12 – Ilustração do corpo de prova utilizado ...... Erro! Indicador não definido. Figura 13 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 14 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 15 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 16 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 17 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 18 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 19 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 20 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 21 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 22 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 23 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 24 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 25 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 26 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 27 – ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 28 - . .................................................................. Erro! Indicador não definido. Figura 29 - ................................................................... Erro! Indicador não definido. Figura 30 - ................................................................... Erro! Indicador não definido.

Figura 31 - ................................................................... Erro! Indicador não definido.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Teor máximo aceitável pela CONAMA de substâncias consideradas potencialmente prejudiciais em efluentes . ................... Erro! Indicador não definido. Tabela 1 - Teor máximo aceitável pela CONAMA de substâncias consideradas potencialmente prejudiciais em efluentes (cont.). ......... Erro! Indicador não definido. Tabela 3 - .................................................................... Erro! Indicador não definido. Tabela 4 - .................................................................... Erro! Indicador não definido. Tabela 5 - .................................................................... Erro! Indicador não definido. Tabela 6 - .................................................................... Erro! Indicador não definido. Tabela 7 - .................................................................... Erro! Indicador não definido. Tabela 8 - ..................................................................... Erro! Indicador não definido. Tabela 9 - ..................................................................... Erro! Indicador não definido. Tabela 10 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 11 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 12 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 13 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 14 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 15 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 16 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 17 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Tabela 18 – ................................................................. Erro! Indicador não definido.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Normas utilizadas após o teste de névoa salina. ...... Erro! Indicador não definido. Quadro 2 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 3 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 4 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 5 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 6 – .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 7 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 8 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 9 - .................................................................. Erro! Indicador não definido. Quadro 10 - ................................................................ Erro! Indicador não definido. Quadro 11 - ................................................................ Erro! Indicador não definido. Quadro 12 - ................................................................ Erro! Indicador não definido. Quadro 13 - ................................................................ Erro! Indicador não definido. Quadro 14 - ................................................................ Erro! Indicador não definido. Quadro 15 - ................................................................ Erro! Indicador não definido.

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................... 11

2.1. AÇO CARBONO .............................................................................................. 11 2.2.1. AÇO CARBONO 1008 ......................................................................................... 12 2.2. CORROSÃO .................................................................................................... 14 2.3. PRÉ TRATAMENTO DE PEÇAS METÁLICAS ............................................... 18

2.3.1. Fosfatização ................................................................................................. 18 2.3.2. Nanocerâmicos ............................................................................................ 28 2.3.3. Silanização ................................................................................................... 30 2.4. TINTAS ............................................................................................................ 33 2.5. TESTES .......................................................................................................... 35

2.5.1. Espectroscopia no infravermelho (IR) .......................................................... 35 2.5.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................................................ 35

2.5.3. Névoa salina (salt spray) .............................................................................. 36 2.5.4. Curvas de polarização .................................................................................. 37 2.5.5. Câmera úmida .............................................................................................. 37 2.5.6. Teste de aderência....................................................................................... 37

2.6. TRATAMENTO DE EFLUENTES .................................................................... 37

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 43

10

1. INTRODUÇÃO

A degradação ao meio ambiente e a sua não preservação vem sendo

destacado nos últimos anos. A qualidade de vida sofreu um declínio e os avanços

tecnológicos buscam atingir novamente um equilíbrio. O que muitas vezes impede a

velocidade dessa mudança é o custo de ser “ambientalmente correto”, porém, é

preciso entender que essas variáveis andam em sentidos opostos, ou seja, a cada

impacto que geramos o custo direto e indireto aumenta. Dentre esses impactos

podemos citar o pré tratamento de fosfatização.

Na pintura industrial, tem-se a necessidade de pré tratamentos como a

fosfatização, porque promovem a limpeza, garantem a aderência da tinta e maior

resistência à corrosão em peças metálicas. Porém ele requer um elevado consumo

de água, de energia e rigorosos processos de tratamento do efluente gerado. Com

isso, investe-se em pesquisas de novos pré tratamentos que apresentem qualidade

igual ou superior ao fosfato e que não cause nenhum impacto nocivo ao meio

ambiente e a saúde humana, como por exemplo os silanos e nanocerâmicos.

Os silanos, se aplicados em superfícies isentas de quaisquer sujidades e com

elevada densidade de grupos hidroxilas, apresentam ótimos resultados como

revestimentos metálicos. Este surgiu como alternativa aos problemas de quebra das

ligações entre resina e fibra de vidro quando em contato de água. Eles formam

interfaces orgânico-inorgânicas e dependendo da técnica utilizada é possível adaptar

as suas propriedades.

Outra forma reduzir os impactos ambientais causados pela fosfatização sem

comprometer as características físicas e químicas é através de revestimentos a base

de nanocerâmicos. As nano partículas formam um revestimento de conversão, a

temperatura ambiente, fino e resistente a corrosão.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é analisar a resistência a corrosão bem

como caracterizar quanto ao comportamento mecânico, morfológico e eletroquímico

a influência de três pré tratamentos silano, nanoceramicos e fosfato aplicados sobre

o aço carbono 1008 para posterior aplicação de tinta poliéster.

11

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. AÇO CARBONO

A composição química do aço carbono irá determinar as suas propriedades e

segundo a norma ABNT NBR 15693:2013 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS; 2013) é possível classifica-lo em relação ao teor de suas ligas. O principal

constituinte é o ferro que apresenta um diâmetro de aproximadamente 0,25

nanômetros, no entanto, mesmo que o processo seja por fusão, os elementos de liga

são dissolvidos no ferro e não podem ter os seus átomos muito diferentes que o do

ferro. O teor dos constituintes também irá influenciar na formação das redes

cristalinas, onde teores baixos serão dissolvidos por inserção e já os maiores por meio

de combinação.

Os átomos de carbono são combinados com os do ferro depositando-se por

entre os contornos de grãos ou dentro dos grãos de ferrita. Porém, essa combinação

pode sofrer alteração conforme as condições impostas. Um exemplo seria o aumento

da temperatura que eleva a vibração dos átomos e desloca-os da rede cristalina

formada. Já com a diminuição da temperatura, devido ao aumento da pressão nas

ligações, são formadas novas combinações. Com isso, o teor de carbono no aço

depende de como é feito o processo (Figura 1). (SCHEER, Leopold. 1977).

Figura 1. Diagrama de equilíbrio ferro-carbono

Fonte: SCHEER, Leopold (1977) [4] pág17.

A Figura 1 representa o diagrama de equilíbrio ferro-carbono. Com ele, é

possível verificar que o teor máximo de carbono na rede cristalina do aço carbono de

2% para temperaturas de até 1150°C. É possível classificar o aço em relação ao seu

teor de carbono e pode ser visto na Tabela 1 (SOUZA, Sérgio Augusto de. 1989).

Tabela 1. Classificação do aço em relação ao seu teor de carbono.

12

Fonte: o autor [4][5].

Para a produção de aço carbono é preciso processos de redução, que consiste

em colocar minério de ferro e fundentes sinterizados junto com o coque (produto da

destilação do carvão que aumenta o teor de carbono) em um forno à

aproximadamente 1500°C. Ar oxigênio é soprado no forno levando à combustão do

carbono, na qual reduz os óxidos de ferro e funde a carga metálica. Os principais

constituintes dessa “lava líquida” são ferro, carbono, silício e manganês e tem como

impurezas o enxofre e o fósforo (USIMINAS Ipatinga. 2014).

O processo não requer elevadas temperaturas e elevado tempo cinético da

formação das redes cristalinas, isso torna o aço carbono um material de fácil obtenção

e baixo custo em relação aos outros metais. A sua empregabilidade também leva em

consideração os aspectos mecânicos como a sua boa soldabilidade e fácil usinagem.

Mas um dos principais problemas do aço carbono é a baixa resistência a corrosão

(com energia livre padrão de -742,2 kJ/mol) que possui tendência a se oxidar então,

para garantir essa resistência, utiliza-se tratamentos superficiais (MERLO, Tatiane

Rossi ela t. 2012).

2.2.1. AÇO CARBONO 1008

A classificação dos aços é em relação a sua composição química e foi

estabelecido pela Society of Automotive Engineers (SAE). Com isso o aço carbono

1008 possui até 0,10% de carbono. Mas dependendo do processo de fabricação esse

teor sofre variação. As propriedades mecânicas do aço carbono encontram-se na

Tabela 2. O módulo de elasticidade (E) do aço carbono é de aproximadamente

196GPa e significa a máxima tensão que ele suporta sem sofrer deformação

permanente. O limite de elasticidade (SLE) é de 207MPa e o limite de resistência

(SLR) de 331MPa (SOUZA, Sérgio Augusto de.1989).

13

Tabela 2. Propriedades mecânicas do aço carbono SAE 1008

Fonte: MERLO, Tatiane Rossi et al (2012). [6]

.

14

2.2. CORROSÃO

Para entender a corrosão é preciso ter em mente as reações de transformações

de fase, ou seja, a degradação do sólido a transição do líquido e a mudança do gás.

Estes fenômenos acontecem espontaneamente e/ou induzidos e podem ser

controlados por meio de tratamentos superficiais nos metais (LEYGRAF, Christofer et

all.,2000).

O fenômeno químico corrosão acontece quando o substrato volta ao seu estado

termodinâmico mais estável através do equilíbrio das reações do metal com o meio.

A formação do metal ocorre devido ao calor fornecido ao minério, então, na corrosão

retira-se parte deste calor. Isso acontece por meio de reações redox convertendo o

metal em produtos como óxidos, hidróxidos ou sais que reduzem a sua massa e

propriedades como resistência. E essa perda pode custar de 1 a 5% do PIB, e no

Brasil esse custo, em 2011, foi de R$166 Bilhões. Deste valor, R$ 41,5 bilhões (25%)

poderiam ter sido evitados com tratamentos superficiais adequados (MARQUES,

William; 2013).

Para criar alternativas, considera-se que a corrosão ocorre pela exposição do

aço a todos os regimes atmosféricos e a relação entre metal ligante determina a

velocidade das interações químicas e degradação do material. O ligante é o tipo de

revestimento que atribuirá tais propriedades a superfície do aço. Com isso conceitos

de reações irreversíveis, tamanho de partícula, homogeneidade e densidade de

camada tomam destaque dentre os tipos de ligantes para a formação de

revestimentos protetores metálicos (LEYGRAF, Christofer et all.,2000).

Para determinar as propriedades necessárias de um substrato num meio

específico é preciso verificar a composição química e o estado físico do ambiente na

qual ele ficará exposto assim como os esforços mecânicos que ele será submetido.

Como o aço carbono possui grande quantidade de ferro, o seu potencial padrão é

baixo, e isso, lhe dá caráter oxidante (SILVA, Marcos V. F. et al.; 2014).

Uma forma de prever o comportamento da corrosão em relação ao pH do meio

é através dos Diagramas de Pourbaix. Ele estabelece o equilíbrio de potencial elétrico

de constituintes num meio. Com isso, é possível determinar as condições de pH,

temperatura e diferença de potencial que um metal irá corroer. A Figura 2 mostra o

Diagrama de Pourbaix para o ferro e água à 25°C.

15

Figura 2. Diagrama de Pourbaix para o Fe/H20 à 25°C

Fonte: CAPIOTTO, Nelson. 2006

Os ambientes industriais e que contêm grande quantidade de cloreto de sódio

estão entre os mais agressivos. Porém, a formação de ferrugem depende das

diferentes misturas de FeOOH como goetita e amorfa. E isso acontece pela presença

de água no meio, então ambientes úmidos tem relação direta com o aumento da

camada de ferrugem. Uma forma de isolar o material desse meio é formando camadas

protetoras como a pintura, e para aderir o substrato orgânico de forma eficaz no metal

é preciso submetê-lo a pré tratamentos que atuam como inibidores da corrosão e

promotores de aderência da tinta.

Os inibidores de corrosão são substâncias que tem por finalidade impedir ou

retardar os processos oxidativos e são divididos em dois grandes grupos: os inibidores

orgânicos e os inibidores inorgânicos. Os inibidores inorgânicos de corrosão atuam

promovendo uma rápida oxidação do metal dando origem a uma camada de óxidos

que passa a ocupar o local dos sítios ativos de oxidação, reduzindo

16

consideravelmente os processos anódicos (MAINIER, Fernando Benedicto et all.;

2004).

Como exemplo desse tipo de inibidores tem-se: cromatos, nitratos, fosfatos,

silicatos, entre outros. Já os inibidores orgânicos têm como ação a adsorção de

moléculas de um fluido ao metal em sua área catódica e/ou anódica. Os inibidores de

adsorção são normalmente compostos orgânicos contendo insaturações e/ou

grupamentos fortemente polares contendo nitrogênio, oxigênio ou enxofre. Como ex.,

podemos citar aminas, aldeídos, mercaptanas, compostos heterocíclicos

nitrogenados, compostos contendo enxofre e compostos acetilênicos (FRAUCHES-

SANTOS, Cristiane et al.; 2013).

A microestrutura do aço é importante para análises de corrosão, uma vez que,

facilitam a formação de camadas não protetoras, como é o caso da cementita,

estrutura do metal que pela presença de carbetos possibilita a formação de Fe3C que

é considerado o “esqueleto” do metal, ou seja, a camada que se forma quando ele foi

corroído apresenta grande porosidade.

O tipo de rugosidade tem forte influência no mecanismo de corrosão. Está

associado ao mecanismo de desgaste abrasivo experimentado pela superfície do aço.

O aumento da rugosidade do aço faz com que a tensão de cisalhamento através de

um escoamento aumente em comparação ao um aço liso. Processos de jateamento

aumentam a rugosidade do metal e não alteram o seu comportamento eletroquímico.

O aumento na taxa de corrosão para as amostras com maior rugosidade pode ser

justificado pelo aumento da área superficial que envolve as reações eletroquímicas

(FERREIRA, L.R.M.;2012).

Com isso, a caracterização da forma de corrosão auxilia bastante no

esclarecimento do mecanismo e na aplicação das medidas adequadas de proteção.

Elas deverão ser eficientes na proteção de todas as ligas com as quais o fluido entrar

em contato, garantindo um valor limite de taxa de corrosão que não implique em dano

significativo aos componentes metálicos. E é neste sentido que processos de pintura

industrial atuam (CARDOSO, S. P. et al; 2005).

17

O enxofre, contido na composição do metal quando reage ao meio ácido

formando sulfeto de manganês ou de ferro auxilia na resistência a corrosão, pois,

remove o CO2 e evita a formação de bolhas.

Na etapa de produção do aço carbono a quantidade de carbono define a sua

dureza, e os demais componentes como manganês, silício e fósforo interferem a

resistência do metal. Então, o tipo de corrosão depende da composição do aço, dos

tratamentos em que foi submetido posteriormente a sua fabricação e do meio em que

será exposto.

18

2.3. PRÉ TRATAMENTO DE PEÇAS METÁLICAS

A produção de materiais metálicos envolve atrito mecânico, na qual se

destacam a estampagem e usinagem que ocasiona condições desfavoráveis como o

aumento de temperatura e o desgaste dos materiais. Uma forma de solucionar isso,

foi inserir no seu processo óleos/fluidos refrigerantes e lubrificantes aumentando a

vida útil dos equipamentos e qualidade das peças produzidas. Porém, esse resíduo

sólido depositado na superfície do metal e o contato com o ar atmosférico acelera as

reações de oxirredução na peça. E essa “camada oleosa corrosiva” impede possíveis

tratamentos para aumentar a durabilidade do metal, caso da pintura industrial. Por

isso, antes de aplicar a tinta é preciso realizar um pré tratamento.

A etapa necessária em qualquer tipo de sistema é o de desengraxe. Nos

tratamentos superficiais de peças metálicas existem os desengraxantes alcalinos e os

a base de solventes orgânicos. A escolha irá depender do tipo de óleo utilizado mas

usualmente são utilizados os alcalinos por terem uma composição menos agressiva

ao meio ambiente e pelo seu poder de molhabilidade e de remoção da camada de

óleos. Em casos específicos é preciso utilizar aditivos para utilizar os desengraxantes

alcalinos Maria Aparecida Vieira Guerreiro cita, em sua dissertação, o ácido

etilenodiamino tetracético (EDTA), ácido nitrilotriacético (NTA) ou gluconatos.

Neste trabalho será feita a comparação de três sistemas de pré tratamento no

aço carbono 1008, a fosfatização, nanocerâmicos e os silanos.

2.3.1. Fosfatização

A fosfatização é empregada no pré tratamento de metais com a finalidade de

aumentar a sua resistência a corrosão e promover maior aderência da tinta. Consiste

em “atacar” quimicamente o metal afim de formar camadas protetivas. É um processo

que necessita de controles constantes para garantir tais propriedades e dentre eles

destaca-se a análise de acidez total (por titulação) e concentração de íons ferrosos

nos casos em que se utiliza o fosfato de ferro. Antes da fosfatização é preciso limpar

o metal, porém, vem sendo empregado atualmente soluções que atuam em conjunto

num único estágio. Para processos que não necessitam uma grande resistência

química é uma ótima alternativa, uma vez que diminui custos operacionais.

(GUERREIRO, Maria Aparecida Vieira. 2009).

19

Diferentemente do processo usual de eletrodeposição, onde há uma corrente

elétrica forçando a deposição do íon no metal, na fosfatização essas reações

eletroquímicas acontecem apenas com o contato metal/solução que tem como meio

de ativação o aumento da temperatura (torno de 40 à 60 °C). E a formação do filme

de fosfato irá depender do tipo de fosfato. No Quadro 1 é possível visualizar as

condições de operação para dois diferentes tipos de fosfatos mais utilizados

industrialmente (ferro e zinco). Neste trabalho será avaliado o fosfato de ferro

(CASTRO, Edson Petrechen de et all. 2012).

Quadro 1. Características de dois revestimentos de fosfatos utilizados industrialmente.

Caracteristica Tipo de Revestimento

Fosfato de Ferro Fosfato de Zinco

Tipo de camada Amorfa Cristalina

Massa da Camada 0,16 - 0,8 g/m² 1,4 - 4,0 g/m²

Aceleradores Nitrito / Nitrato / Clorato / Molibdato Nitrito / Nitrato / Clorato /

Ácido Nitrobenzeno Sulfônico

Temperatura 40 - 70°C 40 - 70°C

Acidez Total 5 - 10 10 - 25

Principal Uso Ambientes de baixa corrosão Ambientes de alta corrosão

Modo de aplicação pulverização ou imersão pulverização ou imersão Fonte: BANCZEK, Everson do Prado (2008) adaptado.

O fosfato de ferro é utilizado quando não se requer alta resistência a corrosão, ou

seja, quando o produto não for submetido a ambientes altamente corrosivos.

Comercialmente, a sua formulação é adaptada para possuir o poder desengraxante

também, na qual reduz etapas no processo, ou seja, num único estágio é possível

desengraxar e fosfatizar a peça. Com isso diminuiu o consumo de água e tempo no

processo de pré tratamento e essa alternativa teve uma alta empregabilidade e uma

boa resposta na indústria.

Esse processo consiste em montar uma solução com o produto comercial e água,

conforme Figura 3, nessa etapa ocorre reações de hidrólise da água que formará os

íons que ocasionaram o ataque químico do metal. Com isso, é preciso ter controle da

composição do banho, que é defina conforme o tipo de substrato, para a efetividade

do processo.

20

Figura 3. Representação da reação química da fosfatização (1° etapa)

Fonte: o autor.

Após a dissociação dos compostos do produto comercial, há a ionização do ferro

contido no aço tratado para que ele consiga forma a camada de fosfato. A Figura 4

representa, de forma genérica, essas reações.

Figura 4.Representação da reação química da fosfatização (2° etapa)

Fonte: o autor.

Mas além do processo de desengraxe e fosfatização, o metal pode sofrer a

decapagem química, que elimina possíveis camadas de óxidos existentes na peça.

Para o aço de baixo teor de carbono pode-se utilizar ácido clorídrico ou ácido sulfúrico,

mas devido as otimizações já existe no mercado o produto conhecido como “fosfato 3

em 1” que tem ação desengraxante/decapante/fosfatizante. Porem no caso de chapas

muito finas esse processo não é utilizado, pois, pode ocasionar fragilização por

hidrogênio. Então são feitas outras formulações especificas. Segundo o manual de

21

pintura industrial da Mekal Tintas, a concentração de ácido sulfúrico varia de 5 a 30%

na formulação e utiliza-se inibidores de corrosão.

A caracterização do filme de fosfato irá depender dos parâmetros utilizados no

processo como a composição do banho, a temperatura de operação, o tempo de

residência e o modo de aplicação. Isso porque para cada tipo de aplicação tem suas

peculiaridades. De forma geral, o tempo irá influenciar no tamanho de grão do

revestimento que depende da espessura da chapa, a composição do banho e a

temperatura. Pensando nisso, os parâmetros de operação devem ser atribuídos

conforme o tipo de aplicação e as condições do processo em específico.

A forma de aplicação interfere nos resultados morfológicos e na condição do

processo. Quando utiliza-se o processo de imersão há o araste de contaminantes na

superfície da peça ao ser retirada do banho, os cristais se apresentam como pequenos

tubos (fosfofilita) pois o banho se encontra sob baixa agitação. Já quando trabalha-se

com métodos de pulverização, os cristais se apresentam na forma de escamas

(hopeita) devido à alta pressão do jato. No pré tratamento por spray a manutenção

nos bicos do tanque deve ser constante, pois, garantem a homogeneidade do

revestimento (COSTA, Marlla Vallerius da.; 2009). No Quadro 2 é possível visualizar

as principais vantagens e desvantagens de utilizar estes dois métodos de aplicação.

Quadro 2 . Vantagens e desvantagens do tipo do método de aplicação.

Método de Aplicação

Imersão

Pulverização

Vantagens

Menor área utilizada Pressão do jato tem ação

mecânica

Homogeneidade do revestimento Menor consumo de produto

químico

Controle do tempo de residências das peças no banho

Boa capacidade de filtração do banho

Ideal para fosfato de zinco Ideal para fosfato de ferro

Menor contato com o ar atmosférico

Linha pode ser contínua

Desvantagens

Arraste de contaminantes Maior área utilizada

Maior consumo de produto químico

Necessidade de manutenção dos bicos

Linha não pode trabalhar em modo contínuo

Tempo de residência irá depender da velocidade da

monovia

Fonte: o autor.

22

Em relação a morfologia da camada de fosfato nas peças metálicas, conforme a

condição do banho é possível formar camada cristalina ou amorfa, conforme mostra

a Figura 5. A camada amorfa é decorrente da fosfatização alcalina com peso de 0,1 a

4 g/m² depositados pela peça. Já na camada cristalina esse peso é superior podendo

chegar a até 7 g/m².

A forma cristalina da camada promove uma maior aderência de tinta e possui

caráter não condutor aumentando a resistência a corrosão. Sua formação cessa por

autoinibição, pois, nesta reação, há fosfatos insolúveis que bloqueiam a dissolução do

metal e o consumo de hidrogênio. Nas camadas não cristalinas (amorfas) essas

propriedades são atingidas pelo tratamento posterior (tinta) agindo principalmente

como promotor de aderência, geralmente utilizado em solução de fosfato de ferro

combinado com desengraxante devido a sua neutralidade (GUERREIRO, Maria

Aparecida Vieira. 2009).

Figura 5. Micrografia eletrônica de varredura comparando camada de fosfato cristalina e amorfa.

Fonte: GUERREIRO, Maria Aparecida Vieira. (2009).

O tempo de residência das peças no meio de pulverização ou de imersão não

determinam a espessura da camada, como se faz nos processos de eletrodeposição.

Com isso, é preciso testar através do estado do banho e do tipo do filme formado qual

o tempo necessário para a formação do filme ideal. Caso o tempo seja menor haverá

obtenção de camadas incompletas e caso o tempo seja maior irá aumentar o tamanho

do grão que gera zonas descobertas e diminui a resistência a corrosão. A Figura 6

mostra o aspecto da camada decorrente do tempo (PANOSSIAN, P.Z et all. 2011).

23

Figura 6. a) Representação da camada de cristais de fosfato de ferro incompleta. b) Representação da camada de cristais de fosfato de ferro ideal. c) Representação da camada de cristais de fosfato de

ferro com maior tamanho de grão.

Dentre as vantagens da fosfatização destacam-se: a baixa porosidade; alto

poder isolante impedindo a propagação de correntes galvânicas que causam a

corrosão; grande aderência a superfície metálica; baixo custo de aplicação;

preservava as propriedades mecânicas e magnéticas e evita o alastramento de

ferrugem para áreas em que a pintura foi destruída. Segundo Gnecco et al. (2003

apud BOSSARDI, 2007), sozinha a fosfatização aumenta a resistência à corrosão

em 5 vezes, mas quando o processo está associado com a pintura, esta resistência

fica em torno de 700 vezes. Porém, esse processo gera um grande volume de

efluentes que contêm metais pesados como o cromo e fosfato. E devido ao alto

custo do tratamento deste efluente estão sendo estudados novas formas de pré

tratamento com a utilização de compostos que não agridem o meio ambiente como

os nanocerâmicos e silano.

24

Apesar da fosfatização ser utilizada para proteger o metal da corrosão e torna-lo

mais aderente a tinta, possui outros tipos de aplicação como promover isolamento

elétrico ao substrato, auxiliar nas operações de conformação, base para aderir óleos

que preparam o metal para sofrer deformações diminuindo fricções.

Nesse processo o aço sofre oxidação e reage com os íons fosfatos da solução.

Conforme a composição da solução a camada formada pode ser de vários tipos,

como: fosfato de ferro, de zinco, de sódio, de manganês , tricatiônico (Zn,Mg e Ni).

O produto contendo o ácido fosfórico é diluído com água no tanque, gerando a

primeira etapa de reações químicas, onde, ocorrerá a hidrólise da água e a formação

dos íons de ácido fosfórico, como mostra a Figura 6.

Figura 6. Representação da reação química da fosfatização (1° etapa)

Fonte: o autor.

Na Figura 6 está descrevendo um tanque com reciclo, pois, o processo da empresa

do estudo de caso é por spray. Porém, o método por imersão segue a mesma ideia,

mudando apenas que no tanque não há reciclo, apenas a sua troca quando atingir os

níveis de saturação.

25

Após a reação de hidrólise e formação dos íons hidrônio e ácido fosfórico, os

mesmos irão reagir com a peça metálica, que no caso estudado, é o aço carbono AISI

1006. O ferro do metal irá reagir com os íons hidrônio formando íons ferro, conforme

mostra a Figura 7.

Figura 7.Representação da reação química da fosfatização (2° etapa)

Fonte: o autor.

Agora, com os íons ferro ocorre a reação com os íons fosfatos que já estavam na

solução formando a camada insolúvel de cristais de fosfato de ferro conforme

representa a Figura 8.

Figura 8. Representação da reação química da fosfatização (3° etapa)

Fonte: o autor.

Esse processo de fosfatização é utilizado para aumentar a aderência da peça a

substratos orgânicos, como a tinta, através do aumento da porosidade da superfície e

a aumentar a resistência a corrosão. A sua eficiência está relacionada ao tipo de

camada formada, os cristais devem recobrir o substrato por completo [21]. E para isso,

as peças devem estar livres de óleos ou outras sujidades que possam bloquear a

formação dos cristais.

26

O tempo de residência das peças no meio de pulverização ou de imersão não

determinam a espessura da camada, como se faz nos processos de eletrodeposição.

Com isso, é preciso testar através do estado do banho e do tipo do filme formado qual

o tempo necessário para a formação do filme ideal. Caso o tempo seja menor haverá

obtenção de camadas incompletas e caso o tempo seja maior irá aumentar o tamanho

do grão [21] que gera zonas descobertas e diminui a resistência a corrosão.

Figura 9. a) Representação da camada de cristais de fosfato de ferro incompleta. b) Representação da camada de cristais de fosfato de ferro ideal. c) Representação da camada de cristais de fosfato de

ferro com maior tamanho de grão.

Fonte: o autor.

Os métodos tradicionais de determinação da porosidade baseiam-se em

observação dos poros ativos depois de marcados quimicamente (ensaios químicos

com ferrocianeto ou outras soluções agressivas, ensaio com água quente, ensaio

eletrográfico, salt-spray), sendo em sua maioria qualitativos [33 apud 34].

A camada de fosfato formada varia fisicamente dentro de parâmetros

bastante grandes, dependendo da finalidade desejada, pelos diferentes tipos de

composição, equilíbrio, condições de aplicação e também das operações de pré-

tratamento antes da fosfatização propriamente dita [22]. E ela ocorre por diversos

processos, sendo os mais utilizados por meio manual, por imersão, por

pulverização, por jato ou misto. O processo manual não é adequado para escala

industrial, pois, utiliza-se de pincéis ou jatos dirigidos sendo o custo de mão de

obra elevado. Os processos de imersão e pulverização utilizam gancheiras e

27

sistemas de deslocamento que geralmente são monovias. E nos processos mistos

são combinações dos métodos já mencionado.

Dentre as vantagens da fosfatização destacam-se: a baixa porosidade; alto

poder isolante impedindo a propagação de correntes galvânicas que causam a

corrosão; grande aderência a superfície metálica; baixo custo de aplicação;

preservava as propriedades mecânicas e magnéticas e evita o alastramento de

ferrugem para áreas em que a pintura foi destruída. Segundo Gnecco et al. (2003

apud BOSSARDI, 2007), sozinha a fosfatização aumenta a resistência à corrosão

em 5 vezes, mas quando o processo está associado com a pintura, esta resistência

fica em torno de 700 vezes. Porém, esse processo gera um grande volume de

efluentes que contêm metais pesados como o cromo e fosfato. E devido ao alto

custo do tratamento deste efluente estão sendo estudados novas formas de pré

tratamento com a utilização de compostos que não agridem o meio ambiente como

os nanocerâmicos e silanos.

28

2.3.2. Nanocerâmicos

Os revestimentos nanocerâmicos em peças metálicas surgiu devido a

necessidade de um processo menos agressivo ao meio ambiente e que tivesse um

menor consumo de água e energia. Na sua composição utiliza-se íons como titânio,

zircônio e cério. O seu resultado está sendo promissor e empresas como a Whirlpool

e a Keko já aderiram ao seu processo.

O método de aplicação pode ser feito por imersão ou por spray, onde as peças

precisam passar por um desengraxe para remover resíduos de óleo e demais

sujidades à uma temperatura determinada pelo fornecedor do produto. Após, elas são

enxaguadas com água não condutiva, pulverizadas ou imergidas na “solução nano” e

enxaguadas novamente em temperatura ambiente (torno de 25°C).

Geralmente o sistema utilizado para o transporte das peças é uma monovia que

opera em velocidades pré-estabelecidas e que irá determinar o tempo de operação

do processo. Em sistemas de imersão o tempo necessário para a formação do filme

nanocerâmico é, de aproximadamente, 20 minutos considerando o tempo de

deslocamento entre os estágios com um eficiente sistema de transporte.

Segundo [39 apud 41] estudos mostram que o revestimento nanocerâmico

possui um comportamento diferenciado para o aço carbono SAE 1006. Ao iniciar a

deposição do revestimento, a solução ácida de conversão ataca a superfície do metal,

o que é observado pela medida de potencial em circuito aberto em que se altera o

potencial do substrato. Além disso, as camadas de conversão à base de ácido

hexafluorzircônio ou ácido hexafluorzircônio/titânio não exibem diferenças

significativas em termos de desempenho contra a corrosão.

O tempo maior de residência do metal na solução em relação ao estimado pelo

fornecedor do produto químico utilizado não irá garantir maior resistência a corrosão.

Isso pode ser observado em testes de impedância eletroquímica em solução de

cloreto de sódio.

O pH irá influenciar no ataque do metal e na deposição do filme. Através de

testes com névoa salina observou-se que nos casos em que o pH foi maior a

29

resistência a corrosão também foi maior. E se aliar ao processo uma ativação ácida,

aumenta ainda mais a proteção do metal. Essa ativação ácida por ser feita após o

desengraxe pela imersão em ácido clorídrico por 30 segundos. E além do pH, a

concentração e a agitação do banho também irão influênciar.

Os revestimentos nanocerâmicos além de fornecerem um alto grau de proteção

contra a corrosão e promover resistência ao desgaste e erosão também está se

mostrando um bom isolador térmico. Esta nova conversão permite a produção de

revestimentos finos de escala manométrica. Eles se baseiam na combinação de um

nano-estruturado metálico de cerâmica do tipo óxido, com metais (titânio e/ou zircônio)

[49 apud 50] aplicados sobre substratos metálicos (ferro, aço, zinco e alumínio) [51

apud 50].

Com a deposição do filme no metal e a sua secagem assumem caracteriscas

nano pela existência de óxidos, sendo uma camada uniforme e garantindo as mesmas

características do fosfato. As suas vantagens ao ser comparado com a fosfatização é

na possibilidade de operar em temperatura ambiente o que diminui o consumo de

energia; a formação de lama é mínima; consome menos água no processo; pode ser

aplicado em diversos tipos de liga (aço, alumínio, ferro)

Droniou e Dunham [49 apud 50] [52 apud 50] realizaram um estudo

comparativo entre os pré-tratamentos nanocerâmicos e o pré-tratamento

convencional a base de fosfato de ferro e zinco. Resultados publicados revelaram que

revestimentos nanocerâmicos possuem desempenho de adesão à pintura e

resistência à corrosão pelo menos igual ao fosfato de ferro. Estas observações podem

ser melhores visualizadas na Figura 11, que mostra o comportamento da camada

nanocerâmica em comparação às camadas de fosfato de ferro e de zinco [50].

Figura 11. Exemplo de performance da camada nanocerâmica em substrato

metálico.

30

Fonte: [50]

No alumínio, a temperatura do banho influencia na camada, tendo melhores

resultados com temperatura ambiente onde a camada fica uniforme, pouco rugosa e

sem microfissuras. O pH deve ficar abaixo de 3,5 para obtenção de uma camada com

maior resistência a corrosão. Mas para isso é preciso controlar o tempo de imersão,

que não pode ultrapassar o tempo ótimo, caso contrário, irá gerar trincas no

revestimento ou até mesmo a sua dissolução. Geralmente revestimento à base de

Ti/Zr necessitam de apenas 20 a 30 segundos no banho.

No Brasil, mais de 40 empresas já realizam testes com esta tecnologia,

enquanto na Europa o ritmo de adesão ao tratamento superficial por nanotecnologia

é de uma linha de produção a cada semana, dentre as quais se destacam algumas

do setor de linha branca. Além da substituição do fosfato de ferro, que exige elevados

gastos em tratamento dos efluentes resultantes do processo, o tratamento com esta

nova tecnologia é realizado a frio e apresenta um desempenho à corrosão superior de

cerca de 95% quando comparado aos processos convencionais à base de fosfato [53

apud 50].

2.3.3. Silanização

O desenvolvimento de revestimentos para aplicação em metais tem sido

aprimorado constantemente para que atendam aos requisitos de compatibilidade com

esta superfície. Dentre os revestimentos, os à base de silanos vem sendo amplamente

utilizados por apresentarem radicais modificáveis que determinam características

específicas para uma gama de aplicações. A técnica de revestimento do agente silano

na superfície do metal, também conhecida como silanização, necessita que a

31

superfície esteja extremamente limpa e que possua hidroxilas (grupos OH) reativas

possibilitando uma boa interação superficial. A qualidade desta interação dependerá

dos mecanismos de adesão na qual são controlados, em parte, pelo tratamento de

superfície que promove uma união química ou até mesmo micromecânica com o

substrato [15].

Um grande esforço tem sido empenhado para aumentar a adesão entre o agente

silano e metal. Uma das maneiras utilizadas para esse fim é a criação ou liberação de

hidroxilas na superfície do metal que pode ser realizada por técnicas de tratamentos

superficiais como plasma, ultravioleta, ozônio ou ataque químico por via úmida (ácidos

e bases) [16].

Mesmo que a ligação de polímeros em superfícies inorgânicas fosse uma

operação familiar, como no caso de tintas sobre superfícies metálicas, a necessidade

por novas técnicas de ligação em interfaces orgânico-inorgânicas surgiu em 1940

quando as fibras de vidro foram utilizadas pela primeira vez como reforços em resinas

orgânicas. A resistência específica dos primeiros compósitos de fibra de vidro era

superior a do alumínio ou do aço, porém eles perdiam muito de sua resistência durante

exposições prolongadas à umidade. Essa perda de resistência era atribuída à quebra

das ligações entre a resina e a fibra devido á intrusão de água. Mesmo a preparação

cuidadosa da ligação resina-fibra. Nesse contexto, o uso de silanos ganhou destaque

[38].

Pré tratamento de peças metálicas com a utilização da silanização surgiu

devido a necessidade de novas tecnologias que buscassem um equilíbrio com o

ecossistema. Estudos estão sendo feitos desde 1869, por pesquisadores da área, e

visam substituir a fosfatização. A maior dificuldade encontrada, para a aplicação

industrial, foi em relação a quantidade de estágios necessários.

O processo consiste em uma solução que possui Si, C e O favorecendo reações

de hidrólise com o metal e consequentemente a formação do filme protetor. Ocorre

por meio da adsorção física e química. A adsorção é a tendência que o adsorvato

(complexo da hidrólise) tem de aderir ao adsorvente (substrato).

A adsorção física acontece quando coloca-se o metal em contato com a

solução de silano. Os elétrons são compartilhados através de forças de Van der Waals

de forma rápida e reversível e são consideradas fracas (torno de 3kJ) formando os

silanos de primeira geração, ou seja, a etapa em que a solução irá reagir com o metal.

32

A adsorção química acontece para tornar o filme de silano aderente a tinta, então essa

etapa é mais lenta e consiste em reações irreversíveis de elétrons com alta energia

livre (torno de 40kJ) através do aumento de temperatura.

O que inviabilizava este método nas industrias era a necessidade de mais um

estágio de enxágue após a adsorção física, pois, caso a peça tivesse muitas

concavidades sais ficavam aderidos a peça e prejudicava a deposição do substrato

orgânico (tinta). Então, estudou esse comportamento com a inclusão de agentes

ancoradores. Eles melhoraram a adsorção física tornando mais forte a ligação silano-

metal, ou seja, com a inclusão desses agentes ocorre a adsorção física e química e

não prejudica o processo de pintura.

Os silanos organofuncionais, também conhecidos como agentes de

acoplamento, são largamente utilizados por unir interfaces inorgânicas-orgânicas,

formando forte ligações. Dessa forma, os silanos são empregados atualmente como

promotores de aderência em revestimentos orgânicos (tintas, vernizes e adesivos),

quando aplicados em metais ou vidros e, sua utilização isolada como pré-tratamento

tem sido também muito pesquisada [24].

Nos últimos anos, diversos trabalhos têm proposto o uso de organo-silanos

como método protetores contra corrosão para diferentes substratos metálicos, pois o

uso principalmente dos silanos não-funcionais tem demonstrado que a proteção

contra a corrosão pode ser obtida mesmo sem a aplicação de uma camada de pintura

posterior [25].

Este revestimento é determinado pelo tipo do silano. Os bis-silanos possuem

ligações mais "fortes" que os mono-silanos porém não é um bom aderente a

substratos orgânicos (tinta), então quando for preciso pintar o substrato, é preciso

revestir o bis-silano com mono-silano. Segundo Palanivel [26] somente uma camada

simples de silano protege o aço carbono do ar atmosférico de 6 meses a 1 ano.

Vários estudos mostram a importância do tratamento alcalino, pois este

tratamento proporciona o aumento da concentração de hidroxilas (Me-OH) presentes

na superfície metálica, o que torna a superfície mais ativa. Logo, a limpeza alcalina

parece ser o melhor tratamento da superfície metálica. Este tratamento deve ser feito

após a etapa de lixamento e desengraxe com solventes (álcool, acetona e outros) e

antes da aplicação do silano [24]. Segundo van Ooij e Child [27] as limpezas ácidas

33

ou neutras não favorecem o aumento das hidroxilas quando comparadas à limpeza

alcalina.

O filme de silano pode ser obtido por aplicação a pincel, spray, eledeposição

ou imersão, sendo este último método, o mais comum nos estudos sobre silanos. Há

ainda trabalhos que empregam silanos sobre o aço desprotegido utilizando técnicas

sofisticadas como a polimerização por plasma [28]. Recentemente, Gandhi e van Ooji

(2004) apud van Ooij et al. (2005) [28] têm demonstrado as vantagens da técnica de

eletrodeposição, nas quais resulta em um filme mais uniforme, contendo uma camada

interfacial mais forte entre a superfície metálica e o silano.

A necessidade de uma alta concentração de álcool na solução de silano

proporciona obviamente um grande obstáculo na introdução desses compostos

orgânicos voláteis (VOCs) nas indústrias, por motivos de segurança humana. Por essa

razão, demandas são feitas em busca das soluções de silanos baseadas em água,

contendo nenhuma ou pouquíssima quantidade de álcool. Entretanto, os silanos

baseados em álcool oferecem maior resistência à corrosão que os silanos baseados

em água [29].

O revestimento a base de silanos possuem boa hidrofobicidade, com isso,

possui boa resistência em meios úmidos.

2.4. TINTAS

As tintas aderem aos metais por ligações físicas, químicas ou mecânicas. As duas

primeiras ocorrem através de grupos de moléculas presentes nas resinas das tintas que

interagem com grupos existentes nos metais. A ligação mecânica se dá sempre

associada a uma das outras duas e implica na necessidade de uma certa rugosidade na

superfície. De forma geral as tintas são classificadas em resistentes a meios

agressivos (epóxi), resistentes a ações da luminosidade (poliéster) ou a uma

formulação mista que proporciona um pouco das duas resistências (hibrida).

Pintar significa proteger e embelezar. É necessário assegurar que as qualidades

da tinta permanecerão firmes e aderidas ao substrato mantendo por um determinado

tempo, as propriedades essenciais. Esta mesma preocupação deverá ser direcionada

à preparação das superfícies a serem pintadas. Sem o que tudo estará comprometido.

Por fim, dever-se-á exigir profissionais com qualidade, experiência e, porque não,

equipamentos modernos [45].

34

O método de aplicação irá depender do tipo de tinta utilizada e dos equipamentos

utilizados, ou seja, a tinta líquida poderá ser aplicada com um pincel já a tinta em pó

necessita de uma pistola. Porém, num projeto para a escolha da forma de aplicação

e da tinta utilizada o custo benefício não será somente do método de aplicação, mas

sim da finalidade da pintura que exigirá tintas específicas.

A temperatura do ar no ambiente onde a pintura será executada deverá estar entre

16 ºC e 30 ºC. Em temperaturas abaixo de 16 ºC, até no mínimo 10 ºC e acima de 30

ºC, até no máximo 40 ºC, poderão ser necessárias técnicas especiais de diluição e de

aplicação [46].

Os revestimentos inorgânicos são também chamados de revestimentos de

conversão, em função da forma como são obtidos através da conversão de um metal

em óxido, sal ou hidróxido do metal [47]

Os revestimentos orgânicos são amplamente utilizados e, além de formarem a

barreira física entre o metal e o ambiente, podem conter aditivos inibidores de

corrosão. São revestimentos orgânicos: tintas, vernizes, lacas, resinas e alguns

polímeros oxidáveis.

Para a proteção por um revestimento metálico utiliza-se outro metal mais nobre ou

mais ativo, para revestir o material base. Quando o metal do revestimento é mais

nobre, o revestimento deve ser uniforme, sem apresentar ranhuras ou falhas, evitando

a sua exposição, que seria preferencialmente corroído caso exposto. Já no caso dos

revestimentos com metais mais ativos, o metal do revestimento atuará como anodo

de sacrifício, corroendo-se antes de ocorrer a corrosão do substrato. Para a aplicação

de revestimentos metálicos são utilizados processos de cladização, imersão a quente,

deposição química, aspersão térmica, evaporação em vácuo e eletrodeposição

A combinação da camada de zinco com o revestimento orgânico age de uma

maneira sinérgica, fornecendo propriedades de proteção superiores à soma das

propriedades da camada de zinco e do revestimento orgânico separadamente. Esta

combinação de propriedades conduz a uma durabilidade muito maior [47].

a pintura apresentaria um desempenho superior. A explicação é que a tinta apresenta flexibilidade suficiente para acompanhar os movimentos diários de dilatação, por causa do calor do sol e de contração, devido a temperaturas

35

mais baixas durante as noites. A carepa não possui flexibilidade suficiente e não acompanha os movimentos do aço sobre o qual foi formada. Por isso a carepa sofre fissuramento ou trincamento, por ter coeficiente de dilatação diferente do aço e acaba levando consigo a tinta, mesmo que esta

esteja bem aderida.

2.5. TESTES

2.5.1. Espectroscopia no infravermelho (IR)

Com a incidência de radiação eletromagnética sobre a amostra é possível

analisar os níveis de energia de cada átomo que compõe o revestimento.

Normalmente, as transições eletrônicas são situadas na região do ultravioleta

ou visível, as vibracionais na região do infravermelho e as rotacionais na região

de micro ondas e, em casos particulares, também na região do infravermelho

longínquo [43].

2.5.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura é utilizada para análise atômica, onde o

comprimento de onda do filme não se detecta a luz. Com isso, é interessante em casos

como a nanotecnologia que possui sua escala em nanômetros sendo inviável análises

por microscópio, por exemplo.

O aparelho incide um feite de elétrons que através de lentes eletromagnéticas

focaliza uma parcela dele na amostra. Como a energia é baixa, torno de 50 eV e pico

na faixa de 3 a 5 eV, garante que apenas os átomos da superfície serão reemitidos

podendo formar a imagem dos átomos que formam a superfície do material. O feixe e

seu comportamento pela existência de lentes refletoras está representado na Figura

10.

Figura 10. Representação do feixe de elétrons e o efeito das lentes refletoras no processo de

microscopia eletrônica de varredura.

36

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=-jK_WcfJO4U

2.5.3. Névoa salina (salt spray)

Os testes com névoa salina também são usualmente chamados de salt spray, que

literalmente, quer dizer um spray de sal. O meio que contêm cloreto é considerado um

dos mais agressivos ao metal, com isso, é uma forma de acelerar o processo de

corrosão e avaliar a resistência dos filmes de proteção. As normas para o teste são

descritas na NBR 8094, ASTM B 117, DIN 50021 e ISSO R1456.

São feitos riscos no metal para que posteriormente seja possível analisar a

migração subcutânea indicando o deslocamento do revestimento, que significa a

penetração da solução de cloreto de sódio (torno de 5%). Também é analisado o Grau

de Enferrujamento, que avalia o grau de oxidação na superfície do aço pintado através

da comparação com exemplos visuais, e sua classificação vai de F0 até F5, que seria

o grau mínimo e máximo de enferrujamento respectivamente. Outra avaliação que é

feita, refere-se ao Empolamento (Tamanho e Densidade de Bolhas), que utiliza

padrões de referência fotográfica para avaliar o grau de formação de bolhas que

podem se desenvolver, onde o tamanho de bolhas é classificado de T0 até T5 e a

densidade de D0 até D5 [39]. As normas para a classificação desses resultados

encontra-se no Quadro 1.

Quadro 1. Normas utilizadas após o teste de névoa salina.

Fonte: [39]

Antes de iniciar o teste deve-se medir a camada de tinta, pois ela pode interferir

nos resultados. Com isso, todos os corpos de provas precisam estar com a camada

de tinta similar para poder realizar as devidas comparações.

37

2.5.4. Curvas de polarização

As curvas de polarização irão determinar a velocidade de corrosão do metal em

análise.Segundo [32], o revestimento com camadas duplas de silanos composta por

1,2-bis(trietoxilsilil)etano e bis-(ɤ-trimetoxisililpropil)amina possui melhor resposta que

a camada de fosfato, pois, teve uma perda de espessura 70% menor. E comparando

essas camadas de silanos com a peça sem tratamento há uma redução de 95% da

velocidade de corrosão.

2.5.5. Câmera úmida

Os testes envolvendo a câmera úmida simulam as alterações do metal e seu

revestimento em ambientes rurais ou que possuam alto teor de umidade. As normas

utilizadas são NBR 8095, ISO 6270-2, ASTM D 2247. Assim como nos testes com

névoa salina, é determinado o tamanho e densidade das bolhas e o grau de

enferrujamento, sendo a análise de migração subcutânea, segundo a norma, apenas

necessário nos testes com salt spray. Porém, é possível determina-la também nos

testes de câmera úmida determinando um resultado além do que a norma exige.

Antes de iniciar o teste deve-se medir a camada de tinta, pois ela pode interferir

nos resultados. Com isso, todos os corpos de provas precisam estar com a camada

de tinta similar para poder realizar as devidas comparações.

2.5.6. Teste de aderência

Deve ser realizado conforme a norma NBR 11003 e determina a grau de

desplacamento da tinta no substrato. Com isso, esse teste á aplicável apenas em

peças com revestidas com tinta. Os resultados são relevantes na avaliação da

eficiência do pré tratamento, uma vez que ele é promotor de aderência entre

substrato/tinta.

2.6. TRATAMENTO DE EFLUENTES

Há estudos constantes sobre tratamento de efluente gerado em linhas de pintura,

a fim de amenizar o seu impacto ao meio ambiente. Várias formas de purificação da

água são realizadas porque o custo geralmente é alto e as leis exigem concentrações

38

cada vez menores dos poluentes. Precisando, então, de sistemas de tratamentos

cada vez mais eficientes.

Dentre as formas de remoção de compostos no efluente estão a precipitação

química, evaporação, troca-iônica, membranas, processos eletroquímicos, adsorção

e cristalização. Desta forma, é preciso verificar qual a eficiência exigida pela legislação

e o custo para avaliar o melhor tipo de tratamento.

No processo de fosfatização, o lodo gerado causa a eutrofização, ou seja, fornece

um nível elevado do nutriente fosfato ao sistema hídrico. Isso leva a morte de peixes,

o crescimento de algas, o aumento de matéria orgânica, alteração na composição de

espécies de peixes ocasionando efeitos na saúde humana devido ao ciclo biológico.

Mas além disso, o excesso de fosfato acidifica e degrada a água devido à alta

demanda de oxigênio.

O método mais utilizado para o tratamento de efluentes é a precipitação química,

porém, possui seu custo elevado e, para a precipitação do fosfato, não tem boa

eficiência porque a concentração dos íons não é alta. Então, para a descontaminação

do fosfato no efluente considerando a relação custo/beneficio são utilizados processos

biológicos que pode eliminar até 97% do total de íons fosfato [48].

A formação da lama no processo de fosfatização é inevitável, uma vez que há

oxigênio dissolvido ou agentes oxidantes que enriquecem o banho com íons ferrosos

e demais metais que possam conter na composição dos produtos utilizados para a

formação do banho. Pode haver de 10 a 40% de sólidos em massa na lama [39 apud

40]. Conforme estudos a reutilização deste efluente pode ser feita em banheiros ou

lavagem de pisos diminuindo os seus impactos negativos ao meio. E no caso de

reutilização no processo de fosfatização novamente é preciso a água nas condições

normais para não saturar o banho encarecendo o tratamento do efluente.

Nos últimos anos, vários adsorventes foram desenvolvidos para a remoção de

íons fosfato, tais como hidróxidos duplos lamelares, óxidos hidratados, lama vermelha,

dolomita, sulfato de alumínio, hidróxidos metálicos, materiais híbridos, goethite e

outros tipos de solos [48]. E fazendo a comparação entre estes adsorventes o mais

apropriado são os óxidos metálicos que possuem maior afinidade. Segundo estudos

realizados por [48] o óxido de nióbio hidratado consegue adsorver até 0,22mg/g de

fosfato e esse resultado é influenciado pelo pH e a reação é espontânea e

39

endotérmica. Segundo a Tabela 1, a concentração de fosfato exigida pela CONAMA

é de 0,025mg/L de fósforo.

Já nos pré tratamentos à base de soluções nanocerâmicas a formação de lodo e

metais pesados no efluente é mínima. Por isso, cada vez mais a substituição do

fosfato por sistemas nano vem sendo feita.

Tabela 1. Teor máximo aceitável pela CONAMA de substâncias consideradas potencialmente prejudiciais em efluentes.

40

Fonte: [54]

Tabela 1. Teor máximo aceitável pela CONAMA de substâncias consideradas potencialmente

prejudiciais em efluentes (cont.).

41

Fonte: [54]

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo será apresentada a metodologia e os materiais utilizados para a

preparação dos corpos de prova que determinou, de forma qualitativa e quantitativa,

o comportamento de três sistemas de pré tratamento.

As análises preveem o comportamento do aço quando submetido a ações do

meio. Então cada teste abordado neste trabalho visa avaliar o maior número de

42

situações, a fim de, caracterizar qual o melhor tratamento determinando o grau de

agressividade do ambiente exposto.

A utilização de normas e fator de erro são essenciais para projetar em escala

industrial, na qual, leva em consideração o tratamento utilizado nos testes e o

conhecimento do ambiente de produção em que será submetido. Em casos de

comparação de sistemas, quanto maior a diferença nos resultados maior a

confiabilidade.

3.1. MATERIAIS

Utilizou-se 30 corpos de provas planos de aço carbono 1008 de dimensões

(70x120x0,8) mm conforme a Figura 12.

Figura 12. Ilustração do corpo de prova utilizado

Fonte: o autor (2015).

A composição do aço pode ser vista na Tabela 3.

A preparação mecânica das amostras foi feita através do lixamento com a

utilização de lixas de granulometria 320, 360 e 1000. Como não foi aplicado o pré

tratamento após, passou-se gases com acetona e enrolou-se as amostras em papel

43

toalha para protege-las do meio utilizou-se acetona e papel toalha guardando em um

dessecador para posterior aplicação dos pré tratamentos estudados.

3.2. MÉTODOS

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MAINIER, F.B.; SILVA, R.R.C.M.; As formulações inibidoras de corrosão e o meio

ambiente. Engevista, v. 6, n. 3, p. 106-112, 2004.

[2] SPAGNOL, C. O uso do benzotriazol na fofatização do aço carbono 1008 com

fosfato de ferro II. 105 f. Dissertação (Mestrado em Química Aplicada) – Universidade

Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, 2009.

[3] UEMOTO, K.L. Projeto, Execução e Inspeção de Pinturas. 2002, São Paulo,

ed.1. ISBN 85-86872-06-7.

[4] CARDOSO, S. P. et al. Avaliação de Indicadores de Uso Diverso como

Inibidores de Corrosão. Quimica Nova, Nilópolis, v. 28, n. 5, p. 756-760. 30/06/2005.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v28n5/25895.2gtpdf. Acesso em:

23/05/2015>

[5] GENTIL, V.; Corrosão,3ª ed., LTC-Livros Técnicos e Científicos S.A.: Rio de

Janeiro, 1996; Silva, P. F. Da; Introdução à corrosão e proteção das superfícies

metálica,Imprensa Universitária da UFMG: Belo Horizonte,1981; West, J. M.;

Electrodeposition and Corrosion Processes,The Camelot Press LTD: London, 1965.

[6] MELLO, C.B. Deposição de Filmes Finos Baseada em Implantação Iônica por

Imersão ao Plasma com Descarga Luminescente e Magnetron Sputtering. São

José dos Campos, 2011, INPE,

[7] GOMES A.C.T. Análise da corrosão e da erosão-corrosão do aço carbono em

meio com NaHCO3 e CO2. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do

Paraná, Curitiba, 2005.

44

[8] FERREIRA, L.R.M. Avaliação da Corrosão por fluxo do aço AISI 1020 em

Solução de NaHCO3 Saturada de CO2. Universidade Federal do Paraná, Curitiba,

2012, Tese de Doutorado.

[9] DURNIE, W., et al. Harmonic Analysis of Carbon Dioxide Corrosion, Corrosion

Science, n. 44, p.1213-1221, 2002.

[10] BRESCIANI. E. F. Seleção de Materiais Metálicos. Campinas, Editora da

UNICAMP. 1991.

[11] SCHMIDT, E.C. Estudo do Efeito do Ciclo Térmico na Resistência Mecânica

de Aços para Gancheiras de Pintura. 2013. Panambi. Tratabalho de TCC.

[12] JAPAN SATAINLESS STEEL ASSOCIATION; NICKEL DEVELOPMENT

INSTITUTE, Successful use of stainless steel building materials, s.l., 1998. 81p

(N12013)

[13] ASAMI, K.; HASHIMOTO, K. Importance of initial surface film in the degradation

of stainless steel by atmospheric exposure, Corrosion Science, v. 45, p. 2263-2283,

2003.

[14] JUNQUEIRA, R.M.R.; LOUREIRO, C.R. de O. Avaliação da Resistência a

Corrosão de Aços Inoxidáveis ABNT 304 Coloridos por Interferência. VII

Seminário Brasileiro do Aço Inoxidável, 23 a 26/Novembro/2004, São Paulo - SP

[15] COSTA, T.H.; FEITOR, M.C.; ALVES, J.; BEZERRA, C.M. Caracterização de

filmes de poliéster modificados por plasma de O2 a baixa pressão. Revista Matéria,

Rio de Janeiro, v.13,Jan/Mar.2008.

[16] PRODÓCIMO, K.E. Estudo da Modificação Superficial por Ataque Químico

em Chapas de Aço Inoxidável AISI 430, Visando à Adesão de Revestimentos

Poliméricos. 2008, Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina.

[17] Hoch, R. Manual de Pintura Industrial e elementos de pintura imobiliária

profissional. Rio de Janeiro: s.n., 2006.

[18] American Galvanizers Association. “Hot-Dip Galvanizing for Corrosion

Protection of Steel Products”, 2000.

[19] CALLISTER, W.D. Ciência e Engenharia e Materiais uma Introdução. 2006,

7ªedição, Capítulo 17.

[20] <http://www.mercadodecomunicacao.com.br/whirlpool-recebe-premio-fritz-

muller-de-gestao-ambiental/ > Acessado em: 05/06/2015 às 16:25:56

45

[21] PANOSSIAN, P.Z.; SANTOS,C.A.L dos. Influência do tempo na formação da

camada de fosfato. Revista Corrosão e Proteção, Rio de Janeiro, n°37, ano 8, p. 24-

26, mai/jun. 2011.

[22] ROSEDAL, A.; LIMA, C.J.; ARAUJO, G.de. A Fosfatização como Proteção

Anticorrosiva. 2012. São Paulo.

[23] ARRUDA, E.A.de F. Estudo Comparativo do Processo Corrosivo do Aço

Patinável e do Aço Carbono Comum. 2009. Belém. Universidade do Pará.

[24] AQUINO, I.P. Caracterização do Aço Carbono ABNT 1008 Revestida com

Organo-Silanos por meio de Técnicas Eletroquímicas e Físico-Químicas. 2006,

São Paulo.

[25] CHILD, T.; OOIJ, W.J. Application of silane thecnology to prevent corrosion of

metals improve paint adhesion. Coatings World. p. 42-53, 1999.

[26] PALANIVEL, V. Modified silane thin films as an alternative to chromates for

corrosion protection of aa2024-t3 alloy. Dissertation – Department of Materials

Science and Engineering – University of Cincinnati Ohio, 2003.

[27] Ooij, W,J, van.; Child, T,F. Protecting metals with silanes coupling agents.

Chemtech, p. 26-35, 1998.

[28] Ooij, W. J. van et all. Corrosion Protection Properties of Organofuncional Silanes

– An Overview, Tsinghua science and technology, v.10, n.6, p.639-664, 2005.

[29] PLUDDEMANN, E.P. Silane Coupling Agents, 2 ed., Plenum Press, New York,

1982.

[30] PANOSSIAN, Z. Corrosão e Proteção Contra Corrosão em Equipamentos e

Estruturas Metálicas. São Paulo: Instituto de Pesquisa Tecnologicas (IPT). v.1 ,

1993. 280p

[31] <http://www.quimica.com.br/pquimica/19717/tintas-anticorrosivas-nanoceramica-

desafia-fosfato/> Acessado em: 18/07/2015 às 22:01:18

[32] OLIVEIRA, M.F. Estudo da Influência de Organo-Silanos na Resistência a

Corrosão de Aço-Carbono por meio de Técnicas Eletroquímicas. 2006. São

Paulo.

[33] Ponte, H. de A; MAUL, A.M; ALVARENGA, E de A. Análise por Técnica

Eletroquímica da Porosidade de Revestimentos de Fosfato sobre Aço Carbono. 56°

Congresso Anual da ABM Internacional. 2001. Belo Horizonte.

46

[34] JULVE, E. Determinación de la Porosidad de los Recubrimientos Metálicos

Obtenidos por via Electrolitica. 1. Métodos Utilizados em Talleres Galvanotécnicos.

Pintura y Acabados, p.80-86. 1986.

[35] TRINDADE, L,G,de. Comportamento Eletroquímico do Aço-Carbono ABTN

1006 em Meio Etanólico na Presença de Cafeína. 2008. Porto Alegre

[36] OLIVEIRA, M; VIOMAR, A.; GALLINA, A.L; GRASSI, M; COSTA, I; CUNHA,

M.T.da; RODRIGUES, P.R.P; BANCKZEC, E. do P. Desenvolvimento e

Caracterização de um Processo Alternativo a Aplicação de Nanocerâmicas para

Tratameto do Aço Carbono. Encontro e Exposição Brasileira de Tratamento de

Superfície. III Interfinish Latino Americano. Paraná.

[37] SILVA, M.V.F.; PEREIRA, M.C.; CODARO, E.N.; ACCIARI, H.A. Corrosão do Aço

Carbono: Uma Abordagem do Cotidiano no Ensino de Química. Química Nova. 2015.

Vol. 38, n°2, pág. 293-296.

[38] PLUEDDEMANN,E.P. Silane Coupling Agents. New York: Plenum Press, 1982.

[39] SANTOS, F.S.dos. Comparação do Pré Tratamento de Fosfatização Via

Industrial com o Processo de Revestimento Nanocerâmico. 2013. Rio Grande do

Sul. UFRGS.

[40] RAUSCH, W. The Phosphating of Metals Finishing Publication LTDA. 1990.

Pp. 406.

[41] MORAES, J. Estudo do Comportamento do Revestimento de Conversão à

Base de Zircônio e Zircônio/Titânio sobre Aço Carbono. 2010. Dissertação

(Mestrado em Ciências dos Materiais) – Escola de Engenharia, Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

[42] KUNST, S. R. Obtenção e Caracterização de Revestimento Híbrido á Base de

Precursores Alcoóxidos sobre o Aço Galvanizado. 2011. Porto Alegre – RS.

[43] http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/4432/4432_4.PDF Acesso em: 29/07/2015 às

01:14:25.

[44] PANNONI, F.D. História, Comportamento e Uso dos Aços Patináveis na

Engenharia Estrutural Brasileira.

[45] POLITO, G. Principais Sistemas de Pintura e suas Patologias. 2006, Minas

Gerais, mar. Universidade Federal de Minas Gerais.

[46] GNECCO, C.; MARIANO, R.; FERNANDES, F. Tratamento de Superfície e

Pintura. 2003. Rio de Janeiro. ISBN 85-89829-01-4.

47

[47] MOREIRA, V.B. Avaliação de Revestimento Orgânico sobre o Aço

Galvanizado de Diferentes Tamanhos de Grãos. 2014. Julho. Porto Alegre. UFRGS

[48] RODRIGUES, L.A.; SILVA, M.L.C.P.da. Adsorção de Íons Fosfato em Óxido de

Nióbio Hidratado. 2009. Química Nova. Vol.32, n°5, pág.1206-1211.

[49] P. DRONIOU and E. WILLIAM, “Nanoceramic based conversion coating,”

Organic Finishing, vol. 103, no. 12, pp. 41-43, 2005.

[50] BALDIN, E.K.K. Pré-tratamento do Aço Carbono AISI 1010 com

Revestimentos Nanocerâmicos para Pintura Eletrostática à base de Resina

Poliéster. 2013. Porto Alegre.

[51] A. TESTA. Camadas de conversão nanocerâmicas. Tratamento de Superficie,

vol. 25, no. 130, pp. 38-43, 2005.

[52] B. DUNHAM, “Zirconium Pretreatments: not just for early adopters anymore,”

Metal Finishing, vol. 110, pp. 18-21, 2012.

[53] M. B. BEZERRA, A. T. SPINOLA and A. HEEMANN, “Identificação de

processos alternativis mais limpos de tratamento de superficie metalicas para a

industria de linha branca,” in XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção,

Foz do Iguaçu, 2007.

[54] RESOLUÇÃO CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986. Publicado no D.O.U. de

30/07/86. Acesso em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res2086.html>

às 21:58:06.